A escolha do substituto do ministro Joaquim Barbosa - Jornal Cruzeiro do Vale

A escolha do substituto do ministro Joaquim Barbosa

20/01/2015 09:47

Na pauta para 2015, combate à inflação (no topo da meta fixada), crescimento econômico para a necessária geração de empregos e riqueza etc. Dentre os temas, por assim dizer, de menores consequências para a Nação (em tese) está a indicação para a vaga do ministro Joaquim Barbosa, no STF. Digo de menores consequências (em tese) porque em meio aos outros temas mencionados pode passar essa impressão. No entanto, é bom que se lembre que esses magistrados são os que deverão julgar aqueles que sejam denunciados na operação ?Lava Jato?, por conta da participação dos desvios bilionários na Petrobras.

Todavia, o que me causa espécie são comentários veiculados na mídia que dão conta de que ?o PT já tem seu preferido?. Nesse sentido, permito-me recordar ao leitor que Dirceu, Genoino etc., quando condenados pelo STF, externaram sua opinião contrariados, como se tivessem sido vítimas. O PT não esconde de ninguém que esses personagens figuram nas suas galerias de heróis. Ademais, é bom recordar que o tesoureiro do PT (Delúbio) foi expulso dos seus quadros e readmitido com ?todas as honras?. Ao serem recolhidos ao cárcere, com o punho em alto repetiam o chavão: ?companheiros, a luta continua?, deixando claro que entendiam serem vítimas de um sistema ditatorial e corrupto que os encaminhava à prisão após um processo viciado e atropelos aos direitos constitucionais do contraditório, ampla defesa etc.

Não eram vítimas, eram corruptos que a pretexto de pagar dívidas de campanha achacaram os cofres públicos. Pois bem, decorrida quase uma década, vem à tona o ?Petrolão?, que, comparado ao ?Mensalão?, é assustadoramente gigantesco. Mídias das mais diversas nações aponta esse escândalo como sendo o maior que a história das democracias já teve conhecimento, em todos os tempos. Não somente pelos valores que envolve, como se sabe, superiores aos 20 bilhões de reais, senão pela quantidade de políticos e empresários que envolve. Todavia, a Procuradoria Geral da República acena com manobras desse tipo, também na Eletrobras, BNDES etc. Por isso, fico imaginando: quais são os predicados que a turma do PT enxerga no substituto do ex-ministro? Por acaso alguém que está disposto a se somar à organização criminosa, alguém propenso a colocar panos quentes, a passar a mão na cabeça? Afinal, os programas sociais devem ser ponderados e, de alguma forma, se converterem em salvo-conduto para toda sorte de pilhagens aos cofres públicos, e isso o preferido do PT deverá levar em consideração para poder ser ungido ministro do STF em detrimento do seu notável saber jurídico, ilibada reputação social e moral e demais atributos que se esperam e desejam de quem venha a integrar a mais alta Corte da Nação?

Por Fernando Fernandez | professor universitário e mestre em Ciência Jurídica

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