Mercantilização da vida - Jornal Cruzeiro do Vale

Mercantilização da vida

31/05/2013 03:26

Thiago Burckhart | Estudante de Direito

 

Diante do paradigma de desenvolvimento enfrentado pela humanidade desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o ex-presidente dos Estados Unidos da América Harry Truman proclamou que existem dois mundos: o mundo dos desenvolvidos e o mundo dos subdesenvolvidos, a luta dos ?subdesenvolvidos? é pelo fim do subdesenvolvimento visando atingir o pleno desenvolvimento.

 

Entretanto, o modelo de desenvolvimento imposto aos países subdesenvolvidos que buscavam e ainda buscam a qualquer custo se desenvolver em muitos casos faz com que perda-se toda uma cultura de séculos que simplesmente é varrida para baixo do tapete e a partir do momento em que o desenvolvimento chega, parece que aquela cultura nunca existiu. O que acontece é que a ideia de desenvolvimento criada em 1949 perpassou por todos esses anos legitimando a ação e crescente expansão do modelo capitalista hegemônico em detrimento do meio ambiente e da cultura e impondo um novo mundo pautado no consumismo.

 

O homem se torna um ser ?econômico?, que somente visa o consumo, a compra e o descarte rápido dos produtos, a vida rápida e corrida que vivemos, o carro zero, o melhor relógio, as melhores roupas, os melhores sapatos, e por aí vai. A humanidade vive para consumir esquecendo-se que os recursos disponíveis no mundo são escassos e que um dia acabarão, e neste dia, a qualidade de vida cairá abruptamente. 

 

O consumo desenfreado e a subjetivação de uma ideologia de que as coisas não são escassas e que durarão para sempre contribuem para a degradação do meio ambiente e da essência humana. O ritmo acelerado da vida e o encarceramento da humanidade dentro da lógica do comprar configuram-se no mal-estar da civilização moderna em uma alusão à Sigmung Freud. Os níveis de depressão tornam-se cada vez maiores, a vida torna-se cada vez mais difícil, mas ao sair de casa dirigindo um carro zero parece que isso não mais importa e o que vale é não mais ser, mas ter e ostentar.

 

Deste modo, devemos pensar o que é o desenvolvimento? Para que(m) serve? Por que precisamos adotar este modelo de desenvolvimento, ele nos trará felicidade? Será que vale a pena viver para o consumo e se esquecer das maravilhosas coisas que são possíveis de se ter e que não tem preço? É necessário mercantilizar a vida em prol deste tipo de desenvolvimento? Fica para reflexão...

 

 

Edição 1493

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