O doce amargo da educação - Jornal Cruzeiro do Vale

O doce amargo da educação

19/11/2010 08:54

É lamentável e cada vez mais comum os casos de agressão sofrida pelos professores em sala de aula. Nem preciso detalhar em pormenores os episódios que vem comprometendo a paz de muitas escolas, de muitos professores; a mídia, quase que diariamente, nos informa, em detalhes, a perfídia com a qual alguns alunos aterrorizam a rotina escolar.
A sala de aula, que deveria ser um lugar sagrado, destinado a construção do conhecimento, está se transformando num ambiente hostil e perigoso.
O (ME) Ministério da Educação apontou, em recente relatório, que subiu para 40% o número de casos de agressão sofrida pelos professores.
Talvez muitos educadores irão, com o dedo em riste, dizer que é mais, é mais que 40%. Infelizmente, acredito que os dedos estão com a razão, penso que este percentual não revela o real panorama da pancadaria que acontece no interior das salas de aula. É mais, sim senhor, é mais!
Quando a agressão não é física, é psicológica.
Maria Beatriz Pereira, investigadora e autora de várias obras sobre a violência escolar, autora do livro ?Para uma escola sem violência?, revela em sua ampla pesquisa, que o bullying, que até pouco tempo atrás ocorria somente entre os alunos, passou a ser direcionado ao professor; ela constatou que os professores vitimas do  assédio ?esperam ansiosamente que o ano escolar termine?. Nos casos que acompanhou, ela relata que  ?os professores são constantemente denegridos, rebaixados e humilhados pelos alunos?.
A desestrutura familiar contribui para esclarecer esse pandemônio que contagia às escolas. Os pais são os faróis que guiam os filhos rumo ao futuro. Se, em casa não há disciplina, não há regras, como exigir que às crianças se comportem em sala de aula? Já disse, vou dizer de novo e muitas vezes mais, educar dá trabalho, tem muitos bermudões e menininhas imaturas, despejando filhos no mundo;  primeiro depositam os filhos nas creches, depois na escola, e assim vão terceirizando a educação dos filhos sob a única responsabilidade dos professores.
Minha mãe conta, que assim que começou a lecionar, há 35 anos atrás, o professor era tido como uma das figuras mais importantes da cidade, só perdia pro prefeito.
- Os alunos eram mais respeitadores, mas também, naquela época, os pais eram mais enérgicos  com os filhos! ? Disse-me ela.
Ainda há, graças a Deus, pais que se empenham numa boa formação dos filhos, que educam, que impõem limites, que não se intimidam diante do primeiro esperneio; Esses filhos, que receberam o primor da educação, terão mais chances de conseguir uma boa colocação profissional, serão equilibrados e perspicazes, pois são os mesmos que durante a vida escolar enfiaram a cara nos livros, respeitavam os professores; o resultado não poderia ser diferente: presente e futuro repleto de sucesso e paz!
Tão bem definiu Aristóteles quando escreveu que ?A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces?.
Amargo mesmo, será o fim desse bando de alunos que vão para à escola perturbar a paz e a ordem, que desperdiçam o tempo sagrado de aprendizado humilhando e agredindo os professores; o mundo lhes cobrará caro os saldos desse tempo perdido, bobalhões!

Cassiane Schmidt

edição 1248

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