O leitor opina - Jornal Cruzeiro do Vale

O leitor opina

14/07/2015 09:03

Advertências II

Sobre a carta do leitor da edição 1702, de Thiago Rosa Cézar, seus pensamentos e dogmas merecem também as devidas advertências, antes que os palhaços, citados na carta, não virem plateia, consequentemente, esta não se transforme naqueles.

Primeiramente, a menoridade comum não é passarela para desfilar opiniões. O autor alega que a aclamação pública pela redução da idade criminal parte do ?Senso Comum?, do inglês ?Common sense?, do francês ?bon sens?, do italiano ?buon senso?, seja qual for o idioma está equivocado, talvez por falta de vontade e empenho em buscar dados e conhecimento, uma vez que adolescentes cometem crime e estão nas estatísticas policiais, basta abrir o jornal, computador ou simplesmente a janela.

Doravante, certifica que os ?canibais? e ?leigos?, ou seja, favoráveis à redução ? são todos aqueles que desconhecem a crise do sistema prisional. Assim, se não tem vaga, solta. Ou melhor, nem prende. Aconselho o sr. Thiago a deixar o seu número de telefone e endereço para adotar um deles, assim, quando passar a raiva do marginal, que deixe ele criar asas e voar. Ainda, TODOS os projetos de Lei sobre a redução trazem consigo que nenhum adolescente menor de 18 anos habitará o mesmo presídio com aquele já maior, basta ler e fugir do senso comum.

Ah! A taxa de reincidência no Brasil é de apenas 77%, sem contar os adolescentes (ainda), por enquanto. Isso quer dizer que como um passarinho adestrado que voa e volta para a gaiola, o menor é igual: dê liberdade que ele voltará correndo para a cela.

Antes preso e abarrotado num presídio sem vagas, do que cometendo crimes na rua. Com devido acato e respeito, estar em uma penitenciária ou não é uma escolha própria de cada indivíduo, ninguém o convidou ou insistiu para entrar para o mundo do crime. E sem essa de que a classe social, as oportunidades, são diferentes conforme o poder aquisitivo, pois o primeiro colocado geral da principal faculdade pública do Estado de SP é oriundo da favela paulista e de colégio público.

Veja bem, não estou fazendo apologia aos maus tratos nos presidiários, até porque isso não existe no país ?Tupiniquim?, já que ofertamos colchão, teto, café da manhã, almoço, café da tarde, janta, celulares com sinal e internet,  ducha, cigarros e drogas à vontade e visita íntima. Pagando bem, existe até a possibilidade de saborear um saboroso rodízio de pizza.

Se na terra dos ?yankees? há hotéis fazendas no lugar dos presídios, se há hospitais nos corredores da morte, há também penas severas, inclusive a capital, para infratores acima de 12 (doze) (twelve), pelo menos estamos tentando seguir o trilho do Tio Sam, para quem sabe um dia ter hotéis fazendas no lugar de presídios, bem como corredores da morte ? neste assunto não vou adentrar no mérito, mas a inserção da pena capital seria a saída para presídios lotados, por exemplo. Nem por isso vou generalizar para aplicar esta pena para todos que infringirem a Lei, como por exemplo, decapitar quem comete injúria.

Em países com alto índice de criminalidade, como Suíça e Suécia, a idade para ser julgado e processado por um crime é de 15 anos. Países que agem com enorme senso comum em sua política e assuntos sociais.

Quanto à frase shakespeariana, cuja pátria é a Inglaterra, esta que prevê em sua constituição a possibilidade de privação de liberdade aos 10 anos, SE fosse um de nossos filhos, e de fato e por direito fosse culpado, teria que cumprir a pena imposta, pois a Lei foi feita para todos. Educação vem de berço. Alguém que cita Shakespeare, Nietsche, Sólon e Cristiano Araújo, não deveria jamais temer o envolvimento de um filho no mundo do crime, ou ao invés de utopicar por livros, deveria dispor mais tempo para sua prole.

Ainda que sejamos ?novinhos?, do ano de 1.500 (segundo o autor), antes tarde do que nunca acordar para mudar. Por exemplo, Cuba teve sua primeira faculdade no ano de 1.728 e até hoje não esboça o mínimo de reação racional ou de humanidade, continuando escrava de um governo arbitrário e sanguinário, que sequer dá chance à população emitir sua opinião. O desenvolvimento de uma nação começa com o amadurecimento das escolhas, ainda que de forma gradativa.

Finalizando, a conclusão do autor segue o enredo do texto, ao constatar a ?grande sacada? do século, sobre ?comprar cds sertanejos?, ou seja, sem pé nem cabeça. Uma por estar expondo a opinião de um tema delicado e finalizar com um parágrafo aleatório, e outra, por conhecer grandes filósofos, data da fundação da faculdade de Bolonha, esquece-se de olhar ao seu redor e para a cultura do seu país, sem angariar dados e estatísticas para firmar seu posicionamento, talvez por ter ficado preso no tempo ? lá pelo século VII antes de cristo, juntamente ao seu amigo Solón.

 ?A Impunidade é o pai de todos os problemas da Humanidade? (Vitorio F. ? Brasileiro e do século XXI depois de cristo).

Marcelo Tiago Marques

Comentários

Thiago Rosa Cézar
14/07/2015 18:02
Não creio que seja o melhor lugar para discutirmos tão complexo assunto. Cônscio da limitação literária e cultural, o objetivo do referido artigo foi auxiliar no entendimento crítico do assunto. Mas "utopicando" sobre o assunto deixo célebre reflexão atribuida a François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, que dizia " "Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo". Penso que, sendo o senhor, um advogado,representante da linha do grande Rui Barbosa, deveria rever a questão de direcionar-se diretamente a mim, inclusive citando meu nome em sua citação, pois em uma "sociedade de litigantes", a moda se chama "danos morais".

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