Senhor editor - Jornal Cruzeiro do Vale

Senhor editor

04/11/2008 00:00

Senhor editor, 

Dia desses, batendo um papo como um amigo radioamador que como eu tem bastante tempo de radio e sei lá de onde saiu o assunto, quando nos demos conta, estávamos falando sobre o desaparecido soldador mais conhecido por alguns como ferro de soldar. Na época em que comecei no radio, a maioria dos radioamadores tinham uma relação de amizade bem estreita com o ferro de soldar, na verdade, a maioria era profissional de consertos de rádios ou equipamentos eletrônicos e muitos deles, fabricavam equipamentos similares aos nossos da época que também tínhamos que montar os nossos ou conseguir alguém que montasse para nos. Equipamento de fabrica, eram raros, o Paraguai nos parecia tão longe como a lua e nem sequer se cogitava a hipótese de ser Radioamador sem ter que pelo menos ajudar alguém a soldar uma parafernália de resistores, capacitores e outros de menos famosos em um chassi de chapa conseguido em alguma sucata e ai, o ferro de soldar era um amigo intimo...se não sabíamos maneja-lo, tínhamos que aprender, e bem pra não ter problemas futuros com nossas belas estações de radio, e porque não falar das velhas e boas antenas com escadinha e tudo que tinham direito.

Não raramente se tinha que enrolar transformadores para nossas fontes cheias de tensões e correntes diversas, também transformadores de áudio e outros onde o ferro de soldar estava junto sempre na hora das montagens. Na verdade, era bem comum se chegar no

Shack de um colega e encontrar o soldador sempre ligado e pronto pra entrar em ação pois com aquelas estrovengas que operávamos não eram raros os problemas.

Às vezes durante um bate papo quase sempre com colegas com algum conhecimento de radio, recebíamos alguma dica, informações sobre modificações o melhoras em algum sistema e, bastava virar o equipo de cabeça para baixo, a maioria já estava sempre aberto e lá entrava o amigo ferro de soldar para retirar e recolocar algum componente ou mesmo dessoldar e soldar alguma nova ligação e lá íamos nos pra a freqüência pedir nova oportunidade e ver se a nossa solda tinha obtido algum resultado caso contrario, lá estava ele de novo, o soldador para voltar tudo a seu lugar de antes. Existiam até algumas rodadas com nomes ligados a fero de soldar, eu participei muito de uma lá da minha região chamada Rodada do Soldador e embora os meus fracos conhecimentos de eletrônica, muito ?estanho? derreti orientado pelos amigos com mais conhecimento.

Hoje me parece que o nosso querido amigo soldador virou peça de museu. Para que soldador em casa se ate no R$1,99 se encontra cabos prontos pra quase tudo e os equipamentos são tão sofisticados que o velho e pobre soldador tem vergonha de se enfiar lá pra dentro e tentar derreter alguma solda pra consertar ou trocar componentes que nem ele mesmo, o soldador sabe mais o que é!

E assim, o Radioamadorismo que sempre foi ligado a experimentação, testes desenvolvimento de equipamentos de radio comunicação acabou abandonando o seu velho amigo e companheiro de todas as hora, o velho ferro de soldar e se ?entreverou? por caminhos tão sofisticados que até pra nós os mais saudosistas causa espanto.

Daí então fica para aqueles que como eu sentem saudade, (embora tenha o meu velho soldador ainda por aqui e ate funciona um pouco) a pergunta que se faz, onde foi parar o ferro de soldar ? porque ele sumiu e levou com ele tantos experiência, tantas horas de prazer e tanto desejo do dever cumprido ?

 Antônio Carlos Pereira | Gaspar

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