06/12/2018
A Iguatemi está de volta I
Há um ditado popular que diz: um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Mito. Caem múltiplas vezes no mesmo lugar. E quando se trata de coisas da gestão pública, nem a ciência possui a capacidade para explicar as coincidências sem quaisquer disfarces. Aposta-se na falta de memória do povo. Em novembro do ano passado, o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, Carlos Roberto Pereira, MDB e do secretário de Planejamento Territorial, o experimentado engenheiro Alexandre Gevaerd, PT, anunciaram a implantação de uma transformação total no trânsito de Gaspar entre o Natal e o Ano Novo como paliativo ao “bichado” Anel de Contorno do governo de Raimundo Colombo, PSD. Uma chiadeira geral do povo à proposta de Kleber. Recuou-se não só pela chiadeira e a má comunicação, mas porque não se tinha planos concretos; algumas mudanças exigiam até modificações na legislação e os resultados eram duvidosos. Passou-se um ano, nada dessas obras e só muito recentemente parte do Plano Diretor que já deveria ter sido revisado, foi emendando na Câmara para dar legalidade ao que se quer implantar em Gaspar. Só isso dá a dimensão do improviso que se queria então.
A Iguatemi está de volta II
Agora Kleber nesta nova véspera de Natal, partindo para o fim do mandato e tentando criar finalmente uma marca de governo com alguma obra relevante para livrar a cidade do óbvio e antigo gargalo de mobilidade interna e de passagem, posou com o papelinho entre notáveis. Ele anunciou o vencedor da Tomada de Preços 04/2018, com pompa e circunstância: a empresa especializada na prestação de serviços técnicos de elaboração e consultoria de projetos de engenharia para obras de implantação e pavimentação do Anel de Contorno Viário Urbano de Gaspar. Adivinhem quem levou? A Iguatemi Engenharia. E para ela, se não houver aditivos, os gasparenses vão pagar R$544.587,58. Ela venceu a Sotepa, que nem apareceu na abertura dos envelopes; ela pediu pelo mesmo serviço R$633.056.85. No certame foram desqualificados tecnicamente e por isso nem apresentaram preços, a Azimut, Consest e a Hass. Estas duas últimas recorreram e perderam. Kleber terá mais um projeto na mão não se sabe bem quando. Se tiver tempo, dinheiro e conseguir executá-lo, Kleber terá feito um grande avanço para a cidade e os cidadãos. Como a capacidade de execução demostrada até aqui é pífia e a culpa disso, segundo ele, é da burocracia, Kleber precisa acertar os ponteiros então com essa tal da burocracia o mais rapidamente possível.
A Iguatemi está de volta III
A Iguatemi Engenharia na verdade vai refazer um trabalho que ela mesma já fez há exatos seis anos para o governo Colombo. E por aquele projeto, já cobrou dos pesados impostos de todos os catarinenses R$2.020.747,00. E veja a coincidência, na época a Iguatemi venceu a mesma Sotepa que a derrotou aqui desta vez. Naquela licitação a Sotepa pediu R$2.036.098,00 e por módicos R$16 mil a perdeu. A Iguatemi é uma especialista em fazer projetos que não se executam. Este do Contorno e que foi descartado, ela empombou tanto – e muitos acreditam que isso foi proposital – que ele se tornou inviável: um Contorno que era para ser incialmente de 15 quilômetros superou os 22, com pista duplicada etc e tal. Foi orçado em R$250 milhões quando anunciado pelo próprio governador em abril de 2013 na posse dos dirigentes da Associação Comercial e Industrial de Blumenau. Logo os custos subiram para R$500 milhões; tudo foi para a gaveta. Quem tiver dúvida, por favor, consulte o processo licitatório CC 97/2011 e que terminou em 2013. Na época o vice do Deinfra era o Paulo França, MDB, hoje ele é o titular da pasta.
A Iguatemi está de volta IV
As coincidências não param aí. Quem é a autora da revisão do Plano Diretor de Gaspar e que trava toda a cidade – inclusive as modificações previstas no plano de mobilidade - por ter sido ele feito sem discussão ampla com a sociedade como manda o Estatuto das Cidades? A Iguatemi. Ela ganhou a licitação no governo de Pedro Celso Zuchi, PT. E por algo que não se aplicou até agora, os gasparenses pagaram outro R$ 1 milhão. Espera-se que o raio Iguatemi que já caiu aqui em projetos não executados, neste ao menos, ele produza seus efeitos esperados. Pois é dele que dependerá em grande parte o reconhecimento do prefeito Kleber como político e gestor em 2020. O passado de todos não é bom. O presente também. Aliás, os então vereadores Kleber e Raul Schiller, o hoje superintendente do Distrito de Belchior, bem como o então presidente do MDB de Gaspar, Carlos Roberto Pereira, em campanha que perderam naquele ano de 2012, foram em janeiro à Rádio Sentinela do Vale, falar sobre o tal edital do Anel de Contorno ao comunicador Júlio Carlos Schramm, e louvar Paulo França que estaria trabalhando pela ideia no governo do estado desde 2007. Ulala. Ou seja, 11 anos e nada até agora. E na balaia, sempre os mesmos. Perceberam? Resolução? Zero! Acorda, Gaspar!
Afinal, qual é o nome desse contorno? Anel Viário de Contorno de Gaspar, Ligação Interbairros, Anel de Contorno Sul, Anel de Contorno Urbano. Cada administração coloca o seu nome para algo parecido. Todos sem criatividade!
A mesma coisa na paternidade. A ideia desse Contorno ligando os bairros Bela Vista, Águas Negras e Coloninha, não com as dimensões que se projetam hoje, pois a cidade e seu entorno era outros, foi do ex-prefeito que não terminou o mandato e já falecido, Bernardo Leonardo Spengler, MDB (1997/99). Esqueceram?
Depois veio Adilson Luiz Schmitt, MDB, PSB e PPS, que incluiu além do Anel de Contorno uma outra opção chamada de interbairros entre a Figueira e o Santa Terezinha. Nada saiu do papel.
Pedro Celso Zuchi, PT, não se interessou pelo assunto. Focou na ponte do Vale, um grande avanço pois estávamos dependentes da doente e única velha ponte Hercílio Deecke no caótico Centro da cidade. Assistiu de camarote o desastroso governo Colombo manobrar para criar uma obra faraônica e assim ter a desculpa para não executá-la.
Outra controvérsia está na extensão. O primeiro plano exibido por Adilson tinha 15 quilômetros. O primeiro projeto daIguatemi, tinha 22 e Kleber, promete ter 17.
Sem crédito na própria rede social, que mal-usa, o prefeito Kleber resolveu se associar a outros notórios sem créditos. Quem mesmo orienta essa gente na comunicação oficial e oficiosa? Acorda, Gaspar!
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