A moda infantil, uma oportunidade - Jornal Cruzeiro do Vale

A moda infantil, uma oportunidade

06/06/2019

Empreendedores dos núcleo têxtil da Associação Empresarial querem que Gaspar seja reconhecida como a Capital da Moda Infantil

A moda infantil, uma oportunidade I

O Núcleo Têxtil da Acig – Associação Industrial de Gaspar - liderado por Douglas Junges, da Serelepe Confecções, fez um interessante diagnóstico e recentemente (dia 22 de maio) o apresentou a líderes locais – empresariais, políticos e comunitários. Foi durante o diagnóstico do DEL – Desenvolvimento Econômico Local. O Núcleo quer transformar a marca Gaspar em sinônimo de Moda Infantil. Está atrasado. Entretanto, é um sinal alentador de oportunidade diferencial de uma geração de empreendedores jovens e que vêm permeando este setor por aqui. Primeiro porque estão fundamentados em dados, um passo vital para este salto possível de resultados e competitividade; segundo, porque há uma aparente união técnica e de propósitos, coisa difícil de se ter em Gaspar, além de se construir capelas e templos. Contudo, penso, por experiência e olhando à realidade local, é preciso superar à inércia do setor público e dos políticos para iniciativas como estas. É que elas demandam compartilhamento de poder. A outra barreira a ser superada, é a de mudar à percepção da concorrência desleal e predadora causada pela informalidade. Ela ainda predomina na grande parte da produção têxtil por aqui, se o objetivo é mesmo de tornar Gaspar a Capital da Moda Infantil.

A moda infantil, uma oportunidade II

O Brasil mesmo com a ínfima participação de 2,6% na produção mundial de vestuário para todos os usos, segundo o Núcleo que não citou à fonte e o ano do levantamento, detém a quarta posição. Perde para a China (47,7%), Índia (7,1%) e Paquistão (3,1%). O setor moda no Brasil gera R$182 bilhões por ano, e 33,3% deles vêm da moda infantil. Expressivo! Dos 206,1 milhões vivendo em território brasileiro, 57,6 milhões de pessoas têm menos de 18 anos, número que tende a se estabilizar ou até decrescer devido ao número cada vez menor de filhos concebidos, como bem demonstram a demografia do IBGE. É um fator de risco para se estar sob permanente controle. O Vale do Itajaí é essencialmente uma economia têxtil, apesar da massificada diversificação empreendida a partir de Blumenau, depois do grande movimento sindical de meados da década de 1990. Ele quebrou, literalmente, o modelo das megas organizações têxteis centralizadas, prevalentes até então. Ou seja, há uma cultura e conhecimento bem disseminados neste ambiente produtivo, criativo, de negócios e relacionamentos para ousar como quer o Núcleo Têxtil da Acig.

A moda infantil, uma oportunidade III

O que o ele descobriu? Hoje dentro deste quadro de oportunidades, 480 empresas daqui já participam, de alguma forma, do processo de produção e negociação, na tal moda para o público infantil e elas colocam, silenciosamente, Gaspar como o maior produtor deste tipo vestuário no Vale do Itajaí. Uau! Então, o que precisa? Um selo de origem reconhecido. Faltam ao poder público, às lideranças e à própria população descobrirem isso, como por exemplo, perceberam e adotaram há muito tempo, os da vizinha Ilhota. Ela se declarou, e é reconhecida no meio do vestuário brasileiro, como a “Capital Brasileira da Moda Íntima”. A oportunidade dela se instalou naturalmente, com o improviso e sobrevivência, um filão que irá embora se não houver uma mínima de organização para os interesses comuns de todos os que vivem desse tipo de negócio por lá. Comparando, Gaspar parece que neste aspecto saiu na frente. Mas, o marketing de Ilhota, até agora, foi mais eficaz. Aqui, entretanto, há uma predisposição para senso de estruturação dessa competência. E por que? Para se ter uma vida mais longa e superar às mudanças de exigência e humor constantes do setor, assim como a de materiais e competidores, hoje tão bruscas quanto assustadoras. Afinal, à concepção de um carro zero leva oito anos; à de uma coleção de roupas, em alguns casos, menos de um mês, contudo sujeitas às cópias, imitações e pirataria na mesma velocidade.

A moda infantil, uma oportunidade IV

Contra o improviso, à informalidade e à competição predatória, o Núcleo Têxtil da Acig reconhece que é preciso “incutir” nas pessoas de Gaspar, o “senso de pertencimento” para que elas abracem às causas comuns daqui. Pois é! Lavaram a minha alma mais uma vez. Esse tema tem sido recorrente aqui neste espaço contra o erro, à individualidade, o improviso e à disputa. Ela leva à divisão da comunidade, mas tem sido a assinatura dos políticos, mesmo jovens, contra os cidadãos e futuro deles. Tanto que Ilhota é “capital” no título da moda íntima e Gaspar, a “capital real” da moda infantil, não consegue ser assim reconhecida. E não digam que isso é por causa da imprensa, ao menos neste espaço. Ao contrário. Felizmente, o Núcleo avança, pois sabe que o título – ou o selo - é pouco e que ele pode ser passageiro se não houver de fato uma sustentabilidade econômica, técnica e gestão para isso. Então, o Núcleo sugere constituir “zonas especiais” de negócios; integrar e aprimorar as operações logísticas para flexibilizar, dar rapidez e diminuir custos; criar formas de planejamentos integrados com a mesma finalidade; e por fim, qualificar a mão de obra – um gargalo impiedoso à expansão e reconhecimento do produto final no mercado – bem como fomentar à inteligência produtiva e criativa para o setor – um fator essencial para o diferencial competitivo de agregação de valor. Tomara que os políticos no poder de plantão não tenham inveja da iniciativa e sejam eles, a parte colaborativa que está faltando, sem apresentar, todavia, à conta da contrapartida: a troca de votos de cabresto para tudo continuar como está no atraso. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O novo secretário de Planejamento Territorial de Gaspar, Cleverton João Batista, parece que caiu no agrado da equipe. Duas coisas diferem ele do antecessor Alexandre Gevaerd: Cleverton costuma estar cedo na secretaria para as reuniões e tomadas de decisões, e nelas, pouca papelada para não se perder à busca de soluções.

Não será surpresa, que diante dos sucessivos desgastes e na proteção de seus negócios, fornecedores da prefeitura de Gaspar, venham fazer com autoridades de fiscalização acordos de leniência, a delação premiada do setor privado para às dúvidas no relacionamento com o setor público. Tem gente com as barbas de molho.

O caso da drenagem e o não asfaltamento da Rua Frei Solano, no Gasparinho, é um caso grave de gestão pública sob todos os aspectos. A começar pelas explicações da prefeitura à Câmara. Faz mais de 90 dias e tudo se enrola. À falta de transparência só aumentam às dúvidas e os degastes contra Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seu governo.

Supondo que a drenagem esteja correta e não se precisará corrigi-la, principalmente nas caixas de passagens feitas bem diferente do licitado, qual a razão para quatro meses depois não se ter o asfalto, infernizando a vida de comerciantes, moradores e motoristas da Frei Solano? Não se trata de esperar o assentamento do barro sobre os tubos.

Primeiro, trata-se da falta de planejamento: fez-se a drenagem e se esqueceu da licitação para o asfalto para cobrir a obra ou à rua. Segundo: todos da prefeitura sabem que estão metidos numa enrascada e tentam saídas políticas para assuntos técnicos e jurídicos. Terceiro: mesmo assim, tentam repassar o incômodo que causaram para os vereadores que estão atrás culpados pelas lambanças e até a imprensa ou esta coluna. Ou seja, ao invés de punir os seus que erraram, Kleber está punindo à população de lá do Gasparinho. Incrível!

E para zombar, enquanto isso, a prefeitura fez licitações e está asfaltando em tempo razoavelmente curto, as ruas José Honorato Muller, José Eberhardt e Dom Daniel Hostins, no bairro Coloninha. Acorda, Gaspar!

 

Edição: 1904

Comentários

Herculano
10/06/2019 07:09
DAQUI A POUCO, COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA E EXCLUSIVA PARA OS LEITORES E LEITORAS DO PORTAL CRUZEIRO DO VALE, O MAIS ANTIGO, O MAIS ATUALIZADO E ACESSADO DE GASPAR E ILHOTA

FAÇA COMO OS CONCORRENTES, INFORME-SE MELHOR AQUI. ACORDA, GASPAR!
Herculano
10/06/2019 07:07
MORO DIVULGA NOTA SOBRE AS MATÉRIAS COM A TROCA DE MENSAGEM ENTRE ELE E DELLAGNOL

Conteúdo do O Antagonista.Sergio Moro acaba de divulgar uma nota sobre as matérias do site The Intercept que reproduzem supostas mensagens entre procuradores da Lava Jato e entre ele próprio e Deltan Dallagnol, durante condução do processo do triplex que condenou Lula.

Leia:

"Sobre supostas mensagens que me envolveriam publicadas pelo site Intercept neste domingo, 9 de junho, lamenta-se a falta de indicação de fonte de pessoa responsável pela invasão criminosa de celulares de procuradores. Assim como a postura do site que não entrou em contato antes da publicação, contrariando regra básica do jornalismo.

Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato."

Volto:

1. Não são supostas mensagens. São mensagens.
2. Fora de contexto, é possível, até porque o Intercept reconheceu que não deu tratamento ao material que recebeu de fonte anônima. Então o que se deve agora, é contextualizá-las.
3. O jornalismo sobrevive de fonte anônima. E Moro, bem como os procuradores usaram a imprensa intensamente, como fonte anônima na Lava Jato.
4. Quanto a invasão criminosa dos celulares, é preciso ir a fundo neste assunto. Já fui testemunha de gente que alegou isso para criar álibi de coisa que vazou de forma deliberada para produzir resultados contra adversários e a favor de seus interesses.
5. Quanto entrar antes da publicação com os envolvidos é uma regra de ouro do jornalismo quando se dá uma notícia, que acaba em três situações: nenhum dos envolvidos confirma nada, não esclarece patavinas nenhuma e tenta usar na maioria das vezes, meios escusos ou jurídico para tentar ou censurar conteúdo que está sob confirmação. Ainda mais nos grotões, onde dizem ter os meios de investigações e fiscalização sob controle.

A luz do sol é o melhor agente contra a escuridão. É hora então de se explicar e esclarecer, inclusive ordenando e desmoralizando o conteúdo clandestino, antes que ele vire provas contra o próprio judiciário, ministério público, política federal e comprometa a Lava Jato, interesse de milhares de políticos e poderosos espertos. Não há santos nos dois lados dessa história. Wake up, Brazil!
Herculano
09/06/2019 10:28
NÃO EXISTE SOBREMESA GRÁTIS, por Alexandre Barreto de Souza, Presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), no jornal Folha de S. Paulo

Passageiros pagarão pela bagagem de qualquer jeito

Todo serviço ou produto oferecido no mercado possui um preço. Imagine que você seja proprietário de um restaurante e o governo estabeleça que, a partir de hoje, deva fornecer as sobremesas gratuitamente.

Como empresário, seu objetivo não é fazer caridade nem ter prejuízos. Para compensar a sobremesa "gratuita", certamente você irá diluir os custos em outros produtos ou serviços do estabelecimento, como bebidas ou prato principal, por exemplo.

E como fica o cliente que não gosta de sobremesa? Ele será obrigado a pagar pela sobremesa dos outros, simples assim. A princípio, parece que os clientes terão um benefício na concessão de algo grátis, quando, na verdade, haverá clientes pagando por algo que não estão consumindo. Isso seria justo?

O raciocínio é o mesmo quando se analisa o mercado de transporte aéreo de passageiros e todo o debate sobre a franquia no despacho de bagagens. O ponto central é simples: nós pagaremos pelas bagagens de qualquer maneira. Resta saber se queremos ter transparência na composição dos preços ou não.

A maioria dos consumidores escolhe a passagem aérea pelo preço. A definição das tarifas conforme o perfil do cliente - aquele que carrega mais bagagem ou aquele que precisa ou gosta de mais espaço - beneficia diretamente o consumidor, que paga somente pelo serviço que está efetivamente utilizando.

A proibição de cobrança por franquia de bagagem por parte das companhias aéreas afeta o mercado de maneira extremada e negativa. A medida é prejudicial à concorrência e também aos passageiros.

Todos queremos serviços de melhor qualidade e menores preços. Porém, não existe mágica em economia. Os preços são resultado, além da estrutura de custos, da dinâmica entre oferta e procura. As tentativas do Estado em intervir na vida empresarial e impor preços quase sempre dão mau resultado. O papel que cabe ao Estado é garantir a segurança jurídica para o ambiente de negócios e assegurar uma concorrência justa no mercado.

O mercado interno de transporte aéreo de passageiros é dominado por poucas empresas, cenário agravado pela crise da Avianca. O setor apresenta inúmeras condições que limitam a concorrência e, por esses e outros motivos, trata-se de um mercado concentrado que, por ter a competição prejudicada, atinge drasticamente o consumidor final.

O Brasil precisa amadurecer com relação aos princípios concorrenciais e entender seus benefícios. Sob uma perspectiva concorrencial, retirar reservas de mercado e trazer mais transparência sobre a composição dos serviços prestados traria inúmeros impactos positivos para a economia e para o consumidor.

Diversas companhias aéreas estrangeiras têm mostrado interesse em ingressar no mercado brasileiro após a abertura do setor ao capital estrangeiro. Mas é importante lembrar que grande parte dessas companhias adotam o modelo de negócio "low cost", no qual o valor da bagagem não está embutido no preço final do bilhete aéreo, o que permite ofertas mais atrativas.

Portanto, a atual regulação, que possibilita a cobrança por bagagem despachada e outros serviços, caso mantida, facilitará a entrada de novas empresas no setor, o que gerará aquecimento no mercado, acirrará a concorrência e se refletirá no preço das passagens. Em contrapartida, a volta da franquia de bagagens afetaria negativamente o investimento de empresas internacionais no mercado brasileiro, uma vez que esse tipo de regulamento impacta diretamente o seu modelo de negócios.

Importante destacar que as empresas precisam observar as regras de mercado e toda a legislação vigente. Além da queda do preço da passagem, destacam-se dois pontos importantes que afetam diretamente o consumidor: a informação - por parte das empresas - prestada com clareza no momento da compra de passagem, bagagem, assento ou qualquer outro item que a empresa ofereça; e os valores cobrados pela bagagem despachada, que não podem ser abusivos.

A gratuidade de qualquer coisa (de sobremesas em restaurantes a bagagens despachadas) pode parecer ótima, mas nem tudo é o que parece.

Definitivamente, não existe sobremesa grátis.
Herculano
09/06/2019 10:22
NOTA DO SINDICATO DOS LADRõES, por Guilherme Fiúza, no site Gazeta do Povo, Curitiba PR

Lula disse que não é ladrão nem pombo correio para usar tornozeleira. Foi uma declaração um pouco enigmática, mas logo os esclarecimentos surgiram. O Sindicato dos Pombos Correios soltou uma nota oficial confirmando que a instituição não aceita filiados ficha suja - já basta a porcariada no chão da praça. Já o Sindicato dos Ladrões, também em nota oficial, declarou que Lula continua filiado e provavelmente está negando isso por se encontrar inadimplente.

"Não vamos aceitar calote só porque Lula é a maior referência da nossa categoria", reagiu o presidente do Sindicato dos Ladrões. "É verdade que ele não está podendo ir ao banco pagar o nosso boleto. Mas por que não manda o Haddad, que não está fazendo nada?"

A nota do Sindicato lembra ainda que há vários filiados em situação de inadimplência por terem gasto todo o produto dos seus roubos - e esses merecem a solidariedade da instituição. "Mas não é, absolutamente, o caso do Sr. Luiz Inácio da Silva", continua a nota, "que coordenou um assalto bilionário aos cofres públicos, do qual todos nos orgulhamos. Mas se formos abrir exceção para todo filiado multimilionário iremos à falência, que nem o Brasil depenado magistralmente pelo próprio Lula", argumenta a nota.

Procurado pela imprensa, o presidente do Sindicato dos Ladrões informou que sua posição sobre o caso está integralmente exposta na nota oficial da instituição. Mas não se furtou a um apelo de viva voz:

"Não vamos anistiar o Lula. Se ele quer declarar que não pertence mais à nossa categoria, não vou negar que isso dói na gente. São muitos anos de cumplicidade e formação de quadrilha, muitos momentos felizes com o dinheiro dos outros, e essas coisas o ser humano não esquece. Mas nem tudo é festa. É preciso um mínimo de seriedade e compromisso com as instituições - e o Sindicato dos Ladrões, como todos sabem, é uma instituição milenar. Então não tem conversa. O companheiro Lula está cansado de saber que aquela lei dos cem anos de perdão já foi revogada há muito tempo. Hoje, ladrão que rouba ladrão tem que pagar. Pague ao Sindicato os boletos em aberto, Sr. ex-presidente".

Questionado se não estava sendo rigoroso demais com o membro mais ilustre da categoria, o presidente do Sindicato encerrou:

"Não tenho nada pessoal contra ele. Mas é que no nosso meio, se não cobrar com energia, ninguém paga. É da nossa natureza, entende? O Lula é um ídolo, mas é muito evasivo. Se alguém cobra alguma coisa dele, já monta um teatro, faz uma quizumba, joga areia nos olhos da plateia e sai de fininho. Então estou avisando: não vai adiantar chamar a ONU, a Folha, o El País ou o Papa pra contar história triste. Lula, sabemos que o seu sol está nascendo quadrado, mas sabemos também que o seu boi está na sombra. Portanto, pare de reclamar e pague o que deve".

Em off, o presidente do Sindicato dos Ladrões acrescentou que acha essa história da tornozeleira uma grande bobagem. Segundo ele, Lula sabe que não vai precisar de tornozeleira nenhuma, porque já está condenado a mais 12 anos no processo de Atibaia ?" e a menos que conseguisse comprar todo mundo na segunda instância, terá a pena de reclusão confirmada. Fora os outros seis processos nos quais é réu.

"Esse papo de progressão pro semiaberto é só pra animar os moradelaços e os festivais Lula Livre", explicou o sindicalista da ladroagem, arrematando em tom confessional: "O que seria da nossa categoria sem os trouxas?"

Ele disse achar válidos esses alarmes falsos de soltura do ex-presidente, em ações cirúrgicas de petistas infiltrados no Judiciário e no Ministério Público. "Isso mantém elevado o moral da tropa imoral", esclareceu sorridente ?" orgulhoso da tirada. Mas fez um alerta: esse aparelhamento da era de ouro do parasitismo, que protegeu democraticamente tantos delinquentes do bem, pode estar com os dias contados.

"O fascismo tá aí", afirmou o presidente do Sindicato dos Ladrões, agora com lágrimas nos olhos. "Se ninguém der uma bagunçada no país, o bicho vai pegar pra nós. Cadê o Janot?""
Herculano
09/06/2019 10:18
A SUÍÇA É AQUI, por Marcos Lisboa, economista, ex-secretário de Política Econômica, presidente do Insper, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente age como se não houvesse desemprego ou crise das contas públicas

Nada como saber que moramos na Suíça. A pobreza é preocupação de países distantes. A nossa economia cresce consistentemente, não há desemprego relevante e o setor público pode executar com eficiência as suas obrigações, como cuidar da saúde, da segurança pública e da infraestrutura.

Com razão, em um país com muitos ricos, boas escolas e civilidade de fazer inveja, o presidente da República se dedica aos temas que restam, como propor aumentar a leniência com os motoristas que ferem as regras de trânsito.

Faz todo o sentido. Nosso país tem infratores de menos e poucos acidentes. Há regras demais e muita punição a cidadãos inocentes. Faltou o governo combinar com a realidade.

O desemprego insiste em não cair, o país não volta a crescer e as péssimas regras para os negócios asfixiam o setor produtivo. O setor público não tem recursos para cumprir as suas obrigações comezinhas, como pagar benefícios sociais ou financiar ciência e tecnologia, e o governo acha que relevante são as multas de trânsito.

Se o Poder Executivo deseja rever as penalidades insensatas ao setor privado, poderia começar pelas normas tributárias.

Ao comparar os dados daqui com os de outros países, descobrimos que a nossa tributação se tornou disfuncional. O contencioso fiscal apenas no governo federal chegou a 12% do PIB em 2014, 60 vezes mais do que a mediana de uma amostra de 17 países desenvolvidos ou em desenvolvimento, como constata Lorreine Messias.

O exame de alguns casos concretos, como as disputas acerca do pagamento de contribuições previdenciárias sobre a participação nos lucros e resultados, revela a extensão do problema.

Um sistema de contribuição mal desenhado, mudanças frequentes nas regras de custeio e a jurisprudência oscilante resultam em insegurança jurídica, que penaliza o setor privado e desestimula a produção.

Há uma regra extensa e pouco precisa, além de seguidas interpretações inovadoras por parte da Receita para restringir o benefício. Existem decisões a favor e contra os contribuintes no mesmo ano sobre casos semelhantes nos tribunais administrativos.

Para quem quiser um aperitivo dos problemas que afetam quem produz no Brasil, aqueles que pagam tributos e sustentam a farra, vale conhecer o estudo coordenado por Vanessa Rahal Canado.

O país tem muito a fazer para enfrentar a crise das contas públicas, a começar pela reforma da Previdência, assim como para melhorar o ambiente de negócios e permitir a retomada do crescimento econômico e da geração de empregos.

Relaxar a punição aos motoristas infratores definitivamente não está na lista.

Resta a dúvida inquietante: o Palácio do Planalto tem ciência dos graves problemas que afetam o país?
Herculano
09/06/2019 10:15
GRANDE IDEIA, por J.R.Guzzo, na revista Veja

A mais rica cidade do Brasil é atravessada de ponta a ponta, ao longo de quase 25 quilômetros, por um dos mais extensos, perigosos e sinistros esgotos a céu aberto do planeta ?" o Rio Tietê. Essa fossa, riquíssima em tudo o que pode haver em matéria de coisa podre, de lixo e de tóxicos em seu estado mais agressivo, é confinada entre avenidas gigantes dos dois lados, as célebres "Marginais", pelas quais passam diariamente cerca de 2 milhões de veículos com toda a emissão de gás carbônico a que têm direito. Um sujeito que cair ali dentro pode perfeitamente não ter tempo de se afogar - corre o risco real de morrer envenenado antes, no meio da pasta química mortal que substitui há décadas a água corrente do rio. Nenhuma forma conhecida de vida sobrevive nesse horror. Isso é só uma parte do problema. Pouco antes de sair do município de São Paulo, em direção à sua foz, 1?100 quilômetros adiante, o Tietê encontra o canal do Rio Pinheiros ?" outro sério concorrente ao título de Oitava Maravilha da Poluição Urbana do Mundo, negro de imundície e igualmente ladeado por duas avenidas de tráfego insano. Sua única vantagem: é um pouco mais curto que a cloaca irmã.

Parece claro que existe aí um problema ambiental monstruoso, desses que teriam de ser resolvidos antes de quaisquer outros pelas autoridades e defensores da natureza em qualquer país mais ou menos civilizado ?" até porque prejudica diretamente os 21 milhões de brasileiros que moram na área metropolitana de São Paulo. Parece, mas não é. Não apenas não é: não passa pela cabeça de ninguém que possa ser assim, entre os milhares de ambientalistas, ecologistas, engenheiros ambientais, naturalistas, indigenistas, procuradores, fiscais e o resto dos burocratas que infestam as repartições de defesa do meio ambiente nos três níveis da administração. Isso sem contar, naturalmente, com as ONGs "do verde"; para essas, então, falar em poluição urbana é praticamente um crime. A única questão ambiental válida, em tal mundo, é o pacote que engloba florestas, cerrados, mangues, ilhas perdidas, fauna, flora, bagres de rio ?" tudo, em suma, que não inclua o ser humano, salvo se ele for índio. O Rio Tietê que se dane. O que interessa é pegar o cidadão que cortou um pé de gabiroba num sítio perdido em algum fim de mundo, ou exigir prisão inafiançável para o infeliz que matou um macaco-prego no sertão do Ceará.


"O verdadeiro desastre ambiental do Brasil não está no meio do mato"

O verdadeiro desastre ambiental do Brasil do século XXI não está no meio do mato, e sim na cara de todo mundo, todos os dias; não afeta sapos ou papagaios, mas mata gente de carne e osso. Centenas de cidades brasileiras com mais de 50?000 habitantes são envenenadas por rios mortos como o Tietê e o Pinheiros. Não menos que 50% da população, ou 100 milhões de pessoas, não dispõe de esgoto. Uns outros 40 milhões, possivelmente, não têm acesso a água tratada de boa qualidade. Há 3?000 lixões em pleno funcionamento em 1?600 cidades pelo país inteiro ?" aterros ao ar livre onde lixo e detritos de todo tipo são jogados e abandonados, sem tratamento algum. Desde 2014 não deveria mais existir nenhum lixão aberto no Brasil, por exigência da lei; só que há mais lixões hoje do que havia cinco anos atrás. Essas cordilheiras de dejetos contaminam a água, poluem o ar e envenenam o solo. Cerca de 95 milhões de cidadãos, segundo cálculos das empresas de limpeza pública, têm sua saúde e qualidade de vida diretamente prejudicadas pelo descarte do lixo no meio da população em geral.

Mas quem é que está ligando para isso, entre os autocratas ambientais? Suas paixões são outras. Em meio aos surtos que vivem tendo, tornou­-se conhecido, recentemente, o bloqueio que o Ministério Público comanda há oito anos contra a construção da linha mestra de transmissão de energia elétrica em Roraima. Como os 350 índios uaimiris - isso mesmo, 350 - que vivem nos 225?000 quilômetros quadrados de Roraima têm objeções ao linhão, o MP vem vetando sistematicamente as obras, desde sua aprovação, em 2011. Com isso, a maior parte do território do estado e seus 500?000 habitantes não recebem um único watt de eletricidade brasileira. São obrigados a depender de fornecimento importado da Venezuela ?" que hoje não consegue produzir nem papel higiênico, e vive falhando na entrega. Há, agora, um esboço de solução. A população de Roraima reza. O universo ecológico diz que o Brasil deveria, ao mesmo tempo, eliminar seus problemas ambientais urbanos, permitir o progresso e preservar a natureza. Grande ideia. É só executá-la.
Miguel José Teixeira
09/06/2019 10:00
Senhores,

Leitão, leitoa e outros jornalistas atrelados aos retrógrados vermelhóides esquerdopatas, poderiam dormir sem essa:

"José Dirceu diz que o "maior erro" do PT foi não haver "regulamentado" a mídia, como na Venezuela, que destruiu a imprensa livre. Nem se dá conta do roubo ao País, o que o levou e a seu chefe Lula à prisão." (CH, hoje)

Está passando da hora de colocarmos a corja vermelha num comboio de camburões e despachá-los, sem direito à volta, para a Venezuela!

Aquiete-se, herói da escória das escórias!

Presidiários devem dirigir-se, quando muito, ao carcereiro. . .
Herculano
09/06/2019 08:34
TRF-2 ENCERRA PROCESSO CONTRA BOLSONARO SOBRE QUILOMBOLAS

Conteúdo de O Antagonista. O TRF-2 encerrou o processo de dano moral contra Jair Bolsonaro por supostamente ter ofendido os quilombolas em razão de declaração em palestra na Hebraica.

Em abril de 2017, o então deputado federal disse que quilombolas não faziam nada e que o mais leve pesava sete arrobas.

O entendimento foi de que as declarações de Bolsonaro ocorreram no contexto da atividade parlamentar, que é protegida pela imunidade.
Herculano
09/06/2019 08:27
PROGRAMAS DO GOVERNO ESTÃO PARADOS, MAS NÃO POR CULPA DO CONGRESSO, DIZ MAIA

Conteúdo de O Antagonista. Jair Bolsonaro afirmou neste sábado que se o PLN 4 - projeto de lei que autoriza operações de crédito suplementar - não for aprovado, o governo terá de suspender pagamento de benefícios a idosos no próximo dia 25.

No Twitter, Rodrigo Maia respondeu ao comentário do presidente:

"Muito bom o presidente @jairbolsonaro, enfim, ter mostrado preocupação com este tema. Matéria enviada pelo governo no dia 11 de março de 2019, já faz parte da preocupação do Congresso desde o início do ano."
Herculano
09/06/2019 08:23
O PRIMEIRO INVERNO DO GOVERNO BOLSONARO, por Pedro Malan, economista, ex-ministro da Fazenda dos governos de Fernando Henrique Cardoso, PSDB, no jornal O Estado de S. Paulo

É difícil de imaginar que possamos seguir com o grau de surpresas e incertezas visto até aqui

"O orgulho nacional é, para os países, o que a autoestima é para os indivíduos: uma condição necessária para o autoaperfeiçoamento. Orgulho nacional excessivo pode produzir belicosidade, excessiva autoestima pode produzir arrogância. Mas, assim como muito pouca autoestima torna difícil dispor de coragem moral, orgulho nacional insuficiente torna improváveis debates políticos vigorosos e eficazes" (Richard Rorty)

Há exatos 16 anos comecei a escrever neste espaço. Assim abria meu primeiro artigo (Falsos dilemas, difíceis escolhas): "Nos últimos 12 meses, o Brasil mostrou ao mundo que continua avançando em termos de maturidade política e nível do debate econômico - apesar das aparências em contrário". Havia, então, razões para um realismo esperançoso; para crer que estávamos em processo de aprendizado que poderia vingar ?" se a ele fosse dada continuidade.

O governo Lula tinha, então, a mesma idade do governo Bolsonaro, que tem à frente problemas domésticos e internacionais não triviais. As circunstâncias de hoje são muito mais adversas que as de então. Ali, o contexto internacional era cada vez mais favorável, a herança não era maldita e a política macroeconômica não era aquela que o PT havia defendido ?" pelo contrário.

Dada a gravidade da hora, é valiosa a recomendação final da epígrafe de Rorty: tentar tornar prováveis debates políticos "vigorosos e eficazes". Isso exige a superação da excessiva polarização atual e o gradual deslocamento para o centro; exige atenuar as posições extremadas que hoje marcam o precário debate nas redes sociais.

Rorty escreveu a propósito de seu país, os EUA. Argumentou que a "esquerda" americana não deveria deixar a "direita" se apropriar totalmente da bandeira do orgulho nacional e do patriotismo; e que os debates não seriam "imaginativos e produtivos" a menos que "o orgulho sobrepujasse a vergonha". Raymond Aron, por sua vez, recomendava que espectadores engajados deveriam evitar excessos, tanto de entusiasmo quanto de indignação. E Eduardo Giannetti, que os dois gumes da lâmina contivessem os excessos, seja de otimismo seja de pessimismo. Todos - Rorty, Aron e Giannetti - tinham em mente a necessidade de evitar polarizações excessivas que impedissem o diálogo e a busca das convergências possíveis. Que sempre existem.

O importante é que ganhem espaço a moderação, o diálogo e a tolerância. Esse sonho tem de ser construído ao longo dos próximos meses e anos. Porque é difícil de imaginar que possamos seguir com o grau de surpresas e incertezas que marcou os primeiros seis meses deste governo. Seria possível argumentar que essas incertezas são apenas reflexo de longo processo de aprendizado em curso; dores do crescimento de uma ainda jovem República democrática. O fato é que antes de Bolsonaro, e desde 1945, o Brasil elegeu, pelo voto direto, oito presidentes da República. Quatro antes do regime militar de 1964-1985 (Dutra, Vargas, Juscelino e Jânio); e outros quatro desde então (Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma). Nada menos que quatro destes oito não terminaram seu mandato. O atual presidente desempatará este 4 x 4 - de uma maneira ou de outra.

Em qualquer país do mundo, a grande maioria da população tem pouca memória em relação ao passado geral e escasso horizonte de longo prazo à frente. Tomada pela vida privada, afazeres cotidianos, carece de paciência para conceitos, discussões técnicas e informações estatísticas. Apesar disso, pude perceber na prática, ao longo de décadas, o acerto da observação de um dos mais perspicazes analistas do desenvolvimento econômico, social e político. Refirome ao excelente texto de Albert Hirschman sobre democracia e debates públicos.

"Com grande frequência, os participantes desse debate têm apenas opinião inicial e incerta sobre as questões de políticas públicas. Anunciam com convicção sua visão, mas sua posição mais articulada surge apenas através da discussão, por vezes de prolongadas deliberações; cuja função é desenvolver argumentos, obter informações. Posições finais podem distar muito das iniciais - e não apenas como resultado de compromissos políticos com forças opostas."

Neste processo estamos e não temos alternativa senão nele persistir. Há exatos quatro anos concluí com a seguinte observação o artigo Tudo muito pouco usual, neste espaço: "Estamos, talvez, no começo do fim de um ciclo, ao longo do qual uma determinada visão e uma determinada política ultrapassaram, por larga margem, sua funcionalidade, relevância e utilidade". Não tenho nada a modificar nessa conclusão; exceto retirar a palavra talvez.

As razões para tal são hoje conhecidas: o investimento no Brasil começou a declinar no terceiro trimestre de 2013, caiu 26% até o final de 2015 e 33% até o final de 2016. Hoje, está ainda 27% abaixo de seu pico. A economia cresceu de 2011 até 2018, em média, 0,6% ao ano, o que significa uma queda da renda per capita, que ainda hoje é inferior ao nível de 2010. É a mais grave crise que jamais tivemos, e a de mais longa duração. São inegáveis as consequências em termos de desemprego, qualidade dos serviços públicos, desalento, distribuição de renda e carências sociais. Este 2019 será o sexto ano consecutivo de déficit fiscal primário do governo federal. Ao que tudo indica, 2020 será o sétimo e 2021, o oitavo, dada a crise das finanças estaduais e municipais. Turbulenta década esta segunda do século 21.

Ainda assim, neste primeiro dos invernos do governo Bolsonaro, o Brasil não tem alternativa senão continuar a tentar. Tentar mostrar, a si próprio e ao mundo, que é capaz de avançar em termos de maturidade política e de elevação do nível do debate econômico sobre questões fundamentais: por que crescemos tão pouco, por que é tão desigual a distribuição de oportunidades; por que é tão penoso fazer as reformas. Volto ao realismo esperançoso de Hirschman: há que tê-lo. Apesar ?" e por causa ?" das aparências em contrário.
Herculano
09/06/2019 08:18
O SUPREMO DIFICULTA AS PRIVATIZAÇõES, editorial do site Gazeta do Povo, Curitiba PR

Parafraseando o ex-ministro Roberto Campos, os últimos dias mostraram que o estatismo no Brasil tem "um passado glorioso e um futuro promissor". Quando finalmente o brasileiro elege um chefe do Poder Executivo que traz consigo uma pauta liberalizante, o Supremo Tribunal Federal se encarrega de desfazer o otimismo - e, pior ainda, mais uma vez inventando regras que os legisladores não tinham a menor intenção de impor ao poder público. Trata-se do julgamento encerrado na quinta-feira, dia 6, envolvendo a necessidade de aval do Poder Legislativo para a realização de privatizações e venda de subsidiárias de empresas estatais. Seu resultado, apesar de destravar no curto prazo os programas de desinvestimento de Petrobras e Eletrobrás, cria um novo obstáculo ao programa de desestatização do governo.

A Constituição Federal é muito clara a respeito dos processos de surgimento de estatais, exigindo, em seu artigo 173, a aprovação do Congresso para que o governo possa, por meio de decreto, criar uma empresa. Mas em nenhum momento a Carta Magna faz essa mesma exigência para que o poder público se desfaça de uma estatal. Não se trata de omissão ou esquecimento, mas de uma decisão consciente do constituinte, baseada no que afirma o mesmíssimo artigo 173: a "exploração direta de atividade econômica" por parte do Estado é uma excepcionalidade, um ponto fora da curva, uma circunstância extraordinária. O normal é que essa função caiba à iniciativa privada. Podemos afirmar, com toda a certeza, que o legislador não quis condicionar uma privatização ao aval do Legislativo, com a exceção dos casos previstos no artigo 177 da Constituição, que trata dos monopólios da União, e daquelas empresas que o Congresso incluiu nominalmente na Lei 9.491/97, que criou o Programa Nacional de Desestatização. Entram nesses critérios, por exemplo, Petrobras, Eletrobrás, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, mas não as suas subsidiárias, e nem a esmagadora maioria das quase 140 estatais federais existentes hoje.

O Supremo mostrou ao investidor que a liberdade econômica continua a ser bem escasso neste país
A clareza do legislador sobre o que é necessário para criar uma estatal e para privatizá-la não foi suficiente para Ricardo Lewandowski, que em 2018 barrou liminarmente a venda de subsidiárias da Eletrobras argumentando que, se era preciso haver lei para criar, também seria preciso haver uma outra lei para vender, ainda que isso não estivesse escrito em nenhum lugar ?" na prática, o ministro inventou uma regra que o Congresso não estabeleceu, mais uma vez assumindo o papel de legislador no qual tantos membros do STF se sentem confortáveis. Mais recentemente, foi seguido por Edson Fachin, que, em outra liminar, barrou a venda de duas subsidiárias e três refinarias da Petrobras. No julgamento encerrado no dia 6, quem mais se aproximou da linha de Lewandowski e Fachin foi Rosa Weber, que defendeu apenas uma "lei genérica" para a venda de subsidiárias, com processos que garantam a concorrência.

Alexandre de Moraes abriu uma divergência, mas parcial. Para ele, a venda de subsidiárias não exigiria aval legislativo, como defenderam Lewandowski e Fachin, mas a privatização de uma "empresa-mãe" precisaria da autorização do Congresso. Foi acompanhado por Cármen Lúcia, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Dias Toffoli, somando nove ministros em defesa da necessidade de autorização para a privatização e seis ministros que votaram para não exigir lei no caso da venda de subsidiárias. Marco Aurélio Mello se pronunciou apenas sobre a questão das subsidiárias, mas referendou a liminar de Lewandowski.

A única voz do bom senso e do respeito à liberdade econômica e aos intenções do legislador foi a de Luís Roberto Barroso, para quem as privatizações - tanto de estatais quanto de subsidiárias - não precisam de nenhuma autorização do Congresso. O ministro defendeu que "para desinvestir, não vale a mesma regra que vale para criar" e ainda classificou como "fetiche" a visão que coloca o Estado como "protagonista de tudo". Quanto menos uma corte constitucional interferir na ordem econômica, melhor, afirmou. Infelizmente, Barroso ficou sozinho.

A suprema corte pode até ter destravado os programas de desinvestimento de Petrobras e Eletrobrás, mas, ao decidir que toda estatal precisa de autorização do Congresso para ser vendida, o STF condena o país inteiro a continuar bancando empresas deficitárias, que poderiam muito bem ser recuperadas pela iniciativa privada, e coloca o destino do programa de privatizações do governo Bolsonaro na mão de dois tipos de congressistas: aqueles que, por razões ideológicas, alimentam o "fetiche" descrito por Barroso, o do protagonismo estatal na atividade econômica; e aqueles que enxergam as estatais como cabides de empregos onde podem pendurar apadrinhados em cargos de comando, em troca de apoio político, e que por isso resistirão às privatizações por ver nelas o fim de um instrumento de barganha. Uma decisão que já seria desastrosa em tempos de vacas gordas, porque representa uma inversão do saudável princípio da subsidiariedade, se revela ainda mais daninha nesta época de dificuldades fiscais, mostrando ao investidor que a liberdade econômica continua a ser bem escasso neste país.
Herculano
09/06/2019 08:13
AÇõES CONFUSAS MINAM A CONFIANÇA DO CONGRESSO NO GOVERNO BOLSONARO, editorial de O Globo

Episódio da volta do Coaf para o Ministério da Economia é mais um caso de descoordenação política

Os primeiros cinco meses demonstraram que as principais dificuldades do presidente Jair Bolsonaro derivam da sua complicada relação com o Legislativo. O desgaste precoce é evidente, consequência de uma inédita situação de declínio da confiança do Congresso num governo que tem apenas 21 semanas.

É notável que esse processo de corrosão de credibilidade tenha raízes na tumultuada base governamental. Curiosamente, até agora não se viu no Congresso um único episódio relevante de embaraço ao governo provocado pela oposição.

Caso exemplar ocorreu na noite da última quarta-feira, quando foram apreciadas duas dezenas de vetos presidenciais, metade do governo Michel Temer. Líderes de Bolsonaro realizaram uma negociação sobre a qual, no final, nem mesmo eles se entenderam. Aceitaram a derrubada de alguns vetos presidenciais sem se ater ao potencial aumento do déficit público, com renúncia de receita, anistias ?" inclusive a partidos - e concessões de incentivos regionais e setoriais.

A confusão entre os líderes governistas teve como pano de fundo a disputa no partido do presidente, o PSL, pela candidatura à prefeitura de São Paulo na eleição de 2020.

O resultado levou um aliado, o Partido Novo, a cobrar coerência do governo "em reduzir o déficit fiscal e reconduzir o país ao caminho da responsabilidade e do crescimento econômico". A sessão do Congresso acabou em bate-boca entre os líderes governistas, diante de uma oposição manietada pela perplexidade.

A descoordenação política tem sido regra com reflexos diretos no painel de votações da Câmara e do Senado, como se pode ver no episódio da transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Economia para o da Justiça. Nunca um governo amargou tantos obstáculos legislativos para estabelecer sua estrutura administrativa. E, ressalte-se, o Coaf era um detalhe no arcabouço burocrático da nova administração.

Durante semanas, o ministro Sergio Moro conversou com deputados e senadores para convencê-los a manter o órgão na Justiça. Na votação na Câmara, o governo orientou os aliados a retirar o Coaf de Moro, mantendo-o na Economia. Em seguida, no Senado, a liderança governista pediu votos em sentido contrário. Os senadores reagiram, exigindo documento assinado pelo presidente e ministros descrevendo o que o governo realmente queria. As cartas que receberam atestam a desorganização na ação política e o declínio da confiança no Legislativo.
Herculano
09/06/2019 08:08
A REFORMA DA NATUREZA, por Vera Magalhães, no jornal O Estado de S. Paulo

Em projetos e declarações, Bolsonaro troca dados por achismos e revoga bom senso

Em A Reforma da Natureza, um dos livros da saga do Sítio do Pica-Pau Amarelo, Monteiro Lobato descreve como Emília, a partir de uma fábula contada por Dona Benta, se dispõe a mudar aquilo que ela julga estar errado na conformação da natureza. Tal como Américo Pisca-Pisca, o personagem da fábula, a boneca imagina alterar frutas, animais e tudo o mais e, na base da retórica inflamada e do voluntarismo, põe seu plano em marcha.

Pois Jair Bolsonaro parece ter se inspirado no método emiliano para decidir declarações e projetos de governo. Contra a tal "indústria da multa"? Aumentem-se os pontos para que se perca a carteira de motorista com 40, quiçá 60. Só faltou dizer que, liberados para correr, motoristas serão mais multados, e a tal arrecadação com multas pode subir.

O amigo Maurício Macri passa apuros na eleição argentina? Que tal dar uma forcinha reformando não a natureza, mas a moeda dos dois países? Mais! De todo o Mercosul. Assim como Emília rebatizou os bichos conforme sua conveniência, Bolsonaro também deu nome à sua moeda sonhada: peso real (que imediatamente virou surreal, porque os memes não perdoam).

Como se dará a sonhada integração monetária? Ele não sabe. Afinal, nosso reformador da natureza não entende de economia, como não se cansa de dizer. Mas acha, sabe-se lá baseado em que, que o peso real pode ser uma couraça para evitar a volta da esquerda aos países que o adotarem. Quase um amuleto.

O mais engraçado dos surtos de reformismo da natureza de Bolsonaro é que sempre há os acólitos desesperados para lhes conferir algum sentido. Então, no projeto da mudança nas regras de trânsito, os criativos passadores de pano viram um moderno liberalismo presidencial. Afinal (tentem acompanhar o raciocínio), não é função do Estado multar quem não colocar crianças em cadeirinhas, e deve ser interesse dos pais zelar pela segurança dos filhos.

Como se o trânsito fosse uma pista de autorama em que se controlam todas as variáveis e funcionasse no âmbito doméstico, em que as relações privadas ?" de fato ?" não carecem de regulação do Estado.

E para explicar para os liberais da brigada do Twitter ?" que diante de menções a John Locke ou Adam Smith perguntariam de que temporada de Game of Thrones eles eram ?" que os países com as economias de fato liberais do mundo têm leis de trânsito duríssimas simplesmente porque uma coisa não tem nada a ver com a outra?

Com a revogação do bom senso, lei número um da reforma da natureza bolsonarista, o óbvio deixa de ser assim tão óbvio. Como o fidalgo Visconde de Sabugosa, que tentava conferir alguma lógica às diatribes da Emília e tirá-la de enrascadas, ficam os providos de lógica no entorno presidencial tentando evitar o constrangimento de desmenti-lo ou minimizar o estrago de suas declarações. Nessa função se revezam os militares e os ministros que não duvidam que a Terra seja redonda, como Sérgio Moro, Paulo Guedes e Tarcísio Gomes de Freitas.

Já os entusiastas da reforma da natureza, que no reino bolsonarista às vezes ganha ares de cruzada pelos rabanetes ou qualquer outra bobajada ideológica, se sentem livres para voar diante dos inputs do chefe. O problema é que os arroubos desses reformadores não colocam abóboras no lugar de jabuticabas, como no sonho do Américo Pisca-Pisca da historinha da Dona Benta, mas religião, ideologia binária, vontade familiar e preconceito no lugar de dados, evidências, políticas públicas e pesquisas científicas.

É preciso que alguém convença o presidente que suas palavras e atos têm consequências. E que não se governa um País na base do achismo sem base concreta nenhuma.
Herculano
09/06/2019 08:05
SEM CONCURSOS, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Urge revisar a estrutura de carreiras do funcionalismo, que dificulta ou impede o remanejamento de profissionais

O ministro Paulo Guedes, da Economia, anunciou a intenção de reduzir o quadro de servidores federais nos próximos anos. Dado que tais trabalhadores desfrutam de um regime de quase estabilidade no emprego, o objetivo deve ser alcançado com a não reposição dos que vierem a se aposentar.

Segundo o ministro, cerca de 40% do funcionalismo terá direito à aposentadoria nos próximos anos, e os concursos ficarão suspensos até segunda ordem.

Trata-se de estratégia tão simples quanto politicamente engenhosa, por evitar conflitos. Resta saber o essencial ?"se é adequada ao provimento eficiente de serviços à população. Afinal, nada garante que as aposentadorias se concentrem nos setores porventura inchados.

Infelizmente, aliás, inexistem diagnósticos de conhecimento público acerca de excessos e carências de pessoal na máquina federal.

Sabe-se que o número de servidores no Brasil não configura uma anomalia diante de parâmetros internacionais, à diferença das despesas com a Previdência. Todavia eles dispõem de salários médios bem mais elevados que os da iniciativa privada ?"e têm conseguido manter sua fatia na renda nacional.

Há cerca de duas décadas o gasto com os funcionários civis ativos da União se mantém quase estável como proporção do Produto Interno Bruto, em torno de 1,9%, ao passo que os militares custam 0,4%. Somando-se os inativos e pensionistas, a conta tem oscilado pouco acima dos 4% do PIB.

Há que fazer mais - ou pelo menos o mesmo - com menos. O próprio Guedes tem mencionado a necessidade de aprimoramento tecnológico e automatização de processos na burocracia brasiliense.

Mais importante, urge revisar a estrutura de carreiras do funcionalismo, que dificulta ou impede o remanejamento de profissionais, prejudicando a gestão eficiente. Quanto a salários, os valores iniciais em geral são muito elevados, e a evolução tem pouca ou nenhuma relação com mérito.

Acrescente-se a necessidade de rever o alcance excessivo da estabilidade no emprego, que desestimula a produtividade geral.

A intenção declarada do ministro é bem-vinda ?"e o mesmo se pode dizer de outras ambiciosas ideias suas, em privatizações, receitas de petróleo ou abertura comercial.

Ainda estão por ser conhecidos, entretanto, os planos detalhados para a implementação de tais metas. Assim como os escaninhos da burocracia ineficaz, o país está cheio de velhas ideias no papel.
Herculano
09/06/2019 08:02
RELATóRIO DA REFORMA SERÁ VOTADO PRóXIMO DIA 18

O governo trabalha com a data limite de 18 de junho para a votação da proposta de Emenda à Constituição da reforma da Previdência na comissão especial que analisa o texto na Câmara. A partir dessa votação na comissão, a estimativa é de que em até um mês, até 18 de julho, a PEC seja analisada no Plenário da Câmara. Ao contrário de outras propostas do governo, a articulação da reforma da Previdência está sendo conduzida pela equipe técnica do Ministério da Economia.

MÍNIMO DE 308

Segundo estimativas do próprio governo federal, já existem votos suficientes para aprovar a reforma da Previdência na Câmara.

ESTIMATIVA E OS OTIMISTA

O governo estima ter entre 320 e 330 votos na Câmara dos Deputados a favor da reforma da Previdência. Há estimativas até mais folgadas.

CADA VOTO, UMA EXIGÊNCIA

A maior dificuldade que o governo enfrenta na articulação da reforma é que cada voto vem com suas próprias exigências.

ARTICULAÇÃO CORPO A CORPO

O secretário da Previdência, Rogério Marinho, está otimista em relação à aprovação da reforma. E é dos que mais batalha votos na Câmara.

CENTRÃO EXIGE R$ 2,5 BILHõES PARA APROVAR CRÉDITO EXTRA

Dirigente do PP, de um dos partidos do "centrão", fez chegar ao Palácio do Planalto a condição do grupo partidário para aprovar o crédito suplementar de R$248,9 bilhões, para fazer face às despesas obrigatórias (salários dos servidores, por exemplo). O centrão condiciona seu apoio ao projeto à garantia de liberação de uma "super emenda parlamentar" equivalente a 1% da quantia (R$2,48 bilhões). No rateio, cada deputado e senador teriam créditos de R$4,2 milhões.

NÃO É MENSALÃO

Os políticos do centrão fizeram questão de esclarecer que não se trata de "mensalão", nem de dinheiro na mala, mas de uma "emenda extra".

INVESTIMENTO NA BASE

Como nas emendas, os R$4,2 milhões reservados a cada parlamentar seriam investidos em obras e programas de suas bases eleitorais.

ELES TÊM VOTOS

Ainda que não controle 100% dos seus integrantes, os partidos do centrão somam 249 deputados federais. Só PP, MDB e PTB têm 84.

NOVO É DIFERENTE

O Novo divulgou comparação de gastos de Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Marília Arraes (PT-PE). Além de gastar sem piedade R$336 mil, quase o triplo do líder do Novo, a deputada usa imóvel funcional.

MALAS PRONTAS

Grupos de WhatsApp de tucanos dão como certa a saída do senador Tasso Jereissati (CE) do PSDB. A velha guarda está indócil com a ascensão de Bruno Araújo, aliado do governador João Dória.

MÃO LEVE NO SENADO

Um "bafão" tomou conta da Consultoria Legislativa do Senado. Isso por causa do desaparecimento do moinho da máquina de café. Um grupo pediu as filmagens para descobrir quem sumiu com o equipamento.

CENTRÃO, NÃO. CENTRINHO

O Podemos, Avante, Cidadania e PROS criaram um grupo de centro informal na Câmara. Têm votado em muitos projetos de interesse do governo, mas fazem questão de não participar de reuniões do centrão.

ANARRIÊ

O deputado paraibano Julian Lemos (PSL-PB) usou chapéu de couro, esta semana, para homenagear as festividades de São João. Alexandre Frota (PSL-SP) até pegou o adereço nordestino emprestado.

CARROS EM ALTA

Segundo levantamento da Anfavea, a produção de carros cresceu 5,3% entre janeiro e maio deste ano, em relação a 2018. Além disso, o número de veículos licenciados cresceu 12,5% no mesmo período.

O 'MAIOR ERRO'

José Dirceu diz que o "maior erro" do PT foi não haver "regulamentado" a mídia, como na Venezuela, que destruiu a imprensa livre. Nem se dá conta do roubo ao País, o que o levou e a seu chefe Lula à prisão.

PRELÚDIO DA FOLGA

Presidente da comissão da reforma, Marcelo Ramos (PL-AM) diz que o feriado de Corpus Christi, quinta (20), e o São João ameaçam adiar a votação. Para essa turma, folga é mais importante que o futuro do país.

PENSANDO BEM...

...em junho, chegando julho, a tensão pré-reforma da Previdência não é maior que a expectativa da rapaziada pelo recesso parlamentar.
Herculano
09/06/2019 07:40
BOLSONARO ACHA QUE PESO REAL É UMA NOTA COM AS CARAS DE PELÉ E MARADONA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Moeda única seria o ponto final de uma longa e malparada integração econômica

Jair Bolsonaro talvez acredite que, se puder pagar um bife em Buenos Aires com um papel colorido chamado "peso real", Brasil e Argentina terão uma moeda única. Bastaria imprimir, sei lá, 1 trilhão de papeizinhos com a cara de Pelé de um lado e a de Maradona de outro e chamar isso de moeda única.

Tal como foi proposta, essa ideia é outra das fantasias deste governo que regularmente aparece com um plano infalível, como aqueles de arrumar 1 trilhão (com privatização, petróleo ou mágica bolsonariana). Qual o motivo desses despautérios é uma questão.

Um exemplo prático ajuda a entender o disparate.

Bancos centrais têm a tarefa de manter o poder de compra da moeda. Quando a inflação sobe, aumentam os juros básicos da economia (e vice-versa). Assim, regulam mais ou menos o ritmo da atividade econômica, que em geral deve ser freado caso a inflação suba demais.

Esse é um meio importante pelo qual o poder público pode regular a velocidade da economia, no curto prazo: é a política monetária. Um outro é a política de gastos e impostos do governo (política fiscal).

A política fiscal e a monetária se influenciam; devem ser coordenadas ou equilibradas. Gastar mais e elevar juros, como se fez sob Dilma Rousseff, equivale a comer para emagrecer.

Pois bem. Imagine-se o caso de dois países com ritmos de atividade econômica e de inflação diferentes: um precisa de juros mais altos; o outro, o contrário. Ou, então, o de um país que está gastando até a falência, enquanto o outro cuida de suas contas e, assim, entre outros motivos, pode manter juros mais baixos.

Esses dois países não podem ter uma política monetária única (a de juros), pois precisam de dietas diferentes. Para que possam, suas economias devem convergir até que seja razoável ter um único banco central (e, pois, uma moeda única).

Como fazer a convergência é um problema. Para que não batam cabeça, esses países precisam coordenar suas políticas de gastos públicos. Mais tarde, devem submeter suas políticas fiscais às mesmas regras (e, idealmente, ter um sistema de transferências de receitas de impostos entre os países, "socorros").

Não só. Precisam ter economias integradas, girando mais ou menos no mesmo ritmo, além de uma taxa de câmbio fixa (ou quase) entre suas moedas e inflação similar.

Uma condição para integrar a economia de dois países é a livre circulação de trabalhadores e de mercadorias. Isto é, não há impostos de importação entre eles; as demais normas de comércio são as mesmas entre os dois e entre eles e o resto do mundo.

Faz quase 30 anos, Argentina e Brasil limitam o livre-comércio de veículos, por exemplo, por um acordo especial que está em sua 42ª versão. Note-se a dificuldade. Liberar o comércio é politicamente difícil. Ao menos na transição, causa dores sociais e econômicas.

Uma integração prudente ou factível leva tempo. Caso o comércio fosse de fato livre, a indústria automotiva argentina seria reduzida, mesmo destino da indústria do vinho tinto brasileiro, digamos.

Os governos também teriam de obedecer aos mesmos limites de déficits e dívidas. O Brasil não cumpre nem suas leis fiscais. A Argentina quebra com frequência faz décadas. Nem mesmo tem moeda (ou tem duas, uma ruim, o peso, e o dólar), e o banco central financia o governo regularmente (o que se fazia aqui no tempo da inflação).

Economias integradas precisam de leis tributárias, previdenciárias e trabalhistas idênticas ou quase. O Brasil não consegue nem acabar com a guerra fiscal entre os estados, que têm ICMS loucamente diferentes. A União Europeia levou 30 anos para integrar seus mercados e outros dez para criar a moeda única.

Dá para ter moeda única amanhã? Dá. Tente emagrecer fazendo jejum. Enquanto você não morrer, funciona.
Herculano
09/06/2019 07:32
JOGANDO FORA O GOL FEITO, por Carlos Brickmann

Por uma série de circunstâncias, o presidente Jair Bolsonaro tem a chance de implantar reformas que mudarão as estruturas e a fisionomia do país. Até partidos reconhecidamente adeptos do "é dando que se recebe" decidiram colaborar, talvez por perceber que é impossível ordenhar uma vaca que está ficando sem leite. A inflação de maio, 0,13% (não esqueça: inflação é uma média, não quer dizer que todos os preços tenham subido só isso), é a menor deste mês nos últimos 13 anos ?" e se acredita que a inflação anual ficará em 4,03%, abaixo da meta de 4,25%. A reforma da Previdência, sem a qual não haverá recursos para governar, deve sair - e quase tão ampla quanto a que foi proposta. Há uma reforma tributária em andamento, para que o produtor não seja punido por produzir; um pacote anticrime, a ser analisado, proposto por Sergio Moro, o mais popular ministro do Governo; e um pente fino nos benefícios do INSS, que podem pegar muita gente que recebe sem motivo.

Por uma série de circunstâncias, Bolsonaro não parece ter percebido que navega a favor do vento. Trabalha mais para piorar a segurança do trânsito, já precária (brigando contra os radares, aumentando o número de pontos com que a carteira de habilitação é suspensa), acirrando a movimentação de estudantes e professores contra seu Governo (com um ministro que se arvora em imitar Gene Kelly), brigando com os aliados (seu filho Carluxo, o 02, voltou a atacar o vice Mourão). O que poderia ser um triunfo vira comédia.

A INFLAÇÃO

Nunca pergunte a quem faz compras como está a inflação: a resposta será de que subiu muito mais do que o Governo admite. Claro: quem compra se irrita com o que aumenta (cenoura, 15,74%, leite longa vida, 2,37%), e acha normal o que abaixa, e cujo peso no bolso é bem maior: feijão carioca, -13,04%, tomate, -15,08%. O fato é que a inflação vem sendo contida. Isso teria impacto favorável na imagem de Bolsonaro se o Governo não estivesse ocupado em identificar aliados que possam ser transformados em inimigos.

IMAGEM FORTE

Mesmo com metade de seu time jogando contra a outra metade, o presidente continua muito influente, diz pesquisa do Ibope. Exemplo: teste das opiniões sobre a privatização da Petrobras. Os participantes foram divididos em dois grupos. Para um, disseram que Bolsonaro apoiava a privatização, para o outro nada disseram. Entre os que acham o Governo bom ou ótimo, mas não sabiam da posição do presidente, 45% apoiaram a privatização. Entre os que sabiam de seu apoio, o número subiu para 57%.

Entre os que consideram o Governo ruim ou péssimo, mas não sabiam da opinião de Bolsonaro, 33% apoiaram a privatização. Entre os informados da posição do presidente, o apoio caiu para 23%. O coordenador da pesquisa, George Avelino, da Fundação Getúlio Vargas, disse ao jornal Valor: "A opinião de Bolsonaro polariza o eleitorado. O que Bolsonaro diz mexe com determinados grupos, seja favoravelmente, seja desfavoravelmente."

OS ALVOS DA GUERRA FAMILIAR

A Veja online informou nesta sexta que Abdul Fares, descendente do fundador do Grupo Marabraz (e que luta na Justiça contra três tios, hoje no comando da empresa) representou ao Tribunal de Ética da OAB de São Paulo contra um dos maiores escritórios de advocacia do país, o Sérgio Bermudes Advogados. Fares alega que procurou o escritório para entrar com ação contra os tios. Diz que entregou documentos sigilosos aos advogados e discutiu a estratégia jurídica a seguir. Mas, diante dos honorários pedidos, que segundo ele seriam de R$ 1,2 milhão, desistiu. Representa agora contra o escritório porque, após ter desistido de contratá-lo, o escritório aceitou defender o outro lado, de seus tios. Pede providências à OAB e exige a devolução dos documentos que, diz, deixou com o escritório. Um desses documentos, afirma, é um extrato de banco chinês, US$ 1 bilhão. Se um extrato como esse é real e aparece, é uma bomba. Fares promete processar o escritório de Bermudes, tendo como advogada Lilia Frankenthal.

OUTRO ALVO: ESTE COLUNITA

A Marabraz abriu processo também contra este colunista, por uma notícia seca, puramente factual. Está no exercício de seu direito, claro. Mas, embora este colunista não acredite em coisas desse tipo, quem o processa tem sofrido com a falta de sorte. Um ex-secretário de Estado que se candidatou a deputado, e esperava 400 mil votos, teve algo como 20 mil. Desistiu da política. Marconi Perillo, irritado com a notícia do casamento luxuoso de sua filha, também optou pelo processo. Disputou o Senado, com duas vagas, ficou fora. Kajuru se elegeu. Seu candidato ao Governo perdeu. Enfrenta mais de 15 investigações, até por relações com a Odebrecht. Foi preso pela Polícia Federal (e logo libertado). Até seu advogado tem problemas: foi condenado a seis anos de prisão, em primeira instância (recorre em liberdade) por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.
Herculano
09/06/2019 07:32
JOGANDO FORA O GOL FEITO, por Carlos Brickmann

Por uma série de circunstâncias, o presidente Jair Bolsonaro tem a chance de implantar reformas que mudarão as estruturas e a fisionomia do país. Até partidos reconhecidamente adeptos do "é dando que se recebe" decidiram colaborar, talvez por perceber que é impossível ordenhar uma vaca que está ficando sem leite. A inflação de maio, 0,13% (não esqueça: inflação é uma média, não quer dizer que todos os preços tenham subido só isso), é a menor deste mês nos últimos 13 anos ?" e se acredita que a inflação anual ficará em 4,03%, abaixo da meta de 4,25%. A reforma da Previdência, sem a qual não haverá recursos para governar, deve sair - e quase tão ampla quanto a que foi proposta. Há uma reforma tributária em andamento, para que o produtor não seja punido por produzir; um pacote anticrime, a ser analisado, proposto por Sergio Moro, o mais popular ministro do Governo; e um pente fino nos benefícios do INSS, que podem pegar muita gente que recebe sem motivo.

Por uma série de circunstâncias, Bolsonaro não parece ter percebido que navega a favor do vento. Trabalha mais para piorar a segurança do trânsito, já precária (brigando contra os radares, aumentando o número de pontos com que a carteira de habilitação é suspensa), acirrando a movimentação de estudantes e professores contra seu Governo (com um ministro que se arvora em imitar Gene Kelly), brigando com os aliados (seu filho Carluxo, o 02, voltou a atacar o vice Mourão). O que poderia ser um triunfo vira comédia.

A INFLAÇÃO

Nunca pergunte a quem faz compras como está a inflação: a resposta será de que subiu muito mais do que o Governo admite. Claro: quem compra se irrita com o que aumenta (cenoura, 15,74%, leite longa vida, 2,37%), e acha normal o que abaixa, e cujo peso no bolso é bem maior: feijão carioca, -13,04%, tomate, -15,08%. O fato é que a inflação vem sendo contida. Isso teria impacto favorável na imagem de Bolsonaro se o Governo não estivesse ocupado em identificar aliados que possam ser transformados em inimigos.

IMAGEM FORTE

Mesmo com metade de seu time jogando contra a outra metade, o presidente continua muito influente, diz pesquisa do Ibope. Exemplo: teste das opiniões sobre a privatização da Petrobras. Os participantes foram divididos em dois grupos. Para um, disseram que Bolsonaro apoiava a privatização, para o outro nada disseram. Entre os que acham o Governo bom ou ótimo, mas não sabiam da posição do presidente, 45% apoiaram a privatização. Entre os que sabiam de seu apoio, o número subiu para 57%.

Entre os que consideram o Governo ruim ou péssimo, mas não sabiam da opinião de Bolsonaro, 33% apoiaram a privatização. Entre os informados da posição do presidente, o apoio caiu para 23%. O coordenador da pesquisa, George Avelino, da Fundação Getúlio Vargas, disse ao jornal Valor: "A opinião de Bolsonaro polariza o eleitorado. O que Bolsonaro diz mexe com determinados grupos, seja favoravelmente, seja desfavoravelmente."

OS ALVOS DA GUERRA FAMILIAR

A Veja online informou nesta sexta que Abdul Fares, descendente do fundador do Grupo Marabraz (e que luta na Justiça contra três tios, hoje no comando da empresa) representou ao Tribunal de Ética da OAB de São Paulo contra um dos maiores escritórios de advocacia do país, o Sérgio Bermudes Advogados. Fares alega que procurou o escritório para entrar com ação contra os tios. Diz que entregou documentos sigilosos aos advogados e discutiu a estratégia jurídica a seguir. Mas, diante dos honorários pedidos, que segundo ele seriam de R$ 1,2 milhão, desistiu. Representa agora contra o escritório porque, após ter desistido de contratá-lo, o escritório aceitou defender o outro lado, de seus tios. Pede providências à OAB e exige a devolução dos documentos que, diz, deixou com o escritório. Um desses documentos, afirma, é um extrato de banco chinês, US$ 1 bilhão. Se um extrato como esse é real e aparece, é uma bomba. Fares promete processar o escritório de Bermudes, tendo como advogada Lilia Frankenthal.

OUTRO ALVO: ESTE COLUNITA

A Marabraz abriu processo também contra este colunista, por uma notícia seca, puramente factual. Está no exercício de seu direito, claro. Mas, embora este colunista não acredite em coisas desse tipo, quem o processa tem sofrido com a falta de sorte. Um ex-secretário de Estado que se candidatou a deputado, e esperava 400 mil votos, teve algo como 20 mil. Desistiu da política. Marconi Perillo, irritado com a notícia do casamento luxuoso de sua filha, também optou pelo processo. Disputou o Senado, com duas vagas, ficou fora. Kajuru se elegeu. Seu candidato ao Governo perdeu. Enfrenta mais de 15 investigações, até por relações com a Odebrecht. Foi preso pela Polícia Federal (e logo libertado). Até seu advogado tem problemas: foi condenado a seis anos de prisão, em primeira instância (recorre em liberdade) por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.
Herculano
09/06/2019 07:21
O JUDICIÁRIO ESTÁ VITIMIZANDO LULA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

O bom futebol, assim como a Justiça, não precisa de gols marcados com a mão ou com a ajuda de Deus

Uma banda do PT acreditava que a campanha Lula Livre mobilizaria multidões. Isso não aconteceu e a libertação de "Nosso Guia" depende do Judiciário. Só os magistrados sabem como lidarão com o reconhecimento, pelo Ministério Público, de que ele tem direito ao regime semiaberto. A onipotência da toga está construindo o pedestal da vitimização do ex-presidente.

Deixando-se de lado questões como a propriedade do apartamento de Guarujá (SP) e do sítio de Atibaia (SP), a cegueira da Justiça varreu para baixo do tapete pelo menos quatro casos em que os juízes, como Maradona, recorreram à "mão de Deus" para ajeitar a bola.

O repórter Wálter Nunes revelou que em 2016 o juiz Sergio Moro mandou interceptar os telefones do escritório dos advogados de Lula e disso resultaram relatórios sobre pelo menos 14 horas de conversas.

Gravar advogados é crime. Moro justificou-se informando que não sabia que o número grampeado era dos advogados, pois supunha que fosse de uma empresa de palestras. Vá lá, mas a Polícia Federal diz que o grampo foi colocado porque suspeitava-se de um dos advogados do escritório, talvez metido com crimes. As duas versões não batem.

Um ano antes, Moro divulgou impropriamente o grampo de uma conversa de Lula com a então presidente Dilma Rousseff. Sua conduta foi condenada pelo ministro Teori Zavascki, do STF, e ele justificou-se com um pedido de "escusas". Acrescentou que "jamais foi a intenção desse julgador (...) provocar polêmicas, conflitos ou provocar constrangimentos". Acreditou quem quis.

No ano passado, no fragor da campanha eleitoral, Moro divulgou um anexo de conteúdo inconclusivo e jamais investigado da delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci à Polícia Federal.

A esses momentos em que a "mão de Deus" ajudou Moro, some-se a sentença na qual a juíza Gabriela Hardt condenou Lula no caso do sítio de Atibaia copiando e colando um texto que se referia a um "apartamento". A doutora justificou-se dizendo que a prática é comum. Pode ser, mas quem copia e cola um texto alheio fica na obrigação de lê-lo antes de assiná-lo. Isso ela não fez.

Sempre haverá quem diga que esses cacos são detalhes menos relevantes diante do tamanho do serviço que a Lava Jato prestou ao país. Afinal, minutos depois de marcar 1x0 contra a Inglaterra, Maradona fez um dos maiores gols da história do futebol, atravessando todo o campo dos ingleses. Mesmo assim, o bom futebol não precisa de gols marcados com a mão nem com a ajuda de Deus.

RAQUEL CACIFOU-SE

Da condição de vetada por Bolsonaro, Raquel Dodge passou a ser a favorita na disputa pela Procuradoria-Geral da República.

O Ministério Público estilhaçou-se de tal forma que Dodge transformou-se num poderoso mínimo múltiplo comum.

MORO NA FRITURA

O ministro Sergio Moro está na frigideira.

Entrou nela porque:

Bolsonaro acredita que ele é candidato a presidente.

O ministro acha que sua esperteza é tamanha que pode ser contra e a favor de medidas apresentadas pelo Planalto.

Aparece onde não deve (em Lisboa) e não aparece onde deve (nas bolas divididas de Brasília).

Esses motivos podem parecer insuficientes, mas uma cena demonstra que ele está fora da fotografia.

Quem se lembra do café da manhã de Bolsonaro com os presidente da Câmara, do Senado e do Supremo sabe que à mesa estavam sucos, pães e os ministros da Casa Civil, da Fazenda e da Segurança Institucional. O ministro da Justiça não estava na mesa.

Ele ficou fora de todas as conversas sobre esse pacto em torno de sabe-se lá o quê.

É provável que Moro seja mandado para o Supremo. A questão é saber se ele fica (ou aguenta ficar) no ministério até novembro do ano que vem, quando surgirá a primeira vaga.

MINISTÉRIO

Os sábios dos partidos que se armam para a eleição municipal tentam responder a uma pergunta:

Depois da maré de "votos-contra" de 2018, quem vai prevalecer?

A turma do tiro "na cabecinha", tipo Wilson Witzel (Harvard Fake '15).

Ou a turma do governador mineiro Romeu Zema, do Partido Novo.

PT TONTO

O comissariado petista está embrulhado nas disputas internas.

Só se poderá dizer que esse clima melhorou quando Fernando Haddad e Gleisi Hoffmann nadarem na mesma direção.

COISA DE RICO

Não se vê coisa igual desde 2011, quando a coleção de joias da atriz Elizabeth Taylor foi a leilão. No dia 19 a casa Christie's venderá cerca de 400 peças da nobreza indiana e de seus grandes marajás. Nesta semana a coleção poderá ser visitada em Nova York, mostrando um tempo que não volta mais.

Lá estão a esplêndida gargantilha de rubis e diamantes que o joalheiro Cartier fez em 1931 para o marajá de Patiala, um fauno que teve 350 concubinas e 20 Rolls Royces.

E também o broche de diamantes e safiras com forma de pavão que o marajá de Kapurtala deu de presente a sua mulher, uma dançarina de flamenco que conheceu em Madri. Eles se separaram quando ela namorou o enteado.

Irão ao martelo uma adaga de Shah Jahan, o imperador que construiu o Taj Mahal em memória de sua mulher, e dois magníficos diamantes, o Arcot II, que pertenceu à rainha inglesa Charlotte, e o Espelho do Paraíso.

São peças de um mundo que acabou, revivido graças à internet.

SEGUNDA INSTÂNCIA

A Câmara poderá votar ainda este ano a manutenção da prisão para os condenados em segunda instância.

Seriam criadas algumas válvulas. Uma delas seria a possibilidade de apreciação de recursos cautelares pelo Superior Tribunal de Justiça.

INIMIGOS DE NEYMAR

Ainda não se sabe exatamente o que rolou entre Neymar e sua amiga Najila. Sabe-se, contudo, que com semelhante time de amigos o jogador arruina-se.

Seu pai resolveu arrancar a câmera das mãos do fotógrafo Ueslei Marcelino, que registrava o seu embarque, na pista do aeroporto de Brasília.

O advogado José Edgard da Cunha Bueno Filho, que inicialmente atendia Najila, deu entrevistas, desmentindo informações de sua ex-cliente. Advogado não revela essas conversas.

Evaristo de Moraes deixou um caso quando viu que seu cliente estava mentindo, mas nunca falou. Antonio Claudio Mariz de Oliveira discordou da conduta de Paulo César Farias, o PC, caixa de Fernando Collor, deixou o caso e nunca revelou o que ouviu dele.

Metendo-se em casa de marimbondo, o advogado viu-se acusado pelo pai de Neymar de montar uma conversa para pedir um "cala boca" para sua cliente. Bem feito.

EREMILDO, O IDIOTA

Eremildo é um idiota e encantou-se com o ministro Abraham Weintraub, porque ele defendeu "um ensino superior baseado fortemente na iniciativa privada e livre".

O cretino está convencido de que ele fará isso expondo à sociedade a farra dos governos petistas e dos maganos das universidades privadas que fizeram a festa do Fies. Ela resultou num rombo de R$ 32 bilhões nas contas públicas e, nas palavras do ministro, na "tragédia" de sujar o crédito de 500 mil jovens.
Roberto Basei
08/06/2019 14:20
NÃO HÁ TRANSIÇÃO SEM RUPTURAS E TODA RUPTURA GERA CONFLITOS

Como a Havan cresceeu 10 lojas por ano em um governo do atraso como o PT, o dono diz que vai voltar a crescer agora.
Se todos os impostos repassados ao governo sai do consumidor final.
Quem vai pagar as aposentadorias de quem já está aposentado e de quem já tem pago 20% de sua aposentadoria, é uma transição de onde sairá o dinheiro se quem entra no mercado agora, vai depositar em um fundo para a própria aposentadoria.
Herculano
08/06/2019 09:49
OS QUE VÃO A FESTA DE SANTO ANTONIO NESTE FINAL DE SEMANA, NO GASPARINHO, EM GASPAR, TERÃO A OPORTUNIDADE DE CONHECER A MELHOR OBRA DO PREFEITO KLEBER EDSON WAN DALL, MDB, E DO DO PP JOSÉ HILÁRIO MELATTO, VEREADOR E PRESIDNETE DO SAMAE, A DRENAGEM DA RUA FREI SOLANO - INUNDADA EM DÚVIDAS - E À FALTA DE RECUPERAÇÃO DO PAVIMENTO DA RUA EM ESTADO LAMENTÁVEL POR MAIS DE 90 DIAs
Herculano
08/06/2019 09:44
EM BUSCA DO MÉTODO, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Identificar a motivação de Bolsonaro para seus atos é uma tarefa desafiadora

"Apesar de isso ser loucura, há método nela", escreveu Shakespeare. Quando se trata de Jair Bolsonaro, não temos muita dificuldade em identificar as loucuras, mas encontrar um método nelas é tarefa das mais desafiadoras.

O presidente atira para todos os lados. Ele representa a direita nacionalista, dirão alguns. Não duvido. Bolsonaro inscreveu o "Brasil acima de tudo" em seu dístico de campanha, ameaçou tirar o país de tratados internacionais, desconfia dos chineses e tem fixação pelo nióbio. Mas ele agora está falando em adotar uma moeda comum para o Mercosul, ideia das mais internacionalistas, que deveria causar arrepios em qualquer nacionalista legítimo.

Ele é um punitivista reacionário, proclamarão outros. De novo, a observação faz sentido. Bolsonaro acaba de vetar a única parte decente da nova lei sobre drogas, que permitiria a redução de até dois terços da pena para pequenos traficantes. Mas, quando tratou de trânsito, o presidente revelou-se um verdadeiro anarcolibertário, disposto a apagar qualquer traço de autoritarismo da lei.

Bolsonaro não está só. Gostamos de nos imaginar como seres coerentes que agem segundo princípios, mas não é o que se vê na prática. Até os blocos ideológicos, que deveriam guiar-se por ideias unificadoras, parecem ser incapazes de fazê-lo.

São bandeiras caras à esquerda, por exemplo, a liberação do aborto e das drogas e a condenação à pena de morte e ao porte de armas. Já a direita sustenta exatamente o contrário. Conciliar ambos os conjuntos de posições com uma narrativa linear exige ginástica mental. Se é o princípio da sacralidade da vida que prepondera, deveríamos ser contra os quatro pontos. Já a defesa intransigente da autonomia individual recomendaria a aprovação de todos.

O que torna Bolsonaro um caso único é que ele não parece obedecer nem a princípios, nem a alinhamentos históricos e nem ao oportunismo. Suas posições podem ser descritas como a resultante do caos.
Herculano
08/06/2019 09:42
CPI MIRA EM BOLSONARO

Conteúdo de O Antagonista.Um dos alvos da CPI do Cyberbullying será a campanha de Jair Bolsonaro, segundo O Globo.

O autor do pedido, Alexandre Leite, explicou:

"Nas eleições de 2018, ficaram claras as interferências das fake news. Tivemos empresas envolvidas, selecionando alvos políticos para serem atacados com notícias falsas, proliferadas por meio de robôs. O escopo da CPMI é descobrir quem operou e como operou."

O requerimento de Leite, obtido em primeira mão por O Antagonista, diz que o objetivo da CPI é investigar "os ataques cibernéticos que atentam contra a democracia e o debate público".
Herculano
08/06/2019 09:33
UMA DESGRAÇA GENUINAMENTE VERDE AMARELA

De Marcos Cavalcanti de Albuquerque Cintra, economista, político, presidente da Financiadora de Estudos e Projetos entre 2016 e 2018, defensor do imposto único, hoje secretário da Receita Federal, no twitter:

Em debate com especialistas tributários do Canadá, da Índia e da Austrália, além da excelente equipe da Receita Federal, foi dito que o pior imposto do mundo é o ICMS;outro tributarista disse que o pior é o Pis- Cofins... e eu pensei... que desgraça, ambos são brasileiros!!!!
Herculano
08/06/2019 09:28
UM GOVERNO QUE SOBREVIVE DE POLÊMICAS


De Kim Kataguir, deputado Federal pelo DEM, e líder do MBL, no twitter

Bola fora essa historia do peso real. Já temos nossas próprias contas a pagar, não devemos pagar as contas da Argentina enfraquecendo nossa moeda. Dá tempo de voltar atrás, @jairbolsonaro
Herculano
08/06/2019 09:25
O INSUSTENTÁVEL PESO REAL, por Míriam Leitão, no jornal O Globo

A moeda única não está sendo negociada e, do ponto de vista monetário, hoje tudo nos distancia da Argentina

A possibilidade de uma união monetária entre Brasil e Argentina é nenhuma. Os dois países são seres inteiramente diferentes nesta área. O presidente Bolsonaro falou que isso está em estudo, achando que assim ajuda o presidente Mauricio Macri na sua campanha eleitoral. O Brasil tem US$ 380 bilhões de reservas e contas externas equilibradas, a Argentina depende de empréstimos do FMI para cumprir seus compromissos cambiais. Eles têm 55% de inflação e nós estamos voltando aos 4%.

O mesmo ministro Paulo Guedes que, durante a transição, disse que o Mercosul não era nossa prioridade, agora ecoou o presidente e disse que tem realmente a ideia de união monetária, apesar de o Banco Central brasileiro não a estar estudando. Ter ideia para um futuro remoto é diferente de afirmar que isso está acontecendo após um encontro presidencial. Dá uma impressão de concretude ao projeto que ainda não existe.

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner cometeu todos os desatinos econômicos possíveis. A inflação voltou e como resposta ela interferiu no instituto de estatísticas argentino. Mentes autoritárias brigam com termômetros. Depauperou os cofres públicos e quis usar as reservas. Quando o presidente do Banco Central discordou, ela derrubou o presidente quebrando a lei de autonomia do BC. Mentes autoritárias não gostam da autonomia dos órgãos do Estado.

Mauricio Macri assumiu prometendo organizar a economia do país, tirar o Estado de onde ele não deveria estar, trazer de volta a verdade das estatísticas econômicas que haviam sido fraudadas. O problema é que ele fez os primeiros movimentos e depois parou. Apesar de se dizer liberal, recentemente decretou o congelamento de preços numa medida populista com olho nas urnas deste ano.

As pesquisas, contudo, favorecem Kirchner. A ex-presidente finge ser candidata só a vice na chapa de Alberto Fernández. Nos anos 1970, Hector Cámpora se elegeu presidente para que Juan Perón pudesse voltar à presidência. A Argentina adora repetir erros e enredos.

O que fez Bolsonaro anunciar a união monetária, uma ideia ainda não concebida, e nem remotamente possível no momento, foi seu sonho de costurar uma aliança conservadora na América Latina. Alianças por razões ideológicas dão tão errado na direita quanto na esquerda. Os países se unem por razões menos efêmeras e menos conjunturais.

O liberalismo de Macri não resistiu às agruras do poder, o liberalismo do Bolsonaro não existe. Ele nunca professou a mesma fé que o seu ministro da Economia e vai empurrado para a reforma da Previdência. O presidente brasileiro ao falar da reforma só repete frases feitas. Se fosse obrigado a explicá-la estaria em dificuldades.

Por outros caminhos, o Brasil deu um passo importante nesta última semana para uma economia com menor presença do Estado. Não foi do Executivo, mas sim do Judiciário. O STF, ao dar o veredito na quinta-feira depois de três longas sessões destinadas a discutir a liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowsky contra a privatização, favoreceu a interpretação mais liberal da Constituição. Para a maioria dos ministros, a exploração de atividades econômicas pelo Estado deve ser a exceção e não a regra. A venda de estatais matrizes exige um pedido ao Congresso, mas o mesmo não é necessário na alienação de suas subsidiárias. A venda pode ser de diversas formas, desde que haja ampla publicidade e competição entre os possíveis compradores. O debate foi acirrado. O que estava em jogo era que tipo de economia a lei maior favorece. As teses do estatismo ficaram vencidas, tanto nos votos, quanto na formulação do resultado.

Ter um caminho de maior integração regional é bom e vem sendo perseguido há muito tempo. Diminuir a presença do Estado na economia é tarefa à qual o Brasil se dedicou de 1990 a 2002, mas de forma lenta. Os governos Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique privatizaram e abriram um pouco a economia. As administrações petistas criaram tantas estatais quanto a ditadura militar. Os polos se assemelham. O melhor a fazer na atual administração é trocar a pregação liberal pela prática. E quanto ao proselitismo de fronteira é bom que fique bem longe da moeda que foi conquistada há 25 anos por um governo social-democrata.
Herculano
08/06/2019 09:23
ESTÍMULO DE CURTO PRAZO É COMO DAR CACHAÇA PARA ALCOóLATRA, PARA PARAR DE TREMER, por Marcos Mendes, doutor em economia, é consultor do Senado. Foi assessor especial do ministro da Fazenda (2016-2018), no jornal Folha de S. Paulo

Com essa opção, em 5 anos estaremos preocupados com 20 milhões de desempregados

Com a frustração do crescimento previsto para 2019, ouve-se cada vez mais que "o governo precisa fazer alguma coisa". Infelizmente, estamos presos no baixo crescimento justamente porque "o governo fez algumas coisas".

Aliás, muitas coisas. Erradas. As consequências da década da insensatez (2005-15) estão sendo sentidas agora e vão travar o crescimento por muitos anos à frente.

Na lógica política, passados quatro anos do fim dos desatinos, não cabe mais culpar os antecessores. Mas a realidade econômica não é essa: os erros do passado criam problemas que perduram por muito tempo.

A dívida pública foi aumentada em R$ 416 bilhões para transferir dinheiro ao BNDES e financiar empréstimos subsidiados que promoveram má alocação de capital: investimento que não gera produto, como Sete Brasil (R$ 10 bilhões), refinarias premium inviáveis(R$ 10 bilhões) ou empréstimos de Cuba e Venezuela em default (R$ 4 bilhões).

Foram sete anos dando crédito com juros negativos para a compra de caminhões. A frota cresceu 35% entre 2009 e 2016, enquanto o PIB só cresceu 10%. Temos excesso de oferta de frete, que derruba o preço e torna o país refém, por vários anos à frente, da ameaça de greve dos caminhoneiros e da tabela do frete.

A Petrobras foi presa de populismo tarifário e investimentos inviáveis. A relação entre endividamento líquido e geração operacional de caixa saltou de 1, em 2010, para 5, em 2015. Desde então, uma dura política de ajuste levou o indicador para 2,3 em 2018. Se estivesse com saúde, poderia estar investindo. Mas está lutando para digerir os abusos do passado.

Os subsídios do Tesouro pularam de 3% do PIB em 2003 para 6,7% em 2015. Com muito esforço para aprovar projetos no Congresso, foi possível reduzi-los para 5,4% do PIB. Quantos anos mais para zerar essa conta?

Os fundos de pensão das estatais financiaram projetos inviáveis de amigos do governo, que deixaram prejuízo de R$ 113 bilhões entre 2013 e 2018.

No caso do fundo da Caixa, por exemplo, para cobrir a perda, os 57 mil participantes terão que pagar contribuições extras, que chegam a 20% do rendimento bruto, ao longo de quase 18 anos! Serão muitos anos de renda e consumo perdidos.

Um contrato malfeito de "cessão onerosa" gerou contencioso entre Tesouro e Petrobras que bloqueia a licitação de 6 bilhões de barris de petróleo. Investimento e renda que poderiam estar jorrando nos últimos cinco anos. O mesmo vale para a interrupção, de 2008 a 2013, de todas as rodadas de licitação de petróleo.

Os estados se endividaram em excesso com a aquiescência da União. De uma média anual de empréstimos contratados de R$ 6 bilhões por ano, em 2007-8, pulou-se para R$ 36 bilhões no período 2009-12. Boa parte mediante autorizações especiais de endividamento, dadas pelo ministro da Fazenda, para estados que não tinham nota de crédito suficiente para tomar novos empréstimos. A incerteza sobre a solvência do setor público paralisa investimentos privados.

Uma única MP desestruturou todo o setor elétrico. Concessões de aeroportos e estradas mal desenhadas acabaram em concessionárias quebradas e investimentos travados.

Capital desperdiçado em investimentos ruins, dívida pública em rota explosiva. É preciso cumprir a difícil agenda da reabilitação. Resolver os problemas deixados e avançar nas reformas.

Buscar estímulos de curto prazo, hoje, é como dar cachaça para o alcoólatra parar de tremer. Se escolhermos essa opção, daqui a cinco anos estaremos preocupados com 20 milhões de desempregados.
Herculano
08/06/2019 09:19
A BATALHA PELO IMPOSTO SINDICAL CONTINUA, editorial do site Gazeta do Povo, Curitiba, PR

Com a reforma trabalhista de 2017, o sindicalismo se viu desafiado pelo fim da cobrança obrigatória que até então era imposta a todos os trabalhadores de uma determinada categoria com a finalidade de sustentar o respectivo sindicato - independentemente de o funcionário ser ou não filiado à entidade. O chamado "imposto sindical" chegou a movimentar R$ 3,5 bilhões anuais, destinados a sindicatos e centrais sindicais que às vezes estavam mais preocupados em fazer política partidária que em lutar pelos direitos dos trabalhadores que diziam representar. Com a reforma, o desconto passou a depender de autorização expressa e individual do funcionário.

Essas entidades poderiam ter seguido o exemplo de sindicatos com grande filiação e tradição de combatividade em favor de sua categoria, reinventando-se para conquistar novos membros que estivessem voluntariamente dispostos a sustentá-las. Mas, em vez disso, preferiram recorrer a truques legais para burlar a intenção da lei e garantir a continuação da cobrança indiscriminada. Sindicatos passaram a realizar "assembleias extraordinárias", com presença nem sempre numerosa, em que aprovavam o desconto na folha de todos os trabalhadores da categoria.

É inexplicável a atitude de sindicatos, procuradores e juízes que insistem em passar por cima da lei e das decisões do STF para prejudicar o trabalhador

Para conseguir manter a cobrança, as entidades alegavam a "prevalência do negociado sobre o legislado", princípio saudável das relações trabalhistas - mas distorcido neste caso, pois seria preciso deturpar o texto de partes da CLT que tratam do desconto, como os artigos 579 e 545, que condiciona o desconto do imposto sindical à "autorização prévia e expressa" dos trabalhadores. Para os sindicatos, a redação dos textos, que usa o plural ao se referir a "empregados", daria margem a uma autorização coletiva, e não individual. Claro que, para tal, seria preciso atropelar o artigo 611-B da CLT, segundo o qual ninguém pode sofrer desconto de valor algum "sem sua expressa e prévia anuência", um direito que não pode ser anulado por convenções coletivas.

Infelizmente, a rebelião ideológica contra a reforma trabalhista dentro do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho permitiu que a tese da cobrança coletiva, ainda que completamente desprovida de amparo legal e já descartada pelo Supremo Tribunal Federal em 2018, pudesse prevalecer nos casos em que os sindicatos buscaram o Judiciário. Até mesmo a segunda instância, os Tribunais Regionais do Trabalho, tem tomado decisões neste sentido. Mas as empresas obrigadas a fazer o desconto em folha começaram a reagir, e um dos casos chegou ao STF.

No fim de maio, a ministra Cármen Lúcia concedeu liminar a pedido de uma metalúrgica do Rio Grande do Sul, derrubando uma decisão do TRT da 4.ª Região que tinha beneficiado um sindicato do setor. Ela lembrou o julgamento realizado no próprio Supremo a respeito da constitucionalidade de trechos da reforma trabalhista, ocasião em que o entendimento da corte foi pela necessidade de autorização individual para a cobrança do imposto sindical. Assim, o Supremo consolida a jurisprudência a respeito do tema, tornando ainda mais inexplicável a atitude de sindicatos, procuradores e juízes que insistem em passar por cima da lei e das decisões do STF para prejudicar o trabalhador.

A disputa jurídica em torno da cobrança do imposto sindical levou o governo Jair Bolsonaro a publicar, no início de março deste ano, a Medida Provisória 873/19, que buscou eliminar qualquer possível ambiguidade na CLT e deixar ainda mais claro que é o trabalhador, de forma individual e voluntária, que tem de autorizar o desconto. No entanto, a MP ainda introduziu exigências totalmente desnecessárias e desproporcionais, como a necessidade de cobrança por boleto, em vez do desconto direto em folha - uma formalidade totalmente dispensável, se levarmos em conta que o empregador já manifestou sua intenção de realizar o pagamento.

A MP ainda aguarda a escolha de um relator na comissão mista de deputados e senadores, e corre o risco de caducar no fim de junho. Por mais que o artigo 611-B da CLT e o Supremo já sejam claros, o texto publicado por Bolsonaro serviria para acabar de vez com as dúvidas sobre a autorização individual para a cobrança; por isso, o ideal seria que os congressistas aprovassem a MP, eliminando dele os trechos excessivos, como o referente ao boleto bancário. Quanto aos sindicatos, que saibam cumprir a lei, esforçando-se para conquistar mais filiados, e não para buscar vitórias duvidosas nos tribunais.
Herculano
08/06/2019 09:13
STF ABRE FISSURA NO ESTATISMO BRASILEIRO, editorial de O Globo

Julgamento sobre regras para privatizações pode permitir ao país se afastar do capitalismo de Estado

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de, por maioria de votos, oito a três, permitir a privatização de subsidiárias de estatais sem precisar de aval do Congresso, tem importante aplicação imediata, porque a Petrobras segue um plano estratégico de venda de empresas e ativos avaliados em US$ 32 bilhões. Além de existir um programa de venda de estatais, no governo Bolsonaro, como forma de também ajudar a economia a sair da crise fiscal.

No caso da Petrobras, os recursos estão sendo aplicados no abatimento da elevada dívida da estatal, contraída no período de desvarios lulopetistas em investimentos bilionários mal feitos, usados para o desvio de dinheiro público, com a ajuda de empreiteiras. Destinado para campanhas políticas, projetos de poder e bolsos privados. Os autos da Lava-Jato contam a história.

A empresa foi usada, ainda, como instrumento de política anti-inflacionária, por meio do congelamento de preços de combustíveis, bancado pela companhia, causa de um enorme rombo no seu caixa. Ninguém reclamou à Justiça. Mas quando foi lançado o programa de venda de refinarias, de parte da BR - operações também para afinal injetar concorrência no mercado de distribuição - e de subsidiárias na área de gás, interesses corporativistas terminaram sendo contrariados, e sindicatos correram ao STF.

Escolhido relator do caso, o ministro Ricardo Lewandowski concedeu liminar para exigir que qualquer privatização precise de permissão do Legislativo. Ora, seria o mesmo que proibir as desestatizações, não só porque corporações sindicais têm razoável influência no Congresso, como também há políticos que usam empresas públicas para exercitar o clientelismo e até mesmo fazer negócios. Depois, reclamação semelhante foi entregue para o ministro Edson Fachin relatar, especificamente contra a venda já acertada de uma subsidiária da área de gás (TAG).

O julgamento pelo plenário da Corte, encerrado quinta-feira, corrigiu o rumo das liminares: subsidiárias não precisam de lei específica para ser negociadas, nem de licitações, apenas as "empresas-matrizes". Nesses dois casos, seria a Petrobras.

Numa perspectiva mais ampla, o STF ajuda a fechar um longo ciclo histórico em que o Brasil sempre esteve mais próximo do capitalismo de Estado do que de um regime econômico liberal. Como se tenta agora. E foi esta visão estatista - um "fetiche", segundo o ministro Luís Roberto Barroso - que plasmou a própria Constituição de 1988, embora ela conceda a primazia no sistema produtivo ao setor privado.

Esta ideologia da predominância do Estado sobre a sociedade tem raízes tão profundas que une a esquerda e a direita. A política econômica do general Geisel sempre contou com simpatias no PT, tanto que Lula e Dilma aplicaram a receita geiselista de substituição de importações na Petrobras. Outra causa da desestabilização da empresa. O STF agora estabelece um marco para o país se afastar deste passado.
Herculano
08/06/2019 09:08
GOVERNO JÁ SOMA VOTOS PARA APROVAR A REFORMA

O governo Jair Bolsonaro já contabiliza votos suficientes na Câmara dos Deputados favoráveis à reforma da Previdência. Por ser uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), são necessários ao menos 308 votos entre os 513 deputados, três quintos da Casa. Estimativas da equipe de articulação do governo dão conta de ao menos 320 votos, mas a contabilidade mais otimista já ultrapassa os 330 deputados.

'ELEITORADO' ECLÉTICO

O "eleitorado" da reforma vai do deputado governista fiel ao opositor consciente da necessidade da reforma, passando pelo "centrão light".

NÃO CUSTA LEMBRAR

O placar da reforma da Previdência na CCJ da Câmara deu 72% dos votos favoráveis (48 de 66) à proposta do governo Bolsonaro.

BANCADA DO CONTRA

Dados do governo confirmam levantamento de consultorias: de 117 a 140 serão os votos contra reforma só porque é proposta de Bolsonaro.

PARA O PÚBLICO

Publicamente, ao menos 230 deputados federais já declararam votos favoráveis à reforma. Os demais fazem silêncio para driblar a patrulha.

GOVERNO VENCEU 73,69% DAS VOTAÇõES NA CÂMARA

O apoio médio da Câmara em votações dos projetos de interesse do governo, em maio, foi de 73,69% dos deputados presentes em plenário, excluídos assim os faltantes às sessões. O número leva em consideração 38 votações nominais e abertas. O governo sofreu apenas duas derrotas: a votação para convocar o ministro Abraham Weintraub (Educação) e a retirada do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do âmbito do ministro Sérgio Moro (Justiça).

MAIS FIEIS

Descontados os deputados ausentes, os três partidos mais fiéis ao governo Bolsonaro foram Novo (100%), PSL (99,65%) e PRP (96,55%).

FENôMENO

O apoio às propostas do governo tem sido tão significativo que 13 partidos registram índice de adesão superior a 90%.

AUSENTES

Levando em consideração as ausências, o índice cai para 50,87%, mas é comum que deputados viajem ou faltem às sessões.

PREDESTINADA

Alojada em seu apartamento de Porto Alegre, no bairro da Tristeza, a ex-presidente Dilma se dedica à sua maior especialidade: pedalar. E sempre protegida por seguranças pagos pelo governo Jair Bolsonaro.

LIVRO NO FORNO

Desde que foi solto pelo então juiz Sérgio Moro, o publicitário pernambucano André Gustavo escreve um livro. Quando perguntado se escreve memórias ou ficção, ele sorri como Mona Lisa.

PALMAS PARA MIM

Os chefes das distribuidoras atravessadoras de combustíveis são tão arrogantes que arrumaram uma audiência pública na Câmara só para eles mesmos e produtores de etanol que controlam.

DISSO PETISTA ENTENDE

O senador Humberto Costa (PE) quer inibir a manifestação livre das pessoas nas redes sociais e no WhatsApp, inventando uma espécie de "crime de caixa 2 digital" para punir seu "uso abusivo". Foi seu PT que criou aplicativo para remunerar quem propagasse conteúdo petista.

COMO MÉRITO

O prestigiado anuário Exame destacou o escritório Maria Fernanda Vilela & Advogados e sua titular, Fernanda Vilela, entre os mais admirados do País, e único do Nordeste no segmento Sucroalcooleiro.

NUNCA É TARDE

Após excluir a tragédia da Braskem de sua agenda em Brasília, onde foi ao jogo Brasil x Catar, o governador de Alagoas, Renan Filho, disse que vai apelar ao Planalto. O prefeito Rui Palmeira, cujos pedidos de ajuda ele ignorou, há meses tem feito gestões no Planalto e ministérios.

ECONOMIA REAGE

Aumentou em 48,5% a frota de caminhões novos, entre janeiro e maio. Quase 50% a mais que mesmo período de 2018, diz a Anfavea. E a produção cresceu 10,9% nos cinco primeiros meses do ano.

CHOVENDO NO MOLHADO

A CCJ da Câmara aprovou projeto para responsabilizar estatísticos por dados divulgados em pesquisas mercadológicas e opinião pública. A ideia é evitar a divulgação de resultados distorcidos. A lei já exige isso.

PENSANDO BEM...

...a estrela do Brasil na Copa será mesmo a inigualável Marta.
Herculano
08/06/2019 08:46
A MOEDA "PELADONA", por Merval Pereira, no jornal O Globo

Integração monetária de Argentina e Brasil exigiria uma série de decisões, como unificar políticas fiscal e cambial

A idéia de criar uma moeda única de Brasil e Argentina parece mais esdrúxula ainda quando o presidente Bolsonaro a classifica como "uma trava a aventuras socialistas na região".

O ministro da Economia Paulo Guedes, que hoje parece gostar da idéia, antes mesmo de assumir o cargo provocara um mal-estar com a Argentina quando afirmou que o Mercosul não era prioridade para o novo governo brasileiro porque é "muito restritivo, o Brasil ficou prisioneiro de alianças ideológicas, e isso é ruim para a economia".

Ele se referia a um bloco que só negociava com quem tinha "inclinações bolivarianas". Como a proposta de uma moeda única fora feita em 2011 no governo de Dilma Rousseff, quando Cristina Kirchner era presidente da Argentina, mais uma vez o governo Bolsonaro faz o que critica em seus antecessores.

Se o PT queria criar uma moeda única na região para fortalecer as "repúblicas bolivarianas", agora Bolsonaro a quer para evitar a volta ao poder dos "bolivarianos" que foram varridos dos governos da região pelo voto popular.

A moeda única dos dois países poderia evoluir para uma moeda do Mercosul, comentou o presidente Bolsonaro. O Mercosul, aliás, também já esteve na mira do governo Temer, quando o tucano José Serra assumiu o Ministério das Relações Exteriores.

Na posse, disse que "a diplomacia voltará a refletir os valores da sociedade brasileira, e estará a serviço do Brasil e não das conveniências e preferências ideológicas de um partido político e seus aliados no exterior".

Serra já havia anunciado, quando candidato à presidência da República, querer transformar a união aduaneira numa área de livre comércio, permitindo a seus membros fazer acordos comerciais de forma isolada, sem a concordância e adesão dos demais sócios.

Essa também é uma idéia que agrada Bolsonaro e Macri, para aproximação com a Aliança do Pacífico. O acordo com a União Européia ainda não saiu pela necessidade de adesão de todos os membros do Mercosul, o que atrasa a inserção comercial do Brasil no mundo.

Criado em 1991 pelo Tratado de Assunção, o Mercosul é hoje o terceiro maior bloco do mundo, depois do Nafta (México, Canadá e Estados Unidos) e da União Européia, com um PIB de US$ 2,8 trilhões (R$ 10,4 trilhões) em 2018. Se fosse um país, o Mercosul seria a quinta maior economia do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha.

Na ocasião de sua criação, o Mercosul provocou várias gozações, hoje conhecidos como memes no mundo digital. A brincadeira sobre o possível nome da nova moeda, que seria Peso Real, mas deveria ser, segundo os internautas, "peladona", uma junção de Pelé e Maradona, faz lembrar o que dizia à época.

Eu mesmo escrevi um artigo intitulado Mercosul F.C. onde ironizava as vantagens que tal união poderia nos trazer: fazer uma seleção de futebol com Zico e Maradona. Hoje, assim como o Mercosul poderia ser a quinta economia do mundo, mas não é, também poderia organizar uma seleção de futebol capaz de enfrentar os europeus, que venceram as últimas quatro Copas do Mundo. Repetir na seleção do Mercosul o antigo trio atacante MSN do Barcelona, o argentino Messi, o uruguaio Suarez e o brasileiro Neymar seria uma grande vantagem competitiva.

O fato é que o Mercosul, como uma área de livre-comércio, eliminou barreiras alfandegárias e aumentou o fluxo comercial entre seus membros, mas essa proteção, que acabou sendo o principal objetivo do grupo, fez com que a indústria desses países perdesse a competitividade.

A integração monetária entre Brasil e Argentina, e depois com os demais países do Mercosul, exigiria uma série de decisões, como unificação de políticas fiscal e cambial. O euro, moeda da União Européia, nasceu em 2002, 14 anos depois de o Conselho Europeu ter confirmado a união monetária em 1988, e décadas depois do início das negociações.

A nova moeda exigiria instituições para cuidar do setor financeiro e da política fiscal dos países, inicialmente Brasil e Argentina, depois os demais do Mercosul, o que vai de encontro às idéias do governo Bolsonaro, contrárias aos organismos internacionais, que impediriam às nações desenvolverem suas próprias institucionalidades. Por essa razão, o governo brasileiro acabou com o passaporte e a placa de automóveis do Mercosul.
Herculano
08/06/2019 08:43
RETROCESSO CIVILIZATóRIO, por Oscar Vilhena Vieira
Professor da FGV Direito SP, mestre em direito pela Universidade Columbia (EUA) e doutor em ciência política pela USP, no jornal Folha de S.Paulo

Esse governo terá enorme dificuldade em formular e fazer avançar políticas de segurança

A vida no Brasil tem se tornado cada vez mais banalizada, especialmente para quem é jovem, negro e vive nos estados do Norte e Nordeste. Foram mais de 65 mil homicídios em 2107, sendo 72% dessas mortes com emprego de armas de fogo.

Ultrapassamos, assim, os homicídios ocorridos na Colômbia, país que ainda não superou a guerra às drogas, e México, em que o Estado tem paulatinamente perdido o controle de parte do seu território para o crime organizado.

Atlas da Violência elaborado pelo Ipea, em parceria com Fórum Brasileiro de Segurança, aponta que os homicídios no Brasil não apenas têm crescido ano a ano, como esse crescimento afeta de maneira
desigual a vida dos brasileiros.

Enquanto para os brancos o aumento do número de homicídios foi de 3% nos últimos dez anos, para os negros esse aumento foi de 33%. Enquanto no Sudeste houve uma redução de cerca de 3% entre 2007 e 2017, no Nordeste o crescimento foi de 20%.

Houve aumento também do número de morte de mulheres dentro de suas próprias casas; e de jovens, entre 15 e 29 anos, que morrem em proporção 2,2 vezes maior que o restante da população.

O avanço da barbárie, que eliminou mais de 2 milhões de pessoas nas últimas décadas, coloca o Brasil numa posição constrangedora em termos de respeito ao direito à vida, ao lado de nações em conflito armado e Estados que faliram.

É importantíssimo ressaltar, no entanto, que tem havido avanços no Sudeste, especialmente em São Paulo, onde a taxa de homicídios não ultrapassa 1/3 da média nacional.

Múltiplos são os fatores que contribuem para o crescimento das taxas de homicídio, que vão da demografia ?"quanto mais jovens mais homicídios ?" à iluminação da rua, passando pela existência de crime organizado, a renda disponível para aquisição de drogas, uma política equivocada de drogas, a disponibilidade de armas circulantes, a integridade e eficiência das agências de aplicação da lei, o grau de escolaridade, os padrões de desigualdade ou mesmo a religião.

O que os dados do Atlas demonstram é que em boa parte do país esses fatores têm sido negligenciados pelas autoridades brasileiras ao longo de décadas. Lideranças de direita e esquerda, nas mais variadas esferas de poder, ao deixarem de cumprir suas obrigações, tem contribuído para o aumento dos homicídios.

O atual governo não pode, obviamente, ser responsabilizado por essa catástrofe.
Muitas das ideias e propostas que abraça, no entanto, fazem parte do repertório que apenas tem fomentado o crescimento dos homicídios.

A proximidade com milícias, a tolerância com a violência policial e contra mulheres, a sanção de uma nova lei de drogas, que continua criminalizando o consumidor, a adoção de um letal decreto de liberação de armas de fogo, além de uma temerária retórica de desrespeito à lei e aos direitos das populações mais vulneráveis, partilhada por alguns governadores, em nada contribuirá para reverter a espiral perversa dos homicídios.

A grande contradição é que esse governo terá enorme dificuldade em formular e fazer avançar politicas racionais de segurança e proteção à vida, que têm dado certo em diversos países e mesmo em algumas regiões no Brasil, com uma base de apoio obcecada em promover as piores práticas no campo da segurança pública.

Como sair dessa armadilha é a grande questão, sem o que continuaremos regredindo em termos civilizatórios.
Mário Pera
07/06/2019 19:28
Escrevinhadores como Nelson Motta - sabido que é , um panfletário incorrigível - faz críticas diretas às tiradas do presidente Bolsonaro, rotulando de piadas. Ora o ex-presidente Lula fala bobagens e afirmações , que não renderam maiores comentários e reprimendas . Fácil esqueceram e nem repicaram o que Lula falou sobre a cidade de Pelotas, RS. Como a mais elementar demonstração de racismo qdo em Pretoria na África do Sul saiu com esta : esta cidade é tão limpa que nem parece ser África .... pensem Bolsonaro ou alguém não alinhado à turma do atraso no que daria!
Alex
07/06/2019 14:06
Será que o aterramento e possível construção que está sendo feito na margem do ribeirão Gaspar Grande perto da sociedade Canarinhos vai ter o mesmo desfecho do predio que vai ser usado pela Uniasselvi?
Herculano
07/06/2019 13:11
O TERROR DOS INFLUENCIADORES DIGITAIS SE CONFIRMOU, por Fabrício Macias, por Fabrício Macias, CEO e fundador da Macfor, no site Gazeta do Povo, Curitiba PR

Está confirmado: o Instagram realmente esconderá o número de curtidas nas postagens. A ação tem como principal objetivo valorizar a produção de conteúdo de qualidade e não mais quantidade, algo que já vinha se tornando tendência nos últimos tempos. Números nunca foram tão irrelevantes quanto agora.

Depois de um verdadeiro auê no mundo digital, quando um blog especializado em redes sociais ventilou a possibilidade de o Instagram esconder as curtidas nas postagens, a informação se confirmou, tendo sido anunciada na conferência anual do Facebook. Isso significa que, quando o usuário rolar o seu feed na plataforma, ele não conseguirá mais ver o número de curtidas que as postagens das outras pessoas têm. É um pouco parecido com o que já fazem com os vídeos hoje em dia: o que aparece são apenas algumas pessoas em comum que curtiram, não sendo mais possível saber o número total.

Mas, se as pessoas publicam nas redes sociais exatamente para conseguir likes e em busca de aprovação, por que o Instagram tomou tal atitude?

A ideia foi justamente acabar com essa competição social por curtidas que, muitas vezes, desencadeia sentimentos ruins, como ansiedade, frustração, inveja e até depressão. No entanto, a alteração acabou atingindo outros pontos, e deverá promover uma verdadeira revolução na forma de conviver com a plataforma.


Quem sobreviverá nessa nova fase será o produtor de conteúdo que realmente gera material de qualidade

Do ponto de vista do marketing digital, quem sobreviverá nessa nova fase será o produtor de conteúdo que realmente gera material de qualidade e relevância, muito diferente do que acontecia até agora. Não por acaso, o novo cenário tem assustado os megainfluenciadores digitais, que até então comprovavam sua relevância em cima da popularidade construída com base em números.

De modo geral, as pessoas se deixam levar pela multidão, algo natural do comportamento humano. Tanto é que, nas redes sociais, sempre foi comum ver gente curtindo coisas simplesmente porque os números eram expressivos. Se todo mundo estava curtindo, elas acabavam dando o seu like também, até como uma forma de pertencimento.

A partir de agora, a tendência é de que as curtidas sejam motivadas pelo conteúdo da postagem e até mesmo pela identificação de opiniões e ideias, uma forma de beneficiar os bons criadores, de agradar aos usuários e, acima de tudo, uma grande oportunidade para o marketing digital e suas soluções estratégicas.

Se antes os comparativos em relação à expressividade no Instagram eram de difícil análise ?" não é possível estabelecer qualquer semelhança entre um restaurante e uma blogueira, por exemplo, por estarem em contextos completamente diferentes ?", agora isso será mais justo. Bons conteúdos inevitavelmente irão engajar mais, gerando melhores resultados. O confronto será no campo da conversão e da análise. Para concluir se uma ação realmente conquistou a alta performance, a avaliação será em cima de quem está curtindo, por que está curtindo e, principalmente, o quanto aquilo gerou de resultados.

Outro ponto interessante em relação ao assunto é o conteúdo cada vez mais direcionado para públicos específicos. O segredo da conversão também está em escolher corretamente para quem apresentar um produto ou serviço. Uma campanha voltada para conquistar mais alunos para um curso universitário, por exemplo, não conseguirá bons resultados se o criador escolhido for um influenciador voltado para um público infantil. No entanto, se o influenciador for um professor de cursos preparatórios para o vestibular, a tendência é conquistar um resultado muito mais eficaz.

Se a proposta for vender brinquedos, com certeza o influenciador que faz um trabalho voltado para o público infantil será a pessoa certa para promover a campanha. Cada caso é um caso, sendo que tudo deve ser avaliado, priorizando, acima de tudo, aqueles que produzem um conteúdo melhor, que possam gerar valor para a marca ou produto que estão promovendo.

Agora é a vez dos microinfluenciadores. Como estratégia comercial, muitas vezes eles são soluções mais assertivas do que grandes influenciadores digitais, até porque não é novidade que, quando o assunto são mídias sociais, apenas os números de curtidas não ditam mais muita coisa.

Vale dizer que esse posicionamento vai de encontro à gestão que o Google faz com o YouTube, em que os números são prioridade. Lá, os criadores que fazem mais sucesso são os que têm maior frequência e produzem vídeos longos. Enquanto agradam aos anunciantes, desagradam aos criadores.

Notando o vácuo, o Facebook e o próprio Instagram adotaram medidas para beneficiar os produtores, tendo em vista que uma rede social só pode ser considerada boa se o conteúdo for bom, e bons conteúdos são feitos por bons produtores. É um ciclo indiscutível de causa e consequência.

Não por acaso, essas medidas estremeceram o mercado e têm ditado mudanças significativas nas redes sociais. De nada adiantam 100 mil curtidas e nenhuma conversão. Com o fim da caça aos likes, será essencial a criação de conteúdo relevante. Quem quiser bombar nas redes sociais terá de acordar todo dia e se perguntar o que está agregando de valor com essa publicação, o que está gerando de relevante para as pessoas. E, a partir daí, começar a produzir com mais qualidade. Esse é mais um sinal ?" não só do mercado, mas da própria rede ?" de que, finalmente, apenas o que realmente tiver relevância conquistará bons resultados, o que inevitavelmente irá alterar tanto a forma de se produzir conteúdo quanto o comportamento do usuário em relação à maneira como ele se deixa impactar por aquilo que vê.

Em suma, é o momento da valorização de conteúdo relevante e de beneficiar os bons produtores. Portanto, quem faz um trabalho de qualidade e que gera conversão não precisa ficar com medo da mudança. Agora, para aqueles que não garantem a entrega eficaz, produziam conteúdos irrelevantes e viviam amparados em números, muitas vezes até superfaturados, a preocupação deve ser uma constância.
Herculano
07/06/2019 13:08
BOLSONARO, WITZEL E CRIVELLA, os comediantes, por Nelson Motta, no jornal O Globo

Presidente é um manancial inesgotável de piadas

A comédia é uma arte nobre, que exige talento e espírito (auto)crítico e tem enorme poder de destruição pelo ridículo e pelo riso, muitas vezes, mais contundente do que qualquer discurso político. Não se confunde com palhaçada, que também tem seu valor, mas é mais tosca e ingênua.

O "sinistro" da Educação merecia ser processado pela família de Gene Kelly pela paródia canhestra de "Singin'in the rain" para atacar supostas fake news sobre cortes de verbas, que o expôs ao ridículo até para apoiadores do governo. Queria ser lúdico e didático e foi patético. O fake era ele.

Tentou uma estapafúrdia metáfora cacaueira para mostrar que de cem chocolates do orçamento ele estava tirando só três e uma mordida - para serem comidos em setembro. Mas Bolsonaro não perdeu a chance: "Você não vai sair daqui levando esse pacote de chocolate, não! Tá confiscado 30% aí".

Bolsonaro é um manancial inesgotável de piadas, intencionais ou não, que vão do pênis dos japoneses a ter mais tinta na sua caneta do que Rodrigo Maia. Só faltou dizer que sua caneta era maior.

Desde Freud já se sabe que atrás de cada piada ou "brincadeira" há um fundo de verdade, que não pode ser dita "a sério", e se disfarça de humor para se proteger das consequências. E esconder o rancor.

Mas quando ele e seu chanceler dizem que o nazismo e o fascismo eram de esquerda, não estão brincando. Brincadeira seria chamar a Rússia stalinista de direita.

O governador Witzel protagonizou um esquete dos Trapalhões, só que sem o talento deles. Como um Rambo de araque, de metralhadora na mão e sangue nos olhos, marchou para o helicóptero da PM gritando ameaças de morte aos traficantes.

Acabaram metralhando por engano uma tenda de orações vazia e dois dias depois os traficantes reapareceram na TV dominando a área. Gargalhadas no auditório.

#CrivellaNosDáSaudadeDosNossosPioresPrefeitos também se acha um comediante. A última foi que mulheres não entendem de futebol, mas elas acham que é ele que não entende de prefeitura. Nem de mulheres.
Herculano
07/06/2019 12:35
VITóRIA PRIVATISTA, por Merval Pereira, no jornal O Globo

No julgamento que terminou ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) com a decisão majoritária de que só a alienação do controle acionário de empresas públicas e de sociedades de economia mista exige autorização legislativa, exigência que não se aplica à alienação do controle de suas subsidiárias e controladas, houve, na verdade, a prevalência de uma visão privatista sobre a do capitalismo de Estado defendido pelo relator, ministro Ricardo Lewandowski.

Segundo ele, "crescentes desestatizações" podem apresentar prejuízos ao país. Por isso é necessário que o Congresso, onde estão os representantes do povo, se manifeste sobre as privatizações. Na sua visão o Estado não pode abrir mão da exploração de atividades econômicas por decisão exclusiva do governo.

A divergência aberta pelo ministro Alexandre de Moraes opôs a essa idéia a tese de que o Estado não deveria entrar "nas regras do mercado privado", pois a Constituição dita que a intervenção estatal nesse deve ser mínima.

O "fetiche" de colocar o controle estatal como protagonista de tudo, segundo o ministro Luis Roberto Barroso, é que estava em discussão subjacente ao tema central, que era a tentativa de entidades sindicais de impedir a venda de subsidiárias de estatais, como é o caso do programa de desinvestimento da Petrobras.

Barroso disse que essa devia ser uma decisão do Executivo, o STF não deveria se imiscuir em questões econômicas, que devem ser resolvidas por gestores públicos. Ressaltou que a definição do papel do Estado é que estava em discussão e, no seu ponto de vista, a Constituição manda que esse papel seja o menor possível. O ministro Edson Facchin, que acompanhou o relator, ressaltou em aparte que não votou com intuito político, mas de acordo com sua interpretação da Constituição.

O Ministro Luis Fux baseou seu voto na situação econômica do país, alertando que a atitude republicana obriga a pensar no futuro: "O Brasil precisa de investimentos, de mercado de trabalho, precisa vencer essa suposta moralidade que há com tutela excessiva das empresas estatais".

A ministra Rosa Weber exigiu em seu voto que, como queria Lewandowski, houvesse uma autorização, mesmo que genérica, para alienação na lei que criou a estatal, ressaltando que já há essa autorização na que criou a Petrobras.

O voto médio do plenário foi, porém, no sentido de que a lei que permitiu às empresas estatais a criação de subsidiárias e controladas implicitamente permite a venda delas.

O ministro Lewandowski ainda tentou influenciar na redação final da decisão, no sentido de que era necessário que a lei que autorizou a criação da empresa pública preveja a possibilidade de desinvestimento, mas foi vencido novamente.

Prevaleceu a tese de que quem pode o mais, pode o menos. A necessidade de lei específica se restringiu à venda do controle acionário de estatais. Mesmo a venda de ações que não implique a perda do controle poderá ser feita sem necessitar aprovação do Congresso.

A ministra Cármen Lúcia também votou pela necessidade de autorização prévia do Congresso apenas para a privatização de uma "empresa-matriz", sendo dispensado esse modelo para as subsidiárias. O ministro Gilmar Mendes fez uma ressalva importante em seu voto: a venda das ações deve seguir um procedimento licitatório, mas não necessariamente o previsto na Lei das Licitações.

Houve uma concordância generalizada de que o processo licitatório deverá seguir os parâmetros constitucionais de impessoalidade, publicidade e, sobretudo, competitividade entre os interessados, como fez questão de ressaltar o ministro Celso de Mello.

Embora não fosse o julgamento do mérito da venda da Liquigás, subsidiária de distribuição de gás, esse era o objeto oculto do julgamento, pois sindicalistas não querem que a Petrobras venda suas subsidiárias.
Herculano
07/06/2019 12:32
NA CONTRAMÃO A 100 km/h, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

O Brasil regride não só nas armas, mas no trânsito, no ambiente, nos costumes, nos direitos humanos, no bom senso.

O presidente Jair Bolsonaro anuncia o fim da "indústria da multa", mas pode estar reforçando a "indústria da morte" com a obsessão pelas armas, o estímulo para converter carros em armas e a sensação de que, ao virar presidente, está livre para tornar suas convicções pessoais em agenda de Estado. Os papos com filhos e amigos agora viram MPs, decretos, projetos de lei. Danem-se especialistas, dados e pesquisas científicas.

Para o presidente da Comissão da Reforma da Previdência, Marcelo Ramos (PL), ele "não tem noção de prioridade e do que é importante para o País". Além de "flexibilizar" a posse e o porte de armas, Bolsonaro levou orgulhosamente ao Congresso um projeto leniente com infratores e infrações de trânsito ?" um grande assassino no mundo. No Brasil, foram 35,3 mil mortes e 180 mil internações só em 2017.

Japão, Canadá, França e Espanha reduziram a mais da metade as mortes no trânsito. Como? Com educação, abordagem policial e penas duras para infratores. E o Brasil? Se depender do presidente da República, o Brasil vai na contramão, a mais de 100 km/h. Os radares estão ameaçados e os maus motoristas poderão cometer o dobro das barbaridades até perder a carteira, não terão de se preocupar com cadeirinhas e estarão livres de comprovar que não usaram algum tipo de droga, mesmo que dirijam ônibus e caminhões.

Não satisfeito com a reação, o presidente engatou a segunda e disse que, por ele, os pontos para cassar a carteira não deveriam ser "só" 40, mas 60. Divirtam-se os que pisam no acelerador, avançam o sinal, estacionam em calçadas e vagas de idosos e deficientes.

É possível que a base eleitoral de Bolsonaro ache tudo isso o maior barato, mas esse barato pode custar muito caro ?" em vidas humanas, em lesões irreversíveis e em custos para o sistema público de saúde, já tão depauperado.

Essas medidas, porém, combinam com a leniência de Bolsonaro em outras áreas, como Meio Ambiente. Pescar em áreas protegidas pode, desmatar fica mais fácil, transformar santuários em "Cancúns" está no horizonte, a carreira de agente ambiental corre risco. Ambientalistas são tratados como esquerdistas que atravancam o progresso, um perigo para o Ocidente.

Direitos Humanos? Deve ser coisa de gente que estuda Sociologia, Filosofia, Antropologia, vistas como inutilidades que alimentam a "balbúrdia" nas universidades públicas, aliás, elas próprias alvo da tesoura ideológica implacável do novo governo. E temos a ministra Damares e o chanceler Araújo, com o guru Olavo de Carvalho, pairando sobre tudo e todos.

E Bolsonaro tinha de declarar apoio ao craque Neymar, acusado de estupro e agressões por uma moça? "Ele está em um momento difícil, mas acredito nele. Neymar, hoje à noite estamos juntos!", avisou o presidente, antes de ir ao jogo Brasil-Catar e visitar o jogador num hospital em Brasília.

Não se deve demonizar nem santificar Neymar, mas vai... numa mesa de bar, qualquer um pode achar que Neymar é culpado ou inocente e que a moça é isso e aquilo, mas um presidente da República? Ele assistiu à cena? Ouviu Neymar? A moça? Teve acesso aos autos? Tem informação de bastidores?

Verdade ou não, a mensagem subliminar do presidente é que ele não acha nada demais um estuprozinho daqui, uma agressãozinha dali. Afinal, minimizou a gravidade da situação, assumiu sem pestanejar a versão do craque e desqualificou a moça. Homens sempre têm razão.

Espantado com as mudanças propostas por Bolsonaro, o criador e presidente por dez anos da Frente do Trânsito da Câmara, ex-deputado Beto Albuquerque (PSB), acusa: "O Brasil está na contramão, ou andando de marcha a ré". Não é só no trânsito, deputado!

Brasil regride nas armas, no trânsito, no ambiente, nos costumes, até no bom senso
Herculano
07/06/2019 12:29
BOLSONARO SANCIONOU LEI QUE PERMITE INTERNAÇÃO COMPULSóRIA: MEDIDA POLÊMICA, MAS EU APOIO, por Rodrigo Constantino, no site da GAzeta do Povo, Curitiba PR

O presidente Jair Bolsonaro sancionou, com muitos vetos, uma lei com mudanças na política contra drogas. O texto agora prevê e facilita a internação involuntária de usuários de droga, quando ocorre sem o consentimento.

A lei diz que ela se dará a pedido de familiar ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas (Sisnad), com exceção de servidores da área de segurança pública.

A internação involuntária só deverá ocorrer após a formalização da decisão por médico responsável, será indicada depois da avaliação sobre o tipo de droga utilizada, o padrão de uso e na hipótese comprovada da impossibilidade de utilização de outras alternativas terapêuticas previstas na rede de atenção à saúde.

Esse tipo de internação perdurará apenas pelo tempo necessário à desintoxicação, no prazo máximo de 90 dias, tendo seu término determinado pelo médico responsável. No entanto, a nova lei permite à família ou ao representante legal, a qualquer tempo, requerer ao médico a interrupção do tratamento.

A decisão é polêmica, e libertários ficam arrepiados com a possibilidade de abuso de poder por parte das autoridades. Afinal, por essa ótica, só quem efetivamente comete um crime ou representa uma ameaça direta à sociedade deveria sofrer coerção estatal.

Para o especialista em Direito da Medicina e professor da Universidade Positivo (UP) Gabriel Schulman, do ponto de vista legal, no Brasil só é possível tirar a liberdade de alguém para punir ou para tratar.

"A minha preocupação é até que ponto essas mudanças vão dar conta, porque a lei fala em desintoxicação. O que faz a pessoa usar a droga, não é a droga. A questão não é tratar a droga, mas de atender a pessoa, as necessidades que fizeram fazer o uso nocivo", explica.

Schulman entende que a internação sem o consentimento deve ocorrer em casos específicos, com o único objetivo de tratar a saúde do dependente.

"Internação forçada significa, estritamente, a restrição à liberdade da opção do tipo de tratamento. É medida que, a princípio, não se justifica. A finalidade tem que ser protetiva, não de segregação. Ao longo do tratamento eu tenho que assegurar a liberdade máxima possível", comenta.

Para ele, a pessoa pode e deve ter acesso ao plano individual de atendimento ?" uma novidade na lei, que prevê avaliação multidisciplinar, objetivos e atividades de reintegração social com a participação de familiares ou responsáveis.

O especialista alerta sobre a possibilidade da família ter a decisão sobre o que fazer com o dependente. "A gente está tratando o usuário ou se livrando de um incômodo. Quanto mais você invade [a liberdade], mais tem que proteger. Em alguns casos cabe internação? Sim, mas nem sempre", explica.

De acordo. É preciso tomar muito cuidado com abusos, como nos casos antigos de manicômios também. Mas o abuso não deve tolher o uso, princípio básico do direito. O ponto de vista libertário ignora, em minha opinião, a condição concreta de certos indivíduos, como se eles tivessem de fato a capacidade de escolha.

Entendo o argumento libertário, e o respeito. Mas meu lado conservador e pragmático fala mais alto aqui. Sou autor, afinal, de Confissões de um ex-libertário. Quando vemos o que acontece na Cracolândia em SP, ou no skid row em Los Angeles, espalhando sujeira, ratos e doenças pelas cidades, seringas usadas no meio da rua onde brincam crianças, o realismo precisa se impor.

Há, como fica claro, várias restrições ao uso da coerção pelo estado. Mas no limite entendo que há casos, sim, em que somente uma internação involuntária pode surtir efeito, proteger o próprio indivíduo e também a sociedade. Não é como no filme "Minority Report", tampouco é arbítrio puro contra inocentes. A lei pune quem dirige de forma irresponsável, por exemplo, mesmo que o excesso de velocidade em si não tenha causado vítimas, ainda.

Para a presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD), Sabrina Presman, a internação involuntária deve ser realizada em casos específicos e acompanhada, de perto, pelas autoridades. "É uma forma de preservar à vida, sem dúvida. Deixar uma pessoa se matando, sem condições psiquiátricas, sem autopreservação, sem tratamento, isso sim é afronta aos direitos humanos."

Sabrina pondera sobre a aplicação em situações de extrema gravidade. "Não é pra qualquer paciente, uma modalidade pra internar uma pessoa que não queira. É uma forma de salvar a vida dela quando não tem condição, seja pela doença psiquiatra, seja pelas drogas", opina.

Essa mudança na lei, portanto, é uma medida desesperada para uma situação de emergência. Um viciado em crack ou heroína que está perambulando por vias públicas sem qualquer capacidade de uso racional de suas faculdades perdeu o direito à liberdade, assim como a única forma de familiares ajudarem um dependente químico muitas vezes é a internação forçada. São valores conflitantes, dilemas morais, e por isso polêmicos. Devemos evitar as conclusões muito binárias e simplistas aqui.

Os fanáticos acham, porém, que só existe um único princípio válido, uma pedra filosofal que deve nortear tudo na vida em sociedade. Não é tão simples assim, e ninguém deixa de ser liberal só porque acredita que o estado tem alguns direitos sobre o cidadão que abandonou sua própria volição, sua capacidade de escolher. A medida sancionada pelo presidente é polêmica, sem dúvida. Mas eu apoio!
Herculano
07/06/2019 12:26
AS DIFICULDADES NO CONGRESSO, por Míriam Leitão, no jornal O Globo

Jereissati salvou o marco regulatório do saneamento, que será um avanço para o setor, ao fazer o que o governo não tem feito: articulação

Cem milhões de brasileiros vivem sem saneamento básico e os investimentos no setor estão estagnados. Se forem reativados, têm ainda a vantagem de criar emprego em época de aguda escassez de vagas. Esses argumentos já seriam suficientes para se aprovar o marco regulatório do setor. Uma MP do governo Temer que tratava disso, e interessava ao governo Bolsonaro, caiu esta semana. O assunto foi salvo num esforço surpreendente comandado pelo senador tucano Tasso Jereissati, que fez o projeto de lei e o aprovou em 48 horas no Senado.

O tucano se reuniu com o senador Davi Alcolumbre e com o deputado Rodrigo Maia, e propôs apresentar um projeto de lei. Alcolumbre abraçou imediatamente a ideia. O governo apoiou o esforço. Jereissatti havia sido o relator da MP do saneamento na comissão mista. Conduziu várias audiências públicas e verificou onde estava a dificuldade.

- A pressão vinha principalmente das empresas estaduais de saneamento, por isso conversei bastante com os governadores, principalmente os do Nordeste que são de oposição. Como estou aqui há muito tempo, tenho diálogo com todo mundo. Negociei intensamente. Ao todo existem 4.000 cidades brasileiras sem coleta de esgoto e tratamento. Vivemos como a Europa vivia na idade média - diz o senador.

A proposta agora passará pela Câmara e o senador Tasso Jereissati prevê dificuldades, porque a pressão das empresas vai continuar. Hoje elas têm contratos com as cidades que são renovados automaticamente. Pelo projeto, a cada vencimento vai se abrir a concessão. Será necessário licitar. Há uma grande possibilidade de que o capital privado entre no setor.

- Para levar o saneamento a 80% da população brasileira são necessários investimentos de R$ 550 bilhões. O governo está quebrado, os estados e os municípios também. Por que não abrir ao setor privado? O objetivo é atrair o capital privado e aumentar a eficiência do setor.

Tudo parece simples. Há uma emergência, o projeto traz uma possibilidade de encaminhar uma solução, o senador teve o apoio do governo já que a MP que caiu era do seu interesse, articulou-se com o presidente do Senado, negociou intensamente, conversou com os governadores e fez ajustes no texto para atendê-los. O projeto foi aprovado ontem no Senado.

É isso que o governo, com todo o seu poder, não tem conseguido fazer: articular e levar a sua agenda a bom resultado. Mesmo quando são projetos de interesse coletivo evidente e que podem cruzar as fronteiras partidárias, ele tem colecionado derrotas.

Até o PSL votou na quarta-feira no projeto que engessa mais uma parte do orçamento, obrigando o pagamento das emendas de bancada. A desculpa oficial foi que o partido fez isso para acabar com o "toma lá dá cá". Na verdade, ele aderiu porque sabia que perderia. E é derrota do governo, porque esse projeto é o oposto da ideia de flexibilizar as vinculações defendida pelo ministro Paulo Guedes.

A equipe econômica tem passado um sufoco na tramitação do pedido de crédito suplementar, que, se não for aprovado na semana que vem, levará o país à situação de ter que parar o financiamento à agricultura. Ontem foi confirmado o adiamento do Plano Safra. O pagamento de alguns benefícios sociais também pode ser prejudicado. Provavelmente o crédito será aprovado, mas quando o governo tem alguma vitória é em cima da hora, como aconteceu com a MP 871, do combate às fraudes do INSS. A MP 870, da reforma administrativa, também foi aprovada na reta final e o governo teve que amargar a derrota que foi o Coaf voltar ao Ministério da Economia.

A tramitação da reforma da Previdência tomou sustos demais na CCJ e agora a esperança de que haja um bom relatório vem da articulação feita pelos defensores da reforma que não são governo, como o relator tucano Samuel Moreira.

Enquanto perde de goleada no Congresso, o governo se mobiliza mesmo é por itens que nem de longe constariam de uma lista decente de prioridades nacionais. Nesta semana, quando o presidente Jair Bolsonaro decidiu ir ao Congresso pessoalmente foi para levar um projeto que premia infratores de trânsito e propõe a loucura de estimular o transporte de crianças sem a cadeirinha de proteção. Quando alguma coisa é aprovada no Congresso é porque outras forças políticas se articulam contra ou a favor da administração Bolsonaro, porque ela mesma tem sido incapaz de entender o que é governar o Brasil.
Herculano
07/06/2019 12:23
A VOZ DO LEITOR DA COLUNA E A IMPORTÂNCIA DELA PARA AS IDÉIAS INOVADORAS E COLETIVAS

Caro Herculano , bom dia !

Sou Douglas Junkes , Coordenador do núcleo acima citado .
Dirijo-me ao colunista para agradecer a coluna que em grande parte se dirige a entidade que coordeno .
Foram palavras que apresentaram a entidade a comunidade , trabalho árduo para uma ação "formiguina" ao qual me dispus a fazer . Assim todo espaço cedido me é extremamente importante , principalmente com tal destaque .

Portanto muito obrigado .

Ao contrário que muitos pensam , não sou empresário ( nesse caso acho uma vantagem ) , sou Economista , pós graduado em Propaganda e Marketing , Gestão Estratégica de Negócios e Gestão de Projetos . Sou portanto um Gestor de Empresas profissional . Tive duas passagens pela Circulo entrei , acredite , como Representante Comercial e posteriormente retornei como Diretor , após haver sido diretor de outras empresas de destaque nacional . Ou seja , conheço o mercado literalmente do ponto de vendas até a formação das grande estratégias de mercado . Conhecimento que julgo fundamental para que se propõem ensinar o "caminho das pedras " para terceiros .

Isto esclarecido e somado ao forte espírito associativista e cooperativo que é de minha natureza assumi , por aclamação da mesa , o cargo voluntário do Núcleo .

Formalizar um projeto de amplitude abrangente , seus trâmites , seus objetivos e resultados , confesso , foi simples para mim pois faz parte do meu dia a dia . O assunto , com seus prós e contras , fácil , lido com isso há décadas , conheço o "mundo" têxtil como poucos ( sou pago para isso ) . "Vender e negociar projetos?" . Simples , não esqueça , sou vendedor , não político . Aliás veja bem , não sou empresário , nem político e não tenho objetivos de sê-lo apesar de ter muito claro a necessidade da plena participação do poder público para que nossos projetos prosperem . Mas enfatizo , com um pouco mais de trabalho , também prosperará se não participarem . Ainda temos poucos empresários engajados , mas como todo Planejamento Estratégico , bem feito , não deve contemplar muitos "palpites" pois não se pode nem se deve agradar a todos .

Sou um Gestor profissional , minha cabeça funciona da seguinte forma : receba uma missão , formate um Planejamento Estratégico e cumpra a missão . Angariar apoio facilita , claro , mas não deve impeditivo a missão .

Anexo uma cópia da apresentação do dia 22 , nela uma síntese singela dos projetos [ que tive acesso após pedir a um membro sindical patronal, pois me inscrevi para o evento e não recebi a confirmação desta inscrição].

Finalizo dizendo que os objetivos desses projetos naturalmente levem ao engajamento de toda sociedade,trará benefícios a todos ( foi pensado para isso ) .

O lema da cidade é um sonho histórico , e o título que proponho é plena

O projeto Qualifica gerará empregos , riqueza , formalidade das empresas , soluções para os empresários e impostos para a cidade .

O turismo de de negócios e eventos , como uma consequência do acima , girará toda a roda da economia . Tudo muito simples , tudo factível , tudo que depende de muito esforço , união e convenhamos , poucos recursos .

Enfim , caro Herculano , com vozes e espaços como o seu nos apoiando , com a boa informação conseguiremos .

Abraço , espero conhecê-lo para debatermos o assunto .

Douglas Junkes
Odir Barni
07/06/2019 11:09

CASO NEYMAR ABRE PRECEDENTES EM NOSSA REGIÃO.

Caro Herculano; negócio de denunciar estupro vai pegar muita gente rica de Brusque,Gaspar,Blumenau e Itajaí. Dizem os fofoqueiros que os herdeiros das saudosas, Maciloca de Gaspar, Fanny em Brusque e Maria do Cais em Itajaí estão buscando documentos para provar que jogadores do Palmeiras e Olímpico de Blumenau, do Tupi de Gaspar, do Marcílio e Barroso de Itajaí e do Renô e Paysandu de Brusque, estupraram essas moças em seus tempos de juventude. O caso mais comentado está sendo o da Fanny , que já tem uma peça teatral sobre sua vida boêmia;nosso grande Mané Garrincha, em 1958 veio pra Brusque jogar contra o Carlos Renaux (jogo do século) e dormiu na Boate da Fanny. Vamos aguardar para saber o que irão conseguir, Garrinhca morreu pobre. Tem empresários de GASPAR preocupados com os herdeiros de Maciloca, não quero dar os nomes mais tem gente tremendo. kkkkk Num mundo onde as mentiras, subornos tomam conta nada melhor que eu fazer minhas costumeiras analogias, isto não prejudica ninguém, mas que é hilariante é!
Miguel José Teixeira
07/06/2019 08:39
Senhores,

O papudo não quer ir para a Papuda.

Da coluna do CH, extraí:

"A Papuda já não é a mesma onde cumpri a primeira sentença", diz um dos enézimos condenados PeTralhas, vulgo zédirceu.

Huuummm. . .segundo Heráclito, "Pai da Dialética":

"Nenhum homem pode atravessar o mesmo rio duas vezes, porque nem o homem nem o rio são os mesmos."

O covarde zédirceu, herói da escória das escórias, está é com medorréia. Pois a Papuda está abarrotada de vítimas de ladrões de sua estirpe. Os marginais de colarinhos-brancos,"nuncaantesnahistóriadessepaís" haviam sido presos.

Herculano
07/06/2019 07:21
STF FEZ O CERTO; A CONSTITUIÇÃO EXISTE, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje no jornal Folha de S. Paulo

Na decisão sobre privatização de estatais, triunfou a letra explícita da Carta

Supremo acertou. Depois de alguma confusão, formou-se um 11 a 0 em favor da Constituição. Empresas matrizes, públicas ou de economia mista, mas controladas pelo Estado, só podem ser privatizadas ou ter esse controle vendido com o aval do Congresso.

Por 8 a 3, decidiu-se que as subsidiárias podem ser privatizadas sem esse aval, ainda que o processo deva obedecer a princípios de moralidade pública. Venceu o estatismo? Não! No primeiro caso, triunfou a letra explícita da Carta; no segundo, a jurisprudência. Ainda que coisas assombrosas tenham sido ditas.

Ao proferir o seu voto na quarta (5), Roberto Barroso evidenciou que o Supremo pode ser poroso a vagas de opinião que corroem a institucionalidade. Deixou gravada na memória do tribunal uma fala que é coisa de prosélito e de ideólogo, não de titular da corte constitucional.

Fatio e comento sua fala. Disse: "Eu acho que, no fundo, nós estamos travando um debate político disfarçado de discussão jurídica, que é a definição de qual deve ser o papel do Estado e quem deve deliberar sobre este papel no Brasil atual."

Errado. O que se votava era a aplicação do que dispõem dois dispositivos constitucionais: o inciso III do parágrafo 1º do artigo 173 e o inciso XXI do artigo 37. E ambos são explícitos, a qualquer alfabetizado, sobre a necessidade de uma lei que autorize a venda de ativos públicos. Logo, a palavra final é do Congresso.

Os que não gostarem de tais artigos devem patrocinar projetos de emenda constitucional que os alterem. E o Parlamento vai deliberar. Enquanto estiverem na Carta, têm de ser cumpridos. Barroso não é do tipo que se intimida diante das próprias barbaridades, já o demonstrou antes. E foi além.

"Eu acho STF fez o certo; a Constituição existe que há uma decisão do Executivo. Eu acho que há uma legislação que autorize esse encaminhamento, e acho, e esse já é um debate político, que nós vamos ter de superar esse fetiche do Estado protagonista de tudo e criar um ambiente com mais sociedade civil, mais livre iniciativa, mais movimento social, e menos Estado e menos governo no Brasil, salvo para as redes de proteção social a quem precisa e a prestação de serviços públicos de qualidade, mas esse é o debate ideológico subjacente".

Há, sim, jurisprudência que autoriza a venda de subsidiárias de estatais. Foi firmada em 1997 com um voto vencedor do então relator de uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), Maurício Corrêa. Ainda assim, tratou-se de um dos famosos "duplos twists carpados" interpretativos, que levam ministros a uma leitura libérrima do texto constitucional, mas vá lá. Fato é que a jurisprudência existe. Acabou prevalecendo.

Para a venda, no entanto, das matrizes das estatais ou do controle de empresas de economia mista, não há caminho alternativo. Só se faria sem o concurso do Congresso se a Constituição fosse ignorada. E deveria ser irrelevante a opinião que tem um ministro sobre o papel do Estado na economia.

Delego a tarefa especulativa sobre haver ou não um "fetiche do Estado protagonista" aos, quando existirem, "psicanalistas da economia política". Isso é linguagem de boteco sofisticado, em que o álcool embala pensamentos holísticos e livre associação de ideias.

Noto, claro, a esperteza da fala de Barroso. O então esquerdista que chegou ao STF pelas mãos assassinas de Cesare Battisti (parabéns, PT!!!) entoa a ladainha de sua conversão supostamente liberal vituperando contra o Estado. A metafísica de agora é contrária àquela que o levou ao tribunal. Barroso é mais adepto da economia de supermercado do que da economia de mercado. E, hoje, as gôndolas da ideologia oferecem mais produtos de higiene de direita do que de esquerda.

Mas o ministro pisca para o progressismo com a conversa de preservar "as redes de proteção social". Como se viu na sua tentativa de legalizar o aborto "ex officio", o iluminista das trevas instrumentaliza seu obscurantismo loquaz para seduzir tanto guelfos como gibelinos. Não caio nessa prosa.

Você quer privatizar todas as estatais, leitor? Eu também! Desde o tempo em que Barroso tocava flauta para o PT para cavar uma vaga no Supremo. Que se faça a coisa de acordo com a Constituição, não contra ela. Repudio o papel do psicanalista amador da ordem legal.

Ao fim de tudo, o ministro acabou concordando, no essencial, com a Constituição. Evitou o isolamento. Sua fala, no entanto, serviria de epitáfio à ordem constitucional. O risco permanece.
Herculano
07/06/2019 07:19
FALTA DE SEGURANÇA FAZ DIRCEU DESISTIR DA PAPUDA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O ex-ministro e presidiário José Dirceu desistiu do pedido para cumprir pena no presídio da Papuda, em Brasília, onde estaria próximo a sua família. Alegou "falta de segurança". Ele já sinalizava a desistência na noite em que se despedia de amigos em Brasília, antes de seguir de carro para se entregar em Curitiba: "A Papuda já não é a mesma onde cumpri a primeira sentença . Não há segurança", disse.

PRESÍDIO DOMINADO

O ex-braço-direito de Lula ficou impressionado quando soube do crescente domínio da Papuda por uma gangue que controla presídios.

ALVOS DE EXTORSÃO

Presos por crime de corrupção são alvos de extorsão de organizações criminosas em presídios. Cobram da família pela "segurança" do preso.

OS 300 DA PAPUDA

A notícia de que mais de 300 presos de facções do tráfico dominariam a Papuda não espantou Dirceu, que parecia saber disso ao ser preso.

PROTESTO CONTRA MORO

O governador do DF, Ibaneis Rocha, protestou contra o ministro Sérgio Moro quando Marcola, bandido nº 1 do País, foi levado para a Papuda.

Só PARA SER DO CONTRA, DUPLA NÃO APOIA REFORMA

Flávio Dino (PCdoB) não parece perder o sono com a situação do Maranhão, atolado em dívidas e pagando preço alto pelos desacertos da sua gestão. Ele é contra a reforma da Previdência e se isolou com o petista Rui Costa (Bahia) contra a carta dos demais 25 governadores pela manutenção dos estados e municípios no projeto. Eles são contra porque a proposta é de Jair Bolsonaro, ainda que disso dependa a recuperação dos milhões de empregos deletados nos governos do PT.

O ROMBO MARANHENSE

Só na previdência do Maranhão de Flávio Dino, o rombo chega a R$2,5 bilhões. E a reforma faria o Estado economizar R$6,2 bilhões.

ECONOMIZAR PARA QUÊ?

A Bahia pode economizar R$29 bilhões nos próximos 10 anos com reforma. Para Rui Costa e Flávio Dino, o importante é ficar contra.

MUDANÇAS NO PROJETO

Menos obtuso, Rui Costa até já se colocou favorável à reforma da Previdência, mas com algumas mudanças.

MEU PIRÃO PRIMEIRO

Dos 18 embaixadores designados ao exterior, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, só permitiu que três fossem sabatinados e um votado no plenário. Até que Jair Bolsonaro ceda à sua pressão para nomear o diplomata Pedro Bório para chefiar a embaixada em Washington.

ROMA NO ROTEIRO DE FÉRIAS

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia diz não ter indicados no governo, mas, a seu pedido, Davi Alcolumbre fez o plenário do Senado aprovar a indicação do seu assessor Helio Ramos como embaixador em Roma.

MILITANTES DE IPHONE

Em audiência no Senado sobre a semana do Meio Ambiente, alguns índios pareciam obedecer a ordem de ONGs para virar as costas ao ministro Ricardo Salles, enquanto faziam selfies em caros celulares.

ARTICULAÇÃO À DERIVA

Como desarticulados governistas à beira de um ataque de nervos, o chefe da articulação política, Onyx Lorenzoni (Casa Civil), foi acusado de flanar em Buenos Aires na visita oficial do presidente Jair Bolsonaro. Só tem um detalhe: ele não foi. Desistiu de última hora.

PLENÁRIO FANTASMA

O plenário da Câmara registrava a presença de 418 deputados federais, às 13h30 desta quinta-feira, mas apenas oito deles estavam realmente presentes. A maioria já tinha ido para seus estados.

QUE VEXAME

O triste espetáculo de fotógrafos e cinegrafistas à chegada de Neymar para depor, na delegacia. A atitude descontrolada, desnecessária, não contribui para melhorar reputação da imprensa.

CHUPA, HERMANO

A Seleção Brasileira de Futsal Down foi campeã invicta da 2ª Copa do Mundo disputada em Ribeirão Preto (SP), após vencer a final contra a Argentina por 7? - 5. Quem apoiou merece registro: Nacional Inn Hotéis.

AQUI, NÃO, VIOLÃO

O Planalto está de olho na movimentação do senador Ildo Rocha (MDB-MA) tentando mudar o presidente da Funasa. Rocha barganha no projeto de crédito orçamento, na Comissão Mista de Orçamento.

PENSANDO BEM...

...ao menos por enquanto, como observa o advogado Paulo Cunha, Neymar passou no VAR.
Herculano
07/06/2019 07:13
APESAR DE VITóRIAS, BOLSONARO CONTINUA VULNERÁVEL NO CONGRESSO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente aprova projetos no piloto automático, mas terreno ainda é instável

Há dois dias, Jair Bolsonaro chamou Rodrigo Maia de "meu irmão" e disse que os parlamentares estão voltados "realmente para o interesse popular". Nem parecia o presidente que estimulou manifestações contra o Congresso e, meses atrás, reclamava que "alguns não querem largar a velha política".

O Planalto continua abusando de erros de articulação, mas conseguiu aprovar projetos relevantes nas últimas semanas, como se algum botão de piloto automático estivesse ligado. Embora não esteja mais em guerra aberta com deputados e senadores, o governo ainda se movimenta sobre um terreno instável.

Bolsonaro conseguiu evitar um colapso político prematuro com a aprovação das duas primeiras medidas provisórias significativas de seu mandato. Houve ranger de dentes, mas o Congresso finalmente deu aval para a reorganização de ministérios e para o pente-fino que o governo quer fazer em benefícios do INSS.

O presidente manteve a promessa de não distribuir cargos de primeiro escalão em troca de votos no Legislativo. Sob essa perspectiva, os últimos resultados poderiam dar a impressão de que Bolsonaro descobriu a governabilidade a custo zero. Não é bem assim.

As negociações continuam ocorrendo por baixo dos panos. O Planalto subiu para R$ 20 milhões por ano a oferta de emendas para os deputados, pois sabe que as próximas batalhas, como a reforma da Previdência, não serão tão fáceis.

Alguns congressistas mais ariscos realmente retraíram suas garras diante da tentativa do governo de mobilizar as ruas contra o Parlamento, mas é uma ilusão a crença de que passarão a carimbar todas as propostas de interesse do Executivo.

Sem um projeto nítido, Bolsonaro fica sujeito aos humores de cada semana. O modelo pode dar algum alívio ao presidente, mas deixa o Planalto vulnerável a sacudidas em sua estrutura. Como os tremores, em geral, são provocados por gente que está dentro do prédio, há sempre chances de desmoronamento.
Herculano
07/06/2019 07:09
GASPAR CONTRA GASPAR

Ontem aconteceu a concorrida Sessão Itinerante da Câmara Municipal de Vereadores de Gaspar, alusiva aos 85 anos de fundação do Colégio Honório Miranda.

Foi no próprio Colégio.

Havia uma expectativa de que houvesse o anúncio da Ordem de Serviço da Reforma na estrutura do Colégio Honório Miranda, principalmente o telhado, a rede elétrica e hidráulica.

A atitular da Gerência de Educação Regional, de Blumenau, professora Dinorá Gonçalves, estava presente.

Surpreendente, nada de anúncios. Frustrações gerais.

Após, a solenidade, foi-se atrás das razões para isso.

É que engenheiro comissionado da Gerência de Infraestrutura de Blumenau ainda não conseguiu concluir os projetos....Ai, ai, ai.

E quem é o engenheiro? O irmão do Prefeito Kleber Wan-Dall, MDB, Nelson Wan-Dall Júnior. E não é a preimeira vez que isso aconteceu.Só para lembrar: ele já atrasou a conclusão da Quadra Coberta neste mesmo Colégio. Então... Acorda, Gaspar!
Herculano
07/06/2019 07:00
PORQUE HÁ TANTO ROUBO DOS PESADOS IMPOSTOS E ATRASO COMPETITIVO NO BRASIL

Este levantamento, mostram a razão disso. É um ranking das estatais que temos. Olha só quem nos vence. E o Supremo - o que só come lagostas toma vinhos premiados - e se lambuza nas mordomias diante de 14 milhões de desempregados e outro tanto subempregado, com mimimi para proteger gente estável, sem compromisso com a competição e de altos vencimentos, tudo protegido por gordos sindicatos.

Venezuela: 576
Brasil: 418
Suíça: 4
Austrália e Japão: 8
Áustria: 10
Bélgica: 12
EUA: 16
Reino Unido: 16
Dinamarca: 21
Chile: 25
Herculano
07/06/2019 06:54
KLEBER ESTÁ DESAFIADO A IR NESTE FINAL DE SEMANA NA FREI SOLANO E EXPLICAR A RAZÃO DA BURAQUEIRA AO POVO DE LÁ

Hoje e amanhã é dia da Festa de Santo Antônio, no Gasparinho.

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, está desafiado a ficar ali na esburacada Rua Frei Solano, explicando aos moradores, comerciantes e que fazem e vão à festa, as razões por que ele, e a sua multi-equipe de assessores, comissionados competentes, engenheiros fiscais, os quais não conseguiram em mais de três meses, planejar e licitar e colocar o asfalto sobre as obras de drenagem da Frei Solano tão cheia de dúvidas

Talvez reconquiste alguns das centenas de votinhos que perdeu com a barbeiragem, arrogância, dúvidas e sacrifício que vem impondo ao povo de lá, mesmo com os comícios fechados que faz para poucos para dar explicações e colocar a conta da ineficiência que avança no seu governo, no colo do outros, principalmente os que reclamam e fiscalizam. Acorda, Gaspar
Herculano
07/06/2019 06:41
da série: algo que estava na cara desde o primeiro dia em que Paulinho Bornhausen foi para o PSB, que ele sempre seria alguém fora do ninho e permanentemente sem voz e ridicularizado. Ele sabia, o PSB, sabia, todos os eleitores deles sabiam. Mas, ninguém entendia essa inacreditável "viagem". Deu no que deu, e ficou com menos crédito do que já teve, inclusive para reorganizar o futuro, pois ficou provado que é capaz de tudo, até de ser socialista - como muitos que arrastou e ainda estão no PSB por aqui, que nem sabem o que é essa ideologia do atraso - para continuar político. Vergonha.

EM NOTA, PSB NACIONAL COMEMORA "SAÍDA DO CONSERVADOR-LIBERAL PAULO BORNHAUSEN", por Upiara Boschi, no Diário Catarinense, da NSC Florianópolis

A direção nacional do PSB lançou uma nota na manhã desta quinta-feira comemorando a renúncia coletiva do diretório catarinense da sigla, liderada por Ronaldo Freire. O grupo que deixa o partido ligado ao ex-deputado federal Paulo Bornhausen - alvo do texto assinado pelo presidente nacional Carlos Siqueira.

"Finalmente nos chega de Santa Catarina uma boa notícia, ou seja, a saída do conservador-liberal Paulo Bornhausen dos quadros de nosso partido. Há muito causava estranheza ao partido sua permanência, visto professar tendência político-ideológica completamente estranha àquela que o PSB pratica desde sua fundação, há mais de 70 anos. Ressalte-se que o Sr. Bornhausen pertence a uma oligarquia política que tem visão de mundo, perspectivas político-ideológicas e práxis política totalmente distinta do PSB", diz o texto.

A nota também vincula as divergências na saída do grupo catarinense da sigla - intervenção nacional mal sucedida e ações judiciais requisitando os mandatos de Bruno Souza e Nazareno Martins por infidelidade partidária - a Bornhausen "porque não agiu para dissolver a seção estadual, conforme ele próprio havia sugerido - e não às distintas perspectivas político-ideológicas apontadas no item anterior".

Na nota, Siqueira tenta diferenciar a situação do deputado federal Rodrigo Coelho - que reclamou publicamente por não ter sido ouvido no episódio da intervenção. "Expectativa completamente distinta temos nós, com relação ao deputado federal Rodrigo Coelho, que tem demonstrado até aqui total alinhamento às teses do PSB, destacando-se sua manifestação em reunião da bancada, na qual defendeu o fechamento de questão contra a reforma da previdência, e a proposta de taxação de grandes fortunas e de lucros e dividendos".

Em abril, Paulo Bornhausen havia anunciado a desfiliação do PSB após "conversa amiga, cordial e franca" "entre dois homens públicos que se respeitam e se admiram mutuamente" com Siqueira. Em maio, a direção nacional acionou ao TRE-SC contra Bruno Souza e Nazareno Martins por infidelidade partidária, alegando que o diretório estadual havia fraudado as datas de desfiliação de ambos para que deixassem a sigla sem perderem os mandatos.

O acusação foi base para a decisão de suspender o diretório estadual e nomear uma executiva provisória, liderada por Adil Gentil. A intervenção foi suspensa por decisão judicial, em três decisões. Na tarde desta quarta-feira, Ronaldo Freire anunciou em carta a renúncia coletiva do diretório estadual em que acusa a cúpula nacional de perseguição.
Herculano
07/06/2019 06:20
da série: gente sem noção; diz nos representar, mas num país quebrado pelos políticos e gestores ladrões,roubam o nosso dinheiro dos pesados impostos - feitos dos nossos sacrifícios - para suas mordomias cada vez mais sem fim

PASSO EM FALSO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Congresso cria mais gastos obrigatórios e dificulta a gestão do Orçamento

Há um longo caminho a percorrer, sem dúvida, para que o Orçamento do governo se torne um instrumento mais efetivo de definição de políticas públicas ao alcance do escrutínio da sociedade. O Congresso, infelizmente, acaba de dar um passo em falso nesse sentido.

Deputados e senadores aprovaram mudança na Constituição que torna obrigatória a execução de despesas incluídas pelas bancadas estaduais - conhecidas como emendas coletivas - na lei orçamentária anual. Tais projetos têm sido alvo rotineiro de cortes em momentos de escassez de verbas.

À primeira vista, a iniciativa parece meritória. As emendas, em geral, destinam-se a obras e outros investimentos de interesse dos entes federativos, mais capacitados a definir suas prioridades que os burocratas de Brasília. A nova regra, em tese, assegura a liberação dos recursos e reduz os riscos de descontinuidade dos projetos.

Entretanto a alteração constitucional, aprovada em tempo exíguo, moveu-se mais por uma demonstração de autonomia do Congresso diante do governo Jair Bolsonaro (PSL) - avesso à negociação legislativa - que por um debate amadurecido acerca do mecanismo.

Como resultado, tem-se uma reforma extemporânea. O urgente neste momento é buscar o reequilíbrio entre receitas e despesas públicas. Desde 2014, o governo tem déficit primário ?"o que significa arrecadação insuficiente até para gastos cotidianos e obras, provocando endividamento galopante.

Além disso, a prostração da economia tem levado a um desempenho abaixo do esperado da receita, o que força bloqueios do dispêndio - a comprometer áreas como educação, ciência e habitação.

Nesse contexto, a obrigatoriedade da execução de emendas dificulta ainda mais o manejo de verbas que já não bastam para o básico.

Em um Orçamento de R$ 1,4 trilhão (sem contar os encargos financeiros), as ações não obrigatórias e passíveis de corte não passam de R$ 128 bilhões neste ano, dos quais cerca de R$ 30 bilhões já foram contingenciados. A nova norma reduzirá essa margem.

Em valores atuais, as emendas de bancada somam cerca de R$ 8 bilhões, que daqui em diante só poderão ser bloqueados na mesma proporção aplicada às demais despesas discricionárias.

O Congresso faria melhor se primeiro se dedicasse a enfrentar a alta e o excesso de despesas obrigatórias, que incluem, além da Previdência, a folha de salários do funcionalismo e exigências constitucionais de aplicação mínima de recursos em setores variados.

Haveria, assim, maior espaço orçamentário para decisões dos eleitos pela sociedade. Em tal cenário, o Legislativo deveria ainda dividir com o Executivo a responsabilidade pela solidez das contas públicas.

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