06/06/2019
O Núcleo Têxtil da Acig – Associação Industrial de Gaspar - liderado por Douglas Junges, da Serelepe Confecções, fez um interessante diagnóstico e recentemente (dia 22 de maio) o apresentou a líderes locais – empresariais, políticos e comunitários. Foi durante o diagnóstico do DEL – Desenvolvimento Econômico Local. O Núcleo quer transformar a marca Gaspar em sinônimo de Moda Infantil. Está atrasado. Entretanto, é um sinal alentador de oportunidade diferencial de uma geração de empreendedores jovens e que vêm permeando este setor por aqui. Primeiro porque estão fundamentados em dados, um passo vital para este salto possível de resultados e competitividade; segundo, porque há uma aparente união técnica e de propósitos, coisa difícil de se ter em Gaspar, além de se construir capelas e templos. Contudo, penso, por experiência e olhando à realidade local, é preciso superar à inércia do setor público e dos políticos para iniciativas como estas. É que elas demandam compartilhamento de poder. A outra barreira a ser superada, é a de mudar à percepção da concorrência desleal e predadora causada pela informalidade. Ela ainda predomina na grande parte da produção têxtil por aqui, se o objetivo é mesmo de tornar Gaspar a Capital da Moda Infantil.
O Brasil mesmo com a ínfima participação de 2,6% na produção mundial de vestuário para todos os usos, segundo o Núcleo que não citou à fonte e o ano do levantamento, detém a quarta posição. Perde para a China (47,7%), Índia (7,1%) e Paquistão (3,1%). O setor moda no Brasil gera R$182 bilhões por ano, e 33,3% deles vêm da moda infantil. Expressivo! Dos 206,1 milhões vivendo em território brasileiro, 57,6 milhões de pessoas têm menos de 18 anos, número que tende a se estabilizar ou até decrescer devido ao número cada vez menor de filhos concebidos, como bem demonstram a demografia do IBGE. É um fator de risco para se estar sob permanente controle. O Vale do Itajaí é essencialmente uma economia têxtil, apesar da massificada diversificação empreendida a partir de Blumenau, depois do grande movimento sindical de meados da década de 1990. Ele quebrou, literalmente, o modelo das megas organizações têxteis centralizadas, prevalentes até então. Ou seja, há uma cultura e conhecimento bem disseminados neste ambiente produtivo, criativo, de negócios e relacionamentos para ousar como quer o Núcleo Têxtil da Acig.
O que o ele descobriu? Hoje dentro deste quadro de oportunidades, 480 empresas daqui já participam, de alguma forma, do processo de produção e negociação, na tal moda para o público infantil e elas colocam, silenciosamente, Gaspar como o maior produtor deste tipo vestuário no Vale do Itajaí. Uau! Então, o que precisa? Um selo de origem reconhecido. Faltam ao poder público, às lideranças e à própria população descobrirem isso, como por exemplo, perceberam e adotaram há muito tempo, os da vizinha Ilhota. Ela se declarou, e é reconhecida no meio do vestuário brasileiro, como a “Capital Brasileira da Moda Íntima”. A oportunidade dela se instalou naturalmente, com o improviso e sobrevivência, um filão que irá embora se não houver uma mínima de organização para os interesses comuns de todos os que vivem desse tipo de negócio por lá. Comparando, Gaspar parece que neste aspecto saiu na frente. Mas, o marketing de Ilhota, até agora, foi mais eficaz. Aqui, entretanto, há uma predisposição para senso de estruturação dessa competência. E por que? Para se ter uma vida mais longa e superar às mudanças de exigência e humor constantes do setor, assim como a de materiais e competidores, hoje tão bruscas quanto assustadoras. Afinal, à concepção de um carro zero leva oito anos; à de uma coleção de roupas, em alguns casos, menos de um mês, contudo sujeitas às cópias, imitações e pirataria na mesma velocidade.
Contra o improviso, à informalidade e à competição predatória, o Núcleo Têxtil da Acig reconhece que é preciso “incutir” nas pessoas de Gaspar, o “senso de pertencimento” para que elas abracem às causas comuns daqui. Pois é! Lavaram a minha alma mais uma vez. Esse tema tem sido recorrente aqui neste espaço contra o erro, à individualidade, o improviso e à disputa. Ela leva à divisão da comunidade, mas tem sido a assinatura dos políticos, mesmo jovens, contra os cidadãos e futuro deles. Tanto que Ilhota é “capital” no título da moda íntima e Gaspar, a “capital real” da moda infantil, não consegue ser assim reconhecida. E não digam que isso é por causa da imprensa, ao menos neste espaço. Ao contrário. Felizmente, o Núcleo avança, pois sabe que o título – ou o selo - é pouco e que ele pode ser passageiro se não houver de fato uma sustentabilidade econômica, técnica e gestão para isso. Então, o Núcleo sugere constituir “zonas especiais” de negócios; integrar e aprimorar as operações logísticas para flexibilizar, dar rapidez e diminuir custos; criar formas de planejamentos integrados com a mesma finalidade; e por fim, qualificar a mão de obra – um gargalo impiedoso à expansão e reconhecimento do produto final no mercado – bem como fomentar à inteligência produtiva e criativa para o setor – um fator essencial para o diferencial competitivo de agregação de valor. Tomara que os políticos no poder de plantão não tenham inveja da iniciativa e sejam eles, a parte colaborativa que está faltando, sem apresentar, todavia, à conta da contrapartida: a troca de votos de cabresto para tudo continuar como está no atraso. Acorda, Gaspar!
TRAPICHE
O novo secretário de Planejamento Territorial de Gaspar, Cleverton João Batista, parece que caiu no agrado da equipe. Duas coisas diferem ele do antecessor Alexandre Gevaerd: Cleverton costuma estar cedo na secretaria para as reuniões e tomadas de decisões, e nelas, pouca papelada para não se perder à busca de soluções.
Não será surpresa, que diante dos sucessivos desgastes e na proteção de seus negócios, fornecedores da prefeitura de Gaspar, venham fazer com autoridades de fiscalização acordos de leniência, a delação premiada do setor privado para às dúvidas no relacionamento com o setor público. Tem gente com as barbas de molho.
O caso da drenagem e o não asfaltamento da Rua Frei Solano, no Gasparinho, é um caso grave de gestão pública sob todos os aspectos. A começar pelas explicações da prefeitura à Câmara. Faz mais de 90 dias e tudo se enrola. À falta de transparência só aumentam às dúvidas e os degastes contra Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seu governo.
Supondo que a drenagem esteja correta e não se precisará corrigi-la, principalmente nas caixas de passagens feitas bem diferente do licitado, qual a razão para quatro meses depois não se ter o asfalto, infernizando a vida de comerciantes, moradores e motoristas da Frei Solano? Não se trata de esperar o assentamento do barro sobre os tubos.
Primeiro, trata-se da falta de planejamento: fez-se a drenagem e se esqueceu da licitação para o asfalto para cobrir a obra ou à rua. Segundo: todos da prefeitura sabem que estão metidos numa enrascada e tentam saídas políticas para assuntos técnicos e jurídicos. Terceiro: mesmo assim, tentam repassar o incômodo que causaram para os vereadores que estão atrás culpados pelas lambanças e até a imprensa ou esta coluna. Ou seja, ao invés de punir os seus que erraram, Kleber está punindo à população de lá do Gasparinho. Incrível!
E para zombar, enquanto isso, a prefeitura fez licitações e está asfaltando em tempo razoavelmente curto, as ruas José Honorato Muller, José Eberhardt e Dom Daniel Hostins, no bairro Coloninha. Acorda, Gaspar!
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