A UTI do Hospital Emergencial de Gaspar tem dia para fechar. É depois da pandemia e das eleições de outubro - Jornal Cruzeiro do Vale

A UTI do Hospital Emergencial de Gaspar tem dia para fechar. É depois da pandemia e das eleições de outubro

07/05/2020

A UTI de Gaspar de verdade vai exigir modificações física e a criação de uma estrutura e equipe de apoio permanente, com custo que a prefeitura não sabe como vai bancá-la

 

A validade da UTI I

A verdadeira UTI do Hospital de Gaspar nunca esteve no radar da administração de Kleber Edson Wan Dall, MDB, do vice Luiz Carlos Spengler Filho, PP, muito menos na do prefeito de fato, presidente do MDB, coordenador de campanha de Kleber, secretário da poderosa secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa, e agora cumulativamente interino na Saúde, o advogado, Carlos Roberto Pereira. Ele, aliás, já esteve lá na Saúde como titular quando se exilou da antiga secretaria da Administração, depois que governo Kleber perdeu a maioria na Câmara em 2018. Já escrevi várias vezes sobre isso. A penúltima foi na coluna de segunda-feira, feita especialmente para o portal Cruzeiro do Vale, o mais acessado em Gaspar e Ilhota, segundo ferramentas de aferição da própria internet. Tudo isso devido à credibilidade do portal e jornal com 30 anos de circulação; credibilidade feita pelo não atrelamento aos poderosos e pelo enfrentamento aos políticos que se acham donos da cidade no poder de plantão.

A validade da UTI II

Quem trouxe a UTI ao Hospital de Gaspar? A oportunidade e o medo. A oportunidade foi a Covid-19. E o medo foi do governo Kleber. Ele viu que se continuasse na omissão e não agisse para enfrentar – ao menos no marketing - às consequências da pandemia por aqui, poderia se complicar no discurso à reeleição de outubro. Basta lembrar, que há um mês morria em Blumenau o primeiro gasparense infectado pela doença. Depois dos improvisos de lonas, tendas, barracas e anúncios de que a doença por aqui diminuía, mas os números oficiais não, Kleber resolveu alugar uma UTI de dez leitos e improvisá-los no Hospital de Gaspar, um hospital que ninguém sabe quem é o dono, sob intervenção marota do município desde o governo do PT, comendo dinheiro grosso e bom, que está faltando no atendimento aos postinhos de saúde. Tudo sem transparência. Ter e manter de verdade uma UTI e sua equipe de especialistas não são tarefas para amadores. E se quiser tê-la, a prefeitura de Gaspar terá que comprar equipamentos. E já deveria estar vendo isso, incluindo as modificações físicas no Hospital.

A validade da UTI III

Internamente, o governo está dividido. O fato de ser uma UTI alugada a que está montada atualmente no Hospital, improvisada e com data para morrer, poderá para alguns que só pensam em reeleição, prejudicar Kleber na caça aos votos em outubro. Para outros, a instalação improvisada da UTI obriga Kleber assumir compromissos que não pode cumpri-los. Primeiro não sabe o tamanho do rombo que virá depois da pandemia nas contas do município. Segundo, se não está se preparando para uma UTI de verdade, sinaliza que vai deixá-la morrer. Do jeito que está, a UTI não será homologada fora de uma situação de emergência como a que passamos. Ou seja, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Os “çabios” achavam que Kleber nem deveria entrar nesta cilada: a de montar uma UTI alugada com data para ser desmontada e as vésperas das eleições. Devia deixar os enfermos graves para os sistemas de Blumenau, Brusque e Itajaí. Até torceu pelo Hospital de campanha de Itajaí e que as dúvidas colocaram o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, de joelhos, nas manchetes e o fez desistir da ideia.

A validade da UTI IV

Por isso, a “abertura” da UTI foi discreta, num domingo. É que o feitiço tem tudo para virar contra o feiticeiro. Iria inaugurar um aluguel, um improviso, uma UTI que não queria e em meio a uma pandemia? No vídeo que fez e assinou para as redes sociais e aplicativos de mensagens como parte da campanha eleitoral, Kleber até disse que ele queria a UTI. Se quisesse de verdade já teria feito em três anos e meio de governo. Kleber chamou para fotos e selfies os correligionários e comissionados devidamente mascarados. Tudo para eles espelharem a novidade pela cidade e eleitores. Agora quebra a cabeça para a UTI improvisada e alugada não seja mais uma coronavírus que sua reeleição. Acorda, Gaspar!

 

TRAPICHE

Ultrajante. Enquanto a secretaria de Assistência Social é um local de política e o ex-titular se tornou cabo eleitoral que em pleno no horário de trabalho dando entrevistas para ajudar desamparados a acessar os R$600 da Caixa, a vulnerável Marlei Correia de Lima, afunda os caminhos da secretaria daqui em busca de direitos. Acha que o suicídio é o melhor caminho para ser percebida.

Com a CPI afunilando para o relatório final, a prefeitura de Gaspar resolveu destampar as caixas de inspeção da Rua Frei Solano. Tudo para evitar que a empresa técnica contratada pela CPI indique que esta inspeção seja necessária para apurar que o que foi projetado, licitado, contratado, fiscalizado e pago é o mesmo que foi executado.

O mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, que foi por quase três ano e meio diretor presidente do Samae, prometeu para terça-feira passada desnudar o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. Segundo o vereador quando cobrado pela falta de água no Bateias e Barracão, Zuchi teria deixado o Samae sem caixa e sucateado. Na terça, Melato nada falou. Então...

A sessão ordinária de terça-feira que vem na Câmara de vereadores de Gaspar será presencial, mas sem público. Ela será transmitida pela internet. Ufa! Uma lástima o sistema de lá.

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, foi avisado de viva-voz pelos vereadores, que é da autonomia dele fazer regras para evitar a aglomerações que aconteceram essa semana no acesso a agência da Caixa. Fez ouvidos de mouco e deixou as pessoas expostas.

O presidente Ciro André Quintino, MDB, encontrou um jeito de fazer mechandising nas sessões com a máscara. Pode isso, Arnaldo?

O preço da improbidade administrativa em Gaspar é de R$1 mil. No dia 13 de abril do ano passado, um trator da prefeitura fez trabalhos em terras particulares. Feito o Boletim de Ocorrência e instaurado inquérito, há uma proposta de acordo. E ele é muito menor do que se o serviço fosse feito particularmente. Mas, essa não é a questão...

Uma live bem-sucedida pagou um mês da UTI emergencial do Hospital de Gaspar segundo o prefeito. A Câmara que doou R$600 mil, pagou outro mês, segundo os vereadores. O tranco será daqui para frente...

Quando é com eles, tudo em banho-maria. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, até agora não mexeu no seu salário de R$27.356,69, um dos mais altos de Santa Catarina. Enquanto isso, na Câmara, todos caladinhos sobre o Projeto de Resolução que também diminuía por dois meses, em 20% os salários de vereadores e impediria o acesso deles e de funcionários as diárias até 31 de dezembro. Para reajustar o salário de todos, cinco projetos correram em seis dias. Acorda, Gaspar!

Voltou atrás. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que queria reajustar a água e o lixo, voltou temporariamente atrás, alegando que os munícipes já estão em prejuízos com a Covid-19. Ah, bem!

Falta-me espaço. E voltarei ao tema mais tarde. Mas, a política de zoonoses da prefeitura de Gaspar é algo impressionantemente nula como política pública ativa (castração, vacinação e abrigo entre outras).

E se não bastasse esta indiferença do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, tudo custa dinheiro. E em Gaspar essa área está “terceirizada” a excepcionais ativistas e voluntários da Associação Gasparense de Proteção aos Animais – uma entidade sem fins lucrativos e que presta contas públicas de suas arrecadações, atividades, parcerias e resultados.

A Agapa é despolitizada e está sob a liderança de Rafael Araújo de Freitas, um cabo bombeiro militar da ativa e que já foi até superintendente da Defesa Civil do governo Kleber.

Com o advento do coronavírus os abandonos cães e gatos aumentaram muito na cidade, as doações para manter os programas diminuíram – incluindo as da prefeitura; as promoções foram interrompidas e a Agapa entrou no sinal amarelo de sobrevivência.

E a prefeitura de Gaspar, fingindo que essa responsabilidade não é com ela. Acorda, Gaspar!

Edição 1950
 

Comentários

Miguel José Teixeira
11/05/2020 10:20
Senhores,

Toma-lá-dá-cá?

1) "Com demissão de Moro, Bolsonaro considera indicar Aras para o Supremo"
(Folha de S.Paulo)

2) "Aras não denunciará Bolsonaro, avalia o Planalto..."
(Josias de Souza no portal UOL)

É o "pentiunvirato bolsonaro" cada vez mais chafurdando na lama!
Herculano
11/05/2020 07:22
PRIMEIRO FOI O SECRETÁRIO DA SAÚDE QUE CAIU, AGORA O SECRETÁRIO DA CASA CIVIL, TUDO COMO PIVô DE TUDO ISSO.

O GOVERNADOR CARLOS MOISÉS DA SILVA, PSL, AO MENOS NÃO ESTÁ RESISTINDO E MANTENDO GENTE EMBRULHADA NO GOVERNO.

NESSE GESTO HÁ DOIS SINAIS. O PRIMEIRO DELES É DE QUE NÃO ESTÁ DISPOSTO A PASSAR A MÃO EM GENTE QUE ESTÁ LHE COMPLICANDO. O SEGUNDO, E O MAIS PROVÁVEL, DE QUE O GOVERNO É FRACO E NÃO TEM COMO BANCAR GENTE MANCHADA, MARCADA, VICIADA E MEMBROS DE ESQUEMAS DE FACILITAÇÃO DE NEGóCIOS COMO FAZ A MAIORIA DOS GOVERNOS NO BRASIL, NOS ESTADOS E PRINCIPALMENTE NOS MUNICÍPIOS.

AMÂNDIO JOÃO DA SILVA JUNIOR, EX-SECRETÁRIO ADJUNTO DE DESENVOLVIMENTO ECONôMICO SUSTENTÁVEL ASSUMIU A CASA CIVIL DO COMANDANTE MOISÉS
Herculano
10/05/2020 17:51
PARÇA

Do MBL nas redes sociais

Por que Lula faria oposição a Bolsonaro? Bolsonaro conseguiu anular Moro, sancionou a emenda do Freixo pra criar juiz de garantias, restrição a delação premiada, aumento de fundão etc.

Lula deve estar felizão com esse governo.
Herculano
10/05/2020 16:34
PERGUNTAR NÃO OFENDE

ENTÃO SANTA CATARINA INTEIRA SABIA QUEM ERA DOUGLAS DE BORGA, MAS O GOVERNO DE CARLOS MOISÉS DA SILVA, NÃO?

ENTÃO PARA CONTINUAR NO PODER, DOUGLAS DE BORBA TROCA O PP PELO PSL?

E O PP DE SANTA CATARINA SEMPRE ENROLADO....
Herculano
10/05/2020 16:31
Douglas não contaminou nada. O governador que não fez a lição de casa por preguiça ou nariz empinado dele próprio

ISOLADO I

DOUGLAS BORBA CONTAMINOU O GOVERNO MOISÉS, por Roberto Azevedo?, no makingof

O secretário Douglas Borba (chefe da Casa Civil) do governo do Estado, convidado a sair por ter a posição insustentável na administração Carlos Moisés da Silva, praticou o "pede para sair" e solicitou a exoneração do cargo neste domingo.

A demissão era esperada por não existir a menor condição e credibilidade para ele prosseguir como articulador do Executivo junto à Assembleia, demais poderes e órgãos com autonomia financeira ou mesmo às prefeituras e à sociedade.

Borba era uma espécie de contágio em plena pandemia, o "Douglasvírus", que espalhou ao longo de um ano e quatro meses de governo Moisés seus tentáculos por toda a estrutura, com indicações e fieis escudeiros, pressionava os demais integrantes do colegiado com o uso do nome do governador e ganhou muitos poderes, justamente os que provocaram o que agora terá o direito de se defender.

A esperada saída de Borba, ocorre quase um mês depois de ter o nome relacionado a dois assessores jurídicos do Hospital Psiquiátrico Espírtia Mahatma Gandhi, que deveria tocar o primeiro Hospital de Campanha em Itajaí, e ter sido objeto de uma saraivada de acusações por parte da servidora pública Márcia Regina Geremias Pauli e o ex-secretário da Saúde Helton Zeferino que o responsabilizam pela indicação da empresa Veigamed.
 
OS FATOS

Borba se defenderá fora do governo que ajudou a mergulhar em uma crise sem precedentes, com o que já era um fracasso na composição com os deputados estaduais, virou caso de polícia com a divulgação da compra de 200 respiradores da empresa Veigamed e a antecipação do pagamento de R$ 33 milhões.

Ministério Público, TCE, Polícia Civil fizeram a primeira investida da força-tarefa, no sábado (9), com a Operação O2 (Oxigêncio) e a imagem de Borba na sala da DEIC, ao depor, relevada pela NSC TV, foi o desgaste que faltava para o epílogo, a pá de cal na relação já desgastada com o governador.
?
BASTIDORES 

Borba há dias não frequentava mais a Casa d'Agronômica, residência oficial do governador Carlos Moisés, algo que foi quebrado neste domingo (10).

Terá a oportunidade de se explicar às autoridades e à CPI dos Respiradores na Assembleia, mas antes, quem testar positivo para o "Douglasvírus" terá que deixar o governo do Estado, o que, garante, se colocado em fila, mais vai parecer uma diáspora digna dos relatos históricos, sabe se lá em que direção, mas nada livra, por ora, Moisés do desgaste e da possibilidade de ter que enfrentar um processo para manter o cargo.
 
O INFLUENTE

A influência de Douglas Borba, um advogado e vereador em Biguaçú (licenciado desde 2019), na Grande Florianópolis, até o início deste ano filiado ao PP, começou na campanha ao governo em 2018.

Era a figura incansável ao lado de Carlos Moisés, nas ruas, nos eventos, nos debates, desde os tempos das vacas magras, quando o eleitor ainda não relacionava o candidato do PSL ao 17 de Jair Bolsonaro. Com a derrocada de Lucas Esmeraldino (secretário do Desenvolvimento Econômico Sustentável),  que teve que deixar a presidência estadual do PSL depois do início da administração de Moisés, Borba trocou de partido e virou secretário-geral da sigla no Estado e ganhou amplos poderes.
 
A NOTA OFICIAL

Passava das 13h10min deste domingo (10) quando a Secretaria Executiva de Comunicação do governo do Estado, subordinada à Casa Civil, emitiu a nota oficial sobre a saída de Douglas Borba.

QUEDAS E QUEDAS

A saída de Helton Zeferino da Saúde já havia sido dolorida para Moisés, afinal era, além do responsável pela política de isolamento social e combate ao Coronavírus, um oficial do Corpo de Bombeiros Militar, da mesma patente do governador, um irmão de armas, e que defendia mais do que o cargo, a própria honra ao ser envolvido em um denúncia de fraude e suposta corrupção, tanto que, mais tarde, teve os bens indisponibilizados.

A demorada retirada de Borba é igualmente um duro golpe na equipe do governador, que, desde a semana passada sabia, sabia de uma possível rebelião, com muitos cargos postos à disposição e saídas em massa do primeiro escalão se o secretário ficasse no cargo.
Herculano
10/05/2020 16:24
O CLIMA

no twitter @olhandoamare

Quem criou esse militar de alta patente q se acha imune e Santo?

Os q sempre mereceram impeachment, mas sempre se livraram dele sabendo q estavam num puteiro?

Ou os q ñ sabiam q a zona tinha dono, cafetoes e regras ocultas?
Herculano
10/05/2020 16:22
ISOLADO II

EM JANEIRO NÃO HAVIA, MAS AGORA HÁ CLIMA PARA IMPEACHMENT EM SANTA CATARINA, por Upiara Boschi

O governador Carlos Moisés (PSL) começou 2020 com um pedido de impeachment à sua porta. Uma equiparação salarial mal explicada entre os procuradores do Estado e dos da Assembleia Legislativa levou à apresentação da peça por um defensor público insatisfeito. Escrevi na época que não havia clima para impeachment em Santa Catarina. O mundo mudou muito nestes poucos meses, todos sabemos. Agora, em meio à pandemia e com o governo chamuscado por uma compra milionária e suspeita de respiradores, Moisés começa a viver aquilo que em política se chama de tempestade perfeita.

Ninguém sofre impeachment porque cometeu um crime. Ou melhor, ninguém sofre impeachment apenas porque cometeu um crime. É preciso somar à receita a perda quase que completa de base parlamentar e ausência de respaldo popular. Em janeiro tínhamos uma denúncia complexa demais para ser traduzida, um governo com adesão de mais ou menos metade dos parlamentares e uma sociedade ainda dando crédito ao governo da chamada nova política.

O cenário é completamente outro em maio de 2020. Já se passou uma semana que veio à tona a operação que fez Santa Catarina gastar R$ 33 milhões por 200 respiradores para leitos de UTI específicos para tratamento do covid-19 - dinheiro pago por aparelhos ainda não entregues para uma empresa que não apresenta nenhuma garantia de que terá condições de completar o negócio. Uma denúncia facilmente traduzível, que se soma a outras tentativas de compras nebulosas feitas durante a crise do coronavírus.

Na sociedade, a imposição de medidas restritivas para conter o avanço da pandemia colocou Moisés em contraponto ao fã-clube do presidente Jair Bolsonaro - o que garante um claque estridente fazendo oposição 24 horas por dia. Além deles, entidades do setor produtivo e empresários se levantaram contra o que consideravam exagero nas medidas. Ao afrouxar as restrições, Moisés perdeu o apoio dos que defendiam o rigor, sem ganhar adeptos do outro lado. É um governo sem torcida.

Na Assembleia, a base difusa montada no primeiro ano se esfacelou em poucas semanas. Em boa parte pela atuação do secretário da Casa Civil, Douglas Borba, após assumir acumuladamente a posição de secretário-geral do PSL. A formação do time pesselista para as eleições de 2020 causou fissuras nos aliados duramente conquistada, com críticas por aliciamento de lideranças nas bases dos apoiadores. Avolumaram-se, também, as críticas de que Moisés não atende, não recebe e sequer ouve os parlamentares. A crise do coronavírus terminou de dissolver a pretensa base parlamentar, com a bancada do MDB abandonando o barco.

A tempestade perfeita de Moisés tem na Assembleia uma CPI com ampla maioria escancaradamente oposicionista para investigar a compra dos respiradores, uma comissão especial passando pente fino em todos as ações de combate à pandemia e um pedido de impeachment apresentado pelo ex-líder do governo Maurício Eskudlark (PL). Fora do parlamento, Ministério Público de Santa Catarina, Polícia Civil e Tribunal de Contas do Estado avançaram fortemente nas investigações com o Operação O2. Não é um cenário improvável que a vice Daniela Reinher (PSL) tenha que mudar de residência oficial.
Miguel José Teixeira
10/05/2020 10:32
Senhores,

Então o churrasco de sábado na "Pousada da Alvorada" anunciada pelo seu gerentão, era fake (falso)? E, ele mesmo informou que armou toda a falsidade?

É ou não uma confissão pública, prato cheio para a CPI das fake news?

A semelhança entre o "capita" e o "collor" passeando de jet ski era tamanha que, até a "dilmaracutaia" conseguiu perceber e comentar. . .

Messias ressuscitando a corja vermelha!
Herculano
10/05/2020 09:59
EU ESCREVI QUE MUITA ÁGUA IRIA PASSAR POR DEBAIXO DESSA PONTE... E DEPOIS EU SOU O BRUXO... A HISTóRIA É SEMPRE A MESMA E ELA SE REPERTE COM OUTROS PERSONAGENS. Só ISSO

Há o coronavírus, e isso não estava no radar nem de Nostradamus. Felizmente, ele não foi invocado e revisto - até agora, pois malucos abundam - para provar que previu essa desgraça onde haverá mais falidos do que mortos.

Mas, o coronavírus está definitivamente afetando as eleições deste outubro, e que os políticos espertos querem eliminá-la. Tudo para ganhar mais um mandato de bônus. Eles governaram mal, sabem disso, e possuem horror as urnas.

Jair Messias Bolsonaro, sem partido mais uma vez, dos nove que já passou pela vida, era o mito. Não é mais. Está construindo a imagem de um doido mandado por filhos aloprados. Tem gente viúva.

A esquerda do atraso e principalmente o Centrão, o operador ladrão dos pesados impostos do povo e que deixou o PT ser poder, está de volta, e pelas mãos de Bolsonaro. Os bolsonaristas foram ao Cirque de Soleil fazer cursos de malabarismo. Já estão ensaiando apresentações para explicar o novo número.

Sobrou, o militar ilibado por ser militar, o tenente coronel da reserva bem remunerada dos Bombeiros, Carlos Moisés da Silva, PSL. Se ele não cuidar, é o comandante Moisés, o cantor, o isolado, o que culpa a imprensa por fuçar em coisas mal feitas por sua equipe cheia de dúvidas, que vai sobrar. Uma CPI com unanimidade histórica na Assembléia já conseguiu como recorde contra si.

A direita, os conservadores, os que queriam mudanças estão procurando o caminho de casa para de lá, olhar a maré e ver se possuem chances de arrumar outros caminhos, outros messiânicos ou ao menos desculpas para tudo isso.

A Verdade? Foram enganados, mais uma vez. E por que? Estavam cegos ao passado dos novos e com sede de vingança aos que se lambuzavam no poder por anos afio. Acorda, Gaspar!
Herculano
10/05/2020 09:42
SALTO NO ESCURO, por Pedro Malan, economista, Ministro da Fazenda nos governos de Fernando Henrique Cardoso, PSDB, no jornal O Estado de S. Paulo

A superação desta crise - de saúde, econômica, social - exige engenho, arte e serenidade

"Com Jânio no poder, o Brasil dá um salto no escuro", registrou premonitoriamente ao final de 1960 Carlos Castelo Branco, o mais influente jornalista político de sua geração, a propósito da eleição de Jânio Quadros. Como é sabido, o próprio Jânio deu o seu salto no escuro em agosto de 1961, ao que tudo indica, esperando voltar por demanda do povo e/ou das Forças Armadas. A História nunca se repete, mas por vezes rima, com frequência ensina e, de quando em vez, a muitos desatina.

A chegada do coronavírus, com sua exponencial velocidade de disseminação e as exigências que impôs à nossa limitada capacidade hospitalar, representa um tipo de salto no escuro com dor, sofrimento e angústia, especialmente para os mais vulneráveis, que são maioria. A ideologia negativista e o achismo multiplicam, também exponencialmente, custos humanos e sociais da crise, e tornam ainda mais assustador esse salto no escuro.

Pressão estrutural por gastos públicos foi o título comum a uma série de três artigos que publiquei neste espaço entre março e maio de 2017. Em meio a uma pandemia, o aumento expressivo de gastos e o endividamento público são inevitáveis para salvar vidas e mitigar os efeitos da parada súbita da oferta, da demanda e de suas consequências sobre pessoas e empresas. É também fundamental, embora menos consensual, evitar que se tomem agora decisões de gastos que assumam depois caráter permanente.

O Brasil será, apontei naqueles artigos, um "estudo de caso" de interesse e relevância globais pela rapidez de sua transição demográfica, tanto no crescimento populacional dos anos 1950 aos anos 1990 quanto na redução posterior nas últimas duas décadas. Nosso bônus demográfico está a se exaurir: a população em idade ativa cresce a uma taxa menor que a de crianças e idosos e vai se estabilizar na próxima década. Somos um país que corre sério risco de ficar velho antes de superar a armadilha da renda média. A urbanização (sem paralelo no mundo) que conheceu o Brasil gerou, por outro lado, demandas que exigiram e exigem de governos respostas em três grandes áreas: em infraestrutura física, em infraestrutura humana e, por fim, com especial força após a democratização, respostas com relação à pobreza e distribuição de renda e oportunidades.

O coronavírus, com suas consequências, acentuará a pressão estrutural por maiores gastos públicos nessas três grandes áreas. E o fará com uma força inédita em razão da forma como veio escancarar, como fraturas expostas, nossas enormes carências, pobreza e desigualdade. Na resposta a essas carências reside o risco de que governos extrapolem os limites de suas capacidades ?" de tributar, de bem gerir seus gastos, de se endividar, de reformar e de investir. O risco de que adotem cursos de ação que agravem os problemas e os transfiram, acentuados, para futuras gerações. É fundamental, ao longo daqui até 2022, que haja debate sério, baseado em evidências, sobre a composição de gasto público, nos três níveis de governo, e sobre sua eficácia operacional, o que exige avaliação rigorosa dos resultados de planos e programas, e não apenas de intenções e promessas.

Há escolhas particularmente difíceis a fazer. Como sabem todos os que tiveram alguma experiência na vida pública, nem tudo é possível, ou factível, porque desejável. Nunca será demais apontar, como fez recentemente o ministro Barroso (citando Holmes), que "políticas e programas se julgam por seus resultados, não por suas intenções". Entre ambos, com frequência, "desce a sombra", como disse um poeta, e por vezes "uma sombra ambulante", como escreveu, sobre a vida, o dramaturgo maior.

A superação desta crise, que é a um só tempo de saúde pública, econômica, social e humana, exigirá serenidade, engenho e arte. Exigirá o exercício da política entendida como a arte de (tentar) tornar possível amanhã o que parece impossível hoje, ou, como gosta de vê-la Paulo Hartung, entendida como a "arte de pensar as mudanças e fazê-las efetivas". Na difícil quadra em que nos encontramos, parece definição especialmente apropriada.

Em democracias, a frustração com promessas não cumpridas sempre pode ter solução por meio de eleições regulares, nas datas previstas. No período que media uma eleição e outra é comum surgir assimetria importante entre aspirações e a capacidade de materializá-las. Pensar as mudanças e, sobretudo, fazê-las acontecer no mundo real exigem esforço coletivo, capacidade de articulação, coordenação, convencimento, e busca das convergências possíveis. Só por meio de diálogo, compromissos e mediação entre inevitáveis conflitos de interesses será possível avançar. A última coisa que precisa o Brasil é de uma Presidência da República que, em vez de protagonista da solução, seja parte ativa do problema "quase" político-institucional do País.

"O homem sábio ajusta suas crenças às evidências", escreveu David Hume. Os negacionistas, com dissonância cognitiva, reforçam ainda mais suas crenças diante de quaisquer evidências contrárias a elas. Isso inclui o risco de novos saltos no escuro, além daqueles que já demos. Até quando o faremos?
Herculano
10/05/2020 09:36
PREVISõES CATASTR?"FICAS NÃO SE CONCRETIZARAM, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A "Atualização Covid-19 nº15/2020" da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), de 22 de março, previa três cenários para o Brasil: o pior seguia países como Irã e Itália, com 8,6 mil mortes em 215 mil casos até 5 de abril. Mas só em 6 de maio o Brasil chegou a 8,5 mil mortes. Se em março fosse mantido o ritmo de França e Alemanha, seriam 2,8 mil mortes em 70 mil casos há um mês, mas o Brasil ficou abaixo até disso.

MUITO ABAIXO

A realidade é que em 5 de abril eram 486 óbitos em 11 mil casos, muito abaixo até das expectativas medianas, sem mencionar as catastróficas.

QUASE JAPÃO

Se o Brasil tivesse se comportado como o Japão, seriam 154 mortos em 8 mil casos até o dia 5 de abril, o mais próximo do caso brasileiro.

SITUAÇÃO MUDOU

O Brasil tinha em 22 de março 1.546 casos que já atingiam os 27 estados, além de 25 óbitos, apontava o relatório de inteligência.

DF ACIMA DA CURVA

A pior expectativa para o Distrito Federal era de 1.300 casos ainda em março. Só chegou a esse número em maio, com 30 óbitos.


GOVERNADOR E VICE A CAMINHO DO IMPEACHMENT

Impressiona como o governador do Amazonas, Wilson Lima, além dos sete pedidos de impeachment, ainda não tenha sido alvo de operação com tudo a que tem direito, incluindo polícia na porta ao amanhecer. Ele é o tipo que pagou R$736 milhões a fornecedores, retardando o combate ao coronavírus, e depois foi denunciado na Assembleia Legislativa por superfaturar em até 300% compras (erradas) de materiais contra Covid.

PAREDÃO DUPLO

O processo de impeachment na Assembleia do Amazonas tramita contra o governador e seu vice, a "eminência parda" Carlos Almeida.

PLANO B É PIOR

Costuma-se dizer, nos meios políticos de Manaus, que se o atual governador é muito ruim, seu vice seria ainda pior.

POR ACLAMAÇÃO

Pesquisa Realtime Bigdata mostrou que 7 em cada 10 amazonenses apoiam o impeachment do governador e do vice problemáticos.

CASO DE POLÍCIA

Operação que investiga corrupção na Secretaria de Transportes do governo de Pernambuco mostra que autoproclamados "herdeiros" do falecido Eduardo Campos viraram mesmo caso de polícia. Federal.

A JUSTIÇA GOVERNA

Bolsonaro coleciona derrotas diárias na Justiça, neutralizando quase todas as decisões do seu governo. Mal o dia acabava, sexta (8), e ainda houve tempo para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspender os efeitos da MP 936, que retira recursos do Sistema S.

TÁ FEIA A COISA

Nas coletivas, o governador João Doria faz política: sempre dá um jeito de aplicar caneladas em Bolsonaro para não ter que se deter muito nos números reveladores do fracasso do combate à doença em São Paulo.

ALô, MPF

Completou 6 meses em abril a quebra do sigilo bancário do diretor do site Diário do Poder pelo Banco Safra, após matéria denunciando os esquemas do banco no governo Lula, delatados pelo ex-ministro Antonio Palocci - aliás, outra denúncia que sumiu do noticiário.

MILITÂNCIA INDIGNA

Cara-de-pau é condição inescapável da pelegada. Donos de entidades de servidores acham "indigno e vexatório" congelar salários, regalias, privilégios, auxílios moradia, babá, paletó, creche, jornais etc etc.

TSE METE A COLHER

Magno Malta pode ser responsável pela perda de uma deputada federal do PL. O TSE manteve sua ex-mulher Lauriete Malta (ES) no mandato ao considerar justa sua desfiliação devido à "perseguição do ex-marido" e "grave discriminação pessoal" no diretório do partido.

OUTRAS VÍTIMAS DO VÍRUS

A Pesquisa de Impacto no Transporte da CNT indicou que 33% dos transportadores já demitiram devido à pandemia, mas 54,3%, não. Estima-se que até o fim do mês, 42,8% das empresas reduzam quadros.

CONTA SALGADA

Ao contrário do que o noticiário faz parecer, o Brasil enfrenta o Covid19 como pode. Mas o preço é elevado. Pesquisa Alshop revelou que faturamento de 93% dos lojistas de shoppings caiu a menos da metade e 33% deles informaram que demitiram funcionários devido à crise.

PENSANDO BEM...

...este domingo é dia de lembrar e até pedirmos um "desculpe qualquer coisa" às mães de certos políticos evocadas, coitadas, diariamente.
Herculano
10/05/2020 09:28
QUEM SEMEIA VENTO COLHE TEMPESTADE, por Marcos Lisboa, economista, Presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005), no jornal Folha de S. Paulo

O país deve cuidar da saúde e da economia, o que requer ciência e negociação de conflitos

A semana passada revelou, mais uma vez, o descontrole do governo. A Câmara deliberava sobre a proposta de auxílio aos estados e municípios quando ocorreu o inesperado.

A contrapartida pedida pela equipe econômica, e negociada com o Congresso, de não reajustar os salários de muitas categorias de servidores por 18 meses, foi parcialmente derrotada com o apoio do líder do governo.

Ele foi ao palanque e esclareceu que orientara a bancada afrouxar a medida por instrução do presidente, na contramão do que defendia o ministro da Economia. "Eu sou líder do governo, não de qualquer ministério", esclareceu.

O presidente parece saber pouco do que fazem seus assessores ou da complexidade dos problemas. Para piorar, o capitão reformado se apega às frases de efeito descabidas que talvez tenha ouvido de alguém de passagem e as repete em público como se fossem verdades.

"Querem taxar o sol", afirmou a respeito de uma discussão sobre a revisão dos subsídios para o setor elétrico.

Há quase um ano, prometeu, com seu linguajar usual, "um projeto que, com todo o respeito ao Paulo Guedes, a previsão de nós termos dinheiro em caixa é maior do que a reforma da Previdência em 10 anos". Até hoje o país espera saber que medida seria essa.

A sucessão de disparates parece não ter fim. Refém de uma polarização de botequim entre economia e saúde, o governo consegue descuidar de ambas. Caminhamos para ser um dos países que mais vão sofrer com a pandemia.

Será que, em privado, ninguém lhe diz ser constrangedor um presidente saber tão pouco do que fala, incluindo as principais negociações conduzidas pelos seus mais importantes auxiliares? Que as decisões do Executivo requerem técnica e política para enfrentar dilemas difíceis?

O governo, contaminado pelo despreparo do presidente, aparenta acreditar que a política pública se resume a frases de efeito para animar a torcida. Gestão, planejamento, a análise cuidadosa das medidas, incluindo seus possíveis efeitos colaterais, e os detalhes da implementação parecem temas estranhos à atual administração.

A descoordenação prejudica a economia. Parte do governo parece refém de interesses corporativistas. Parte parece defender que a saída da crise seria retomar uma agenda de investimentos liderada pelo setor público. Pelo visto, nada aprenderam com o fracasso dos governos Geisel e Dilma.

Há trabalho de verdade a ser feito. O país deve cuidar da saúde e da economia, o que requer ciência e negociação de conflitos. Apenas distribuir recursos destrambelhadamente pode resultar em fracasso nas duas frentes, além de iniciar uma trajetória insustentável da dívida pública.
Herculano
10/05/2020 08:24
A HORA DE MUDAR DE ESTILO, por Roberto Azevedo, no makingof

Até hoje, os encontros entre o governador Carlos Moisés e deputados estaduais, que ele considera da base, sempre foram tratados às escondidas, como se nunca tivessem ocorrido, com vazamentos pontuais na boca de alguns poucos parlamentares que ousam traduzir em palavras o que parece ser proibido ou em fotos nas redes sociais, dias depois.

As razões sempre foram claras, relacionadas à imagem que Moisés e seu grupo mais próximo, incluindo os eleitores que respaldaram nas urnas o presidente Jair Bolsonaro, e que, ao longo dos últimos dois anos, demonizaram a prática do diálogo e do consenso, da boa política, com o discurso desgastado de que isso era conchavo ou toma lá dá cá, uma abominação que trava qualquer diálogo franco.

Esta prática mudou em Brasília, a tal da nova política, foi esquecida por Bolsonaro, fechado com o chamado Centrão (PP, PL, PTB, Republicanos) e a distribuir cargos em nome da governabilidade, algo para o qual o "romantismo" de Moisés e seu principal articulador político, o vereador Douglas Borba (secretário da casa Civil), sempre torceram o nariz.

Borba caiu no turbilhão de denúncias vindas de todos os lados, sobre a compra de respiradores, a malograda dispensa de licitação do Hospital de Campanha de Itajaí e das pressões que exerce sobre seus colegas de colegiado, que passou dos limites, enquanto Moisés corre risco de perder o mandato porque não tem base, um epílogo de erros elementares de trato com a Assembleia.

NEM EM CASA!

Foi protocolado na Câmara de Vereadores de Biguaçú, o pedido de cassação do mandato do vereador Douglas Borba (PSL), na hipótese dele deixar o governo e retornar ao Legislativo local. A autora é a vereadora Salete Cardoso, mais uma na linha de frente pertencente ao PL, assim como os deputados estaduais Maurício Eskudlark e Ivan Naatz. O argumento da vereadora: a população da cidade não quer ser envolvida no escândalo dos repiradores. Douglas é vereador licenciado.
 
NA PONTA DO LÁPIS

A costura de apoio sempre foi proposta em cima de temas, não sobre um projeto unificado de governo, falta de um refinamento político.

Por isso, na semana que vem, quando o deputado Maurício Eskudlark (PL), ex-líder do governo, protocolar o pedido de impeachment, baseado no argumento de que Moisés pagou com o dinheiro público antecipadamente por um produto que não foi entregue ao Estado, o governador terá correr para garantir os 26 votos para não ser afastado, número que dificilmente tem hoje.
 
E ELA

O porém da tese do impeachment é o governo ir parar nas mãos da vice Daniela Reinehr (Aliança Pelo Brasil), filiada a um partido que sequer tem registro definitivo no TSE e que se apega unicamente na figura de Jair Bolsonaro, pois tal qual Moisés não possui qualquer experiência política.

Sair de um desconforto para entrar em outro, sem a perspectiva que o jeito de administrar mude, é tão temerário na visão de muitos parlamentares do que a oportunidade de fazer Moisés sangrar politicamente, o que abriria portas para 2022 e se evitar a reeleição.
 
ERRO

O governador Carlos Moisés participou de entrevista com o Lide Nacional e mirou a arma para o lado errado ao dizer que a imprensa ignora a presunção de inocência, sem relatar que a administração estadual deu pouca ou quase nenhuma atenção às denúncias sobre os respiradores, só depois avaliou, tardiamente, o peso do estrago.

O que o governo considerou algo normal, previsto em lei em casos de exceção e de calamidade pública, ignora que nem mesmo a teia criada para evitar fraudes e corrupção foi acionada, o que provocou o grande barulho, tampouco conseguiu explicar o porquê do papel do Grupo Gestor ter sido deixado de lado na análise da compra de R$ 33 milhões.
 
MANIFESTAÇÃO

A Associação Catarinense de Imprensa emitiu nota sobre os recentes posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro e do governador Carlos Moisés e outras entidades se manifestaram sobre a infeliz manifestação que incluía a pressão econômica para manobrar os veículos de comunicação.  Leia na íntegra:
"*Informar à sociedade o que é do interesse público, isso é liberdade de imprensa, diz ACI *

A Associação Catarinense de Imprensa (ACI) - Casa do Jornalista vem a público manifestar seu repúdio a qualquer tentativa de cerceamento da liberdade de expressão. Não bastasse a necessidade de se expor a riscos variados para manter a sociedade informada sobre um dos episódios mais dramáticos vividos pela imensa maioria das pessoas em todo o mundo, no Brasil e em Santa Catarina os profissionais de imprensa encaram outro monstro: a intolerância. Esse, diferente do vírus, é demasiadamente humano e intratável. 

Mandar a imprensa "calar a boca" não é apenas desrespeitoso, mas também antidemocrático. Em Brasília, o gesto foi feito aos gritos, de forma descontrolada, pelo Presidente da República. Aqui em Santa Catarina, a opção foi por uma reunião virtual com empresários. Usando de truculência ou de pressão econômica, em ambas as situações a intenção era a mesma: matar o mensageiro que traz más notícias, que aponta erros, que alerta para a possibilidade de correção de rumo. 

Ainda que os governantes de ocasião não queiram ouvir, vale lembrar que a imprensa tem função: informar à sociedade aquilo que é de interesse público, mesmo que não seja de interesse daqueles que ocupam palácios temporariamente. Isso é liberdade de imprensa.
 
Diretoria da Associação Catarinense de Imprensa"
 
O governador se manifestou depois da repercussão, como você pode acompanhar aqui no Making Of em https://bit.ly/35JpqcA .

O secretário executivo de Comunicação do governo do Estado, jornalista Ricardo Dias, divulgou uma nota nas redes sociais que vai de encontro à posição de Moisés no LIDE:?
 
FORÇA-TAREFA

Finalmente, Ministério Público Estadual, Polícia Civil e Tribunal de Contas assinaram uma portaria em que definem uma força-tarefa para atuar em conjunto nas questões administrativas e criminais do rumoroso caso dos respiradores.

O compartilhamento de informações e documentos é essencial para evitar sobreposições ou mesmo eventuais vaidades, e segue o rito de que cada órgão tem sua competência para tratar de determinados pontos, como salientam o procurador-geral de Justiça, Fernando da Silva Comin; o delegado-geral da Polícia Civil Paulo Koerich, e o conselheiro Adircélio de Moraes Ferreira Júnior, presidente do TCE.
 
NÃO DEMOROU

Já no sábado (9), foi desencadeada a Operação O2, onde o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) e a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC) cumpriram 35 mandados de busca e apreensão e sequestro de bens em quatro estados da federação, com a colaboração da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Ministério Público do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Mato Grosso e o Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina, além da Corregedoria do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. A investigação local foca nos 200 ventiladores que custaram, antecipadamente, R$ 33 milhões aos cofres públicos catarinenses, mas vai muito mais além, em torno de um rastro de corrupção pelo país, um aproveitamento criminoso no combate ao Coronavírus. Em um parênteses, "as instituições de controle e repressão lamentam que, no meio de uma pandemia, tenham que ser usados instrumentos extremos como os adotados, destacando, porém, a estrita necessidade da medida, a fim de preservar a probidade administrativa no território catarinense, valor que não pode ser jamais descurado, independentemente de qualquer circunstância". Leia mais em https://bit.ly/3dy1fR0 .
 
QUE COISA!

O secretário Douglas Borba (Casa Civil) se apresentou espontaneamente à sede da DEIC e ficou por mais de duas horas a dar depoimento.

Enquanto isso, técnicos do Instituto Geral de Perícias estiveram no Centro Administrativo do governo do estado, na SC-401, onde fizeram parte da busca e apreensão.
 
CAMINHO CERTO

Era tanta força e empenho que o deputado Ivan Naatz, relator da CPI dos Respiradores, solicitou ao MP que compartilhe as informações e provas que coletar com a comissão na Assembleia.

Naatz já havia dito que trabalharia de maneira integrada com os demais órgãos e até mesmo com os resultados das sindicâncias internas do Executivo
 
MARATONAS

Ao apresentar o novo comandante-geral da PM, coronel Dionei Tonet, o governador Carlos Moisés lembrou que eles disputaram muitas provas de maratona na Academia que forma os oficiais militares do Estado e tinham muitas medalhas.

Tonet tem a missão de manter o trabalho nas ruas em plena pandemia e a tarefa de substituir o competente Araújo Gomes, que assumirá a Secretaria Nacional de Segurança.
Herculano
10/05/2020 08:18
AMBOS SÃO DE MILITARES. RESPECTIVAMENTE DA POLÍCIA MILITAR E OUTRO DOS BOMBEIROS MILITARES.

A VICE-GOVERNADORA DE SANTA CATARINA, DANIELA REIHNER, EX-PSL E HOJE DE MUDA PARA O ALIANÇA PELO BRASIL DOS BOLSONAROS, DESDE QUE FOI ELEITA É OPOSIÇÃO AO GOVERNADOR CARLOS MOISÉS DA SILVA, PSL

AGORA ESTÁ NADANDO POR CIMA DA CARNE SECA DEPOIS DE PEGA TRANSFORMANDO A SUA CASA DE FLORIANóPOLIS. APONTOU ACERTADAMENTE AS DÚVIDAS NO TAL MILIONÁRIO E DESNECESSÁRIO HOSPITAL DE CAMPANHA DE ITAJAÍ E AGORA, NO CABULOSO CASOS DOS RESPIRADORES

O PRONUNCIAMENTO QUE ELA POSTOU NESTE FINAL DE SEMANA NAS REDES SOCIAIS, É UM ENCHIMENTO DE LINGUIÇA AO INVÉS DE SER UM POSICIONAMENTO CLARO E FIRME Á SOCIEDADE. PARECE ELA ESTAR EM CAMPANHA POLÍTICA E SEM SE COMPROMETER COM NADA. ESTÁ APENAS ESPERANDO A HORA DE SENTAR NO TRONO. CADA COISA!
Herculano
10/05/2020 08:09
PEDÁGIOS DO CENTRÃO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Bolsonaro pagará apoio com cargos, desgaste de imagem e risco de deslealdade

Não se sabe ainda o que revelarão as investigações acerca de atos de Jair Bolsonaro, seus filhos e aliados, mas o presidente decerto as teme. Sinal eloquente disso é a decisão temerária de entregar a sobrevivência de seu governo a parlamentares do chamado centrão.

Se o apoio desse grupo político fisiológico custa caro para qualquer governante, o preço se torna muito maior para Bolsonaro, que faz o movimento em meio a uma crise de governabilidade e é refém de seu discurso populista contra o que chama de "velha política".

O primeiro e mais óbvio pedágio pela aliança será pago com cargos no Executivo que controlem verbas. Experientes, deputados e senadores que negociam votos no varejo legislativo não vendem fiado.

Com efeito, o centrão já recebeu do Palácio do Planalto um órgão pródigo em recursos e escândalos - o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), que conta com R$ 1 bilhão no Orçamento deste 2020 e foi apontado pelo Tribunal de Contas da União como uma das repartições federais mais suscetíveis a desmandos.

A tarifa do segundo pedágio deve se mostrar ainda mais inquietante para Bolsonaro e seus aliados. Está em jogo aqui a credibilidade do presidente perante sua base eleitoral mais fiel, seduzida por um discurso que associava barganhas partidárias e corrupção.

Trata-se de uma tese maniqueísta, com origens, diga-se, na Lava Jato ?"cujo maior expoente, o ex-juiz Sergio Moro, acaba de deixar o governo. Naturais em sistemas pluripartidários, coalizões são mais virtuosas quando fundadas em entendimento programático, em vez de na mera cooptação.

Bolsonaro envereda justamente pelo pior modelo ao fazer mesuras para figuras do centrão como os notórios Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valdemar Costa Neto (PL-SP) e Arthur Lira (Progressistas-AL).

Pesquisas de opinião têm mostrado que o presidente perde sustentação entre os mais ricos e escolarizados. Ironicamente, esse desgaste pode ser compensado pelo apoio de trabalhadores de baixa renda que começam a receber o auxílio emergencial de R$ 600, uma iniciativa do Congresso Nacional.

A recente radicalização retórica de Bolsonaro, com ataques mais frequentes e descabelados ao Legislativo, ao Supremo Tribunal Federal e à imprensa, pode ser compreendida como tentativa de mobilizar o eleitor que já vê motivos para decepcionar-se com o "mito".

Por fim, o terceiro pedágio a pagar é o risco de deslealdade. Se o centrão costuma ser um fornecedor confiável de votos em ocasiões definidas, não está em sua índole salvar um governo por compromisso político ou ideológico.

O mercado de votos pode ser volátil nas crises. Se o chefe de Estado perde sustentação nas ruas e crescem as perspectivas de recompensa com uma eventual mudança de governo, o fisiologismo muda rapidamente de lado. Assim se deu no impeachment de Dilma Rousseff (PT), apenas quatro anos atrás.
Herculano
10/05/2020 08:06
O TOQUE DO MITO, por Carlos Brickmann

Midas, rei da Frígia, nação situada onde hoje é a Anatólia, na Turquia, foi um grande mito dos tempos antigos. Tinha um filho famoso, ciumento do pai, de quem se considerava protetor; seu apelido era Ceifador de Homens, por decapitar aqueles de quem desconfiava (talvez Ceifador de Homens tenha ainda outro significado, mas como saber quase três mil anos depois?)

Midas, o Mito, pediu aos deuses o dom de transformar em ouro tudo o que tocasse. Dizem que os deuses, quando querem destruir alguém, atendem a seus pedidos. Midas ficou feliz: transformou uma árvore em ouro, tocou a espada e a tornou de ouro. De volta ao castelo, o primeiro problema: abraçou sua filha e ela se transformou em ouro. Toda a comida virou ouro e ele não conseguia alimentar-se. Os vinhos que apreciava ouro se tornaram. Sozinho, com fome e com sede, apelou novamente aos deuses, que pelo jeito jamais estavam muito longe dele; e a bênção foi retirada para que ele sobrevivesse.

Mas Mito é Mito: Pã, o deus do pé de cabra, desafiou outro deus, Apolo, para um duelo de flauta. O deus Tmolo foi o juiz e deu a vitória a Apolo. Midas se irritou e desafiou o supremo magistrado. Apolo, indignado, fez com que as orelhas de Midas se transformassem em orelhas de burro. Midas passou o resto da vida usando turbante, ocultando de seus súditos as orelhas de burro que ganhara. Estas, não houve milícia de deuses que as removesse.

Esta coluna não é só política. Trata também de História. Que se repete.

O MITO E OS MITOS

O Mito de Midas é lembrado até hoje. Britney Spears, no sucesso Radar, diz que procura "um homem com o toque de Midas". Em Act my Age, Katty Perry diz: "Dizem que tenho de perder meu toque de Midas". E o contrário também vale: cita-se muito o Rei Sadim (Midas ao contrário), que tudo o que toca vira lixo. Botou a mão, estraga. Nem a Namoradinha do Brasil escapou.

REGINA, VOLTE!

Este colunista jamais viu uma novela na vida (nem um capítulo inteiro de alguma). Sempre tive, porém, muita simpatia por Regina Duarte, reforçada em poucos contatos pessoais. Mas a entrevista à CNN, em que teve chilique ao receber mensagem amigável de Maitê Proença, em que menosprezou a tortura ("Sempre houve tortura". "Não quero arrastar um cemitério de mortes nas minhas costas. Sou leve, sabe? Tô viva!"), e usou estilo bolsonariano ao falar dos assassínios da ditadura ("Cara, desculpa, eu vou falar uma coisa assim: na Humanidade, não para de morrer. Se você falar 'vida', do lado tem 'morte'. Por que as pessoas ficam 'oh, oh, oh!'? Por que?!") não é digna da Regina Duarte que admiramos. Por que mudou, mudou por que?

O PODER, MESMO SEM MANDAR

Regina é hostilizada por uma ala do governo e foi desautorizada pelo próprio Bolsonaro, que manteve na sua Secretaria pessoas que ela quis demitir e não abriu caminho para seu diálogo com artistas. Entre a Secretaria e a imagem, escolheu perder a imagem. E vai perder a Secretaria.

CONFESSAR....

Por que o presidente Bolsonaro resiste tanto em entregar ao Supremo o vídeo da reunião em que, segundo informação de Sérgio Moro, ele teria dito que iria intervir na Polícia Federal? Bolsonaro já disse que Moro mentiu. Não há melhor oportunidade de provar que o adversário é mentiroso.

Por que Bolsonaro resiste tanto a mostrar seus exames de coronavirus?

...jamais

Tancredo Neves, um sábio da política, dizia que um segredo só pode ser guardado se ninguém mais o conhecer. Se dois souberem, vai-se espalhar. E uma reunião de Ministério, fora o pessoal que grava o vídeo, fora os seguranças, tem bem mais que duas pessoas. Nunca falta um fofoqueiro.

Dizem que o problema não é exatamente o que Bolsonaro disse a Moro, nem o vocabulário que utilizou. Mas parece que se queixou da China, usando o mesmo vocabulário. E atribui-se a Abraham Weintraub a declaração mais perigosa: o ministro da Educação teria se referido aos onze ministros do STF com palavrões. E é precisamente um desses ministros que vai ver o vídeo.

Quanto aos exames de coronavírus, por que não? Questão de princípios?

OS CAMPEõES DE AUDIÊNCIA

Os internautas do mundo inteiro, menos os do Brasil, estão hoje focados na pandemia. O tempo médio gasto por assunto cresceu 40% (notícias locais), governo e política (37%), tecnologia (40%), estilo de vida (44%), entretenimento (15%), jogos (18%), negócios (33%) ?" em tudo se envolve o coronavírus. No Brasil, política e governo (64%) foram os campeões no aumento de tempo consumido pelos internautas. Tecnologia bateu em 121%, negócios ficaram em 46%. Comida e bebida cresceram 54% - e o Brasil foi um dos poucos países que ampliaram o tempo gasto neste item. As notícias locais cresceram 63%. Pesquisa: Taboola, multinacional de comunicação de conteúdo, com acesso a nove bilhões de page views no mundo.
Herculano
10/05/2020 07:59
O BRASIL DOS MENTIROSOS, BRASIL E INTIMIDADORES PASSADO A LIMPO. STF AVANÇA E ACUA A VALENTIA DOS BOLSONAROS

Escreve Guilherme Amado, no jornal O Globo:

CELSO DE MELLO LIBERA VÍDEO DE REUNIÃO NO PLANALTO PARA MORO, PGR E PF

Ministro autorizou delegada da investigação e Sergio Moro a terem acesso ao material para formulação de perguntas

Celso de Mello liberou para o procurador-geral da República, Augusto Aras, a delegada Christiane Corrêa e para Sergio Moro o acesso ao vídeo da reunião no Planalto em que Moro afirmou ter sido ameaçado por Bolsonaro, caso não lhe entregasse a Superintendência da PF no Rio de Janeiro.

Corrêa é a responsável pela investigação que apura se o presidente tentou interferir politicamente na PF.

O objetivo, segundo a decisão de Mello, seria permitir à delegada e a Moro formular perguntas para os interrogatórios dos ministros do Planalto, que ocorrerão na semana que vem.

Também tiveram acesso liberado o advogado-geral da União, José Levi, e o juiz Hugo Sinvaldo Silva da Gama Filho, que auxilia Mello no gabinete.

O próprio chefe de gabinete de Mello, Miguel Piazzi, será responsável por entregar o material à delegada da PF, que deverá comunicar a todos os demais para que assistam na PF, em um "ato único" ao vídeo.

Segundo Moro, na reunião de 22 de abril, Bolsonaro teria exigido que ele lhe desse a Superintendência da PF no Rio.

Ao fim da decisão, que saiu às 21h55 de hoje [sábado], Mello afirma que em breve decidirá sobre a publicidade parcial ou total das imagens.
Herculano
10/05/2020 07:55
da série: um retrato que mostra como os políticos tratam a saúde como um negócio lucrativo para poucos e fodam-se os doentes, desde que não sejam eles próprios. E nada está tão longe daqui, nos exemplos que abundam pelo país afora.Vampiros.

LEITOS DE HOSPITAIS DO RIO ESTÃO VAZIOS PORQUE INSTITUIÇõES FORAM SUCATEADOS, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Enquanto governos abrem hospitais de campanha e seus hierarcas dão entrevistas, cidade tem cerca de 1.500 leitos vazios

A epidemia expôs a ruína da medicina pública do Rio. Enquanto os governos abrem hospitais de campanha e seus hierarcas dão entrevistas, a cidade tem cerca de 1.500 leitos vazios. Mais de mil deles estão em hospitais federais e universitários. Estão vazios porque as instituições foram sucateadas (e sucatearam-se) em termos de equipamentos e recursos humanos.

O governo do município ofereceu mil vagas para médicos com salários de R$ 4.411 a R$ 11 mil por jornadas de 12 a 30 horas semanais. Apareceram muitos currículos, mas os interessados chegam num ritmo de pinga-pinga.

O Hospital Universitário da UFRJ, no Fundão, tem 200 leitos, ganhou 60 outros e, destes, 50 estão vazios. Ele foi construído sonhando ser o melhor do Brasil. O Hospital dos Servidores do Estado (federal), que já foi o melhor, está com 130 leitos vazios.

Essa desgraça aconteceu por razões compreensíveis e também por motivos irracionais. Se o município oferece mil vagas temporárias e elas ainda não foram preenchidas, os médicos têm seus motivos, ora porque querem ganhar o que acham justo, ora porque não pretendem fazer biscates.

Os motivos irracionais aparecem quando se vê o caso dos hospitais universitários federais. Durante o governo de Dilma Rousseff foi criada a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, a Ebserh, e ela contrata celetistas, nada a ver com biscates. A UFRJ recusou-se a aderir às suas normas. Eram muitos os argumentos, mas o que robusteceu as militâncias foi a obrigação de bater ponto. Num debate dessa questão houve tapas e cusparadas.

Na rede privada, o médico é contratado por um salário em troca de uma carga horária. Na pública, vigoram um regime de dedicação exclusiva (com direito a manter a própria clínica em nome de um parente) e uma feira livre onde há os celetistas, as pessoas jurídicas, os terceirizados e os terceirizados dos terceirizados. Nessa barafunda de cargas horárias e vencimentos, há instituições que funcionam, mas avacalhou-se a estrutura.

Essa desorganização foi impulsionada no governo do "gestor" Sérgio Cabral e de seu secretário de Saúde, Sérgio Côrtes. Ambos foram para a cadeia e Cabral continua lá.

PAPAGAIOS DE CRISE

Existem dois tipos de papagaios: o de pirata, que aparece atrás de quem quer que seja, e o de crise. Este é especial, vive no andar de cima e canta o que os ministros da Economia querem ouvir. Guilherme Benchimol, da XP Investimentos, brilha nessa espécie, mas exagerou.

Quando a curva dos mortos apontava para a marca dos dez mil e num só dia ia-se para o recorde de 600 óbitos, o doutor disse o seguinte:

"Eu diria que o Brasil está bem. Nossas curvas não estão tão exponenciais ainda, a gente vem conseguindo achatar. (...) O pico da doença já passou quando a gente analisa a classe média, classe média alta. O desafio é que o Brasil é um país com muita comunidade, muita favela, o que acaba dificultando o processo todo".

De fato, um funcionário da XP foi contaminado pelo vírus em fevereiro, durante uma viagem à Itália, mas favela "dificultando o processo" é coisa que nunca se ouviu.

Benchimol fala bem de si ensinando que "todo fundo do poço tem uma mola". Descobriu, mas não entendeu, que no fundo do poço há também favelas.

A MARCHA

Depois da passeata de Bolsonaro em direção ao Supremo Tribunal Federal e da realização de uma reunião nas dependências da Corte para discutir uma de suas decisões, o presidente Dias Toffoli pode revolucionar a história da Casa, alugando dependências do prédio para outros eventos.

O salão nobre, com sua salada de móveis, serviria para coquetéis. O salão Branco serviria para velórios e o dos Bustos acomodaria festinhas de aniversários de crianças.

CURIó, OUTRO MITO

Bolsonaro recebeu o "Major Curió" no Palácio do Planalto e, mais uma vez, aos 85 anos, Sebastião Rodrigues de Moura foi identificado como um dos principais militares envolvidos no combate à guerrilha do Araguaia. Essa qualificação é falsa.

Ele é apenas o mais exibido, com fortes momentos de mitomania.

Nos tempos estranhos de hoje, Curió pode ser lembrado pelo ângulo de seu mito e do abstruso envolvimento de militares na política.

Enquanto os outros oficiais que estiveram no Araguaia voltaram à caserna, ele manteve sua influência na região. Primeiro, distribuindo terras. Depois, enroscando-se no garimpo de Serra Pelada, a maior mina de ouro a céu aberto do mundo.

Nessa condição, liderou os garimpeiros na maior revolta popular já ocorrida na Amazônia. Curió elegeu-se deputado federal e, pelo PMDB, tornou-se prefeito de uma cidade batizada de Curionópolis. Em 1975, quando não havia mais guerrilha no Araguaia, foi preso no Sul do Pará um sujeito que não sabia dizer de onde vinha nem para onde ia. Curió interrogou-o, ele se confessou guerrilheiro e trouxe-o para o Rio de Janeiro.

O general Leônidas Pires Gonçalves, chefe do Estado Maior do I Exército, pediu que seu assistente fosse buscar o preso no Galeão. No caminho, o sujeito contou que a família o mandava para o Rio quando precisava de internação hospitalar. Ao chegar ao DOI, o oficial mandou fotografá-lo e determinou que fizesse uma checagem nos hospícios da cidade.

Horas depois, uma patrulha voltou:

- Positivo, capitão, ele é freguês do Pinel.

(O doido, guerrilheiro confesso, havia ficado seis semanas preso com direito a fuzilamento simulado.)

VALENTIA DE MORO

No seu depoimento à Polícia Federal o doutor Sergio Moro voltou a tratar da ursada que fez com a deputada ultrabolsonarista Carla Zambelli.

No dia de sua demissão ele divulgou uma troca de mensagens com a senhora na qual ela escreveu: "Por favor, ministro aceite o [Alexandre] Ramagem e vá em setembro para o Supremo Tribunal. Eu me comprometo a ajudar a fazer Bolsonaro prometer".

Moro respondeu: "Não estou à venda".

Valentia de WhatsApp é coisa manjada. Zambelli nada fez de condenável. Pediu-lhe que aceitasse uma coisa que não queria fazer. E daí? Comprometeu-se a azeitar sua nomeação para o Supremo. Nada de anormal, sobretudo tratando-se de uma parlamentar, mas Zambelli era mais que isso.

Dois meses antes, Moro e sua mulher haviam sido seus padrinhos de casamento com o coronel da PM cearense Aginaldo de Oliveira, chamado por colegas de "Caveira". Doutor Moro dançou "La Vie en Rose" com a comadre Zambelli e discursou, chamando-a de "guerreira".

No depoimento à Polícia Federal, Moro disse que "lamenta muito ter repassado mensagens trocadas em privado, mas que não teria como aceitar as afirmações feitas pelo presidente". Há uma certa sonsice nessa frase. Se não aceitava o que dizia Bolsonaro, esse era um problema dele com o capitão, a comadre não precisava ser envolvida.
Herculano
09/05/2020 18:41
A PEQUENA CHANCE DA CARTILHA GUEDES, por Míriam Leitão, no jornal O Globo

Bolsonaro seguirá a cartilha de Bolsonaro. Paulo Guedes deveria fixar seus pontos "valeixo", para demarcar terreno de até onde aceitará ceder

Quando distribui cargos ao centrão, o presidente está voltando ao seu leito natural. Ele foi de nove partidos, todos fisiológicos, antes de chegar à Presidência com o discurso de combate à corrupção. Nenhuma surpresa que ele agora esteja com seu balcão de negócios ativo. O discurso contra a "velha política" sempre foi para inglês ver. A grande dúvida é quais as concessões que serão pedidas ao Ministério da Economia no projeto de blindagem do mandato de Jair Bolsonaro. Terá Paulo Guedes também o seu ponto "valeixo", ou seja, uma questão que considere inegociável?

O presidente Jair Bolsonaro tem pressionado a Receita Federal para perdoar dívidas tributárias das igrejas evangélicas, chegando inclusive a reunir em seu gabinete o secretário José Tostes, da Receita, com o deputado David Soares (DEM-SP), filho de R.R.Soares, um dos pastores que sustentam o bolsonarismo, e cobrar uma solução, segundo informou o "Estado de S. Paulo". A igreja dos Soares deve R$ 144 milhões ao fisco. Na equipe econômica o que se diz é que o perdão de dívidas só pode ser concedido através de lei. Não pode ser um acerto entre amigos, como quer o presidente. Os débitos das igrejas são antigos, aliás, nada a ver com a pandemia.

Guedes pode achar que isso não é intromissão, mas qualquer ministro da Economia preocupado com os cofres públicos acharia. Há muitos outros fios desencapados na economia. Esta semana, o ministro conseguiu encapar um: os aumentos futuros do funcionalismo.

Ele queria uma redução de jornada e de salário como aconteceu com o setor privado, ainda que em percentual bem menor. Mas não conseguiu. Não teve força nem para propor o congelamento de salários do funcionalismo federal, então negociou com o senador Davi Alcolumbre para que no projeto de socorro aos estados constasse a suspensão dos reajustes para os servidores estaduais, municipais e, na onda, fosse incluído o funcionalismo federal.

Quando a ideia surgiu no projeto da Câmara, o primeiro telefonema que o relator recebeu foi de um ministro militar, o segundo, de um militar ministro. Pedindo para se excluir as Forças Armadas. Aliás, no dia 5 de maio, o Diário Oficial da União trouxe uma portaria normativa do Ministério da Defesa instituindo a Comissão Permanente de Remuneração dos Militares. Ela terá a prerrogativa de se reunir com o Ministério da Economia para discutir aumentos, vai se reunir sempre antes de se mandar a LDO e o projeto do orçamento. E se propõe, entre outras coisas, a "tornar as carreiras das Forças Armadas competitivas frente a outras alternativas, sejam elas públicas ou privadas" e "prover segurança econômica aos membros da carreira militar, quando do ingresso na inatividade".

A frase "eu sigo a cartilha de Paulo Guedes" dita pelo presidente terá vida curta. Na noite anterior, o presidente estava instruindo o líder do governo a defender a retirada de categorias da proibição de aumento. Depois, prometeu ao ministro que vai vetar o que defendera.

A verdade é que Bolsonaro seguirá a cartilha Bolsonaro, principalmente agora que está às voltas com ameaças concretas ao seu mandato. Dado a delírios persecutórios, o presidente está vendo concretizarem-se os seus temores. Já mostrou que lutará pelo mandato entregando todos os anéis que carregou nos dedos da mão que prometia praticar uma nova política. O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) é um clássico do é dando que se recebe. Já foi entregue aos partidos. Mas a lista do centrão é grande e inclui até diretorias de bancos estatais.

Mesmo que Paulo Guedes ache tudo isso normal, há o passo seguinte. Quem nomeia quer defender as políticas do seu grupo de interesse. Os lobbies costumam ter um endereço: o caixa do Tesouro. Na melhor das hipóteses, Guedes passará o tempo jogando na defesa para evitar saques aos cofres públicos. É muito difícil nesse ambiente que o Ministério da Economia consiga tocar algum projeto de reformas estruturantes no pós-pandemia.

O que o ministro da Economia deveria fazer agora é demarcar o terreno com os seus "valeixos", pontos inegociáveis, concessões que se forem exigidas ele não aceitará. Não adiantará acusar Rodrigo Maia, ou brigar com Rogério Marinho na reunião ministerial. O risco ao seu projeto virá do próprio presidente, Jair Bolsonaro.
Herculano
09/05/2020 18:36
COMO CNN FOI DE DIREITA A COMUNISTA APóS REVOLTA DE REGINA DUARTE, por Felipe Pinheiro, do UOL.

A entrevista de Regina Duarte para a CNN Brasil causou indignação de artistas em relação à postura da secretária especial da Cultura, que ficou desconfortável com uma crítica em vídeo feita pela atriz Maitê Proença e minimizou a ditadura militar no país, acirrando os ânimos nas redes sociais entre apoiadores e opositores ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A discussão remete à expectativa pela estreia do canal de notícias, que para bolsonaristas seria um veículo isento de ideologias de esquerda.

Com a polêmica entrevista da ex-atriz da Globo, uma parte dos telespectadores se revoltou contra a CNN, chamando a emissora de "comunista". Muitos também se surpreenderam e elogiaram os desempenhos dos apresentadores Daniela Lima, Reinaldo Gottino e do repórter Daniel Adjuto, que entrevistou Regina direto do gabinete dela em Brasília. https://t.co/Dm19Cb8a8k Damn -- Dunning (@SKML45) May 8, 2020.

Herculano
09/05/2020 18:03
GOVERNO NOVO. PRÁTICA ANTIGA

O secretário de Administração Jorge Tasca, pediu para deixar o governo de Carlos Moisés da Silva, PSL, em meio ao escândalo da compra dos respiradores milionários pagos antecipadamente e que até este sábado ainda não havia chegados sequer ao Brasil, como estava previsto.

O governador pediu a Tasca avaliar o pedido e ofereceu para ele a Casa Civil, onde titular Douglas Borba, enrolado e apontado como pivô do escândalo, já saiu
Herculano
09/05/2020 17:16
CRISE DOS RESPIRADORES. DOUGLAS BORBA DEIXA A CASA CIVIL DO GOVERNO MOISÉS,por Renato Igor, no NSC Total, Florianópolis SC

Douglas Borba não é mais secretário da Casa Civil de Santa Catarina. O governo não confirmou ainda. Mas é fato. Uma reunião na Casa da Agronômica, comandada pelo governador Carlos Moisés da Silva, discute, na tarde deste sábado (9), a reformulação no primeiro escalão.
Borba sai em função da investigação em torno da compra de 200 respiradores, ainda não entregues, pelo governo do Estado com pagamento antecipado de R$ 33 milhões. Uma força-tarefa entre Ministério Público, Tribunal de Contas do Estado e Polícia Civil cumpriu 35 mandados de busca, apreensão e sequestro de bens em Santa Catarina e em outros três estados na manhã deste sábado. A Operação, batizada de O2, conseguiu o bloqueio de R$ 11 milhões e apreendeu, em espécie, R$ 300 mil em uma empresa no Rio de Janeiro.

O caso já havia resultado na saída do secretário de Saúde, Helton Zeferino. Em depoimento, Zeferino disse que o secretário da Casa Civil, Douglas Borba, indicou a empresa contratada para a compra dos 200 respiradores por R$ 33 milhões e pressionou o governo por contratos.

Considerado o braço direito do governador Carlos Moisés, Borba prestou depoimento na manhã deste sábado na Polícia Civil.

O governador alega que a compra foi feita em momento de "desespero". O caso já motivou a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa.
Herculano
09/05/2020 17:11
MAIS UM QUE ESTÁ CAINDO NO GOVERNO DE CARLOS MOISÉS DA SILVA, PSL

O chefe da casa civil do governo de Carlos Moisés da Silva, PSL, Douglas Borba, será o próximo a sair "a pedido".

E o governador precisava de mais este desgaste? Qual a razão dos que estão no poder em resistir às evidências que os afundam ainda mais?
Herculano
09/05/2020 10:16
A VERDADEIRA IMPRENSA É UM PROBLEMA SÉRIO PARA OS POLÍTICOS E GESTORES PÚBLICOS NO PODER PLANTÃO.

PARA CHEGAR LÁ, ELES USAM AS MANCHETES SE APROVEITAM DELAS PARA DESMORALIZAR, ABATER ADVERSÁRIOS E JURAREM QUE SÃO OS NOVOS E VÃO MUDAR EM FAVOR DO POVO.

QUANDO ELEITOS QUEREM QUE A MESMA IMPRENSA QUE LHE AJUDOU POR SER HONESTA COM OS LEITORES E LEITORAS SE TORNE MANSA AOS DESATINO QUE QUEREM ESCONDIDOS COMO PRATICAVAM OS VELHOS POLÍTICOS QUE SUBSTITUÍRAM

O governador Carlos Moisés da Silva, PSL, está reclamando da imprensa no caso do tal Hospital de campanha que teve que abortar em Itajaí.

Moisés está reclamando pelas lives - onde se cerca de gente para lhe dar aval - lives que viraram moda e onde um só fala e a imprensa escuta, principalmente, do escandaloso caso dos respiradores.

Todos os dois casos foram denunciados e tiveram ampla repercussão pela imprensa. Só depois, seguido por políticos, numa Assembleia onde o governador por falta de habilidade não possui uma base de proteção, é que repercutiu. E assim mesmo em época de pandemia, onde as reuniões presenciais estão prejudicadas. Se a Assembleia estivesse em plena atividade o buraco teria sido mais em baixo.

Resumindo, o que o governador reclama e a maioria dos políticos o acompanha neste tipo de assunto, inclusive aqui em Gaspar e Ilhota, é a falta de transparência. É a de antecipar problemas, esclarecimentos e soluções. Punir quem tem que punir. Expurgar, quem tem que expurgar. Sacrificar quem tem que sacrificar, mesmo injustamente para proteger uma causa, a imagem de um governo. É tomar atitude.

Se não fosse parte da imprensa catarinense - principalmente a ND Mais, do grupo Petrelli e alguns blogs e colunas novas - levantar este assunto, e sempre alimentada por gente que está fiscalizando o governo e não por iniciativa própria desses canais, porque em Santa Catarina perdeu a embocadura depois da passagem maléfica da RBS SC, os catarinenses estariam colocando os seus escassos e pesados impostos no lixo, mais uma vez.

Insisto, foi só depois da insistência de parte da imprensa que o Ministério Público, a controladoria do estado que ainda está passando panos quentes em tudo isso, bem com o Tribunal de Contas do Estado é que foram atrás das histórias, indícios e denúncias

E para piorar, o próprio governador, o comandante Moisés, um tenente coronel da reserva da polícia militar, recebeu pernadas da própria vice-governadora, Daniela Cristina Reinehr, uma advogada de origem militar, que saiu do PSL de Moisés e está em trânsito para o Aliança pelo Brasil.

Então não se trata exatamente da imprensa que até recebeu dinheiro do governo do Estado como ele próprio insinuou, como se isso, as migalhas, fosse para ficar calada nas atrocidades dos milhões dos catarinenses.

Trata-se da realidade que se não foi o próprio Moisés quem originou tudo isso e parece que isso ao menos está fora de cogitação, foi Moisés como governador, como comandante, como responsável quem permitiu, encobriu ou confiou demais em gente que não poderia confiar e está pagando e vai pagar caro por isso. Simples assim!

Eu governador já teria colocado as cartas na mesa e a corda no pescoço e todos no cadafalso, para mostrar ao menos que é um governante comprometido com o resultado para o estado e os cidadãos e não para os seus, muitos deles, herdados de governos que condenou quando em campanha. Também simples, assim!

Primeiro Moisés deve se queixar ao seu jeito de governar, depois deve às dúvidas aos seus infiéis - ou incompetentes, ou espertos demais - que nomeou para lhe auxiliar; mais: falta a Moisés uma base política mínima de sustentação no governo e na Assembleia onde todos assinaram a CPI sem pestanejar diante de tanta gravidade exposta; Moisés antes de reclamar da imprensa deve fazer isso à sua própria vice que avaliza as notícias que abundam por aí; deve reclamar ao seu controlador que nada controla, não o protege, que é um acadêmico decorativo e burocrata, que ainda que ser o capa preta do governo. E por fim, antes de reclamar a imprensa, Moisés deve não se reclamar, mas gastar o seu tempo para se defender no TCE e MP.

E a imprensa? Está no no papel dela de relatar tudo isso. Ah, mas ele alega em sua defesa que fez 90% certo e pode ter errado em 10%. A um político e gestor público se espera que se acerte 100%.
E os 10% que estão sob duvidas, governador, são capitais para a pandemia, para a sua imagem e para o desperdício que continua e que o senhor prometeu combater e cortar.

E Gaspar não foge à regra. Agora, a culpada por Kleber Edson Wan Dall, MDB, estar empacado nas pesquisas e com má imagem de gestor, é culpa não da imprensa, mas desta coluna. O prefeito de fato, o ex-coordenador de campanha de Kleber, o presidente do MDB, o secretário da poderosa secretaria da Fazenda e Gestão Pública, o advogado como curioso está tocado interinamente a secretaria da Saúde em plena pandemia, Carlos Roberto Pereira, acha que tem que me calar. E não é de hoje. Ele também um dos que usou a coluna para alvejar os adversários, agora acha ela perigosa demais. Será por que?

Ou seja, estão dando poder demais para as minhas incômodas verdades. Estão intimidando, constrangendo, censurando. Então todos enganados. Munição não falta. Carlos Moisés já está de cócoras. Virá mais, muito mais. Acorda, Gaspar!
Herculano
09/05/2020 09:23
POLÍCIA CIVIL COM O MINISTÉRIO PUBLICO VAI ATRÁS DOS QUE MONTARAM A FARRA DOS 33 MILHõES COM RESPIRADORES QUE NÃO RESPIRAM EM SANTA CATARINA

FORÇA-TAREFA CUMPRE 35 MANDADOS DE BUSCA E APREENSÃO E SEQUESTRO DE BENS

Conteúdo da área de comunicação do colegiado de Segurança Pública de Santa Catarina. Na manhã deste sábado (09/05), a força-tarefa composta pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) e pela Polícia Civil desencadeou a Operação 02 (oxigênio). O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO) e a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (DEIC) estão cumprindo 35 mandados de busca e apreensão e sequestro de bens em quatro estados da federação.

A operação ocorre em 12 municípios e envolve aproximadamente 100 policiais civis, militares e rodoviários federais de Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso. Também colaboram com as investigações a Polícia Civil do Rio de Janeiro, Ministério Público do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Mato Grosso e o Instituto Geral de Perícias de Santa Catarina, além da Corregedoria do Corpo de Bombeiros Militar de SC.

A força-tarefa investiga crimes contra administração pública em processo de dispensa de licitação para aquisição emergencial de 200 ventiladores pulmonares, a fim de auxiliar no enfrentamento da covid-19, ao custo de R$ 33 milhões pagos de forma antecipada, sem a exigência de qualquer garantia e sem as mínimas cautelas quanto a verificação da idoneidade e da capacidade da empresa vendedora.

As investigações, até o momento, identificaram fraude no processo de aquisição dos respiradores, mediante um sofisticado esquema criminoso que envolveu a corrupção de agentes públicos, falsidade ideológica em documentos oficiais, criação de empresas de fachada administradas por interpostas pessoas e lavagem de dinheiro.

A celeridade na coleta de farto conjunto probatório inicial e a rápida formulação dos pedidos que embasaram as medidas cautelares só foram possíveis em razão do trabalho realizado em parceria pelos policiais da DEIC e do GAECO com os Promotores de Justiça do Estado de Santa Catarina. As apurações, até o presente momento, contaram com total colaboração dos órgãos públicos vinculados ao Governo do Estado de Santa Catarina.

As instituições de controle e repressão lamentam que, no meio de uma pandemia, tenham que ser usados instrumentos extremos como os adotados, destacando, porém, a estrita necessidade da medida, a fim de preservar a probidade administrativa no território catarinense, valor que não pode ser jamais descurado, independentemente de qualquer circunstância.

Detalhes da investigação permanecem sob sigilo.

Serviço:

O Chefe do MPSC, Fernando da Silva Comin, o Delegado-Geral da Polícia Civil, Paulo Norberto Koerich, e o Presidente do TCE, Adircélio de Moraes Ferreira Júnior, irão conversar com a imprensa às 11 horas deste sábado por videoconferência. Daqui a pouco enviaremos o link para a conversa virtual.
Herculano
09/05/2020 09:16
PENSANDO BEM. GOVERNOS QUE USARAM O CENTRÃO COMO TÁBUA DE SALVAÇÃO OU FORAM DERRUBADOS OU ENFRAQUECIDOS

Fernando Henrique Cardoso, PSDB, não fez sucessor

Luiz Inácio Lula da Silva, PT, escapou por pouco do Mensalão. O Centrão ajudou na salvação, mas principalmente porque foi protegido nas instituições que deveria investigá-lo e puni-lo recheadas de gente, corporativista da esquerda intelectual e do atraso.

Dilma Vana Rousseff, PT, foi engolida pelo Petrolão inventado por Luiz Inácio da Silva. Ela nem sabia que estava num barco a pique

Michel Temer, MDB, ficou um morto vivo até a saída da presidência.

Jair Messias Bolsonaro, sem partido, fez um diagnóstico correto dessa praga como associação, mas fez tanta bobagem, e não restou se alinhou ao Centrão. Ele vai sugar o quanto puder, como é sua prática e marca, e deixar Jair e sua turma aos urubus quando a carne se tornar podre.

Herculano
09/05/2020 09:07
UM GOVERNO DETERIORADO, por Merval Pereira, no jornal O Globo

À medida que os fatos políticos vão ocorrendo sem que as barreiras institucionais sejam eficazes para conter o ímpeto corrosivo do presidente Bolsonaro, preocupa que militares antes considerados capazes de incutir bom-senso ao governo estejam avalizando uma visão paranóica da situação política.

O General Vilas Boas, ex-comandante do Exército e figura icônica entre seus pares, encontrou palavras para elogiar a entrevista à CNN da ainda secretária de cultura Regina Duarte onde ela, em vez da "sensibilidade" que o general vislumbrou, demonstrou uma absurda indiferença diante das mortes pela Covid-19, das torturas e mortes na ditadura militar.

A mesma insensibilidade que o presidente Bolsonaro explicitou ao ir de supetão ao Supremo Tribunal Federal (STF) pressionar pelo fim da quarentena, num momento em que o país claramente entra na fase aguda da pandemia e tem o número de mortes diário aumentando dramaticamente.

A presença de seus ministros de origem militar na comitiva mórbida indica que eles pensam igual a Bolsonaro, ou se submeteram a seu desprezo pelo sofrimento alheio, numa visão utilitarista da vida em sociedade.

Ainda ontem, quando novo salto levou os óbitos à casa dos 700 diários, caminhando para a trágica marca de 10 mil mortes devido à Covid-19, Bolsonaro fez troça sobre uma churrascada que pretende realizar hoje no Palácio da Alvorada.

O estilo provocador do presidente já é conhecido de todos. Ele pretende constranger aqueles que lhe impõem limites, mesmo instituições como o Supremo, que tem o papel de indicar ao presidente quando ele saiu do que a Constituição determina.

Foi assim que assessores como o General Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ou o chefe do Gabinete Civil General Braga Neto, ou o Chefe da Secretaria de Governo, General Luiz Eduardo Ramos, transformaram-se em meros cumpridores de ordens, perdendo a qualidade de formadores de políticas governamentais.

Os três estão arrolados como testemunhas no inquérito do Supremo sobre a tentativa de interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal, e em conjunto sentiram-se afrontados pelos termos usados pelo ministro Celso de Mello ao convoca-los.

O que é uma formalidade burocrática, afirmar que os que não comparecerem na data marcada terão que fazê-lo "coercitivamente, ou debaixo de vara", foi considerado uma afronta aos militares, que se consideram acima de qualquer suspeita.

O mesmo tratamento foi dado aos deputados que estão convocados e demais servidores públicos, sem que os termos fossem contestados. Esse sentimento de estar acima dos procedimentos normais em casos como esse desbordou em uma nota oficial do Clube Militar, que acusa o ministro decano do Supremo de ter ódio do governo federal, e considera "falta de habilidade, educação, compostura e bom-senso" o tratamento recebido pelos militares.

Esse sentimento alimenta as convocações para manifestações este fim de semana, contra o Supremo e o Congresso, e a favor da intervenção militar. Essa é uma demonstração de que os militares não deveriam participar da vida política do país, pois vestem ternos civis, mas se consideram uma casta diferenciada.

O recente balão de ensaio, que não prosperou diante da reação negativa, de colocar o General Luiz Eduardo Ramos no comando do Exército em lugar do General Edson Leal Pujol, faz parte dessa paranóia de Bolsonaro de só ter em seu entorno pessoas que digam amém sem contestar.

O General Pujol tem uma postura mais contida na relação com a política, e teria irritado o presidente ao dar o cotovelo para cumprimentá-lo em uma solenidade, deixando-o com a mão no ar. Uma demonstração de que segue as normas internacionais e nacionais de afastamento social, interpretada por Bolsonaro como uma atitude afrontosa. O que denota um governo deteriorado por uma visão autoritária do poder.
Herculano
09/05/2020 08:55
MAIORIA ACHA QUE STF 'INTERFERE MUITO' NO GOVERNO, por Cláudio Humberto na coluna que publicou neste sábado no jornal Folha de S. Paulo

Levantamento nacional do instituto Paraná Pesquisas indica que a maior parte dos entrevistados acha que o Supremo Tribunal Federal (STF) está se excedendo em decisões que afetam atos de exclusiva prerrogativa do presidente Jair Bolsonaro. Segundo essa pesquisa, realizada para esta coluna e para o site Diário do Poder, 39% dos brasileiros consideram que o STF "interfere muito" no Executivo contra 34,1% que acham "pouco".

18,8% ACHAM POUCO

Do total de entrevistados, 18,8% avaliam que o STF "nada" interfere nos atos do governo, enquanto 8,2% não quiseram ou não souberam opinar.

'LÍDERES DE OPOSIÇÃO'

A polêmica foi provocada sobretudo por decisões dos ministros Celso de Mello e Alexandre de Moraes anulando decretos, nomeações e MPs.

REQUEREU, LEVOU

Só Alexandre de Moraes proferiu contra o governo Bolsonaro 7 decisões monocráticas, na maioria pedido da oposição, em cerca de um mês.

DIMENSÃO NACIONAL

O instituto Paraná Pesquisas entrevistou 2.267 pessoas nos 26 estados e no Distrito Federal, entre os dias 4 e 6 deste mês.

VENDA DIRETA DE ETANOL NÃO AFETA RECEITA TRIBUTÁRIA

Governos do Nordeste desfazem uma velha mentira dos distribuidores de combustíveis, reproduzida pelos "parças" da ANP (Agência Nacional do Petróleo), de que venda direta de etanol aos postos, solução para reduzir os preços ao consumidor, provocaria "evasão" de impostos. No Rio Grande do Norte, após decisão da Justiça Federal autorizando usinas locais a venderem seus estoques inclusive a postos, o governo editou decreto sistematizando a cobrança de impostos, sem prejuízo ao Estado.

CASO EXEMPLAR

A agilidade potiguar permitiu que a Destilaria Baía Formosa vendesse seus estoques, garanta 2 mil empregos e inicie a safra em agosto.

PARECE COISA DE MÁFIA

A ANP obriga o produtor a entregar etanol às distribuidoras e as autoriza a não comprar. E proíbe usinas de venderem mais barato aos postos.

PERNAMBUCO PRONTO

Em Pernambuco, o governo estadual também já adotou providências para que a venda direta, inevitável, não afete a cobrança de tributos.

GUERRA ABERTA

Convencido de que Celso de Mello está com sangue nos olhos contra Bolsonaro, parlamentares apostavam, ontem, que o ministro do STF afrontará o governo com ordem de busca e apreensão no Planalto.

VIROU PESSOAL

O ministro Alexandre de Moraes voltou a tomar decisão com o fígado, ao ignorar o pedido da Advocacia Geral da União (AGU) para reconsiderar seu veto à nomeação de Alexandre Ramagem para a Polícia Federal.

PODER INTRIGANTE

Os presidentes da Câmara e do Senado deveriam explicar o incrível poder de influência sobre eles dos "policiais legislativos", os seguranças armados que dirigem seus carros oficiais e fazem a segurança da dupla. Conseguiram emplacar na lista de servidores que terão aumento.

ENTENDIMENTO

O chanceler Ernesto Araújo conversou por telefone, nesta sexta (8), com a chanceler da Austrália, Marise Payne. Os países decidiram trabalhar juntos e de modo coordenado para enfrentar desafios da crise do Covid.

OSSOS DA IGNORÂNCIA

No livro "Os Ossos dos Mortos", da polonesa Olga Tokarczuk, uma abestada disse no excelente canal Arte1 que o Covid-19 "veio do desmatamento". Deve achar também que tem girafa na Amazônia.

POR DOIS MESES

Líder do Podemos na Câmara, o deputado Léo Moraes (PR) pediu a Rodrigo Maia a criação de grupo para discutir o adiamento das eleições. "Estamos a 150 dias e o Congresso reluta em aceitar o debate", disse.

ANTIGOS PROTAGONISTAS

Já a caminho do esquecimento, Lula ressurgiu com a condenação a 17 anos de prisão no TRF-4. Já no dia seguinte, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) também foi "redescoberto", virando réu em novo processo.

DEMOROU, MAS CHEGOU

O governo federal tem ajudado estados a se equiparem contra o Covid-19. Amapá, Ceará, Paraíba e Pernambuco receberam cem novos respiradores para UTI esta semana. Ao todo, são 487 equipamentos.

PENSANDO BEM...

...até agora, o mundo não acabou.
Herculano
09/05/2020 08:48
da série: n ovo governo, novo jeito de desperdiçar os escassos pesados impostos do povo

VERBA PUBLICITÁRIA DE BOLSONARO IRRIGOU SITES DE JOGOS DE AZAR E FAKES NEWS NA REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Planilhas da Secom indicam destino de verba para propaganda da reforma; órgão afirma que bloqueou sites de conteúdo impróprio

Conteúdo de do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Patrícia Campos Mello. O governo de Jair Bolsonaro veiculou publicidade sobre a reforma da Previdência em sites de fake news, de jogo do bicho, infantis, em russo e em canal do YouTube que promove o presidente da República.

As informações constam de planilhas enviadas pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação da Presidência) por determinação da CGU (Controladoria-Geral da União), a partir de um pedido por meio do Serviço de Informação ao Cidadão.

A Secom contrata agências de publicidade que compram espaços por meio do GoogleAdsense para veicular campanhas em sites, canais do YouTube e aplicativos para celular.

O anunciante escolhe que tipo de público quer atingir, em que tipos de sites não quer que sua campanha seja veiculada e quais palavras-chave devem ser vetadas. Então o Google distribui os anúncios para sites ou canais do YouTube que cumpram os critérios estabelecidos pelo anunciante.

O montante pago pela Secom é dividido entre o Google e o site ou canal do YouTube. As porcentagens do Google variam, de 40% a 20% ou menos, dependendo da negociação entre os sites e a plataforma. No final, o anunciante recebe um relatório sobre todos os seus anúncios, onde foram veiculados, quantas impressões e outros dados.

Segundo as planilhas da Secom, disponíveis no site de Acesso à Informação do governo federal, dos 20 canais de YouTube que mais veicularam impressões (anúncios) da campanha da Nova Previdência no período reportado, 14 são primordialmente destinados ao público infantojuvenil, como o canal Turma da Mônica e Planeta Gêmeas.

Um dos canais de YouTube que mais receberam anúncios, segundo a Secom, é o Get Movies, que não só é destinado ao público infantil mas tem 100% do seu conteúdo em russo. "O destino no YouTube para russos que querem assistir a desenhos animados e outros tipos de programa para a família", diz a descrição do canal que recebeu 101.532 anúncios, segundo a tabela.

Usando os filtros do Google, é possível que o anunciante ou a agência de propaganda que o representa excluam, por exemplo, sites ou canais infantis, de conteúdo político, de temática ilegal (como jogo do bicho) ou pornográficos, para garantir que a publicidade não será veiculada nesses canais.

Os anunciantes também recebem uma lista detalhada de todos os sites, aplicativos e canais de YouTube que veicularam campanha publicitária. O canal infantil Kids Fun, por exemplo, foi um dos campeões em anúncios (469.777).

Ao contratar anúncios pelo Google, é possível selecionar conteúdo para adolescentes e adultos e excluir o infantil.

Em 11 de novembro de 2019, foi pedido à Secom, por meio do Serviço de Informação ao Cidadão, um relatório de canais nos quais os anúncios do governo federal contratados por meio da plataforma Google Ads foram exibidos, para o período de 1º de janeiro a 10 de novembro de 2019.

A Secom negou duas vezes o pedido. Após recursos, a CGU determinou em fevereiro que a Secom deveria disponibilizar o relatório pedido no prazo de 60 dias contados da notificação da decisão.

A resposta da Secom só foi encaminhada ao site em 17 de abril deste ano, mais de cinco meses após o pedido inicial. No entanto, as planilhas enviadas abrangem apenas o período de 6 de junho a 13 de julho de 2019 e 11 a 21 de agosto de 2019.

As planilhas devem ser encaminhadas à CPMI das Fake News nos próximos dias. Os documentos não especificam o total gasto pela Secom com os anúncios. Em maio de 2019, a secretaria anunciou que gastaria R$ 37 milhões em inserções publicitárias sobre a reforma da Previdência, em televisão, internet, jornais, rádio, mídias sociais e painéis em aeroportos.

Outra publicação que recebeu uma quantidade considerável de anúncios com dinheiro público foi um site com resultados do jogo do bicho. O resultadosdobichotemporeal.com.br recebeu 319.082 anúncios, segundo a planilha enviada pela Secom. O jogo do bicho é ilegal no Brasil.

Sites de fake news também receberam muitos cliques ?"e verba?" de anúncios do governo. Um dos campeões, com 66.431 anúncios, foi o Sempre Questione.

Na página inicial deste site, nesta sexta (8), havia notícias como "Ovni é flagrado sobrevoando Croata, interior do Ceará, e aterroriza moradores" e "Kiko do Chaves diz que coronavírus é farsa de Bill Gates e da Maçonaria".

A campanha também foi veiculada em sites que disseminam desinformação, como o Diário do Brasil (36.551 anúncios).

A Secom relata nas planilhas gastos com anúncios veiculados em sites e canais que promovem o presidente Jair Bolsonaro. No Bolsonaro TV - que se descreve como "canal dedicado em apoiar o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro"- houve 5.067 impressões, segundo a planilha.

Aplicativos para celular como "Brazilian Trump", "Top Bolsonaro Wallpapers" e "Presidente Jair Bolsonaro" também veicularam a campanha. Ainda segundo a planilha, foram veiculados anúncios em sites de políticos eleitos, como o do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

"Usar dinheiro público para anunciar em sites que promovem o presidente pode, potencialmente, ferir o princípio da impessoalidade", diz Diogo Rais, professor de direito eleitoral da Universidade Mackenzie e diretor do Instituto Liberdade Digital. "Além disso, ao anunciar em sites que disseminam notícias falsas, o governo está financiando a produção de fake news."

Para Manoel Galdino, diretor-executivo da Transparência Brasil, ao anunciar em sites de jogos de azar ilegais, o "governo está remunerando atividades criminosas". "Segundo a Constituição, a propaganda do governo precisa seguir a moralidade, o que não inclui incentivar atividades antiéticas, como fake news, ou ilegais, como jogo do bicho."

O canal de YouTube Terça Livre TV, que pertence ao blogueiro Allan dos Santos, consta na planilha da Secom de veículos que receberam anúncios do governo. Segundo o documento, houve 1.447 anúncios no canal.

Em depoimento à CPMI das Fake News, em novembro de 2019, Santos afirmou: "Sou dono do maior portal conservador da América Latina e não recebo nenhum centavo do governo".

Procurada, a Secom afirmou, em nota, que "a plataforma de anúncios da Google atua automaticamente a partir de parâmetros para a entrega do conteúdo publicitário aos públicos de interesse. As definições são abrangentes e não determinam com exatidão o local na internet em que o anúncio será veiculado. Porém, neste caso específico, buscou-se perfis reconhecidos pela ferramenta do Google que tenham afinidade para o tema "Previdência" e demais correlações de acordo com sintaxe para o tema da campanha".

"Foram realizados comandos para o bloqueio da entrega da publicidade em sites de conteúdos impróprios, que incitem a violência ou que atentem contra os direitos humanos. Trata-se de procedimento padrão, em cumprimento às diretrizes da lei 6.555/2008", finaliza a nota.

O Google afirmou, em nota: "Mesmo quando um site ou vídeo não viola nossas políticas, compreendemos que os anunciantes podem não querer sua publicidade atrelada a determinados conteúdos e, por conta disso, nossas plataformas permitem bloquear categorias de assuntos e sites específicos, além de gerarem relatórios sobre a exibição dos anúncios".

Por meio de sua assessoria, o senador Angelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPMI das Fake News, afirmou que não iria comentar o assunto porque "não recebeu e não conhece as informações".
Herculano
08/05/2020 13:26
COM TOFFOLI E BOLSONARO, STF FOI PICADEIRO DE ATO MAIS PATÉTICO DA HISTóRIA, por Reinaldo Azevedo, no UOL.

Tem gato na tuba. Engula quem quiser a história de que Dias Toffoli, presidente do Supremo, foi surpreendido por Jair Bolsonaro. Se foi, que emita, então, uma nota de protesto por ter sido submetido ao ridículo - ele e o tribunal que preside. Ele e o tribunal que representa.

O STF não é um puxadinho do Palácio do Planalto. A ser verdade a versão que circula por aí - segundo a qual o ministro não estava no prédio, dirigindo-se para o local porque receberia a visita de Bolsonaro -, em nada fica melhor o retrato do presidente do Supremo. Como, segundo essa narrativa, não havia encontro nenhum agendado, cabia a Toffoli indagar, e eles têm intimidade para isto, qual era a agenda. Afinal, o presidente queria falar sobre o quê?

"Ah, estou aqui com um grupo de empresários e quero levá-los aí... " De novo: "Para quê, Jair (suponho que se tratem pelo prenome)?" E então, com honestidade mínima, Bolsonaro lhe diria que eles iriam pedir a abertura imediata da economia, quando as mortes alcançaram o patamar de 600 ocorrências por dia, com o colapso chegando ou já tendo chegado a várias capitais. No Rio, a fila de espera para leitos de UTI chega perto de 500 pessoas.

Se Toffoli foi mesmo engando por Bolsonaro e não sabia que estava participando de uma "live" para suas milícias digitais, que esclareça, então, em nota, lamentando o fato de ter caído numa espécie de cilada.

Não se falou sobre vítimas da doença no encontro. Os mortos foram um tema ausente. Quando se recorria à expressão "UTI", tratava-se de uma metáfora para aludir à economia. Isso, reitero, quando estamos no patamar das 600 ocorrências fatais por dia. Raramente senti tanta vergonha de ser brasileiro. Ou, por outra, de saber que compatriotas meus são capazes de fazer discurso tão pusilânime.

O encontro ocorre um dia depois de o próprio ministro da Saúde, Nelson Teich, ter admitido que, em certos lugares do país, será preciso recorrer mesmo ao lockdown, o que já acontece em São Luís, Belém e áreas próximas. Muitas pessoas estão morrendo em casa. As evidências de subnotificação nos envergonham. Ninguém pode estar contente com a situação, mas, então, que apresentem uma alternativa que não seja sinônimo de mandar milhares de pobres e pretos para as covas coletivas, em caixões empilhados.

Bolsonaro é, sim, um líder muito mais influente do que gostamos de admitir. É ele a matriz desse comportamento e desse sentimento que dá de ombros para a tragédia, transformando a morte em mero dano colateral do tal "funcionamento da economia", como se fôssemos obrigados a escolher entre uma coisa e outra. Tivesse havido o isolamento social na proporção adequada, e talvez estivéssemos mais prontos para sair dele.

É impressionante que um presidente do Supremo receba um presidente que não tem proposta nenhuma, que não respeita nem mesmo as orientações de um ministro da Saúde que foi escolhido a dedo para chegar lá e dizer: "O diabo não é tão feio como se pinta". Mas não há como o catatônico Teich fazer essa afirmação porque sua carreira ainda não acabou. Será desmoralizado pelos números. E ele terá de trabalhar depois do fim do governo. Ainda que seja hoje mais empresário do que médico, sobraram resquícios de sua ética profissional.

Se a alguns a resposta de Toffoli ao presidente pareceu dura, é puro erro de interpretação. O que se viu foi a ressuscitação do tal "Pacto entre os Poderes", coisa que, até agora, não sei o que significa e que, por óbvio, ninguém jamais saberá. A menos que alguém se apresente para esse tipo de encontro garantindo que, por algum tempo, vamos ignorar a lei em favor daquilo que o Poder Executivo, ou outro ente qualquer, considera eficiência.

Essa ida destrambelhada de Bolsonaro ao Supremo, naquela Marcha dos Mascarados, é das coisas mais patéticas, quem sabe a mais, de que eu e qualquer um temos memória pessoal e histórica. Um dia se vai esse espírito mau, e muitos vão se perguntar como foram capazes... E, no entanto, foram. Transforme os mortos numa taxa, num percentual, num número. Desumanize-os, submeta-os a um processo de reificação, de coisificação. E tudo ficará mais fácil. Depois, passe tudo pelo filtro do recalque, da pretensão e da arrogância sem lastro. E se chega àquilo que se viu nesta quinta-feira.

A história será muito dura com certas biografias. E nem precisará ser escrita com especial severidade. Bastarão os fatos.

Encerro lembrando que dá para saber agora por que há muito tempo parte da elite brasileira não se sentia devidamente representada na Presidência. Nenhum dos antecessores de Bolsonaro, incluindo os militares, seria capaz de fazer o que ele fez. Parte do capital no Brasil diz exatamente o que quer e como acha que devem ser tratados os pobres de tão pretos e pretos de tão pobres. O Brasil é o segundo país mais desigual do mundo. Só perde para o Catar. É injusto. Nossos bambas fazem de tudo para levá-lo ao primeiro lugar no pódio.

E a culpa pelas iniquidades, claro!, é do isolamento social.
Herculano
08/05/2020 13:23
GENERAL RAMOS QUER SER TRATADO COMO GENERAL, MAS É MINISTRO CIVIL

Conteúdo de O Antagonista. Em entrevista ao SBT, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Ramos, reclamou do despacho de Celso de Mello, que ordenou os depoimentos dele, de Augusto Heleno e de Braga Netto como testemunhas do inquérito que apura a ingerência de Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

A 'ameaça' de condução coercitiva é praxe jurídica, mas Ramos acha que merece tratamento especial.

"Primeiramente, nós, no caso militares, apesar de eu estar no governo, desde nossa formação, nós somos assim, vamos dizer, formatados, doutrinados e enfatizados pelo respeito da lei e da ordem. Até no pátio da Academia está 'cadetes, ide comandar, aprendei a obedecer'. Então são valores muito sagrados para nós. Eu tenho o maior respeito pelo Supremo Tribunal Federal. O eminente ministro Celso de Mello é o decano, mas o que eu falei para alguns amigos - e alguns até da área judiciária -, respeito. Agora, se é de praxe, se é como se fosse um carimbo, acho que não havia necessidade."

Dias atrás, desempoeirou sua farda para um evento de troca de comando no Sul, causando arrepios na cúpula do Exército.

Os militares que estão no Palácio do Planalto ou em qualquer outro ministério civil precisam entender de uma vez por todas que foram convocados para funções civis, como "nomes técnicos", como enfatizou dias atrás o próprio ministro da Defesa:

"A área militar propriamente dita é representada pelo ministro da Defesa, que sou eu. Eu sou o único representante das Forças Armadas que integra o governo. O restante são nomes técnicos que o governo aproveita e que têm a origem militar."

Se Ramos diz ter sido "doutrinado pelo respeito da lei e da ordem", então deve começar a praticá-lo.
Herculano
08/05/2020 13:11
da série: reunião de ministros da República ou encontro de botequim no Planalto. Agora querem esbórnia irresponsável como algo "sensível".

WEINTRAUB XINGA STF EM VÍDEO DE REUNIÃO QUE PLANALTO NÃO QUER MOSTRAR, por Thaís Oyama, no UOL

O Planalto resiste em entregar ao STF o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril sob o argumento de que o encontro tratou de "assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de relações exteriores". A Advocacia Geral da União, que representa o presidente da República no inquérito aberto a partir das acusações do ex-ministro Sergio Moro, pede para ser autorizada a entregar apenas parte do registro da reunião.

Já se sabe que o vídeo - além de trazer a suposta ameaça do presidente de demitir Sergio Moro caso ele não concordasse com a substituição do delegado Maurício Valeixo- mostra uma reunião pródiga em palavrões e menções a assuntos que o governo preferiria tratar em volume baixo, como os acordos com o Centrão.

E também é sabido que a China foi citada na reunião em termos pouco elogiosos - pelo próprio Bolsonaro e logo na abertura do encontro. Mas a frase mais potencialmente danosa dita na mesa não saiu da boca do presidente, e sim do seu ministro da Educação. Depois de comentar medidas tomadas pelo STF que desagradaram o governo, Abraham Weintraub afirmou que a Corte era composta por onze filhos da puta. Um deles é o destinatário do vídeo. E ainda pode compartilhar com os outros dez o comentário "sensível" do ministro.
Miguel José Teixeira
08/05/2020 10:36
Senhores,

Nunca admiti a tese de que nós "burros-de-cargas" fôssemos apenas um número (CPF) nas estatísticas dos governantes. Mas agora, durante a pandemia, ficou evidente:

O "capita do pentiunvirato bolsonaro" valoriza mais o CNPJ do que o CPF, conforme explícito em todos os seus medíocres discursos.

E o pior, certos CPFs julgam-se superiores aos demais.

Eis o exemplo:

"Debaixo de vara" irrita militares"

(Fonte: Correio Braziliense, hoje, por Jorge Vasconcellos)

A cúpula das Forças Armadas e o Palácio do Planalto consideraram ofensivos os termos usados pelo decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, no despacho que autorizou o depoimento de três ministros militares no inquérito que investiga supostas interferências do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal. Mello determinou que os generais Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional; Walter Braga Netto, da Casa Civil; e Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, poderão ser tomados por "condução coercitiva" ou "debaixo de vara" caso eles não compareçam na data e horário que escolheram para serem ouvidos.

Celso de Mello é o relator do inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República depois que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro acusou o presidente da República de interferir politicamente na Polícia Federal para ter acesso a relatórios de inteligência do órgão.

Além dos ministros militares, a decisão do decano atinge testemunhas civis ou integrantes da PF, como a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e os delegados federais Ricardo Saadi, Carlos Henrique de Oliveira Sousa, Alexandre Saraiva, Rodrigo Teixeira, Alexandre Ramagem Rodrigues e Maurício Leite Valeixo ?" a demissão deste último da direção-geral da PF foi estopim para a decisão de Sergio Moro de deixar o governo.

Para os generais que assessoram Bolsonaro, embora os termos utilizados por Celso de Mello sejam jurídicos, a redação foi "desrespeitosa" e "desnecessária" e desconsiderou a trajetória dos três ministros até o mais alto posto do Exército. O trecho do despacho do decano que desagradou os militares diz que, "se as testemunhas que dispõem da prerrogativa fundada no art. 221 do CPP, deixarem de comparecer, sem justa causa, na data por elas previamente ajustada com a autoridade policial federal, perderão tal prerrogativa e, redesignada nova data para seu comparecimento em até 05 (cinco) dias úteis, estarão sujeitas, como qualquer cidadão, não importando o grau hierárquico que ostentem no âmbito da República, à condução coercitiva ou 'debaixo de vara'".

O artigo 221 do Código de Processo Penal, citado pelo decano, prevê que, em inquéritos criminais, autoridades como o presidente da República, ministros de Estado e parlamentares, por terem prerrogativas, devem ser ouvidas em local, dia e hora previamente ajustados entre elas e o juiz.

Militares que despacham no Palácio do Planalto e os da cúpula das Forças Armadas reclamaram que foram tratados como "bandidos" pelo ministro do STF. Alguns chegaram a propor uma resposta formal, mas foram demovidos da ideia por argumentos de que não se tratava de um caso do Ministério da Defesa e dos comandos militares, mas de "ministros da Presidência".

O despacho de Celso de Mello deixou Bolsonaro e os militares ainda mais irritados com o STF. Eles já estavam descontentes com a decisão do ministro Alexandre de Moraes que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem, amigo da família do presidente da República, para a direção-geral da PF. No último domingo, o chefe do governo participou, em frente ao Palácio do Planalto, de uma manifestação que pedia uma intervenção militar e o fechamento do Congresso e do STF.

Advertência
Para o advogado Paulo Palhares, professor de direito constitucional do Ibmec Brasília, não houve excesso por parte do ministro Celso de Mello nem motivo justificado para as reclamações dos militares. "A decisão do ministro Celso de Mello traz, na verdade, advertência sobre eventual não comparecimento das testemunhas ao ato. Esse tipo de advertência é da praxe judiciária", disse o docente.

O advogado criminalista Thiago Turbay, sócio do Boaventura Turbay Advogados, tem uma opinião diferente sobre a ordem do ministro do STF. "Não cabe ao Supremo Tribunal Federal exercer poder coercitivo ou realizar ameaças sem ter havido, concretamente, o descumprimento da ordem exarada. A mensagem emitida foi dotada, aparentemente, de coloração autoritária, o que não se pode permitir. Creio, todavia, que não tenha sido essa a intenção do Ministro Celso de Mello, que tem a seu favor uma atuação forte em defesa da Constituição", afirmou Turbay.

Para o advogado criminalista David Metzker, sócio da Metzker Advocacia, a redação do despacho de Celso de Mello seguiu a praxe dos processos criminais. "Não houve excesso", resumiu.

E mais, o CPF do zero 2 é magnânimo:

O vereador Carlos Bolsonaro tem dormido no Palácio da Alvorada.

Os adversários dizem que é para evitar ser surpreendido por alguma operação de busca relacionada ao inquérito das Fake News.

Os amigos dizem que é vontade de proteger e ficar perto do pai.

(Fonte: CB, hoje, em Brasília-DF)

Pois é. . .o oportunista é apenas vereador no Rio de Janeiro, onde o povo não tem sequer água potável para beber. Vivem chapados de água imprópria para o consumo.

Qual o papel de um vereador do RJ na Capital Federal?

Respostas para o "priminho", por favor!

Miguel José Teixeira
08/05/2020 09:17
Senhores,

Quando os PeTralhas estavam no comando da Nação, as grandes construtoras locupletaram-se. Tanto que, o ex e futuro presidiário lula foi intitulado "Patrono dos Empreiteiros".

Agora, no "pentiunvirato bolsonaro, chegou a vez dos "pequenos empreiteiros":

"Medida provisória autoriza pagamento antecipado e estende RDC para todas as licitações"

. . .A medida provisória também altera os limites orçamentários para dispensa de licitação. Os novos valores são até R$ 100 mil para obras e serviços de engenharia e até R$ 50 mil para compras e outros serviços."

Fonte: https://www.camara.leg.br/noticias/659744-medida-provisoria-autoriza-pagamento-antecipado-e-estende-rdc-para-todas-as-licitacoes/

"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação"
Herculano
08/05/2020 08:45
O NOVO OVO DA SERPENTE, por Weiller Diniz, em Os Divergentes

Os filhos do presidente Jair Bolsonaro dão as cartas no governo e causam muito estresse. Todos os ministros tombados, o foram pelas presas da fraternidade. Agora todo o clã é investigado

O cineasta italiano Mário Monicelli refinou a mordacidade da comédia. "Parente é serpente" narra os segredos da família Colapietro, na região medieval de Abruzzo, na Itália. O pano de fundo, além de segredos familiares picantes, é o desamparo e solidão na iminência do declínio, da ruína. O final é trágico.

A serpente está também na magistral película de Ingmar Bergman que retrata a Alemanha pré-nazista. O ambiente ideal para chocar "O ovo da serpente" foi a República de Weimar. O desemprego, recessão, insegurança e instabilidade estenderam o tapete vermelho para as atrocidades de Adolf Hitler. O legado foi o ideário de reiteração da mentira, inoculação do medo e a estratégia de responsabilizar inimigos pelos malogros, como chocalha diariamente o clã Bolsonaro.

Cena de "O ovo da serpente", filme de Bergman
A metáfora, em ambos, se presta a simbolizar a traição e a falsidade encarnadas pela víbora. Igualmente traduz a atmosfera peçonhenta em finais de ciclo. Ninguém cria serpentes, mas o capitão, além da gestação, alimenta suas crias enrodilhadas no poder. Os filhos do presidente Jair Bolsonaro dão as cartas no governo e causam muito estresse. Todos os ministros tombados, o foram pelas presas da fraternidade. Agora todos são investigados.

A exemplo dos 3 irmãos metralhas, os descendentes do capitão são apresentados pelo criador através de numerais. Os metralhas são meliantes lendários de Walt Disney. Simbolizam os quadrilheiros trapalhões mais notórios da história do crime. O 01, 02 e o 03 são: Flávio, Eduardo e Carlos Bolsonaro. O trio empilha um vasto histórico de embrulhadas que contribuíram para envenenar o ambiente político. Boa parte da arapuca atual advém da prole problema.

O senador Flávio Bolsonaro é mais silencioso por dissimulação tática. Eviscerado no cenário nacional, tenta camuflar-se - como répteis acuados - na apuração do crime das 'rachadinhas' durante o anônimo mandato de deputado estadual. Rasteja na selva jurídica para retardar ou fugir da constrição da investigação. A intimidade com o ninho de cobras da milícia carioca é tóxica. Entre eles o fantasma Fabrício Queiroz e o arquivo Adriano da Nóbrega, que levou para o túmulo segredos do serpentário.

Quando pode inocula alguma peçonha nas redes sociais, toca de refúgio familiar. "Impressionante a canalhada querendo desqualificar manifestações a favor de Bolsonaro e contra arroubos de Rodrigo Maia como se fossem atos pelo AI-5, ou contra o Congresso. Democracia pulsando forte, povo mandou seu recado hoje", destilou o senador ondeando a pregação golpista já rechaçada pelas Forças Armadas.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal e burocrata da PF, é ativo na tocaia para envenenar as instituições. "Basta um cabo e um soldado para fechar o STF". Também vocaliza botes mais letais contra a democracia: "Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta ela pode ser via um novo AI-5, via uma legislação aprovada por plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada". Até o pai o censurou o excesso de toxina autoritária. A principal característica dos ofídios é a atrofia auditiva. Apesar dos repelentes democráticos, o guizo golpista segue ressoando.

A caçada a Eduardo Bolsonaro ocorre ainda pela disseminação de informações falsas. Joyce Hasselmann, na muda da pele bolsonarista, apontou as fossetas para o 03. A CPMI das fake News o rastreia e a polícia também. Acossado, reage instintivamente e esquece o sangue frio. Tentou, em vão, barrar as investigações no STF.O assessor - Eduardo Guimarães - teria deixado rastros. O 02 abateu Joice, derrubando-a da liderança do governo. Depois comparou-a a uma porca. Rebaixou a ex-aliada a piolho de cobra.

Depois de fraquejar na aspiração diplomática, o ex-chapeiro da Virgínia, serpenteou em florestas internacionais necrosando parcerias essenciais ao Brasil. "Quem assistiu Chernobyl vai entender o que ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. Mas uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e liberdade seria a solução", sibilou em suas redes. Também disse que os imigrantes fora do País são uma "vergonha nossa".

Outro da língua bífida é o 03, o vereador Carlos Bolsonaro. Pela agressividade e pré-disposição ao ataque é a naja da família. Dilata o pescoço para cuspir veneno contra tudo e todos. As presas prediletas: imprensa ("lixo" e "prostitutas"), o Rodrigo Maia ("gordo", "frouxo"), a CPMI das fakes News ("canalhice"). Conjuga o verbo picar em todos tempos e pessoas. Não poupa governadores, o vice-presidente, Joice Hasselmann e nem herpetólogos leais.

Vítima recente da mordida traiçoeira foi Major Olimpio, defensor de Bolsonaro, xingado de "bobo da corte" e "canalha". "O problema dele (Carlos) é psiquiátrico. Sei o sofrimento do pai dele, o próprio pai, o que sofre e o que já sofreu quando ele surta, quando ele some e ninguém sabe o que aconteceu, o pai entra em desespero. Eu não entro em briga doméstica com moleque, com irresponsável, com nada", diagnosticou o senador paulista aprofundando a autofagia de cobra engolindo cobra.

Como os outros, também gosta de esgueirar-se em conspirações contra a democracia. "Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos", argumentou. Gustavo Bebbiano, ex-ministro falecido, atribuiu a ele a ideia da "Abin paralela", sub-reptícia e invisível ao controle público. Segundo o mesmo ministro, 03 comanda o gabinete do ódio. A Polícia Federal parece ter chegado a mesma conclusão. Em uma das peças investigadas - disseminada por Jair Bolsonaro - os ministros do STF são representados como hienas.

"Tenho atuado como posso, entretanto, é visível que o presidente está sendo propositalmente isolado e blindado por imbecis com ego maior que a cara. Cagam para o Brasil. Graças a deus e para o bem do nosso país os avanços sobrepõem os vis. É uma luta inglória", desabafou agora em março admitindo o confinamento do cobril.

Sérgio Moro, desertor e ameaça, prova agora do próprio veneno. É o escorpião que ferroa o sapo depois da ajuda para atravessar o lago incólume, desculpando-se pela natureza predatória e irrefreável da picada. Ao pular do barco atirando em Bolsonaro, sente as escamas, antes impermeáveis, pinçadas pelos predadores do antigo charco. No depoimento não matou a cobra, não mostrou o pau.

Há o risco real de serem devorados pelas aves de rapina que vão reinar no matagal governista: o Centrão. O grupo reúne águias da sobrevivência na selva e que pedem alto pelo soro e torniquetes. O apetite desmedido e mandíbula expansível permitem que seus integrantes abocanhem presas - cargos - desproporcionalmente maiores que seu tamanho. Só chocam ovos de serpentes ser for para o abate.

"Parente em governo, sempre cria problema. Para o governo ou para o parente". A advertência do experimentado José Sarney - cobra criada -, apesar da contemporaneidade, vem sendo negligenciada. No governo de Getúlio Vargas, a filha e conselheira, Alzira Vargas opinou pela resistência armada antes do suicídio e, no governo Fernando Collor de Mello, o irmão Pedro, implodiu os coloridos. Depois de enxovalhar toda a fauna, o filhotismo de Bolsonaro se transformou na maldição de Saturno.
Herculano
08/05/2020 08:38
BOLSONARO PROMOVE UM CHURRASCO NO MUNDO DA LUA, por Josias de Souza, no UOL.

O coronavírus mata mais de 600 pessoas diariamente no Brasil. Descontada a subnotificação, o número de mortos ultrapassou a barreira dos 9 mil. No Palácio do Planalto, entretanto, a morte não é a maior perda do país. Ali, a perda mais relevante é o que morreu dentro de Jair Bolsonaro enquanto ele vive sua realidade paralela. O presidente organiza para este sábado um churrasco. Coisa para 30 convidados - uma aglomeração gourmet.

"Estou cometendo um crime", disse Bolsonaro aos repórteres, entre risos, no cercadinho do Palácio da Alvorada. "Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma 'peladinha'. Alguns ministros, alguns servidores mais humildes que estão do meu lado".

A melhor novidade proveniente do governo desde que o vírus fugiu ao controle foi a notícia de que a taxa de insensibilidade do presidente não aumentou. Continua nos mesmos 100%. Bolsonaro se queixa da paralisia do país. Mas há um empreendimento que prospera no Planalto: a indústria do descaso.

Tomado pelo alheamento, Bolsonaro exibe as feições de um ex-presidente no exercício da Presidência. Ele não governa a crise que apavora o Brasil. Preside um país qualquer situado no Mundo da Lua.
Herculano
08/05/2020 08:33
da série: polêmica ou realidade.

66% DOS HOSPITALIZADOS EM NOVA YORK ESTAVAM CONFINADOS, DIZ ANDREW CUOMO

Pacientes de covid-19 faziam home office

Maioria não usava transporte público

Dado é uma surpresa, diz governador

Conteúdo do Poder 360, Brasília DF. Estudo preliminar divulgado pelo governo de Nova York nesta 5ª feira (7.mai.2020) mostrou que 66% das pessoas internadas no Estado com sintomas da covid-19 seguiam o isolamento social. Outras 18% estavam confinadas em lares de idosos.

O levantamento, realizado na última semana, contabilizou 1.000 pacientes que estão em observação em 100 hospitais do Estado.

O governador Andrew Cuomo disse que os números mostram que as novas infecções têm sido causadas em decorrência de "comportamentos pessoais". O democrata declarou que as medidas de isolamento ajudaram a frear a disseminação do vírus em Nova York.

Segundo o estudo, mais de 80% das hospitalizações registradas no período foram de pessoas que não usavam transporte público. A maior taxa de internação (59%) foi de pessoas acima dos 60. A grande maioria, 96%, tinham comorbidades - doenças crônicas pré-existentes. No Brasil, o governo não levanta essas informações sobre os pacientes hospitalizados com o novo coronavírus.

Até esta 5ª feira (7.mai), o Estado de Nova York registrava 337 mil casos da covid-19, sendo 26.365 mortes. Nos Estados Unidos, já são quase 1,3 milhão de casos e 76.905 mortes. Os dados são do site Worldometers.

GOVERNO USA CASO

Irmão do ministro Abraham Weintraub (Educação) e assessor especial do presidente, Arthur Weintraub usou a estatística de Nova York para dizer que o isolamento social "não funcionou"

Governador de Nova York diz que
84% das pessoas internadas nos
hospitais com Covid-19 estavam em suas casas, literalmente, isoladas. Só 17% estavam trabalhando! O isolamento, na prática e estatisticamente, não funcionou!
Herculano
08/05/2020 08:22
ÁREA DE INTELIGÊNCIA CRÊ EM POSSÍVEL FUGA DE LULA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje no jornal Folha de S. Paulo

A perspectiva de o ex-presidente Lula sair da prisão apenas aos 80 anos, após cumprir um sexto da pena, ligou o sinal de alerta de órgãos de inteligência, que desconfiam de possível fuga do condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Lula admitiu em entrevistas haver recusado vários acenos para fugir, antes de ser preso em Curitiba. Se fugir, o petista só não será deportado caso escolha um país que não tem acordo de extradição com o Brasil. Ele já visitou oito desses países.

EXÍLIO DOURADO

São da África a maioria dos países sem acordo de extradição. Lula prefere o exílio dourado na Europa, claro, mas seria preso sem demora.

LISTA DE PROCURADOS

Fugitivos da Justiça logo são inscritos na lista de procurados da Interpol e de outras polícias de alcance internacional.

NEM PENSAR

Apesar do discurso simpático a ditaduras, Lula já segredou a amigos próximos que jamais viveria em países como Cuba ou Venezuela.

RISCO ADMITIDO

Em 2018, o MPF alertou para o risco de fuga de Lula e o juiz federal Ricardo Leite vetou uma viagem dele à Etiópia, país sem acordo.

MORO TAMBÉM É INVESTIGADO, MAS ESCOLHE PROVAS

O presidente Bolsonaro tem sido criticado por querer entregar apenas trechos da reunião ministerial. A alegação é que, como investigado, ele não pode "editar" o conteúdo das provas. Mas os mesmos críticos calam quanto ao fato de Sérgio Moro, também investigado no inquérito, haver liberado acesso à Polícia Federal apenas de trechos de conversas suas com o presidente, alegando "privacidade" ou que as teria "apagado".

VISTO COM MAUS OLHOS

A AGU sustenta que a reunião tratou de temas sensíveis inclusive de segurança nacional, que nada tem a ver com a investigação em curso.

VISTO COM BONS OLHOS

Moro pediu que o STF exija a íntegra do vídeo da reunião, mas não vê problemas em disponibilizar apenas a versão editada das conversas.

GRANDE SEMELHANÇA

Outro caso famoso, em que investigados forneceram provas editadas à Justiça, foi da JBS. Com o esquema desmascarado, foram condenados.

RELAÇõES PERIGOSAS

Às voltas com seu impeachment iminente e alvo de processo no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por compra superfaturada de respiradores, o governador do Amazonas, Wilson Lima, circulou em Brasília com um Alessandro Bronze, lobista que teria "grande influência" nos tribunais.

HORA DE REDUZIR ISSO AÍ

As sessões virtuais tornaram mais produtivas as decisões da Câmara, mas servem também para demonstrar que não há necessidade de tantos parlamentares, tampouco do exército de assessores que pagamos.

ANOTEM OS NOMES

Achando pouco a presepada que jogou o peso da crise nas costas dos trabalhadores e empreendedores do setor privado, dispensando o setor público de qualquer sacrifício, o deputado Rodrigo Maia fez discurso entregando todos que o "ajudaram" no orçamento de guerra. Bem feito.

CAMPANHA INÚTIL

O vice-presidente do Sindivarejista, Sebastião Abritta, faz campanha pedindo apoio de entidades do setor produtivo para assumir a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. O governador Ibaneis Rocha até tem planos para a secretaria, mas neles Abritta não está incluído.

INCONFORMISMO

Coleguinhas que entrevistam a secretária de Cultura, Regina Duarte, mal escondem o inconformismo com sua decisão de permanecer no cargo. Deveriam estar envergonhados por haverem endossado fake news.

JUSTICEIROS INDóCEIS

Previsão do ministro Alexandre Belmonte, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), até parece uma praga. Para ele, haverá uma "enxurrada de ações" contra os acordos de redução de salários, na pandemia.

SEM MÁSCARA, SEM CARONA

O Uber avisou que nas cidades onde o uso de máscaras é obrigatório, a viagem pode ser cancelada caso o cliente não use a proteção. Faltou dizer como deve agir o cliente diante do motorista que não use máscara.

SEM PEIXE PEQUENO

Apenas agora, após pedido da Advocacia-Geral da União, a Justiça bloqueou de R$312 mil de uma ex-servidora do INSS que em 2014 concedeu fraudulentamente aposentadoria à mãe de um ex-namorado.

PENSANDO BEM...

...entre políticos, só se assume a responsabilidade em caso de sucesso.
Herculano
08/05/2020 08:14
VISITA É NOVA RODADA NA BRIGA DO CONTRALIBERALISMO CONTRA DEMOCRACIA, por Rodrigo Zeidan é professor da New York University Shangai (China) e da Fundação Dom Cabral e doutor em economia pela UFRJ, no jornal Folha de S. Paulo

É possível que venhamos a ter conflito aberto entre Executivo e Judiciário

Até onde é possível ir? Em mais um teste para as instituições democráticas brasileiras, o presidente da República se dirigiu para o prédio do Supremo Tribunal Federal, sem agendamento prévio, para pressionar o Judiciário a tomar medidas de acordo com os interesses presidenciais.

É mais uma rodada na batalha do Executivo contra os outros Poderes, que inclui, só nos últimos dias, as recusas do governo em entregar os resultados do exame do presidente para o coronavírus e o vídeo de uma reunião entre o chefe do Executivo e seus ministros, incluindo o ex-ministro Sergio Moro (Justiça).

Outros ministros do Supremo chamaram a visita de inadequada. É muito mais do que isso. É uma nova rodada na briga do contraliberalismo contra as instituições democráticas.

Nesse tipo de batalha, os autocratas têm levado a melhor. No dia 25 de março, Rodrigo Duterte conseguiu poderes especiais para liderar a resposta das Filipinas à pandemia global do coronavírus. Cinco dias depois, Viktor Orbán colocou a democracia húngara em quarentena, ao obter, através da sua maioria no Congresso, poderes especiais sem datas para acabar.

É o sonho de todo líder populista obter poderes especiais como os que Duterte extraiu do Congresso filipino, como nacionalizar empresas e realocar, sem muitas restrições, os gastos públicos. Hoje, a única barreira para isso no Brasil é a falta de uma base de apoio ao governo no congresso.

É possível que venhamos a ter conflito aberto entre Executivo e Judiciário. Não à toa, para mostrar poder, durante a reunião, o presidente brasileiro anunciou novo decreto para ampliar rol de serviços essenciais.

De certa forma, a situação atual no Brasil lembra o que aconteceu nos EUA durante a Grande Depressão.

O programa americano de recuperação econômica, o New Deal, sofreu nas mãos do Judiciário americano. Quatro dos juízes conservadores, que votavam em conjunto contra o que era percebido como exacerbação do Poder Executivo, chegaram a ser chamados de quatro juízes do apocalipse.

Em 1935, por 6 votos a 3, a Suprema Corte americana votou pela dissolução do Ato de Ajuste à Agricultura. Em Iowa, efígies dos seis juízes que votaram para desfazer o programa de subsídios foram enforcadas e exibidas publicamente.

Contudo, mesmo durante o auge das reclamações presidenciais sobre o ativismo jurídico, Franklin Roosevelt jamais planejou pressionar a Suprema Corte diretamente.

Não é à toa que o prédio da mais importante instituição americana do Judiciário fica na rua Número 1 em Washington. É símbolo da importância da Justiça como contrapeso a possíveis abusos por parte do Legislativo ou do Executivo.

Não há, na história das democracias maduras, algo parecido com o que vimos ontem no Brasil: um presidente se dirigindo, sem agendamento prévio, para um tête-à-tête com o presidente da Corte Suprema, com o objetivo de pressionar tal corte a tomar decisões de interesse do executivo. Foi à reunião representar os interesses de 40% do PIB, ignorando os 40% a mais de óbitos pela Covid-19 no país, só na última semana.

A cada dia, o presidente inventa um novo absurdo. Pior, no final se faz de vítima, posando de pobre coitado cada vez que as instituições fazem seu trabalho e podam suas asas.

Até que ponto a democracia brasileira aguenta essa guerra de atrito? Na Hungria e nas Filipinas, o contraliberalismo venceu. O que acontecerá no Brasil?
Herculano
08/05/2020 08:06
da série: Santa Catarina vai empobrecer reconhece o governo, mas os pobres, desempregados e falidos terão que dar conta da pesada conta da máquina pública, seus funcionalismo e privilégios nos três poderes. Vergonha.

SECRETÁRIO DA FAZENDA INFORMA QUEDA DE 19% DA RECEITA EM ABRIL E PREVÊ QUE SC VAI EMPOBRECER 25% COM PANDEMIA, por Estela Benetti, no NSC Total, Florianópolis SC.

Responsável pela chave do cofre do governo de Santa Catarina, o secretário de Estado da Fazenda, Paulo Eli, desde o início da pandemia do novo coronavírus, acompanha atentamente dois tipos de dados: os da receita estadual e os da evolução da doença. Ele informa que a arrecadação do Estado em abril ficou em R$ 1,978 bilhão, o que significa uma queda de 19,3% frente ao mês anterior, março; e de 18,7% em relação a abril de 2019. Sobre o impacto geral da crise no ano, ele estima que Santa Catarina vai empobrecer 25% e a receita do Estado será semelhante à de 2017.

Coordenador do grupo econômico do Estado sobre questões relativas à economia e a Covid-19, Paulo Eli acompanha o que acontece no mundo e diz que as liberações de setores são decididas com base nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e não de pressão empresarial. Ele afirma que não há definição, ainda, sobre retomada das aulas e do transporte coletivo e, também, que o aumento dos casos em Blumenau não ocorreu em função da reabertura do comércio e de shoppings.
Confira a entrevista:

Quanto caiu a arrecadação do Estado no mês de abril?

A arrecadação do Estado é composta por ICMS, IPVA, ITCMD, taxas e repasses da União. No mês de março, o Estado tinha uma expectativa de arrecadação de R$ 2,650 bilhões, em valor bruto, mas arrecadou R$ 2,450 bilhões. A queda em relação à expectativa ficou em R$ 200 milhões.

Em abril, tínhamos a expectativa de arrecadar R$ 2,650 bilhões de novo, mas ficou em R$ 1,978 bilhão. Foram R$ 672 milhões (25,84%) a menos do que o valor estimado. Na comparação com a arrecadação efetivamente realizada em março deste ano, tivemos em abril uma queda de R$ 472 milhões, o que significa 19,3% a menos. E a retração de abril deste ano frente ao mesmo mês do ano passado, quando arrecadamos R$ 2,434 bilhões, ficou em 18,7%.

Como a economia ficou quase parada em função do isolamento social, o que colaborou para que a receita do Estado não tivesse uma queda tão grande mês passado?
Esse resultado de abril tem 17 dias úteis de março, que foram de vendas normais. A arrecadação de abril é referente ao movimento econômico de março. Nós decretamos o lockdown em 17 de março.

A Fazenda já tem estimativa de como ficará a receita de maio?

Em maio, a gente vai ter o efeito real, o impacto do isolamento de abril cheio. Estimamos queda bem maior do que 30% em relação a expectativa, que era de R$ 2,650 bilhões. A gente espera uma queda de 30% a 40% nessa comparação. E para junho, essa queda deverá chegar a 50%.

Temos uma inadimplência elevada e o preço do litro da gasolina vai cair para perto de R$ 3. A arrecadação de ICMS da gasolina estava sendo paga sobre um preço de R$ 4 por litro. Os combustíveis representam 20% da arrecadação do Estado. Além da queda de consumo dos combustíveis, o preço da gasolina na bomba está caindo R$ 1,30.

Isso vai ter efeito na arrecadação principalmente de junho. O consumo está 60% do que era antes. A queda da arrecadação dos combustíveis será em torno de 50% no Estado em junho.

O que pesou mais de forma positiva e negativa na arrecadação em abril?

A nossa economia é muito diversificada. Todos os setores contribuíram para a queda de arrecadação. Só o grupo de medicamentos e farmácias teve crescimento de receita em abril, de 10,5%. Até a arrecadação dos supermercados caiu.

Foi possível pagar a maioria das contas do mês passado?
Conseguimos pagar praticamente todas as contas de abril. Estamos usando nossas reservas para manter as contas em dia.

O Estado teve postergação do pagamento de dívidas?
Tivemos postergação de R$ 48 milhões de dívida com a União em abril.

Como vão ficar as contas em maio?

Vamos usar o resto das nossas reservas, esperando que a arrecadação não caia muito. Também vamos esperar o auxílio emergencial da União para não atrasar os salários. Durante quatro meses, vamos receber mais de R$ 250 milhões por mês. Isso nos ajuda a manter a folha em dia.

Apesar da ajuda da União, as contas do Estado terão uma perda expressiva frente ao orçado. Como ficará isso?
Vai ter uma diferença importante. Mas o ressarcimento da União é uma receita líquida. Eu falei antes de receita bruta. Quem perde receita bruta são o Estado, municípios, depois os poderes, saúde, educação. A nossa despesa é indexada à receita. Se a despesa é indexada à receita, temos receita menor e despesa menor. Essa ajuda da União é específica para o Estado. É uma ajuda em função da Covid-19 (parte dos R$ 30 bilhões de ajuda aos Estados).

Além disso, a União está distribuindo R$ 10 bilhões para assistência social, dos quais 70% são para Estados e 30% para municípios. Dessa ajuda, acreditamos que Santa Catarina vai receber em torno de R$ 50 milhões por mês. A ajuda federal será importante no enfrentamento das ações de saúde. Como vai cair a arrecadação, o percentual de 12% destinado pelo Estado para saúde ficará menor, por isso esses recursos da União serão importantes.

A fazenda de SC trabalha com risco de ter despesas elevadas com saúde, de o sistema de saúde do Estado ter saturação?

A gente trabalha com o risco de gastar bastante com saúde, mas não de que vamos ter saturação do sistema. A propósito, essa pregunta você deveria fazer para os governadores do Rio de Janeiro, Pará, Pernambuco, Amazonas...

Quando Santa Catarina decretou lockdown, em 17 de março, todo mundo achou estranho. Recebemos ligações do presidente do Banco Central, do Ministério da Fazenda, perguntando porque nós estávamos fechando agências bancárias. Agora, os Estados estão fazendo lockdown lá em cima. Ficou chic usar o termo lockdown. Nós fizemos lockdown dia 17 de março.

Acreditamos que não teremos saturação porque o sistema de saúde está controlado, estamos com 17% das vagas de UTIs ocupadas e investindo mais, comprando vagas de UTIs de hospitais privados. Porque estamos trabalhando no distanciamento social e não retornamos determinadas atividades ainda? É para não acelerar a transmissão. A gente está testando muito também.

Dentro as contas de maio, tem algumas que vocês terão que deixar de pagar pela limitação de receita?

Em maio, a gente não quer atrasar nenhuma conta, mas se for necessário atrasaremos pagamento de fornecedores. Estamos negociando com todos os bancos. A gente está pagando também precatórios. Somos bem organizados!

Como está o impacto da volta das atividades econômicas na arrecadação?

A loja está aberta, o shopping está aberto, mas não tem clientela. Só aumenta a arrecadação se o consumidor for às compras. Existe uma contenção de consumo porque as pessoas estão com medo de perder o emprego. Só que a crise nem começou ainda. Estamos apenas no ensaio dela.
Por que o senhor diz que a crise nem começou ainda?
Porque vamos ter a contaminação generalizada. Nós estamos retardando isso.

Quanto tempo vai demorar essa contaminação generalizada?

Estamos projetando dois anos. Até encontrarem a vacina. Por enquanto, temos que retardar a contaminação. O uso de máscara, a higiene pessoal e o distanciamento social evitam difusão do vírus. Se a pessoa é assintomática e teve o vírus, depois de um certo tempo não transmite mais. Em função desse longo prazo previsto para a doença, temos que trabalhar na expansão do número de leitos de UTI. É isso que estamos trabalhando. A nossa taxa de ocupação de UTIs em Santa Catarina está estável, entre 15% e 20%.

Diversos economistas falam em recessão profunda e há quem fala em depressão econômica. Como

Eu tinha expectativa de a gente fechar 2020 com a mesma arrecadação de 2018. Agora, já estamos prevendo que vamos fechar com receita semelhante a de 2017. Vamos empobrecer 25%, apontam nossas projeções até agora. Isso vai depender do prolongamento da crise. Por exemplo, se em junho avaliarmos que não será possível abrir escolas, o ano letivo será perdido. Isso significa também menos movimento na economia.

E se surgir um medicamento novo, uma vacina?

Aí tudo muda. Como ainda não temos uma solução, as pessoas estão deprimidas, sem esperança. Aí consomem menos.

O senhor coordena o grupo econômico do governo, que avalia retomada de setores que tiveram atividade suspensa em função da pandemia. Como está esse trabalho?

Estamos fazendo reuniões semanais, estão sendo muito importantes para que haja diálogo do setor produtivo com o governo. Estamos ouvindo os pleitos, embora nem todos possam ser atendidos quando são realizados. As resoluções estão sendo encaminhadas de acordo com análises com base nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O governo já tem uma expectativa de quando vai retomar as aulas, os transportes e liberar em 100% todas as atividades?

Não temos estudos concluídos ainda. Os estudos demoram 15 dias. Nós seguimos os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. Não atendemos a pressões de setores. As decisões são para não ter um excesso de casos e não ter que fechar tudo de novo.

Na primeira semana de lockdown abrimos só farmácias, supermercados e instituições de saúde. É o que alguns Estados do Norte estão decretando agora. Depois, começamos a abrir os setores a cada 5 ou 7 dias. Agora, estamos fazendo as contas sobre os efeitos que cada um desses setores abertos teve.

A última abertura que fizemos foi dos shoppings e de atividades ao ar livre. O comércio de rua abriu um pouco antes. Estamos avaliando isso agora. O efeito vai ser só a partir da semana que vem. Por exemplo: o aumento de casos em Blumenau não tem nada a ver com a abertura de shopping com festa na cidade.

Esse aumento de casos em Blumenau tem a ver com o quê?
É resultado de contatos entre pessoas 15 dias antes. As pessoas estão se contaminando naturalmente. Não é porque o shopping abriu com festa que teve aumento de casos em Blumenau. Não tem relação uma coisa com a outra.

Então vocês não esperam ter que decretar um novo lockdown no Estado?

Não esperamos. Talvez algumas cidades tenham essa necessidade.

Temos mais casos em Concórdia e Braço do Norte. Essas cidades deveriam optar por lockdown?

Não, porque ambas estão registrando uma queda no número de casos.

Há uma pressão agora para reabrir parcialmente cursos de idiomas. Vocês estão estudando isso?

Na realidade, todas atividades que geram aglomeração de pessoas e que têm probabilidade de contágio entre as pessoas, nós não vamos abrir. Curso de idioma tem essa característica. Todos os setores que poderiam retomar atividades parcialmente ou totalmente, nós reabrimos.
Agora, temos aqueles que envolvem aproximação de pessoas. Outros exemplos são cinema, teatro, atividades culturais. Temos os cursos presenciais das escolas, creches, transporte coletivo.

Do ramo econômico, eu estou cuidando muito do transporte coletivo. Dos estudos que fizemos, o transporte coletivo é um grande vetor de propagação da contaminação. Em todos os Estados onde teve crescimento assustador de casos, o transporte coletivo estava funcionando livremente. A disseminação maior é pelo transporte coletivo e pelas festas.

Festas de aniversário, festas familiares. Foi uma festa de aniversário em Braço do Norte que causou todo o problema no Sul do Estado. Há pressão para retomar esportes. Teríamos que testar todas as pessoas antes de entrar nos estádios ou ginásios.

Vocês têm uma estimativa de quanto vai cair o PIB de SC em função dessa crise?

É difícil dizer porque temos as agroindústrias trabalhando com plena capacidade. Mas eu acredito que o PIB catarinense poderá cair mais de 10% em 2020. Vamos empobrecer bem mais do que os dois anos de recessão em 2015 e 2016.

Para aumentar a arrecadação, alguns Estados avaliam cobrar impostos sobre transmissão de dados e em outras áreas de tecnologia... Isso depende do Confaz?

Santa Catarina não vai aumentar impostos. Aprovamos em 2018 uma lei estadual sobre bens digitais. Esses setores pagam ISS, que é imposto do município.

A arrecadação vem para o Estado de qualquer jeito. O imposto vai para o município, que paga o professor. Aí o professor abastece o carro e o ICMS vem para o Estado.

Como está a situação dos municípios. Alguma prefeitura pode falir em função da pandemia?

Não! Os municípios vão ter menos problemas do que o Estado porque o FPM (Fundo de Participação dos Municípios) de 2019 está garantido para eles e temos algumas prefeituras que vivem dos recursos do FPM. Por exemplo: o Estado terá o mesmo valor de FPE (Fundo de Participação dos Estados) do ano passado. Só que, para nós, no Estado, essa transferência representa somente 5% da receita.

As prefeituras terão a queda da arrecadação do ICMS, mas a União vai compensar, embora não totalmente. É preciso lembrar que essa ajuda será só por quatro meses. Depois a arrecadação vai depender da economia.
O fato de o Estado estar com a educação parada resultará em sobra de recursos?

Estamos usando os recursos para pagar os salários dos professores. Temos que gastar 25% com educação e tudo isso vai ser destinado à pasta porque é recurso vinculado. Não vai sobrar para o ano que vem. O maior investimento em educação é a remuneração dos professores.

Algumas lideranças do setor privado defendem corte de salários do setor público. Existe essa possibilidade?
Isso está no Congresso nacional, sendo estudado lá. É matéria constitucional. Não podemos cortar salário. Isso depende de legislação federal.

O senhor tem pesquisado sobre o que o mundo está fazendo em termos de decisões sobre coronavírus. Quais países são referência, na sua avaliação?

Os exemplos que eu tenho observado e até utilizado são os da Nova Zelândia, Alemanha e Dinamarca. Inclusive o distanciamento de um metro e meio entre as pessoas foi copiado da Dinamarca. São países que tomaram medidas corretas, que puderam ser aplicadas também no nosso Estado.
Herculano
08/05/2020 07:55
MORO IMPEDIU QUE BOLSONARO USASSE PF EM PROVEITO PRóPRIO

Jair Bolsonaro "queria da PF informações de inteligência para usar em proveito próprio no jogo político, seja para se defender, seja para atacar adversários", diz a Crusoé.

"É aí que está o detalhe mais escandaloso da crise que opõe Jair Bolsonaro a Sergio Moro: nos últimos tempos, o presidente queria informações sobre seus principais adversários políticos no Rio. Entre eles, o governador Wilson Witzel. Moro, então ministro, e Maurício Valeixo, então diretor-geral da Polícia Federal, se opunham ao compartilhamento desses dados. Por isso, caíram em desgraça.

O Palácio do Planalto chegou a usar a Abin, o serviço secreto do governo, para tentar obter as informações da PF por intermédio dos canais de cooperação entre as duas corporações".
Herculano
08/05/2020 07:48
RECÉM-ALIADO A BOLSONARO, CENTRÃO É SUSPEITO DE USAR APOIO E CARGOS PARA OBTER PROPINA

Principais pré-candidatos ao comando da Câmara são do grupo; líder do bloco, Arthur Lira (PP-AL) é o mais implicado na Justiça

Conteúdo de O Antagonista. Texto de Ranier Bragon, da sucursal de Brasília. Os deputados federais hoje mais cotados para disputar a presidência da Câmara daqui a nove meses são implicados no escândalo da Lava Jato justamente sob suspeita ou acusação de usar cargos federais ou apoio ao governo para obter vantagem indevida.

O líder do bloco do centrão, Arthur Lira (PP-AL), e o líder da maioria na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), tiveram denúncia recebida pelo Supremo Tribunal Federal. O vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (Republicanos-SP), é investigado em um inquérito.

Os três estão entre os principais líderes do centrão e são, atualmente, os nomes mais fortes na corrida sucessória, apesar de haver boa margem para reviravoltas até fevereiro de 2021.

Jair Bolsonaro ofereceu e está distribuindo a esse bloco de partidos cargos de segundo e terceiro escalão em troca de apoio no Congresso. O primeiro, a diretoria-geral do Dnocs (departamento de obras contra a seca), foi entregue nesta quarta (6) ao Avante, em uma intermediação feita por Arthur Lira.

O líder do PP teve ao menos três encontros recentes com Jair Bolsonaro (sem partido) e é o que tem o maior número de anotações na Justiça, nem todas relacionadas à Lava Jato.

O parlamentar, de 50 anos, é filho do ex-senador Benedito de Lira, e está em seu terceiro mandato consecutivo na Câmara, tendo sido vereador nos anos 90 e deputado estadual na década seguinte.

É do tipo de parlamentar que pouco usa o microfone, preferindo os bastidores. E, segundo colegas, tem perfil de embate, mas é cumpridor da palavra empenhada. "Comigo as pessoas têm a garantia que a conversa não mudará no meio do caminho", afirma Lira.

Em uma das reuniões com Bolsonaro ?"que já foi filiado ao PP, embora nunca tenha tido atuação orgânica na legenda?", o presidente gravou um vídeo amistoso para a família do parlamentar.


Lira é um dos favoritos a ser o candidato do centrão à sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) - esse também objeto de inquéritos da Lava Jato no STF, que aguardam posição da Procuradoria-Geral da República sobre oferecimento ou não de denúncia.

Um dos problemas judiciais que Arthur Lira enfrenta é da época em que era deputado estadual. Ele foi um dos alvos da Operação Taturana, que apurou desvio de verbas da Assembleia Legislativa de Alagoas por meio de apropriação de salário de servidores e empréstimos na rede bancária pagos com verba de gabinete.

Na esfera criminal, foi denunciado em 2018 pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, por peculato e lavagem de dinheiro. Após o STF decidir restringir o foro privilegiado, o caso foi para a Justiça de Alagoas.

Na esfera cível, a Operação Taturana levou o deputado a ser condenado em ações por improbidade, uma delas em segunda instância. O deputado afirma que não foi citado validamente para se defender e que a condenação está com efeito suspensivo.

Os demais casos surgiram quando ele migrou da Assembleia para a Câmara e são todos relacionados à Lava Jato.

Figura em parte desses inquéritos, ao seu lado, o colega de partido Aguinaldo Ribeiro, de temperamento mais conciliador, ex-ministro no governo Dilma Rousseff (PT), e apontado como possível beneficiário do apoio de Maia.

O atual presidente da Câmara, que está no terceiro mandato, tem hoje chances reduzidas de aprovar uma emenda à Constituição para disputar uma quarta temporada.

Os casos que juntam Lira e Aguinaldo, além de outros caciques do PP, são baseados especialmente, mas não só, nas afirmações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, responsáveis pelas delações premiadas que deram o impulso inicial à Lava Jato.

Em um desses, o Supremo Tribunal Federal acolheu no ano passado denúncia feitas pela PGR. Os dois são acusados de integrar o "quadrilhão do PP, que teria desviado verbas da Petrobras por meio de cargos comandados pela legenda.

Em outro, Lira e Aguinaldo são investigados sob suspeita de recebimento de R$ 1,6 milhão do grupo Queiroz Galvão, em 2011 e 2012, também ao lado de outros políticos do PP.

Isoladamente, Lira é alvo de um terceiro caso, esse também com denúncia acolhida pelo STF, sob acusação de cobrar, em 2012, R$ 106 mil de propina do então presidente da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), Francisco Colombo.

Um assessor de Lira à época, Jaymerson José Gomes de Amorim, foi preso no aeroporto de Congonhas com o dinheiro sob as vestes, incluindo meias, quando passou no raio-x tentando embarcar para Brasília.

Conforme a denúncia, a passagem aérea foi paga com o cartão de crédito de Lira. A Folha localizou o ex-assessor, por telefone, mas após o repórter se identificar, Jaymerson encerrou a ligação.

No memorial da apuração do inquérito do "quadrilhão", Dodge relembra o fato de que Lira e Aguinaldo, ao lado do hoje presidente do PP, Ciro Nogueira, e do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), desbancaram o então grupo dominante na bancada, formado, entre outros, por João Pizzolatti (SC), Mario Negromonte (BA) e Nelson Meurer (PR), primeiro parlamentar condenado pelo STF na Lava Jato, em maio de 2018.

A procuradora afirma que o novo grupo assumiu para si o controle sobre o esquema, substituindo Youssef pelo operador Henry Hoyer de Carvalho.

As duas denúncias recebidas pelo STF estão em fase de análise de novos recursos. Os parlamentares solicitam, entre outros pontos, que os casos sejam arquivados com base em lei aprovada pelo Congresso em 2019 estabelecendo que o recebimento de denúncias não pode ser embasado exclusivamente em afirmações de delatores.

A nova regra, defendida por quase todos os partidos, foi um dos pontos incluídos pelos parlamentares no pacote de alterações penais elaborado pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro, que foi o juiz responsável pela Lava Jato em Curitiba até 2018.

Em resposta aos recursos no STF, o Ministério Público diz que há várias outras provas, não só em delações. Aguinaldo disse que está recorrendo da aceitação da denúncia e que o outro caso ainda está sem conclusão.

Lira afirma que as denúncias têm por base a delação de Youssef. "A falsidade de suas declarações já foi reconhecida pelo STF, que rejeitou duas denúncias baseadas nos mesmos fatos e identificou inconsistências nos relatos. Como eu respeito as decisões do Judiciário, acredito na justiça e tenho certeza que a minha inocência ficará comprovada."

Em relação ao caso da CBTU, afirmou que a acusação é fantasiosa e que não tem nenhuma relação com o ato, "fato já confessado pelo assessor".

No inquérito, Jameyrson afirma ter viajado com dinheiro vivo a São Paulo para comprar um carro de luxo, mesmo estando endividado e não tendo informado isso à esposa, versão considerada completamente inverossímil pelo Ministério Público.

Além do STF, Lira tem pendências com a Justiça do Paraná, ninho da Lava Jato. Em 2016 e 2017 o Ministério Público, a Advocacia-Geral da União e a Petrobras moveram ações de improbidade contra o parlamentar e outros políticos. Uma delas resultou ainda em 2017 em ordem de bloqueio de seus bens no valor de até R$ 7,77 milhões.

Em decisão de 20 de abril deste ano, o juiz federal Friedmann Anderson Wendpap atendeu parcialmente a pedido da Petrobras e determinou o confisco de 10% do salário do parlamentar (que é de R$ 33,7 mil), relatando que, até aquele momento, haviam sido bloqueados "alguns veículos, R$ 496,59 via Bacenjud [canal de interlocução entre a Justiça e as instituições financeiras] e um imóvel".

Sobre os casos do Paraná, Lira diz que 99% dos investigados pela Lava Jato não tiveram ação proposta. "Esse foi mais um movimento político sem fundamento ou qualquer prova, apenas com o intuito de destruir reputações. "

Em dois outros inquéritos, em que era investigados sob suspeita de receber propina da UCT e de contratos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, o Supremo rejeitou a denúncia contra ele sob o argumento, principal, de que as afirmações dos delatores não estavam amparadas em provas.

No ano passado, o senador Cid Gomes (PTD-CE) chegou a se referir a Lira como "achacador" e "projeto do futuro Eduardo Cunha", em referência ao ex-presidente da Câmara, hoje preso em decorrência da Lava Jato. "A minha relação com o Eduardo Cunha foi a mesma que outros parlamentares estabeleceram com ele no Congresso", afirma Lira.

Já Marcos Pereira foi apontado na delação da Odebrecht como receptor de R$ 7 milhões de dinheiro desviado da Petrobras em troca do apoio do PRB (hoje Republicanos) à campanha à reeleição de Dilma Rousseff, em 2014. O inquérito foi remetido no ano passado para a Justiça de São Paulo.

"Não repondo e nunca respondi a nenhuma ação cível ou criminal, seja decorrente de minha atividade pública, seja da minha vida privada. Existe inquérito policial para apurar os supostos fatos narrados na delação mencionada. Tenho absoluta confiança que ao final será reconhecida a minha inocência", afirmou o parlamentar.
Herculano
07/05/2020 19:10
OS QUE FORAM DO PLANALTO AO STF

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Mônica Bérgamo. Veja a lista dos 15 empresários que Bolsonaro levou ao STF

Há setores de máquinas, cimento, farmácias, calçados, químico e de automóveis, entre outros

O presidente Jair Bolsonaro levou 15 empresários e dirigentes de associações para conversar nesta quinta (7) com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli.

Eles representam diversos setores, como o têxtil, de produção de cimento, energia, cimento, farmacêutico, de máquinas, calçados e energia.

Na reunião, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a economia estava começando a colapsar. De acordo com relatos, Bolsonaro voltou a criticar governadores e prefeitos pelo exagero na adoção de medidas restritivas de isolamento social.

Foi uma visita surpresa, marcada de última hora, e que ocorre depois do ensaio de uma crise institucional entre o presidente e a corte.

Bolsonaro foi caminhando até o STF, seguido pelos empresários e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes e cercado por seguranças e pela imprensa.

Os empresários que acompanharam Bolsonaro eram José Ricardo Roriz Coelho, da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria de Plástico), Fernando Valente Pimentel, da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), José Velloso Dias Cardoso, da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Paulo Camilo Penna, presidente do Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), Elizabeth de Carvalhaes, da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), Synesio Batista da Costa, da Abrinq, Haroldo Ferreira, da Abicalçados (Associação Brasileira da Indústria de Calçados), Ciro Marino, da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), José Jorge do Nascimento Junior, da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), José Rodrigues Martins, da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Reginaldo Arcuri, da FarmaBrasil, José Augusto de Castro, da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), Marco Polo de Mello Lopes, da Coalizão Indústria, Humberto Barbato, da Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) e um representante da Anfavea.
Herculano
07/05/2020 19:06
da série: gente do barulho

NOMEAÇÃO DE ARAÚJO GOMES À SENASP SOBE NO TELHADO!, por Cláudio Prisco Paraíso, Florianópolis SC

Perfil Conservador Catarinense, no Twitter, fez um post com 10 pontos, fotos e argumentos, contra a indicação do coronel Araújo Gomes à Senasp.

O post começa afirmando que o policial é um homem de confiança de Moisés da Silva, a quem os bolsonaristas não têm o menor pudor de chamar de traidor.

Segue mostrando Araújo Gomes ao lado do agora famosíssimo Douglas Borba que, segundo o Conservador Catarinense, é anti-Bolsonaro.

Os autores também lembram de uma palestra LGBT promovida para PMSC, o fato de a corporação ter admitido seu primeiro integrante "trans" e a prisão de cinco pessoas de uma família que promoviam um culto cristão familiar.

E segue com outras críticas a Araújo Gomes. Detalhe: a deputada Carla Zambelli, bolsonarista de quatro costados, curtiu o post do Conservador Catarinense. Sinal claríssimo de que a indicação de Araújo Gomes à Senasp subiu no telhado!
Herculano
07/05/2020 18:49
COMO A INDÚSTRIA DA DESINFORMAÇÃO VAI DEMOLINDO UMA IMPRENSA INDEFESA, por Eugênio Bucci, jornalista e professor da ECA-USP, no jornal O Estado de S. Paulo

Há conexão com o projeto fascista que se manifesta na Esplanada dos Ministérios

O que aconteceria se milícias rivais se associassem para abrir quiosques de agiotagem pelas esquinas do Brasil, emprestando dinheiro barato para todo mundo, sem pagar imposto e sem legalizar suas operações? O que aconteceria se distribuíssem cédulas falsas, mas ninguém ligasse? O que aconteceria se os desavisados afluíssem em massa para tomar empréstimo e fazer tilintar a caixa registradora da bandidagem? O que aconteceria se os quiosques, além de dinheiro suspeito, distribuíssem panfletos para xingar o sistema bancário de ladrão da Pátria e acusar o Poder Judiciário de ser cúmplice da ladroagem dos banqueiros? O que se passaria se esse novo negócio ilegal contasse com o presidente da República como seu garoto-propaganda? E se, para completar, uma turba saísse pelas praças do País, travestida de seleção canarinho, estapeando bancários a caminho do trabalho?

Ora, até aí, você dirá, a resposta é fácil: o que aconteceria seria o caos ?" o caos generalizado e a convulsão social. Só que esse caos não nos ameaça, você dirá também, pois os bancos, para o bem e para o mal, sabem se defender. Mas, atenção: e se, em vez das instituições bancárias, a vítima dos novíssimos quiosques clandestinos das milícias fosse, não as instituições bancárias, mas a instituição da imprensa? Agora a pergunta deixa de ser hipotética. Na verdade, se você olhar a cena nacional, verá que isso já está acontecendo. Existe, de fato, uma guerra aberta contra algo que talvez seja ainda mais valioso para uma sociedade livre do que o capital bancário (ou financeiro): o capital simbólico de credibilidade e de independência que o jornalismo representa. E aí? O que nos vai acontecer?

O corneteiro-mor à frente da guerra é o presidente da República. Seus seguidores, bem adestrados, aprenderam a ferir o núcleo do valor sobre o qual a imprensa se sustenta. Qual é o serviço essencial que um bom jornal oferece ao público? Informações dignas de confiança. Com esse serviço o jornal conquista a confiança do público e dessa confiança extrai todo o valor que poderá ter ?" o valor econômico, inclusive, mas não apenas ele. Pois agora os quiosques criminosos dispõem de armamento para enfraquecer esse valor. Com relatos fajutos produzidos em larga escala, operam para sufocar, muitas vezes com sucesso, a repercussão das reportagens de qualidade.

Estamos falando de uma portentosa, ainda que ilegal, indústria de desinformação. Bem arquitetada, essa indústria por trás da guerra mantém uma linha produtiva especialmente dedicada a produzir "conteúdos" virais que corroem a honra de empresas jornalísticas e de jornalistas respeitados. Os ultrajes se alastram, impulsionados por direitistas festivos que trabalham de graça para o crime. Nas redes sociais, cada ofensa baixa contra uma redação profissional ou contra um repórter autoriza e incentiva os capangas que esbofeteiam jornalistas no meio da rua. O discurso do ódio virtual explode em violência material. Enquanto isso, o corneteiro-mor ordena, aos berros, que os repórteres profissionais calem a boca. Grita e repete: "Cala a boca!".

Por certo, a democracia procura defender a imprensa ?" entre outras razões, porque ela mesma, democracia, já desponta como a próxima vítima. Mas isso não basta. A imprensa precisa fazer mais por si mesma. Ela deve se antecipar e dar combate à indústria criminosa que a elegeu como primeira inimiga. Nesse ponto, as redações devem mudar de atitude. Não que devam mover uma outra guerra, não que precisem se orientar por metáforas bélicas. A forma adequada que a imprensa tem para se defender é fazendo jornalismo, com base em dois ingredientes que se interligam e que já são velhos conhecidos do ofício: reportagens focadas e de pensamento crítico.

As reportagens focadas investigariam sistematicamente a economia paralela e o organograma da indústria das fake news. Quem lucra com a difusão de mentiras nas redes sociais? De que maneira? Quais as cifras implicadas aí? Quem comanda os centros de produção que abastecem os direitistas festivos? Quem são os gerentes? Onde atuam? Quais os elos entre essa atividade clandestina e a organização política que dá sustentação ao bolsonarismo? Esta deveria ser não uma das, mas a pauta prioritária para a imprensa jurada de morte.

Em segundo lugar, as redações não podem abrir mão de pensamento crítico. Uma redação só é uma redação quando pensa à frente da sociedade. E, hoje, uma redação pensante é uma redação dedicada a compreender os nexos entre a indústria da desinformação e o projeto fascista que já pôs as mangas de fora na Esplanada dos Ministérios. Sem compreender o objeto, não há como cobri-lo. Mais do que desmentir as fake news, trata-se de desmontar a indústria que as fabrica em prol do autoritarismo anti-imprensa.

A única forma de dissolver a treva é jogar luz contra ela. Os jornais, que só brilharam quanto jogaram luz sobre os fatos e por dentro dos fatos, são convocados agora a apontar o farolete na cara (e no traseiro) do inominável. Será um bom começo para reescrever um triste fim.
Herculano
07/05/2020 18:45
O PP FOI O BRAÇO DIREITO DA LADROAGEM NA LAVA JATO, DO PT E DA ESQUERDA DO ATRASO. ERA O PARTIDO DE BOLSONARO POR LONGO PERÍODO. AGORA É SEU PARCEIRO PREFERENCIAL NO CONGRESSO? É ISSO? HUMM! COM A PALAVRA O BOLSONARISMO
Herculano
07/05/2020 18:40
JORNALISMO COLOCADO A PROVA

Os sucessivos escândalos no governo de Carlos Moisés da Silva, PSL, mostrou que a NSC Total, sucessora da RBS SC, perdeu totalmente a embocadura para jornalismo. Há anos venho sinalizando isso.

Tudo passou antes pela ND mais, da família Petrelli. Isto é um sinal de capacidade e principalmente credibilidade.
Herculano
07/05/2020 18:37
A MANCHETE DA ENROLAÇÃO DOS NOVOS POLÍTICOS COM AS VELHAS PRÁTICAS

50 dos 200 milionários respiradores comprados pelo governo do estado de Santa Catarina a gente embrulhada, chegam da China ao Brasil neste sábado. Eles custaram a bagatela de R$33 milhões, o cargo do secretário da saúde o coronel médico militar, Helton de Souza Zeferino, balança o chefe da Casa Civil, Douglas de Borba, colocou de joelho, o governador, o tenente coronel bombeiro militar da reserva, Carlos Moisés da Silva, PSL e lavou a alma, mais uma vez da vice-governadora Daniela Cristina Reinehr, que era do PSL e está de muda para o Aliança pelo Brasil.
Herculano
07/05/2020 18:27
da série: quem mente, de forma continua e descaradamente, teme. Os militares acham uma afronta terem que depor (e não mentir a favor do presidente). E para completar, uma trama faz "sumir" as filmagens da reunião,para desacreditar ainda mais os governantes e atores do governo. Vergonhoso. A esperteza quando é demais, come o próprio dono, lembrava sempre o político mineiro, ex-primeiro ministro e presidente da República eleito, Tancredo de Almeida Neves. E o ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, deixou a nú, espertos, mentirosos e poderosos da República. Só para lembrar: no dia 26 de abril, o próprio Bolsonaro garantiu em público que a gravação existia, que iria legendá-la e espalha-la nas redes sociais para desmoralizar o seu ministro. Depois voltou atrás também de forma pública, alegando que foi aconselhado por seus "çabios" para não fazer isso. Estava fazendo prova contra ele próprio. Como sempre.

BRAGA NETTO: "A REUNIÃO NÃO NECESSARIAMENTE É FILMADA"

Conteúdo de O Antagonista. Na coletiva de hoje no Palácio do Planalto, um repórter perguntou aos ministros presentes o que aconteceu na reunião cuja gravação o governo resiste em repassar para o STF, no âmbito do inquérito sobre a saída de Sergio Moro do governo.

Braga Netto, ministro da Casa Civil, respondeu:

"O que é que acontece com o vídeo? A reunião não necessariamente é filmada, não é como uma reunião na Câmara dos Deputados. Ela não é filmada. Às vezes você tem a câmara e ela filma, ela filma trechos, ela filma partes do coisa. Às vezes, não filma, o presidente fala: 'Olha, não quero que filme'."

Ele continuou:

"Eu não vou entrar no assunto da filmagem, porque isso hoje é assunto de inquérito. Mas o que acontece lá é isso: ela pode filmar, ela pode não filmar."

Braga Netto, em sintonia com a AGU, insistiu no argumento de que a reunião trata de assuntos de "segurança nacional, relações entre países, economia".

Ao lado dele, Onyx Lorenzoni afirmou: "Perfeito".
Herculano
07/05/2020 18:13
VEREZA A MORRO: "ACREDITOU NA LOROTA DA CARTA BRANCA?"

Conteúdo de O Antagonista. Rompido com Jair Bolsonaro, cuja eleição apoiou, o ator Carlos Vereza escreveu um bilhete para Sergio Moro, registra a Época.

"[Você] bateu de frente com as mais sofisticadas quadrilhas, botou em cana o Capo [Lula], enfiou todo o mundo na cadeia, e ainda acreditou no Jair, que já compôs com a rapaziada do Mensalão?!", perguntou Vereza ao ex-ministro da Justiça.

Em outros trechos, o ator ainda brincou com perguntas em sequência, como "Tá maluco?" e "Acreditou na lorota da carta branca?".

No Twitter, Moro agradeceu pelas "palavras gentis" do bilhete. "O senhor está certo: sinto que apenas cumpri a lei e meu dever como cidadão."
Herculano
07/05/2020 18:09
UM "NOVO" GOVERNO, por Willian Waak, no jornal O Estado de S. Paulo

Mas as pessoas só querem saber quando vão acabar a crise e a desagregação

O governo dono da plataforma com a qual foi eleito Jair Bolsonaro terminou no começo de maio, aos 16 meses de vida. Seus dois fortes apelos eram a campanha anticorrupção, associada à mudança da forma de se fazer política, e a grande reforma do Estado, ali incluída uma ambiciosa agenda de reformas econômicas de cunho estruturante e "liberal".

O homem visto como campeão da luta anticorrupção, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, desceu da carruagem dizendo que o fazia por não acreditar que a campanha prosseguiria como tinha sido nos tempos da Lava Jato. Bolsonaro o chama agora de mentiroso e traidor. Em seu depoimento à Polícia Federal, Moro deixou claro como pretende seguir o roteiro: chamando Bolsonaro para a briga no campo da ética e da política - suas acusações não surgem até aqui capazes de levar o procurador-geral da República a oferecer denuncia contra o presidente.

Mas está claro que um pedação significativo da bandeira anticorrupção foi arrancado das mãos de Bolsonaro, e essa não é uma disputa que se encerra no curto prazo. Ela vai para 2022, e o motivo é como Bolsonaro decidiu fazer política agora: do mesmo jeito que seus antecessores fizeram, ou seja, oferecendo cargos em troca de apoio. Não importa como Bolsonaro justifique essa mudança de rumo a seguidores capazes de acreditar em qualquer palavra de ordem, nem se ele agiu por medo, cálculo, pressão, desespero ou burrice. O fato incontestável é o da presença ainda mais dominante da "velha" política.

É dela que passou a depender agora o outro pilar com o qual Bolsonaro foi eleito, o das reformas estruturantes e liberais. Perdeu-se tempo e o imponderável sob a forma da dupla catástrofe do coronavírus alcançou Paulo Guedes no meio da terra de ninguém - no mata burro, para usar a linguagem de quem aprecia o jogo de tênis.

A necessidade de socorro de emergência a estados e municípios arrancou a âncora fiscal, com os piores golpes vindo de dentro do Palácio do Planalto. Continua ali na gaveta o plano da gastação desenfreada em infraestrutura mas foi o sinal de abandono do congelamento dos salários do funcionalismo dado pelo próprio presidente que melhor traduziu o que sempre se intuiu: o corporativismo mora aqui.

A combinação de farra fiscal em ano eleitoral com severa recessão econômica é horrorosa para qualquer governo, mas o Bolsonaro 2.0 começa sob uma generalizada desagregação política e institucional, cuja expressão mais evidente é a forma como o STF decidiu reiterar limites à atuação do chefe do Executivo. "A judicialização da política em si já é ruim", resumiu uma das grandes figuras do mundo do direito em Brasília, "pois o Judiciário não deveria legislar, mas o que estamos vendo é o pior dos mundos: é o Judiciário governando".

Essa erosão está sendo acelerada pelas mortes diárias, pela apreensão das pessoas com seu futuro imediato, pela perda de confiança de consumidores e empresários, pelo medo do desemprego, da doença e da morte. São fatores "subjetivos" e "emocionais" de enorme e imprevisível peso na política, diante dos quais Bolsonaro tem insistido em aumentar a comoção. Exatamente como tudo isso vai se desdobrar é impossível dizer neste momento. Como também é difícil fugir à constatação de que a tripla crise ?" de saúde pública, economia e política ?" só tornou tudo ainda pior.

Aos 16 meses, Bolsonaro reinaugura seu governo num ambiente de angústia profunda e prolongada, com as pessoas se perguntando, aflitas, quando tudo isso vai acabar.

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