Blumenau acaba de propor uma reforma administrativa dura para sobrar mais dinheiro à Saúde, Educação e Obras. A reforma de Gaspar aumentou as despesas - Jornal Cruzeiro do Vale

Blumenau acaba de propor uma reforma administrativa dura para sobrar mais dinheiro à Saúde, Educação e Obras. A reforma de Gaspar aumentou as despesas

17/05/2019

Gaspar atrasa. Blumenau avança I

Mudo um pouco o comentário desta sexta-feira diante do exemplo e da comparação. O prefeito de Blumenau, Mário Hildebrand, que não é nenhum ícone político local e regional, que não vive alavancado por um aparato de propaganda, que não é garoto-boneco dos seus feitos nas redes sociais, que dá dezenas de entrevistas simples, diretas, sinceras, coerentes e a quem não afrouxa nos questionamentos; que está sem partido (estava no socialista PSB do conservador Paulinho Bornhausen), ex-vereador, ex-secretário de Assistência Social, ex-vice de Napoleão Bernardes, sem partido (que foi usado despudoradamente e traído pelas raposas do PSDB catarinenses), evangélico, Mário surpreendeu mais uma vez. Anunciou esta semana uma Reforma Administrativa, na prefeitura de la. Estão putos os políticos, os mamadores das tetas públicas, os sindicalistas, os adversários e até mesmo aliados; temendo o pior. A cidade, na maior parte, não. Engraçado!

Gaspar atrasa. Blumenau avança II

A decisão do prefeito Mário é antes de mais nada, óbvia. Corajosa por vir de um político que possui até planos de reeleição. Mário garante e mostra planilhas que vai economizar R$ 14.189.541,74 e com ela, investir na saúde, educação e infraestrutura da cidade e que dá votos do que empregos para poucos dependentes de tetas e que comem muito dos escassos impostos. Uau! Mário vai juntar coisas, terminar com 100 cargos comissionados e outros 700 cargos efetivos. Ulalá! Não é algo comum para políticos, mas o prefeito de Blumenau que ganhou o cargo de Napoleão por ser vice dele, espera ser reconhecido exatamente por essa coragem, a mesma que o fez fechar o poleiro ineficiente chamado de Companhia Urbanizadora de Blumenau – URB - e que o Ministério Público do Trabalho continua a implicar como se o dinheiro viesse do céu o do duodécimo como chega ao MPT. E não custa lembrar, que esta marca de coragem vem desde Napoleão. Encurralado, mesmo sob a ameaça de não se reeleger – e se reelegeu -, resolveu terminar com a caixa preta do falido Consórcio Siga, refém dos sindicalistas, dos partidos da esquerda do atraso. Eles infernizavam, na precariedade, e sucessivas greves, a vida os trabalhadores de baixa renda usuários do Transporte Coletivo de lá. Aqui temos a tarifa mais alta do estado, improviso e uma falha cobertura.

Gaspar atrasa. Blumenau avança III

O prefeito de Gaspar Kleber Edson Wan Dall, MDB, ex-vereador e presidente da Câmara, evangélico, eleito prefeito só na segunda vez que tentou, também fez a sua “reforma administrativa. Ela de tão polêmica no PL 4/2017 só foi aprovada no meado daquele ano. Ao invés de economizar, aumentou a folha de pagamento em R$600 mil em quatro anos com cargos comissionados, mas principalmente os gratificados. E como se vê pelas notícias que abundam agora e sempre relato aqui, até hoje, pelas sucessivas danças das cadeiras, a qualidade foi a que menos importou na ocupação dessa cara reforma: dúvidas, falta de transparência, perda da maioria na Câmara e muita gente empregada para cabalar votos e segurar bandeiras nas esquinas, estratégia que se mostrou desastrosa em outubro do ano passado, lição que não foi ainda capaz de mudar o comportamento tático do atual governo.

Gaspar atrasa. Blumenau avança IV

A última reforma administrativa que se tem notícia em Gaspar e se anunciava estar economizando dinheiro os pesados impostos dos gasparense, diminuindo à máquina de empregar, por incrível que pareça, foi a do petista Pedro Celso Zuchi em dezembro de 2014, no terceiro mandato dele e o segundo consecutivo: R$1,3 milhão com a degola de 58 cargos comissionados. Saiu de 172 para 114. A reforma de Kleber foi para dar superpoderes ao secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, o advogado, Carlos Roberto Pereira, coordenador da campanha dele, o prefeito de fato. Ele bateu em retirada para a caótica secretaria da Saúde tão logo Kleber perdeu a maioria na Câmara numa lambança, por arrogância e vingança, na sustentabilidade da governabilidade. A “segunda” reforma administrativa do governo Kleber, está prometida desde outubro ele levou uma surra nas urnas. Ensaia, ensaia e joga iscas falsas. Quem não ensaia, mas planeja com gente fria e que entende do riscado, e melhor, executa sob todos os riscos, críticas e protestos, diante de números e realidades duras, é Blumenau. Um atrasa. Outro avança! Acorda, Gaspar!

Este retrato diz tudo. Ele é da semana passada. O prefeito de Blumenau Mário Hildebrand recebe o de Gaspar, Kleber Edson Wan Dall, MDB. Numa curta nota, disse que o “encontro” era para discutir ações comuns contra a dengue. De fato, está na foto o secretário da Saúde de Gaspar, Carlos Roberto Pereira, mas que é presidente do MDB de Gaspar. Na foto, para este assunto, faltou o secretário de Saúde de Blumenau, Winnetou Michael Krambeck. Hum! Em compensação estão lá velhos conhecidos do MDB que influenciam aqui: Paulo França, secretário Executivo de Mobilidade Sustentável e Projetos Especiais (?) e o então chefe de gabinete César Botelho. Ele, França e Roberto Pereira são espólio do gasparense Renato de Mello Vianna no MDB que definha em Blumenau.

TRAPICHE

Para os recorrentes problemas do Hospital de Gaspar, sob intervenção municipal, Kleber Edson Wan Dall, MDB, e que prometeu resolve-los, mandou publicar que o Hospital Santo Antônio, de Blumenau, que é municipal, também está com dificuldades no seu Pronto Socorro.

Ou seja, a administração de Gaspar prefere se comparar com eventuais os maus exemplos.

O Pronto Socorro do Hospital Santa Isabel, na mesma Blumenau, com atendimento pelo SUS, mas que tem dono conhecido para gerenciá-lo há décadas, como já relatei aqui em coluna anterior, por exemplo, não tem os mesmos problemas relatados em Gaspar.

Ou seja, à boa referência, como sempre, é desprezada pelos políticos para justificar os seus erros.

Alan Luciano dos Santos é agente de serviços gerais da secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa da prefeitura de Gaspar. Ele, pela lei, como zeladores e merendeiras estão excluídos das Bolsas de Estudos. Expôs, didática e fundamentado a situação na tribuna da Câmara. Pediu ajuda dos vereadores na mudança da lei.

Lá pelas tantas, sincero e até ingênuo, Alan revelou que quando foi atrás desse assunto dentro da prefeitura não encontrou respostas e foi advertido por colegas que ele poderia ser perseguido por buscar ajuda, orientação e criar direitos para os mais fracos.

Pois é. Depois sou em quem exagero. Esta é a percepção geral do atual governo. E para completar: o líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB, solidarizou-se com a causa de Alan. Faltou então combinar com o seu próprio governo. Agora, está obrigado sair do discurso e ir para a prática. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1901

Comentários

fernando azevedo
19/05/2019 20:37
Boa Tarde
A nomeação de Jorge Pereira é uma boa opção para a cidade de Gaspar, o atual presidente do PSDB, conhece os caminhos para acessar recursos federais e estaduais. A nomeação de Jorge fortalece o Prefeito Kleber!!! a legitmo prefeito,vamos em frente!! 2020 ninguem vai tirar a eleição do Prefeito Kleber, o Ciro vai para o PR para neutralizar o PT, se não ganhar eleição, vai continuar no paço municipal. O PT ficou isolado, sem o PDT, não tem nome forte para a eleição, Celso Zuchi tem um bom histórico, contudo não vai ter força para enfrentar o Prefeito Kleber que tem como apoiadores, o PP, PDT, PR, PSD, com o marcelo brick na cabeça e Kleber de vice. Além disso com 21 candidatos o MDB vai mostrar sua força no poder legislativo. Noticias que a gestão vai ceder em setembro o auxilio alimentação vai voltar a ser pago em dinheiro.
Noticias boas .... em 2020 avançagaspar... muitas obras vão continuar e o desenvolvimento de Gaspar vai acontecer.
Herculano
19/05/2019 17:10
ALGUNS MEMBROS DA CÚPULA DO MDB DE GASPAR SE REÚNEM EMERGENCIALMENTE NESTE FINAL DE TARDE E INÍCIO DE NOITE COM O PREFEITO KLEBER EDSON WAN DAL, PARA DISCUTIR A RELAÇÃO

TRATA-SE DA INDICAÇÃO DO SUBSTITUTO DO DEMISSIONÁRIO CHEFE DE GABINETE, PEDRO INÍCIO BORNHAUSEN, PP. NO COMENTÁRIO DE ONTEM ÀS 9.56 PEDRO SAI. NOVIDADE? NÃO AQUI!, MOSTREI AS IMPLICAÇõES NA GUERRA PELA INDICAÇÃO.

O PRESIDENTE DO MDB E SECRETÁRIO DA SAÚDE, CARLOS ROBERTO PEREIRA, TENTA BARRAR A INDICAÇÃO DE JORGE LUIZ PRUCINO PEREIRA, PREFERIDO DO PREFEITO KLEBER.
Herculano
19/05/2019 08:43
da série: o tiro no próprio pé quando se quer alterar no grito, ou por decreto, ou por discurso populista, a lei da oferta e da procura. Os mais fracos, são os primeiros que perdem. Os mais habilitados, encontram saída para perderem menos, ou até lucrarem mais.

SE GOVERNO DER SEGURANÇA, TRANSPORTADORAS GARANTEM SUPRIMENTO, DIZ CNT SOBRE PARALISAÇÃO

Vander Costa diz que tabela do frete aumentou custos e diminuiu contratação de autônomos

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto e entrevista de Heloísa Negrão. Para Vander Francisco Costa, presidente da CNT (Confederação Nacional dos Transporte), se houvesse uma nova paralisação de caminhoneiros, as transportadoras dariam conta de abastecer o país. Ao governo, caberia apenas garantir segurança nas estradas.

Para ele, a lei da tabela do piso do frete prejudicou os próprios autônomos.

Com o preço tabelado, ficou mais barato para as transportadoras aumentarem as frotas do que contratar terceiros.

Soma-se a isso, a falta de demanda para todo o setor, devido a lentidão econômica.

O que mudou após a paralisação de 2018?

Não mudou grande coisa. Para os carreteiros, houve um pequeno aumento no preço praticado, cerca de 30%. A tabela do frete mínimo é cumprida por algumas transportadoras, por outras não. E a cabotagem apresentou um crescimento na ordem de 20% a 25%. As empresas estão buscando um modal mais competitivo para fazer o transporte.

Esses movimentos diminuem o serviço para os caminhoneiros autônomos?

O que está impactando mesmo é a falta de demanda. Havia a preocupação muito grande que alguns embarcadores comprassem frota, mas isso não ocorreu. Compraram somente aquelas empresas que, por decisão estratégica, optaram por ter frota própria. Mas foi por estratégia de negócio e não por medo de greve de carreteiro.

A maior parte são empresas de transporte que está comprando. Hoje há uma opção das transportadoras em trabalhar mais com frotas próprias e menos com autônomo.

Essa decisão tem alguma coisa a ver com a paralisação de 2018?

Tem, por conta da insegurança jurídica da tabela do frete. Nós temos uma lei [da tabela do frete] que é impositiva, mas não se sabe se ela é constitucional ou inconstitucional. Tem ações no STF (Supremo Tribunal Federal) que estão aguardando o voto do ministro [Luiz] Fux. Se ele entender que é constitucional, todo mundo que contratou um carreteiro abaixo da tabela passa a ter um passivo muito grande.

As empresas teriam de pagar para quem foi contratado abaixo da tabela?

Se for [julgada] constitucional, sim, porque a lei está vigorando. Os efeitos dela não foram suspensos. Por outro lado, se for julgado como inconstitucional, prevalece o que foi pago. Mas ficou essa insegurança muito grande. É por isso que os carreteiros estão sentindo falta [de fretes], o mercado deles diminuiu em função dessa insegurança jurídica.

Os autônomos reclamam que, após maio, as transportadoras compraram muitos caminhões e tiraram o trabalho deles.

Você não consegue revogar a lei da oferta e da procura. Na hora que, de forma impositiva, surge uma lei de tabela de frete querendo agredir a lei de mercado, naturalmente as empresas passam a buscar pelo preço. Com uma tabela de frete imposta artificialmente, fica mais barato você ter frota própria [do que contratar caminhoneiro terceirizado].

A tabela que está sendo desenvolvida pela Esalq-USP agradaria autônomos e transportadoras?

Não. Não tem como fazer uma tabela de frete que consiga agradar o Brasil inteiro. Se você pegar o óleo diesel, vai ver que tem diferença [de preço] muito grande de uma região para outra, até mesmo dentro de um mesmo estado, e isso impacta no preço final [do frete]. O consumo do óleo diesel muda de acordo com a marca do veículo e com o terreno por onde ele irá circular ?"se estou subindo uma serra, vou gastar mais do que se estiver no plano. Em São Paulo, gasta-se menos com óleo e mais com o pedágio. Ou seja, são muitas variáveis.

Qual a melhor solução?

A tabela do frete foi necessária naquele momento da greve. Os contratantes de frete estavam usando o poder econômico para impor um preço abaixo do custo variável.

Quem são os contratantes?

As trades fazem isso com muita frequência. As agrícolas, por exemplo, compram a safra dos produtos quando ainda estão sendo plantando. E naquele preço, já desconta uma parcela pelo frete. Ou seja, ela está estimando o preço do frete. Então, quem estima para cobrar, joga o preço para cima; na hora de pagar o frete, ela usa o poder de barganha e paga menos [para as transportadoras] do que o mercado cobra.

As transportadoras não ganham muito não, quem ganha são esses intermediários.

E qual a solução para a situação dos autônomos?

Primeiro precisa ter segurança jurídica. O Supremo precisa interpretar a constituição. Tem que julgar. Julga e acaba.

Outra coisa é a Petrobras. Ela tem como trabalhar com mais previsibilidade em benefício da sociedade brasileira e sem comprometer seus resultados. Ela pode determinar aumento de preço a cada três ou quatro meses e fazer hedge do preço. É uma ferramenta que tem disponibilidade no mercado internacional. Se quisesse, o governo também poderia fazer um imposto flexível no preço do óleo diesel para poder suportar as pequenas variações diárias e dar mais previsibilidade do preço.

?Os caminhoneiros dizem que o frete não cobre mais suas despesas básicas.

Talvez a melhor decisão que o judiciário pode tomar é acatar os dois argumentos da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade). O primeiro fala que é inconstitucional. O segundo diz que deve haver livre concorrência, mas, quando tem um desequilíbrio econômico-financeiro, é obrigação do governo interferir. E no caso do frete, estava tendo esse desequilíbrio quando algumas empresas pagavam menos do que o custo necessário para o carreteiro ter uma vida com dignidade.

Para consertar, o STF pode por a tabela valendo por seis meses e depois o mercado volta a trabalhar normalmente. A interferência no domínio econômico tem que ser temporária, só para corrigir a distorção.

E por que o sr. acha que isso não está sendo feito?

Por absoluta falta de vontade, de sensibilidade política, falta de querer. Isso é feito no mundo inteiro pelas grandes petroleiras. Não estou querendo que volte aquela [política do] governo passado, que segurou artificialmente por três anos e meio, não é isso. Mas, sim, usar uma ferramenta de mercado.

A CNT tem conversado com o governo?

Eu tenho conversado com [as pasta de] Infraestrutura e Economia. Especificamente sobre o preço do óleo diesel, ainda não conversamos. Tiveram algumas audiências, mas foram eleitos outros interlocutores para falar, por ocasião da ameaça de greve.

O sr. está falando sobre as reuniões com as lideranças dos caminhoneiros autônomos?

É complexo você negociar com uma categoria se orgulha em ter lideranças esparsas. São lideranças regionais, as vezes com mais de uma por estado, e por tipo de carga transportada. O governo abriu mão de falar com as transportadoras por causa da greve e acabou indo falar direto com o autônomo.

Porque havia uma ameaça de greve, certo?

Cheguei a falar com alguns ministros que [no caso de uma outra paralisação], se eles garantirem que nossos caminhões vão poder transitar com segurança, sem risco aos motoristas, nós garantimos o suprimento do Brasil.

A nossa frota é mais do que o dobro que a dos autônomos. E metade dos autônomos trabalha como agregado nas empresas de transportes. Então, se tiver segurança, se não tiver risco de morte como teve no ano passado, os nossos motoristas vão trabalhar e vão garantir o abastecimento.

Ano passado, houve investigações sobre transportadoras que poderiam estar fazendo locaute. Isso aconteceu?

Alguns empresários tiveram simpatia pela greve, assim como boa parte da população aplaudiu o movimento no começo da greve, porque tinham a visão equivocada de que era o preço do diesel que estava alto. Não era o preço que estava alto, mas o frete é que estava baixo. Se eu conseguir passar o diesel para o preço do meu frete final, ele passa a ser só mais um componente na formação de custo.

A subida do frete não pode impactar a inflação?

Muito pouco, eu fiz algumas contas. Se você aplicar a tabela no transporte no litro de leite, vai ver um repasse de um centavo. Não é tão significativo assim.

Quem é o maior impactado com o aumento do preço do frete?

É o lucro de quem está pagando pelo frete. A opção então não foi diminuir os lucros, mas comprar frota. O preço da tabela do frete ficou acima do custo de operar frota própria, com caminhoneiros que trabalham no esquema CLT.
João Silva
19/05/2019 08:35
As coisas começarão quentes essa semana no 'Paço' Municipal, um 'Secretário' 'passa' o cajado...
Tudo pela substituição de Pedro Bornhausen na chefia do Gabinete do Prefeito.
Já há campanha pelos corredores da Prefa, Jorginho Pereira (o Borracha), se apossou do Cargo já na Sexta-feira, fazendo convite a servidores e servidoras para sua posse, Jorge é o Cara da Prefa todo enrolado com várias tramoias... uma delas é hackear computadores ... noticiadas aqui inclusive
Agora resta saber mesmo se vai emplacar, apostas senhores?
Herculano
19/05/2019 08:34
TUDO OU NADA JÁ? por Vera Magalhães, no jornal O Estado de S. Paulo

Medir forças nas ruas é mais uma prova da completa desconexão com a realidade e pode ampliar desgaste do governo.

O governo tem menos de cinco meses, mas os lances da semana que passou, a pior para Jair Bolsonaro desde a posse, mostram que flerta perigosamente com o tudo ou nada, ao estressar as relações institucionais ao mesmo tempo em que tenta medir forças com a oposição nas ruas.

Num intervalo de sete dias, o presidente: 1) disse que fez um acordo com Sérgio Moro para nomeá-lo para o STF, para em seguida recuar; 2) previu um tsumani; 3) viu as investigações sobre o filho Flávio avançarem substancialmente e atingirem o resto do clã político, e reagiu a isso na base da valentia de pai; 4) minimizou os protestos contra a Educação e xingou seus participantes; 5) se enfiou numa viagem caricata a uma cidade desimportante para uma agenda irrelevante para a qual não havia sido convidado; e 6) terminou a semana compartilhando corrente pelo WhatsApp com um texto que diz que sua própria pauta fracassou e que o País é ingovernável. É preciso um talento muito específico para gastar tanta energia assim em um conjunto tão desastroso de ações.

Enquanto Bolsonaro estava em Dallas dando alguns dos tropeços listados acima, seus líderes no Congresso batiam cabeça e complicavam a já delicada situação do governo no Parlamento. Alguns deles decidiram que iam manter o Coaf nas mãos de Moro na marra, no gogó nas redes sociais. O resultado foi que o Centrão sentou em cima das medidas provisórias que estão prestes a caducar, entre elas a que reestrutura o governo nos moldes desejados por Bolsonaro.

O presidente, seus aliados mais ideológicos, os seguidores fanatizados das redes e mesmo alguns ministros bem intencionados, mas não versados nas nuances da política, acusam a imprensa de cobrar duramente o governo e não denunciar o que seria a chantagem do Parlamento.

Aliados de Bolsonaro convocam, com o beneplácito da primeira-família e de assessores cruzados com assento no Planalto, o "homem comum" para ir às ruas se insurgir contra o Legislativo, o Supremo ou quem mais ousar se interpor no caminho das pretensões de Bolsonaro - como se o simples fato de ele ter vencido as eleições lhe outorgasse carta branca para agir à revelia dos demais Poderes e sobrepujando uma parcela significativa da sociedade que não concorda com essa pauta.

Acontece que medir forças nas ruas tendo como currículo de cinco meses de governo investidas sistemáticas contra educação, cultura, diversidade social, meio ambiente e direitos humanos, baseado na crença de que o Brasil se transformou subitamente num País de extrema-direita e que todos esses assuntos são de interesse apenas da esquerda, é uma prova a mais de completa desconexão com a realidade, e pode fazer com que o desgaste do governo escale alguns degraus rapidamente.

Quando aponta que a superação da grave crise do País depende de equilíbrio institucional, da aprovação das reformas estruturantes, da abertura econômica e da segurança jurídica, a imprensa não está apostando na manutenção do establishment corrupto e investindo contra os homens de bem, como devaneiam os neocruzados de Twitter.

Está apenas constatando o óbvio: presidentes que, por teimosia e péssimo assessoramento, optaram por esticar a corda com as instituições e governar no grito se deram mal. Uns tentaram insuflar o "povo" a ir às ruas em sua defesa (Collor, 1992), Outros denunciaram forças ocultas que conspiravam contra o bem (Jânio, 1961). Houve ainda quem quisesse duelar com o Parlamento suprimindo a matemática elementar (Dilma, 2016).

É muito cedo para Bolsonaro enveredar pelo tudo ou nada. A insistência nesse caminho pode ter o efeito de evidenciar um desgaste que cresce a cada dia ?" é sempre bom repetir ?" por iniciativa exclusiva do próprio governo.

Medir forças com a oposição nas ruas com cinco meses de governo é aposta arriscada
Herculano
19/05/2019 08:32
da série: depois de entrar no conto do vigário do PT com financiamento fáceis para comprar caminhões e desequilibrar o mercado de fretes, agravado pela crise que transporta menos, e para alavancar uma candidatura de oposição à bagunça econômica, bolsonaristas começaram a quebrar de fato o país e impor sacrifícios ao povo, antes mesmo da eleição de outubro. Tratam-se de números.

DEZ MAIORES EMPRESAS DO PAÍS PERDERAM R$ 1,2 BI COM CAMINHONEIROS

Balanços mostram que 68% das companhias listadas no Ibovespa sentiram efeitos da paralisação

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Júlia Moura e Daniela Arcanjo. Dez companhias do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, somam R$ 1,187 bilhão de perdas com a paralisação dos caminhoneiros em 2018. Os prejuízos aparecem no chamado Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

Das 63 empresas que compõem o índice, 68% destacam efeitos da mobilização em seus balanços. A maioria conseguiu compensar as perdas de maio com bons resultados dos meses seguintes.

O segundo trimestre, entretanto, foi pior que o mesmo período de 2017.

As mais afetadas são distribuidoras e produtoras de combustíveis. Raízen Combustíveis, da Cosan, Ipiranga, da Ultrapar, e BR Distribuidora, da Petrobras, perderam R$ 200 milhões cada uma com a queda no preço do diesel decorrente da paralisação.

Em seguida, vêm os frigoríficos, que interromperam o fluxo de abate. A Seara, da JBS, foi afetada em R$ 113 milhões. A Marfrig relatou um impacto estimado de R$ 80 milhões a R$ 100 milhões no segundo trimestre. Já a BRF relata R$ 85 milhões de perdas no mesmo período.

"No setor de serviços, a perda é irrecuperável. No caso de transportes, isso fica bem claro. Aquela cadeira de avião que ficou desocupada em um voo é um prejuízo que não se recupera", diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Gonçalves lembra que na produção o dano é menor. O minério pode ficar dias sem ser transportado. Mas todos sofrem com estoques.

"O estoque arrebenta muita gente porque o capital de giro fica descasado: você vende menos do que o esperado e ainda tem contas para pagar. Quando você tem uma variação no estoque que não está na sua conta, o efeito financeiro pode ser muito grande", diz.

Com bloqueio nas estradas e a falta de combustíveis, CCR e Ecorodovias perderam fluxo de pedágios e registraram perdas de R$ 26 milhões e R$ 15 milhões, respectivamente.

A indústria primária viu os estoques e o preço de custo aumentarem. O movimento dos caminhoneiros foi uma das razões de a petroquímica Braskem registrar uma redução de 20% no Ebitda.

Distribuidoras de energia sofreram com a queda de consumo pela paralisação da indústria. A Equatorial Energia, controladora das distribuidoras Ceal, Cemar, Celpa e Cepisa, relatou queda de 4,8% no consumo das indústrias no comparativo do segundo trimestre de 2018 e 2017.

O varejo também sofreu reveses. As companhias, contudo, supriram a queda nas vendas com o bom desempenho do segundo semestre.

A Natura, por exemplo, viu sua margem bruta cair 2% no período em comparação a 2017 em razão do aumento de custo de produção com a paralisação, promoções e efeitos cambiais. A produção de sabonetes da companhia também retrocedeu no período.

"O impacto é o mesmo que retirar esses dez dias de paralisação do calendário anual, como se eles não existissem para a produção das empresas. A paralisação interrompeu a logística completamente e a situação demorou a se normalizar", diz Gabriel Francisco, analista da XP Investimentos.

Ele lembra que a economia não teve bom desempenho, então, as companhias não tinham como se recuperar bem. "Teríamos de ter tido um segundo semestre maravilhoso, mas foi ano de eleição conturbada." A agropecuária, setor mais prejudicado, cresceu 0,1% no ano. A indústria, 0,6%, e os serviços, 1,3%.

Outra herança do movimento é a inflação. Um ano após a paralisação, a estimativa média para a inflação é de 5%, acima da meta de 4,25%, por causa de, em grande parte, a alta de preços em maio de 2018.
Herculano
19/05/2019 08:24
MAIS UMA LINHA DE EMERGÊNCIA PARA AJUDAR ESTADOS, editorial do jornal O Globo

Crise fiscal leva governo a preparar socorro, mas de forma que a má experiência do Rio não se repita

A crise fiscal deixa um rastro de ruínas financeiras na Federação. Sem poderem emitir títulos de dívida - ao contrário da União -, estados encontram-se na penúria, com destaque para aqueles em que políticos consideram o dinheiro público inesgotável.

Já houve, desde a gestão de FH, três rodadas de renegociação de dívidas. O problema agora é de desencontro entre fluxos: receita e despesa. Esta, em ascensão, enquanto a arrecadação tributária é afetada pelo baixo crescimento da economia.

A situação é insustentável, porque os gastos aumentam de forma autônoma, principalmente os previdenciários - aposentadorias e pensões -, que crescem devido ao envelhecimento da população, e ainda são protegidos por lei. É a mesma corda que enforca a União, que pode se endividar, mas já ultrapassou o limite do razoável. Não há mesmo alternativa a não ser uma reforma séria da Previdência.

Para evitar o colapso de serviços públicos, a equipe econômica desenvolve um programa de socorro, apelidado de "Plano Mansueto", nome do secretário do Tesouro, para que estados possam atender minimamente a população, enquanto se ajustam.

É lógico e necessário que programas deste tipo sejam lançados. Mas deve-se proteger o dinheiro do contribuinte contra a irresponsabilidade fiscal atávica no meio político, que leva governantes a receberem ajuda da União e não cumprirem os ajustes prometidos.

O Rio de Janeiro serve de exemplo: aderiu ao Programa de Recuperação Fiscal, recebeu o auxílio fundamental de não pagar a dívida de 2017 a 2020, mas não cumpre integralmente o combinado.

Tem ao menos respirado, devido aos royalties do petróleo, mas este é um dinheiro finito. Não aprendeu a lição. Se os royalties forem desconsiderados, a receita de janeiro a março, em relação ao mesmo período de 2018, caiu. E houve um leve aumento das despesas de pessoal, com os servidores ativos.

O Rio de Janeiro não pode aderir ao "Plano Mansueto", pois está sob o regime de ajuste. Mas o provável fracasso fluminense não deverá se repetir no novo programa, que consistirá na concessão de aval do Tesouro a empréstimos bancários a estados, que podem chegar a R$ 40 bilhões até 2022. A finalidade é melhorar a classificação de risco dos estados, para eles poderem ter acesso ao mercado de crédito.

Em troca, os beneficiados precisarão se comprometer com ajustes, assim como no caso do Rio. Mas a liberação do dinheiro será por etapas, para evitar que governadores relaxem o ajuste e continuem a receber os recursos. É positivo que a União comece a fechar brechas pelas quais governantes obtêm ajuda do Tesouro, mas, de forma leniente, não cumprem o prometido e tentam mais à frente renegociar a ajuda. E assim sucessivamente.
Herculano
19/05/2019 07:42
O GOVERNO CONTRA A ECONOMIA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro confirmou mais uma vez na sexta-feira a capacidade do governo, especialmente de seu chefe, de causar confusão e prejudicar o País.

Confusão, frustração, cenário desanimador, incerteza e País estressado são palavras do pesquisador Claudio Considera, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), usadas para descrever e explicar o fiasco econômico do primeiro trimestre - primeiro do ano e também do mandato do presidente Jair Bolsonaro. Nesse período a economia brasileira, estagnada, produziu 0,1% menos que nos três meses finais de 2018, segundo o Monitor do PIB-FGV.

Quando esse boletim foi divulgado, na sexta-feira de manhã, o dólar se aproximava de R$ 4,10. O câmbio refletia tensões internacionais e principalmente, segundo analistas do mercado, a insegurança quanto à reforma da Previdência e à recuperação econômica, num quadro próximo de uma crise política. À tarde a cotação passaria de R$ 4,11.

A bolsa paulista, no começo da manhã, havia ensaiado uma reação, depois de haver caído para menos de 90 mil pontos, no dia anterior, e atingido um dos patamares mais baixos desde a época das eleições.

Os números da FGV somaram-se a uma sequência de más notícias econômicas e políticas. Na mesma semana o Banco Central havia informado uma nova queda de seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) - um recuo de 0,68% em relação ao quarto trimestre do ano passado.

O desastre econômico sofrido pelo País no período de janeiro a março será conhecido com dados oficiais em 30 de maio. Nesse dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deverá apresentar o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre.

O Monitor elaborado pela FGV, publicado todo mês, tem antecipado com notável aproximação - e até precisão ?" as contas nacionais do IBGE. Se houver, desta vez, alguma divergência, será por certo muito pequena, a julgar pelo histórico desse trabalho. Dificilmente o balanço oficial mostrará um quadro menos assustador que o apresentado nessa sexta-feira. Se a queda trimestral for confirmada pelo IBGE, terá sido a primeira depois de oito trimestres consecutivos de crescimento. Esse "cenário desanimador", segundo o responsável pelo relatório, Claudio Considera, reflete "a incerteza política e econômica" com seu impacto negativo no investimento, na atividade, na retomada do emprego e no consumo das famílias.

Outra piora significativa indicada pelo Monitor é a expansão de apenas 0,9% acumulada nos 12 meses até março. Se também confirmada, essa terá sido a primeira variação inferior a 1% em 12 meses, desde novembro de 2017, como lembrou Considera na apresentação do novo relatório.

Em todo o ano de 2018 o PIB cresceu 1,1% em relação ao ano anterior. Essa foi a mesma taxa contabilizada em 2017, primeiro ano depois da recessão de 2015 e 2016. O crescimento em 2018, decepcionante, foi em boa parte explicável pela desastrosa paralisação do transporte rodoviário, em maio, e pela insegurança econômica associada a tensões políticas e à sucessão.

Sondagens apontaram, depois da eleição, expectativas de melhora, mas os primeiros meses do novo governo foram frustrantes na política e na economia. No ano passado houve uma modesta elevação do investimento produtivo, mas também esse indicador piorou. No trimestre findo em agosto de 2018, o investimento, medido pela formação bruta de capital fixo, foi 8,5% maior que o de um ano antes. No trimestre inicial deste ano a alta em relação aos primeiros três meses do ano passado ficou em apenas 0,4%.

"A equipe econômica é ótima, qualificada, todas as expectativas eram positivas, e isso se inverteu em três meses", disse Claudio Considera. "O comportamento político do governo causou confusão. O País está estressado. Todo dia tem confusão", resumiu o economista, indo além dos comentários normalmente formulados na divulgação do Monitor-FGV.

No mesmo dia, o presidente postou um tuíte desastrado sobre sua dificuldade de governar com o Congresso, isto é, de acordo com a Constituição. Confirmou, de novo, qualquer afirmação sobre a capacidade do governo, especialmente de seu chefe, de causar confusão e prejudicar o País.
Herculano
19/05/2019 07:39
da série: quem paga essa conta? Os desempregados, os com salários achatados, os ameaçados de desemprego, os que tem que fechar as portas dos seus negócios, pois quase tudo que pagam de pesados impostos tem que ir para as tetas políticas, o funcionamento da pesada máquina pública e das aposentadorias precoces com altos vencimentos integrais.E ai corta-se na saúde, na educação, na segurança, nas obras, inclusive de manutenção, pois estão caindo pontes, viadutos, estradas...

NA CRISE, Só SALARIO DE SERVIDOR CRESCE, E DISTÂNCIA PARA SETOR PRIVADO É RECORDE

No 1º tri de 2019, rendimento no setor público chegou a R$ 3.706, enquanto no privado foi de R$ 1.960

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Nicola Pamplona, do Rio de Janeiro. O elevado nível de desemprego ampliou a diferença entre os salários médios dos empregados nos setores público e privado no país. Enquanto estes vêm sofrendo com o corte de vagas formais, aqueles conseguiram obter ganhos reais mesmo em meio à crise.

De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica), desde que o Brasil entrou oficialmente em recessão, no segundo trimestre de 2014, o rendimento médio do setor privado ficou estagnado, enquanto o do setor público teve ganho real de 10%.

No primeiro trimestre de 2019, o rendimento médio dos empregados no setor público chegou a R$ 3.706, enquanto trabalhadores do setor privado ganharam, em média, R$ 1.960. É a maior diferença desde o início da série da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, em 2012.

Para especialistas, a maior diferença é fruto do aumento da informalidade no mercado de trabalho, que afeta apenas trabalhadores do setor privado, enquanto os trabalhadores do setor público estão protegidos por estabilidade.

"Há uma imunidade em relação ao desemprego e, com maior proximidade com os governos, eles acabam conseguindo, mesmo num mesmo num cenário desfavorável, aumento de rendimento", diz o economista Renan Pieri, da FGV EESP.

Entre 2012 e o primeiro trimestre de 2014 ?"antes do início da recessão?" os rendimentos médios dos empregados nos setores público e privado evoluíram no mesmo ritmo. Com a crise, diz a professora do Ibmec, Vivian Almeida, os trabalhadores do setor privado perderam poder de barganha.

"No setor privado, como há essa situação adversa, com desemprego, as pessoas só querem voltar ao mercado de trabalho. Depois é que elas vão se preocupar com a questão do rendimento", comenta ela.

Responsável no IBGE pela Pnad Contínua, Cimar Azeredo, pondera que o rendimento do setor privado vem sendo impactado pela perda do emprego com carteira assinada, que empurra trabalhadores do setor privado para a informalidade, que tem salários menores.

Desde o segundo trimestre de 2014, foram fechados no país 3,8 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, queda de 10,3%. Já o número de trabalhadores sem carteira no setor privado cresceu 8,5%, ou 872 mil pessoas.

O número de trabalhadores por conta própria, que vinham sustentando uma melhora do desemprego em 2018, cresceu em 3 milhões no mesmo período, e atingiu no primeiro trimestre de 2019 o maior valor da série histórica em 12 estados.

"A situação do emprego está tão ruim que, quando a informalidade sobe, a gente chama de recuperação", diz Azeredo.

A diferença entre os salários nas esferas públicas e privadas, ressalta o economista, também pode ser explicada pelo nível de escolaridade mais alto na administração pública. Ele diz que em cargos mais qualificados, a diferença é menor.

Entre dirigentes e gerentes, por exemplo, 30% dos trabalhadores do setor privado ganham mais do que cinco salários mínimos. No setor público, são 42%. Já entre profissionais de ciências e intelectuais, são 29% e 33%, respectivamente.

Para economistas, o aumento dos rendimentos do setor público é um fator adicional de pressão sobre as contas dos governos em meio à crise de arrecadação. "Se tenho despesa crescente e arrecadação ou estagnada ou decrescente, a conta não fecha", afirma Almeida, do Ibmec.

Segundo estudo da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), em 2018 cinco estados ?"Minas Gerais, Mato Grosso, Tocantins, Roraima e Paraíba?" gastaram mais com pessoal do que o teto de 60% da receita previsto em lei.

Outros quatro, embora tenham divulgado gastos com pessoal dentro do limite estabelecido, já declararam calamidade financeira diante de dificuldades para fechar as contas: Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Goiás.

O Rio chegou a parcelar o pagamento de salários por mais de dois anos e só conseguiu quitar todos os atrasados após socorro federal que suspendeu o pagamento de parcelas da dívida com a União.

"No âmbito de tentar proteger da interferência política o trabalho do funcionário público, a gente criou uma espécie de armadilha, que justifica hoje a dificuldade imensa de fazer o ajuste fiscal", analisa Pieri.
Herculano
19/05/2019 07:21
BOLSONARO: "ESPERO QUE APROVEM AS MEDIDAS DO JEITO QUE MANDEI"

Conteúdo de O Antagonista. Jair Bolsonaro defendeu na noite de sábado a aprovação integral da MP 870, que reestrutura a administração pública.

"Para quê aumentar os ministérios? Tem 22, eu queria que tivesse menos", afirmou.

"Espero que aprovem as medidas provisórias do jeito que eu mandei para lá. O Congresso é soberano para decidir, mudar, rejeitar. A bola está com eles, e isso é bom porque se tudo que eu fizer tiver que ser acolhido, não é bom. O Congresso tem que dar o polimento, melhorar. Mas o foco é Brasil, juntos."
Herculano
19/05/2019 07:16
da série: o povo manipulado pelos que estão no poder ou na oposição de plantão. Eles precisam de uma massa majoritária de analfabetos, ignorantes, desinformados e fanáticos para...

VERDADE ROUBADA, MENTIRA VENDIDA, por Percival Puggina

Todo dia, toda hora, em algum lugar, alguém está falando a nós, o povo. Falam-nos nos meios de comunicação, nas redes sociais, nas tribunas, nos púlpitos, nos palanques sobre o que nós, o povo, queremos. E sempre há alguém acusando outrem, por estar fazendo as coisas de modo diverso daquele que nós, o povo, desejaríamos. Essa apropriação, que nos converte em gado do discurso alheio, é uma espécie de abigeato praticado cotidianamente. Muitas vezes, a verdade nos é roubada e a mentira vendida ao povo.

Há no povo homens e mulheres; há crianças, jovens, adultos e idosos (e também jovens idosos e adultos infantis); há pessoas instruídas e incultas, bem como sábios incultos e acadêmicos tolos; existem pessoas dos campos e das cidades, do febril anonimato das grandes metrópoles e das pequenas comunidades urbanas onde todos se conhecem; há pessoas de várias classes sociais e níveis de renda; há no povo uma diversidade cultural, racial e religiosa. Em cada grupo encontraremos bons e maus, trabalhadores e vadios, pessoas com e sem esperança, enfermos e sãos, cada qual com suas debilidades e fortalezas, vocações, inclinações e tendências políticas.

Tudo isso é povo. Como pode alguém, pois, apropriar-se de todos e de cada um, como enlouquecido aparelho de rádio que sintonizasse, simultaneamente, o conjunto das emissoras? Ninguém, a rigor, tem o "povo" nas mãos, seja governo, seja oposição. (Espero que me entendam, quando digo isso, aqueles que mais precisam entender).

Lembro-me do governo Olívio Dutra e do Orçamento Participativo (OP). Segundo seus promotores, aquilo era uma forma de atribuir ao "povo", a decisão sobre o destino das verbas públicas. E o "povo" ia para lá e para cá nas assembleias do OP. Nelas o "povo" deliberava exatamente sobre os gastos não obrigatórios, as tais despesas discricionárias de que hoje tanto se fala. No final do processo, todo o "povo" convergia à Praça da Matriz para um grande comício com bandeiras vermelhas e palavras de ordem. Ali, testemunhavam algo insólito: a trepidante e inolvidável entrega do Orçamento do Estado à Assembleia Legislativa. Juro para vocês! Eu vi isso acontecer, mais de uma vez... As velhas entranhas do Theatro São Pedro, no outro lado da praça, roíam-se de inveja por nunca haverem reunido tanto público nem tantos talentos da nobre arte de representar. Ah! Claro, nenhum OP estadual gaúcho cumpriu, senão minimamente, o que foi deliberado pelo "povo". O contingenciamento sempre pegou firme.

Na recente mobilização do "povo" pela Educação, que ganhou repercussão nacional, eu assisti a uma repórter da Globo sublinhando que o ato não era político nem partidário? Qualquer imagem em close ou microfone aberto mostrava justamente o contrário nos cartazes, nas cores, nos símbolos, nos discursos. A Educação, a pobre e deficiente Educação nacional, foi intensamente maltratada, aliás, na gramática, no desapreço à verdade dos fatos e no escancarado paradoxo de quem silenciou em todos os contingenciamentos promovidos pelos governos petistas (cumprindo a lei, diga-se de passagem), e sai aos berros quando outro governo adota o mesmo procedimento.

Existem políticos, jornalistas, sindicalistas, militantes, professores, que têm verdades de fabricação caseira. É uma produção barata, que conta com logística estruturada para circulação e distribuição.
Herculano
19/05/2019 06:59
O QUE FAZER DE BOLSONARO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente insinua que forças terríveis do sistema o impedem de governar

"Vamos quebrar o sistema", dizia Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral. Ele seria o candidato a ser vencido ou morto, pois "quebraria o sistema". Ele daria solução à crise quando "quebrasse o sistema".

Na sexta-feira (17), o presidente distribuiu pelo celular um texto que lamenta a vitória do "sistema". Forças terríveis das "corporações" que vampirizam o Estado, com apoio do Judiciário e do Congresso, impediriam Bolsonaro de governar.

Assessores dizem que o presidente está com "estafa" e, com outras palavras, que está mais paranoico ou "muito amargurado" desde que passou a lidar com o Congresso e com "deslealdades" de ministros que parecem se juntar às forças terríveis do "sistema" que o empareda.

O pote até aqui de mágoa e ressentimento que em suma é Bolsonaro transbordou de vez com o anúncio da investigação ampla dos negócios da família, a começar pelas transações do núcleo Flávio, o filho 01.

Segundo um assessor, seria esse o "tsunami" a que se referiu o presidente na semana retrasada. O texto sobre o "sistema" teria sido um "desabafo".

Seja lá o que se passe nas profundezas da noite obscura da alma presidencial, o destampatório de sexta-feira faz sentido.

Os ímpetos demagógicos de Bolsonaro se frustram, viram fumaça sob o calor de leis e normas em geral. Basta lembrar-se do dedaço no preço do diesel, da censura do reclame do Banco do Brasil, do desvario de baixar o Imposto de Renda etc. Mesmo o decreto bangue-bangue, o do porte de armas, está sub judice.

O presidente tem de recuar. Como se escrevia nestas colunas ainda na quarta-feira (15): "No limite, Bolsonaro pode dizer que forças ocultas atrapalharam seu governo, terceirizando a responsabilidade".

Não é apenas dramalhão íntimo. Essa conversa das forças terríveis do "sistema" é idêntica àquela que a militância tuiteira do bolsonarismo voltou a espalhar desde o início do mês, com ataques renovados a ministros do Supremo Tribunal Federal e à Câmara tomando o lugar das mordidas rábicos nos militares.

Estão nas redes insociáveis do bolsonarismo campanhas como a "Vamos invadir Brasília" e "Vamos invadir o Congresso".

O Congresso reage. Outra vez na semana que passou se ouviu falar de "parlamentarismo branco", que é uma bobagem ou apenas metáfora para o impasse político, pois é inviável que a Câmara dos Deputados governe.

Faz quase três meses, depois do arranca-rabo entre Rodrigo Maia e Bolsonaro, fala-se de "pauta própria" da Câmara. "A reforma da Previdência será de certa forma um projeto do Parlamento, um roteiro adaptado, baseado na história original elaborada pelo Ministério da Economia", como se escrevia aqui em março.

Gente da cúpula do Congresso quer mesmo aprovar a reforma e, acredite-se, evitar que o país entre em colapso. Mas não quer dar um presente a Bolsonaro.

Um presidente que cria baderna política e não faz acordo algum levaria de graça o prestígio e o poder renovados que adviriam de uma possível recuperação econômica. Além de espezinhados pelas redes e por Bolsonaro, os deputados ficariam apenas com o "trabalho sujo" e politicamente pesado de aprovar reformas.

Há quem diga que, sendo assim, é melhor fazer o "governo possível" e tolher poderes presidenciais. Por exemplo, conter de modo estrito a emissão de medidas provisórias e impedir nomeações presidenciais mais intragáveis. Seria a solução de fato, se não é possível se livrar de direito de Bolsonaro.

Vai ser difícil que isso preste. Mas é o que temos.
Herculano
19/05/2019 06:45
TODOS GRITAM, NINGUÉM TEM RAZÃO, por Carlos Brickmann

A fala do ministro Weintraub sobre menos verbas para universidades federais foi um desastre político (embora pudesse até ser defensável). E a oposição, ainda desnorteada, ganhou fôlego para grandes manifestações. Pela educação? Não: falava-se mais em Lula Livre do que em universidades. E não ficaria bem falar no tema, quando a principal universidade pública do país, a USP, paga a dois mil servidores mais que o teto estadual, R$ 23 mil. Um professor recordista ganha R$ 60 mil mensais. E a Universidade gasta toda a verba disponível, 5% do ICMS do Estado, em pagamento de pessoal.

Idiotas úteis? Bolsonaro poderia, especialmente fora do país, controlar o vocabulário. Falar da má distribuição das verbas públicas, que privilegiam o ensino superior e esquecem o fundamental, do desperdício de promover seminário com dinheiro público sobre filosofia do sexo anal. Preferiu xingar.

O país está em crise, mas o Supremo fecha contrato para banquetes com lagosta e vinhos premiados, o Senado contrata mais assessores, a Câmara diz que tem boa vontade, mas a marcha da reforma da Previdência continua lenta. Bolsonaro discute se nazismo é de esquerda, avalia nos EUA a situação da Argentina e da Venezuela, e não mergulha na luta pela reforma. A Câmara, depois de ouvir o ministro Guedes informar que logo enviará um projeto de reforma tributária, vota nesta semana outro projeto - aliás, bem redigido, mas não é o do Governo. E os adeptos do Governo brigam uns com os outros.

DEIXA CONOSCO

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que vive entre tapas e beijos com Bolsonaro, disse em Nova York que o Governo atrapalha, mas o Congresso vai fazer a reforma da Previdência. Ironia: Bolsonaro fala contra a "velha política", mas como não se mexe deixa o Centrão fazer o que acha preciso.

FOGO AMIGO

A comunicação do Governo é subordinada à Secretaria de Comunicação. O comunicador Fábio Wajngarten não se entende com o ministro, general Santos Cruz. Entende-se com Carlos, o filho 02, e com o polemista Olavo de Carvalho, que dos EUA dispara insultos contra o general (e outros militares), Mas é o general que libera a verba. Contra sua opinião, nada anda. Surgiu então uma fofoca brava: uma transcrição de WhatsApp em que ao general é atribuído o uso de adjetivos desrespeitosos contra Bolsonaro. A mensagem, que terminava dizendo que a solução seria o vice Mourão, foi levada, sem investigação, diretamente ao presidente. Isso dá uma ideia do clima no poder.

CARTAS NA MÃO

Bolsonaro herdou o país com inflação reduzida, os juros mais baixos que o Banco Central já pagou, encaminhou a reforma da Previdência e a lei de combate ao crime organizado. Graças ao agronegócio tem superávit comercial. Mas, com a barafunda política (e as investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro, o filho 01), a economia está parada: cresceu o número de desempregados (hoje maior que no período Dilma), o crescimento do PIB é reavaliado periodicamente para baixo, o dólar bate recordes de alta. Há uma boa notícia: Olavo de Carvalho disse que não vai mais dar palpites. Com isso, o tiroteio deve ficar menos intenso. Se Bolsonaro puder livrar-se de todos os que tentam tutelá-lo, pode errar, mas serão erros só seus, sem ajuda.

E OS PLANOS?

Há uma questão séria, que ainda não foi mencionada: Bolsonaro falou sobre Cristina Kirchner, criticou Maduro, mencionou Israel como país que, com diminutos recursos naturais, conseguiu se desenvolver, chamou os que se manifestaram contra o contingenciamento de verbas para Educação de "massa de manobra" e "idiotas úteis", brigou com uma repórter da Folha de S.Paulo (e espalhou o vídeo da briga pela Internet), pediu que o ataquem, em vez de atacar seu filho Flávio, disse que as brigas entre as diversas alas bolsonaristas são "página virada", mas não falou nada a respeito de planos para a criação de empregos (nem quais suas ideias para a Educação e a Saúde, áreas em que, por mais que prospere a agenda liberal do ministro Paulo Guedes, a ação do Estado é fundamental).

O bolsonarismo pode por algum tempo discutir a opção pela bomba atômica de Eduardo, o filho 03, ou a balbúrdia que o ministro Weintraub aponta em universidades federais. Mas, se não houver emprego, não há discussão que resista. Chegará a hora em que emprego e salário serão os temas predominantes, por mais ideologizada que se tenha tornado luta política. Sem pão, todos brigam, ninguém tem razão.

A APOSTA

Não houve jeito: condenado a oito anos e dez meses, em segunda instância, José Dirceu recebeu ordem de prisão. Fez uma reunião com pouco mais de 300 militantes, prometeu continuar lutando na Justiça para se livrar da pena, garantiu que, preso, irá ler mais, acelerar o segundo volume de suas memórias, exercitar-se, cuidar da saúde, acompanhar a política.

E a aposta: em quanto tempo o caro leitor acha que Dirceu será solto?
Herculano
19/05/2019 06:37
ABISMO, por Marcos Lisboa, economista, presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005), no jornal Folha de S. Paulo

Talvez seja útil esclarecer o que está em jogo quando o governo fala em abismo fiscal.

O Orçamento da União é composto por receitas correntes, decorrentes de impostos, contribuições e outras formas de arrecadação. O governo pode se endividar, desde que ache quem queira emprestar-lhe.

Esses recursos financiam as despesas com os salários de servidores, as aposentadorias e as políticas públicas, como segurança nacional, educação e saúde, além dos investimentos em infraestrutura.

A boa gestão requer que as despesas recorrentes, aquelas que ocorrem todos os anos, sejam financiadas por receitas correntes. Novas dívidas devem ser contratadas apenas para pagar as despesas de capital, como dívidas que vencem ou novos investimentos.

A razão é simples. Caso o governo comece a ser endividar para pagar as despesas correntes, o risco é a dívida entrar em uma trajetória explosiva e se tornar impagável. Algo como começar a tomar dinheiro emprestado para pagar o aluguel.

Tudo bem se esse endividamento for consequência de problemas transitórios. Mas se todo ano forem necessários novos empréstimos para pagar as despesas do dia a dia, a dívida sai de controle.

Há uma opção, a inflação crescente, que reduz quanto o governo efetivamente paga de salários, aposentadorias e demais despesas públicas. Trata-se de uma opção perversa, no entanto, como sabem os mais velhos que vivenciaram os anos 1980.

Por essa razão, nossa legislação, como em muitos outros países, proíbe que o governo se endivide para pagar despesas correntes. Essa previsão legal é conhecida como regra de ouro.

Pois bem, desde 2017 a Secretaria do Tesouro vem alertando que as despesas obrigatórias crescem bem acima das receitas correntes e que iria faltar dinheiro até para pagar a conta de luz.

A saída seria reduzir o crescimento dos gastos obrigatórios, a começar pela reforma da Previdência. Aumentar a carga tributária é medida de vida curta, pois as despesas obrigatórias crescem cerca de 6% acima da inflação ao ano, bem mais do que cresce a renda do país, mesmo quando tudo está bem.

O Orçamento para este ano já antecipava que a regra de ouro seria violada e a opção seria o Congresso aprovar créditos suplementares para pagar despesas básicas, como o Bolsa Família. O novo governo dormiu no ponto e, agora, tenta correr atrás do prejuízo.

Alguns atribuem o problema à regra do teto que limita o crescimento do gasto público. Não sabem do que falam.

A luz amarela foi acionada pela regra de ouro, que sinaliza que estamos flertando com o desastre. Podemos trocar de sinaleiro e ignorar o tsunami. Não parece ser a melhor opção.
Herculano
19/05/2019 06:25
ÁREA TÉCNICA DO BNDES IMPEDIU AUDITORIA DE ONGS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste domingo nos jornais brasileiros

O ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) foi obrigado a recorrer à Controladoria Geral da União (CGU) para ter acesso aos contratos milionários de ONGs ambientalistas para verificar sua regularidade. Os primeiros 103 contratos auditados mostraram por que as ONGs fogem de fiscalização como o diabo da cruz: o financiamento de projetos acaba no bolso dos "ongueiros", por meio de salários e "consultorias".

NOVOS MILIONÁRIOS
ONGs receberam R$25 milhões para "projetos ambientais" e gastaram R$14 milhões com "atividade meio": os bolsos espertos nas ONGs.

É Só EMBROMATION
ONGs espertas usaram mais da metade dos financiamento em gastos, sem comprovação, em "mobilização" ou "sensibilização".

APROPRIAÇÃO INDÉBITA
Acabaram nas contas bancárias das ONGs cerca de R$800 milhões de um total de R$1,5 bilhão doados ao Brasil através do Fundo Amazônia.

COMO COMEÇOU
O Fundo Amazônia foi criado com doações ao Brasil da Noruega (US $1 bilhão), Alemanha (US$100 milhões) e Petrobras (R$10 milhões).

REAJUSTES DA PETROBRAS DESESTABILIZAM O GOVERNO
Assessores próximos do presidente Jair Bolsonaro já se convenceram de que, mais que qualquer "tsunami" político, nada ameaça mais a estabilidade do governo que a política criminosa adotada em julho de 2017 pela Petrobras, com seus reajustes diários. O Planalto monitora, preocupado, sinais de uma possível nova greve dos caminhoneiros, como em maio de 2018. A estatal posa de empresa privada, finge que não se beneficia do monopólio e ainda alega "cotação internacional".

DOLARIZARAM O CONSUMO
A Petrobras obriga os brasileiros, que são remunerados em reais, a pagar em dólares o litro do combustível que compram no posto.

CLÁUSULA PÉTREA
Acionistas privados, incluindo influentes comentaristas econômicos, ajudam a tornar a política de preços da Petrobras "cláusula pétrea".

ASSIM, ATÉ MINHA AVó
A política criminosa garante à Petrobras o lucro médio de R$2 bilhões por mês há 15 meses. Assim, qualquer um "recupera" a estatal.

REAÇÃO TRANQUILA
A reação do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) à notícia da denúncia do Ministério Público impressionou os assessores: "Acabou a espera. Qual próximo passo?". E passou a planejar a semana.

CONSENSO
Apoiado pelo senador Tasso Jereissati (CE), um grupo de tucanos é contra mudança de nome do PSDB. Mas todos defendem a expulsão dos envolvidos em corrupção: Aécio Neves, Beto Richa e Bruno Araújo.

PROPINA PELOS ARES
Condenado em segunda instância e a caminho da prisão, o ex-ministro José Dirceu inaugurou o cartão fidelidade da propina. Em vez de grana, recebeu em forma de voos em jatinhos de luxo. Foram 118, diz o MPF.

CERCO AOS CORRUPTOS
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, prometeu a Alex Manente (Cidadania-SP) que instalará a comissão especial para analisar a PEC que garante a prisão de condenados em segunda instância. Anrã.

PRESTÍGIO
Cotado para o Ministério das Cidades, Alexandre Baldy tem o desempenho na Secretaria de Transportes Metropolitano muito elogiado pelo governador de São Paulo, João Dória.

RESTRIÇÃO AO FUMO
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado discute projeto que aumenta as restrições à propaganda, à venda e ao consumo de cigarros. A ideia é conscientizar sobre o câncer causado por tabaco.

BOA INICIATIVA
O governo do DF lançou o "Adote uma Praça", que promove parcerias entre empresários e moradores na recuperação e manutenção de locais como praças, jardins, estacionamentos, balões, parques etc.

NO PRIMEIRO ANO
O senador Zequinha Marinho (PSC-PA) foi designado relator da receita do Orçamento 2020. É o primeiro ano de mandato do paraense no Senado. Sua preocupação é a retomada do crescimento.

PENSANDO BEM...
...vontade de reformar todo mundo tem, só não há acordo sobre quem manda na reforma.
Herculano
19/05/2019 06:18
BOLSONARO NÃO CONSEGUE CONVIVER COM OS CONTRAPESOS DA DEMOCRACIA, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Se quisesse poderes ilimitados, presidente deveria trocar a faixa por uma coroa

A vitória na eleição, o mandato e a caneta não são suficientes para Jair Bolsonaro. O presidente e seus aliados passaram os últimos meses se queixando de que, apesar de seus imensos poderes, o político mais forte do país é vítima de um "sistema" que o impede de governar.

Além de funcionarem como uma desculpa para mascarar sua própria incapacidade, os ataques do bolsonarismo às instituições reforçam os velhos sinais de que sua trupe não é capaz de conviver com divergências e com os contrapesos da democracia.

Bolsonaro chancelou mais um protesto desse tipo ao distribuir uma mensagem pelo celular a aliados na sexta (17). O autor do texto afirma que o país é "ingovernável" e reclama: "Como todas as suas ações foram ou serão questionadas no Congresso e na Justiça, apostaria que o presidente não serve para nada".

Quando a estrutura republicana é tratada como obstáculo pelo próprio governo, temos um problema. Ainda que a popularidade de parlamentares e ministros do STF esteja no fundo do poço, eles têm atribuições legítimas e servem como agentes de moderação e fiscalização.

Se um presidente invade competências e assina um decreto que amplia de maneira ilegal o porte de armas, o Congresso deve intervir. Da mesma forma, Bolsonaro tem poder de veto sobre projetos do Legislativo. Na última semana, ele teve a chance de barrar uma anistia de multas a partidos políticos, mas não o fez.

Na campanha, o então candidato flertou com delírios autoritários e insinuou que gostaria de usar medidas excepcionais para atacar o tal "sistema". Disse, por exemplo, que pretendia aumentar o número de cadeiras no STF para criar uma maioria artificial a seu favor. Depois, recuou. Talvez esteja sofrendo uma recaída.

Bolsonaro alimenta um conflito permanente para angariar apoio nas ruas e pressionar as instituições, mas precisará continuar dentro das regras do jogo. Se ele acreditava que teria poderes ilimitados, não deveria ter procurado uma faixa de presidente, mas a coroa de um monarca.
Herculano
18/05/2019 09:46
PEDRO SAI. NOVIDADE? NÃO AQUI!

Os leitores e leitoras desta coluna foram informados aqui em novembro e depois em janeiro de que o Chefe de Gabinete da prefeitura de Gaspar, Pedro Inácio Bornhausen, PP, estaria de saída da função, não exatamente do governo.

A confirmação feita por ele próprio ontem e publicamente do que circulava intensamente nas redes sociais e aplicativos de mensagens nesta semana, mostra apenas como se move muito lentamente à difícil anunciada dança das cadeiras no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, depois da surra que levou das urnas de outubro do ano passado.

O governo, na verdade, está de olho nas pesquisas e nos possíveis adversários que se criam com a falta de foco e errática comunicação que possui. Então, está comprando apoio com cargos e espaços no governo, mas ao mesmo tempo, está se afogando nas mágoas daqueles que precisa descartar para criar esses espaços.

Alguns leitores me pedem para comentar o assunto da saída de Pedro.

Comentar o que, se as cartas ainda não foram colocadas devidamente na mesa do jogo?

A notícia da saída, aqui é velha.

A notícia nova, é a escolha, que vai mostrar o tamanho do PP, dos novos entrantes como o PDT, PSDB e até, pasmem, o PSD.

Vai mostrar também o vencedor na disputa quase suicida de poder entre o prefeito de fato, o secretário da Saúde, o advogado e presidente do MDB local, Carlos Roberto Pereira com o Jorge Luiz Prucino Pereira, diretor Geral de Gestão de Convênios, mais chegado a Kleber por várias afinidades.

Esta disputa, onde Roberto pediu a cabeça de Jorge, fez Jorge a uma jogada que o deixou dentro do governo: manobrou e surpreendeu e se tornou presidente do PSDB de Gaspar, aliando o partido ao governo de Kleber. Ou seja, tirou a sua cabeça da bandeja. Por enquanto.

Então, notícia é uma coisa. Ela está confirmada. Explicar a notícia, é outra coisa. E eu explico. Acorda, Gaspar!

Herculano
18/05/2019 09:21
A AMEAÇA BOLSONARO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Ao "contar com a sociedade" para enfrentar o "sistema", Jair Bolsonaro repete o roteiro de outros governantes que, despreparados para a vida democrática, flertaram com golpes em nome da "salvação" nacional.

O presidente Jair Bolsonaro considera impossível governar o Brasil respeitando as instituições democráticas, especialmente o Congresso. Em sua visão, essas instituições estão tomadas por corporações ?" que ele não tem brio para nomear ?" que inviabilizam a administração pública, situação que abre caminho para uma "ruptura institucional irreversível" - conforme afirma em texto que fez circular por WhatsApp ontem, corroborando-o integralmente, como se ele próprio o tivesse escrito.

Ao compartilhar o texto, qualificando-o de "leitura obrigatória" para "quem se preocupa em se antecipar aos fatos", Bolsonaro expressou de maneira clara que, sendo incapaz de garantir a governabilidade pela via democrática ?" por meio de articulação política com o Congresso legitimamente eleito -, considera natural e até inevitável a ocorrência de uma "ruptura".

Não é de hoje que o presidente se mostra inclinado a soluções autoritárias. Depois da posse, Bolsonaro mais de uma vez manifestou desconforto com a necessidade de lançar-se a negociações políticas para fazer avançar a agenda governista no Congresso. Confundindo deliberadamente o diálogo com deputados e senadores com corrupção, o presidente na verdade preparava terreno para desqualificar os políticos e a própria política ?" atitude nada surpreendente para quem passou quase três décadas como parlamentar medíocre a ofender adversários e a louvar a ditadura militar. Não por acaso, o próprio Congresso parece ter desistido de esperar que Bolsonaro se esforce para dialogar e resolveu tocar por conta própria a agenda de reformas.

Desde sua posse como presidente, Bolsonaro vem demonstrando um chocante despreparo para o exercício do cargo, mas o problema podia ser contornado com a escolha de ministros competentes. Com exceção de um punhado de assessores que realmente parecem saber o que fazem, porém, o governo está apinhado de sabujos cuja única função ali parece ser a de confirmar os devaneios do presidente, dos filhos deste e de um ex-astrólogo que serve a todos eles de guru, dando a fantasias conspiratórias ares de realidade.

O texto que Bolsonaro divulgou - recomendando que fosse passado adiante - diz que "bastaram cinco meses de um governo atípico, 'sem jeito' com o Congresso e de comunicação amadora para nos mostrar que o Brasil nunca foi, e talvez nunca será, governado de acordo com o interesse dos eleitores". Segundo o texto, o presidente "não aprovou nada, só tentou e fracassou" porque "a agenda de Bolsonaro não é do interesse de praticamente nenhuma corporação". Nas atuais circunstâncias, "a continuar tudo como está, as corporações vão comandar o governo Bolsonaro na marra" - e, "na hipótese mais provável", diz o texto, "o governo será desidratado até morrer de inanição, com vitória para as corporações". Mas diz também que é "claramente possível" que o País fique "ingovernável", igualando-se à Venezuela. Aí entraria a tal "ruptura institucional" de que fala o texto chancelado por Bolsonaro ?" que o usou para ilustrar o risco que diz correr de ser assassinado pelo "sistema".

Isso é claramente uma ameaça à Nação. Conforme se considere o estado psicológico de Bolsonaro e de seus filhos, a ameaça pode ser o tsunami de uma renúncia ou o tsunami de um golpe de Estado em preparação. Pois o presidente não apenas distribuiu o texto, como mandou seu porta-voz dizer que, embora esteja "colocando todo o meu esforço para governar o Brasil", a "mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas". Em seguida, fez um apelo às ruas: "Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação" ?" e já no próximo dia 26 está prevista a realização de uma manifestação bolsonarista, contra ministros do Supremo Tribunal Federal e a favor do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro.

Ao "contar com a sociedade" para enfrentar o "sistema", Bolsonaro repete o roteiro de outros governantes que, despreparados para a vida democrática ?" em que a vontade do presidente é limitada por freios e contrapesos institucionais ?", flertaram com golpes em nome da "salvação" nacional. Se tudo isso não passar de mais um devaneio, já será bastante ruim para um país que mergulha cada vez mais na crise, que tem seu fulcro não nas misteriosas "corporações" - as suas "forças ocultas" -, mas na incapacidade do presidente de governar.
Herculano
18/05/2019 09:18
PRESIDENTE BOLSONARO?, por Marco Antônio Villa, historiador, na revista IstoÉ

O líder máximo do Executivo ainda pensa como deputado do baixo clero. Sua articulação é débil, repleta de improvisos e de polêmicas vazias. Os sinais de desgaste já são evidentes

Jair Bolsonaro precisa assumir a presidência. Quase cinco meses após a posse continua agindo como um deputado do baixo clero. Esqueceu que está no mais alto cargo da República. Que há um protocolo. Que qualquer coisa que fale tem imediata consequência política. Não custa lembrar o episódio sobre o preço do óleo diesel e a queda das ações da Petrobras. Insiste em agir como parlamentar que precisa a todo momento contentar sua base eleitoral. Suas falas agressivas acabam gerando repercussões extremamente negativas. Vai a Dallas - após o vexame de Nova York - receber um título que, após polêmicas, diminuiu de tamanho. E por que Dallas? Há o encontro com George W. Bush. Porém, o ex-presidente americano é opositor de Donald Trump. Assim como seu pai, o também ex-presidente George H. W. Bush (1924-2018), que fez questão de dizer que, em 2016, votou em Hillary Clinton. Qual o ganho diplomático? E o roteiro da viagem? Quais reuniões foram planejadas?

O improviso tomou conta do Palácio do Planalto. Não causará estranheza se em um banquete oficial for oferecido pão com leite condensado. Estamos no momento do vale-tudo. Porém, mostras de cansaço são evidentes. O Itamaraty virou sucursal de Steve Bannon. O extremista de direita tomou a Casa de Rio Branco. Hoje, a política externa é determinada por uma organização estrangeira a serviço de uma ideologia exótica e que coloca em risco a segurança nacional. Algo que nunca ocorreu na história da República.

O caos político poderá levar à derrota da reforma da Previdência. A coordenação política é confusa. Os parlamentares indicados para os cargos de liderança são de primeiro mandato. Não conhecem a história do nosso parlamento e são péssimos articuladores. Dão mais atenção às redes sociais do que ao trabalho. Estão deslumbrados com os minutos de fama. Esqueceram que precisam obter, no mínimo, 308 votos em duas votações no plenário da Câmara dos Deputados. Optaram por atacar os próprios colegas, ordenando que suas bases de apoio os desqualifiquem nas redes sociais. Como se isso levasse a construir uma maioria constitucional.

E Jair Bolsonaro nisso tudo? Assiste passivamente. Não age. Não consegue liderar. No fundo, sente saudades dos tempos da Câmara dos Deputados. Era tudo tão fácil. Bastava dar uma entrevista bombástica, de forma bem irresponsável, que virava notícia. O fato não trazia nenhuma consequência. Sumia para reaparecer, meses depois, como alguma nova patacoada
Herculano
18/05/2019 09:16
PARTIDOS VEEM ACENO DO PRESIDENTE À RADICALIZAÇÃO; BOLSONARISTA FALA "EM FECHAR O CONGRESSO", por Daniela Lima, na coluna Painel, no jornal Folha de S. Paulo

O rei está nu
O texto distribuído por Jair Bolsonaro a aliados foi lido por dirigentes de partidos como um sinal de que o presidente acenou à radicalização para voltar a comandar a cena política. A mensagem foi interpretada como uma tentativa de incendiar convocatória que circula nas redes bolsonaristas para ato em defesa dele, contra o Congresso e o Supremo, dia 26. Em áudio que chegou ao Planalto, um caminhoneiro fala em mostrar força à Câmara, ao Senado e "àqueles 11 togados de merda".

Deep web
Bolsonaro compartilhou uma espécie de artigo, intitulado "texto apavorante", que dissemina a tese de que o "sistema" se uniu para não deixá-lo governar. Ele o fez após receber informações de que as convocações para ato em sua defesa estavam ganhando corpo. Assim como na campanha, o principal vetor da mobilização é o WhatsApp.

Deep web 2
O presidente foi abastecido por aliados com as mensagens que estavam circulando. Em um áudio, um caminhoneiro diz ter se dado conta de que "a parte podre do Congresso - Câmara e Senado -, mais o STF com o apoio da Rede Globo, estão se unindo para tentar derrubar o capitão". "E a gente não vai deixar", ele conclui.

Deep web 3
"O povo vai se levantar em favor do presidente para dar a ele salvo-conduto para fazer o que for necessário. (...) Nem que seja para fechar esse Congresso maldito e interditar esse STF", diz o caminhoneiro. O texto compartilhado por Bolsonaro, endossa, de forma menos virulenta, a tese de uma conspiração.

Fale só
Presidentes de siglas orientaram suas bancadas a não reagirem institucionalmente ao artigo divulgado por Bolsonaro para não dar vazão à teoria conspiratória que ele, agora pessoalmente, alimenta.

Lamento
Militares que não atuam no Planalto viram com preocupação a escalada dos fatos desta sexta (17). Dizem que o momento era de somar esforços, não de dividir.

Estrilou
Pessoas próximas à família atribuem os últimos gestos do presidente ao combo de derrotas no Congresso e ofensiva do Ministério Público sobre Flávio Bolsonaro. A devassa nas contas do filho, com implicações para outros integrantes do clã, o abalou.

Jogada ensaiada
A operação montada na comissão especial da Câmara para elaborar um texto alternativo de reforma da Previdência não ocorrerá à revelia do ministro Paulo Guedes (Economia).

A garantia sou eu
Parlamentares trabalham com a orientação de preservar a meta de economia de R$ 1 trilhão e de não atrasar o cronograma de votação acordado com o ministro. Marcelo Ramos (PR-AM), presidente do colegiado, e Rodrigo Maia (DEM-RJ), comandante da Câmara, são avalistas desses termos.

Efeito colateral
Foi na esteira da polêmica mensagem divulgada por Bolsonaro que Maia cristalizou o plano de dar ao Parlamento uma agenda paralela à do governo, centrada na economia. Ele espera amarrar estratégia com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Herculano
18/05/2019 09:07
A POLÍTICA BRASILEIRA ENTRE DOIS PASSADOS, por Bolívar Lamounier, sociólogo, no jornal O Estado de S. Paulo

Somos um país sem elites autônomas, sem classe média e sem partidos políticos

Em 1958, quando publicou Os Donos do Poder (Editora Globo), mestre Raymundo Faoro introduziu o conceito de patrimonialismo, estabelecendo por meio dele a mais clássica das clássicas interpretações da História brasileira.

Mas, parafraseando Ortega y Gasset, podemos dizer que toda grande obra é ela mesma e sua circunstância. Nós, leitores preguiçosos, lemos o título e deixamos de lado o subtítulo do livro. Neste - Formação do Patronato Político Brasileiro - Faoro esclareceu melhor o sentido de seu trabalho. O Estado patrimonialista deitava raízes na era medieval portuguesa, mas Faoro quis manter a dignidade do substantivo formação. Nós, imbuídos da ideologia desenvolvimentista que à época emergia com todo o vigor, não quisemos perceber o paradoxo que o grande historiador gaúcho ali deixara, de caso pensado. Otimistas, só queríamos pensar no futuro e acreditávamos piamente que a industrialização liquidaria todos os resquícios do passado colonial. Portanto, o próprio patrimonialismo haveria de fenecer naturalmente. Morreria de morte morrida logo que as chaminés das fábricas de São Paulo enchessem o céu com sua espessa fumaça. Não nos passou pela cabeça que o Estado patrimonialista era uma estrutura poderosa, capaz de resistir a pressões contrárias à sua índole.

De nossa incapacidade de perceber a resiliência do patrimonialismo decorreram vários equívocos, o mais óbvio dos quais é que ele simplesmente se recusou a morrer. Está aí, perceptível a olho nu, agigantado e cada vez mais forte. Seu hábitat natural é, obviamente, Brasília, onde, sem dificuldade alguma, seus tentáculos sufocam e interligam os três Poderes. Estado patrimonialista, uma estrutura que vive em função de si mesma, que persegue os objetivos que ela mesmo escolhe, e o faz distribuindo o grosso da riqueza e as melhores oportunidades de ganho entre os "amigos do rei". É certo que admite novatos, mas por cooptação, não como protagonistas autônomos, como bem explicou Simon Schwartzman no também clássico Bases do Autoritarismo Brasileiro(Editora da Unicamp).

Do equívoco que acima enunciei no atacado, penso que três outros merecem ser abordados no varejo: somos um país sem elites autônomas, sem classe média e sem partidos políticos.

Teríamos elites autônomas se as tivéssemos fora do Estado, capazes de balizar as ações do núcleo estatal, impelindo-o a levar mais em conta o que, para abreviar, chamarei de bem comum. Os poderosos "de dentro do Estado" obviamente não são elites no sentido que acabo de definir; são o próprio Estado, os amigos do rei, vale dizer, de si mesmos. Os que não se deixam balizar por nenhum poder externo, pois detêm em caráter privativo a função de balizar a sociedade, de fixar e aplicar as normas, com a parcialidade que lhes parece adequada em relação a qualquer assunto e a cada conjuntura.

Do ponto de vista histórico, como aconteceu isso? Ora, sabemos todos que a grande atividade econômica do Brasil colonial era a lavoura canavieira. O consórcio colonial luso-brasileiro deteve o monopólio mundial do produto até meados do século 17. Começou a perdê-lo com a invasão holandesa, iniciada em 1624. Expulsos, entre 1654 e 1661, os holandeses pegaram seus volumosos capitais, a técnica dos engenhos e o respaldo da Holanda, então a rainha dos mares, e foram para a América Central, de onde, num abrir e fechar de olhos, destruíram a hegemonia luso-brasileira. Rápida no gatilho, a camada dominante da lavoura açucareira percebeu que dali em diante sua sobrevivência dependeria mais da política que da economia. E pulou para dentro do Estado, onde até hoje se encontra.

Algo semelhante, mas em menor escala, ocorreu com a extração do ouro e dos diamantes em Minas Gerais, mas o caso verdadeiramente instrutivo é o da cafeicultura paulista. Tendo viabilizado a passagem do trabalho escravo ao assalariado, ela também deteve por algum tempo um quase monopólio do mercado mundial do produto. Não menos importante, como esclareceu Celso Furtado, ela permitiu o surgimento de uma elite muito mais qualificada, capaz de pensar grande e de operar com tirocínio no mercado internacional. Mas a História se repetiu, embora por outros caminhos. A superprodução e a competição internacional não tardaram a aparecer e a brilhante elite cafeicultora o que fez? Reuniu-se em Taubaté, em 1906, e pleiteou também seu lugarzinho no colo do Estado. Nos primórdios da industrialização, a elite nem precisou pleitear nada, pois já nasceu aconchegada na estrutura corporativista montada por Getúlio Vargas, encaixando-se no sindicalismo de empregadores.

Demonstrar que tampouco dispomos de uma classe média capaz de sobreviver com os rendimentos da pequena empresa ou de empregos de boa qualidade é uma tarefa bem mais simples. Poucos anos atrás trombeteamos muito o surgimento de uma "nova classe média", não nos dando conta de que toda série numérica pode ser subdividida em quantas subséries quisermos, e uma delas será "média". Uma pena que os limites mínimo e máximo de tal subsérie eram constrangedoramente baixos. Nada que ver com uma classe média numerosa, robusta e autônoma, e é por isso, evidentemente, que temos uma das piores distribuições de renda do mundo: nossa "classe média" é um conjunto vazio entre a pífia minoria que maneja o Estado patrimonialista e a massa de miseráveis à qual tal Estado nem uma escolarização decente proporciona.

E os partidos políticos? Ora, um partido político digno de tal designação tem como requisito fundamental a capacidade de se superpor a interesses demasiado estreitos, balizando-os no sentido do bem comum. Os nossos são incapazes de fazer isso porque no fundo eles não passam disto: são meros grupos de interesse, protagonistas do corporativismo desatinado a que nosso país chegou.
Herculano
18/05/2019 09:04
QUANDO AS CRISES SE ENCONTRAM, por Míriam Leitão, no jornal O Globo

Economia brasileira está sendo atingida por uma onda de aversão ao risco, que é agravada pelos erros e brigas inúteis do governo

Houve nos últimos dias um agravamento da crise brasileira e a isso se juntou um novo episódio da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Nossas fraquezas, e as brigas deles, nos fazem ser atingidos pela onda de aversão ao risco. O ceticismo com o governo Bolsonaro aumentou muito no mercado financeiro e isso bateu no dólar. Quando o ambiente está assim, qualquer notícia pode detonar esse movimento no câmbio e nas bolsas, mas o mais perigoso está acontecendo dentro da economia.

Quem vê a economia brasileira por dentro acha que muitas empresas podem quebrar.

- Perdeu-se o momento, aquela hora do impulso, que leva a mais investimento. O mercado financeiro criou uma expectativa, com a eleição de Bolsonaro, que as coisas iriam melhorar. Os erros sucessivos do governo fizeram o país perder essa hora. Muitas empresas estão entrando em desespero, porque vivem uma crise financeira e estão se dando conta de que a melhora ainda vai demorar. Elas talvez não aguentem continuar esperando Godot ?" avalia um economista que assessora várias companhias.

Um diplomata que acompanha de perto as negociações entre Estados Unidos e China está convencido de que é tudo muito mais complexo do que parece.

- De um lado os chineses acham que os Estados Unidos estão sendo draconianos e exigindo nada menos que a rendição. De outro lado, os Estados Unidos não conseguem entender a cultura chinesa e interpretam de maneira equivocada os sinais dados na mesa de negociação. Os americanos não entendem mesmo o código chinês. Quando eles ficam em silêncio, acham que é aquiescência e depois quando vem a negativa entendem como recuo. Não têm paciência com a progressividade do processo negociador chinês ?" explicou o diplomata.

Cresce na economia brasileira a convicção de que este ano está perdido. Ouvi dentro do governo a previsão de que o país pode ter um crescimento abaixo de 1% este ano. No mercado financeiro afirma-se que nem a reforma da Previdência resolverá o problema. O diagnóstico é de que o governo tem criado distrações que afastam o país da agenda e produzem uma deterioração rápida da conjuntura. Essa piora da expectativa bate diretamente nas empresas. Os bancos emprestam cada vez menos para as companhias por causa do aumento do risco corporativo.

No mundo, a economia americana está crescendo, mas a chinesa está em maior vulnerabilidade, e a guerra comercial eleva a incerteza sobre o PIB chinês. O crescimento dos Estados Unidos é forte, 3%, com taxa de desemprego abaixo de 4%. Essa força reflete os "esteroides" dados por Trump, com a redução dos impostos. Alguns economistas acham que ainda este ano pode haver uma desaceleração da economia americana. Quem acompanha as negociações acha que Trump pode recuar, fingindo não estar fazendo isso, e aproveitar qualquer acordo para cantar vitória. Mas de qualquer maneira o clima azedou muito na mesa de negociação a partir do momento em que Trump escalou a agressividade através da mídia social.

No Brasil, há economistas no mercado financeiro defendendo que se reduza os juros para estimular a economia, diante dos dados de que ela está esfriando ainda mais. No governo o entendimento é outro: de que o Banco Central controla a Selic, mas ela é apenas parte de todo o conjunto das taxas de juros. O problema brasileiro é fiscal, por isso a queda dos juros pode provocar o efeito contrário, ou seja, a elevação das taxas cobradas das empresas e das pessoas.

A crise política contaminou a economia. O presidente Jair Bolsonaro cria problemas diários. Ontem divulgou um texto anônimo, com uma interpretação equivocada da realidade brasileira, e se dizendo vítima de conspiração. Lembra, obviamente, Jânio Quadros e suas "forças ocultas". Sandices desse tipo consumiram o otimismo que havia sido gerado pela eleição.

- O mercado e as empresas "compraram" a agenda liberal de Paulo Guedes. Agora, o temor é de que a crise política torne inviável essa agenda ?" explica um integrante do próprio governo.

Essa deterioração acontece de forma muito prematura. Bolsonaro chega ao quinto mês enfrentando manifestações que lembram o fim do governo Dilma. Para piorar, as duas maiores potências ameaçam a economia global.
Herculano
18/05/2019 09:01
da série: a contradição de todos os políticos que elegemos com os nossos pesados impostos que estão faltando à educação, à saúde, à segurança,, à infraestrutura. E Bolsonaro, estranhamente referenda tudo isso...

BOLSONARO SANCIONA PROJETO QUE ISENTA PARTIDOS DE MULTA POR INFRAÇõES

Anistia inclui a não aplicação de cota de verbas públicas para promoção e difusão da participação política das mulheres

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) sancionou nesta sexta-feira (17) projeto aprovado pelo Congresso que anistia multas aplicadas a partidos, entre elas as decorrentes da não aplicação de ao menos 5% das verbas públicas para a promoção e difusão da participação política das mulheres.

O texto aprovado diz que não sofrerá punição, como ter as contas rejeitadas, o partido que não tiver usado estes recursos para financiar campanha de candidatas mulheres até as eleições de 2018.

Este uso alternativo foi proibido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2018. No entendimento da Corte, recursos de incentivo à participação das mulheres na política são diferentes do dinheiro que financia campanha de candidatas específicas.

O projeto também diz que os partidos que ainda tenham saldo desses recursos de anos anteriores poderão utilizá-los para a finalidade original, ou seja, para os programas de incentivo à participação feminina.

Bolsonaro é do PSL, partido que é investigado em Minas Gerais e Pernambuco sob suspeita de desvio de recursos públicos por meio de candidaturas femininas de fachada. Os casos foram revelados pela Folha.
Herculano
18/05/2019 08:55
da série: se até os apoiadores então apoiadores explícitos de Bolsonaro nas redes e na mídia tradiciona, como Constantino agora são hostilizados por cobrar do governo coerência e governabilidade, imagina-se o radicalismo dessa gente que orienta o governo. É cada vez mais o PT ao avesso...

A SEITA OLAVISTA, por Rodrigo Constantino, na revista IstoÉ.

Globalistas controlam tudo, a imprensa é vendida e há comunistas por todos os cantos. E quem discordar dessas ideias do guru deve ser silenciado por sua horda.

Com as confusões criadas por Olavo de Carvalho, guru do presidente, muitos olhares se voltaram para a Virgínia a fim de entender o que pensa esse que influencia tanto o governo, gerando cizânia o tempo todo. Como desafeto do sujeito há mais de uma década, desde os idos tempos do Orkut, conheço bem o modus operandi dele e sua turma. Por isso não tenho receio em afirmar: é seita sim!

Algumas características mostram bem isso. Em primeiro lugar, toda a seita desperta um grau de fanatismo cego. Para tanto, é importante a crença de que só o guru consegue enxergar aquilo que ninguém mais é capaz. "Olavo tem razão" virou um bordão repetido nem sempre em tom de brincadeira. A turma acha mesmo que só ele viu de forma holística a coisa toda. Sua dialética, aprendida com o marxismo, ajuda a manter essa aura: como dá uma no cravo e outra na ferradura, está sempre certo.

Foi assim durante o impeachment de Dilma, na greve dos caminhoneiros etc. Já a postura diante de Bolsonaro é mais contraditória: ele "fez" o mito ser eleito e emplacou ministros, mas é o maior crítico do governo e dos militares. Se der certo, mérito dele. Se der errado, ele bem que avisou.

Como toda a seita, os críticos precisam ser calados e os discípulos devem se sentir parte de um seleto grupo de escolhidos. Qualquer crítica ao guru é repelida com uma chuva de ataques pessoais, acusações de traição ou algo que o valha. Diante de cada erro ou incoerência do mestre, seus seguidores repetem que só quem acompanha seus cursos é capaz compreendê-lo na totalidade. São as lindas roupas invisíveis do imperador. Só os mais inteligentes conseguem enxergá-la. Os demais apenas contemplam sua nudez.

Como afirma Czeslaw Milosz, em "Mente cativa": "O inimigo, de forma potencial, sempre estará presente; o único aliado será o homem que aceitar a doutrina 100%. Se ele aceitá-la apenas 99%, necessariamente deverá ser considerado um inimigo, pois do 1% remanescente pode surgir uma nova igreja". Basta ver como olavetes tratam os antigos aliados. O cantor Lobão tem sido massacrado por criticar essa postura.

As seitas costumam apelar para um simplismo extremo. "Séculos de história humana, com suas milhares e milhares de questões minuciosas, são reduzidos a algumas, a maior parte termos generalizados", escreveu Milosz. Isso dá a ilusão de conhecimento pleno, fornecendo respostas para todas as perguntas. Teses conspiratórias seduzem: globalistas controlam tudo, a imprensa é vendida e há comunistas por todos os cantos. Depois de atacar a tudo e a todos com xingamentos, vem a reação. Daí o guru banca a vítima. Quem criticar essa postura, só pode ser obcecado ou invejoso. Novamente, uma resposta típica das seitas.
Herculano
18/05/2019 08:49
ACREDITE COM O BRASIL À BEIRA DO ABISMO E COM MILHõES DE MULHERES DESEMPREGADAS, DEPUTADO PROPõE LICENÇA TPM

Conteúdo de O Antagonista.Voltou a tramitar na Câmara um projeto que permite à mulher se afastar do trabalho até três dias por mês durante o período menstrual.

A proposta dá ao patrão o direito de exigir da trabalhadora a compensação das horas não trabalhadas.

A justificativa cita estudo segundo o qual 65% das brasileiras sofrem com cólicas e 70% perdem produtividade no período com cansaço, inchaço, enjoo e dores.

"Não haverá nenhum prejuízo para a empresa. Ao contrário, pois a empregada estará afastada no período de menor produtividade, fazendo a compensação quando sua produtividade tiver voltado ao normal", diz no documento o deputado Carlos Bezerra[ MDB-MT e deputado desde 1979].
Herculano
18/05/2019 08:39
"BRASIL, A GENI DOS BRASILEIROS, por Guilherme Fiuza, no site Gazeta do Povo, Curitiba

"Não há novidade alguma na obsessão brasileira pelo fracasso. Você não precisa ler nenhum sociólogo de passeata para constatar o fenômeno. Cada passo à frente corresponde a uns dez para trás - e andar de lado é progresso arrojado. Por uma razão miseravelmente simples: tacar pedra, aqui, é salvo-conduto.

Por que trabalhar dobrado para construir, num lugar onde destruir é muito mais charmoso, além de bem mais fácil? Você está cansado de saber que numa nação infantilizada fazer cara de nojo para governo é sucesso garantido. Arregaçar as mangas pelo bem comum e correr o risco de tomar uma chapa branca na testa? Deixa de ser otário.

Esse componente tão dramático quanto corriqueiro do caráter nacional já deu as caras, sem a menor inibição, inúmeras vezes. Uma das mais impressionantes se deu logo após a eleição de Lula, em 2002.

Desafiado publicamente por Pedro Malan a esclarecer se sua plataforma era a demagogia dos calotes e bravatas contra a elite malvada ou o cumprimento de contratos e a responsabilidade fiscal, Lula se comprometeu com a segunda opção. E cumpriu. Iniciou seu governo com uma equipe econômica de alto nível, chefiada por Antonio Palocci ?" cuja gestão foi reconhecida por dez entre dez expoentes do setor ?" e Henrique Meirelles no Banco Central.

Estavam dadas as condições para um novo ciclo virtuoso, depois das crises de energia (doméstica) e da Rússia (internacional) que travaram na virada do século a linha ascendente do Plano Real. Lula era um líder popular mostrando senso de pragmatismo para unir a estruturação econômica e o resgate social ?" enfim, para unir o país.

E o que fez o país? Fez o que faz sempre: sabotou.

A fritura de Palocci não demorou a começar e vinha de todos os lados (isso te lembra alguma coisa?). Corneteiros e cassandras brotavam no meio empresarial, na imprensa, nas artes, na política ?" inclusive no PT, o partido governante. Aliás, os tucanos fizeram a mesma coisa com Fernando Henrique e Malan ?" porque, como já foi dito, aqui fazer cara de nojo para governo é investimento. Mesmo se você estiver no governo.

O Plano Real triunfou apesar dos tucanos ?" que até o apoiaram majoritariamente na decolagem (covardia não é burrice), mas atrapalharam tanto no nascedouro quanto na sustentação. Malan passou oito anos sendo demitido na imprensa ?" e adivinha a origem dessas sementinhas? Uma equipe de abnegados executou o maior plano econômico da história enquanto o presidente era chamado todo dia de elitista, neoliberal (o fascista da época) e reacionário por ter se aliado a Antonio Carlos Magalhães, o Toninho Malvadeza. Identificou o padrão?

Voltando a Lula, aquela configuração que prometia unir o país (ahaha) logo virou tiro ao alvo: MST querendo mais grana, PT querendo mais cargo, PSOL nascendo para sua vida gloriosa de virgem do puteiro, tucano querendo o poder de volta, empresário "moderno" querendo dinheiro de graça e fritando o ministro da Fazenda que buscava a modernização. O vice-presidente, que era empresário, atacava dia sim, outro também, a política macroeconômica do seu próprio governo. Crise, teu nome é Brasil.

Segundo vários representantes da intelectualidade nacional, o presidente dos pobres estava vendendo a alma ao diabo. Veríssimo se declarava decepcionado com a adesão de Lula ao superávit primário? (Parece piada, e é, mas aconteceu). O país só se acalmou quando conseguiu interromper essa gestão virtuosa e abrir caminho para o maior assalto da história.

Aí sobreveio uma década de paz. Em meio à roubalheira e à depravação institucional não se viu nem passeata cenográfica pela educação.

Pega daí, caro leitor: boa equipe, chance de reconstrução, cara de nojo, decepção? Só continua chamando isso aqui de nação quem confunde rima com solução.

Nota antropológica: FHC e vários outros que combateram a praga nacional dos falsos virtuosos hoje estão na orquestra da crise. Que lugar está reservado para esses personagens na história do Brasil? Pergunta no Posto Ipiranga."
Herculano
18/05/2019 08:37
da série: um retrato simples, que o poder de plantão resiste a olhar com simplicidade para se autoreconhecer nele e tomar outra postura para melhorar a própria foto

BOLSONARO, NO OUTONO, por Demétrio Magnoli, geógrafo e sociólogo, no jornal Folha de S. Paulo

O presidente tem prazo de validade, que não é 2022, mas 2020

FHC descreveu-se como o "improvável presidente", atestando seu reconhecimento de que chegara ao Planalto nas asas de um desvio histórico. Bolsonaro deve a cadeira presidencial a um acaso ainda mais fortuito que o sucesso do Plano Real: a ruína do sistema político da Nova República na moldura de uma profunda depressão econômica.

Mas, ao contrário do sofisticado intelectual, o capitão inculto imagina que seu triunfo deve-se à "necessidade histórica" - isto é, a uma "revolução" propelida pela ideologia. Dessa ilusão nasce a crise crônica que trava o governo e anuncia a sua implosão.

O sistema político edificado três décadas atrás combinou os poderes quase imperiais de um presidente que governa por decretos com as prerrogativas quase ilimitadas de um Congresso fragmentado em miríades de partidos. O presidente fantasiado de soberano precisa, ao longo do mandato, usar seus poderes para construir -e, depois, conservar - uma maioria parlamentar operacional. Bolsonaro não quer - e provavelmente não conseguiria, mesmo se quisesse?" engajar-se na missão da governabilidade.

O impasse tem um contexto. FHC navegou o sistema político a bordo de uma nau mais ou menos estável: a aliança programática PSDB/PFL, que lhe conferia um núcleo sólido de apoio no Congresso. O tucano comprou a governabilidade a custo baixo, praticando moderadamente o esporte da fisiologia. Já Lula pilotou uma nau avariada pela falta de um consenso programático básico na coalizão PT/PMDB/PP e pela multiplicação descontrolada de partidos. O petista abriu as portas da administração pública e das estatais à sanha colonizadora das máfias políticas. Os resultados foram o mensalão, o petrolão e, no fim, a derrubada do edifício pela artilharia da Lava Jato.

O presidente - qualquer presidente eleito na hora da derrocada - teria as alternativas realistas de tentar restaurar o sistema ou de encarar o desafio de reinventá-lo. Bolsonaro, porém, não entende a natureza da encruzilhada. Isolado na concha ideológica de suas próprias redes sociais, singra o mar de destroços girando o timão erraticamente, desorientado por uma bússola que nunca aponta o norte. De um lado, teme uma conspiração parlamentar destinada a envolvê-lo no novelo fatal da fisiologia. De outro, teme uma conspiração do STF e da imprensa destinado a fabricar um impeachment. Na batalha contra os dois moinhos de vento, hostiliza o Congresso, os juízes e a opinião pública, cavando a sepultura de seu governo.

O governo não tem nada parecido com uma base parlamentar. As sucessivas derrotas em votações banais no Congresso, iluminadas pelos clarões de ataques aos parlamentares promovidos por ministros, assessores e filhos do presidente, erguem-se como nuvens de tempestade sobre o projeto de reforma previdenciária. A adição das ruas à equação política semeia o campo da incerteza. A gosma ideológica também é responsável pelo novo componente da crise: foram as repetidas provocações do ministro olavete, não um simples contingenciamento de recursos, que impulsionaram centenas de milhares de pessoas a aderir às manifestações. Da rejeição dos cortes na Educação à recusa da Nova Previdência, o passo depende apenas do ritmo da desmoralização do governo.

"Idiotas úteis": não é, ainda, 2013, mas um presidente alheio à realidade esforça-se para recriá-lo. Bolsonaro tem prazo de validade, que não é 2022, mas 2020. Sem uma reforma previdenciária forte, a persistência da estagnação econômica dissolverá a legitimidade política do governo.

No horizonte cinzento, para lá da operação tartaruga do Ministério Público, emergem os contornos agourentos de um certo Adriano e de um tal de Queiroz. O Brasil real quer emprego, renda e serviços públicos, não a "revolução" reacionária do bolsonaro-olavismo. Mas o outono já vai passando, e só a Carolina não viu.
Herculano
18/05/2019 08:28
SEMANA TERMINOU E MISTÉRIO DE TSUNAMI CONTINUA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste sábado nos jornais brasileiros

A semana acabou e não se desfez o mistério anunciado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que na sexta (10) mencionou "tsunami na semana que vem". Houve muitas notícias graves, da quebra de sigilo do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) às manifestações contra o contingenciamento de 3,4% das verbas das universidades públicas, passando pela delação de um dos chefões da GOL, que confessou pagamentos, por exemplo, ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

TSUNAMI FAMILIAR
O retorno de Flávio ao noticiário teve significado de tsunami, mas só na família Bolsonaro. E o presidente não tinha como antever a sentença.

APENAS MAROLINHA
Protestos da oposição contra "cortes na Educação" foram expressivos, mas longe de tsunami. Já no dia seguinte, ninguém falava no assunto.

DELAÇÃO SURPREENDEU?
A coisa muda de figura se o "tsunami" era a delação de Constantino. Mas o governo não tinha como saber do fato antes. Ou tinha?

TEMPO INSTÁVEL
Outras crises ocorreram, incluindo a fulgurante passagem do ministro da Educação pela Câmara. Mas nem chegou a ser uma tempestade.

DIRCEU TEVE DE SE EXPLICAR À FILHA DE OITO ANOS
O ex-ministro José Dirceu tomou a estrada às 3h da madrugada de sexta (17) para chegar a Curitiba até as 16h, a tempo de se entregar para cumprir pena de 8 anos e 10 meses de prisão. Mas, antes de partir, o sempre glacial líder do PT viveu uma situação extrema: ele se derramou tentando explicar a Maria Antonia, sua filha de 8 anos e seu xodó, por que teria de viajar de repente e ficar longa temporada fora.

MUITO TEMPO PELA FRENTE
Ele está condenado, em segunda instância, a 30 anos pelos roubos na Petrobras e a 8 anos e 10 meses por mais propinas também na estatal.

DEZ MESES DE DESPEDIDAS
José Dirceu estava solto desde julho do ano passado. Nesses dez meses, percorreu o País fazendo palestras e autografando seu livro.

VEM AÍ UM NOVO LIVRO
No cárcere, o ex-ministro de Lula vai se dedicar ao segundo volume de suas memórias, que escreve a mão, letra miúda, com poucas rasuras.

REAÇÃO TRANQUILA
A reação do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) à notícia da denúncia do Ministério Público impressionou os assessores: "Acabou a espera. Qual próximo passo?". E passou a planejar a semana.

AJOELHOU, TEM QUE REZAR
Os partidos do "centrão" já articulam derrubada da medida provisória da reforma administrativa. A ideia é colocar o governo de joelhos. E suplicando para que aceitem Ministério das Cidades e mais uns quatro.

TUCANO NA PLANÍCIE
Antes não faltavam ao deputado Aécio Neves (PSDB-MG) bajuladores, mas, nesta sexta (17), ele estava na saída do restaurante À Mano, em Brasília, sozinho, com a mão no bolso, esperando o Uber chegar.

ESCREVEU, NÃO LEU...
Os ânimos estão exaltados na Câmara, com uma intensa pressão. A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) já trocou três assessores. O deputado Alexandre Frota (PSL-SP) demitiu todos de uma única vez.

FIM DOS IRRESPONSÁVEIS
Um projeto de lei em tramitação na Câmara proíbe estacionamentos pagos de colocar aviso de que não são responsáveis por eventuais furtos, danos e roubos aos bens no interior do estabelecimento.

O XIS DO PROBLEMA
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nos EUA que as despesas obrigatórias previstas no orçamento são o problema do Brasil. "O orçamento foi cooptado por corporações públicas", afirmou.

AGENDA PRóPRIA
Enquanto o governo foca na reforma da Previdência, há expectativa de aprovação rápida da reforma tributária, e sem o governo. "Congresso quer dar demonstração de força", supõe o tributarista Felipe Fleury.

PUNIÇÃO VAI AUMENTAR
O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) quer tornar crime até insinuar títulos acadêmicos falsos. Hoje há apenas a acusação de falsidade ideológica, como a professora que mentiu sobre doutorado em Harvard falso.

SANGUE NOVO
Com a derrota do ex-governador Rodrigo Rollemberg, o PSB-DF tenta encontrar novo rumo para o partido. Após a renúncia do presidente do diretório do Distrito Federal, assumiu o jovem militante Daniel Cunha.
Herculano
18/05/2019 07:59
O BRASIL DAS QUADRILHAS QUE TEM PODER NO JUDICIÁRIO

MAIS UM FORAGIDO COM PRISÃO REVOGADA POR GILMAR MENDES, por Renan Ramalho, na revista eletrônica Cruzoé

O ministro Gilmar Mendes revogou a prisão de Carlos Alberto Braga de Castro, conhecido como Algodão e que estava foragido.

Ele é investigado por lavagem de dinheiro na Operação Câmbio Desligo, desdobramento da Lava Jato no Rio, por disponibilizar dinheiro por meio da transportadora Trans-Expert, usada por outros doleiros no esquema de corrupção de Sergio Cabral.

Nos últimos meses, o ministro já havia soltado outros foragidos do caso - Richard Andrew de Mol Van Otterloo e Claudine Spiero - e agora estendeu a decisão a Algodão.

"A referida circunstância, por si só, pode ser afastada em casos específicos, em especial quando constatada a ilegalidade da ordem de prisão ou quando verificado que a imposição de outras medidas cautelares é suficiente à garantia de aplicação da lei penal", escreveu o ministro.

Gilmar Mendes substituiu o mandado de prisão por pagamento de R$ 10 mil, proibição de contato com outros investigados e comparecimento em juízo.

Na primeira instância, Marcelo Bretas havia rejeitado medidas sob o argumento de que, como Algodão estava foragido, não haveria como obrigá-lo a cumprir as determinações.
Herculano
18/05/2019 06:21
DESTRINCHAMENTO A CARTINHA DIVULGADA POR BOLSONARO, por Carlos Andreazza, no Blog "Tem Método", da Jovem Pan

Jair Bolsonaro divulgou um texto infame que descreve um país de gestão impossível se o governo não se render às chantagens das corporações. A matéria do Estadão dá ótima conta do enredo. De minha parte, comentarei a coisa trecho a trecho ?" ressalvando que o escrito só tem importância porque difundido pelo presidente da República, e que não vejo no movimento algo que não uma tentativa de ordem unida para a mobilização da militância bolsonarista.

Vamos lá...

Temos muito para agradecer a Bolsonaro.

Temos? Quero saber por quê. O escritor bolsonarista dirá a seguir.

Bastaram 5 meses de um governo atípico, "sem jeito" com o congresso e de comunicação amadora para nos mostrar que o Brasil nunca foi, e talvez nunca será, governado de acordo com o interesse dos eleitores. Sejam eles de esquerda ou de direita.

Veja, o leitor, o conjunto de motivos por que devemos - temos de! - ser gratos a Bolsonaro. Traduzo: "cinco meses de um governo atípico" é eufemismo para disfuncional, travado, sem projeto, que se lançou à guerra cultural como motor do Estado e que se orienta sob a palavra de teóricos da conspiração; "sem jeito com o Congresso" significa hostil à atividade política e disposto ao choque institucional com um Poder da República, o Parlamento, fundamento da democracia representativa, que trata como espécie de sindicato do crime; "comunicação amadora" é aquilo até ontem tratado como razão maior para o sucesso eleitoral do atual presidente e, portanto, uma escolha conscientemente feita pelo bolsonarismo sobre como, uma vez no Planalto, falar à população, aquilo graças ao que se manteria o povo mobilizado e conectado ao governante em sua cruzada contra o establishment.

De modo que, segundo entendo, devemos ser gratos a Bolsonaro por, em cinco meses de absoluta inação, nos haver demonstrado que este país nunca será mesmo governado de acordo com o interesse dos eleitores - sejam eles de esquerda ou de direita. Acrescentaria aqui também os eleitores de centro, não à toa esquecidos pela mente, a cabeça autora do texto, tão anônima quanto binária. Incluo ainda, claro, os eleitores de baixo e de cima.

Desde a tal compra de votos para a reeleição, os conchavos para a privatização, o mensalão, o petrolão e o tal "presidencialismo de coalizão", o Brasil é governado exclusivamente para atender aos interesses de corporações com acesso privilegiado ao orçamento público.

Sou fascinado pela concepção bolsonarista - de extração seletiva - para o que sejam corporações. Veja-se a seguir.

Não só políticos, mas servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga e grupos empresariais bem posicionados nas teias de poder. Os verdadeiros donos do orçamento. As lagostas do STF e os espumantes com quatro prêmios internacionais são só a face gourmet do nosso absolutismo orçamentário.

Os procuradores e juízes, por exemplo, da Lava-Jato - avessos, por exemplo, à reforma da Previdência - estarão incluídos nesses grupos influentes "bem posicionados nas teias de poder"? Ou não serão também, ciosos de seus auxílios-moradia, "verdadeiros donos do orçamento" e guardiões do "absolutismo orçamentário"?

Em termos de "servidor-sindicalista", o que difere um Marcelo Bretas de um Ricardo Lewandowski? Hein?

Todos nós sabíamos disso, mas queríamos acreditar que era só um efeito de determinado governo corrupto ou cooptado. Na próxima eleição, tudo poderia mudar. Infelizmente não era isso, não era pontual. Bolsonaro provou que o Brasil, fora desses conchavos, é ingovernável.

Não é maravilhoso? O bolsonarismo criou a virtude caótica e de expressão imediata. Em cinco meses, Bolsonaro provou que o Brasil é ingovernável ?" com ou sem conchavos. Pronto. Está provado. Ok. E agora? Faltam três anos e sete meses. Qual a ideia? O que mais se deverá provar, meu Deus? Devo agradecer a Bolsonaro por endossar um texto celerado - que poderia ser obra de um Jânio Quadros inculto - que expressa indulgência para com o presidente e flerta com a possibilidade de desembarcar? Devo agradecer tendo também pena de Bolsonaro, indivíduo obrigado a presidir o Brasil, o pobre?

Descobrimos que não existe nenhum compromisso de campanha que pode ser cumprido sem que as corporações deem suas bênçãos. Sempre a contragosto. Nem uma simples redução do número de ministérios pode ser feita. Corremos o risco de uma MP caducar e o Brasil ser OBRIGADO a ter 29 ministérios e voltar para a estrutura do Temer.

A mente bolsonarista opera assim - não é segredo: porque houve compromissos de campanha, o Parlamento (como se não fosse um Poder da República composto por gente igualmente eleita) deve se curvar à agenda de um governo que o trata como bandido.

Isso é do interesse de quem? Qual é o propósito de o congresso ter que aprovar a estrutura do executivo, que é exclusivamente do interesse operacional deste último, além de ser promessa de campanha?

Pergunta genial porque sincera - obra-prima do autoritarismo bolsonarista: "qual é o propósito de o Congresso ter que aprovar a estrutura do Executivo, que é exclusivamente do interesse operacional desde último, além de ser promessa de campanha?" Suponho que a questão relativa à promessa de campanha já possa ser afastada. Né? Obrigado.

Respondamos, então - objetivamente: o propósito, autocrata bolsonarista (perdão pela redundância), é o republicano, aquele que controla, equilibra e distribui prerrogativas e poderes. A estrutura do Executivo, de seu exclusivo interesse operacional, é - exatamente por isso - estabelecida via legislação; e não à toa o governo editou uma medida provisória a respeito: para que, sim, entrasse em vigor imediatamente, com força de lei, mas com posterior exame do Legislativo.

Se, por acaso e por exemplo, a MP em questão não for aprovada, o governo deverá mandar um projeto de lei para a Câmara.

Ninguém disse que era fácil a democracia.

Querem, na verdade, é manter nichos de controle sobre o orçamento para indicar os ministros que vão permitir sangrar estes recursos para objetivos não republicanos. Historinha com mais de 500 anos por aqui.

Isto é uma falácia. O aparelhamento e o domínio sobre orçamento independem de a estrutura do Executivo ter de ser chancelada pelo Legislativo - um governo com vinte ou duzentos ministérios teria de ser submetido ao mesmo processo. O de Jair Bolsonaro tem, hoje, 22; e nós vemos, diária e publicamente, disputa por poder, pelo poder sobre os orçamentos, nas pastas da Educação e das Relações Exteriores, e na Secretária de Governo, notadamente em função das verbas de comunicação institucional. Historinha com mais de 500 anos e ainda sendo contada na gestão de Bolsonaro.

Que poder, de fato, tem o presidente do Brasil? Até o momento, como todas as suas ações foram ou serão questionadas no Congresso e na Justiça, apostaria que o presidente não serve para NADA, exceto para organizar o governo no interesse das corporações. Fora isso, não governa.

É passagem dramática, tanto mais porque num texto difundido pelo próprio presidente, o que lhe dá tom confessional. Pretendo aqui, porém, trazer esperança a Bolsonaro. O senhor tem muito poder, desde que se comporte como chefe do Executivo, o que significará ter de se articular ?" sim, politicamente - com as demais instituições republicanas. A se comportar como imperador, que é o lugar em que o vê o autocrata autor do lamento, servirá mesmo para nada, nem para "organizar o governo no interesse das corporações" - elas farão o serviço sozinhas e sem resistência.

Se não negocia com o congresso, é amador e não sabe fazer política. Se negocia, sucumbiu à velha política.

Essa armadilha foi criada pelo bolsonarismo ?" e quem a cita, não sendo bolsonarista, apenas exerce a memória; lembra, entre outras coisas, que o governo, ele próprio, pôs-se na condição de refém da retórica eleitoral que criminalizou a política.

O que resta, se 100% dos caminhos estão errados na visão dos "ana(lfabe)listas políticos"?

Não! Se negocia, se faz política, está certo - porque governará. Quem inventou a dinâmica conflituosa entre "velha política" e "nova política" foi o bolsonarismo, e é com as milícias digitais ?" analfabetos políticos - que Bolsonaro precisará se acertar se quiser prosperar como presidente. Essa briga aí e de vocês.

A continuar tudo como está, as corporações vão comandar o governo Bolsonaro na marra e aprovar o mínimo para que o Brasil não quebre, apenas para continuarem mantendo seus privilégios.

Isto é verdade. Paulinho da Força já deu a letra. O governo, porém, não é vítima desse processo. É o principal agente. A inação também faz mover, de modo que já está em campo uma espécie de Parlamentarismo informal ao qual não tardarão a aderia muitos dos hoje apoiadores de Bolsonaro - inclusive o mercado financeiro. Escrevi a respeito aqui.

O moribundo-Brasil será mantido vivo por aparelhos para que os privilegiados continuem mamando. É fato inegável. Está assim há 519 anos, morto, mas procriando. Foi assim, provavelmente continuará assim.

Antes de Bolsonaro vivíamos em um cativeiro, sequestrados pelas corporações, mas tínhamos a falsa impressão de que nossos representantes eleitos tinham efetivo poder de apresentar suas agendas. Era falso, FHC foi reeleito prometendo segurar o dólar e soltou-o 2 meses depois, Lula foi eleito criticando a política de FHC e nomeou um presidente do Bank Boston, fez reforma da previdência e aumentou os juros, Dilma foi eleita criticando o neoliberalismo e indicou Joaquim Levy. Tudo para manter o cadáver procriando por múltiplos de 4 anos.

Agora, como a agenda de Bolsonaro não é do interesse de praticamente NENHUMA corporação (pelo jeito nem dos militares), o sequestro fica mais evidente e o cárcere começa a se mostrar sufocante.

Não vim para fazer crítica literária de tragédia ruim. Nem para comentar uma visão histórica precária, cujo único fundamento - único norte - é a aversão à atividade política. Só uma passagem nesse trecho merece de nota, justamente aquela entre parêntesis e apenas porque parte de um texto compartilhado pelo presidente, que corrobora assim a tese de que os nem os militares se interessariam pela agenda de Bolsonaro, talvez mesmo sócios no sequestro. Deprimente.

Na hipótese mais provável, o governo será desidratado até morrer de inanição, com vitória para as corporações. Que sempre venceram.

Do jeito que a coisa vai, não são poucos ?" entre os bons - os que já acham esse um bom caminho. Melhor não dar ideia. Os maus podem chegar junto.

Daremos adeus Moro, Mansueto e Guedes. Estão atrapalhando as corporações, não terão lugar por muito tempo.

Nada. Não se engane, autocrata. Essa turma fica, sobretudo os da economia. Desde que tenham condições de avançar o programa liberal, eles ficam. E aqui preciso registrar que o governo Bolsonaro, ao menos nesses cinco meses, ainda não lhes ofereceu essas condições. Sugiro autocrítica. Para que os heróis possam atrapalhar as corporações, o governo do mito precisa parar de atrapalhá-los.

Na pior hipótese ficamos ingovernáveis e os agentes econômicos, internos e externos, desistem do Brasil. Teremos um orçamento destruído, aumentando o desemprego, a inflação e com calotes generalizados. Perfeitamente plausível. Claramente possível.

Descreve-se o lugar em que estamos. Hoje. Não é projeção de futuro. A pior hipótese é o governo Bolsonaro conforme não anda. Os agentes econômicos, neste momento, estão olhando para os lados, prontos para pular fora e já contemplando a viabilidade de um arranjo, aquele parlamentarista informal, que una o que já chamei de "governo Guedes" e o primeiro-ministro Rodrigo Maia. Perfeitamente plausível. Claramente possível.

A hipótese nuclear é uma ruptura institucional irreversível, com desfecho imprevisível. É o Brasil sendo zerado, sem direito para ninguém e sem dinheiro para nada. Não se sabe como será reconstruído. Não é impossível, basta olhar para a Argentina e para a Venezuela. A economia destes países não é funcional. Podemos chegar lá, está longe de ser impossível.

Esta é a descrição, por um bolsonarista, do projeto de poder do bolsonarismo, a consequência inescapável da revolução reacionária, com vocação para a ruptura e têmpera para a imprevisibilidade, movida ao cultivo permanente de confrontos artificias e à forja de crises institucionais. Podemos, sim, chegar lá.

Agradeçamos a Bolsonaro, pois em menos de 5 meses provou de forma inequívoca que o Brasil só é governável se atender o interesse das corporações. Nunca será governável para atender ao interesse dos eleitores. Quaisquer eleitores. Tenho certeza que esquerdistas não votaram em Dilma para Joaquim Levy ser indicado ministro. Foi o que aconteceu, pois precisavam manter o cadáver Brasil procriando. Sem controle do orçamento, as corporações morrem.

A literatura ruim frequentemente se avizinha do desfecho reproduzindo, em busca de uma jogadinha narrativa, a forma ?" ruim ?" como começou. Aí está. "O cadáver Brasil procriando". Como não concordar ao ler um conjunto de estupidezes como esse, a própria calamidade da educação entre nós? O que mais dizer?

Eu não agradecerei a Bolsonaro por se mostrar um incompetente autoritário hostil à democracia liberal em menos de cinco meses. Isso é uma desgraça. De minha parte, fico perplexo em haver o presidente da República divulgado ?" chancelado ?" um texto indigente como este.

O Brasil está disfuncional. Como nunca antes. Bolsonaro não é culpado pela disfuncionalidade, pois não destruiu nada, aliás, até agora não fez nada de fato, não aprovou nada, só tentou e fracassou. Ele é só um óculos com grau certo, para vermos que o rei sempre esteve nu, e é horroroso.

O Brasil está disfuncional. Como nunca antes. No governo Bolsonaro, como nunca antes: disfuncional. Bolsonaro é, sim, culpado por essa disfuncionalidade, conforme grita a inatividade de sua gestão, mas é também a expressão máxima dessa disfuncionalidade ?" o mais alto berro da crise institucional em que o país afunda desde 2012 e sinal de que a conflagração vai ainda longe do fim. Aliás, é o que nos informa o autocrata autor do texto, provavelmente alguém do mercado financeiro, na última linha do suplício.

Infelizmente o diagnóstico racional é claro: "Sell".

Está comprado de governo, estocado de bolsonarismo? Venda.
Herculano
18/05/2019 06:09
O COAF AZUCRINA BOLSONARO, por Julianna Sofia, secretária de Redação da sucursal de Brasília do jornal Folha de S. Paulo

Presidente finge que movimentações atípicas de filho e ministro não afetam governo

Os ninjas do centrão querem o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) fora da aba de Sergio Moro (Justiça), e o Palácio do Planalto não tem feito questão de manter seus planos originais - muito embora essa tenha sido uma dentre as sabe-se lá quantas promessas ao ex-juiz, quando deixou a república de Curitiba.

Os mestres do fisiologismo, aliados à oposição, deram o primeiro passo para tirar o conselho de Moro ao votar a medida provisória da reestruturação do governo na comissão especial do Congresso e agora chantageiam o Executivo: se a mudança não for mantida, a MP cairá. Dinheiro de troco se for essa a única condição para não transformar a Esplanada dos Ministérios numa algazarra, além da já instalada desde o dia 1º de janeiro.

Com uma estrutura operacional turbinada, o Coaf de Moro azucrina.

O presidente Jair Bolsonaro voltou ao Brasil na madrugada desta sexta (17) e acordou com um novo relatório do órgão a lhe morder os calcanhares.
Revelado por esta Folha, o documento mostra operações bancárias atípicas de seu ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que é investigado por suspeita de ter patrocinado um esquema de candidatas laranjas do PSL em MG.

O relatório identificou transações no valor de R$ 1,96 milhão em período coincidente com os costumeiros acertos financeiros de campanha (fevereiro de 2018 a janeiro de 2019). As movimentações incluem depósitos e saques em dinheiro vivo que não são compatíveis com a atividade do então deputado. Na época, seu salário na Câmara era de R$ 22,1 mil, e a empresa cadastrada em seu nome estava inapta na Receita Federal.

A atipicidade das operações também se deu em relação ao patrimônio, reporta o conselho. Em 2018, o ministro declarou à Justiça Eleitoral bens avaliados em R$ 773 mil.

Como no rumoroso caso do gabinete de seu filho mais velho, Flávio Bolsonaro, o presidente pode optar por simplesmente ignorar mais um relatório prenunciativo do Coaf.
Herculano
18/05/2019 06:03
AS REDES SOCIAIS - UMA MODA QUE SE DETERIORA - ESTÃO FORTALECENDO A IMPRENSA TRADICIONAL. OUTRO MITO QUE SE DESMORONA
Herculano
18/05/2019 06:00
O CARRO DA CÂMARA

O presidente Ciro André Quintino, MDB, está na mira na compra do carro novo para a Casa. Teve até que refazer o edital.

Por detrás da fiscalização está a bancada do próprio governo que tinha como ganha e perdeu no voto a eleição da presidência.

1. A fiscalização é bem-vinda. Ganham todos, principalmente os pagadores de pesados impostos

2. Mas, quem fiscaliza esse caso - repito, faz certo - se diz perseguido quando é fiscalizado sobre atos públicos pouco transparentes ou com notórias dúvidas.

Gente estranha. Só se dão bem no escurinho. Acorda, Gaspar!
Herculano
18/05/2019 05:54
O BRASILEIRO NÃO SABE VOTAR.É ENGANADO E MANIPULADO E OS POLÍTICOS SABEM DISSO.

Leitores e leitoras desta coluna, sabiam desde a campanha eleitoral do ano passado de que a justa revolta dos brasileiros contra o PT, a esquerda do atraso, a corrupção e os velhos hábitos políticos, cheirava à aventura (e perigosa).

Por conta disso, perdi até comentaristas habituais neste espaço que palpitavam contra o sistema, mas também queriam me dobrar à sanha irresponsável, como a da boiada encurralada no brete para o corredor do matadouro.

Estavam insatisfeitos de que eu pudesse no meu espaço ter uma opinião diferente da deles. Tinha que ser enquadrado na minha liberdade de expressão, que nunca ousei enquadrá-los, quando ocuparam o meu espaço para divergir.

Outros até me qualificaram, vejam só, de comunista. Aliás, para essa gente, todos são comunistas. A maioria nem sabe o que é isso.

Pois é. O tempo é o senhor da razão e a resposta está ai. O Brasil se afunda num governo que tinha tudo para dar certo e que se estabeleceu ele próprio numa briga interna diária.

Todo dia é uma confusão com gente desqualificada, expondo gente qualificada, como a equipe econômica e a da Justiça, que estão numa roubada. Até tentaram inventar uma guerra contra a Venezuela, como simples bucha de canhão dos Estados Unidos.

Era preciso enfrentar os políticos chantagistas que elegemos para o Congresso dizendo-se muitos deles como o novo? Era. Mas, não na porrada! Jair Messias Bolsonaro, PSL que surgiu do nada, sem gente convicta, sem liderança interna, manobrado pelos seus filhos doidos, milicianos digitais e os doentes olavistas, esticaram a corda, como se fossem o dono do Brasil e dos brasileiros. O resultado está ai. Vamos pagar a conta mais uma vez.

Donald Trump, o republicano, ídolo dessa gente, pode ser doido, mas não é nenhum ingênuo. Para fazer o que está fazendo, criou primeiro milhões empregos internos e enfrenta os concorrentes externos, incluindo o Brasil que não se deu conta disso.

Bolsonaro, sem criar os 14 milhões de empregos retirados pelo PT, a esquerda do atraso e o corrupto Centrão que deu guarida para os governo de Lula e principalmente à impichada Dilma, terá poucas chances de se salvar, nem mesmo com ajuda de Deus.

E os políticos que estão no Congresso - inclusive os novos - já perceberam isso.

Novo não é sinônimo de solução. Os meus leitores e leitoras não precisem ir longe: fique em Gaspar. Basta ler o comentário desta sexta-feira onde comparo decisões diferentes em Blumenau e Gaspar para a máquina pública.

Empresário bem sucedido, não é certeza de administração pública exemplar. Também não precisa ir longe: basta ficar em Ilhota.

E se religião fosse sinal de moralidade e eficiência no ambiente público, o bispo Crivella já teria tornado Santa Rio de Janeiro, a nossa Sodoma e Gomorra brasileira

Quando escrevi aqui e fui duramente combatido, de que Jair Bolsonaro seria um novo Fernando Collor de Mello, não fazia nenhuma premonição ou exercício paranormal, mas retratava o que estava na cara de todos e que os fanáticos, o ódio, a manipulação via redes sociais, o analfabetismo, a ignorância e a desinformação impediam-lhes de enxergar.

Era preciso mudar? Era. Mas, não tão radicalmente assim, para se eleger um doido tão perigoso quanto o sistema que se queria abater.

Até Michel Temer, MDB, pelos resultados que conseguiu, e acuado pelo Congresso pelo impeachment por casos de corrupção, foi mais eficaz para o Brasil e os brasileiros. Fez as reformas mínimas, estancou o desemprego e gerou outro quase um milhão, além de colocar a economia nos trilhos novamente, mas que Bolsonaro a brutaliza para fora deles.

Michel não fez essas mudanças mínimas, mas essenciais com vingança ou radicalização, mas com negociação. O Brasil está tomado por vícios, por isso, a retirada deles é longa e penosa. E isso, Bolsonaro e sua turma não entendeu, e nunca entenderá. Faltam-lhes grandiosidade para a compreensão da tarefa que receberam. Wake up, Brazil!

Leo
17/05/2019 20:36
MAIS UM PEIXE GRANDE QUE CAIU NA PREFEITURA. SEMANA QUE VEM VAMOS TER A DANÇA DAS CADEIRAS NA PREFEITURA.O PREFEITO DE FATO JÁ AVISOU. MANDA QUEM PODE OBEDECE QUEM TEM JUÍZO.
Miguel José Teixeira
17/05/2019 16:17
Senhores,

Da série bíblica, ""diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és":

1) Em 20/12/2017, no Santa:
"Advogado de Pizzolatti diz: "Ele é dependente químico do álcool e vai ser internado"

2) Hoje, ele está na mídia, de novo:
"Ex-deputado catarinense com CNH cassada recebe verba pelo uso do carro"

Revendo minhas anotações, deparei-me com um de seus projetos de lei, o PLC 0083/2015, que já tramita no Senado Federal, que, ironicamente

"Institui 17 de janeiro como o Dia Nacional de Prevenção e de Combate ao Alcoolismo e às Drogas, dia em que ampla campanha educativa sobre a prevenção e o combate ao alcoolismo e às drogas será promovida, sem prejuízo de outras datas. Altera a Lei n° 9.294, de 15 de julho de 1996, para vedar a propaganda comercial de bebidas alcoólicas nos meios de comunicação social, nos termos que especifica.

O que será que aconteceu com o meu Nobre Engenheiro/Parlamentar Pizzolatti?

Respostas para Curitchiba, onde já está o chefe da quadrilha PeTralha e o cérebro dela deve estar chegando, se já não chegou. . .
Renato
17/05/2019 14:59
Herculano,

Na semana que vem vamos saber qual vai ser a marca e modelo da limosini do Ciro Quintino. R$ 100.000,00 em um sedan de luxo para levar a suprema excelência e seu motorista para Florianópolis toda semana é muito gasto. Esse ano não vai nem um real pro fundo. Parabéns ao PT por eleger um cara que só faz mal a cidade. Acho que é saudade da barrosa.
A gastança da casa do povo não para, dinheiro esse que poderia ser investido na saúde.
Herculano
17/05/2019 11:24
TETO DE GASTO RACHA, GOVERNO PERDE, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Pibinho, gente na rua e inépcia do governo mudam até ventos do debate econômico

Alguma coisa acontece no coração quando a gente chega à encruzilhada que dá numa recessão. Mais ainda quando se notam as notícias de maio:

1) o teto de gastos do governo começa a trincar. Admite-se aqui e ali a ideia de rever o congelamento da despesa federal antes da data prevista, 2026;

2) a rachadura é um efeito do desespero que bate na praça, dada a frustração até das expectativas reduzidas de crescimento da economia;

3) o governo não tem controle algum do que se passa no Congresso e não parece capaz ou preocupado de formar coalizão majoritária;

4) medidas do presidente são barradas por inépcia intelectual, jurídica e política;

5) o presidente está mais perturbado do que de costume por causa da investigação das contas de seu clã e, em especial, de seu filho Flavio.

Economistas-padrão, ditos "ortodoxos", passam por um processo que em inglês tem o nome sugestivo de "soul searching", o que se traduz de modo mais chocho por "exame de consciência" ou "análise introspectiva". A retomada do crescimento deu chabu além da conta razoável dos erros de estimativa, mesmo considerados choques recentes. O pessoal está, pois, em terapia.

A conversa sobre taxas de juros altas demais entrou no debate corriqueiro de economistas reputados. Um ou outro admite até que se reveja a proibição de aumentar a despesa do governo federal além do nível registrado em 2017. A mesma conversa rola pelo Congresso desde o início do mês, muito mais animadamente por lá, é claro.

O objetivo das mudanças seria permitir um aumento do investimento público e, segue o argumento, estimular algum crescimento. Mesmo com a aprovação da mudança previdenciária, não haverá dinheiro para o governo gastar mais em obras nos próximos muitos anos.

Enfim, o teto está rachando porque o plano deu errado. Seria um sufoco quase impossível mantê-lo até 2026 mesmo se a reforma previdenciária tivesse sido aprovada em 2017 e se o crescimento tivesse voltado como previsto. Nada disso aconteceu. O teto perdeu pilares.

A condição estrita para essas mudanças de política macroeconômica (juros, gastos) seria, claro, a aprovação de uma reforma dura da Previdência. Ainda assim, a conversa mudou. Não quer dizer que rever o teto seja viável, econômica ou politicamente.

Primeiro, a revisão do teto exige mudança constitucional. Segundo, os economistas de Bolsonaro são adversários convictos dessa ideia. Terceiro, a ideia de mexer no teto ainda é muito minoritária e anátema. Quarto, o plano em si não é trivial, para dizer o mínimo.

Mais gasto com investimento implica, pelo menos de início, mais déficit e aceleração do crescimento da dívida pública. Assim, o efeito imediato do gasto extra poderia ser aumento do risco-país, desvalorização da moeda e, pois, alta de juros no mercado, o que anularia o efeito do aumento de gasto. A mera menção de um projeto de revisão do teto pode causar pânico financeiro.

Além do mais, para fazer diferença, o aumento da despesa federal em obras teria de chegar pelo menos a meio ponto do PIB (uns R$ 40 bilhões): o dobro do gasto previsto para este ano. O governo teria projetos bastantes e de qualidade?

No entanto, começam a soprar outros ventos políticos no debate da política econômica, as ruas rugem um pouco e a descrença na capacidade do presidente se dissemina, assim como o sentimento de "ninguém aguenta mais".
Herculano
17/05/2019 11:20
da série: os nossos representantes, eleitos com os nossos votos, com promessas bem diferentes da prática chantagista de agora,bem pagos por nossos pesados impostos e que faltam ao mínimo essencial como saúde, educação, segurança e obras, está contra os brasileiros

CONGRESSO NÃO PODE FICAR APENAS NA AGENDA DE APLICAR DERROTAS AO GOVERNO, ALERTAM LÍDERES, por Valdo Cruz, Globonews, em Brasília

O Congresso Nacional não pode ficar apenas na agenda de aplicar derrotas ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Precisa aprovar medidas que mostrem um compromisso com a recuperação econômica do país, dando esperanças à população. E, ao mesmo tempo, se descolar totalmente da imagem do governo.

A avaliação tem sido feita em conversas reservadas de líderes de partidos como DEM, PSDB, Progressistas e PR, para analisar o cenário de crise atual. Segundo integrantes desses partidos, está ficando cada vez mais claro que não haverá um clima de harmonia na relação entre Palácio do Planalto e Legislativo, e isso está contaminando negativamente os agentes econômicos.

Líderes partidários disseram ao blog que o risco é o Legislativo ficar com a imagem de que está numa campanha contra o Palácio do Planalto, derrotando Bolsonaro seguidamente em votações. Com isso, ele pode acabar tentando se colocar no papel de vítima de parlamentares que querem a volta do toma lá dá cá.

Até aqui, esses líderes fazem questão de destacar que as derrotas sofridas pelo governo foram resultado da total desarticulação política do Palácio do Planalto, que está deixando as votações correrem soltas. E que a situação tende a se agravar, caso o governo não faça uma correção de rumo.

Enquanto isso, o cenário econômico está se deteriorando. Em vez de crescimento de 2,5%, previsões mais pessimistas apontam para o risco de o país fechar o ano com uma alta do Produto Interno Bruto abaixo de 1%. O dólar está em alta, as bolsas, em queda.

Nas palavras de um líder, o Congresso não pode simplesmente cruzar os braços e deixar tudo piorar, atribuindo a responsabilidade ao governo. Precisa assumir o protagonismo para superar a atual crise, mostrar claramente que o Legislativo está à frente do processo diante da desarticulação política do Planalto e descolar sua imagem da do presidente da República.

Nessa estratégia, o primeiro passo é aprovar a reforma da Previdência, com alterações bancadas pelos parlamentares, mas garantindo uma potência fiscal que garanta a retomada do equilíbrio das contas públicas. Depois, a ideia é aprovar uma reforma tributária, não a do governo, mas uma montada pelo Congresso Nacional, em negociação com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Nas conversas para discutir o cenário atual de crise, líderes partidários dizem que é preciso também manter um canal de negociação com a equipe do Ministério da Economia, blindando o ministro Paulo Guedes.
Miguel José Teixeira
17/05/2019 11:05
Senhores,

Porque hoje é 6ª feira, da série "só prá PenTelhar":

1) Eis a pergunta do CH, replicada abaixo:
"...poderia um idiota ser útil de alguma maneira?"
Respondo com outra pergunta:
o maldito sapo-barbudo, guardado em Curitchiba, não teria sido o idiota útil dos mega-empreiteiros?

2) O cérebro da quadrilha, vulgo zédirceu, herói da escória das escórias, deve voltar hoje à masmorra.
Será que as supremas lagostas, chapadas de vinhos com 4 premiações internacionais, já estão com a cartola nas mãos???

3) Pegaram-na sem a bombacha:
Vídeo flagra petista Maria do Rosário simulando empurrão de colega. Na Câmara Maria do Rosário esbarra em deputado e o acusa de tê-la empurrado. Veja o vídeo.
https://diariodopoder.com.br/maria-do-rosario-e-filmada-tentando-simular-empurrao-na-camara/
Mas bah, tchê. . .e a gauchada ainda vota nisso. . .
Herculano
17/05/2019 11:04
da série: é do ramo e é um método

VÍDEO: MARIA DO ROSÁRIO EMPURRA DEPUTADOS NO PLENÁRIO

Conteúdo de O Antagonista. Maria do Rosário foi filmada ontem tentando criar confusão no plenário da Câmara.

No vídeo, feito por Julian Lemos, a petista é vista claramente esbarrando no próprio Julian e em Éder Mauro - para logo depois acusar deputados de tê-la agredido.
Herculano
17/05/2019 10:55
HOSTILIDADE COMO MÉTODO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro tem agido cada vez mais como líder de facção, e não como presidente da República. Invocando sempre a necessidade de satisfazer seus eleitores, malgrado o fato de que foi eleito para governar para todos, Bolsonaro tem contribuído para transformar debates importantes em briga de rua. É a reedição do ominoso "nós" contra "eles" que tanto mal fez ao País durante os desastrosos anos do lulopetismo.

Nesse ambiente crispado, temas cruciais para o futuro, como a reforma da Previdência, ou mesmo questões mais imediatas, como a necessidade de contingenciamento orçamentário, são desvirtuados pelo alarido dos radicais, o que nada tem a ver com um saudável debate democrático. E o presidente, que deveria, pelo cargo que ocupa, ser o condutor político desse debate, parece mais empenhado em hostilizar todos os que não lhe prestam obsequiosa vassalagem ?" e isso inclui não apenas seus adversários naturais, mas também, por absurdo, aqueles que desejam colaborar com o governo.

Com isso, Bolsonaro isola-se, num momento em que o País precisa de liderança e inteligência política para construir as soluções para a gravíssima crise ora em curso. São cada vez mais preocupantes os sinais de que o presidente não tem os votos necessários para aprovar no Congresso nem mesmo projetos de lei banais. As derrotas na Câmara se sucedem em quantidade inusitada para um presidente que teve 57,8 milhões de votos, elegeu-se como a grande estrela de uma formidável onda de renovação da política e deveria estar gozando a tradicional lua de mel com o Congresso e com os eleitores, reservada a todo governante em início de mandato.

Ao contrário, Bolsonaro viu despencar sua popularidade em um par de meses, resultado da paralisia de seu governo ante a aceleração da crise econômica, traduzida pelo aumento do desemprego e pela perspectiva cada vez mais concreta de uma nova recessão. Cresce a sensação ?" a esta altura quase uma certeza ?" de que o presidente não sabe o que fazer para reverter o quadro. Pior: as palavras e os atos do presidente e de alguns de seus ministros, quase sempre destinados apenas a excitar a militância bolsonarista nas redes sociais, contribuem para dificultar ainda mais qualquer entendimento político em torno de soluções viáveis para o País.

"São uns idiotas úteis", disse o presidente ao se referir aos manifestantes que foram às ruas na quarta-feira para protestar contra o contingenciamento de verbas na área de educação. No mesmo dia, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, destratou deputados que o haviam convocado para uma sabatina na Câmara, preferindo a pesporrência ao diálogo. Tudo isso pode ter feito a alegria da seita bolsonarista no Twitter, mas o fato é que o governo começa a encarar nas ruas, precocemente, as mesmas dificuldades que já enfrenta há algum tempo no Congresso ?" situação que, como mostra a história recente do País, ninguém sabe como começa, mas todos sabem como termina.

A prudência recomenda, portanto, que Bolsonaro reveja urgentemente seu método de governo. O problema é que o presidente não tem demonstrado a necessária sensatez para a difícil missão que as urnas lhe conferiram. Ao contrário: sempre que pode, Bolsonaro acentua sua antipatia pelos parlamentares, tratando as adversidades da vida política ?" que ele agrava ao invés de amenizar ?" como sabotagem a seu governo. E ontem ele dobrou a aposta: disse que não vai ceder "a pressão nenhuma" em nome da "tal governabilidade", mesmo que isso lhe custe o cargo. "É isso que querem? Um presidente vaselina para agradar todo mundo? Não vai (sic) ser eu. O que vai acontecer comigo? O povo que decida, pô, o Parlamento decida, eu vou fazer minha parte. Eu não vou sucumbir", desafiou.

É nesse clima de antagonismo que o governo pretende encaminhar a reforma da Previdência e outras mudanças importantes para o País ?" e a desculpa bolsonarista para um eventual fracasso em qualquer dessas etapas cairá na conta daquilo que o presidente e seus seguidores chamam de "velha política".

Diante disso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse ontem que o Congresso vai "fazer a reforma da Previdência, com o governo ajudando ou atrapalhando". Seria melhor se, pelo menos, não atrapalhasse.
Herculano
17/05/2019 10:52
TERMôMETRO DO MERCADO NOS POLÍTICOS BRASILEIROS

Se o governo de Jair Messias Bolsonaro, PSL, está errante, pior mesmo, são os chantagistas do Congresso e que se renovou. São novos com prática velhas contra o país e os cidadãos que os paga muito com os pesados impostos que estão faltando para tudo.

O dólar sobe 1% e bate em 4,07 reais.

A bolsa abre abaixo dos 90 mil pontos.
Herculano
17/05/2019 10:45
EM BUSCA DO CENTRO, por Merval Pereira, no jornal O Globo

O ronco das ruas, que já serviu para alavancar a candidatura de Bolsonaro, se voltou contra ele quarta-feira de forma expressiva

Duas declarações fundamentais para a política brasileira vieram ontem dos Estados Unidos, demonstração vigorosa de que o globalismo que os olavetes criticam é uma fenômeno irrecusável. Aliás, a própria participação dele na politica nacional é uma afirmação disso.

Ao afirmar, do Texas, que manterá a nova postura no relacionamento com os demais poderes da República, por exigência da maioria da população, o presidente Bolsonaro escalou mais um degrau no seu embate com o Congresso. O que ele está querendo explicitar é que o Congresso só age na base do toma-lá-dá-cá.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, se contrapondo em declaração em Nova York, durante reunião com investidores, garantiu que o Congresso fará a reforma da Previdência "com ou sem governo", abrindo caminho para uma ação parlamentar autônoma, descolada do Palácio do Planalto.
Maia se mostra disposto a assumir um papel crucial nesse momento, o de um líder de centro liberal fiador dos compromissos de reformas, que passariam a questões de Estado.

Ele sabe que se o Congresso não aprovar uma reforma que permita o inicio de uma retomada econômica, vai ser acusado por Bolsonaro de estar agindo na base do fisiologismo, que não aprovaram a reforma por não ter dado os cargos que pediram. Sairá dessa crise como uma vítima da velha política.

O ronco das ruas, que já serviu para alavancar a candidatura de Bolsonaro por falta de opção, na quarta-feira se voltou contra ele de maneira expressiva. O enfrentamento rasteiro escolhido pelo governo para responder às pessoas que, aos milhares, protestaram em todas as capitais e em mais de cem cidades pelo país, demonstra uma avaliação equivocada do que está acontecendo.

Bolsonaro quer fazer crer que apenas os "idiotas inúteis" esquerdistas estavam nas ruas. É mais provável, porém, que estivessem nelas boa parte dos eleitores que escolheram Bolsonaro para se livrar do PT. Se os petistas e apoiadores da esquerda tivessem essa capacidade de mobilização, teriam saído às ruas para defender o "Lula livre", ou a candidatura de Haddad.

Quem foi para as ruas quarta-feira demonstrou o descontentamento com o governo disfuncional de Bolsonaro, que se perde em picuinhas ideológicas e esquece os verdadeiros problemas do país, sendo a educação o maior deles.

Se é verdade que a performance dos nossos alunos nos exames internacionais como o Pisa tiveram uma queda assustadora nos anos petistas, indicando que o PT deu mais importância às medidas paliativas do que à qualidade, também não se vê nos primeiros passos do governo Bolsonaro nada que indique um projeto educacional promissor.

Os radicais estarão com Bolsonaro independentemente de qualquer novo gesto, mas ele já vem perdendo o apoio dos eleitores de centro, que temiam a volta do PT. Em uma campanha sem radicalismo, Bolsonaro disputaria com Cabo Daciolo a rabeira da eleição.

Os adversários que podem fazer frente a ele de verdade, como o governador de São Paulo, Joao Dória, o próprio Rodrigo Maia, especialmente se juntos em um novo partido de centro-direita que unisse o PSDB ao DEM, ainda estão perdidos, entre apoiá-lo, atrás dos cliques da internet, ou abrir novos caminhos.

Bolsonaro precisa de um PT forte, com discurso radicalizado, para construir o seu projeto de poder. Só com a esquerda forte se manterá como a opção dos não radicais de direita ou de centro. Por isso vive falando sobre "a volta do PT".
Bolsonaro está em seu ambiente quando se digladia com o PT. Assim como na campanha o centro foi esmagado pelo radicalismo, também hoje não há uma liderança de centro, vigorosa, respeitada, que apresente uma saída fora dessa radicalização.

O país é de centro, circunstancialmente a radicalização politica está dominando o debate. Lula só chegou à presidência porque se aproximou do centro, e assim governou durante seu primeiro mandato. Fernando Henrique levou o PSDB para o centro, chamou o PFL para governar.

A característica do centro é a moderação, mas os extremos continuam em combate, o ambiente político pede radicalização. O que agrada a ambos os lados. Há um espaço politico importante a ser ocupado por uma liderança de centro que galvanize as ideias sensatas, um centro liberal, democrático.
Herculano
17/05/2019 10:43
CARLUXO E OLAVO: A ARTE DE FAZER LAMBANÇA E DEPOIS SAIR PELA TANGENTE, por Rodrigo Constantino, no site Gazeta do Paraná, Curitiba

As duas maiores influências ideológicas do governo Bolsonaro são, sem dúvida, Carlos, o filho do presidente, e Olavo de Carvalho, seu guru. Um controla a militância virtual raivosa, pronta para xingar qualquer um que ouse discordar uma vírgula da seita, e o outro prepara a narrativa por trás dos ataques, lançando o osso para os chacais babões.

Os dois, juntos, conseguiram criar a maior balbúrdia, para usar termo da moda. Atacaram todos aqueles em torno do presidente, inclusive gente de sua confiança, como o vice-presidente Mourão, o ministro Santos Cruz e outros. Criaram também um clima permanente de guerra com a imprensa em geral e até com vários formadores de opinião da direita.

A estratégia evidente de ambos é a cizânia, o confronto, o combate. Dividir para conquistar. Destruir antes de construir, até porque nunca souberam construir nada. Falar em alunos prontos para a defesa da alta cultura após cursos de Olavo chega a ser uma piada: os bons alunos logo se mandaram ao perceber a farsa, permanecendo apenas bajuladores que se apagam diante da sombra do mestre. Xingar tudo e todos não pode ser jamais confundido com defesa da alta cultura.

Pois bem: com essa postura destrutiva, agressiva, os dois tumultuaram o governo, geraram desconfiança generalizada com suas paranóias, espalharam teses conspiratórias e se colocaram como os únicos reais defensores de Bolsonaro e do Brasil. E conseguiram, assim, afastar várias pessoas sérias do governo, jogar para a oposição muitos liberais e conservadores, e despertar a fúria dos militares dentro do governo.

Não obstante toda essa confusão causada pelos dois, eis que agora ambos resolveram "lavar as mãos" e se afastar da lambança que deixaram para trás. As áreas que mais geraram confusão para o governo Bolsonaro foram justamente aquelas que Olavo de Carvalho exerceu maior influência, indicando ministros. Mas deve ser só uma coincidência, claro. E o "filósofo" disse, numa entrevista, que vai agora se afastar da política, parar de fazer comentários, não vai mais se meter nesses assuntos. Será?

Enquanto isso, Carluxo postou esse comentário:

Lembro que não faço parte do governo e não pleiteio poder. Como qualquer um, apenas demonstro minhas opiniões e liberdade de expressão, mesmo que muitos tentem misturar as coisas propositalmente. O Presidente é o Presidente e eu sou apenas seu filho e não um influenciador.

Tirando o corpo fora agora?! Mas quem escreve na conta oficial do presidente, afinal? Michele Prado comentou:
"Fritando ministro publicamente, aliados, fazendo da conta do Presidente da República o seu playground, criando conflitos desnecessários, mas aí quando dá merda diz que não foi você quem fez. Tá parecendo esquerdistas que não assumem as responsabilidades pelos próprios atos".

Julio Severo também comentou: "O super-ministro invisível que não admite publicamente que tem mais poder do que todos os outros ministros, porque tem o privilégio incomparável de pegar carona no status presidencial do pai".

Mas como Olavo e Carluxo criaram seitas em torno deles, muitos continuam defendendo suas condutas não importa o que aconteça. Enzo Martins fez uma boa análise do modus operandi do "filósofo":

Olavo não está fazendo nada de novo. Ele só escolheu alvos mais importantes agora, mas já dava pra ver sua podridão moral quando ele detonava seguidores e ex-alunos por qualquer crítica que fizessem contra ele. Ele sempre induziu um comportamento de seita entre seus alunos, inibindo qualquer tipo de crítica e incentivando linchamentos virtuais.

É normal que um membro da seita demore a perceber a monstruosidade do sujeito, afinal ele sempre tenta se fazer de vítima. Mas na 1392137a vez que ele arruma uma treta com algum "inimigo interno" da direita, deveriam começar a desconfiar que talvez o problema seja ele.

A real é: até mesmo quando fiéis seguidores do Olavo fazem pequenas críticas ao comportamento dele, ele reage desproporcionalmente humilhando a pessoa, inventando apelidos, xingando, etc. Alguns topam engolir sapo e voltam a ser aceitos na seita. Os que não aceitam vender a alma, viram "persona non grata", e aí passam a ser atacados frequentemente pelo proprio Olavo e pelos demais membros da seita. Eu já vi esse processo acontecer incontáveis vezes.

Outra tática conhecida do guru dos Bolsonaro é a dialética marxista. Ele "nunca erra", está "sempre com a razão", pois defende pontos contraditórios simultaneamente. Dá uma no cravo e outra na ferradura. Aprendeu isso no marxismo e na astrologia de horóscopo. É assim que se coloca como a principal causa da vitória de Bolsonaro, ao mesmo tempo em que se torna o maior crítico do governo. Se der certo é mérito seu, se fracassar, ele avisou. No meu dicionário isso se chama picaretagem.

Janaina Paschoal, que pediu ao presidente para parar de escutar seus filhos e seu guru, já chamou certos bolsonaristas de petistas com sinal trocado. E é isso mesmo. Os olavetes adotam métodos muito parecidos, partem para o assassinato de reputação, tentam intimidar, espalham discórdia e brigas, e depois ainda bancam as vítimas.

Em suma, os dois foram os maiores responsáveis por espalhar o caos, plantando vento para colher tempestade, e bolsonaristas ainda chamam seus críticos de "corneteiros do fracasso", como se alertar para o perigo dessa postura fosse desejar o pior. É o contrário! Esses críticos estavam vendo justamente a coisa degringolando por conta dessa mentalidade tribal de guerra. A quem interessa o caos? Alexandre Borges tocou nesse ponto:


Carluxo e Olavo prejudicaram muito o governo de Bolsonaro ao impedir qualquer união em prol de uma agenda comum. E agora se afastam de forma estratégica e covarde, como se não tivessem nada com isso. Bom, se o presidente realmente se afastar deles e mudar de postura, ainda há tempo para salvar seu governo. Mas alguém acredita mesmo que os dois vão sumir ou que o presidente vai ignora-los?
Herculano
17/05/2019 10:41
IMPEACHMENT DE BOLSONARO ENTRA NO RADAR, por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S.Paulo

Assistimos a um filme previsível, com roteiro desconjuntado e bufões da pior espécie

Se o presidente Jair Bolsonaro continuar a ouvir apenas a horda de malucos que o cerca, não conclui o seu mandato. Já cometeu, e deixei isto claro há algum tempo nesta coluna, uma penca de crimes de responsabilidade. Aliás, ele falou nesta quinta (16) a palavra "impeachment" pela primeira vez.

Falta que o ambiente político degenere o suficiente para que perca o apoio de ao menos um terço da Câmara. Os dois terços do Senado viriam por gravidade. Observem que falo em conclusão do "mandato", não do "governo". Este ainda não começou. Nem vai.

Aquele que ocupa a cadeira de presidente da República nunca soube por que queria o mandato. Ou por outra: não tinha uma prefiguração afirmativa de razões para comandar o país. O cargo lhe serve apenas para se vingar de seus inimigos ideológicos ou do fiscal do Ibama que um dia o multou.

É raso e mesquinho, no sentido original dessa palavra. A mistura de ignorância com poder é sempre perigosa porque torna as pessoas arrogantes e destrutivas. Uma imagem: o sujeito chega diante de um quadro de Picasso e diz: "Isso eu também faço".

A estupidez não reconhece competências, história, técnica, saber acumulado. Lembrando tirada do jornalista H. L. Mencken, tornada já quase um clichê, figuras com essas características têm sempre na ponta da língua uma resposta simples e errada para problemas difíceis.

Converso com muita gente que está surpresa com a ruindade do governo. Quem acompanha o que escrevo nesta Folha e em meu blog ou o que falo em meu programa de rádio sabe que estou assistindo a um filme previsível -e daqueles ruins, com roteiro desconjuntado, tiradas momescas e bufões da pior espécie.

Se muitos recorreram a seu pretenso liberalismo para votar em Bolsonaro em nome do mal menor, afastei de mim esse cálice. O conjunto das minhas convicções liberais sempre me blindou de tipos como esse. Há muitos anos, escrevi em minha página, no auge dos embates com o petismo, que "nem tudo o que não é PT me serve".

Ora, não há como ser "mal menor" uma personagem que não entende os fundamentos da democracia e que demonstra, desde sempre, a clara intenção de recorrer às licenças civilizatórias que o regime oferece para solapar as suas bases. Não! Ele nunca me serviu! Nem em nome do antipetismo.

Ademais, convenham, e disto também já tratei aqui antes ainda de ele ser eleito: quem o escolheu queria consagrar aquelas boçalidades que dizia. Havia outros meios de ser antipetista: Henrique Meirelles, Geraldo Alckmin, até João Amoêdo, que exercita, assim, um bolsonarismo mais light - sem o trabuco na mão ao menos.

Bolsonaro serviu como uma espécie de prova dos noves para testar convicções realmente liberais. Havia muitos que disfarçavam a condição de reacionários delirantes vestindo esse uniforme. Nesse particular sentido, ele serviu para tirar muita gente do armário.

Meu senso moral impediu-me de escolher, ainda que como instrumento de uma luta contra um suposto mal maior, aquele que fez, por exemplo, a apologia do estupro e da tortura sob o pretexto de exercer as garantias previstas no artigo 53 da Constituição. Eis o exemplo escancarado do uso de uma prerrogativa da democracia para agredir seus fundamentos.

Sim, chegou a hora de fazer esse debate no Brasil. E vem com atraso. Há muito estamos confundindo um modo de escolher governos - por meio de eleições - com a democracia, que, com efeito, vive uma crise mundo afora. Esta é mais do que o sufrágio, por mais livre que seja.

Esse regime também compreende um conjunto de valores. Se uma maioria se estabelece para sufocar liberdades e para discriminar e silenciar minorias, receba um outro nome qualquer. Democracia nunca! Ou teríamos de conferir o diploma de heróis da liberdade a Erdogan, a Putin e aos aiatolás do Irã.

Volto lá ao começo. Não estou me oferecendo para ser o conselheiro de Bolsonaro em lugar de Olavo de Carvalho. Estou a fazer um registro. Por estupidez política, a reforma da Previdência, que até há um mês poderia servir de correia de transmissão para um segundo mandato, agora vai atuar, ainda que necessária, para corroer o que resta de popularidade ao governo.

O Planalto, por intermédio dos seus incendiários, acordou as muitas e justas insatisfações de brasileiros das mais diversas extrações. O próprio Bolsonaro, seus filhos, Carvalho, este espantoso Abraham Weintraub... Essa gente toda é, para esse governo, o que o esquerdista Movimento Passe Livre foi para o governo Dilma. Tentando animar seus fanáticos, deu unidade ao coro dos contrários.

Lembro-me de um post que escrevi no dia 10 de março de 2015. A então presidente Dilma falava "impeachment" pela primeira vez.
Herculano
17/05/2019 10:31
BLINDAR A REFORMA DA DISPUTA ELEITORAL, por Míriam Leitão, no jornal O Globo

Relator da reforma da Previdência diz que tem fortes divergências com o bolsonarismo, mas que o projeto é do país e precisa ser aprovado

O relator da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), acha que a reforma da Previdência pode ser aprovada, apesar dos erros do governo Bolsonaro. Ele defende a tese de que agora a reforma pertence aos deputados, e não mais ao executivo, que "tem dado caneladas" que atrapalham as negociações. Moreira diz que ele e o seu partido têm fortes divergências com o bolsonarismo, "que estimula um retrocesso do nosso estágio civilizatório", mas lembra que o PSDB apoiou todas as tentativas de reforma, do governo Fernando Henrique ao governo Temer.

Moreira aceitou a relatoria de um projeto impopular, mas diz que não teme os efeitos colaterais que isso possa ter nas próximas eleições. Temo diagnóstico de que a crise fiscal és e vera, com seis anos seguidos de déficit primário, e que sema contenção do rombo da Previdência - maior do que o orçamento do estado de São Paulo, diz - não será possível recolocar as contas públicas em ordem.

- Estamos procurando blindara reforma, nos despir das questões eleitorais. É uma Casa política? É a realidade. Mas é uma agenda nacional, absolutamente prioritária. O país está quebrado, vocês estão acompanhando o esforço do governo para poder aprovar um crédito suplementar. Eu confio demais nos deputados, Rodrigo Maia está comprometido coma proposta, acho que o Congresso tem que entregar essa reforma à sociedade - afirmou.

A grande questão é saber como a reforma vai andar na Casa, se o próprio presidente não busca o diálogo e a sua base tem imposto derrotas aos projetos do governo. Moreira reconhece que isso tem atrapalhado e não deixa de apontar as discordâncias que ele próprio tem com várias pautas do bolsonarismo.

?"O governo realmente tem dado caneladas desnecessárias. E nós temos divergências com o governo em uma série de coisas. Eu tenho preocupação com nosso estágio civilizatório, que já não é dos melhores. E o governo estimula o retrocesso do nosso estágio civilizatório porque ele arma as pessoas. Ele ataca a cultura. Ele ataca as minorias, é um governo dificílimo, que tem diferenças conosco grandes - reconheceu.

O relator indica que o BPC pode ficar opcional e defende a aposentadoria rural: - A nossa posição é fazer a reforma com diálogo com a sociedade e se preocupando com os que mais precisam. Estamos falando do BPC e da rural, que é um salário mínimo, são os mais pobres. Na rural, pega muito o Nordeste. Veja o Piauí, 70% de toda a aposentadoria é rural, em São Paulo é 4%.

Se o governo for derrotado nesses dois pontos, a reforma não será desidratada, segundo ele, porque as mudanças propostas não teriam grande impacto fiscal. Ele acha importante conseguir manter uma economia de pelo menos R$ 1 trilhão em 10 anos para que as contas públicas possam ser equilibradas.

Pelo seu cronograma, Samuel Moreira pretende apresentar o voto na primeira semana de junho, no mais tardar na segunda, para que o projeto seja votado na Comissão Especial. O objetivo é que o texto esteja pronto para ir a plenário antes do recesso, que acontece na segunda quinzena de julho:

- A meta é votar na Câmara antes do recesso. Mas veja, é uma meta, pode ser atingida ou não, dependendo da dinâmica da política. Eu vou fazer esforço, mas os líderes são importantes, têm que ser respeitados, valorizados, ouvidos, precisamos da ajuda deles, é uma construção. Por isso que governar não é só ter boas ideias, tem que fazer levá-las a efeito.

Perguntei se não era perda de tempo falar tanto no sistema de capitalização, se isso só será discutido posteriormente, em um outro projeto de lei. Moreira respondeu que a discussão não ajuda nem atrapalha, e explicou que a Constituição estabelece o modelo de repartição. Por isso, o governo só poderá debater esse assunto se antes houver essa possibilidade, por meio de uma PEC.

Se vai dar certo esse esforço de blindar a reforma contra os problemas criados pelo próprio governo é o que se verá. Mas ele diz que esse é o caminho:

- Se não, vamos afundar. O Brasil está com 13 milhões de desempregados. O que é isso? Onde nós vamos parar? Faltam investimentos, credibilidade. A Câmara precisa ter uma agenda com a aderência da sociedade.
Herculano
17/05/2019 10:28
JÁ ESGOTAMOS NOSSA MARGEM DE ERROS, por Pedro Luiz Passos, empresário, conselheiro da Natura, no jornal Folha de S. Paulo

Os vaivéns do governo reduzem as opções para a retomada do crescimento

Depois de dois anos em queda livre e um biênio estagnada, a economia se aproxima perigosamente da fronteira de uma nova recessão, como sinalizam as estimativas cadentes para o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) de 2019 e o indicador do Banco Central divulgado dias atrás, que apontou um recuo de 0,68% no primeiro trimestre do ano em relação aos três meses anteriores.

Quanto mais tempo ficarmos nesse limbo, maiores serão os danos econômico e social e mais custoso será o caminho de volta.

Como um carro parado há muito tempo, a bateria descarrega, os pneus esvaziam, e colocá-lo em movimento exige um trabalhão.

É esse o risco que corremos.

A economia se arrasta e, depois de quase cinco meses do governoBolsonaro, poucas medidas efetivas foram tomadas para reverter o quadro de atividade desfibrada, aprofundando o ambiente de paralisiaque se instalou em 2014 e perdura até hoje.

Os instrumentos convencionais para dar algum tipo de alento à atividade econômica se esgotaram rapidamente, reduzindo o leque de alternativas para induzir um novo ciclo de prosperidade. O desemprego é a sequela do desalento.

Não há como esperar por ações diretas do setor público para reanimar a economia, a exemplo do que ocorreu em passado recente, com resultados desastrosos.

Com as próprias projeções oficiais indicando déficit primário (que não inclui juros) por dez anos seguidos até 2023, não se pode alimentar a perspectiva de estímulos ou receitas extras vindas de nenhuma das instâncias administrativas do país.

A reforma da Previdência, cuja urgência avança numa razão inversa à lentidão com que tramita no Congresso, não vai gerar recursos no curto prazo ?"a economia prevista de até R$ 1,2 trilhão em uma década, como quer o governo, crescerá cumulativamente a partir de 2021.

Da mesma forma, as concessões de infraestrutura anunciadas recentemente só começarão a abastecer o caixa público no ano que vem, se tudo correr mais ou menos até lá.

Resta contar com a restauração do ímpeto empreendedor da iniciativa privada. Mas, em razão do longo inverno da economia, ela talvez não garanta, por si só, o impulso necessário aos investimentos. Mesmo assim, e falo como empresário, não se deve esmorecer.

A melhoria nas expectativas depende de muito mais. O conjunto de medidas que compõem a agenda do governo deve vir a público de forma a entusiasmar a sociedade com o objetivo de construirmos um país que atenda aos anseios da população e se mostre promissor aos investimentos privados.

A coesão em torno da esperança de dias melhores não será construída com caneladas e restrições nem com cortes lineares na educação, desprezo pelo ambiente e interdição do debate ao que é fundamental para nossos filhos e netos.

Tudo considerado, o veredito é claro: não podemos mais errar.

É necessário parar com o vaivém de anúncios e desmentidos que marcam os pronunciamentos do presidente, sobretudo em assuntos econômicos, campo no qual parece não comungar com a visão que norteia a equipe do ministro Paulo Guedes. Incomoda também o cacoete do Executivo de querer governar de costas para os outros Poderes.

Esse estilo fere pelo menos três dos principais pilares sobre os quais se apoiam a estabilidade da economia e o seu desenvolvimento: segurança jurídica, previsibilidade e determinação.

A construção desse cenário positivo requer lideranças engajadas e com capacidade de mobilização em torno de um projeto factível de prosperidade para o país. Pode parecer óbvio, mas a verdade é que a instabilidade dos últimos meses tem sinalizado justamente o contrário.
Herculano
17/05/2019 10:25
DELAÇÃO QUE CITA MAIA É FRACA, DIZEM CRIMINALISTAS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), terá de administrar o inevitável desgaste político decorrente da citação ao seu nome na delação de Henrique Constantino, um dos chefões da GOL, mas não há o que temer do ponto de vista penal, segundo importantes criminalistas, advogados de outros personagens, que tiveram acesso à íntegra dos depoimentos. "O que há é muito fraco", disse um deles.

DOAÇÃO ELEITORAL
No capítulo Rodrigo Maia, Henrique Constantino relatou à força-tarefa da Lava Jato uma suposta doação a campanha eleitoral.

BENEFÍCIO FINANCEIRO
O trecho da delação sobre Maia fala em "benefício financeiro" recebido da Associação Brasileira de Empresas Aéreas, mas não cita valores.

PROPINA ANTECIPADA
O MPF tem interpretado doações como corrupção ou antecipação de propina, mas a tese é controversa nos tribunais.

CASO A CASO
O Supremo Tribunal Federal analisa caso a caso, mas em alguns casos doações eleitorais têm sido consideradas propina antecipada.

DEPUTADO DO NOVO INVESTIGADO POR AUXÍLIO-MORADIA
O Conselho de Ética do partido Novo investigará o deputado federal Alexis Fonteyne (SP) por uso indevido de auxílio-moradia, contra o que dispõe o Programa para Um Novo Brasil. Além disso, ele não assinou o termo de compromisso, conforme determina o Comitê 2018. No referido documento, o candidato se "abstém da utilização do auxílio-moradia". O requerimento foi apresentado pelo advogado Rafael Dimitrie Boskovic.

MAU EXEMPLO
Dos oito deputados eleitos pelo Novo, Alexis Fonteyne é o único que recebe auxílio-moradia, o que tem incomodado seus correligionários.

CONDUTA SUSPEITA
O documento pede investigação ainda do diretório estadual do Novo em São Paulo, e do seu presidente, Fernando Meira.

'NÃO É PRIVILÉGIO'
Alexis se explica: "Sei distinguir muito bem entre um privilégio e um benefício e por isto nunca fiz campanha contra o auxílio-moradia".

LUCRO ERRADO
O lucro de R$11,1 bilhões do BNDES no primeiro trimestre é quase o dobro dos R$6,7 bilhões de todo o ano de 2018. Não se deve à melhoria da eficiência, mas à venda de participações societárias.

OLHA QUEM ERA
Faixas de "Lula livre" e "não à reforma da Previdência", nos protestos pela Educação, quarta (15), mostram exatamente os "militantes idiotas úteis" aos quais o presidente Jair Bolsonaro se referiu.

TAPIOCA CUSTA CARO
Do jeito que atacou os "cortes", na Câmara, o ex-ministro Orlando Silva (SP) parece não perceber que o País quebrou em razão de atitudes como a dele, que usou dinheiro público até para pagar tapioca.

DINHEIRO VOLTARÁ
O vice Hamilton Mourão prevê a reforma da Previdência para "final de julho, início de agosto". Para ele, após a reforma, os "recursos vão voltar inclusive para universidades e outros setores do governo".

RECESSO NO MEIO
O ministro Paulo Guedes (Economia) revelou a jornalistas em Dallas que os presidentes da Câmara e do Senado têm a intenção de aprovar a reforma da Previdência em dois meses. O problema é o recesso.

FÚRIA NO PLENÁRIO
Maria do Rosário (PT-RS) saiu bufando do plenário da Câmara, após o deputado Marcos Pereira (PRB-SP) travar o bullying contra o ministro Abraham Weintraub (Educação). Pensou que ainda era governo...

PERDERAM VALIDADE
Duas medidas provisórias do governo Temer perderam validade. Uma autoriza doações de R$15 milhões a órgãos das Nações Unidas e outra, essencial, que criava a região metropolitana de Brasília.

ELEIÇõES E FAKE NEWS
O Tribunal Superior Eleitoral realiza até esta sexta (17) um seminário internacional sobre fake news e eleições. Com apoio da União Europeia, o evento terá painéis com representantes do Twitter e OEA.

PENSANDO BEM...
...poderia um idiota ser útil de alguma maneira?
Miguel José Teixeira
17/05/2019 10:05
Senhores,

Era uma vez. . .

"A fórmula de governar por redes sociais ainda vai dar em H2O.
Eduardo Pereira ?" Jardim Botânico

Compreendo muito bem quando o presidente esbraveja: "Idiotas úteis". Votei nele.
José Augusto Pereira ?" Guará II


Pensamento do dia: "Quem com arma fere, com livros será vencido!".
Rodrigo Leitão ?" Sobradinho


No Brasil, o Bolsonaro vai receber o troféu "Persona non grata" do Ano...!"
Vital Ramos de Vasconcelos Júnior?"Jardim Botânico"

(frases extraídas do CB, hoje, em "Desabafo)

Concluímos:

. . .e assim começou o mensalão na era PeTralha!
Herculano
17/05/2019 09:58
TRÊS PERGUNTAS PARA A NAÇÃO, por Luiz Felipe D´Ávila, no jornal O Estado de S. Paulo

O Brasil só vai enfrentar seus reais problemas se formos capazes de lhes dar resposta afirmativa

É possível recolocar o País no caminho do crescimento econômico com um presidente da República que tem uma vocação insuperável para criar problemas para si e para seu governo? Sim, é possível. A retomada do crescimento, da renda e do emprego depende da aprovação das reformas previdenciária, tributária e política. Se estivermos realmente dispostos a abrir mão das benesses do Estado patrimonialista, o Congresso Nacional vai aprovar as reformas. A classe política não é suicida. Quando o clamor das ruas é uníssono, ela se alinha ao desejo dos cidadãos. Mas neste momento ainda não temos votos suficientes para aprovar a reforma da Previdência no Congresso.

As resistências no Parlamento refletem a divisão no seio da sociedade. Existem os defensores da agenda reformista, os opositores e o "Centrão" ?" o bloco poderoso que defende as reformas em público, mas luta nos bastidores para manter privilégios e benesses de segmentos específicos.

A vitória das reformas depende fundamentalmente de nós, brasileiros, respondermos a três questões cruciais.

1) Você está disposto a abrir mão dos seus benefícios estatais?

Não é só a elite do funcionalismo público que desfruta privilégios e pensões concedidos pelo Estado. Quase todos os brasileiros gozam de benefícios públicos. O governo gasta anualmente R$ 400 bilhões em subsídios, isenções fiscais e benefícios que são distribuídos a empresários, agricultores, estudantes, artistas, ambientalistas, filantrópicos, pequenos e médios empreendedores, caminhoneiros, sindicatos, associações de classe e entidades do terceiro setor. Somos uma sociedade viciada em benefício estatal.

Se quisermos mudar o Brasil, retomar o crescimento econômico e criar empregos, vamos ter de mudar de atitude e de comportamento. A desintoxicação da dependência das benesses do Estado exigirá sacrifício de toda a sociedade. Será preciso cortar benefícios, incentivos, desonerações fiscais e subsídios para eliminar barreiras, ineficiências e reserva de mercado, que atrofiaram nossa capacidade de empreender, competir e produzir sem dependermos do Estado. A política reflete os valores e aspirações da sociedade. Nossos comportamento e atitude são incompatíveis com as reformas de que o Brasil precisa. Temos de abandonar o discurso hipócrita de criticar os benefícios concedidos aos outros e defender as benesses que recebemos do Estado.

2) Você está disposto a abrir mão de certas crenças tribais para aprovarmos as reformas?

No mundo da polarização política, a opinião pessoal triunfa sobre os fatos e o interesse individual, sobre o bem comum. Um dos grandes problemas de construir o entendimento político em torno das reformas reside na leitura enviesada dos nossos reais problemas. O nosso viés pessoal influencia de tal forma o cérebro que obliteramos dados e evidências que parecem absurdos e fora de contexto quando eles conflitam com a nossa visão da realidade. Daí a dificuldade de compreender as demandas, os temores e os desejos dos que pensam diferente de nós. Repare a irracionalidade da conversa política entre amigos. Começa com uma afirmação categórica de que políticos são ladrões e termina exigindo que pratiquem atos heroicos ?" como votar propostas que podem arruinar suas chances de se reelegerem. Esperam que os políticos façam sacrifícios altruístas ?" porque as reformas são importantes para o País ?", mas se esquivam de discutir qualquer renúncia de "direitos" e benesses que lhes são caros. Com essa atitude, o campo do diálogo torna-se estreito e as alternativas limitadas.

Restam o embate, o confronto e a polarização, que só contribuem para minar as reformas e produzir mudanças superficiais, que nada alteram os incentivos perversos do sistema político. Assim, perpetuam-se os problemas e defeitos que condenam o Brasil ao círculo vicioso de baixo crescimento econômico e descrédito das instituições políticas.

3) Você está disposto a arregaçar as mangas e lutar pelas reformas?

É interessante notar a transformação de pessoas que abandonam a conversa de botequim e decidem se engajar na mobilização em torno das reformas. O movimento Apoie a Reforma (www.apoieareforma.com) é uma iniciativa alentadora da sociedade civil para mobilizar as pessoas em torno do esforço coletivo para debater e aprovar a reforma da Previdência. A participação de conversas com políticos, empresários, jovens e gente do terceiro setor em torno do debate de propostas, do entendimento dos reais desafios e da busca de alternativas concretas, produz resultados extraordinários: o surgimento de um entendimento comum do problema após a discussão exaustiva dos custos e benefícios das alternativas; o reconhecimento mútuo de virtudes e de diferenças legítimas, que precisam ser respeitadas para se construir uma proposta politicamente viável; e, por fim, a defesa convicta de uma proposta de cuja construção todos se sentem corresponsáveis. Assim, reformas que pareciam impossíveis de ser aprovadas ?" como foi o caso da reforma trabalhista e poderá vir a ser o caso da reforma da Previdência ?" são votadas no Congresso.

As reformas políticas tornam-se viáveis quando temos coragem de discutir o problema sem minimizar os desafios das mudanças. Elas se transformam em votos quando temos consciência dos valores que precisamos preservar e das crenças e atitudes que temos de mudar para progredir e nos adaptarmos a uma nova realidade. O Brasil só vai enfrentar os seus reais problemas políticos, econômicos e sociais se formos capazes de dar uma resposta afirmativa e inequívoca a essas três perguntas. Chegou a hora de traduzir belas palavras em atos concretos que demandarão escolhas duras, decisões difíceis e medidas impopulares. Esse é o preço da transição do País que somos para o Brasil que queremos deixar para os nossos filhos.
Herculano
17/05/2019 09:53
REAÇÃO DE BOLSONARO PROVA QUE CASO QUEIROZ VOLTA A PERTURBAR GOVERNO, por Beruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente ataca investigação que poderá sangrar o Planalto por um bom tempo

A quebra do sigilo bancário de Flávio Bolsonaro e de outras 85 pessoas perturbou o Palácio do Planalto. "Nossa Senhora, hein? É uma Lava Jato aí", rebateu o presidente nesta quinta-feira (16), em Dallas. "Vai fundo, tá ok? O objetivo é querer me atingir", provocou.

A reação do governo ao avanço das investigações sobre o gabinete do filho mais velho do clã Bolsonaro revela a dimensão dos danos que o inquérito pode provocar. O presidente, que buscava se descolar do caso, assumiu uma defesa pública de Flávio, enfrentou o Ministério Público e acusou promotores de ilegalidades.

Jair quer resguardar o filho no momento em que os investigadores apontam de maneira cada vez mais incisiva para um esquema de desvio de salários. O inquérito sugere que o ex-assessor Fabrício Queiroz comandava o recolhimento do dinheiro, mas os promotores dizem que ele não era o chefe daquele arranjo.

Ao tentar proteger o filho, o presidente acaba trazendo a investigação para seu colo. "Querem me atingir, venham para cima de mim. Querem quebrar o meu sigilo? Eu abro o meu sigilo, não vão me pegar", desafiou.

A extensão das apurações do Ministério Público indica que o inquérito tem potencial para sangrar o governo por um bom tempo e pode respingar no presidente. Entre os funcionários de Flávio que tiveram o sigilo quebrado, estão assessores que também trabalharam para Jair.

A família fez campanha com o discurso altivo da moralidade, mas agora ataca os investigadores. "Estão fazendo um esculacho em cima do meu filho", queixou-se o presidente. É difícil ignorar, porém, as 19 transações imobiliárias de Flávio e as explicações contraditórias de Queiroz sobre sua movimentação financeira.

Enquanto não surgem respostas convincentes, os promotores tentam fazer uma pesca de arrastão. O inquérito lançou uma rede sobre os dados bancários de dezenas de pessoas nos últimos 11 anos. A medida, considerada excessiva, mostra que os investigadores estão dispostos a capturar peixes graúdos.
Miguel José Teixeira
17/05/2019 08:48
Senhores,

"Nem lá em Pequim se vê tanta altivez."

A nota sobre o Prefeito Blumenauense, remeteu-me ao Renato Teixeira:

"Amanheceu, peguei a viola botei na sacola e fui viajar
Em Porto Alegre um tal de coronel,
pediu que eu musicasse um verso que ele fez.
Para uma china, que pela poesia,
Nem lá em Pequim se vê tanta altivez."

Sucesso ao Prefeito!

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