Em defesa do patrimônio e da segurança do cidadão, vereador quer que a prefeitura de Gaspar publique no site oficial do município as vistorias em pontes, viadutos e passarelas - Jornal Cruzeiro do Vale

Em defesa do patrimônio e da segurança do cidadão, vereador quer que a prefeitura de Gaspar publique no site oficial do município as vistorias em pontes, viadutos e passarelas

09/05/2019

Estamos evoluindo I

O vereador Rui Carlos Deschamps, PT, teve uma iniciativa que o governo de Pedro Celso Zuchi, ao qual ele pertenceu como comissionado, já rejeitou na prática. Rui é autor do Projeto de Lei 24/2019. Se passar nas comissões, for aprovado no plenário e sancionado pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, vai obrigar a prefeitura disponibilizar no seu site na internet, as vistorias realizadas em equipamentos urbanos como pontes, passarelas e viadutos. Ganha a transparência da gestão pública e a segurança dos cidadãos. É algo mínimo e importante. Contudo, quando se vê diante das prioridades, a manutenção preventiva dessas construções é relegada a último plano pelos administradores públicos. Só se mexem quando as estruturas delas estão quase colapsadas, viram escândalos ou dores de cabeça para o gestor e à população, como demonstram os exemplos aqui, Blumenau, Florianópolis, São Paulo...

Estamos evoluindo II

A contragosto, Zuchi fez a manutenção da então nossa única ponte sobre o Rio Itajaí Açú e na ligação com a Margem Esquerda e a BR 470, a Hercílio Deecke, sob vara na decisão da então juíza que atuou por aqui, Ana Paula Amaro da Silveira. Zuchi e o PT a esconjuraram por isso. Tudo porque, o Ministério Público depois de descobrir um laudo da Defesa Civil do próprio Zuchi - e que se escondia -, e afirmava estar a ponte sob o risco de desabar, denunciou e pediu à interdição da velha ponte se não fosse feita imediatamente a reforma dela. A recuperação aconteceu depois de muito embate jurídico, desgastes e bafafá. A juíza por sua decisão movida por indicadores técnicos foi marcada pelo poder de plantão – somada as que tomou na área da Infância e Adolescência contra a prefeitura -, e sempre provocada pelo MP. Se o PL de Rui estivesse valendo naquela época será que teria sido publicado no site que a anciã Hercílio Deecke estava mal de quase tudo? Hum!

Estamos evoluindo III

O PL de Rui é uma evolução da cidade, da consciência dos legisladores, dos cidadãos e de uma nova realidade de respeito aos pesados impostos e à segurança de cada um. Os gestores públicos precisam entender e se enquadrar aos avanços dessa consciência. O custo da prevenção e da transparência é menor do que a reparação. A proposta do vereador Rui é de que a prefeitura publique o relatório técnico semestralmente, de forma facilitada aos navegadores do seu site oficial. O que vamos descobrir com esta ideia do vereador? Temo que há grande chance dela ser abortada no Executivo e por várias alegações. Tudo para fugir à transparência que a obrigará eleger prioridades que não as eleitoreiras. O município terá que implantar uma vistoria sistematizada sobre pontes, viadutos e passarelas. O gestor público e o agente político preferem anunciar, começar e até fazer obras novas. E por que? Supostamente gera “notícias positivas”, dá “discursos”, placas com o nome deles e votos. Desprezam as que já servem à comunidade e estão se desgastando com o tempo de uso. Acorda, Gaspar!

O Stammtisch organizado pelo Cruzeiro do Vale provou que é um dos principais acontecimentos social e popular de Gaspar. Na foto, eu com empresário Mário Jorge de Souza (Pacopedra) que foi o chef da Paella Valenciana que ele faz há 13 edições na barraca do Cruzeiro. Acompanham-nos Alfredo e Jaime dos Santos, e Gilson Reinert

TRAPICHE

Outra boa iniciativa veio com o Projeto de Lei assinado por Cícero Geovane Amaro, PSD, Franciele Daiane Back, PSDB, e Mariluci Deschamps Rosa, PT. Ele impede à nomeação na prefeitura, autarquias e órgãos de Gaspar de comissionados que tenham sido condenados em última instância, sem possibilidade de qualquer recurso na Lei Maria da Penha.

Primeiro, político sério nem nomearia gente com esse crime nas costas. Segundo, se tivesse cometido o crime no exercício da função, deveria ser expurgado. Terceiro, os políticos se protegem e estão mais preocupados de que tudo se abafe entre eles, na imprensa... Quarto: aplicar a lei municipal só o último recurso é algo para se esperar de dez a 20 anos. Os políticos então, estão blindados mais uma vez.

Não é normal. Pela primeira vez nos últimos tempos, a Câmara resolveu, temporariamente, não dar um cheque em branco nas manobras contábeis da prefeitura nos tais projetos de lei para “anular e suplementar saldos de dotações orçamentárias e criar crédito especial no orçamento vigente da administração direta”.

O breque foi dado pelo relator do PL 22/2019, Rui Carlos Deschamps, PT, e que vai mexer na expressiva quantia de R$ 8.324.542,10 no Orçamento envolvendo a secretaria de Educação, a da Fazenda e Gestão Administrativa, a de Desenvolvimento, Renta e Turismo, a de Planejamento Territorial e a secretaria de Obras e Serviços Urbanos.

Rui pediu a descaracterização do regime de urgência. E por que? Pediu informações sobre o assunto ao prefeito Kleber Edson Wan Dall, e nada. Vendo o circo pegar fogo, o líder do MDB, Francisco Hostins Júnior, conversou nos bastidores e oralmente requereu adiar o requerimento do Rui até a sessão do dia 21. Deu Certo.

O mesmo aconteceu com outro pedido de descaracterização de urgência, pedida em matéria que está sendo relatada por Dionísio Luiz Bertoldi, PT. Ele também está esperando explicações de Kleber sobre a remuneração de Médico Regulador. Mas, esse pedido de suspender a votação dos requerimentos não devia ser feito pelo líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB?

Em tese, sim. Todavia, devido aos confrontos que Anhaia lidera contra os oposicionistas na Câmara, corria-se o sério risco de que no voto, o pedido do governo não fosse atendido.

Ilhota em chamas I. Não tem jeito. É uma atrás da outra. E quando eu, por falta de espaço, e diante de tantos acontecimentos em Gaspar deixo Ilhota de Érico de Oliveira, MDB, ao “Deus Dará”, quem paga é o povo com a falta de transparência.

Ilhota em chamas II. Um servidor faz normalmente 200 horas. Em abril ele fez 597h. Sabendo-se que o mês tem 720 horas, ele folgou 123, ou seja, apenas 4 horas por dia. Uma “máquina” de trabalhar. O seu salário base bruto pulou de R$1.439,83 para R$7.269,15. 

Ilhota em chamas III. E ele não é o único. Outro saiu de R$2.942,08 para R$10.319.19 com as horas extras. Um graúdo saiu de R$6.985,13 para R$12.573,05 e assim vai. Falta é Ministério Público para desvendar esses “mistérios”.

 

Edição: 1900

Comentários

Herculano
13/05/2019 09:05
HOJE É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA

Daqui a pouco.
Herculano
12/05/2019 09:54
O EXEMPLO DO GENERAL, por Marcos Lisboa, economista, presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005)

O que parece importar para Villas Bôas

Noite. Depois de deitado na cama, não há nada a fazer. Não há como se levantar e passear pela casa ou mesmo mover os braços para ler um livro.

Na imensidão da noite, resta apenas recontar o passado. A doença inviabiliza os músculos, porém não o cérebro. Pode-se pensar, mas não coçar o nariz.

Existem muitas variações da doença. A mais conhecida tem o nome de um jogador de beisebol, Lou Gehrig.

Famoso pela vitalidade, foi apelidado de "cavalo de ferro" e admirado pela sua técnica e tenacidade. Participou de 2.130 jogos consecutivos, façanha que apenas foi batida em 1995, 56 anos depois. Seus muitos recordes tornaram-no celebridade. Apesar disso, despediu-se da vida nomeando uma síndrome devastadora.

Em 1939, aos 35 anos, Gehrig pediu para ficar no banco de reservas. A força nos braços e nas pernas se esvaia. Ele foi diagnosticado comesclerose lateral amiotrófica (ELA) e o prognóstico era de morte em três anos.

Em sua despedida no estádio de basebol, Gehrig foi aclamado por uma multidão: "Nas últimas duas semanas, vocês têm lido sobre o golpe do azar que recebi. No entanto, hoje me considero o homem mais sortudo do mundo".

No discurso, ele agradece às pessoas com quem tivera a sorte de conviver, e elas eram muitas. Gehrig morreu dois anos depois. Ele tinha 37 anos.

Tony Judt escreveu um livro monumental sobre a Segunda Guerra Mundial e a Europa da segunda metade do século 20. São muitos os dados surpreendentes. A Alemanha de Hitler, por exemplo, precisou de menos de 2.000 servidores para administrar a França ocupada. A resistência de verdade ao nazismo ocorreu na Europa do leste.

Há pouco mais de dez anos, Judt descobriu que sofria da mesma doença que afligiu Lou Gehrig. O historiador, devastado pela doença, ignorou a revolta. Preferiu passar suas noites longas resgatando memórias para ditá-las na manhã seguinte.

Seus artigos foram publicados na New York Review of Books. Foi lá que me surpreendi com o perturbador e comovente "Noite", que veio a ser o primeiro capítulo do seu último livro, "Chalé da Memória".

Conheci o general Villas Bôas já em meio a sua longa noite. A máscara de oxigênio dificulta-lhe a fala, mas não os argumentos. O homem gentil e curioso queria ouvir sobre a economia e os nossos desafios. Encontrei-o mais tarde em seminários de dia inteiro em que se discutiam temas de política pública, como educação.

Impressionou-me assistir ao ex-comandante do Exército atento aos temas técnicos e querendo conversar com quem pensa diferente. A sua força não está nos braços e nas pernas. Está na compaixão. Está na compaixão. O enfrentamento dos problemas que afligem a maioria, em meio a intrigas bizarras da corte, parece ser o que importa para o general durante a sua longa noite.
Herculano
12/05/2019 08:54
A CONTA DE BOLSONARO ESTÁ CHEGANDO, por Ascânio Seleme, no jornal O Globo

O governo está desarticulado e vai acabar perdendo mais do que seus antecessores na relação com o Congresso

Por simples teimosia , falta de visão e articulação política, o presidente Jair Bolsonaro apanha no Congresso Nacional como se estivesse em fim de mandato. Logo na largada demitiu aquele que melhor dialogava com a casa, o ex-ministro Gustavo Bebianno, atendendo a futricas do filho Carlos. Depois, demorou a recuar da sua decisão de não fazer concessões em torno de projetos que queria aprovar. E agora, não consegue sequer que parlamentares alinhados se entendam e aprendam a lidar com a política. E a votar a favor de suas propostas.

O que se viu na votação da comissão especial do Congresso que analisa a reforma administrativa foi um típico ajuste de contas, bem conhecido do Congresso, e sempre articulado pelos partidos de centro que buscam incessantemente espaços no poder para usar como trampolins políticos que os mantenham em cena. Analisando mais de perto os pontos aprovados e rejeitados pela comissão, dá para se entender como foi cuidadoso o trabalho fisiológico dos deputados do centrão com o apoio do PT.

1 - Tirar o Coaf do Ministério da Justiça e o devolver para o Ministério da Economia amputa uma dos braços do ministro Sergio Moro. Sem o Coaf, que controla todas as atividades financeiras do país, o xerife da corrupção perde a visão geral que teria automaticamente sobre a movimentação de fundos de pessoas, empresas, políticos ou partidos suspeitos. Quem ganha são a banda podre da política e o crime organizado (milícia, tráfico, contrabando etc). Foi o Coaf que identificou as movimentações vultosas de Fabrício Queiroz e, num passado mais remoto mas ainda vivo na memória nacional, escancarou o mensalão do PT.

2- A devolução da Funai da Agricultura para a Justiça, decidida pela mesma comissão, só tem um sentido: empilhar mais problemas na mesa de Moro. Não que a atribuição da questão indígena seja da Agricultura, não é. Mas, neste momento, o que parece ter movido 15 dos 24 deputados que votaram foi a vontade de atrapalhar, de tirar o foco do ministro que assumiu para si a tarefa de varrer a corrupção da vida pública.

3 - Foi tirada do Ministério da Economia e entregue ao Ministério da Ciência e Tecnologia a competência de formular a política do desenvolvimento industrial brasileiro. O que significa isso? Significa tirar de quem tem a missão de zelar pelo orçamento, enxugando gastos e cortando verbas desnecessárias, o poder de criar incentivos fiscais para setores industriais. Ou seja, num outro ministério fica mais fácil convencer alguém a abrir mão de receita, a conceder benefícios, a desembolsar dinheiro público, em última análise.

4 - Foram mantidos pela comissão os dois ministérios novos propostos pelo governo, o da Integração Nacional e o das Cidades. Claro, haverá mais cargos de ministros, secretários adjuntos, chefes de gabinetes e assessores, muitos assessores para serem ocupados. Além de descentralizar a alocação de verbas.

5 - O jabuti colocado em cima da frondosa árvore da reforma administrativa foi aprovado. Com ele, os auditores da receita são proibidos de investigar crimes que não tenham natureza fiscal. O auditor nada poderá fazer se identificar, por exemplo, um súbito e absurdo enriquecimento de um contribuinte qualquer, mesmo que desconheça a sua origem, se o imposto devido tiver sido recolhido. Com a decisão, indícios de corrupção e lavagem de dinheiro não poderão mais ser compartilhados pela Receita com o Ministério Público sem ordem judicial. Por quê? Quem ganha com isso? Desnecessário responder.

O governo está desarticulado e vai acabar, ao contrário do sonho de Bolsonaro, perdendo mais do que seus antecessores na relação com o Congresso. É de tal grandeza a bateção de cabeça da base no plenário, que o deputado Diego Garcia (Podemos - PR) conseguiu, numa questão de ordem, impedir a votação da proposta aprovada pela comissão. Votação que poderia inclusive derrubar o jabuti e as outras mudanças incluídas na proposta. A MP foi para o fim da fila e nenhum líder governista reagiu ou defendeu o deputado Rodrigo Maia que estabelecera a inversão da pauta, mas recuou ao ser chamado de desleal pelo deputado do Podemos. E o deputado apoia o governo Bolsonaro. Pode?

GOVERNO CIVIL

Como na guerra entre Olavo de Carvalho e os generais o presidente vem mostrando que prefere o guru aos seus outrora estimados milicos, já-já podemos voltar a ter um governo formado só por civis. O problema será o perfil dos civis que vierem a substituir os militares que saírem por não aguentar mais tanta aporrinhação. Serão do tipo Paulo Guedes, Osmar Terra e Sergio Moro ou da espécie de Damares Alves, Ernesto Araújo e Abraham Weintraub?

ARMA NO TRAVESSEIRO

Os que conhecem Bolsonaro na intimidade não se surpreenderam com o ponto do decreto de posse e porte de arma que permite menor de idade requentar clubes de tiro na companhia de um dos pais. Ele ensinou seus filhos a usar armas bem antes da maioridade dos meninos, quando era ilegal. Quem não o conhece bem tampouco deveria se surpreender com a medida, bastava puxar pela memória e lembrar da imagem do então candidato ensinando uma menina de menos de cinco anos a fazer com a mão o formato de um revólver, que virou símbolo da sua campanha. Sua fixação por armas é tão grande que ele dorme com um revólver na mesinha de cabeceira. Todas as noites. Mesmo no Palácio do Alvorada, um dos dois prédios mais vigiados e seguros do Brasil.

MILAGRE DE BOLSONARO

Nem o PSDB de São Paulo acreditou. Com a proposta de transferir o GP de F1 para o Rio, o presidente Bolsonaro conseguiu colocar novamente debaixo do mesmo guarda-chuva o governador João Doria e o prefeito Bruno Covas. Ambos contra o ele, obviamente.

IMUNIDADE X IMPUNIDADE

A decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir que Assembleias Legislativas revoguem ordens de prisão de deputados estaduais criminosos transforma em impunidade o preceito constitucional da imunidade. Por vezes, algumas decisões do STF parecem desenhadas para desacreditar a Corte. No caso, foi necessário o presidente Dias Toffoli mudar seu voto, na quarta-feira, para que se pudesse efetivamente disparar mais um tiro no pé. Mas nada como um dia depois do outro, ou um tiro depois do outro. Na quinta, o STF julgou legal o indulto de Natal que o ex-presidente Michel Temer tentou conceder no ano passado e que reduz para um quinto a pena dos que cometeram crimes de lavagem de dinheiro, corrupção passiva, formação de quadrilha e outros que alcançam toda a turma da Lava-Jato. Com o indulto autorizado pelos senhores ministros, muita gente vai voltar mais cedo para casa.

ENTREOUVIDO POR AÍ

Conversa entre duas senhoras no Metrô do Rio.

A - Você viu como mandam esses filhos do Bolsonaro?

B - Se vi. Tem um que acha que é o presidente.

A - Sim. Aquele mais gordinho e mais careca.

B - Isso, o que tem cara de bolacha.

CAFÉ QUENTE

A turma mais chegada sabe que o ex-presidente Lula adora tomar café expresso bem quente. Sirva a ele um café frio e depois aguente as consequências. Quando ocupava o trono, quero dizer, a principal cadeira do Palácio do Planalto, o pessoal de apoio levava uma máquina de expresso em todas as viagens presidenciais. Foram compradas três máquinas italianas, grandes e profissionais, de modo que numa viagem com escalas sempre houvesse um café bem quente em todas as paradas. A equipe precursora levava as máquinas para poder instalá-las de maneira a estarem em ponto de ebulição na chegada de Lula. Houve viagens com quatro escalas, sobretudo em anos eleitorais. Nesses casos, a primeira máquina depois de cumprir sua missão embarcava em voo especial para a última parada de Lula.

LEGISLANDO COM IRA

A deputada estadual Rosane Félix (PSD) caiu de patinete no Rio, quebrou três dentes da frente e resolveu fazer uma lei regulamentando seu uso. Quer tornar obrigatório o uso do capacete na condução do veículo. Quem vai pagar pelos capacetes serão as empresas que exploram as patinetes. E como mantê-las nos equipamentos sem risco de roubo? A proposta, se aprovada, vai acabar inviabilizando o negócio. Um retrocesso na busca de alternativas ao consumo de combustível fóssil. Mas dá para entender a ira da deputada, dona de um dos sorrisos mais bonitos da casa.

DOS SILLAS

Numa entrevista concedida esta semana em Caracas, Juan Guaidó sentou-se em duas cadeiras de plástico, uma encaixada sobre a outra. Talvez o autoproclamado presidente da Venezuela quisesse parecer mais alto do que é, ou ficar num plano mais alto que os demais ocupantes da mesa.

AGENDA DA DIVERSIDADE

Vai acontecer, entre 19 e 23 de junho na Paróquia da Santíssima Trindade de São Paulo, o 1º Congresso de Igrejas e Comunidades LGBTI+. A paróquia pertence à Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, pioneira na celebração de casamentos de pessoas do mesmo gênero, que realiza desde junho do ano passado.

É BIRRA?

Parece a você também ou é equívoco meu? Mas o presidente da Câmara não tem feito muito beicinho ultimamente?
Herculano
12/05/2019 08:52
PATOLOGIA, DA IDEOLOGIA, por Dora Kramer, na revista Veja

Se não reage, Bolsonaro incorpora insultos à equipe que escolheu

Foge à compreensão das mentes normais a razão de o presidente do Brasil assistir de maneira complacente à enxurrada de insultos dirigidos a figuras da República, entre as quais o vice-presidente e alguns ministros, por aquele antagonista residente na Virgínia, cujo nome passo a me abster de pronunciar por considerá-lo a materialidade gráfica do baixo calão. O assunto aqui não é ele. É o presidente. Mais que tolerante, Jair Bolsonaro é submisso e até reverente ao autor das ofensas que em última análise lhe são dirigidas, pois atingem profissionais que escolheu porque achou capazes de ajudá-lo a governar o país. Nesse aspecto, não faz diferença se civis ou militares.

Bolsonaro alega que é "dono do próprio nariz" para justificar sua indulgência e afirmar que cada um age como quer no controle da própria vida. Pois se existe alguém impedido de dizer e fazer impunemente o que lhe dá na telha é exatamente o chefe da nação. É o mais comprometido dos brasileiros com o dever de dar satisfação, de medir consequências de seus atos, palavras e até omissões, de atuar no estrito limite da ordem constitucional. Ocupa o cargo por delegação de quem passou a ter a propriedade do nariz presidencial desde a eleição.

E aqui se incluem todos os brasileiros. Os que votaram nele ou deixaram de votar movidos por convicção e os que o escolheram motivados pela rejeição ao adversário. Uma das hipóteses para que o presidente seja dócil ao tratamento hostil é que não queira dar aos cidadãos que compartilham não necessariamente do estilo mas das crenças do autor referido no início a impressão de que esteja cedendo a gente identificada com ideias opostas e aí dando uma demonstração de fragilidade ante o eleitorado de raiz.

É verdade que nas pesquisas Bolsonaro encontra ainda apoio significativo nesse segmento. Mas é verdade também, e até mais eloquente, que perde credibilidade entre os que optaram por ele achando que se livravam das amarras ideológicas do PT e agora deparam com atuações patológicas avalizadas pelo presidente, que, assim, consegue a façanha de ver boa parte do Brasil pensante aplaudir a presença de militares no governo, algo antes temido e tido como sinal de alerta para o risco de retrocesso.


Nada a ver com esquerda, com partidos de oposição. É questão de bom-senso, e Jair Bolsonaro se coloca do lado contrário de maneira arriscada para ele. Da grita em redes sociais, o repúdio ao clima de sarjeta transbordou para o Congresso, no qual crescem as manifestações de solidariedade aos ofendidos enquanto caminha com lentidão a reforma da Previdência. A sociedade reage e as instituições se posicionam. Logo chegará a vez de o Judiciário pronunciar-se a respeito.

Com isso, o presidente da República cava o isolamento e, paradoxalmente, se põe cada vez mais sob a tutela daqueles que são alvo dos ataques porque são eles que recebem o crescente respaldo da opinião pública. É de perguntar até quando isso vai durar se Bolsonaro não parar de falar em páginas viradas e não puser um ponto-final na balbúrdia em que se transformou o seu governo.
Herculano
12/05/2019 08:50
TSUNAMI, por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S. Paulo

Ao mirar o Meio Ambiente, Bolsonaro assusta e alimenta a oposição a ele na sociedade

Está cada vez mais claro que os alvos do presidente Jair Bolsonaro são ditados por ideologia, numa guerra santa contra "esquerdopatas", reais ou imaginários, em áreas estratégicas do País. De um lado, escancara a posse e o porte de armas. De outro, atira em universidades, pesquisas, área de Humanas, ambiente, ONGs e conselhos.

Ao reagir ao tal Olavo de Carvalho, o ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas disse que, "substituindo uma ideologia pela outra, (ele) não contribui para (...) a solução concreta dos problemas brasileiros". Perfeito. Nota mil.

Pois o presidente Bolsonaro governa como se não houvesse nada além de direita versus esquerda. Depois de tantos anos sujeito aos erros da esquerda, o Brasil está à mercê dos erros da direita.

Depois de partir para cima das universidades, onde jovens continuam sendo jovens, aqui e em toda a parte, o governo desloca suas metralhadoras, fuzis, revólveres e todos os cartuchos contra o Meio Ambiente, uma das áreas do Brasil com maior prestígio no mundo, pela biodiversidade invejável, pelo rigor das leis, pela credibilidade de especialistas e técnicos.

Desde a campanha, Bolsonaro já demonstra, no mínimo, um desconhecimento e um desdém pela preservação e a sustentabilidade. Seu chanceler, Ernesto Araujo, foi além ao falar ironicamente em "ambientalismo", que seria uma militância a serviço das esquerdas internacionais, junto com Direitos Humanos, por exemplo, para destruir os valores cristãos do Ocidente.

Depois, Bolsonaro pensou até em extinguir o ministério. Desistiu, mas escolhendo um ministro praticamente alheio à problemática ambiental, o advogado e administrador Ricardo Salles. E, ao assumir a Presidência, passou a usar o cargo para uma revanche.

Em janeiro, o Ibama anulou a multa aplicada ao cidadão Jair Bolsonaro por pescar na Estação Ecológica de Tamoios, em Angra dos Reis (RJ), o que é proibido por lei. Em março, o fiscal que cumpriu a lei foi exonerado. Na semana passada, a retaliação foi ampliada para a própria Estação de Tamoios, quando o agora presidente, numa "visão progressista", disse que ela "não preserva nada" e defendeu transformá-la na "Cancún brasileira", trazendo bilhões de reais para o turismo.

Essas investidas combinam à perfeição com todos os passos do Ministério do Meio Ambiente, que pretende, por exemplo, liberar leilões de exploração de petróleo no Parque Nacional de Abrolhos (BA), um santuário ecológico admirado em todo o mundo.

Além de trocar especialistas e técnicos do Ibama e do Instituto Chico Mendes por militares, o ministro também anuncia, como vem noticiando o Estado, que vai promover uma revisão geral das 334 áreas de proteção ambiental do País e abrir a concessão de paraísos como os Lençóis Maranhenses (MA), a Chapada dos Guimarães (MT) e o Parque Nacional de Jericoacoara (CE) à iniciativa privada. Nada contra a iniciativa privada, mas é preciso saber exatamente como e com que objetivos esses tesouros nacionais serão usados.

Oito ex-ministros do Meio Ambiente, de diferentes partidos e tendências, estão estupefatos e preocupados. Eles defendem o diálogo e focam no governo, não em Salles. Acham que ele não sabe nada da agenda ambiental federal, estadual e internacional e "age como o ministro da agricultura, da exploração e da mineração na área ambiental".

Bolsonaro previu "um tsunami" nesta semana. Não se sabe o que será. O fato é que ele atrai a ira de professores, estudantes, artistas, ambientalistas, a área de direitos humanos e a comunidade internacional. Mas isso é política. O principal é que o meio ambiente não comporta arrependimento. Depois de destruir, é impossível recompor.
Herculano
12/05/2019 08:48
GREVE, O MIOLÃO DO CONGRESSO E TSUNAMI, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Protesto dos professores e derrotas na Câmara preocupam agentes do governo

Os professores fazem greve nacional contra a reforma da Previdência na quarta-feira, dia 15, com manifestações no centro das principais cidades do país. O protesto terá pelo menos o apoio de estudantes, incitados pelas declarações ferozes do ministro da Educação.

Também pelo meio da semana, o governo deve tomar uma traulitada do parlamentarismo de improviso da Câmara, cortesia das lideranças do miolão. Trata-se do ajuntamento de dois terços dos deputados, uns 340 personagens à procura de um autor, bloco majoritário e maior que o velho centrão, nem governista nem oposicionista.

Mais ou menos sob a liderança de Rodrigo Maia (DEM), presidente da Casa, o miolão pretende ser um governo-sombra ou paralelo, que imponha limites a Jair Bolsonaro e invente uma pauta própria de projetos para si e até para o país.

Protestos e traulitadas talvez sejam o "tsunami" de que o presidente da República falava na sexta-feira (10). Pelo menos era o que causava nervosismo no Gabinete de Segurança Institucional.

Em abril de 2017, houve uma greve que praticamente enterrou a já então estertorante reforma da Previdência de Michel Temer. O Joesley Day de maio foi pá de cal na morta.

Era uma "greve geral", no entanto. Além do mais, teve repercussão e adesão mais amplas do que o universo das centrais sindicais que convocaram o protesto e dos paredistas mais costumeiros (pessoal de transporte, servidores, bancários, petroleiros). Por exemplo, professores de escolas privadas aderiram; milhares de paróquias católicas faziam campanha contra a reforma. Para facilitar, o presidente era unanimidade nacional. Além da margem de erro, ninguém apoiava Temer.

Por enquanto, um terço dos eleitores acredita que Bolsonaro é bom ou ótimo. Por mais azedo que esteja o Congresso, não há projeto parlamentar organizado de enterrar a reforma previdenciária, ao contrário, apesar da baderna palerma do Planalto. A ideia é mais colocar uma corda no pescoço do governo do que decapitá-lo, ao menos por enquanto.

É possível que as lideranças do miolão arranquem mais um tanto do couro de Sergio Moro, votem uma lei de abuso de autoridade, aumentem o valor das emendas parlamentares ao Orçamento, limitem o poder presidencial de baixar medidas provisórias e aprovem outras "pautas próprias", como é o plano registrado desde março nestas colunas. Mas não querem afogar o governo no tsunami.

?"bvio, o miolão é um partido da ordem, situacionista quando se trata dos poderes do país, um ônibus em que, de um lado do corredor, viajam os interesses das castas burocráticas, e, de outro, o das elites econômicas privadas. No miolão cabe quase tudo, menos o PT e o PSL.

Sim, Bolsonaro deve apanhar bem nesta próxima semana. Há riscos, tanto que suas milícias virtuais também estão preocupadas e começam a difundir uma campanha contra o miolão do Congresso e o STF, além dos militares. Não há, porém, um movimento de cerco, que juntaria ruas e parlamentares.

Nem ainda há rua, nem os parlamentares estão nessa onda. A elite, o dinheiro grosso em particular, está um tanto desesperada em fazer com que "algo dê certo" (reforma da Previdência, trabalhista 2.0), que se evite uma recessão, que Bolsonaro valha parte do que custa.

Decerto, haverá pelo menos mais seis meses sem nenhum alívio econômico, clima seco propício para revoltas. O protesto do dia 15 talvez sirva para dar algum rumo à oposição, quando ela voltar de viagem.
Herculano
12/05/2019 08:45
"O FIM DAS DESONERAÇõES FISCAIS E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA, Mateus Adriano Túlio, coordenador da Consultoria Tributária no Marins Bertoldi Advogados, para o site Gazeta do Povo, Curitiba PR

Qualquer aumento de arrecadação será necessariamente repassado aos consumidores

Os rumores de que a equipe econômica pretende cortar até 2022 uma série de incentivos fiscais concedidos atualmente pelo governo federal ganharam destaque com a apresentação do Projeto de Lei do Congresso Nacional 05/19, que estabelece diretrizes para a execução da Lei Orçamentária de 2020, na qual consta plano de revisão dos benefícios tributários com previsão de redução anual equivalente a 0,5% do PIB até 2022.

É difícil precisar qual grupo de incentivos fiscais está na mira do ministro Paulo Guedes, bem como se a proposta do governo será a de redução ou revogação completa desses benefícios. De fato, existe uma série de desonerações tributárias desacompanhadas do devido controle estatal ou do acompanhamento de métricas que venham a demonstrar que estas vêm cumprindo com a função econômico-social para as quais foram criadas.

Não é de hoje que as questões tributárias têm representado retrocesso à economia brasileira. Propostas anteriores de reforma tributária já visavam a simplificação da forma de arrecadação de tributos no país, cuja discussão se arrasta desde o final de década de 1990, com uma ou outra mudança sendo apresentada, mas não implementada.

Um exemplo do custo tributário no Brasil está nos dados constantemente apresentados pelo Banco Mundial, no qual o Brasil aparece com incríveis 1.958 horas dispendidas em média para apuração e arrecadação de impostos, em contrapartida às também incríveis 12 horas dispendidas pelos contribuintes dos Emirados Árabes Unidos. Como números mais factíveis, podemos citar as 175 horas de países como Estados Unidos, as 311 horas de Argentina ou as 142 horas da China.

Tais custos gerados pela complexa legislação tributária correspondem a valores que se somam aos custos das empresas e não trazem nenhuma disponibilidade financeira aos cofres da União. Se esses valores pudessem ser convertidos em redução de custos operacionais das empresas, com eventual aumento proporcional de arrecadação, poderíamos caminhar rumo à justiça tributária. Contudo, essa realidade de simplificação da forma de arrecadação dos tributos no Brasil continua muito distante dos contribuintes.

Outro fator preponderante para compreensão da forma como encarar as desonerações decorrentes dos incentivos fiscais está no fato de que a carga tributária brasileira, comparada aos demais países da América Latina ou países emergentes, é considerada alta, próxima ao padrão de países ricos onde a população é amplamente atendida (com qualidade) pelo serviço público. Comparado aos 32,3% da carga tributária nacional, países como Argentina, Chile e Colômbia estão próximos à casa dos 20% (OECD Global Revenue Statistics Database 2017).

Existe ainda a possibilidade de que algumas atitudes eventualmente tomadas pelo governo sejam desastrosas no âmbito econômico, visto que o Brasil possui diversos concorrentes na atração de investimentos e empresas para seu território. A redução de incentivos fiscais em determinados setores da economia pode representar a saída de várias empresas multinacionais hoje instaladas aqui, bem como a migração de empresas nacionais para países vizinhos na América do Sul, como já acontece com o Paraguai.

Após longos períodos de recessão econômica, o novo governo tomar uma atitude condizente com o aumento na arrecadação poderá representar o corte de custos por meio, inclusive, de uma nova onda de demissões, ou, por outro lado, pelo aumento do preço de produtos que venham a ser impactados pelas mudanças. O certo é que com anos de margens de lucro apertadas ou negativas, qualquer aumento de arrecadação será necessariamente repassado aos consumidores.

Por fim, muitos dos incentivos fiscais atualmente oferecidos pelo governo federal estão associados ao atendimento de necessidades nas quais a iniciativa privada substitui o poder público. Dessa forma, eventual medida adotada pelo governo com a retirada dos incentivos aos entes privados, representará a "estatização" desses recursos e o governo não tem demonstrado habilidade no exercício da gestão da verba pública ou mesmo com sua transparência.
Herculano
12/05/2019 08:42
CRôNICA DA MORTE QUE FALHOU, por Carlos Brickmann

Não gosto de armas: balas aleijam e matam. Mas não entro na discussão sobre porte de armas na segurança pública. Na Suíça e em Israel, onde cada cidadão tem em casa armas poderosas, e no Japão, onde civis raramente podem ter qualquer tipo de arma, o índice de criminalidade é baixo.

Mas tenho duas histórias para contar, a respeito da liberação de armas para jornalistas: nas duas, se estivesse armado, não teria como sair vivo.

Uma ocorreu no Brasil, uma no Uruguai. No Brasil, por sorte de repórter, fui à casa onde tinha ficado prisioneiro o embaixador americano Charles Elbrick, sequestrado por militantes da luta armada. Cheguei instantes antes do fechamento da rua e entrei na casa. Cada serviço de informações (lá havia vários) achava que eu pertencia a outro. Eu achava que as notícias estavam liberadas, já que tudo o que perguntava me respondiam. A folhas tantas, liguei para o Jornal da Tarde, no Rio, e pedi um fotógrafo. Não havia ninguém disponível. Explodi: "Que cazzo de jornal que nem tem fotógrafo?"

Segundos depois, estava diante do cano de uma pistola. Um senhor de farda queria saber de que jornal se tratava - e, enfim, quem era eu? Ali mesmo me revistaram, apreenderam minhas anotações e meus documentos, me puseram entre dois soldados com metralhadoras. "Se tiver arma, é um deles". Não tinha armas, fui liberado e avisado de que não poderia publicar nada. Publiquei tudo, mudei de hotel. E, creio, esqueceram de mim.

EL COCHE DE LA POLICÍA

No Uruguai, os tupamaros enfrentavam o regime (a caminho de uma ditadura militar). Tinha contatos com os dois lados. Aluguei um Maverick, que seria lançado aqui (outra matéria!) Convidaram-me para uma reunião de tupamaros e segui para lá de Maverick. Fui bem recebido, até que alguém cochichou algo ao líder do grupo. Fui cercado por jovens armados que queriam saber por que eu guiava um Maverick - e como saberia que era o carro favorito da Polícia, como o Falcon na Argentina?

Instrução: "Viu demais. Se tiver arma, deem um jeito". Não tinha arma, meu contato teve tempo de garantir que eu era repórter mesmo. A falta de armas me salvou.

FICANDO FRACO

Quando Bolsonaro assumiu, seu Governo se apoiava em Moro e Guedes. Moro, pela reputação e popularidade; Guedes, por ser bem aceito pelo mercado. Guedes, com poucos tropeços, continua poderoso; Moro, com seguidas derrotas, a última das quais o bloqueio do Congresso à transferência da COAF (que segue as movimentações financeiras), para sua pasta, vem murchando. Já perdeu umas sete batalhas, e duas vezes na questão das armas. Não acha que, com a população armada, o crime se reduza. Não acha, mas aceitou. E já disse que seu sonho maior é ir para o Supremo. OK, Bolsonaro agora sabe que ele não reage quando contrariado. Sabe também qual a chave para mantê-lo tranquilo. Moro continua sendo mais bem-visto do que Guedes e o próprio Bolsonaro, mas era maior do Curitiba do que é em Brasília.

A GRANDE PERGUNTA

Moro e os procuradores da Lava Jato são encarados com desconfiança por parlamentares. ?"bvio: já ficou claro que não querem negociação e que, se desconfiarem de alguém, farão a denúncia escandalosa, com o alvo sendo preso para prestar depoimento. Qual possível vítima quer dar-lhes poder?

A VOZ DO ALTO

O deputado federal Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, o 03 e o 02, iniciaram campanha (pelo Twitter, sempre) para que a COAF fique com Moro. Mas chamou a atenção o desinteresse do presidente e do ministro Onyx Lorenzoni pelo destino da COAF. Seu silêncio ensurdeceu o plenário.

ANDANDO DE LADO

A pesquisa é do Ipespe, para a XP, que visa dar informações precisas a seus investidores. A popularidade do Governo caiu, mas dentro da margem de erro: os que o consideram ruim ou péssimo passaram de 26% para 31%, provavelmente com a adesão de pessoas que antes não tinham opinião. A porcentagem dos que acham o Governo bom ou ótimo se manteve estável.

SUBINDO

Quem cresceu na avaliação é o vice Hamilton Mourão, com 39% de ótimo e bom. Já 20% o consideram ruim ou péssimo. Como veem a contribuição de Mourão para o Governo? Ampla maioria, 82%, a avaliam como positiva ou neutra; e 20% consideram que a contribuição do vice é negativa.

PREVIDÊNCIA

Pela primeira vez, a pesquisa XP Ipespe perguntou aos entrevistados o que acham da reforma da Previdência proposta pelo Governo. Divisão quase meio a meio: 50% contra (dos quais 22% acreditam, porém, que algum tipo de reforma tenha de ser feito); 45% a favor (dos quais 21% discordam de partes do projeto). E 75% acham que o Congresso aprovará a reforma.
Herculano
12/05/2019 08:28
ENQUANTO O PAÍS DERRAPA, BOLSONARO CUIDA DE ARMAS, por Rolf Kuntz, no jornal O Estado de S. Paulo

Devotado a seu guru, o presidente se absteve de repelir a ofensa brutal ao general Villas Bôas

Nem o governo aposta mais num mísero e constrangedor crescimento econômico de 2% neste ano, e uma nova projeção oficial é esperada para os próximos dias. Mas a palavra "governo" é um tanto imprópria, nesse caso, porque seu significado inclui, normalmente, a Presidência da República. O presidente Jair Bolsonaro tem mostrado, de fato, menos preocupação com a economia do que com outros assuntos, provavelmente mais altos em sua escala de prioridades. Enquanto o pessoal do Ministério da Economia refazia as contas e o ministro Paulo Guedes batalhava no Congresso pela reforma da Previdência, o chefe de governo cuidava de um decreto sobre porte de armas. Estava cumprindo, segundo explicação de gente do Executivo, uma promessa de campanha. Faz sentido. O último balanço trimestral apontou apenas 13,4 milhões de desempregados, número muito menor que o dos beneficiários potenciais do decreto do bangue-bangue. Segundo cálculo do Instituto Sou da Paz, informou o Estado, cerca de 19 milhões de pessoas poderão ter acesso facilitado a armas ?" e a armas pesadas, anteriormente permitidas apenas a policiais e a membros das Forças Armadas. Alguém poderá, no entanto, propor uma comparação diferente.

Como ficaria a discussão se fôssemos além dos 13,4 milhões de desempregados e tomássemos como referência a população subutilizada, formada por 28,3 milhões de pessoas? Os desempregados, medidos segundo critério internacional, são apenas uma parcela desse conjunto. O contingente dos subutilizados supera o dos potenciais portadores de armas. Talvez pudesse merecer, portanto, maior atenção do presidente. Mas isso ocorreria somente se ele estivesse disposto a cuidar de um assunto mais complicado. Ele tem mostrado certa aversão a esse tipo de exercício, embora se tenha declarado capaz, há pouco tempo, de criticar a metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mas o presidente, é preciso reconhecer, vem cuidando da educação, apontada como prioritária por apoiadores e também por críticos do governo. Pelo decreto das armas, menores de 18 anos poderão exercitar-se em clubes de tiro sem autorização judicial. Bastará a permissão de um responsável legal. Com isso, o processo educacional ficará menos burocratizado, com vantagem para a formação de crianças e jovens.

A preocupação do presidente com a educação é visível, também, na seleção cuidadosa de ministros e secretários para a área. O atual, Abraham Weintraub, exibiu admirável modéstia, em depoimento no Senado, ao apontar seu currículo como superior à "média dos últimos 15 ministros". Essa média é um conceito um tanto obscuro, mas pode-se deixar de lado o detalhe. Vale a humildade: por que levar em conta só os "últimos 15 ministros"?

Ele também mostrou, como o chefe Bolsonaro, pouco apreço a pormenores insignificantes. Referiu-se a Kafta, quando talvez quisesse mencionar Kafka. Estaria com fome? Lembrou ter sido processado administrativamente na universidade onde trabalhou e comparou os condutores do processo a agentes da Gestapo.

Poderia ter lembrado o caráter esquerdista da Gestapo, organização a serviço do governo nazista. O nazismo, já disse o presidente Bolsonaro em visita a Israel, foi um movimento de esquerda, detalhe ignorado no Museu do Holocausto.

Fiel ao estilo de seu chefe, o ministro tem mostrado em várias ocasiões seu desprezo a ninharias. Qual a importância de escrever "insitaria", como num de seus tuítes, em vez de "incitaria"? Em outra ocasião, numa transmissão ao vivo com o presidente, confundiu 3,5 chocolates com 30, mas esse, de fato, é um tropeço muito menos importante do que as trapalhadas sobre os orçamentos das universidades.

Um corte de 30% foi apresentado inicialmente como punição a três instituições federais, por ele acusadas de balbúrdia. Em sua opinião, ministro tem de controlar festinhas e impedir gente pelada e drogas, além, é claro, de fiscalizar ideologicamente as aulas e as disciplinas. O corte, ou contingenciamento, acabou sendo generalizado e atingiu também universidades estaduais, pela suspensão de bolsas de pesquisa.

Enquanto isso, a economia se arrasta, o governo é acuado no Congresso, ninguém sabe como ficará o projeto de reforma da Previdência e o futuro permanece embaçado. No mercado, a mediana das projeções de crescimento econômico em 2019 já caiu para 1,49%. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) enfatiza, em comunicado, a dificuldade de tomar decisões num ambiente de muita incerteza. Até o BC?

Já se fala, no Ministério da Economia, em liberar mais dinheiro do Fundo de Garantia para estimular o consumo e os negócios. E o presidente? Continua dando mais atenção a seu guru Olavo de Carvalho que ao vice Hamilton Mourão e a vários ministros, incluído o da Economia. Quando o guru ofendeu o general Eduardo Villas Bôas com uma grosseria incomum, ministros e políticos de vários partidos condenaram a agressão e prestaram homenagem ao ofendido.

Sem dizer uma palavra contra o ofensor, o presidente o elogiou. "Olavo de Carvalho", escreveu Bolsonaro referindo-se à carreira do mestre, "rapidamente tornou-se um ícone, verdadeiro fã para muitos". Ícone ou fã? Como sempre, as palavras são tratadas com o desprezo adequado a coisas menores. Bolsonaro reserva sua atenção às coisas e pessoas de fato importantes, como Olavo de Carvalho, por ele condecorado com a Ordem de Rio Branco.

Mas o tuíte, com a homenagem ao guru e a desatenção ao general brutalmente ofendido, vale algumas perguntas. Seu aspecto mais notável será o linguístico? Será o político, pelo culto reiterado a um ícone boquirroto, conselheiro na nomeação de ministros, censor de outros e orientador do governo? Ou o mais importante, enfim, será a qualidade moral da posição de Bolsonaro em relação a ofensor e a ofendido?
Herculano
12/05/2019 08:11
BOLSONARO DEIXOU NA MÃO ALIADOS DE PRIMEIRA HORA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste domingo nos jornais brasileiros

Apesar da formação militar, o presidente Jair Bolsonaro ignora a máxima de que "as guerras vêm e vão, mas os soldados são eternos." "Soldados" na campanha vitoriosa de 2018, que também ajudaram no governo de transição, agora estão magoados com o capitão. Muitos nem sequer foram convidados para o governo e outros, aproveitados, acabaram dispensados por "neo-bolsonaristas". Na área de educação, inúmeros especialistas ligados à campanha foram depois "limados".

PRIMEIRO REJEITADO
Primeiro apoiador enxotado do convívio com Bolsonaro após a vitória, o ex-senador Magno Malta até hoje não sabe ao certo o que aconteceu.

PRIMEIRO RIFADO
O general Marco Aurélio Vieira, secretário nacional de Esportes, foi "rifado" do ministério do neo-bolsonarista Osmar Terra (Cidades).

PRIMEIRA AFASTADA
A primeira mulher militar a se engajar na campanha, coronel Márcia Amarillo, também foi alijada do projeto de Escolas Cívicas.

FIEL ESCUDEIRO FORA
Primeiro ministro demitido por Bolsonaro, Gustavo Bebianno foi vítima de embates com Carlos, o "Zero Dois", um dos filhos do presidente.

LOBBY FAZ BRASIL PRODUZIR ETANOL (PODRE) DE MILHO
O lobby que no governo Dilma obteve imposto zero para importação do etanol de milho, na tentativa de "matar" as usinas de açúcar e álcool do Nordeste, vendeu a ideia de que o produto é viável. Muito poluente e menos eficiente que o álcool de cana, o álcool à base de milho precisa de combustível fóssil para ser produzido. E a Conab (Cia Nacional de Abastecimento), garante que sua produção já é de 1,4 bilhão de litros.

ATITUDE ESTRANHA
Diretor de Conab, Guilherme Bastos abre guerra ao álcool de cana, limpo, para trombetear produção de etanol de milho, cara e ineficaz.

FAKE NEWS
Lobby e fake news como "o produto final é o mesmo", difundidas pelo diretor da Conab, levaram à queda de 2,4% na área plantada de cana.

ETANOL BOM
O 1º Levantamento da Cana, da Conab, prevê produção de 30,3 bilhões de litros de etanol de cana-de-açúcar na safra de 2019/2020.

PELA CULATRA
A assessoria não informou o presidente Jair Bolsonaro que o seu decreto facilitando o porte de armas para proprietários rurais, quem diria, garante o mesmo benefício para militantes do MST já assentados.

EM NOME DA CONCORRÊNCIA
O ministro Edson Fachin negou liminar às empresas tradicionais de transporte interestadual de passageiros contra a Buser, startup que funciona como o Uber, com aplicativo para viagens compartilhadas.

DINHEIRO NO LIXO
O "Previdenciômetro" da Confederação Nacional da Indústria diz que se a reforma da Previdência de Temer tivesse sido aprovada, o Brasil já haveria poupado R$10 bilhões. E R$ 18,85 bilhões até o fim do ano.

QUEM NÃO TEM VOTO
No próprio governo, não houve quem acreditasse na sinceridade do próprio líder, senador Fernando Bezerra (MDB-PE), quando ele disse que fez "todo esforço" para manter o Coaf no Ministério da Justiça.

PRIMEIRA LEITURA
O ministro Alexandre de Moraes receberá da Interpol, na Interforensics 2019, da Academia Brasileira de Ciências Forenses, a primeira cópia do Guia Internacional de Crimes Cibernéticos. A entrega será dia 24.

CORTE NA EDUCAÇÃO
No Ceará, o Ministério Público apura o impacto do corte no orçamento das universidades públicas. Curiosamente, os valores contingenciados são inferiores aos cortes do governo Dilma (PT), e ninguém reclamou.

SORRINDO À TOA
O deputado e vlogger Luís Miranda (DEM-DF) embarcou para Tóquio com a ministra Tereza Cristina (Agricultura). Não escondeu a felicidade por fazer parte da delegação. Até fez selfies e vídeos.

VELHOS AMIGOS
O secretário de Fazenda do Distrito Federal, André Clemente, não poupa elogios ao ex-secretário José Flávio. Amigos da época de Joaquim Roriz, eles tiveram em lados opostos nas eleições de 2018.

PENSANDO BEM...
...a Previdência está como casa velha: necessita de uma reforma e não apenas um tapa no visual.
Herculano
12/05/2019 08:03
MINISTRO FABRICA EM TEMPO RECORDE AMEAÇA DE GREVE NA EDUCAÇÃO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Weintraub escolheu a tática do confronto e adotou idioma da retaliação política

Ao ouvir os planos desvairados de Abraham Weintraub para as universidades, um político calejado perguntou se ele não temia greves e protestos. O ministro respondeu que conhecia o risco de paralisações, mas não deu bola e disse que estava preparado para enfrentá-las.

O governo Jair Bolsonaro serviu um coquetel inflamável a alunos e professores. O novo ministro da Educação adotou como idioma oficial um discurso de retaliação política, fez ameaças à autonomia das instituições e escolheu a tática do confronto para anunciar bloqueios no orçamento da área.

Weintraub transformou em propaganda ideológica aquilo que deveria ser um congelamento de despesas duro, mas relativamente comum. Ao contingenciar 30% da verba não obrigatória, o ministro disse que puniria universidades que promovessem "balbúrdia".

A pasta levou uma semana para corrigir o disparate. Primeiro, Weintraub estendeu o corte a todas as instituições. Depois, saiu a público com chocolatinhos e sua conhecida expressão de injustiçado para explicar que o congelamento representava só 3,4% do orçamento.

O ministro parece disposto a fermentar uma oposição entre o governo e os campi. Ele cortou bolsas de pesquisa, apresentou a intenção de interferir no financiamento de ciências humanas e indicou que não respeitará a tradição de nomear para reitorias os primeiros colocados das eleições internas das universidades.

Como resposta, professores ameaçam parar e estudantes planejam manifestações. Interessado no embate, o governo deve reagir com uma política de desocupação de prédios públicos e corte de salários.

A autoconfiança costuma trair governantes nessa área. FHC enfrentou duas greves de mais de cem dias ao ignorar reivindicações de professores e atropelar a escolha de reitores. Em 2012, Dilma Rousseff deu de ombros para uma paralisação parcial e corriqueira. O movimento se expandiu para 58 das 59 universidades federais e durou quatro meses.
Herculano
11/05/2019 08:19
ESTRATÉGICO PARA QUEM? por Ney Carvalho, escritor e historiados, no jornal O Globo

A estatização é um câncer que corrói o organismo econômico de um país. Provoca empreguismo, corrompe

Em abril de 1993, o Brasil engatinhava em seu processo de privatizações. Naquele mês a TV Globo divulgou entrevista de seu repórter Silio Boccanera com a primeira-ministra da Inglaterra, Margaret Thatcher. O jornalista perguntava: "A senhora não acha que pelo menos os setores estratégicos, como petróleo e telecomunicações, deveriam permanecer com o Estado?" E a entrevistada respondia: "O senhor conhece algo mais estratégico do que comida? No entanto, ninguém jamais pensou em estatizar a produção de alimentos."

Tendo assistido à entrevista, desde então me surpreendo quando qualquer atividade é classificada como estratégica por quem quer que seja. Na verdade, estratégico é tudo aquilo que, por qualquer pretexto nobre ou escuso, entidades e políticos pretendam manter ou colocar sob o guante e controle do Estado. E os resultados são por demais conhecidos: nomeações, propinas, ineficiência e corrupção.

Um ano antes, em março de 1992, já se discutia o tema da extinção do monopólio das telecomunicações e uma emenda em curso no Congresso propunha a desestatização da atividade. Naquele mês, o "Jornal do Clube de Engenharia" publicava artigo de um diretor da casa. A matéria louvava os militares que haviam estatizado o setor, defendia a manutenção das telecomunicações em mãos governamentais e seu fecho é significativo: "(...) nada pressupõe ou indica a necessidade de privatização do setor, já que não existem razões de interesse nacional que a justifiquem. (...) A pergunta que se faz é: com que real motivação o governo federal, tendo sob seu controle um setor estratégico, rentável e não poluente como o das telecomunicações, quer privatizá-lo, abdicando da exploração de seus serviços?".

Como sempre, em textos do tipo, encontra-se a catilinária do interesse nacional e da área estratégica, sem atentar para os desígnios de contribuintes e consumidores. Naquela época de monopólio estatal, a Telerj, prestadora de serviços telefônicos no Rio de Janeiro, vendia celulares por aproximadamente US$ 5 mil a unidade. E um aparelho fixo tinha que ser adquirido de intermediários por valores que, de acordo com a congestão em cada bairro, podiam chegar a US$ 10 mil.

Às vésperas da privatização das telecomunicações no governo FH, em 1998, o líder petista Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato à Presidência, concedeu uma entrevista sobre o tema. Em comparação grandiloquente equiparou a Telebras à Nasa e afirmou: "Os Estados Unidos não privatizariam a Nasa, porque é um instrumento de controle da Terra. O Brasil também não deveria abrir mão do controle de setor estratégico como o das telecomunicações."

Lula foi forçado a recorrer ao exemplo da Nasa, porque era impossível mencionar telefonia. Nos Estados Unidos nunca existiu uma estatal de telecomunicações, e o virtual monopólio privado da AT&T havia sido quebrado uma década antes. Naquele país, os ditos setores "estratégicos", como petróleo, energia elétrica, comunicações, bancos e mesmo indústria bélica etc. estão todos em mãos de companhias privadas, inexistindo empresas estatais. E esta é, sem dúvida, uma das razões fundamentais do imenso poderio americano. Mais ainda, a citação à Nasa era totalmente descabida. Pela simples razão de que aquela entidade americana não produz qualquer bem ou serviço, sendo uma simples agência coordenadora dos esforços das empresas privadas.

O petróleo é tido usualmente como a mais estratégica das commodities. No petrolão, descobrimos que a Petrobras era estratégica sim, mas para a quadrilha que a ocupou e saqueou. As telecomunicações foram privatizadas com os notórios efeitos benéficos que proporcionaram aos consumidores brasileiros. Hoje temos mais aparelhos celulares do que o número de habitantes do país. E não se ouve falar de escândalos de corrupção nas empresas que os exploram.

A estatização é um câncer que corrói o organismo econômico de um país. Provoca empreguismo, corrompe, degrada e induz a toda sorte de ineficiências. É fundamental privatizar tudo o que for possível, sobretudo os ditos "setores estratégicos".
Herculano
11/05/2019 08:18
Da série: espera-se que o desconhecimento do governo de Carlos Moisés da Silva, PSL, sobre quase tudo, não retire de Santa Catarina, a grande diferença que o estado possui entre os demais: o de área livre de febre aftosa sem vacinação e outras zoonoses

IMPACTO E LIÇõES DA PESTE SUÍNA NA CHINA, por Marcos Sawaya Jank, especialista em questões globais do agronegócio, trabalha em Singapura. É livre-docente em engenharia agronômica pela USP. Este artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo foi escrito em parceria com Rodrigo C A Lima, sócio-diretor da Agroicone e especialista em temas sanitários.

No longo prazo, o Brasil tende a ganhar, mas é preciso ter visão estratégica

A China, país que produz e consome mais da metade da carne suína mundial, vem sendo devastada por uma grave epidemia de peste suína africana. A situação é calamitosa:

1. Estima-se perda de 134 milhões de cabeças ?"sobre um total de 684 milhões?", gerando uma queda da ordem de 20% na produção de carne suína, que pode chegar a 35% se o pior cenário desenhado pelo Rabobank se concretizar.

O problema se agrava com o grande trânsito de animais dentro da China e com o Sudeste Asiático, além do fato de um quinto da produção doméstica vir da pequena produção de "fundo de quintal", com alta exposição ao vírus e controle sanitário precário.

2. Para o Brasil, o principal impacto negativo da peste suína se dará sobre as exportações de soja, produto que lidera a pauta exportadora brasileira e componente essencial da ração de suínos e aves em propriedades tecnificadas.

Estima-se uma queda de 5 milhões a 10 milhões de toneladas no nosso volume previsto de exportações para a China em 2019/20, um cenário que pode se agravar no ano que vem, ainda que terceiros países (Europa, principalmente) devem comprar mais do Brasil para poder ampliar as suas exportações de carnes para a China.

3. Vencida a crise, no longo prazo teremos ganhos importantes com a inevitável mudança do modelo de produção de carnes da China: maior controle sanitário, escala e profissionalização dos produtores com melhoria da genética, manejo e nutrição dos animais, o que favorecerá o consumo de farelo de soja.

4. Há também a possibilidade de a China se abrir mais para a importação de carnes, que hoje respondem por menos de 5% do seu consumo. Mas esse segmento não crescerá de forma automática, como alguns querem crer.

Ocorre que, ao contrário de commodities agrícolas como soja, algodão e celulose ?"para as quais o mercado encontra-se totalmente aberto para Brasil?", nas proteínas animais o acesso se dá por meio de um processo moroso e pouco transparente de habilitação de plantas industriais, caso a caso.

Apenas 62 unidades brasileiras estão hoje autorizadas a exportar para a China, um número extremamente reduzido, sendo que apenas 3 estão autorizadas a exportar carne suína.

No curto prazo, quem realmente ganhará mercado são frango e carne bovina, substitutos do suíno.

5. Atualmente, a China consome 84 kg de carnes por habitante/ano. A atual exportação de carnes do Brasil para China e Hong Kong equivale ao volume de 1 kg per capita/ano na China (1,4 milhão de toneladas). Com mais 1 kg/hab/ano, já estaríamos dobrando a exportação.

6. Uma última questão relevante é status sanitário brasileiro. Até aqui o Brasil escapou ileso das duas principais epidemias do mundo atual: gripe aviária e peste suína. Além da necessidade de reforçar todos os controles de defesa sanitária do país, o Brasil deveria pleitear a ampla aceitação de dois instrumentos fundamentais para garantir o acesso aos mercados, mesmo que parcial.

O primeiro é a "regionalização sanitária", que comporta, por exemplo, o nosso status de área livre de febre aftosa com vacinação.

O segundo é a "compartimentalização sanitária", que é o reconhecimento de sistemas integrados livres de doenças graças à adoção de práticas mais elevadas de biossegurança e rastreabilidade. O Brasil já possui "compartimentos" em que o controle da gripe aviária é extremamente elevado, que hoje servem de exemplo para o mundo.

Todos os pontos aqui apresentados estão ligados a "lições de casa" que precisam ser feitas neste momento: visão estratégica, melhor coordenação do setor privado, medidas suplementares de defesa sanitária e negociação qualificada com nossos parceiros no exterior.
Herculano
11/05/2019 07:38
AS MELHORES UNIVERSIDADES PÚBLICAS SÃO PARA POUCOS PRIVILEGIADOS E ENDINHEIRADOS. SEMPRE DEFENDI QUE PARTE DESSES ALUNOS DEVIAM PAGAR POR ESSE ACESSO PORQUE POSSUEM CONDIÇõES FINANCEIRAS. SUSTENTARIAM OS POBRES


Em medicina, na USP, é mais ou menos assim.

- 76% vêm de escola particular.
- 85% estão entre os 20% mais ricos.
- 91% vivem em imóvel próprio.
- 90% fizeram cursinho pré vestibular.
- 60% têm mais de dois carros em casa.

Fonte: Questionário Socioeconômico da USP.
Herculano
11/05/2019 07:34
AOS TRANCOS E BARRANCOS, O GOVERNO SE ORGANIZA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O governo Bolsonaro tem sofrido para fazer limonada das reuniões de comissões na Câmara. Apesar de vencer votações, perdia na "guerra da comunicação" das reuniões transmitidas pela TV. Desde a reunião na CCJ, desastrosa, a bancada governista aprendeu a lição e mudou: passou a ocupar assentos mais estratégicos no plenário, além de designar lideranças informais e coordenar falas através de mensagens.

LÍDERES INFORMAIS
Líderes informais do governo como Alexandre Frota (PSL-SP) ocupam espaços vazios e ainda atuam como "animadores de torcida".

BLITZ NA MADRUGADA
Seguindo a trilha da oposição tchutchuca, deputados do PSL passaram a garantir lugares melhores, nos debates, chegando às 4h da matina.

ESTRELA POUPADA
Na reunião da CCJ, Guedes foi provocado e até xingado. E respondeu. Agora são deputados governistas que respondem a provocações.

GRUPOS ONLINE
A bancada do PSL na Câmara e os especialistas em Previdência do governo têm agora grupos no Whatsapp para alinhar o discurso.

BRASKEM AFUNDA BAIRROS E ROUBA SOSSEGO DE 30 MIL
Sem temer pressões, o Serviço Geológico do Brasil, do Ministério de Minas e Energia, apontou objetivamente a Braskem, controlada pelo grupo Odebrecht, como causadora do afundamento de 40 centímetros de três bairros de Maceió, gerando rachaduras apavorantes e provocando o desabrigo de 30 mil pessoas. Isso ocorre após décadas de extração irresponsável de sal-gema sobre uma falha geológica reativada pelas perfurações, após milhões de anos adormecida.

POPULAÇÃO DESPROTEGIDA
O MP e a Defensoria não querem contar cadáveres, mas o presidente do TJ-AL, Tutmés Airan, prefere uma solução "boa para os dois lados".

OMISSÃO COVARDE
Autoridades se omitem, não apoiam a luta por indenização justa para as vítimas. A Braskem preferiu paralisar atividades nesta quinta (9).

PREFEITO ISOLADO
O prefeito de Maceió, Rui Palmeira, segue isolado entre os chefes do Executivo das três esferas de governo, na batalha contra a Braskem.

DEBATE DE UMA NOTA Só
A "frente em defesa da Previdência", na verdade frente de defesa de privilégios de castas do setor público, promove "debate", terça (14), onde será proibida a entrada de quem defende o fim dessas regalias.

QUASE LÁ
O governo estima reduzir a despesa previdenciária do Regime Geral em R$715 bilhões nos 10 anos seguintes à reforma. Apesar do ganho fiscal crescente, o IFI prevê redução pouco menor: R$ 670,9 bilhões.

TEM MÉDICOS TAMBÉM
Na clínica onde se trata contra ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) o general Eduardo Villas Bôas, à base de física quântica, também atuam médicos, inclusive neurologistas, diz o engenheiro Cláudio Salgado.

PARQUES PROTEGIDOS
Em Brasília, o secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho, vai espalhar câmeras de segurança nos 18 parques da cidade. Ajudará a protegê-los. Por meio de aplicativo, os pais poderão monitorar os filhos.

SIMPLES ASSIM
O deputado Paulo Ganime (Novo-RJ) foi direto sobre a necessidade de reformar a Previdência e proteger quem mais precisa dela: "o sistema atual transfere renda dos mais pobres para os mais ricos", cravou.

MELHORIA NÍTIDA
Para quem era contra a privatização de aeroportos, o ranking de aeroportos Air Help Score, com 132 terminais, foi um duro golpe. O Brasil tem (agora) 12 dos 50 aeroportos mais bem avaliados do mundo.

PONTO CELEBRADO
Polícias adoraram um aspecto do decreto presidencial sobre uso de armas: o fim do monopólio dos fabricantes brasileiros, inclusive aqueles que copiaram mal seus produtos, provocando disparos acidentais.

SENTIMENTOS DUPLOS
O INEP divulgou dados ao mesmo tempo preocupantes e animadores sobre rendimento escolar. O índice de aprovação no Ensino Médio tem crescido desde 2014, mas é de só 83,4%. O abandono é de 6,1%.

PENSANDO BEM...
...a cela especial do ex-presidente Temer não é nenhuma 'brastemp' como a de Lula.
Herculano
11/05/2019 07:27
RETIRADA TÁTICA

É provável que a 'revolução' bolsonaro-olavista provoque a implosão do governo

A vitória de Temístocles em Salamina (480 a.C) preservou o mundo grego ameaçado pela Pérsia. O triunfo do macedônio Filipe 2º em Queroneia (338 a.C) unificou as cidades gregas e assentou as bases para a difusão cultural do helenismo. A invasão normanda foi concluída por William, o Conquistador na batalha de Hastings (1066), fonte mítica da moderna Britannia. Segundo uma interpretação exagerada, a civilização ocidental deve sua existência a esse trio de batalhas icônicas. Os generais do alto escalão do governo Bolsonaro certamente as estudaram - e, com elas, aprenderam o valor militar da retirada tática. É hora de aplicar a manobra à política.

O pacto dos generais com o capitão reformado nasceu de um equívoco fatal: os primeiros não entenderam a natureza do segundo. Bolsonaro jamais deixou de ser o fanfarrão estéril, turbulento e indisciplinável, afastado da corporação em 1988. A novidade é que, na curva final rumo ao Planalto, acercou-se de correntes populistas de extrema direita fundamentalmente hostis às mediações institucionais da democracia. Os generais pretendiam participar de um governo "normal", enquadrado na moldura do Estado de Direito. De fato, participam de um governo cujo núcleo almeja subverter o Estado de Direito.


Na rua ao lado, uma faixa da vovó Jurema promete trazer seu amor de volta. A "filosofia política" do Bruxo da Virgínia vale tanto quanto os búzios da vovó - e sua pregação era, até há pouco, um mero golpe de charlatanismo, com implicações exclusivas para seus seguidores ignorantes. Desde a ascensão de Bolsonaro, converteu-se em programa de governo. Os generais começam a entender que o conflito não é com o espalhafatoso bobo da corte, mas com o presidente e seu clã familiar. Falta-lhes, ainda, entender que a conciliação é impossível.

O bolsonaro-olavismo deplorou o "impeachment parlamentar" de Dilma Rousseff. Naquela hora, eles clamavam por uma "intervenção militar" definida não como golpe de Estado clássico mas como uma "marcha sobre Brasília" do povo e dos militares. Hoje, sonham transformar o governo Bolsonaro no ato inaugural de um Estado-movimento: um poder estatal não submetido ao limite das leis e consagrado à luta política permanente. Nessa ordem tresloucada de ideias, a barragem de artilharia virtual sobre o STF, a imprensa e os generais destina-se a preparar a "marcha sobre Brasília" - isto é, a ruptura do Estado de Direito.

Os populismos certamente são capazes de matar as democracias por dentro (Turquia, Hungria, Venezuela). No Brasil, porém, mais provável é que a "revolução" bolsonaro-olavista provoque a implosão do próprio governo Bolsonaro. Se os generais não querem aparecer como cúmplices do desastre, resta-lhes apelar à retirada tática.

Salamina foi uma simulação de retirada, que atraiu os barcos persas ao estreito da armadilha. Em Queroneia, uma breve ofensiva seguida por retirada da ala direita das forças macedônias abriu a cunha fatal entre as falanges gregas. Hastings tem algo de Queroneia, mas é difícil saber se a decisiva retirada temporária das forças normandas foi uma manobra planejada ou o resultado de um insucesso na ofensiva inicial. De qualquer modo, para os generais brasileiros, a solução não requer excessiva inventividade.

O governo Bolsonaro sustenta-se sobre o tripé formado pela equipe econômica, o superministério de Moro e a chamada "ala militar". A remoção do terceiro pilar, pela entrega coletiva dos cargos, destruiria a estabilidade do edifício. A queda encerraria o levante dos extremistas, que confundem os ecos de seus tuítes com a voz do povo. Depois dela, ainda sobraria Mourão --e, portanto, a chance de construção de uma vereda política para o futuro.

Generais, mirem-se em Temístocles, o ateniense, Filipe 2º, o macedônio, e William, o normando. Retirem-se, antes que seja tarde.
Herculano
11/05/2019 07:20
"NÃO É CORRETO, NÃO É REPUBLICANO E NÃO É DEMOCRÁTICO"

Conteúdo do O Antagonista.Em entrevista a Nilson Klava, da Globo News, o líder do governo na Câmara, deputado Major Vitor Hugo, criticou as reuniões de Rodrigo Maia com líderes partidários para as quais não foi convidado.

"Há insatisfação de partidos e líderes pelo fato da reunião do colégio de líderes não ser feita de maneira transparente e democrática, mas de uma maneira seletiva. O presidente se reúne com pequeno grupo de líderes, toma decisão, numa mistura de pauta e estratégia política, depois chama outros líderes que participam de forma marginal e depois mais outros que não participam. Tem também líderes que não são chamados. Não é correto, não é republicano e não é democrático", afirmou.
Herculano
11/05/2019 07:17
À ESPERA DO TSUNAMI, por Julianna Sofia, no jornal Folha de S. Paulo

Após semana de tombos e derrotas, presidente faz mistério sobre novos problemas

Num arroubo de hermetismo, o presidente Jair Bolsonaro alertou sobre o risco de seu governo ser atingido por um tsunami nos próximos dias. Soou cataclísmico, após uma semana agitada, em que o Palácio do Planalto foi engolfado seguidas vezes pelo Congresso Nacional.

"Talvez tenhamos um tsunami na semana que vem, mas a gente vence o obstáculo com toda a certeza. Somos humanos, todos erram. Alguns erros são perdoáveis, outros não", afirmou nesta sexta (10). Do que fala Bolsonaro? De onde virá o maremoto? A que erros se refere?

Nos últimos dias, o bolsonarismo levou uma sova no Parlamento. Na tentativa de aprovar a medida provisória que reconfigurou a Esplanada dos Ministérios, o governo foi derrotado com a transferência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) da pasta de Sergio Moro (Justiça) para o Ministério da Economia. Sofreu o revés mesmo depois de ter aceitado recriar dois ministérios que historicamente serviram de abrigo ao fisiologismo: Cidades e Integração Nacional.

Assistiu inerte ao ato voluntarista do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de adiar a votação da MP da estrutura do governo, apesar de acordo prévio. A medida perderá a validade se não for apreciada até o dia 3 de junho. Somem-se a isso pequenos tombos. Para a MP do pente-fino do INSS avançar, a equipe econômica cedeu e recuou na proposta de livrar as empresas de ônus por acidentes com funcionários a caminho do trabalho.

Dada a fragilidade da articulação governista, Câmara e Senado ainda desafiaram o poder da caneta presidencial. As duas Casas apontaram inconstitucionalidades no decreto de Bolsonaro que amplia o porte de armas. Ameaçam derrubá-lo.

O vaticínio apocalíptico de Bolsonaro pode ser alusão a novos fiascos parlamentares - suspensão do decreto de armamentos? Desmonte da estrutura do governo? Tais dissabores parecem fichinha diante de contendas relevantes pela frente, como a essencial reforma da Previdência.
Herculano
11/05/2019 07:09
ORIGEM

Há anos escrevo aqui. Não adianta mudar presidente, governador e prefeito. Eles podem serem competentes, honestos e até bem intencionados

Todos estão reféns do Congresso, Assembleias Estaduais ou Distrital, e que criminosamente se dizem os nossos representantes no modelo político.

Se lá não houver radical renovação para uma maioria de competente, honestos e bem intencionados,como numa cadeia que não ressocializa ninguém, os neófitos serão engolidos ou até, como é muito comum, também vão tocar na banda dos sacanas, chantagistas e corruptos. Simples assim!
Herculano
11/05/2019 07:05
OS POLÍTICOS E A CORRUPÇÃO

De Augusto Nunes, de Veja, no twitter:

O sequestro do Coaf confirma que os corruptos querem escapar do mausoléu onde jazem dezenas de corruptos cinco estrelas que se julgavam inimputáveis. É hora de interromper a tentativa de ressurreição e enterrá-los de vez numa superlativa cova rasa
Herculano
11/05/2019 07:03
EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA, óBIVIA E REVELADORA

Está na conta oficial do ex-presidente Lula, no twitter:

Perguntaram aqui como eu tuíto. Do mesmo jeito que o Bolsonaro. Eu tenho um filho que eu não controlo. Se ele solto não controla o dele, imagina eu preso.
Herculano
10/05/2019 16:34
GENERAIS SOB ATAQUE - O IMBECIL OLAVO DE CARVALHO

Da Virgínia, Olavo de Carvalho age como o imbecil, que ele mesmo consagrou em sua obra: desprovido de qualquer freio moral, o filósofo parte para uma briga pública contra os militares e atrapalha o País.

CUIDADO Que ninguém se engane: Olavo, apesar de aparentemente louco, tem método

Conteúdo da revista IstoÉ, que circula neste final de semana e já está disponível aos assinantes da edição eletrônica. Texto de Wilson Lima e Germano Oliveira

No livro "O imbecil coletivo", escrito pelo filósofo Olavo de Carvalho há mais de 20 anos, ele acusa os intelectuais brasileiros de terem se corrompido pela "intoxicação ideológica" com a qual "imbecilizaram" seus leitores. Nos últimos dias, ao ultrapassar todos os limites do radicalismo e da insanidade na escalada de ataques sórdidos aos militares, o escritor e guru do governo Bolsonaro demonstra que o imbecil é outro. Ele mesmo. Engana-se quem pensa, no entanto, que o Eremita da Virgínia (EUA), onde reside e dispara seus tuítes desaforados, recheados de desrespeitos, chutes abaixo da linha da cintura e palavras de baixo calão, não age com método. Contraditório na essência, como quem veio para confundir, mas firme em seus propósitos, o ex-astrólogo comanda como um maestro distante, ao menos desde a campanha eleitoral, a ala ideológica do bolsonarismo.

Com a ascensão de Jair Bolsonaro ao Planalto, seu séquito passou a ocupar postos estratégicos na Esplanada dos Ministérios, mas dois de seus apóstolos em especial justificam a astronômica influência que o ex-astrólogo exerce sobre o presidente da República: os filhos "02" e "03" do mandatário, Carlos e Eduardo Bolsonaro, respectivamente. Por intermédio deles, numa espécie de atalho afetivo, Olavo ocupa a mente e o coração daquele que foi eleito para comandar os destinos do País por 57 milhões de pessoas, com forte apoio do Exército, mas que, ao que parece, resolveu se deixar governar pelo exército de um homem só - o próprio Olavo.

Foi aliado ao mais aguerrido dos rebentos do presidente, o proverbial Carluxo, que o guru radicado em Richmond superou, na semana passada, as fronteiras da própria petulância - como se as diatribes perpetradas por ele até então já não fossem o bastante. Imbuído de uma volúpia devastadora, Olavo agiu sofregamente na clara tentativa de desmoralizar o núcleo de generais da Esplanada - e, o pior, livre e solto, desprovido de qualquer freio moral. Num dos mais baixos ataques já presenciados na história recente da República, classificou o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, de "bosta engomada" e referiu-se ao ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas como um "doente preso em cadeira de rodas", numa alusão à doença degenerativa sofrida pelo general, hoje assessor do GSI.

O ideólogo do governo parte do pressuposto - e por isso se movimenta com método - de que a defesa das instituições desempenhada pelos militares os transforma num "inimigo" a ser eliminado no decorrer de um processo ?" ou de uma "cruzada" ?" que o olavismo chama de "revolução cultural conservadora". Ocorre que as consequências para o governo das, ao mesmo tempo, indigentes e desenfreadas agressões que visam a atingir o seu objetivo final são imprevisíveis.

A crucificação de Cruz

Senão vejamos. Santos Cruz foi alçado a alvo preferencial nos últimos dias. Tudo começou com uma operação típica de criação de fake news para alvejá-lo: uma frase do ministro sobre o uso das redes sociais por grupos ideologicamente extremados foi tirada de contexto. Espalhou-se então que ele desejaria censurá-los. Não era verdade. Foi quando Olavo entrou em cena sentando o dedo no teclado contra o general: "Controlar a internet, Santos Cruz? Controle a sua boca, seu merda", disse Olavo por meio do twitter no domingo 5.

"A internet 'livre' foi o que trouxe Bolsonaro até à Presidência e graças a ela podemos divulgar o trabalho que o governo vem fazendo! Numa democracia, respeitar as liberdades não significa ficar de quatro para a imprensa, mas sempre permitir que exista a liberdade das mídias!", emendou Carlos Bolsonaro. Quando o general retrucou, Olavo desceu ainda mais baixo. "Santos Cruz, não me meça por você mesmo. Você, sem seu cargo e sua farda, é um nada. Eu, pelado e esmagado sob uma jamanta, sou ainda o autor de livros que serão lidos por muito tempo após a minha morte".

Sob fogo cerrado, na noite de domingo, o próprio general foi tirar satisfação com o presidente. A conversa com Bolsonaro foi tensa e durou 1h30. Santos Cruz, conhecido por não medir as palavras, ameaçou deixar o governo. As ofensas ao colega de farda irritaram de tal maneira a caserna, que provocou uma reação em cadeia de comandantes de todas as armas. Indignado, um integrante militar admitiu em caráter reservado à ISTOÉ que, se não estivesse pensando no País, "pois somos o ponto de moderação disso tudo", ele "já teria largado essa confusão e ido embora".

ISTOÉ apurou que o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), foi outro que cogitou desertar caso os petardos não cessassem. A ira dos militares contra Olavo ficou explícita também em dois instantes distintos. O Clube Militar, entidade representativa das Forças Armadas, promoveu um ato de desagravo aos generais, afirmando que eles foram atingidos pela "incontinência verbal que, impune, prospera inexplicavelmente em distintas esferas de poder".
Se isso não fosse suficiente, o ex-comandante geral do Exército, general Eduardo Villas Bôas, também saiu em sua defesa. Nas redes sociais, Villas Bôas afirmou: "Mais uma vez o sr. Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas, demonstrando total falta de princípios básicos de educação. Verdadeiro Trotski de direita". Foi nesse momento que Olavo o classificou "de um doente preso a uma cadeira de rodas". Não havia como se rebaixar ainda mais na escala da degradação moral.

Em meio à nova crise desnecessária, entre inúmeras em menos de seis meses de governo, restaria saber de que lado da trincheira estaria o presidente da República. A decisão jamais deveria representar uma escolha de Sofia para Bolsonaro. Afinal, de um lado está quem hoje faz a diferença no governo - os militares. Do outro, a vanguarda do atraso. É Olavo quem está por trás da maioria das políticas equivocadas, para não dizer destrambelhadas, da atual gestão. Como, por exemplo, a doutrina da alienação do MEC - baseada em cortes injustificáveis de recursos de universidades, no sufocamento do livre pensar e nos ataques às ciências humanas -, e a própria deletéria agenda internacional, levada a cabo pelo chanceler Ernesto Araújo, ancorada no fantasma do marxismo cultural, tese mais do que presente nas aulas online de Olavo. Para não falar também dos insultos cotidianos à diversidade, sustentados por uma ideologia carola que remonta há quase dois séculos.

"Praticamente todas as crises que nós vivemos desde que o presidente Bolsonaro assumiu têm a participação do Olavo de Carvalho"

Infelizmente, porém, o presidente parece ter pego o bonde errado da história. Por mais que tente escamotear, não é difícil descobrir por quem o coração de Jair Bolsonaro bate mais forte e acelerado. As recentes atitudes do presidente consagram o olavismo como o cânone principal do governo. Por exemplo, o mandatário não moveu uma palha para defender seus auxiliares tratados piores do que esterco humano pelo filósofo. Ao contrário, em almoço com militares, quando muitos esperavam algum sinal de admoestação, Bolsonaro sugeriu que todos permanecessem em obsequioso silêncio.

"Olavo é dono do seu nariz", limitou-se a dizer. As razões do alinhamento quase que automático, pelo jeito, decorrem da gratidão do presidente pelo que considera uma primordial contribuição de Olavo na campanha eleitoral de 2018. Em mensagem postada no twitter na terça-feira 7, Bolsonaro atribuiu ao escritor o "trabalho contra a ideologia insana" dos governos anteriores. "Olavo tornou-se um ícone. Sua obra em muito contribuiu para que eu chegasse ao governo, sem o qual o PT teria retornado ao poder". Assim, sem cargo ou estrelas no peito, o imbecil da Virgínia reina quase que soberano sobre todos os escalões do poder - e atrapalha o País. Até quando?
Herculano
10/05/2019 16:15
ATÉ TU, BNDES?, por J. R. Guzzo, na revista Exame

O banco a serviço da pátria é apenas a corrupção do PT vestida de gravata, com cartaz na Unicamp e conhecedora de menus em restaurantes de Nova York

Durante os treze anos e meio dos governos de Lula e Dilma Rousseff o BNDES funcionou como uma sociedade de ladrões. Ah, não diga - e daí? Alguma coisa localizada a menos de 5.000 quilômetros do Palácio do Planalto, da Esplanada dos Ministérios e dos seus puxadinhos deixou de ser roubada por gente do governo durante esse período? Uma ou outra, é verdade, pois não dá para roubar tudo, de todos, em todos os lugares e ao mesmo tempo. É fato provado e contra-provado, em todo caso, que muito pouco escapou do arrastão - e, assim sendo, qual a novidade de que o BNDES tenha sido um dos "pontos" do crime em escala nacional nos governos petistas? (Assim como traficantes de droga têm "pontos", ladrões do erário público também contam com os seus; é um fato sabido.) A rigor, não há novidade nenhuma. Mas o BNDES, pelo menos, tinha pose de coisa séria, com o seu "corpo técnico", suas regras de compliance, suas obras de arte nas paredes da sede etc.; deveria disfarçar melhor a ladroagem desvairada que rolou ali durante mais de dez anos seguidos. Só que, no fim das contas, o que se vê é que o banco de desenvolvimento social sagrado para os economistas de esquerda foi tão grosseiro nas atividades gerais da corrupção quanto a maioria dos seus pares.

Até tu, BNDES? Sim, até tu. No embalo Lula-Dilma, o pessoal esqueceu de prestar atenção às exigências mínimas de decoro na roubalheira - algo a se prever, francamente, numa repartição pública de 2.000 funcionários, cheia de gente com mestrado em universidade, elogiada por um Prêmio Nobel de Economia (foi só Joseph Stiglitz, é verdade, mas o homem é Premio Nobel assim mesmo) e produtora regular de monografias incompreensíveis em qualquer língua. Em resumo: o banco a serviço da pátria é apenas a corrupção do PT vestida de gravata, com cartaz na Unicamp e conhecedora de menus em restaurantes de Nova York. Seu alto comando não é diferente de um Antônio Palocci, um Sérgio Cabral, um Geddel Vieira Lima e tantas outras estrelas inesquecíveis que o Brasil deve ao gênio político do ex-presidente Lula. É certo que existe, do ponto de vista legal, uma diferença fundamental entre essa turma e o ex-presidente do BNDES, Luciano Coutinho: ele até agora não foi condenado na Justiça. Está indiciado em diversos inquéritos criminais na Polícia Federal, foi proibido de exercer qualquer cargo público por seis anos e sofre um bloqueio em seus bens pessoais superior a 600 milhões de reais, mas continua livre da cadeia. Fora isso, Coutinho não parece ter nada em seu favor.

Basicamente, o problema de Coutinho é o seguinte: ele emprestou dinheiro público a gente que jamais teve a intenção de pagar um único centavo da dívida assumida, como qualquer criança com 10 anos de idade poderia prever. Só de Cuba, Venezuela e Moçambique, tomou um calote superior a 2,3 bilhões de reais. Deu dinheiro brasileiro, que o BNDES tem obrigação de utilizar em desenvolvimento no Brasil, para governos estrangeiros que estão entre os mais vigaristas do planeta, como os citados acima. Gostava de emprestar, com juros mínimos e prazos máximos, a países com grau 7 de risco, o extremo do extremo. (Pior que isso não fica; não existe o grau 8.) Deu empréstimo a quem Lula mandou que desse - segundo o ministro Paulo Guedes, financiou 300.000 caminhões para motoristas sem fretes, sem clientes e sem dinheiro para recauchutar um pneu. Deu dinheiro para Marcelo Odebrecht ?"? sim, Marcelo Odebrecht. Precisa dizer mais alguma coisa? Sua coleção também inclui Eike Batista, o Friboi, a incomparável Sete Brasil ?"? só ela, sozinha, levou 10 bilhões de reais. Tudo com "o aval do Jurídico", é claro.

Seu desempenho na CPI que apura a "caixa preta" do BNDES foi uma coisa triste. Em pânico diante das perguntas, repetia, automaticamente, "não lembro", "não sei", "não posso dizer". Pois é. CPIs, no Brasil, não costumam dar em nada. Caixas-pretas, ao contrário, tem o dom divino de continuar pretas para sempre. Homem de sorte, esse Coutinho.
Herculano
10/05/2019 16:11
UM RASPUTIN TROPICAL, por Nelson Mota, no jornal O Globo

Os Bolsonaros chamam Olavo de Carvalho de ícone, como se isso fosse alguma coisa. Ícone de quê? Para quem? Desde quando? Há ícones de tudo, do bem ou do mal.

É estranho que um grande mestre, morando há 15 anos nos Estados Unidos, nunca tenha dado aulas em nenhuma grande, média ou pequena universidade americana, onde tantos brasileiros lecionam. Seu forte são os cursos à distancia para brazucas, uma espécie de madrassa digital que forma fanáticos por suas ideias.

Chamado pelo general Villas Bôas de "Trotski de direita" (que é equivalente ao clássico "É um Rimbaud. Mas sem o talento", de Hélio Pellegrino), está mais para um Rasputin tropical. Com sua vasta cabeleira argentée, cigarro no canto da boca e ternos saídos dos anos 70, vaidoso, debochado e desbocado, tem domínio absoluto sobre a família real, que o idolatra, embora não demonstre mínimos conhecimentos políticos, filosóficos e sociológicos para compará-los com as pregações olavistas. Há algo de religioso no culto que prestam ao evangelho ultraconservador do mestre.

Olavo começou a ficar famoso quando vendeu mais de 300 mil cópias do livro "O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota", com críticas devastadoras ao PT, à esquerda, ao coletivismo e ao globalismo, e logo conquistava mais de 500 mil seguidores nas redes sociais, se tornando dono das cabeças da família Bolsonaro, a ponto de entrar em guerra com a elite militar que apoia o capitão.

Apesar de sua desastrosa indicação do patusco Vélez para ministro da Educação, defenestrado por total incompetência, Olavo continua com seu prestígio inabalado, dando munição para o Mito e seus minimitos atacarem os generais moderados que tentam dar algum equilíbrio e racionalidade ao governo.

Olavão deve se divertir com a idolatria dos ignorantes e com o poder que lhe dão, pela incapacidade de contestá-lo intelectualmente e pela fé cega no mestre.

Se fosse ficção, seria um incrível personagem numa grande tragicomédia fantástica latino-americana, pena que é real.
Miguel José Teixeira
10/05/2019 15:23
Senhores,

A MP da reforma administrativa perde a validade em 3 de junho.

Caso ela não seja votada, o quadriunvirato Bolsonaro poderá voltar aos 29 ministérios do governo Michel Temer, ou talvez aos 39 da presidenta Dilma Rousseff.

Será a volta do "toma-lá-dá-cá" para aprovar a reforma da Previdência?

Cargos, não faltarão. Assim como, ambição também não!

Aguardemos pois e relembremos:

"De tanto leva frechada do teu olhar
Meu peito até parece sabe o quê?
Táubua de tiro ao Álvaro
Não tem mais onde furar"
Joao Rubinato/Oswaldo Molles)
Herculano
10/05/2019 11:29
"VIVEMOS EM UMA POROROCA", por Bolívar Lamounier

Para o analista político Bolívar Lamounier, o Brasil precisa inovar radicalmente em áreas como educação para romper um ciclo de crescimento medíocre

Texto e entrevista de José Roberto Caetano, Eduardo F. Filho, na revista Exame

Um dos analistas políticos mais respeitados do país, o sociólogo Bolívar Lamounier teme que o governo do presidente Jair Bolsonaro seja fraco demais para empreender mudanças radicais no cenário brasileiro. "Se Bolsonaro continuar do jeito que está, sem ousadia, vamos perder mais dez anos." Um dos principais focos de sua preocupação é a educação, que exigiria uma profunda revolução. Bolívar avalia que tudo poderia estar bem pior, caso o PT continuasse no poder, e ressalta como pontos fortes da nova administração o plano econômico e a segurança, mas não poupa o governo atual. "Estamos sujeitos a uma sucessão de pororocas, de forças desorganizadas se debatendo uma contra a outra", diz. Lamounier recebeu a reportagem de EXAME em sua casa, na zona oeste de São Paulo, para a entrevista a seguir.

Qual é a avaliação do senhor sobre o andamento do governo Jair Bolsonaro?

O governo Bolsonaro é um problema, mas, comparado ao que seria com o PT no poder por mais oito anos, ele se transforma na solução. O governo está no rumo certo quanto à reforma da Previdência. Está acertando também na questão das medidas de segurança do ministro Sergio Moro. Agora, no resto deixa muito a desejar. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fala demais e nem sempre de forma adequada. Mas, na minha opinião, a falha mais grave de todas é na educação. No Brasil, a educação tem de ser uma prioridade. Mas, quando digo prioridade, eu estou falando de colocar ideias totalmente novas. Não é de uma reforma que o sistema educacional necessita, é de uma verdadeira revolução. É preciso virar a educação de cabeça para baixo.

O senhor acredita que o novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, fará uma reformulação na pasta?

Nenhum dos dois ministros, nem o novo nem o antigo, tem a mais remota ideia do que é a educação. Isso é uma coisa estranha, porque é uma área em que o Brasil tem excelentes quadros. Temos vários especialistas, como Claudio Moura Castro e Simon Schwartzman, vários. Se os ministros ouvissem, pelo menos, os especialistas de fora, já ajudaria bastante. Mas eles são fracos, influenciados pelos evangélicos e pelo guru da Virgínia [Olavo de Carvalho]. Então, essa é uma área parada e, até agora, sem nenhuma perspectiva de melhorar. Mesmo que a reforma da Previdência passe, daqui a três anos teremos de fazer outra com uma perspectiva pior. Há um número decrescente de jovens, com um nível educacional muito pior do que o de dez anos atrás, sustentando uma quantidade crescente de idosos. Essa juventude não está preparada para uma revolução tecnológica, de que o Brasil nem passa perto, e terá dificuldade para arrumar emprego.

Como o senhor acha que podemos mudar esse rumo?

Precisamos fazer reformas drásticas e rápidas se quisermos chegar daqui a 15 ou 20 anos a um nível aceitável. Viramos a oitava economia do mundo pela simples incorporação de mão de obra à economia. Era gente que vinha do campo para a indústria e para o setor de serviços com um nível muito baixo de produtividade. Hoje, nossa renda média anual por habitante é de 11?500 dólares, o que é absolutamente medíocre. É a metade da renda de Portugal. Para alcançar o nível dos portugueses, com a economia crescendo de 2% a 2,5% ao ano, levaríamos 35 anos. E estamos há dois anos com um crescimento de pouco mais de 1%. Esse é o cenário de um país em um nível de conflito, de desorganização, absolutamente intolerável.

A equipe liberal do governo não poderia nos mover a um caminho um pouco melhor do que esse?

Sem dúvida. Tenho uma visão pessimista do governo, mas o fato de termos adotado uma linha liberal ajuda muito. Agora, o governo precisa ter um discurso mais coerente. Eles têm de conversar mais entre si. O secretário da Receita diz que haverá um megaimposto, aí vem o presidente e diz que não vai ter imposto e, em seguida, aparece o presidente da Câmara dizendo que imposto nenhum passa. Como que ficamos? Ninguém sabe.

O que o senhor achou do anúncio do ministro da Educação de reduzir os gastos com os cursos de ciências humanas?

Em abstrato, eu concordaria com ele. O Japão fez isso. Mas, no momento em que o governo está pastando para aprovar medidas no Congresso, isso é uma receita para tirar a esquerda da preguiça e trazê-la ao grevismo. O governo dá pretexto para colocar um fato conflituoso num cenário em que precisamos baixar a bola, negociar e aprovar as coisas. Não podia haver hora pior para falar em corte desses gastos.

Mas precisa cortar gastos em algum lugar...

Por que também não reduzir o número de cursos de direito? Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil, existem mais de 1,2 milhão de advogados no país, fazendo do Brasil um dos países que mais têm advogados no mundo. Vamos tirar gastos das áreas que já estão excessivamente supridas e levar para aquelas que não estão e que são prioritárias. No episódio das ciências humanas, há uma provocação ideológica descabida que só vai desencadear uma reação contrária. Eles vão reativar a esquerda dinossáurica deste país.

O debate público está muito dominado pela agenda de costumes?

A última coisa em que um governo fraco com uma agenda pesada deveria se meter é na pauta de costumes. Ela é da sociedade. Na melhor das hipóteses, se você tiver bons partidos e um bom Congresso, faz um plebiscito e muda alguma coisa. Na situação em que estamos, com dificuldade para aprovar uma minirreforma da Previdência, o governo não pode se meter em agenda de costumes. É um negócio conflituoso. São os valores das pessoas. Qualquer coisa falada acaba ofendendo alguém. É sexo, aborto, tudo isso é nitroglicerina. É um governo que não tem cacife para governar, que não tem coordenação e que não discute nada internamente porque não sabe o que o outro pensa, pois ouve vozes contraditórias a todo o tempo.

Como avalia a ala militar no governo?

Os militares têm a cabeça muito mais no lugar do que os civis. Eles se comportam com seriedade. Agora, quando se colocam 15 generais no Executivo, dá a impressão que este é um governo militarizado. Não é verdade, mas é essa a imagem que se tem do Brasil no exterior atualmente.

O senhor não vê o Brasil prosperar num futuro próximo. Qual foi nosso erro?

O grande problema do Brasil, ao contrário do que se dizia ao criticar as "elites", é a ausência de uma elite. Elite não é a cúpula da administração pública, da burocracia estatal ou dos militares. Elites são lideranças fora do Estado capazes de se contrapor a ele. Nossa elite é minúscula, em termos reais, fraca, desorganizada e mal informada. Após um longo período de crescimento baseado na exportação de commodities e produtos básicos para a China, a indústria enfraqueceu. Ficou mais atrasada tecnologicamente. O exterior avançou extraordinariamente. Então, até chegarmos ao ponto de equilíbrio e passarmos a ter alguma elite, nós estamos falando de décadas. Ou seja, o Brasil, da maneira que se encontra, está fadado a um abismo.

Qual é o balanço da eleição de 2018?

Foi uma pororoca de duas forças desorganizadas. De um lado, estava Bolsonaro. Do outro, o mito do ex-presidente Lula. Sem Lula, Fernando Haddad não teria nem dois votos. Eram duas figuras carismáticas se enfrentando, tendo votações inacreditavelmente altas, porque não temos nem partidos nem elites. Somos hoje um país sem espinha dorsal. O Brasil não sairá dessa armadilha se não fizer uma reforma política drástica. Não é uma reforminha, precisamos de outro sistema. Estamos sujeitos a uma sucessão de pororocas, de forças desorganizadas se debatendo uma contra a outra. Vivemos em uma pororoca.

O senhor vê o governo passar mais três anos e meio no quadro atual?

A continuidade depende de dois fatores. O governo precisa ter, no mínimo, êxito na economia, passando a Previdência. Se um pouco do capital internacional, mesmo com as dificuldades, vier para a infraestrutura, esse será um fator de estabilidade. O outro é que ninguém tem força para dar um golpe em ninguém.

O senhor parece muito pessimista...

Sou moderadamente otimista, porque acho que, com mais oito anos de PT, o jeito seria arranjar um passaporte e mudar para Portugal. Se nem quando o país crescia a 7% ao ano, no fim do governo Lula, não conseguiram fazer nada, não seria agora que fariam. Mas precisamos botar na mesa uma discussão séria para os próximos 20 anos e, dessa maneira, ajudar o governo a se nortear, senão a coisa vai ficar feia. Vamos ficar perdidos durante um bom tempo, de pororoca em pororoca. Se Bolsonaro continuar do jeito que está, sem ousadia, vamos perder mais dez anos.
Miguel José Teixeira
10/05/2019 08:42
Senhores,

Da série "perguntar não ofende":

Será que houve atividade financeira na votação que subtraiu a COAF do Moro???

Atentem para certas "figurinhas carimbadas" que votaram pela maracutaia típica dos adePTos.
Herculano
10/05/2019 07:41
JUSTIÇA SOCIAL É PONTO FORTE EM FAVOR DA REFORMA, editorial de O Globo

Apresentação destaca o papel da Previdência na concentração de renda, na crise da saúde e educação

Mais uma sessão do longo calendário de encontros com parlamentares para convencê-los da importância e dos termos da reforma da Previdência demonstrou algum aprendizado por parte do governo.

Ao contrário do que aconteceu na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), houve um mínimo de precaução, quarta-feira, na Comissão Especial, para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não ficasse exposto a salvas contínuas de tiros da oposição.

Bastou que a situação conseguisse que as regras da sessão intercalassem perguntas de ambos os lados. Houve mais organização.

Destacou-se, ainda, o necessário cuidado com o didatismo. A questão da Previdência, discutida no Congresso desde o primeiro mandato de FH, de 1995 a 98, costuma ser rejeitada pelos políticos, pois tem relação direta com o padrão de vida da população.

É também um tema técnico, e nem todos conseguem entendê-lo. Disso aproveita-se a oposição para bombardear os projetos de reforma. Foi, portanto, uma decisão correta do governo escalar o secretário da Previdência, Rogério Marinho, para, antes dos debates, fazer uma apresentação com tabelas bem produzidas para alertar todos da gravidade da situação.

Marinho, político de fala mansa, deputado que não se reelegeu, tem a rica experiência de haver relatado a necessária reforma trabalhista aprovada pelo Congresso no governo Temer. Conhece a linguagem dos políticos.

Os parlamentares foram informados da equação demográfica que estrangula a Previdência e toda a contabilidade pública, porque, só na União, ela absorve mais da metade do Orçamento, numa tendência inexorável de expansão. O incontornável envelhecimento da população, fenômeno mundial, é demonstrado pela queda no número dos mais jovens, os que sustentam com suas contribuições o INSS: em 1980, havia a proporção de 14 pessoas em idade ativa (de 15 a 64 anos) para cada idoso (mais de 65); no ano que vem, serão apenas sete. O sistema está condenado.

Mereceu o devido destaque a grave injustiça social que a Previdência promove, sendo uma usina eficiente de concentração de renda: os funcionários do Legislativo federal têm uma aposentadoria média de R$ 29,1 mil; os do Judiciário, R$ 19 mil; do Ministério Público da União, R$ 18,2 mil; os do Executivo, R$ 8,8 mil; e os segurados do INSS, apenas R$ 1,3 mil. A proposta da reforma unifica os regimes previdenciários, acaba com isso.

Os gastos descontrolados da Previdência chegarão este ano a R$ 903 bilhões, em detrimento da saúde (R$ 122 bilhões) e educação (R$ 132 bilhões). É o que explica a falência da saúde pública e as carências no ensino básico em estados e municípios.

Deputados e senadores precisam entender que a penúria em seus estados tem relação com a crise previdenciária. Bem como a persistente concentração de renda no país
Herculano
10/05/2019 07:40
O DIDATISMO DO MINISTRO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Paulo Guedes foi bastante didático sobre os riscos que o País corre se o Congresso não aprovar a reforma da Previdência.

Em audiência na Comissão Especial da Câmara que analisa a proposta de reforma da Previdência, na quarta-feira passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi bastante didático ao expor os riscos que o País corre se o Congresso não aprová-la. Durante cerca de oito horas, Guedes e o secretário especial da Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, tentaram explicar aos parlamentares que o rombo da Previdência, em resumo, "é um buraco fiscal que ameaça engolir o Brasil e precisa ser atacado" ?" e, caso não haja reforma, ou se a proposta for muito desidratada, há sério risco de não haver dinheiro para o pagamento das aposentadorias num futuro próximo.

Ou seja, daqui em diante, ninguém que tenha ouvido o ministro Guedes pode alegar ignorância a respeito do que está em jogo: votar contra a reforma ou impor mudanças que a tornem branda demais significa votar contra o Brasil. Não à toa, até mesmo o eleitorado do País, naturalmente refratário a mudanças que representem endurecimento das regras para as aposentadorias, já demonstra ter compreendido o imperativo da reforma.

Uma pesquisa realizada pelo Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 59% dos brasileiros consideram necessário modificar o sistema das aposentadorias. Além disso, 71% entendem que as regras da Previdência devem ser iguais para todos ?" e 68% consideram que o conjunto da população é prejudicado sempre que um grupo específico ganha privilégios no sistema previdenciário.

Um dos aspectos mais duros da reforma, o estabelecimento de uma idade mínima, tem o apoio de 72% dos entrevistados, um aumento significativo em relação aos 65% verificados em 2015. No geral, portanto, parece haver uma base sólida na opinião pública sobre a qual é possível construir o consenso em torno da aprovação da reforma no Congresso.

O problema, como mostra essa mesma pesquisa, é o desconhecimento da proposta em si. Entre os entrevistados, apenas 36% dizem conhecer pelo menos os principais pontos do texto encaminhado pelo governo ao Congresso ?" e destes, 51% se dizem contrários ao que propõe o projeto.

Na Câmara, o ministro Paulo Guedes aludiu ao problema do desconhecimento sobre a proposta de reforma. "Temos esse problema de comunicação", disse Guedes, salientando que, enquanto a base governista é novata e desmobilizada, "a oposição é aguerrida, sabe bater, criar coisas e se isentar de problemas". Assim, "até o governo contar a verdade dele, o tempo está passando", acrescentou o ministro, que fez um apelo aos deputados: "Contamos com a serenidade dos senhores".

O próprio ministro reconheceu, contudo, que há adversários da reforma da Previdência mesmo dentro do governo. "Acho que tem gente do governo que pode até ficar feliz" se a reforma for desidratada, disse Paulo Guedes, sem citar nomes. Afinal, até mesmo o presidente Jair Bolsonaro já deu declarações sugerindo que a reforma encaminhada por seu próprio governo pode e deve ser abrandada ?" atitude coerente com uma carreira política marcada por franca hostilidade em relação a qualquer endurecimento das regras das aposentadorias.

Ciente do exército bem organizado de inimigos da reforma, o ministro Paulo Guedes e seu auxiliar Rogério Marinho foram à Câmara munidos de números incontestáveis a respeito do problema previdenciário a ser enfrentado: mostraram aos deputados que os 15% mais ricos acumulam 47% da renda previdenciária; que o número de contribuintes por aposentado caiu de 14, há 40 anos, para 7 hoje, e em breve serão apenas pouco mais de 2; e que os gastos previdenciários, que representam metade dos gastos federais, são sete vezes maiores do que os da educação, quatro vezes os da saúde e três vezes a soma dos gastos de saúde, educação e segurança pública. Ou seja, "o sistema já está condenado à quebra", disse o ministro Guedes, e isso pode levar o País à bancarrota.

Nenhuma dessas informações é passível de controvérsias. São fatos aritmeticamente sustentados. O ministro Paulo Guedes fez bem em expor serenamente esses números aos senhores deputados, para que compreendam a dimensão do problema. Assim, se escolherem o caminho da oposição irresponsável, eles o farão sabendo perfeitamente o que isso significará para o País.
Herculano
10/05/2019 07:38
A COMIDA ESFRIA NO BRASIL, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Situação ruim da indústria e do varejo de alimentos ilustra recaída da economia

O país fabrica e compra menos comida. Os maus resultados gerais do comércio e da indústria se devem em parte maior a uma pane nas vendas dos supermercados e ao que se pode chamar francamente de recessão na indústria de alimentos.

A degringolada firme começou depois da metade do ano passado, quando o país era ainda mais avacalhado pelo paradão caminhoneiro. A derrocada continua. O resfriado se disseminou por outros setores da economia.

Em agosto de 2018, as vendas do que o IBGE chama de "hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo" cresciam a 4,8% ao ano. Em março passado, cresciam a apenas 1,9%, dado mais recente, divulgado nesta quinta-feira (9). O povo ainda compra mais remédios, mas gasta menos no mercado. O aperto é evidente.

Comparado o primeiro trimestre deste ano com o de 2018, houve queda de 0,9% nas vendas de "hipermercados etc.". No comércio em geral, ainda há alta de 0,3% (excluídas vendas de veículos e material
de construção).

O indicador da Associação Brasileira de Supermercados, obviamente menos amplo que o do IBGE, não vai tão mal, mas não vai nada bem: alta de apenas 0,4% nas vendas do trimestre.

Na semana passada, soube-se que a produção anual da indústria voltou ao vermelho, regredindo 0,1% em 12 meses, baixa que não se via desde agosto de 2017.

A indústria de alimentos já voltara a andar para trás em agosto de 2018. Em março, encolhia horríveis 5,7% (no acumulado de 12 meses). Não se quer dizer assim que:

1) os dados indicam que as pessoas passem fome em regra, embora muita gente esteja faminta, basta andar pela rua ou visitar alguns bairros periféricos de São Paulo para ver;

2) obviamente, vendas e produção de comida não explicam a pane da economia, o que seria uma bobice, mas são um sintoma doloroso.

Trata-se apenas de registrar que o resfriamento da economia é bem pronunciado nesses setores que têm o maior peso na indústria e no comércio de varejo restrito.

A recaída acompanha a desaceleração do crescimento da renda, a baixa da confiança econômica neste início do ano e a frustração do emprego formal, entre tantos outros indicadores, embora nem todos.

Curiosamente, o Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo, por exemplo, não parece piorar, embora a despesa de capital suba apenas uma escadinha no fundo das profundas da recessão.

De resto, o dado do Ipea é apenas uma tentativa de antecipar o resultado oficial do investimento em máquinas, equipamentos e novas instalações produtivas.

Pelo número de março, divulgado nesta semana, o investimento não teria piorado em relação ao trimestre final de 2019. Economistas de bancões, porém, estimam que o investimento não cresceu nada ou caiu no primeiro trimestre.

No mercado de dinheiro grosso para empresas, houve queda feia no primeiro terço do ano, segundo balanço da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Nos bancos, embora o crescimento das concessões de crédito para empresas também venha desacelerando desde setembro do ano passado, o total de dinheiro novo emprestado ainda cresceu 5,2% no trimestre (ante o primeiro trimestre de 2018).

Como foi abril? Os primeiros indícios são de queda nas vendas do varejo. Os indicadores de situação financeira (juros na praça, dólar, Bolsa etc.) não melhoraram. Os de confiança também não. Bidu.
Herculano
10/05/2019 07:35
SINAIS MISTOS NO CONGRESSO, por Míriam Leitão, no jornal O Globo

A reforma da Previdência pode ser aprovada na Câmara ainda antes do recesso. Essa previsão é feita por quem entende o movimento do Congresso e essa esperança aumentou na equipe econômica depois do início da tramitação na Comissão Especial. Apesar disso, ontem foi um dia de derrota para o governo na Câmara, com a retirada do Coaf da área do ministro Sérgio Moro e o adiamento da votação da MP que reestrutura a administração do governo.

O que azedou muito o clima ontem na Comissão Especial que analisou a MP 870, da reforma administrativa, foi de novo a sucessão de ataques nas redes virtuais contra parlamentares que votaram pela volta do Coaf ao Ministério da Economia. O vereador Carlos Bolsonaro postou a lista dos que votaram a favor da retirada do órgão da pasta da Justiça, e isso foi a senha para o início de ofensas.

- A gente já não sabe se é o filho ou se é o pai que comanda isso, mas o fato é que eles acham que tudo se passa no mundo virtual. Não é apenas um governo sem articulação. Ontem era como se só fosse honesto quem quisesse manter o Coaf na mão do Moro. E isso é uma ofensa até para o Ministério da Economia. No resto do mundo, órgãos semelhantes ficam na área econômica. E aí? Onde está o erro? - disse um líder político.

No episódio, houve mais um detalhe que mostra como não há estratégia política, e foi isso que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, deixou claro. Quando um parlamentar aliado pediu a leitura das MPs anteriores à 870, ele acabou impedindo que ela fosse votada. A MP é importante para o governo por tudo o mais que está nela, porque é o desenho da administração do governo Bolsonaro. Houve discussão também sobre a volta da Funai para a Justiça, mas no resto estaria aprovada a reforma como foi proposta. Agora, ficou mais incerta essa votação antes do prazo em 3 de junho.

Apesar dessa bateção de cabeça, e das sequelas da milícia digital, várias fontes com quem eu falei, no governo ou no Congresso, demonstraram a mesma confiança de que a reforma pode terminar de ser votada na Comissão e ir para o plenário no fim de junho ou começo de julho. Antes, portanto, do recesso.

No Ministério da Economia, a confiança vem do fato de que eles acham que conseguiram responder à maioria das questões que bloquearam reformas anteriores.

- Sempre falaram que era preciso combater as fraudes e cobrar as dívidas previdenciárias, pois nós mandamos para o Congresso a MP 871 que trata das fraudes e vamos cobrar as dívidas - explica um dos integrantes da equipe.

Essa MP 871 tira dos sindicatos rurais o poder de confirmar o tempo de contribuição para a aposentadoria do setor rural, e isso é até mais importante do que o aumento da cobrança do núcleo familiar que está na reforma. Em outro ponto que está sendo combatido, o BPC, a aposta feita na equipe econômica é que a mudança ficará, mas como opcional.

No Congresso o que se diz é que a reforma será desidratada na parte da transição, pela pressão das corporações. Isso reduzirá o total da economia, mas que deverá ficar acima de R$ 800 bilhões em dez anos. E desta forma conseguirá passar.

Ontem eu entrevistei no meu programa na Globonews a economista Solange Vieira, da Susep, que fez parte do grupo de formulação da proposta. Ela exibiu o mesmo otimismo que eu vi em outros integrantes da equipe econômica. Mas ela, a única mulher no grupo, defende que não haja diferenciação de idade de aposentadoria de homem e mulher. Perdeu a discussão internamente:

- Na equipe eu sou a pessoa que se sente mais à vontade, por ser mulher, de ser contra o tratamento diferenciado. A mulher quer condições iguais de trabalho, salário igual, ser respeitada em casa e no trabalho. Sobre a dupla jornada, é isso que está errado e não é a idade de aposentadoria. Não vejo motivo para a gente ter direito de se aposentar mais cedo.

De qualquer maneira, nos debates, de um lado e de outro, há quem defenda que haja mais vantagens ainda para a mulher. O problema da proposta é ser contraditória. No setor rural, homens e mulheres se aposentam com a mesma idade, pela reforma.

Vai ser ainda um caminho difícil até a aprovação. Esse otimismo que captei ontem pode desaparecer se o governo continuar envolvendo-se em brigas inúteis. Para ganhar a guerra é preciso escolher as batalhas. O governo Bolsonaro escolhe. As erradas.
Herculano
10/05/2019 07:32
VOLTEM PARA OS QUARTÉIS, SOLDADOS. DEU TUDO ERRADO!, por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S. Paulo.

Bolsonaro queria apenas a sua honorabilidade, não suas opiniões

Acabou a ilusão. A cada dia que os militares, da ativa ou da reserva, permanecem no governo Bolsonaro, as Forças Armadas, como instituição, se degradam. E se sujam com a lama ideológica em que se afunda a gestão. Em vez do amor à pátria, uma pistola 9mm; em vez do hino nacional, uma .45; em vez do patriotismo, o ódio -que alguns pretendem redentor - à democracia.

Meu ponto de vista é radical e não admite flertes de nenhuma natureza dos fardados com o poder político. Renuncie, general Hamilton Mourão! Sim, sei que o senhor foi eleito. Deixe que Rodrigo Maia (DEM-RJ) seja o primeiro na linha sucessória. Os loucos vão se aquietar um pouco. Afinal, o presidente o queria apenas como um espantalho para assustar civis.

Voltem, senhores, para os quartéis e seus clubes, e lá se dediquem aos afazeres tipicamente militares e à defesa da Constituição. É por isso que, nas democracias, nós, os civis, lhes damos o monopólio do "uso legítimo da violência".

Vocês garantem os Poderes constituídos se estes forem ameaçados. Aliás, general Augusto Heleno, prefiro substituir a palavra "violência", a que recorreu Max Weber na expressão acima, por "força". Civiliza mais.

Não faz sentido, senhor Rêgo Barros, que um general da ativa seja porta-voz de um presidente. Renega o conteúdo de um livro que o senhor mesmo citou em tom elogioso numa das "lives" de Bolsonaro - aquelas que imitam a estética Al Qaeda.

Em "O Soldado e o Estado", de Samuel Huntington, o "controle civil objetivo das Forças Armadas", que o senhor diz defender, o impede de portar a voz de um político. Tanto pior quando esse político promove o achincalhe do ente a que o senhor pertence.

Retomem seus afazeres na vida civil, senhores militares da reserva, sem se descolar de seu zelo habitual pela ordem ?"não é isso? Bolsonaro queria apenas a sua honorabilidade, não suas opiniões, seu senso de dever, sua moralidade, seus compromissos com o que apropriadamente chamam "pátria". Esses valores não são compatíveis com a gramática do poder em curso.

O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, um homem de caráter reto, está errado quando diz que Olavo de Carvalho, o prosélito de extrema direita, é um Trótski de sinal invertido. A ideia é sugerir que o autoproclamado filósofo trai ou agride a revolução que ajudou a promover. Trótski ainda fica melhor como o "profeta traído", caracterizado por Isaac Deutscher.

Não houve revolução nenhuma. Carvalho é o verdadeiro bolsonarismo, nunca seu traidor. Errado, meu caro Villas Bôas, foi aquele seu tuíte intimidando o STF às vésperas da votação do habeas corpus a Lula. Atravessava-se o Rubicão.Hora de voltar. Deu errado.

Ainda é tempo de inverter o sentido da marcha da tropa e estacioná-la do lado de lá do rio que separa o poder civil do militar.

O constrangimento dos generais com o decreto do "liberou geral" das armas é evidente. Justamente eles: os que foram desarmar o Haiti; os que foram desarmar o Congo; os que foram desarmar o Rio ?"não é mesmo, Rêgo Barros? Agora se veem em meio a um delírio que tem como horizonte, acreditem!, a luta armada redentora entre os "bons" e os "maus".

O que sente um militar decente, senhores, obrigado a endossar um decreto que vai aumentar o poder de fogo das milícias e do narcotráfico? Notem que não faço a pergunta a Sergio Moro porque só chamo ao debate quem tem o que dizer.

Alguém alimenta alguma dúvida razoável de que os petardos disparados por Carvalho ?"que Bolsonaro decidiu condecorar com a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco?" contam com a anuência do presidente? Sim, há loucura nesse método, para inverter o clichê. Mas isso significa que método é, ainda que destinado a dar errado. Dará, mas não sem grandes sortilégios.

Voltem a seus afazeres originais, senhores, longe da política! Se o governo Bolsonaro se afundar na própria indigência intelectual, é importante que estejam prontos a defender a Constituição. Mas prestem atenção a uma advertência ainda mais importante do que essa.

Há uma hipótese remota, bem remota, de que o arranjo dê certo. Nesse caso, será ainda mais necessário que os senhores estejam inteiramente dedicados à defesa dos Poderes constituídos. O risco às instituições democráticas seria ainda maior. Se há coisa que sei sobre as almas autoritárias é que o sucesso lhes assanha a sede de... autoritarismo.

Vocês decidirão, senhores, com quantos anos de opróbrio as Forças terão de arcar quando terminar essa loucura.
Herculano
10/05/2019 07:25
VILLAS BOAS RECORRE À FÍSICA QUÂNTICA CONTRA A ELA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O general Eduardo Villas Bôas, cuja luta pela vida emociona amigos e colegas, submete-se em clínica de Florianópolis a tratamento baseado em física quântica, contra ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), doença degenerativa grave de que é portador. Vídeos na internet mostram recuperação de portadores de ELA ficando em pé após cinco dias de tratamento. Villas Bôas foi comandante do Exército e hoje assessora o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Palácio do Planalto.

ENERGIA QUÂNTICA
A clínica se define como "espaço de energia quântica para revitalização e rejuvenescimento celular", expressões alheias a leigos.

RESSONÂNCIA 'PROTôNICA'
A Spavitatech confirma no site a utilização da física quântica. E começa o tratamento com "ressonância protônica e exercícios de respiração".

OS RESPONSÁVEIS
Cláudio Salgado, engenheiro, e o irmão Eduardo, administrador, são os responsáveis na clínica que atua "com tecnologia aplicada à saúde".

SEM COMENTÁRIOS
Villas Bôas não fala sobre sua saúde. "A gente nem toca no assunto", diz um coronel do GSI, que o tem como "exemplo para todos nós".

MP, JUDICIÁRIO E LEGISLATIVO OMITEM GASTO SALARIAL
Estudo do Instituto Fiscal Independente (IFI), publicado pelo Senado, sobre o impacto da reforma da Previdência nas contas públicas, para auxiliar na decisão dos parlamentares, empacou na falta de transparência do Legislativo, Judiciário e do Ministério Público. A análise da contribuição previdenciária não pôde ser realizada devido à ausência de dados sobre "distribuição de salários e aposentadorias".

ESCONDE PARA DIFICULTAR
Para ter o valor dos gastos dessa turma com previdência e salários, os pesquisadores do IFI terão de checar contracheque por contracheque.

RESTA A ESTIMATIVA
Sem acesso aos gastos com salário e previdência no Legislativo, no Judiciário e no MP, restou ao IFI calcular a estimativa: R$29,3 bilhões.

CUSTO IMPARÁVEL
Segundo o IFI, a arrecadação com as contribuições previdenciárias dos servidores do Executivo deve aumentar R$25,5 bilhões em dez anos.

O MAIS POPULAR
O governador do Paraná, Ratinho Júnior, é quem comanda o esforço para atrair novos investimentos privados no Estado. Já garantiu mais de R$20 bilhões só para este semestre. E 78% de aprovação.

NOVO CONSELHEIRO
O ex-presidente do Sebrae Guilherme Afif foi convidado e aceitou a função de conselheiro do Sesc Nacional, do Sistema S ameaçado de extinção pelo seu chefe, o ministro Paulo Guedes (Economia).

F1 É DE SÃO PAULO
A FIA chamou de "unilateral" o anúncio da transferência da Fórmula 1. E avisa que a negociação com a prefeitura de São Paulo caminha bem para o contrato ser estendido até 2026. Para se habilitar a F1, o Rio teria de construir seu autódromo até o fim do ano. Sem chances.

DEVE SER PENITÊNCIA
O ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) tem o hábito de acordar com as galinhas e fazer caminhadas pelas 5h30 da matina. Põe fone no ouvido e sai. Que coisa. Só pode ser penitência.

PÂNICO NA TV
Há clima de medo na TV Cultura com a provável escolha de Helena Bagnolli como sua presidente. Funcionários atribuem à sua gestão o declínio da MTV. E ainda espalham um post dela de outubro de 2018 no Twitter: "Doria não! Socorro! Vou de Márcio França, 40." Maldade.

BRASIL NA OCDE
Os EUA ainda não anunciaram apoio ao Brasil na OCDE. Tudo bem. Mas falta também o Brasil materializar a desistência de tratamento especial na OMC, de coitadinho (que mal usa), para entrar na OCDE.

VIGARICE LEGITIMADA
Nunca houve índios onde se fez Brasília, mas a vigarice indigenista nacional inventou que havia até um "santuário de pajés", para legitimar uma invasão criminosa no bairro Noroeste. Começou com 25 supostos índios, inclusive um hippie louro que só falava francês. Hoje são 78.

CORDA EM CASA DE ENFORCADO
O deputado Heitor Freire (PSL-CE) foi hostilizado pela oposição após citar privilegiados, como deputados, que "ganham R$33 mil e se aposentam com isso". Raros são os que contribuem por 30 ou 35 anos.

PENSANDO BEM...
...oposição se especializou em tumultuar as reuniões da comissão da reforma da Previdência apenas no horário nobre.
Herculano
10/05/2019 07:16
FAROESTE, por Eliane Cantanhêde, no Estado de S. Paulo

Com tantos problemas no País, Bolsonaro só pensa em escancarar o porte de armas.

Parece obsessão e é mesmo: com tantos problemas gravíssimos no Brasil, econômicos, fiscais, sociais, éticos, o presidente Jair Bolsonaro só pensa em ampliar a posse e agora escancarar o porte de armas a níveis nunca antes vistos ou imaginados. Assim, causa a euforia dos armamentistas e o pânico dos que são contra.

Pode-se deduzir que Bolsonaro dedicou os dois primeiros projetos realmente dele à flexibilização da posse e do porte de armas por uma questão político-eleitoral. Ele estaria dando satisfação a seus eleitores e mantendo a "bancada da bala" nutrida e unida a seu favor. Mas não é só.

Por trás dos decretos, está a paixão incontida do presidente por armas, uma paixão que ele transferiu de pai para filho e transformou em política de governo num país onde tiroteios, balas perdidas e mortes de policiais, criminosos, cidadãos e cidadãs comuns são parte da paisagem. Multiplicar as armas em circulação vai reduzir esse banho de sangue? Se até policiais justificadamente armados morrem nos confrontos a tiros, por que os leigos estarão mais protegidos?

O anúncio do novo decreto de Bolsonaro foi um tanto atípico, curioso: ele fez solenidade no Planalto para a assinatura e anúncio, deixou vazar uma ou outra medida e guardou a grande surpresa (ou o grande susto) para o dia seguinte, com o texto publicado no Diário Oficial da União (DOU).

São tantos os absurdos que cada jornal pôde escolher sua manchete, cada telejornal abordou um ângulo, cada coluna deu um enfoque diferente. Foi uma farra de novidades a serem anunciadas, digeridas e, por muitos, repelidas. O próprio ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, disse um tanto constrangido que a medida é "em função das eleições". O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou estudos sobre a constitucionalidade. Partidos e entidades começam a entrar na justiça. Aparentemente, só os bolsonaristas de raiz, além de quem faz das armas um negócio e tanto, estão soltando fogos. Enquanto não soltam tiros.

Armas que sempre foram de uso restrito das Forças Armadas vão passar a circular por aí em mãos de leigos. Quem mora em área rural está liberado para portar um revólver no coldre. Usuários de aviões sentarão lado a lado de pessoas armadas. Crianças e adolescentes não precisarão mais de autorização judicial para aprenderem a atirar, basta os pais deixarem ?" ou melhor, incentivarem.

Na solenidade do Planalto, Bolsonaro produziu uma foto histórica, cercado de políticos de terno e gravata, fazendo gestos que simbolizam armas. Pou! Fogo! Mas, mesmo nesse meio, o presidente se limitou a anunciar que o decreto facilitaria o porte de armas para caçadores, colecionadores, atiradores esportivos e praças das Forças Armadas. Que nada!

No dia seguinte, a edição do DOU trazia uma lista de 20 categorias liberadas para saírem em ruas, avenidas, locais públicos em geral, com suas armas fartamente carregadas. O atual limite de 50 cartuchos deu um salto estonteante para mil.

Não precisarão mais comprovar a efetiva necessidade de portar armas todos os políticos com mandato no País, advogados indiscriminadamente, caminhoneiros autônomos, habitantes de áreas rurais acima de 25 anos, até jornalistas que atuem na área policial. Em 2018, os brasileiros com porte de armas somavam 36,7 mil. Agora, vão disparar para perto de 20 milhões. Um grande, imenso e incerto faroeste. E com 13 milhões de desempregados.

Com seus decretos, armas, cartuchos e Olavos, o presidente só mantém o que já tem: sua tropa na internet. Ele precisa olhar para o que está perdendo e ampliar sua agenda. Ou melhor: conectar a agenda e o governo com a realidade.

Bolsonaro não escancara o porte de armas por questão política, mas por obsessão
Herculano
10/05/2019 07:14
UMA EDUCAÇÃO PENSADA PARA ADOLESCENTES DO SÉCULO 21, por Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial, no jornal Folha de S. Paulo

Estado de SP acerta ao enfatizar a tecnologia e projetos interdisciplinares

A cada edição da Prova Brasil, avaliação bianual aplicada nas escolas públicas, os alunos do quinto ano apresentam avanços em português e matemática. Nos do nono, melhorias apareceram apenas nas três últimas e, mesmo assim, os ganhos são pequenos e a aprendizagem é claramente insuficiente.

Ao final dessa etapa, só 33,9% demonstram aprendizagem adequada em português e 18,2%, em matemática. Apesar dos avanços lentos, algo precisa ser corrigido no fundamental dois e nem sempre as transformações têm ido na direção correta.

Para entender o problema, é importante atentar às características da faixa etária dos alunos, normalmente entre 11 e 16 anos. Boa parte deste período envolve a adolescência, momento de profundas transformações corporais e identitárias, atualmente bastante estudadas pela ciência.

Ocorre que pouco dos achados científicos foram incorporados ao processo de ensino. Além disso, os alunos de 11 anos ainda não entraram na adolescência e se sentem, muitas vezes, perdidos frente à multiplicidade de disciplinas.

É importante lembrar que até 1971, nessa idade, boa parte dos alunos estava no quinto ano, com professor generalista. Em muitos países, a passagem para o docente especialista se dá aos 12 ou 13 anos.

Outra questão relacionada a essa etapa de ensino é a formação do professor. Além da conhecida dissociação entre os conteúdos ensinados no ensino superior e a realidade profissional, aprende-se pouco sobre didática de cada disciplina, sobre o desenvolvimento do adolescente e sobre métodos mais contemporâneos de ensino.

Para que possamos construir uma escola de adolescentes, com aprendizado mais profundo e baixo abandono escolar, precisamos adaptar o ensino e, em especial, a formação de professores para a etapa. Isso inclui a idade de início do segmento, devolvendo o sexto ano para o fundamental um ou criando uma transição mais suave para o ensino com disciplinas especializadas.

Qualquer transformação no ensino, porém, deve ouvir os principais envolvidos no processo, os jovens. É bom lembrar que muitos adolescentes abandonam a escola por não ver sentido no que aprendem e, em levantamento recente com alunos paulistanos para elaboração do currículo municipal, eles demandaram aulas mais engajadoras, menos fragmentadas e maior uso de tecnologia.

Neste sentido, acerta o estado de São Paulo ao enfatizar no currículo de fundamental dois o projeto de vida do aluno, a tecnologia e a possibilidade de projetos interdisciplinares em que os conteúdos de português, matemática e outras disciplinas sejam aplicados a problemas da realidade.

Precisamos de uma educação pensada para adolescentes!
Herculano
10/05/2019 07:07
CAPACETE PARA PATINETE? VOCÊ Só PODE ESTAR DE BRINCADEIRA!, por Rodrigo Constantino, no site da Gazeta do Povo, Curitiba

Acordei no meio da noite com meu filho chorando, e ao descer na cama para ir ao seu quarto, na total escuridão, topei com o dedo do pé na cama. Imediatamente pensei: é preciso ter uma lei para evitar esse tipo de acidente!

Cabe ao estado determinar que nenhuma cama tenha bases escondidas assim, que possam machucar as pessoas. Talvez uma lei obrigado todas as camas a terem uma luzinha saindo de cada pé da cama, para evitar esse tipo de topada. Que tal?

Claro que não pensei nada disso, caro leitor. Não sou o típico brasileiro, acostumado a demandar leis para tudo. Infelizmente, essa mentalidade absurda ainda prevalece em nossa sociedade. As pessoas olham uma coisa da realidade que não gostam, e logo exigem uma lei estatal para cuidar do problema.

Acha que exagero? Então veja essa notícia:

Com os patinetes elétricos em alta, um projeto de lei proposto na Assembleia Legislativa pretende enquadrar no uso do veículo a obrigatoriedade de capacetes. As empresas terão de ceder aos usuários o equipamento de segurança ?" que terá de ser utilizado durante as viagens. Há multa prevista para empresa e condutor que não cumprirem a norma, se aprovada, de R$ 171 por infração.

A deputada estadual Rosane Felix (PSD) participava da Marcha Pela Vida, em Copacabana, neste domingo e se acidentou utilizando um patinete. Ela está de licença médica por ter perdido três dentes e precisou passar por uma cirurgia bocal. Após o acidente, ela decidiu propor a lei para que em futuros casos de queda o condutor esteja seguro:

?" O patinete elétrico não é um brinquedo inocente de criança e precisa ser regulamentado com urgência. Além de eu me machucar com gravidade na primeira vez que andei no patinete elétrico, percebi que este tipo de acidente é cada vez mais comum. O capacete é o mínimo para a segurança do usuário e por isso deve ser obrigatório.

A parlamentar protocolou a proposta na Mesa Diretora nesta terça-feira e o ato foi publicado no Diário Oficial nesta quarta-feira. O projeto passará ainda pelo parecer de três comissões: Constituição e Justiça, Transporte e Economia, Indústria e Comércio. Sem uma regulamentação do município que define as normas de uso e operação dos modais, a iniciativa tenta a inibir o crescente número de acidentes registrados.

Na proposta também fica imposto que as empresas serão obrigadas a contratar seguro para os usuários para coberturas em casos de morte por acidente, danos contra terceiros, invalidez parcial ou total, permanente ou temporária.

Lamento pela queda da deputada, que nunca tinha andado de patinete antes. Mas daí a ela achar que cabe ao estado regular dessa forma o "veículo" vai uma longa distância, aquela que separa gente autoritária de gente razoável.

Vivo num país em que o capacete sequer é obrigatório para moto! Liberdade individual com responsabilidade: o sujeito paga uma taxa extra, para cobrir custos eventuais de saúde pública, e assume os riscos de sua decisão. O que mais vejo por aqui nas highways são motoqueiros em suas Harleys com lencinho na cabeça, sem capacete.

O Brasil cansa. Vão começar com o capacete obrigatório, depois vão querer uma licença especial para o uso do patinete, pistas exclusivas, sinalização, código de trânsito específico, bateria dentro das normas definidas etc. E para tudo isso haverá, naturalmente, enorme aparato de fiscalização.

Terão de criar um órgão específico para isso, talvez dentro do Detran, nomear diretores e superintendentes, abrir concursos púbicos e por aí vai. Quando as empresas sérias cansarem de tanta burocracia e não conseguirem mais ganhar dinheiro, vão abandonar o país, restando as empresas de picaretas ligados ao próprio governo, que molham a mão dos fiscais.

Tudo isso porque a deputada caiu do patinete e achou que cabia ao estado impedir novos acidentes por lei. O brasileiro não tem jeito mesmo. Eita povo para desprezar a liberdade!!!
Herculano
10/05/2019 06:46
GOVERNO NÃO FAZ MUITO ESFORÇO PARA MANTER PODERES DE MORO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Ex-juiz veste capa de superministro, mas descobre que política é sua criptonita

O governo não faz muito esforço para segurar o Coaf nas mãos de Sergio Moro. A recente derrota do superministro no Congresso mostra que, além da resistência de alguns partidos à expansão de seus poderes, nem sempre Jair Bolsonaro estará na retaguarda para defendê-lo.

A decisão que abriu caminho para tirar o órgão de controle financeiro do Ministério da Justiça expõe uma vulnerabilidade política. Até a última hora, Moro tentou convencer os parlamentares a apoiarem o fortalecimento de sua pasta. O Planalto, no entanto, agiu como se aquela fosse uma batalha particular do ex-juiz.

Quando a votação foi aberta na comissão especial, o líder do governo usou apenas 22 segundos para defender a vontade de Moro. O sempre estridente Major Olimpio (PSL) não brigou pela palavra e a deputada Joice Hasselmann (PSL) só chegou para acompanhar a derrota.

O isolamento ficou completo quando o chefe da Casa Civil pediu que o PSL, partido do presidente, deixasse o trem seguir sem o vagão de Moro. Onyx Lorenzoni procurou os deputados e pediu que aprovassem logo no plenário a medida que reorganiza o governo, deixando o Coaf de lado.

Bolsonaro entregou Moro de bandeja ao Congresso para evitar derrotas maiores. O presidente tem um capital político limitado e, até agora, não conseguiu formar uma base aliada que seja fiel a suas causas. Ele decidiu preservar seus poucos trocados para outras brigas.

Quando convidou Moro para o governo, Bolsonaro lhe prometeu amplos poderes, incluindo o Coaf. Antes de dar de ombros para o órgão, o presidente já havia vetado uma escolha do ex-juiz para um conselho e atropelado as restrições feitas pelo ministro aos decretos que facilitaram o acesso a armas de fogo.

Moro é um personagem mais popular do que Bolsonaro, mas as derrotas sucessivas e o respaldo vacilante do presidente impedem que o subordinado ofusque o próprio chefe. O ex-juiz trocou a toga pela capa de superministro, mas descobriu que a política é sua criptonita.
Herculano
09/05/2019 20:56
OS QUE VOTARAM A FAVOR DA BANDIDAGEM

Veja abaixo o resultado da votação na comissão mista da MP da reforma administrativa sobre a proposta para devolver o Coaf ao Ministério da Economia.

Quem votou para retirar o Coaf do Ministério da Justiça:

Senador Rogério Carvalho (PT)
Senador Jean Paul Prates (PT)
Senador Ciro Nogueira (PP)
Senador Nelsinho Trad (PSD)
Senador Jayme Campos (DEM)
Deputado Valtenir Pereira (MDB)
Deputado Elmar Nascimento (DEM)
Deputado Célio Silveira (PSDB)
Deputado Arthur Lira (PP)
Deputado Marx Beltrão (PSD)
Deputado Alexandre Padilha (PT)
Deputado Luiz Carlos Motta (PR)
Deputado Camilo Capiberibe (PSB)
Deputado Subtenente Gonzaga (PDT)

Quem votou para manter o Coaf no Ministério da Justiça, como queria Jair Messias Bolsonaro,PSL e o ministro Sérgio Moro:

Senadora Simone Tebet (MDB)
Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB)
Senador Antonio Anastasia (PSDB)
Senadora Rose de Freitas (Podemos)
Senadora Selma Arruda (PSL)
Senador Randolfe Rodrigues (Rede)
Senador Alessandro Vieira (Cidadania)
Senador Otto Alencar (PSD)
Deputado Filipe Barros (PSL)
Deputado Diego Garcia (Podemos)
Deputado Daniel Coelho (Cidadania)
Herculano
09/05/2019 20:53
da série: frutos do que os filhos de Bolsonaro semearam

O CONGRESSO PERDEU O MEDO

Conteúdo de O Antagonista. Depois dos ataques de Olavo de Carvalho e Carlos Bolsonaro à ala militar do governo, os parlamentares perderam o medo das redes sociais, porque os próprios eleitores de Jair Bolsonaro se afastaram dos aloprados.

Agora o Congresso Nacional se sente livre para fazer o que quiser: tirar o Coaf de Sergio Moro, engavetar o pacote anticrime, barganhar cargos com o presidente e desidratar a reforma previdenciária.
Herculano
09/05/2019 20:45
COMO OS POLÍTICOS SE PROTEGEM NA SACANAGEM

De Augusto Nunes, de Veja, no twitter:

A manchete que os jornais NÃO darão amanhã; FRENTE PARLAMENTAR PRó-BANDIDAGEM ROUBA COAF DE SÉRGIO MORO

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