07/10/2019
Falsamente, a secretaria de Agricultura e Aquicultura, junto com o sindicato rural, no entanto, espalhou que a culpa era das ações dos vereadores dos partidos de ‘oposição’.
O líder do PT na Câmara, Dionísio Luiz Bertoldi, (à esquerda) leu o requerimento enviado pela prefeitura onde o secretário de Agricultura e Aquicultura, André Pasqual Waltrick, PP, (à direita)desmentiu o que se propagava aos aogricultures, inclusive pela própria presidente do Sindicato Rural, Ivanilde Rampelotti (ao centro), de que a interrupção do fornecimento de adubo de sobras do processamento de fumo era coisa da “oposição”
O assunto pode até ser velho. Mas, ele mostra uma prática e repetida.
O jogo político duro pilotado pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, contra os que ainda não se alinharam com ele na busca da reeleição, sofreu mais um revés na semana passada.
Ao ser obrigado a responder um requerimento da bancada do PT na Câmara de vereadores, Kleber teve que desmentir a notícia que ajudava – pela omissão dele e na intenção de subordinados - a espalhar falsamente no interior do município: a de que os vereadores de “oposição”, sem nominar quem seria essa “oposição”, teriam boicotado o acesso dos agricultores gasparenses ao adubo orgânico oriundo das sobras do processamento de fumo em folha na unidade industrial da Souza Cruz, em Blumenau.
A notícia falsa foi espalhada intencionalmente pela secretaria de Agricultura e Aquicultura e o Sindicato Rural de Gaspar como forma de encobrir erros e ao mesmo tempo intimidar e retaliar às denúncias feitas pelos vereadores Cícero Giovane Amaro, PSD, e Dionísio Luiz Bertoldi, PT, este com fortes laços com agricultores do Gasparinho e Gaspar Alto, sobre o uso irregular de equipamentos públicos em área de preservação ambiental. Esses fatos, sim, é que estão sendo apuradas pela Polícia Ambiental e o Ministério Público e incomodam os políticos e gestores públicos envolvidos.
O requerimento respondido pela prefeitura confirmou com todas as letras que o adubo não será mais disponibilizado pela Souza Cruz, de Blumenau, simplesmente porque a unidade industrial de lá foi desativada há poucas semanas. Como o adubo é um sub-produto do processamento do fumo e não havendo esta atividade, é lógico que não se tenha ele disponível para a distribuição como havia antes. Simples assim!
E a prefeitura de Gaspar precisava se auto-desmascarar de forma oficial, e em documento oficial? Não! Se os que orientam o prefeito e à atual administração não tivessem à vingança como princípio de governo, bem como, soubessem do velho ditado de que a mentira tem pernas curtas, ainda mais em dias de mundo digital, internet, redes sociais e aplicativos de mensagens que dão instantaneidade nos desmentidos e nas provas disso.
Aliás, a presidente do Sindicato Rural, que congrega e defende os agricultores gasparenses, Ivanilde Rampellotti, de viva-voz, num áudio de dez minutos, foi uma das que tratou de espalhar esta acusação via aplicativo de mensagens pelo município.
Quem mesmo orienta essa gente? Esta má orientação – por incapacidade profissional ou por deliberada ação de resultado político – é o que começa a pegar contra o governo.
Diante da realidade, da transparência e da cobrança de grupos organizados, amplia-se, cada vez mais, o desgaste do governo quando a prefeitura culpa os outros pelo atraso de obras, daquilo que ela promete e não cumpre, mal planeja e pior executa. É repetitivo. Nem neste assunto o prefeito eleito, bem como o prefeito de fato e secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira, conseguem inovar e sair da armadilha predileta dos velhos políticos, que plantavam uma inverdade e que levava meses ou anos para serem desmentidas e nesse ínterim, curtiam as benesses eleitorais das inverdades que semeavam.
Hoje, a reação e a elucidação são instantâneas, mesmo diante do silêncio da imprensa tradicional, como foi neste caso. Só aqui neste espaço, os leitores e leitoras de Gaspar tiveram acesso a este assunto, apesar dele ser pauta para qualquer apuração e reportagem. Afinal, se fosse verdade, políticos por sacanagem estariam prejudicando uma significativa parcela de produtores rurais. Não foi o caso.
O feitiço virou contra o feiticeiro neste caso e está virando em outros.
E o governo Kleber começa a criar uma marca – a de colocar a culpa da sua incapacidade nos outros -, apesar de ter contratado um grupo experiente para fazer a sua comunicação pensando somente na reeleição. Os políticos no poder de plantão levaram uma surra nas urnas em outubro do ano passado e parece ainda não entenderam a lição, nem os seus orientadores. Outubro do ano que vem já está chegando. Acorda, Gaspar!
Independente de quem se elegeu nas eleições para as cinco vagas de titulares do Conselho Tutelar de Gaspar, os resultados mostraram uma hegemonia naquilo que se era cantado, projetado e esperado. Apesar de não haver, praticamente, disputa, o Ministério Público teve que atuar para arbitrar minimamente o que se tornava por outro lado, uma disputa partidária, onde o foco dos candidatos deveria ser unicamente à fiscalização, aplicação das políticas específicas e proteção dos menores em situação de risco e vulnerabilidade.
Primeiro, tudo ficou meio na surdina. Quando os candidatos se inscreveram, só cinco tiveram habilitação segundo a comissão especial criada para esta verificação. Se perpetuasse tal situação, não haveria eleição, mas apenas uma homologação: cinco vagas, para cinco candidatos.
Segundo. Recurso de cá e de lá, ao final sete estavam habilitados para a cinco vagas. E só aí começou a "briga" de bastidores para não se ter ninguém que pudesse colocar em cheque às políticas públicas praticadas na área e validadas operacionalmente pela secretaria de Assistência Social.
Antes de prosseguir, registro aqui os resultados de ontem. Eles estão nos noticiários de hoje friamente dessa forma: Vanessa Scheidt obteve 873 votos; André Luiz, 629; Mayndra Tonet, 495; Márcio Sansão, 475; Mari Inez Testoni Theiss, 391 votos. Mari Inez foi eleita, talvez pela desistência de uma do grupo titular. Os outros quatro foram reeleitos. Ficaram de fora: Josí Zuchi, 344 e Marlise Rita, com 291 dos 2.957 votos.
Mas o diabo mora nos detalhes, que na verdade é o cerne de toda a questão que não se quis ver debatida na cidade. Todos os atuais Conselheiros foram reeleitos. Não havia concorrência. Só para comparar: em Blumenau disputavam as 15 vagas 83 candidatos, depois da peneira da tradicional impugnação.
Em Gaspar, estavam aptos a votarem 46.355 eleitores gasparenses, mas só foram às urnas 1.485, ou seja, 3,20% dos habilitados, num domingo de chuva intermitente. Em Blumenau, apesar do número elevado de candidatos, baixa participação foi tão igual quanto Gaspar. Esse dado por si só, mostra como houve pouca sensibilização, comunicação e divulgação. Em Gaspar foi uma votação em um clube restrito.
Outro dado, entretanto, é mais assustador e deve merecer reflexão dos gestores públicos e dos que conduzem às políticas de proteção aos vulneráveis: quem ganhou mesmo foi o nulo: 970 sufrágios.
Mas tudo isso tem origem em Gaspar e está bem qualificada no governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB. Os vulneráveis sociais e as mazelas dessa área nunca foram prioridades do atual governo. Tão logo tomou posse, mandou um Projeto de Lei para a Câmara para se desobrigar o município do 1% para o Fundo da Infância e da Adolescência. Dinheiro só para as polêmicas obras físicas para a propaganda eleitoreira.
Se não fosse o alerta que começou aqui, tudo teria passado. Ao final houve uma composição mínima para manter ao menos 1% no FIA
Pois não passou pouco tempo dessa tentativa de fragilizar o que protege os vulneráveis numa cidade feita de gente pobre e migrante, tentou-se fechar a "Casa Lar", e vejam só, por "falta" de gente em estado de vulnerabilidade e que os conselheiros não detectaram. Tudo para "economizar" e levar o dinheiro para obras eleitorais e mandar os menores para serem "cuidados" em lares já reconhecidamente desestruturados, ou substitutos. Se não fosse o alerta daqui tudo passaria outra vez.
E o que falar da secretaria de Assistência Social que tão logo Kleber venceu foi dada a um amigo, pentecostal, que tinha como principal qualidade a de ter sido o assessor de gabinete do então vereador Kleber? Não deu conta, ficou doente, correu, mas continuou com os empregos na aparelhada prefeitura.
A lista é longa e o MP conhece muito bem no seu cotidiano.
E aí você se pergunta? O que tem tudo isso a ver com as eleições dos conselheiros tutelares que deveriam ser independentes quando eleitos, agentes de aplicação das políticas na proteção dos vulneráveis na infância e juventude desvalida?
Respondo: tudo. Se o trabalho deles for feito com independência e eles resolverem levar os casos ao MP, ou à ouvidoria do MP, a prefeitura, a secretaria de Assistência Social para não ficarem desgastadas - ainda mais em ano de eleições - e vão ter que gastar mais dinheiro, ficarem exposta ao debate público e por isso, terão que tomar ações preventivas e corretivas.
E dinheiro em Gaspar na gestão do prefeito Kleber, só para obras físicas, que nunca terminam, que não possuem planejamento e vivem sob intensas e permanentes dúvidas.
Então é melhor cortar os problemas pela raiz antes deles acontecerem, pois no mínimo, os conselheiros eleitos terão imunidade para fiscalizar e denunciar. E se for gente que não pode fazer isso com isenção, o Conselho Tutelar se torna um ente aparelhado e instrumentalizado do governo de plantão contra as crianças e jovens em situação de risco e de vulnerabilidade. Se não cuidados preventivamente agora, o problema será multiplicado em pouco tempo contra a própria sociedade. Acorda, Gaspar!
O bairro Bela Vista é o segundo maior colégio eleitoral de Gaspar. Apesar da representação na Câmara onde hoje estão na ativa um vereador titular mora lá, outro nasceu lá e dois suplentes que aproveitam a chance, tem sido relegada pelo governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP.
A população reclama e os vereadores também. E não é para as obras de drenagem o ponto crucial de lá, e sim para o mínimo como capina, limpeza de bueiros, pontos de ônibus, iluminação pública...
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