O PDT de Gaspar poderá ficar encalacrado no apoio que dá hoje a Kleber se Décio resolver sair do PT - Jornal Cruzeiro do Vale

O PDT de Gaspar poderá ficar encalacrado no apoio que dá hoje a Kleber se Décio resolver sair do PT

04/07/2019

O PT vai virar PDT? I

Está em curso e sob um “prudente” sigilo, uma possível grande mudança que poderá influenciar de alguma forma às eleições municipais do ano que vem, especialmente em Gaspar. Parte do PT catarinense, ligado ao ex-deputado Federal e prefeito de Blumenau, advogado e sindicalista, o itajaiense Décio Neri de Lima, estuda migrar com o seu grupo para o PDT. Este ensaio já aconteceu há dois anos e foi abortado. Há dificuldades reais. Os mais chegados a Décio já foram consultados sobre essa possibilidade e eles estão fazendo sondagens informais com as micro-lideranças.

O PT vai virar PDT? II

Entre toda a sorte de dificuldades a serem superadas, há inclusive, as emocionais. Basta lembrar que a família Lima, incluindo a ex-deputada estadual Ana Paula, mulher de Décio, sempre foi muito próxima ao fundador do partido e ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a tal ponto de trazer para Santa Catarina e proteger Lurian, a filha de Lula. Entretanto, o pragmatismo, diante das mudanças do humor do eleitorado, da comunicação via as mídias sociais, dos degastes e das prisões decorrentes da Lava Jato, poderá ser o ponto vital nesta inflexão pretendida por Décio em torno do PDT. Primeiro os Limas estão estrategicamente quietos, ou seja, canarinho na muda, não canta. Segundo: estão sem palanque por falta de função parlamentar e poder. Estão sem perspectivas de voltar a ter função política diante do quadro político-eleitoral se não mudarem e encontrarem um novo eixo-para discursos. Estão perdendo as suas lideranças. Tudo tem lhes incomodado, sobremaneira. Finalmente, estão cientes, que com o PT terão cada vez mais dificuldades para voltar ao cenário político eleitoral competitivo como gostariam por aqui à curto prazo.

O PT vai virar PDT? III

O PDT por sua vez, sempre foi um alinhado de sempre do PT no campo da esquerda. Como partido, o PDT, nunca deslanchou no estado, apesar da fama do trabalhista Doutel de Andrade eleito aqui e pelo seu Rio de Janeiro deputado Federal. Esse papel se repetiu com o criciumense Manoel Dias. Ele chegou a ser ministro do Trabalho do tempo dos petistas, mas nada disso nunca se traduziu em votos nas urnas. O PDT sempre esteve num papel de usufrutuário do poder apenas pelas afinidades ideológicas. A ida de Décio para o PDT é a tentativa, para dar “renovação” e densidade eleitoral ao partido e ao mesmo tempo, livrar Décio da defesa em tempo de campanha eleitoral de um PT manchado e desgastado, como se fosse fácil virar esta página.

O PT VAI VIRAR PDT? VI

O que isso pode influenciar nas eleições do ano que vem em Gaspar? A princípio pode favorecer ao grupo de Pedro Celso Zuchi ligado umbilicalmente a Décio Neri e Ana Paula Lima. Provavelmente, se as conversas de Décio prosperarem na cúpula pedetista, haverá a transferência de uma parcela ponderável petista para o lado que pender Décio e se resolve ao mesmo tempo questiúnculas internas no PT catarinense. Hoje, Zuchi, independentemente de estar filiado ao PT ou não, possui eleitores certos por aqui. Se Zuchi retirar dele a marca do PT, acredita-se os que não são petistas, mas votam nele, poderá melhorar a performance. Porém, uma aposta incerta em tempos de humor estranhos dos eleitores.

O PT vai virar PDT? V

Se o PT daqui virar PDT – e haverá danças de políticos, especialmente de vereadores –, o PDT de Gaspar estará encalacrado. O atual presidente, o vereador Roberto Procópio de Souza – e que participou ativamente do governo de Zuchi e do PT -, depois de liderar a oposição na Câmara ao governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, é agora um dos novos alinhados de Kleber. Se Zuchi for para o PDT para seguir o seu guru Décio, quem terá que abonar a ficha de entrada do ex-prefeito no partido de Procópio? O próprio Procópio. Será interessante! Estará criado o embaraço. O PDT terá que fazer as escolhas de Sofia. Entre elas, a de sair do governo e apoiar Zuchi, ou apoiar a reeleição de Wan Dall e deixar Zuchi, ou um indicado por ele, na prateleira, contentando-se apenas com a eleições dos vereadores. Resumindo: está aberta a temporada de jogos, jogadores, traições, negócios e principalmente de blefadores. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O governo de Raimundo Colombo, PSD, deixou o Hospital de Gaspar – que ninguém sabe a quem pertence – à míngua, naquilo que era sua obrigação, vejam bem, por lei e convênio. Vergonha. O mesmo aconteceu no tempo de Eduardo Pinho Moreira, MDB.

Aliás, o presidente do partido por aqui e depois secretário de Saúde, e prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, arrotou ter criado – devido à afinidade partidária - uma “ponte definitiva” para “solucionar” esses repasses obrigatórios que giravam em torno, vejam bem, novamente, de minguados R$11 mil por mês.

Pois é. O atual governador Carlos Moisés da Silva, PSL, acaba de confirmar um repasse parcelado que totalizará R$600 mil por ano para o Hospital de Gaspar. Pouco, mas substancial ao que tinha direito e nem se recebia. Incrível!

Sabe o que o MDB de Gaspar está falando por aí para tirar a lasquinha naquilo que teve oportunidade para reverter e não conseguiu? Que a liberação desses recursos pelo governador Moisés só foi possível porque Kleber Edson Wan Dall, MDB, preocupou-se em regularizar o Hospital como filantrópico. Assustador! Até na obrigação fazem dela propaganda para enrolar analfabetos, ignorantes, desinformados e gente partidária. Aqui, não!

A propaganda enganosa. É tradicional a Feijoada do 15, ou seja, do MDB de Gaspar. Movimenta meia cidade. Não há um veículo de comunicação que não a promova e os seus provem do prato (bem feito). Nas redes, um show. No poder, os comissionados saem por aí para vender os cartões. Tudo é bem mais fácil...

E neste ano teve uma causa nobre: a renda foi toda ela para o Hospital de Gaspar que sob intervenção do próprio governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, está em perpétuo socorro. Você sabe quanto foi o lucro da Feijoada do 15? O espetaculoso checão de R$12 mil. Ele nas fotos das redes sociais – oficiais e dos amigos - correu a cidade como o grande acontecimento da semana. Parabéns pela filantropia.

Agora, compare. Sabe quando deu de lucro líquido a feijoada da que estava jogada às sarnas, a Agapa – Associação Gasparense de Proteção dos Animais? Pouco mais de R$19 mil. Não teve badalação, não teve apelo partidário – ao contrário: teve uma causa com voluntários na maioria jovens.

Conclusão: o MDB de Gaspar precisa olhar melhor para dentro de si, inclusive na arrogância, na intimidação, no constrangimento, nas parcerias de interesses e na falta de transparência no poder. Os sinais de desastres de outubro do ano passado parecem que não serviram de lições. Então...

A diferença. Na semana passada os veículos de comunicação da região fizeram manchetes com R$4 milhões que Blumenau recebeu da Defesa Civil Federal para reparar estragos dos temporais de janeiro de 2018, os mesmos que castigaram Gaspar.

Aqui, a verba perto de R$2,2 milhões já foi recebida e as obras executadas: reparo da barranca do Rio Itajaí Açú defronte ao supermercado Acher, a reconstrução da ponte do Morro da Fumaça, no Distrito do Belchior, e mais três casas no loteamento das Casinhas de Plástico. Tudo isso, foi trabalho do ex-superintendente da Defesa Civil, o cabo bombeiro Militar Rafael Araújo Freitas. Então...

Cobre-se um santo, despe-se outro. Com a interdição da Rua Nereu Ramos e à falta crônica de gente na Ditran – Diretoria de Trânsito – de Gaspar e devido à falta de concurso específico, já vai para a segunda semana que a cidade está sem Área Azul. É que os monitores foram deslocados para ajudar na observação e orientação do tráfego no desvio criado para essa emergência.

O que se esconde é a crônica falta planejamento em todas as áreas da gestão de Kleber Edson Wan Dalll, MDB. O médico – e vereador - Silvio Cleffi, PSC, é funcionário público municipal lotado no posto do Bela Vista. Pediu e ganhou a sua Licença Prêmio. Foi chamado de volta. Para cobrir à falta de médico no posto do Gaspar Alto.

 

Edição 1908

Comentários

Herculano
08/07/2019 07:14
DAQUI A POUCO COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA E ESPECIAL PARA OS LEITORES E LEITORAS DO PORTAL CRUZEIRO DO VALE - O MAIS ANTIGO, ATUALIZADO, ACESSADO E ACREDITADO DE GASPAR E ILHOTA
Herculano
07/07/2019 10:07
da série: a lista é grande e vai desde Renan Calheiros, MDB até Aécio Neves, passado pelo próprio Michel Temer, MDB, sem se esquecer de poderosos grupos empresariais. Wake up, Brazil!

"O RESPONSÁVEL PODE SER UM INVESTIGADO QUE NÃO FOI AINDA ATINGIDO POR DECISÃO JUDICIAL"

Conteúdo de O Antagonista. Sergio Moro disse ao Correio Braziliense quem ele acredita ser o responsável pelos ataques à Lava Jato.

"A minha impressão, vendo todo esse episódio, é que iniciou com ataques aos procuradores. Depois, sucedido por uma tentativa de intrusão no meu aparelho celular. Tendo começado o ataque pelos aparelhos dos procuradores, me parece mais um ato, realmente, contra a operação Lava Jato, do que necessariamente contra a minha pessoa. Claro que, no caminho, as coisas podem se alterar, a depender do peso que se dá a uma coisa ou outra. Considerando essa cronologia, me parece que foi um ataque à Lava Jato. Nessa perspectiva tem duas opções: anulação de condenações já exaradas, de pessoas que praticaram crimes de corrupção, ou, que talvez seja até pior, impedir a continuidade das investigações. Eventualmente, o responsável pode ser algum investigado que não foi ainda atingido por uma decisão judicial, de condenação ou prisão, que esteja querendo obstruir a ação da Justiça e do MP."
Herculano
07/07/2019 10:00
A OMISSÃO DA FOLHA DE S. PAULO


Conteúdo de O Antagonista. Em cinco de agosto de 2017, Sergio Moro escreveu a Deltan Dallagnol:

"Talvez seja o caso de tornar pública a delação da Odebrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?"

Qual era o contexto da mensagem?

Isso a Folha de S. Paulo - a fim de escandalizar o fato - preferiu omitir, claro.

Naquele mesmo sábado, 5 de agosto de 2017, a procuradora-geral venezuelana, Luisa Ortega Díaz, foi destituída pela ditadura de Nicolás Maduro, justamente por tentar investigar as propinas da Odebrecht na Venezuela. O caso foi encerrado pela brutalidade do regime, que obstruiu a lei.

A Folha de S. Paulo, que publica alegremente documentos roubados, agora ataca Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato por terem estudado medidas legais - repetindo: legais - para revelar documentos verdadeiros - repetindo: verdadeiros - que incriminavam uma ditadura corrupta que perseguia o Judiciário.

Parabéns.
Herculano
07/07/2019 09:52
MORO: " NÃO VOU DESISTIR POR CAUSA DE FALSOS ESCÂNDALOS"

Em sua entrevista ao Correio Braziliense, Sergio Moro rejeitou a possibilidade de deixar o cargo de ministro da Justiça.

"Achei que esse revanchismo da Lava-Jato tinha se encerrado. Aqui [no ministério] tenho um trabalho e uma missão a ser cumprida, que é consolidar os avanços sobre o combate à corrupção e ao crime organizado. Não vai ser por causa de falsos escândalos que vou desistir dessa missão."
Herculano
07/07/2019 08:33
AUTOENGANO, por Marcos Lisboa, economista, presidente do Insper, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (2003-2005), no

A reforma tributária pode simplificar o sistema de coleta de impostos, mas não diminuir a carga

Segundo a imprensa, um conjunto de empresários anunciou na semana passada que irá apoiar a criação de um imposto único sobre movimentação financeira, o que permitiria a redução da carga tributária.

Sinto ser portador de más notícias, mas isso não é possível. O governo tem uma série de contas a pagar, como aposentadorias, salários de servidores e muitas outras que não podem ser reduzidas, mesmo com mudanças na legislação.

A carga tributária hoje não é suficiente para pagar essas despesas obrigatórias, e o máximo que o governo pode fazer é propor reformas para reduzir o seu crescimento, como no caso da Previdência. Por isso, a reforma tributária pode simplificar o sistema de coleta de impostos, mas o resultado final não pode implicar queda da arrecadação.

Para agravar, o governo anda sugerindo que irá aumentar as transferências para estados e municípios. Para isso, ao contrário do esperado, terá que aumentar a carga tributária, considerando suas atuais obrigações legais.

Um imposto sobre movimentações financeiras de 2,5%, como proposto, pode parecer pouco, mas é caso de autoengano. A produção de bens inclui diversas etapas, da produção de insumos básicos, como energia ou aço, passando pela compra de máquinas e de peças que, por sua vez, são também o resultado de muitos processos produtivos.

Em cada uma dessas etapas, o pagamento pelos insumos utilizados será onerado por esse novo tributo. Quanto maior o número de transações para a produção de um bem final, maior será o imposto a ser pago.
Esse regime tributário penalizará, sobretudo, a indústria, cuja cadeia produtiva é usualmente bastante longa. Além disso, vai na contramão das regras adotadas pelos demais países e pode induzir o aumento da informalidade.

A boa prática tributária recomenda tributar apenas o valor adicionado em cada etapa produtiva, descontando-se os impostos já pagos quando da aquisição dos insumos utilizados no processo de produção. Dessa forma, evita-se pagar imposto sobre imposto, o que mascara a carga tributária efetivamente paga e leva ao aumento dos preços relativos dos bens mais complexos.

A boa prática também recomenda que os tributos sejam pagos onde os bens e serviços são consumidos e, por essa razão, a maioria dos países não cobra impostos sobre as exportações, tributando, porém, as importações.

Caso o Brasil adote um imposto sobre movimentação financeira, não será possível desonerar as exportações, pois qualquer insumo utilizado direta ou indiretamente estará onerado por tributos pagos para sua produção.

Nem tudo que reluz é ouro. A simplicidade pode custar mais caro do que se imagina.
Herculano
07/07/2019 08:26
O QUE FAZ UM ESTADISTA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro julga que, por ter sido eleito, tem legitimidade para fazer o que seria a vontade do 'povo': acabar com tudo o que veio antes dele

Quem ambiciona ser estadista deve ter clara visão de mundo e deve se perguntar se essa visão é mesmo a melhor para o país que pretende governar. Há pessoas que, diante dessa questão, respondem, sem espírito crítico, que sua visão é não só a melhor, como é inquestionável. Na verdade, quem assim se apresenta não é um estadista, mas um político medíocre, que mede o mundo pela régua curta de seus preconceitos e não tem, como consequência, rigorosamente nada de grande a oferecer ao país em termos de política, de economia e do bom funcionamento das instituições.

Um verdadeiro estadista não é o que manda, mas o que governa - e governar é tomar decisões depois de ouvir as forças políticas e sociais legítimas e procurar saber quais são as autênticas prioridades das gerações atuais, mas, principalmente, das futuras. Desse modo, é capaz de inspirar os cidadãos, mesmo aqueles que não o escolheram como presidente, a trabalhar por um país melhor. Essa é a diferença entre um projeto de construção e um projeto de destruição. Um dos grandes males do Brasil após a redemocratização tem sido a política de terra arrasada: quem assume o poder anuncia que fará tábula rasa do que veio antes, sem se importar se aquilo que veio antes é essencial para o crescimento do País.

Há governantes que vão além e interpretam o voto que receberam como uma ordem para destruir o trabalho dos antecessores e tratar a oposição como pária. O voto, segundo essa visão, estabeleceria uma conexão direta do eleitor com o eleito, tornando esse governante o único capaz de interpretar o desejo popular. Na América Latina, esse tipo de populismo já foi experimentado com dramáticas consequências, por exemplo, no Peru de Velasco Alvarado e na Venezuela de Hugo Chávez, a cuja ruína assistimos ao vivo.

Em comum na experiência desses países é que governantes medíocres que se pretendem "estadistas" não conhecem outro caminho que não seja o da demagogia para exercer o poder, atropelando as instituições democráticas e contaminando o debate político com ideologias e imposturas. Interdita-se a política e criminaliza-se o passado, como se nele residisse todo o mal. Só o "novo" é bom e redentor.

A história mostra que o País só ganhou quando foram preservados, de um governo a outro, os valores fundamentais da sociedade e revogados os costumes que jogavam governo e sociedade num círculo vicioso e corruptor. Lula da Silva soube entender essa verdade básica, mantendo na primeira parte de seu governo inicial os fundamentos que levaram à estabilidade econômica na administração anterior, de Fernando Henrique Cardoso. Quando ele se deixou levar pelo perfume inebriante do populismo e tentou convencer os brasileiros de que o legado de responsabilidade fiscal era uma "herança maldita" e, como tal, precisava ser destruído, os governos petistas abriram caminho para o desastre. O País ainda não se recuperou dessa aventura.

Vivemos situação semelhante. O presidente Bolsonaro vive repetindo que é ele o único e bom representante do povo, como se não soubesse que, pela boa doutrina constitucionalista, é o Legislativo que representa a vontade popular. O novo governo elegeu-se prometendo mudar tudo. Quando Bolsonaro decidiu encaminhar um projeto inteiramente novo de reforma da Previdência, desprezando um projeto do governo anterior que já estava com tramitação avançada, seguiu a lógica da terra arrasada, sem levar em conta as necessidades do País. A mesma lógica presidiu o desinteresse do atual governo pelos projetos deixados pela gestão anterior com vista a incentivar a retomada do crescimento. Há muitos outros exemplos dessa devastação deliberada, da política externa à educação.

Mas Bolsonaro julga que, por ter sido eleito, tem legitimidade para fazer o que seria a vontade do "povo": acabar com tudo o que veio antes dele. "Respeito todas as instituições, mas acima delas está o povo, meu patrão, a quem devo lealdade", escreveu nas redes sociais, esquecendo-se de que ele não foi o único eleito em 2018 ?" todos os parlamentares, inclusive os da oposição, também receberam votos. Deve-se dizer, aliás, que a vontade do "patrão" de Bolsonaro representa-se melhor no Congresso do que no Palácio do Planalto, que não é a "casa do povo". Por isso, se o presidente quiser saber o que o "povo" demanda, o melhor lugar não é numa manifestação de simpatizantes na Avenida Paulista, e sim no Congresso democraticamente eleito para representar cada um de nós.
Herculano
07/07/2019 08:24
MACONHISTAS IMATUROS, por Dráuzio Varella, médico cancerologista, no jornal Folha de S. Paulo

Maioria ignora os efeitos da maconha no cérebro, sobretudo no adolescente

Chamar de maconheiros os usuários é considerado depreciativo. Maconhistas, preferem eles. Com a produtora Uzumaki, fizemos uma série sobre a maconha com o título de "Drauzio Dichava", que já teve 4,5 milhões de acessos no YouTube, em dois meses.

Fiquei surpreso com a repercussão e com falta de informação dos entrevistados sobre o mecanismo de ação e os efeitos colaterais da droga. A maioria acha que se trata de uma erva natural, que traz relaxamento, sensação de paz e percepção aguda da realidade, sem causar danos.

Alguns não sabem que o THC, o componente ativo, é absorvido nos alvéolos pulmonares e cai na circulação. A dependência química é desconhecida ou negada mesmo por gente que faz uso diário, há décadas. A perda de memória ao fumar é menosprezada até pela jovem que esquece uma ponta no cinzeiro da sala dos pais. E, pior, ninguém ouviu falar que o consumo na adolescência pode ter consequências nocivas e duradouras.

Diversos estudos, no entanto, mostraram que o impacto repetitivo da maconha no cérebro ainda adolescente é deletério. Interfere na memória, na atenção, na velocidade de processamento das informações e na concentração.

A explicação está na vulnerabilidade do tecido cerebral na infância e na adolescência. O córtex pré-frontal, responsável por funções como julgamento, tomada de decisões e controle da impulsividade, só completa a fase de amadurecimento ao redor dos 25 anos de idade, muito mais tarde do que as áreas encarregadas do processamento das emoções.

O THC distorce a troca de informações entre os neurônios. A exposição frequente pode modificar de forma persistente a arquitetura das redes neuronais que coordenam a cognição, nelas incluídos o aprendizado, a atenção e a resposta aos estímulos emocionais. Em alguns adolescentes predispostos, essas alterações levam à compulsão que está na base da dependência química.

Evidências sugerem que o uso diário ou semanal por adolescentes, durante anos consecutivos, pode causar alterações neuropsicológicas que persistem além do período de intoxicação aguda. Vários
estudos revelaram, de forma consistente, que os usuários crônicos têm resultados piores nos testes neuropsicológicos. Em alguns deles, a deficiência foi detectada mesmo depois de anos de abstinência.

A magnitude do déficit cognitivo será mais alta quanto maiores forem as quantidades consumidas, a frequência e a duração do consumo e também a precocidade da iniciação. Fumar maconha aos 30 anos é bem menos problemático do que fazê-lo aos 15.

Para agravar, a maconha comercializada nas ruas tem concentração de THC quatro a cinco vezes mais alta do que a dos anos 1990. A diferença seria comparável à dos efeitos do álcool contido num copo de cerveja ou num copo de saquê.

A ignorância em relação a esses fatos é uma das consequências da clandestinidade. Que ajuda podemos prestar às crianças que começam a fumar, se elas o fazem às escondidas? Como lidar com o ímpeto de desafiar a proibição que lhes é imposta?

Veja o que aconteceu com o cigarro. Nos anos 1960, cerca de 60% dos brasileiros com mais de 15 anos fumavam. Entre outras medidas, anos de informações transmitidas pelos meios de comunicação de massa e educação nas escolas fizeram as crianças entender que fumar está ligado às piores doenças. Hoje, a prevalência entre nós caiu para cerca de 10%.

Fosse o cigarro mantido no silêncio da ilegalidade, teríamos conseguido resultados tão contundentes?
A maconha faz parte do universo dos jovens de qualquer classe social; mesmo os abstêmios têm amigos que fumam. Em certas fases da juventude o risco de uma filha ou filho experimentá-la é alto. Condená-los por ter curiosidade, necessidade de aceitação no grupo ou por cair em tentação vai ajudá-los em algo?

Eles precisam de ensinamentos claros para entender que compostos psicoativos como o THC provocam efeitos colaterais, alterações neurobiológicas e podem causar dependência química.

Se ainda assim decidirem fumar, não é a repressão que os impedirá - nem será uma tragédia familiar. A maioria dos que experimentam na adolescência abandona o uso por conta própria ou fuma com intervalos de semanas ou meses. Maconha não é droga compulsiva como cigarro ou cocaína.

Desesperar-se porque a filha ou o filho "caiu no mundo das drogas" só por fumar maconha ocasionalmente é criar drama de novela mexicana
Herculano
07/07/2019 08:15
VINTE E CINCO ANOS DO REAL, por Fernando Henrique Cardoso, sociólgo, senador por São Paulo, ministro da Fazenda que implantou o Plano Real, no governo de Itamar Franco (com o impeachment de Fernando Collor de Mello), duas vezes presidente da República, nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo

De novo o País está em perigo. Mãos à obra, a começar pela reforma da Previdência

Neste mês de julho de 2019 o Plano Real comemora 25 anos. As novas gerações não se lembram, mas a inflação foi um flagelo. De dezembro de 1979 a julho de 1994, a inflação acumulada atingiu aproximadamente 12 trilhões por cento.

A renda do trabalhador era corroída pela alta crônica e crescente dos preços. Sofriam principalmente os trabalhadores mais pobres, sem organização sindical a maioria. Onde o sindicato era forte havia greve a toda hora: as empresas concediam aumentos salariais, mas os repassavam ao consumidor, alimentando a espiral inflacionária. Protegiam-se melhor dela os bancos, os grandes aplicadores, as empresas capazes de impor seus preços ao mercado e o governo, que tinha suas receitas indexadas e contava com a inflação para ajustar o valor real dos seus gastos. Daí o aumento da pobreza e da desigualdade provocado pela inflação.

O governo defendia o seu caixa, mas não conseguia planejar as suas ações. Nem as empresas, muito menos os pequenos empreendedores, as famílias e as pessoas. A inflação era um flagelo especialmente para os mais pobres, mas infernizava o País como um todo.

Foi nesse contexto que ouvi, perplexo, em Nova York o presidente Itamar Franco me perguntar pelo telefone se eu aceitaria trocar o Ministério das Relações Exteriores pelo Ministério da Fazenda. Estávamos em maio de 1993. Seria o quarto ministro da pasta em sete meses de governo. Disse-lhe que não deveria trocar o então ministro, Eliseu Rezende, mas que, ausente do Brasil, não sabia avaliar a situação. Ele respondeu que conversaria com o ministro e me informaria. Mais tarde mandou avisar que não precisava mais falar comigo. Fui para o hotel desanuviado, até ser despertado de manhã por minha mulher, Ruth, desgostada por eu haver sido designado para pasta tão difícil.

Voltei ao Brasil com meu chefe de gabinete, embaixador Sinésio Sampaio Góes. Disse-lhe que precisaria dele no novo ministério, pois não conhecia bem os funcionários de lá. Voei pensando no discurso de posse do dia seguinte. Repeti o mantra de José Serra: o Brasil tem três problemas; o primeiro é a inflação, o segundo também e terceiro, idem. Mas "com que roupa" poderia dirigir o Ministério da Fazenda? Sou sociólogo, embora haja trabalhado na Cepal e iniciado a carreira universitária na Faculdade de Economia da USP. Só havia um jeito: convocar uma boa equipe de economistas e cuidar da política. Tinha recebido carta branca de Itamar.

A isso me dediquei com afinco. O primeiro a topar foi Clóvis Carvalho, que designei secretário-geral. Edmar Bacha aceitou ser assessor. Consegui a nomeação de um jovem, Gustavo Franco, para a Secretaria de Política Econômica, que seria chefiada por Winston Fritsch.

Acompanharam-me ainda meu assessor no Senado Eduardo Jorge (Caldas Pereira) e um antigo aluno e amigo, Eduardo Graeff. No começo imaginávamos um plano tradicional de controle dos gastos.

Foi a partir de uma sugestão de Edmar Bacha (a de se tomar como índice de correção monetária as Obrigações do Tesouro Nacional) que começamos a pensar numa transformação mais profunda. Ali começou a nascer a URV, inspirada em texto teórico de André Lara Resende e Pérsio Arida, escrito dez anos antes. Mais tarde o presidente Itamar, sempre inquieto, proporcionou-me incluir ambos na equipe.

André substituiu Pedro Malan na chefia da negociação da dívida externa, enquanto este assumiu o Banco Central, quando ao início de agosto de 1993 Itamar se desentendeu com o presidente anterior do banco e resolveu demiti-lo. Outro choque entre Itamar e um alto funcionário, desta vez o presidente do BNDES, me permitiu convencê-lo a escolher Pérsio Arida para o cargo. Daríamos a sensação de estar fazendo um novo Plano Cruzado. Embora não fosse certo, era tudo o que Itamar queria.

Estava assim formada a equipe básica dos que trabalharam no Plano Real, que se reunia sob a batuta de Clóvis Carvalho. Eu comparecia a algumas discussões. Quando a proposta era muito complicada, sobretudo com equações, dizia logo: esclareçam melhor porque eu terei de explicar tudo ao País. E foi o que fiz. Das decisões tomadas, duas devem ser destacadas. A primeira foi a sugestão de anunciar com antecipação tudo o que faríamos, nada de surpresas! A segunda foi a de tomar cuidado com as questões legais. A essa tarefa Eduardo Jorge e Gustavo Franco se dedicaram, com apoio de profissionais do Direito. Evitamos os erros jurídicos que ocorreram em outros planos.

Dediquei-me a explicar o plano (tarefa que foi continuada com sucesso por Rubens Ricupero). Falei com cada bancada partidária no Congresso, com os principais líderes sindicais, incluídos os da CUT, com os ministros e, especialmente, com a Nação. Mudar o rumo de uma economia não é só tarefa técnica. É política. É de convencimento, e não apenas "dos mercados", mas da população. Sem que a mídia e os comunicadores houvessem entendido e, até certo ponto, aceitado o desafio da estabilização da moeda nada de profundo aconteceria. Mais ainda: a URV não era "um truque", mas uma ponte sólida para uma moeda estável.

Um programa econômico da magnitude do Real é um processo, leva tempo. Requeria a renegociação da dívida externa, como fizemos antes de lançar a nova moeda, bem como a privatização de muitos bancos públicos, especialmente os estaduais, a negociação da dívida pública de Estados e municípios e muitas outras medidas tomadas ao longo dos meus dois mandatos na Presidência, culminando com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Foram necessários tempo, persistência e coragem. Só assim se ganha o que é fundamental: a credibilidade.

Por isso é importante relembrar os 25 anos do Plano Real. De novo, o País está em perigo. Mãos à obra, a começar pela reforma da Previdência.
Herculano
07/07/2019 07:57
APOIO DO CONGRESSO RETIRA FAVORITISMO DE RAQUEL, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste domingo nos jornais brasileiros

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, perdeu o favoritismo na disputa pelo próprio cargo após o presidente Jair Bolsonaro tomar conhecimento do apoio a ela dos presidentes do Senado e da Câmara. O chefe de governo não gostou do movimento da titular da PGR, buscando respaldo político para permanecer à frente de um cargo técnico. Não misturar as coisas é "cláusula pétrea" do atual governo.

GRATIDÃO É A CHAVE

Político experiente, Bolsonaro acha que Dodge seria grata a quem a indicou, até para mostrar "independência" daquele que a terá nomeado.

PGR É GOVERNO

Bolsonaro até gostaria que Davi Alcolumbre ou Rodrigo Maia lhe devessem essa, mas a PGR pertence à estrutura do Poder Executivo.

PREFERIDO DA ASSOCIAÇÃO

Na votação da Associação Nacional do Procuradores da República, o subprocurador-geral Mário Bonsaglia foi o mais votado, com 478 votos.

LISTA TRÍPLICE

Também compõem a lista tríplice os procuradores Luiza Frischeisen, que conseguiu 423 votos, e Blaul Dallouol, que recebeu 422 votos.

PAULO GUEDES ENGASGA NA VENDA DIRETA DO ETANOL

O ministro Paulo Guedes (Economia) fala grosso sobre "abrir o mercado" do gás da Petrobras para distribuidoras privadas, mas faz silêncio sobre a venda direta de etanol aos postos. Isso poderia reduzir o preço para o consumidor em 20%, no mínimo. O poder absoluto de distribuidores, nada mais que atravessadores, parece inibir aquele desassombrado Paulo Guedes que prega a livre-concorrência.

TODOS PELA VENDA DIRETA

O presidente Jair Bolsonaro já defendeu a venda direta, o conselho de defesa econômica (Cade) também, e há até decisões judiciais.

COMBATE AO LOBBY

A agência reguladora ANP (Petróleo) e Paulo Guedes não querem contrariar o poderoso lobby das distribuidoras/atravessadoras.

MEDIDA SIMPLES

Basta revogar a suspeita resolução da ANP, que criou o milionário cartório para as distribuidoras, para que a lisura se restabeleça.

DIPLOMATA CARRAPATO

Ex-chanceler de Dilma, embaixador Mauro Vieira antes era mal falado por não haver punido diplomatas petistas que se recusaram a trabalhar em visita do então presidente Michel Temer a Nova York. Agora por se agarrar como carrapato à chefia da missão do Brasil junto à ONU.

AGARRADO AO BEM BOM

Mesmo com substituto já designado, o embaixador Mauro Vieira se agarra a Davi Alcolumbre, chefe do Senado, para tentar continuar em Nova York no apartamento que nos custa R$60 mil por mês. Ou mais.

RISCO DE DERROTA

Líderes de outros partidos acham que se a Câmara votar apenas o 1º dos dois turnos da PEC da Previdência antes do recesso, como quer o líder do PP, Arthur Lira (AL), há o risco concreto de derrota do projeto.

ASSESSORIA ESPECIAL

Ex-chefe de gabinete da Secretaria de Governo, o pernambucano Augusto Cesar Vareda assumirá nesta segunda-feira (8) a assessoria especial do general e novo ministro Luiz Eduardo Ramos.

SEM CULPA

Levantamento do Paraná Pesquisa avaliou a prisão do militar brasileiro na Espanha, com 39 quilos de cocaína. Entre os 80% de entrevistados que tomou conhecimento dessa notícia e 72,8% não acreditam que o presidente Jair Bolsonaro tem responsabilidade sobre o caso.

MAL ACOSTUMADOS

Na votação do texto-base da reforma da Previdência, deputados se viram obrigados a exercitar a paciência e a trabalhar na madrugada de sexta. Em média, foram 50 minutos para cada destaque apreciado.

ELEIÇÃO FORA DE ÉPOCA

Neste domingo haverá eleições em Minas (Aguanil, Elói Mendes e Nova Porteirinha) em Rondônia (Candeias do Jamari) e no Rio Grande do Sul (Palmares do Sul), para substituir prefeitos cassados.

TCU ERROU

O TCU retificou a informação sobre a sede da Eletronorte. Em nota tipo "erramos", o tribunal informou que R$18 milhões correspondem apenas a uma "estimativa" e não ao gasto com a mudança efetiva de endereço.

ALô, É DE MARTE?

A reforma andou, a Bolsa bateu novo recorde, o dólar caiu, tem o acordo Mercosul-UE para festejar, mas as manchetes se resumem ao vazamento de mensagens não confirmadas.
Herculano
07/07/2019 07:50
BRASIL DEVE SER TORNAR ECONOMIA PETROLEIRA COM REABERTURA DO MERCADO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Reabertura do setor e melhora da Petrobras vão levar petróleo para o centro da economia

O principal produto de exportação do Brasil é o grupo da soja. O segundo? Petróleo e derivados. Sim, combustíveis já estiveram algumas vezes na vice-liderança desde 2008. Mas nunca antes tiveram
tanto peso nas exportações: 14,2% do total, ante 15,9% da soja, 11% de material de transporte (veículos, aviões e suas peças) e 10,2% de minérios metalúrgicos (quase tudo ferro e algum cobre).

Afora no caso de colapso do volátil preço do barril, é bem provável que petróleo venha a ser em breve o principal produto da exportação brasileira e algo ainda maior no ambiente doméstico. O pouco notado recorde de produção de maio pode ser um aviso da mudança. O Brasil já é o nono maior produtor mundial.

A reabertura do mercado, em 2016, as privatizações de partes enormes do conglomerado Petrobras e a abertura do mercado de gás devem mudar a paisagem da economia e a propriedade do capital, em especial no setor de energia, além de estimular investimentos pesados a partir de 2020.

Falta análise, porém, de quem vai se divertir mais nesse remelexo do setor.

A produção de petróleo e gás foi recorde em maio, embora em termos anuais tenha praticamente estagnado desde 2017. Atualmente, extraem-se 2,73 milhões de barris por dia, sem contar o equivalente a 700 mil barris por dia em gás.

No "Plano Decenal de Expansão de Energia 2027" do governo, publicado em dezembro passado, previa-se que o país estaria produzindo 3,3 milhões de barris por dia neste 2019.

A previsão vai dar chabu, é óbvio, mas os investimentos começaram a voltar e vão aumentar ainda mais depois dos enormes leilões de áreas de exploração, em novembro próximo.

Se a produção chegar ao previsto pelo Plano Decenal e caso funcione a abertura do mercado de gás, o setor de petróleo vai para o centro da economia brasileira.

Em 2016, a lei de reabertura do mercado desobrigou a Petrobras de investir em qualquer campo do pré-sal, o que emparedava investimentos da concorrência e não favorecia os novos negócios da petroleira nacional.

Desde 2015, a empresa se recupera do desastre, voltando a elevar suas despesas de capital.

O setor ficou sem leilões e, pois, sem a perspectiva de aceleração do investimento, entre 2008 e 2013, graças ao revertério regulatório dos governos petistas, afora as desgraças causadas por maluquices, incompetências e pela roubança na Petrobras.

Endividada, em desordem e sem crédito, a empresa se desfez e se desfaz de suas grandes controladas, movimento acelerado pelo Cade, que quer acabar com os quase monopólios da estatal, e por Paulo Guedes.

A Petrobras vende suas empresas de transporte de gás. Vai vender a Liquigás, a BR Distribuidora e 8 de suas 13 refinarias, responsáveis pela metade de capacidade de refino da companhia (mais de 1 milhão de barris por dia).

Tudo isso deve entrar em liquidação pelos próximos dois anos, no máximo. São negócios de dezenas de bilhões de reais, talvez centena, a maior privatização desde FHC 1.

A privatização e a abertura devem, claro, também mudar a política do capital. Basta lembrar o que aconteceu com a ascensão da soja e dos oligopólios das carnes.

A diferença agora é que a maioria da novidade será estrangeira, embora a finança e antigos canavieiros devam levar nacos do negócio. Como se não bastasse, preços livres em um mercado volátil como o de energia podem causar turumbambas, de consumidores empresariais ao povo miúdo, vide o caminhonaço.
Herculano
07/07/2019 07:46
BOLSONARO TRAIDOR, por Ascânio Seleme, no jornal O Globo

Presidente do Brasil perdeu mais uma disputa no Congresso, dessa vez na comissão que aprovou a reforma da Previdência

O presidente do Brasil perdeu mais uma disputa no Congresso. Dessa vez na comissão que aprovou a reforma da Previdência. Depois de ser chamado de traidor por policiais civis, federais e rodoviários e por agentes penitenciários, Jair Bolsonaro correu para tentar mudar o teor do projeto de modo a garantir proteção a estes também. Era tarde demais. O relator da reforma ignorou o presidente e a comissão retirou da reforma apenas policiais militares e bombeiros, até porque esta fatura cairá na conta dos estados.

Posicionado de forma intransigente com o Congresso, reiterando que não negocia com parlamentares por entender que negociação política é loteamento de cargos, o presidente achou que bastavam dois telefonemas a líderes de partidos aliados e uma postagem em rede social para resolver o problema. Quebrou a cara. Sorte do Brasil. Imaginem do que ele seria capaz se soubesse negociar e tivesse habilidade política.

O apoio ao presidente veio de apenas alguns fiéis e dos partidos de esquerda. PT, PCdoB, PDT, PSOL e Rede votaram a favor de estender um regime complacente também aos policiais. Votaram assim, não por convicção, mas para torpedear o projeto da reforma. E o quadro pitoresco que se viu foi Jandira Feghali defendendo no plenário da comissão o mesmo que Jair Bolsonaro pregava em redes sociais e entrevistas: mais privilégios especiais.

Jair Bolsonaro é um presidente corporativo. Por vezes pensa e age como se governasse apenas para militares. Mesmo assim, alguns oficiais das Forças Armadas também já o veem como um desertor da causa militar. Dado o seu empenho em favor da classe, não seria um bom CEO da "Generais e Cia Ltda". Em seis meses, comprou briga com metade dos quatro estrelas que colocou no governo, e agora ouve sem reagir o filho Carlos atacar o seu general mais antigo, o ministro Augusto Heleno. Difícil enxergar aonde ele quer chegar. Por vezes parece que trabalha sem tática, sem objetivo. O relator da comissão, Samuel Moreira, disse que a reforma sozinha não basta, cabe agora ao governo apresentar seus projetos.

Se, passada a reforma, o governo afinal apresentar projetos, vai precisar do Congresso para aprová-los. Hoje, Congresso e Palácio estão em campos distintos. Tanto que a reforma que anda não é a de Bolsonaro nem a de Paulo Guedes, é a reforma previdenciária que o Congresso recriou. Depois de mexer duas vezes no comando da articulação política no meio da discussão da reforma, Bolsonaro deu posse na quinta-feira ao general Ramos no comando da Secretaria Geral. Nas palavras das repórteres Bela Megale, Naira Trindade e Jussara Soares, "Ramos terá de construir um bom relacionamento com o Congresso, mas não tão próximo a ponto de gerar desconfiança de Bolsonaro e seu entorno".

E é exatamente isso, o novo ministro da articulação política vai ter que andar no fio da navalha para não cair. Vai ser obrigado a negociar sem ter protagonismo. Será refém do desmedido ciúmes que os filhos têm do pai, das instruções obtusas do guru de Richmond e da intransigente mania do pai de não fazer concessões a políticos. Será um ministro que pela natureza da sua função terá que prometer muito, mas que em razão das suas amarrações palacianas terá pouco ou quase nada para entregar.

ESPERAVA-SE MAIS

Aqueles que se animaram com a renovação de mais de 50% do Congresso, nas eleições de 2018, já estão começando a sentir saudades do legislativo anterior. Pelo menos havia com quem negociar , pessoas que respeitavam acordos, apesar de boa parte deles ter perdido o mandato como punição do eleitor por suas ações criminosas. Os novatos na Câmara e o no Senado estão perdidos. Com meia dúzia de exceções, a maioria ainda tenta entender melhor como a banda toca. Mas essa é uma questão de tempo. Com mais três ou quatro anos já estarão todos na ponta dos cascos. O problema é que aí vem nova renovação.

SHOW DE BESTEIRAS

Tire dois ou três ministros que funcionam, e com os que sobram fica mais fácil entender o general Santos Cruz. Não se trata apenas do festival permanente de besteira, quem vê o governo de perto ou precisa dele diz que pouca coisa anda. E o que anda, capenga.

TRABALHO INFANTIL

Na sua mais recente bobagem , o presidente Bolsonaro disse que o trabalho infantil não prejudica o desenvolvimento da criança. "Eu trabalhei desde os nove anos. E hoje sou o que sou". Pois é. Melhor não.

AVE MARIA

A ministra Damares Alves deveria visitar a exposição de Tarsila do Amaral, no Masp. Aliás, duas das maiores artistas brasileiras estão expostas simultaneamente em São Paulo e no Rio. Tarsila, no Masp, e Djanira, na Casa Roberto Marinho. Mas dona Damares deveria ir ao Masp e observar com atenção o óleo Religião Brasileira 1, de 1927. No presépio multiétnico pintado por Tarsila, Maria foi desenhada em azul e Jesus Cristo em rosa.

MDB VIVE

O velho partido não morreu. Ainda caminha com alguma dificuldade, mas respira sem ajuda de aparelhos e já busca nomes para presidente da legenda , que será eleito em outubro. Os candidatos naturais seriam os três governadores da legenda. Mas os estatuto não permite e, mesmo que fosse mudado, o que é comum no partido, Renan Filho e Helder Barbalho não aceitariam a indicação, e Ibaneis Rocha começou mal sua gestão no DF e não emplacaria. O nome mais forte é o da senadora Simone Tebet, do Mato Grosso do Sul.

O LIVRO DE GAROTINHO

O ex-governador Anthony Garotinho disse em dezembro passado que lançaria em março desse ano um livro sobre o governo de Sergio Cabral. Ele tinha até nome, seria "A gangue dos guardanapos e a vingança". Segundo Garotinho, seu trabalho naquele momento era o de reduzir o tamanho do livro, uma vez que ele já tinha escrito mais de mil páginas. Acho que fatos novos o obrigaram a refazer o texto. Primeiro, porque ele não entregou o livro em março, como prometido, e reduzir é bem mais fácil que escrever . Segundo, porque na semana passada ele pegou um táxi na porta da sua casa e pediu para ser levado à UFRJ. O taxista, que o reconheceu, perguntou o que ele iria fazer na Universidade. Garotinho disse que ia para a biblioteca fazer pesquisas para o seu livro. E, terceiro, porque a esta altura é difícil haver coisa nova sobre Cabral que o mundo inteiro ainda não conheça.

JOSEF STRUMP

A festa promovida pelo presidente Donald Trump para comemorar o 4 de julho lembrou, na forma, os piores momentos do regime soviético. Desfile de tanques e jatos mostra nada , a não ser arrogância. Faltaram os mísseis, claro. Mas o desfile pode ter sido também um novo ensinamento que ele trouxe da sua recente visita ao Kim Jong-un, na Coreia do Norte.

NOSSO RIO

Muito bem, foi regulamentado o uso de patinetes no Rio. As regras são boas e não atrapalham ninguém. Só uma questão não deu para entender. Já que as regras servem para garantir segurança, por que o uso do capacete é opcional? Opcional significa desnecessário. Em São Paulo, seu uso é obrigatório.

JUSTIÇA FEITA?

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais condenou uma adolescente da cidade de Campestre por criticar no Facebook uma mulher que desperdiçava água lavando a calçada com mangueira. A condenada terá que pagar R$ 3 mil à ofendida e se retratar na rede social. Na primeira instância, o juiz Felipe Ceolin Lirio julgou que os posts da adolescente teriam lesado a honra da requerente. O Tribunal concordou com o juiz e negou recurso da acusada. Segundo o desembargador Luciano Pinto, as postagens "extrapolaram o razoável". A mulher que lava calçadas desperdiçando água ganhou. Duas perguntas ao leitor: 1) Você acha que a justiça foi feita? 2) Denunciar desperdícios publicamente deve ser considerado crime?
Herculano
07/07/2019 07:43
da série: está mais do que ha hora de rever os hospitais universitários que são sugadoros de pesados impostos, vivem sucateados e não cumprem a sua função social de saúde pública, com gestões corporativas quando não ideológicas.

A PRIVATARIA AMEAÇA A URFJ, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Hospital em declínio é símbolo de uma época em que a universidade sonhava

O hospital Sírio-Libanês retifica: "Não está nos planos atuais da instituição abrir uma filial do hospital no Rio de Janeiro." (Em 2015 esteve, com gente boa conseguindo promessas de doações, mas isso é passado.)

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) trabalha, com o BNDES e o banco Fator, na modelagem de uma licitação para conceder, por até 50 anos, 485 mil metros quadrados de terrenos na ilha do Fundão e na praia Vermelha (onde fica o falecido Canecão).

Quem desenhou a girafa foi Deus. Só Ele sabe o que sairá da modelagem que estão cozinhando. Felizmente, o BNDES e a UFRJ garantem que tudo será feito às claras, em processo licitatório, com o devido debate.

Segundo a universidade, o cessionário disporá dos terrenos de acordo com seus interesses e a "vocação imobiliária" das áreas: "Provavelmente essas vocações estão associadas à ocupação para residências, comércio ou serviço. Há possibilidade de haver centros de compras ou de convenções, supermercados ou hotéis."

O edital que licitou o pregão que contratou o banco Fator foi mais claro. Em duas ocasiões mencionou a possibilidade de uso dos terrenos para "condomínios corporativos, (...) redes de hotéis, redes de hospitais e redes de ensino".

O que se cozinha é um amplo projeto capaz de botar dinheiro nos magros cofres da universidade. Coisa de bilhão de reais. Começa pela cessão dos terrenos, por até 50 anos. Essa seria a parte fácil. Ela complica-se porque modela-se um projeto pelo qual o cessionário, ou seus parceiros, devem dar contrapartidas à UFRJ, construindo prédios, restaurantes e alojamentos.

Talvez fosse mais simples não misturar gravata com abacate, mas vá lá. Serão duas bolas no ar.
Está na panela também a eventual criação de um "Fundo de Investimento Imobiliário" que ficaria encarregado de gerir o ervanário resultante das operações.

Assim, o malabar tem três bolas. (Esse fundo poderia ficar parecido com a Harvard Corporation, que cuida do patrimônio da universidade. Caso ele venha a ter investidores particulares, arrisca-se a misturar Boston com Borel.)

O projeto imobiliário ganhou um nome de fantasia ?""Viva UFRJ"?" e na essência desenhará o futuro da universidade. Shoppings, redes de hotéis e de hospitais muita gente faz, universidades são coisa
para gente grande.

Quando ficar pronta a modelagem, tudo poderá ser discutido. Até agora, sem que o banco Fator tenha algo a ver com isso, saiu uma fumaça cinzenta do "Viva UFRJ".

Apesar de se sonhar com recursos, redes de hotéis e de hospitais (privados), a universidade já esclareceu que "o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho não entrou nas contrapartidas pois estimativas preliminares indicaram que o custo da obra não cabe no projeto."

O Clementino Fraga é um grande hospital, público, símbolo de uma época em que a UFRJ sonhava grande. Hoje ele é o retrato de uma realidade ruinosa. O doutor Clementino, tio-avô de Armínio Fraga, foi um grande reitor da universidade no ano bicudo de 1968.

Ele não merece que seu hospital público seja o que é, enquanto a centenas de metros do seu gabinete da Praia Vermelha reluza um grande hospital para endinheirados.

A NOVA MORTE DO MAJOR

A Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) deu a uma de suas salas o nome do major alemão Otto von Westernhagen, assassinado com dez tiros por terroristas do Colina em julho de 1968, cinco meses antes da edição do Ato Institucional nº 5.

Da homenagem resultou uma barulheira. Teria sido festejado um nazista, condecorado por Hitler. Devagar com o andor, por três motivos.

Primeiro porque Westernhagen era um jovem oficial do Exército. Combateu na França e foi ferido na tomada de Berlim, em 1945. Anos depois foi reintegrado à tropa, como capitão. Em 1966 veio para o Brasil, onde cursava a Eceme.

Um alemão que combateu na Segunda Guerra não pode ser automaticamente classificado como nazista. Em 1941, aos 14 anos, o jovem Joseph Ratzinger estava na Juventude Hitlerista e dois anos depois, compulsoriamente, foi para a tropa. Em 2005 tornou-se o papa Bento 16.

O caso de Westernhagen tem um segundo aspecto. Ele foi morto por engano. Os terroristas campanaram e executaram um homem que supunham ser o capitão Gary Prado. Um ano antes, Prado participara da captura de Che Guevara.

Os terroristas sabiam onde ele morava, mas só descobriram que não era o boliviano quando abriram sua pasta e acharam documentos em alemão. Percebido o engano, calaram-se. O crime só foi desvendado anos depois pelo historiador Jacob Gorender.

Westernhagen não era nazista nem boliviano e morreu numa rua da Gávea sem ter nada a ver com o pato. Nada mais natural que homenageá-lo dando o seu nome a uma sala de aula na escola militar onde estudava.

Num terceiro aspecto, a homenagem ao major repara um injusto esquecimento. Um dos integrantes do comando que o matou, o ex-sargento da FAB João Lucas Alves, é nome de rua em São Paulo e no Rio. (Ele foi torturado e morto no DOPS de Belo Horizonte. Na versão da ditadura, suicidou-se).

Em 1968 mataram Westernhagen por engano. Meio século depois, sua memória merece respeito.

BOLA NA REDE

O ministro Abraham Weintraub, da Educação, acertou uma. Tirou do mundo das falsas promessas a ideia de fazer o exame do Enem por meio digital e anunciou que a novidade começará a funcionar no ano que vem.

Inicialmente, o Enem digital será oferecido em 15 capitais, dando ao estudantes o direito de optar pela prova de papel. Se tudo correr bem, em 2026 o Enem será todo feito em computadores.

Não se trata de uma simples mudança de plataforma. A prova eletrônica criará uma facilidade logística e o exame poderá ser aplicado em até quatro ocasiões durante o mesmo ano. É assim que funciona o SAT americano.

Quando isso acontecer, a garotada ficará livre do pesadelo de jogar um ano de vida em duas manhãs.

AR DE COIMBRA

A nobiliarquia oficial descobriu as delícias dos seminários portugueses. A coisa funciona assim:
Organiza-se um seminário sobre seja lá o que for numa universidade estrangeira, de preferência em Portugal (lá fala-se um idioma confortável), quase sempre colada a um fim de semana.

O magano viaja com as despesas total ou parcialmente cobertas.

Na quinta-feira (4), estudantes da universidade de Coimbra zoaram o evento onde estavam o governador Wilson Witzel (Harvard Fake '15) e três ministros do Supremo, entre eles Ricardo Lewandowski. A manifestação provocou o fim da sessão.

A repórter Mônica Bergamo informou que depois da zoada o ministro Lewandowski abraçou alguns estudantes.

O ar de Coimbra amacia os corações. Em Brasília. quando o passageiro de um avião hostilizou Lewandowski, ele reagiu de outro jeito: "Vem cá, você quer ser preso?"
Herculano
06/07/2019 17:24
PROFESSORA DE GASPAR ESTÁ ENTRE AS 50 FINALISTAS DE PRÊMIO NACIONAL

A professora gasparense Jussara Cristina Wandalen Schmitz, entre cinco mil inscrições no Brasil, é uma das 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10, da editora Abril em parceria com a Rede Globo.

Ela é professora do Colégio Estadual Frei Godofredo e para a escolha, apresentou o projeto "Costurando a Matemática", no segmento do Ensino Fundamental.

O Colégio Frei Godofredo recentemente teve a sua ex-diretora e escolhida pela comunidade escolar, Viviana Maria Schmitt dos Santos, afastada pela secretaria de Educação, porque entre outras coisas, ela usou o dinheiro da APP para pagar professor substituto temporário. O objetivo era não deixar parte dos alunos do colégio sem aulas, enquanto a burocracia do governo estado não conseguia a reposição de um docente temporário.
Herculano
06/07/2019 15:53
REGISTRO II

Gilberto Schmitt, proprietário e editor do jornal e do portal Cruzeiro do Vale, acaba de ter alta do Hospital Santa Isabel, em Blumenau, onde estava internado desde quarta-feira, quando se submeteu a um emergencial cateterismo.

Em casa, receberá os amigos e familiares para colocar a conversa em dia, mas sem cigarros e com uma restritiva dieta. Será um sacrifício e tanto!
Miguel José Teixeira
06/07/2019 10:01
Senhores,

Para não dizerem que não falei do "coveiro manquinho":

Ainda não acabou de enterrar o PT Catarinense e já quer meter a bala de prata no moribundo PDT. . .

Viajar para Curitchiba para ver o presidiário lula, fazer "outdoors" mentirosos e outros salamaleques com recursos públicos é fácil, já com dinheiro do próprio bolso, pesa, é inviável. . .

Talvez aí resida o silêncio da defenestrada "oligarquiazinha pelega"!
Herculano
06/07/2019 08:31
DEVE-SE APRESSAR A VOTAÇÃO EM PLENÁRIO, editorial do jornal O Globo

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, tem razão ao desejar que a Casa vote a reforma até o recesso

No balanço de lucros e perdas da aprovação do projeto de reforma da Previdência na Comissão Especial, por uma margem de votos confortável - 36 a 13 -, destaca-se a efetividade do trabalho de condução da tramitação do assunto na Câmara feito pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Consciente da importância da reforma para o país, Maia teve de ocupar espaços deixados por um governo inapetente, e até mesmo trapalhão, para liderar politicamente a viabilização da empreitada.

Não houve alternativa a não ser afinar-se com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o competente secretário da Previdência, o ex-deputado Rogério Marinho, para dividirem um trabalho de que precisava, e precisa, ter a participação do presidente Jair Bolsonaro.

Este terminou atuando nos contatos com parlamentares, mas não a favor das melhores causas. Antes da votação do relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) na Comissão Especial, Bolsonaro mobilizou-se apenas para garantir privilégios de castas policiais.

Antes, procurou manter distância do Congresso, demonstrando uma compreensão tosca do que é fazer política, entendendo-a como praticar o fisiologismo.

A luta continua, porque faltam as duas votações no plenário da Câmara, em que serão necessários no mínimo 308 votos a favor da reforma, e outras duas no Senado, também com o mesmo quórum qualificado de três quintos dos votos - 49 senadores.

Espera-se não apenas que Bolsonaro trabalhe para viabilizar a reforma, sem se dedicar a lobbies de corporações, e que o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, empossado na quinta - experiente no trato com o Congresso, por ter sido o interlocutor do Exército com o Parlamento - consiga construir um canal desobstruído com deputados e senadores. Sem confundir política com o toma lá dá cá do fisiologismo, como fez Bolsonaro no início do governo.

Vencida a etapa da Comissão Especial, é importante apressar as votações do primeiro e segundo turnos no plenário da Câmara, como deseja Rodrigo Maia, para antes do início do recesso parlamentar, na quinta-feira 18. Em entrevista ontem à rádio Jovem Pan, o presidente da Câmara disse que já se reunirá hoje com líderes de partidos, para articulações com vistas aos dois turnos de votação em plenário.

Deve-se aproveitar logo o efeito positivo da vitória na Comissão, para consolidar apoios, atraindo indecisos, que poderão perder votos nas eleições de 2020 por não terem apoiado uma reforma essencial para tirar a economia do atoleiro fiscal. É estratégico aproveitar o bom momento, sem menosprezar a capacidade de o lobby de servidores defender no Congresso suas vantagens na aposentadoria.
Herculano
06/07/2019 08:26
A REFORMA AVANÇA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Se o governo não atrapalhar, é provável que o projeto com as mudanças na Previdência seja finalmente implementado, para que o País possa afinal mudar de assunto.

A despeito das trapalhadas do governo, o texto-base da reforma da Previdência foi aprovado na quinta-feira por 36 votos a 13 na Comissão Especial da Câmara, passando com folga por seu primeiro grande teste político. A expectativa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é levar a matéria para o plenário já na semana que vem, manifestando confiança na aprovação.

Para aquilatar o tamanho da vitória dos reformistas, basta lembrar que o projeto apresentado em 2017 pelo então presidente Michel Temer foi aprovado por 23 votos a 14, uma margem muito mais estreita do que a obtida agora. Acrescente-se a isso o fato de que o projeto do governo Temer previa uma economia próxima a R$ 600 bilhões em dez anos, enquanto o atual projeto, do modo como está, acarretará um impacto fiscal da ordem de R$ 1 trilhão no mesmo período. Esse contexto mostra que se ampliou entre os parlamentares a consciência não só sobre a necessidade de reformar a Previdência, mas também de que essa reforma tem de ser significativa, ante a desafiadora situação fiscal do País.

Esse caminho não foi percorrido sem percalços, e não se pode imaginar que não haverá entraves nas próximas etapas do processo, com risco nada desprezível de desidratação do projeto. Convém lembrar que a reforma já poderia ter sido aprovada há mais de um mês, não fossem as confusões protagonizadas pelos governistas, que tiveram peso muito mais significativo no atraso do que as obstruções patrocinadas pela oposição.

Acrescente-se a isso o fato de que o presidente Jair Bolsonaro, a quem caberia a liderança do esforço para obter apoio político à reforma, decidiu deliberadamente ficar fora das negociações com o Congresso, como se esse diálogo fosse necessariamente corrupto. Bolsonaro, ademais, designou interlocutores muito despreparados para fazer esse contato com os parlamentares, o que ampliou a certeza de que o Executivo não dava importância para a negociação. O vácuo criado pela ausência do presidente da República em tema tão relevante foi rapidamente ocupado por lideranças do Congresso, que, numa espécie de "parlamentarismo branco", assumiram a tarefa de conduzir as negociações para aprovar a reforma.

O projeto prevê que os homens só poderão se aposentar aos 65 anos, e as mulheres, aos 62 anos, com um tempo mínimo de contribuição de 20 anos para homens e 15 anos para mulheres. Extingue-se a possibilidade de aposentadoria por tempo de contribuição. Haverá regras de transição para quem já está trabalhando e contribuindo para o INSS ou o setor público ?" em todos os casos, os trabalhadores terão de ficar um pouco mais na ativa para se aposentar. Já os trabalhadores rurais poderão continuar a se aposentar aos 55 anos, se mulheres, e aos 60 anos, se homens, com pelo menos 15 anos de contribuição.

Houve derrotas importantes para o governo. Defendido com vigor pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, o regime de capitalização, em que as contribuições do trabalhador vão para uma conta que banca a aposentadoria no futuro, foi retirado do texto. Além disso, Estados e municípios foram deixados de fora da reforma, o que a deixa pendente de aprovação das Assembleias estaduais e Câmaras municipais ?" tornando muito mais difícil sanear essa relevante fonte de desequilíbrio fiscal.

Mas o governo não tem do que se queixar. Os deputados responsáveis pela articulação do projeto na Câmara trataram de manter o mesmo nível de economia pretendido pelo ministro Paulo Guedes. Além disso, há genuíno interesse em liquidar a votação o mais rápido possível, para que outras reformas sejam apreciadas. O próximo projeto a ser examinado deverá ser o da reforma tributária.

Portanto, se o governo não atrapalhar - isto é, se nenhum ministro ou filho do presidente tuitar mais alguma ofensa contra o Congresso, se o presidente não voltar a agir como se fosse representante sindical de corporações e se os deputados do partido do presidente entenderem que sua missão não é sabotar as reformas encaminhadas pelo Executivo -, é provável que o projeto com as mudanças na Previdência atravesse sem sustos toda a longa tramitação que tem pela frente e seja finalmente implementado, para que o País possa afinal mudar de assunto.
Herculano
06/07/2019 08:21
AS OUTRAS BATALHAS DA PREVIDÊNCIA, por Míriam Leitão, no jornal O Globo

Previdência gastou R$ 92 bilhões em 2017 por decisões judiciais. Governo também quer reduzir esse risco jurídico para as contas públicas

O Ministério da Economia está iniciando outra batalha para reduzir o custo da Previdência, o da excessiva judicialização. Em 2017, a Previdência pagou R$ 92 bi de benefícios cumprindo decisões judiciais, isso foi 15% de todo o gasto previdenciário. Não foram ações concedidas naquele ano, mas pagas naquele ano e concedidas ao longo do tempo. Os dados de 2018 que serão conhecidos em breve mostrarão um crescimento do custo dos benefícios pagos por decisões da Justiça. O governo tem conversado com o STJ para saber onde estão as falhas que têm provocado o crescimento das decisões.

A ideia, segundo me explicaram no governo, é reduzir erros, ou fechar brechas, que possam redundar em novas decisões judiciais contrárias. Em algumas áreas, 70% das ações são de pessoas que requerem aposentadorias especiais. O governo está estudando particularmente as ações provenientes das perícias médicas do INSS.

Uma das fontes de decisões judiciais é o Benefício de Prestação Continuada (BPC), porque, apesar de a lei estabelecer que deve ser concedido a quem tem uma renda familiar per capita de um quarto de salário mínimo, existem ações civis públicas em cinco estados considerando que o INSS deve conceder administrativamente para quem tem renda de meio salário mínimo. Há juízes estabelecendo outros critérios. Tudo começou quando, há três anos, o STF decidiu que o critério que estava na lei ordinária que criou o BPC estava em conflito com o artigo 203 da Constituição.

Foi por isso que o relatório do deputado Samuel Moreira constitucionalizou o critério do BPC. Mas, na última versão, ele fez um adendo cuidadoso. Estabeleceu que uma lei ordinária definirá depois o critério de vulnerabilidade, isso porque pessoas portadoras de deficiência têm direito ao benefício mesmo que tenham renda maior. O problema é que pelos dados atuais da Previdência, consultados pelo economista Fábio Giambiagi, há mais portadores de deficiência recebendo o BPC, 2,7 milhões, do que idosos em condição de miserabilidade, 2 milhões. Isso pode indicar uma tendência à fraude ou uma visão benevolente na concessão porque, na opinião dele, o Brasil não deve ter mais deficientes impossibilitados de trabalhar do que idosos em condições de miserabilidade. O governo calcula que, em dez anos, com a constitucionalização do critério de renda do BPC, pode ser gerada uma economia de R$ 33 bilhões.

Um dos pontos que os técnicos do Ministério da Economia acham que pode ajudar a reduzir o número de ações judiciais que o INSS perde é o da perícia medica. A MP 871 levou os peritos do INSS para uma carreira própria na Secretaria de Previdência. E o esforço é para que o Judiciário use os servidores na perícia judicial, independentemente de requererem, quando quiserem, uma perícia externa.

Quem no governo acompanhou a discussão da reforma está convencido de que a questão da aposentadoria rural, que foi retirada do projeto na Câmara, terá que ser analisada em algum momento, por razões demográficas. Está sendo reduzida a diferença de expectativa de vida entre os moradores urbanos e rurais. Há 20 anos, a diferença era de praticamente sete anos. Isso pelos dados do INSS, nas estatísticas de morte do beneficiário. Em 2017, essa diferença caiu para 1,7 ano.

Politicamente foi impossível mexer com o rural agora, mas os técnicos acham que com a queda dessa distância na expectativa de vida isso terá que ser analisado para evitar o estímulo a que pessoas que vivem nas cidades se aposentem como trabalhadores rurais. É bem verdade que a MP 871 vai reduzir o crescimento da aposentadoria rural, porque a comprovação do trabalho não será mais dada pelo sindicato, mas sim por um cadastro do governo. O problema fiscal tende a diminuir, mas a mudança, na opinião dos técnicos da Previdência, terá que ser feita por uma questão de lógica no sistema: pessoas se aposentando numa idade menor, quando isso não se justifica demograficamente.

A reforma da Previdência é um assunto inesgotável. Mesmo que essa proposta que saiu esta semana da Comissão Especial seja aprovada na íntegra o país continuará com um grande déficit no sistema apesar de ser pequena a proporção de idosos. O Brasil ainda é de jovens, mas com um ritmo de envelhecimento muito rápido. Outro dia, para fazer uma coluna sobre o Plano Real, eu registrei aqui um dado do IBGE: 38% dos brasileiros têm 25 anos ou menos. A Previdência precisará mudar várias vezes, não pelos velhos, mas pelos jovens de hoje.
Herculano
06/07/2019 08:14
ATAQUES Só FORTALECEM MORO JUNTO A BOLSONARO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou neste sábado nos jornais brasileiros

Podem tirar os escorpiões da chuva: Jair Bolsonaro não demite para conter pancadaria da imprensa. Ao contrário: quanto mais o ministro é atacado, maior a solidariedade do chefe, como se vê no caso de Sérgio Moro (Justiça), já convidado a acompanhá-lo ao Maracanã lotado, domingo (8), na final da Copa América. Bolsonaro tem dito aos mais íntimos que jamais aceitará ser "pautado pela imprensa". Além do mais, soldados de infantaria não deixam seus camaradas para trás.

'SER PAUTADO', JAMAIS

Há ministros que não saíram do governo porque o presidente não aceita "ser pautado" ou pela decisão de protegê-lo dos inimigos.

TEMOR DE CASSAÇÃO

Marcelo Álvaro Antônio se deu bem com o estilo do chefe, para quem, "jogado às feras", o ministro do Turismo seria cassado na Câmara.

DEMISSÃO ABORTADA

Onyx Lorenzoni já deveria saído da Casa Civil, mas a notícia vazou e o presidente, que gosta do ministro e detesta ser pautado, abortou tudo.

RODA PRESA, MAS FIRME

Outro ministro na corda bamba, cuja demissão vazou e por isso ele foi mantido, é o "roda presa" Gustavo Canuto (Desenvolvimento Regional).

ONYX DEMITE CHEFE DA PPI PARA DEMONSTRAR FORÇA

O governo Bolsonaro perdeu um dos quadros mais admirados para que o ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) pudesse dar demonstração de força, após o esvaziamento de suas atribuições. Adalberto Santos de Vasconcelos, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), foi substituído na Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) pela ex-presidente da Infraero Martha Seillier.

ESVAZIAMENTO

Após transferir as secretarias mais importantes subordinadas a Onyx, Bolsonaro passou à Casa Civil a PPI, que dispensa a tutela de ministro.

ELE TEM A FORÇA

Desse modo, para mostrar que manda, Onyx exigiu a demissão de Adalberto para nomear alguém de sua escolha.

UM ESPECIALISTA

Adalberto Santos de Vasconcelos chefiava a PPI desde sua criação, em 2016. É considerado o maior especialista em privatizações do País.

CONVERSA ENTRE MOCINHOS

O vazamento de supostas mensagens são úteis apenas à "euforia dos corruptos" e para animar debates entre advogados. Aos brasileiros interessa constatar que não se vê trama para livrar a cara de ladrões, nem para roubar o País, mas para levar criminosos ao xilindró.

QUE MENSAGENS?

Os ministros Paulo Guedes (Economia) e Sérgio Moro (Justiça) foram ruidosamente aplaudidos de pé, demoradamente, por milhares de pessoas presentes em um evento de investidores, em São Paulo.

MANDOU BEM

Bolsonaro nomeou um dos mais competentes embaixadores, Pedro Bretas (que não á parente do juiz da Lava Jato), representante do Brasil na CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), em Lisboa.

CONFIANÇA NO DF

O Índice de Confiança do Empresário Industrial do DF subiu para 58,9 pontos em junho: 5 pontos a mais que maio. Em relação a junho de 2018, são 8,6 pontos a mais. O estudo é da Federação das Indústrias.

R$100 BI PARA O BRASIL

Segundo o Ministério da Economia, o acordo Mercosul-União Europeia deve trazer investimentos de US$ 113 bilhões nos próximos 15 anos. A fatia brasileira desses investimentos é de quase R$ 100 bilhões.

RAINHA DO ATRASO

Analistas políticos alertam para a possibilidade de a eleição de Cristina Kirchner, na Argentina, mesmo como vice, afetar negativamente o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. É a Rainha do Atraso.

RELAÇÃO FIRME

Mãe do Partido dos Trabalhadores, a Fundação Perseu Abramo aposta em "rusga" entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Sinal que o "casamento" dos dois continua firme.

BALANÇO DA REFORMA

A comissão especial da reforma da Previdência realizou 22 reuniões. Foram 132 horas de debates desde a primeira reunião, em 25 de abril. Só a votação do parecer do relator e de 116 destaques durou 16 horas.

PENSANDO BEM...

...espírito tem a oposição: o governo aprovou a reforma com 73,4% dos votos na comissão, mas derrotados do PT cantaram "vitória".
Herculano
06/07/2019 08:06
da série: nem Bolsonaro, nem o grupo que comanda o atual governo de Gaspar

BOLSONARO NÃO COMPREENDE QUE TEMPO DOS CÉSARES PASSOU, por Carlos Melo, cientista político e professor no Insper, no jornal O Estado de S. Paulo

Seu achado da vez consiste em submeter a si e ao seu ministro da Justiça ao julgamento das multidões nos estádios de futebol - como se ali estivesse toda a sociedade

A maior e a mais aparente aflição dos brasileiros se dá em torno da retomada do desenvolvimento econômico. Sem ele, continuam elevados os índices de desemprego e a crise social. Mas, desenvolvimento econômico depende da solidez de instituições que evitem incertezas; capazes de estabelecer pactos entre os mais distintos setores de uma sociedade naturalmente diversificada.

Instituições são impessoais, perenes, estáveis e estabelecem procedimentos gerais. São avessas ao personalismo, ao apelo populista, à tentação do diálogo direto que políticos pretensamente carismáticos busquem estabelecer com as massas - como na Venezuela, por exemplo. A sociedade moderna é democrática e não pode prescindir de instituições.

Infelizmente, o presidente Jair Bolsonaro parece não compreender isso. Não se "dobra" à realidade de instituições democráticas - baseadas na Constituição que, por sinal, eleito, prometeu defender. Insiste no voluntarismo de recorrer diretamente ao que entende como "o povo", desqualificando instituições. Seu achado da vez consiste em submeter a si e ao seu ministro da Justiça ao julgamento das multidões nos estádios de futebol - como se ali estivesse toda a sociedade.

O tempo dos césares passou. De lá para cá, a humanidade viveu avanços: aperfeiçoou o convívio do poder com os cidadãos, estabeleceu regras e métodos por meio da "democracia representativa", estabilizou relações. É isso que traz segurança, investimento, bem-estar. Fora disso, não há democracia; apenas a deturpação de seu conceito e o aprofundamento da crise.
Herculano
06/07/2019 07:59
FRAGMENTAÇÃO DA DIREITA JÁ COMPETE COM A DA ESQUERDA, por Fábio Zanini, no jornal Folha de S. Paulo

Em 6 meses de Bolsonaro, campo conservador tem divisão e pedidos de autocrítica

A esquerda passou décadas ouvindo que só se une no cárcere. Agora, pode ir à forra e dizer que a direita só se junta no golpe (ou no impeachment).

Com seis meses de Presidência, a força aglutinadora de Bolsonaro no campo conservador não é mais a mesma. O confronto do último domingo na avenida Paulista entre o MBL (Movimento Brasil Livre), hoje tentando se distanciar do governo que ajudou a eleger, e o grupo ultrabolsonarista Direita SP foi apenas o exemplo mais eloquente.

Já faz algum tempo que a ala liberal da coalizão que impulsionou o presidente no ano passado se descolou de suas excentricidades. Mantém apoio à sua agenda econômica apenas por força do pauloguedismo, quase uma religião.

O ministro da Economia ainda é adorado pela turma do Estado mínimo, mas seu estilo turrão e a falta de qualquer traço de habilidade política já provocam sussurros de impaciência mesmo entre os mais fiéis.
A aprovação da reforma da Previdência, se confirmada, deverá dar algum fôlego ao governo, ao menos até que a usina de crises no Palácio do Planalto produza mais uma.

O fato é que a direita, depois de passar anos escondida durante os governos de PSDB e PT, está descobrindo que ganhar a ribalta não é um processo fácil. É preciso aprender a calibrar o discurso, fazer concessões, optar pela política. O paralelo com o Lula de 2003, quando chegou ao poder, é evidente.

Na última quarta (3), Renan Santos, um dos coordenadores do MBL, escreveu num blog que seu movimento tem culpa pelo acirrado ambiente político hoje no país.

"Ao MBL cabe uma reflexão sobre seu papel na dissolução do debate público em mero espetáculo fugaz, que desvanece no ar tão logo a próxima narrativa toma corpo no palco das redes", afirmou.

Em outras palavras, a vida era muito mais fácil para a direita quando tinha como grande preocupação criar memes de Dilma saudando a mandioca.
Herculano
06/07/2019 07:54
da série: os irresponsáveis, os eternos chupins dos pesados impostos, os incapazes de verdadeiramente desenvolverem seus estados e que sobrevivem doando privilégios com o dinheiro que não exite

INCLUSÃO DE ESTADOS INVIABILIZA APROVAÇÃO DA REFORMA, DIZ MAIA

Conteúdo de O Antagonista. Em evento em São Paulo na noite de ontem, Rodrigo Maia afirmou que a inclusão dos estados na reforma da Previdência pode inviabilizar a aprovação.

"Nós temos de 50 a 60 deputados que hoje não votam a reforma com a inclusão de estados e municípios, os deputados mais próximos aos governadores, de alguns governadores do Nordeste foram inclusive muito duros com os deputados que votaram a favor. O governador de Pernambuco disse hoje que a reforma da Previdência não era a solução para todos os problemas, então também não há por parte de alguns um interesse mais objetivo na participação, nós entendemos que todos eles podem fazer suas reformas na Assembleia Legislativa de seus estados fazendo a mudança constitucional, agora, nesse momento incluir estados e municípios na Câmara é correr o risco de perdermos de 50 a 60 votos na votação no plenário."
Herculano
06/07/2019 07:29
PASSO PREVIDENTE, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Sob pressão, comissão da Câmara preserva o essencial da reforma da aposentadoria

A despeito da dissonância do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que na última hora retomou suas referências corporativistas na tentativa de defender mais vantagens para policiais, a comissão especial da Câmara dos Deputados resistiu às pressões e aprovou uma boa versão da reforma da Previdência Social.

Aprovado com ampla maioria, de 36 votos a 13, o relatório preserva a espinha dorsal da proposta original, com impacto estimado nas contas públicas em torno de R$ 1 trilhão ao longo de dez anos, perto do que queria a equipe econômica.

Como esperado, caiu o dispositivo que previa um regime de capitalização, ideia controversa, mal explicada e que não encontrou amparo político. Ficou o mais importante para o momento - idade mínima, equiparação entre regimes dos servidores e da iniciativa privada e uma transição não muito longa para os trabalhadores já na ativa.

A rendição de Bolsonaro aos policiais federais - depois de ser chamado de traidor pela categoria - quase impediu a votação nesta semana, o que teria praticamente inviabilizado a apreciação pelo plenário antes do recesso.

Desta vez, a responsabilidade por evitar a perda de controle para os grupos de pressão coube aos parlamentares favoráveis à reforma.

Os pontos negativos foram a retirada de estados e municípios do texto, embora ainda haja chance de reparo nas próximas etapas da tramitação, e a perda de contribuições rurais de R$ 80 bilhões em uma década, mostra da força da bancada ruralista ?"que continua a defender isenções descabidas.

O próximo passo é a votação no plenário da Câmara, o que, segundo promessas das lideranças partidárias, deve ocorrer na próxima semana. Espera-se uma dura batalha, sempre com risco de diluição maior da proposta.

Entretanto há sinais de apoio político expressivo - e a esta altura já parece realista contar com uma reforma suficientemente robusta para reduzir o risco de descontrole nas contas públicas, ainda que outras medidas sejam necessárias.

A mudança do sistema de aposentadorias não bastará, decerto, para tirar a economia do país da estagnação atual, mas se mostra imprescindível para estabelecer um ambiente de maior confiança. De imediato, abre caminho para a redução dos juros do Banco Central, hoje de 6,5% ao ano.

Ao longo do tempo, desde que haja avanços em áreas como tributação e regulação, pode-se esperar um aumento na disposição do setor privado para investimentos. Setores ligados à infraestrutura e à construção civil despontam como os mais promissores, com elevado potencial de geração de empregos.

Para apressar o processo, é fundamental que governo e Congresso resistam às demandas corporativas e preservem o vigor da reforma. Concessões significam mais déficit orçamentário e dívida pública que, cedo ou tarde, implicará custos para todos os brasileiros.
Herculano
05/07/2019 17:05
da série: a Justiça como uma organização corporativa protegendo seus interesses em detrimento da lei que torna os cidadãos iguais ente eles. Depois de você ler esta notícia e análise, entenderá melhor porquê a sociedade está desacreditada dela. Entenderá a razão pela qual o ministro da Justiça, como ex-juiz da Lava Jato, está na linha de tiro dos políticos, dos chefes de organizações criminosas, da OAB e do próprio corpo do Judiciário que lava as mãos e o deixa na fritura

POR QUE BOLSONARO NÃO ESCOLHEU O NOME DO STF PARA O TSE, por Cláudio Dantas, no O Antagonista.

O Antagonista noticiou ontem que Jair Bolsonaro indicou Carlos Velloso Filho para vaga de ministro do TSE, rejeitando a advogada Daniela Rodrigues Teixeira, a preferida de 10 dos 11 ministros do STF.

Pouca gente se deu conta de que o próximo ministro terá papel importante no julgamento de casos da Lava Jato que foram transferidos para a Justiça Eleitoral. Ao vetar Daniela, Bolsonaro frustrou os planos de alguns ministros que estavam especialmente entusiasmados com a indicação.

O presidente já tinha dúvidas sobre a advogada - com quem bateu boca numa sessão da Câmara em 2016 -, mas resolveu descartá-la de vez após analisar informações que lhe foram passadas por assessores.

O presidente foi informado, por exemplo, de que Daniela defendeu Dias Toffoli no processo em que foi condenado por afronta à Lei de Licitações, ao celebrar contratos de serviços jurídicos com o governo do Amapá.

Reportagem do Conjur lembra que a condenação foi suspensa em 2009 após Daniela despachar com o juiz Mário Euzébio Mazurek, então titular da 2ª Vara Cível e da Fazenda Pública de Macapá. A decisão favorável a Toffoli lhe abriu caminho para o Supremo.

Vice-presidente da OAB-DF, Daniela Teixeira advoga atualmente para dois réus da Lava Jato: o empresário de ônibus Jacob Barata e o ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu. Em ambos os casos, a advogada teve sucesso em retirá-los da cadeia.

Barata foi solto por Gilmar, enquanto Genu contou com a benevolência da Segunda Turma, com voto de Toffoli, acompanhado do próprio Gilmar e de Ricardo Lewandowski.

A despeito das atividades jurídicas de Daniela, Bolsonaro ficou especialmente incomodado com o fato de sua mãe ter sido citada na Lava Jato.

Segundo delatores, Maria da Glória Rodrigues Câmara era quem fazia o "meio-campo" da Odebrecht com a Camex (Câmara de Comércio Exterior) ?" órgão essencial na aprovação de empréstimos do BNDES para obras no exterior. A Lava Jato ainda não confirmou as acusações dos delatores.
Herculano
05/07/2019 11:58
A AGÊNCIA NACIONAL DE PETRóLEO ACABA DE ANUNCIAR NOVAS REGRAS DE TRANSPARÊNCIA AO CONSUMIDOR DE COMBUSTÍVEIS

VAI ESTAR NA PRAÇA UM APLICATIVO, ONDE DE QUALQUER LUGAR, VOCÊ VAI SABER OS PREÇOS PRATICADOS NAQUELE MOMENTO NOS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS

SERÁ QUE OS CARTEIS DOS SINDICATOS PATRONAIS VÃO PERMITIR?

Herculano
05/07/2019 11:13
O PREÇO DA PARALISAÇÃO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

TCU estima que, dos mais de 38 mil contratos de obras públicas, cerca de 14 mil estão parados, um inaceitável desperdício de dinheiro.

Na última terça-feira, dia 2, a Câmara dos Deputados instalou uma comissão para acompanhar a execução de obras inacabadas. O mais recente levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU), assumidamente incompleto devido à carência de dados consolidados, revela um cenário exasperador. O Tribunal estima que, dos mais de 38 mil contratos de obras públicas, cerca de 14 mil (38%) estão paralisados.

Os valores destes contratos totalizam R$ 144 bilhões. De R$ 11 bilhões a R$ 12 bilhões já foram executados, de modo que seriam necessários R$ 132 bilhões para os concluir - sem contar gastos com danos resultantes do abandono. Além dos valores investidos, há prejuízos indiretos de difícil mensuração, como os entraves à movimentação da economia local e a privação de serviços à população, como atendimento hospitalar ou esgotamento sanitário. Um estudo citado pelo TCU constatou a paralisação de 3 mil obras de creches (75 mil vagas), resultando em um impacto na renda anual das famílias desamparadas da ordem de R$ 3 bilhões.

O problema de boa parte das obras começa antes mesmo de seu início, na deficiência dos projetos, devido a prazos curtos de elaboração e falta de estudos e amadurecimento, resultando em atrasos e majoração dos custos. Em parte, a razão é que as licitações costumam priorizar os preços mais baixos. Ao invés disso, o Tribunal recomenda a realização de concursos em que a qualificação técnica seja mais bem ponderada como critério de escolha.

Outra causa de paralisação é a incapacidade de Estados e municípios em honrar a sua parte no financiamento das obras pactuadas com a União. Uma das dificuldades é a regra que determina que a União não fará aportes adicionais, ficando todo o risco de acréscimos de valores, seja por ajustes no projeto, aditivos contratuais ou atualização monetária, por conta dos entes subnacionais. De resto, além da queda na arrecadação dos últimos anos, há uma insuficiência dos atuais instrumentos de orçamentação para planejar empreendimentos plurianuais. Tudo isso, somado ao baixo índice de responsabilização dos gestores, resulta na pouca confiabilidade das garantias e compromissos assumidos por Estados e municípios.

Ante essa ineficiência endêmica, ao invés de racionalizar os procedimentos com critérios mais rigorosos, o poder público, segundo o TCU, tende a iniciar um número excessivo de empreendimentos, na expectativa de que uma parcela seja realizada. O resultado é mais ineficiência, desperdício e sobrecarga administrativa.

Outro fator crítico é a disparidade entre os procedimentos exigidos pela União e a capacidade técnica dos entes subnacionais para executar o projeto. Uma das estratégias sugeridas para suprir esse déficit é promover parcerias com o setor privado. Também é necessário aprimorar os critérios de aferição da capacidade técnica dos tomadores de recursos. Além disso, o TCU recomenda o fomento de consórcios intermunicipais a fim de reduzir a desigualdade técnica entre os municípios menos favorecidos.

"Quando a Administração consegue ponderar adequadamente esses fatores ?" fiscalização alinhada com boa gestão; capacitação e aperfeiçoamento do quadro técnico; precaução em se fazer projetos mais precisos, coerentes com as expectativas da comunidade e sem grande lapso temporal entre projeto e obra; recursos assegurados em tempo regular ?", o risco de se ter uma obra paralisada é mitigado." Em vista disso, o TCU recomenda a catalogação das boas práticas, campanhas de conscientização e premiações às obras que se destacarem na superação dos parâmetros estabelecidos.

Para que as autoridades possam se precaver contra paralisações e monitorar o desempenho das obras, o TCU considera fundamental que o Ministério da Economia desenvolva um banco de dados consolidado e também um fórum permanente envolvendo múltiplos atores.

É inaceitável que bilhões do contribuinte sejam desperdiçados em esqueletos de concreto que só servem como monumentos à ineficiência e irresponsabilidade do poder público.
Herculano
05/07/2019 11:09
da série: ainda vão transformar Sérgio Moro em herói icônico que destruiu as tentativas estruturadas da ORCRIM para provar publicamente a sua parcialidade nos julgamentos que proferiu monocraticamente na Lava Jato, mas que foi referendado em graus superiores.

O ataque não é exatamente contra Moro, mas a Bolsonaro, por Lula Livre, a desmoralização das instituições que combatem o crime organizado, com a volta da corrupção

MORO: "A ABSOLVIÇÃO REVELA POR SI Só A FALSIDADE DA AFIRMAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE CONLUIO ENTRE JUIZ E PROCURADORES"

Conteúdo de O Antagonista.Em nota sobre a reportagem da Veja, Sergio Moro esclarece também a acusação de "quebra de parcialidade" por suposta mensagem no sentido de que teria solicitado a inclusão de fato e prova em denúncia contra Zwi Skornicki e Eduardo Musa.

Escreve o ex-juiz e atual ministro da Justiça:

"Acusa a Veja o ministro, então juiz, de quebra de parcialidade por suposta mensagem de terceiros no sentido de que teria solicitado a inclusão de fato e prova em denúncia do MPF contra Zwi Skornicki e Eduardo Musa na ação penal 5013405-59.2016.4.04.7000. Não tem o ministro como confirmar ou responder pelo conteúdo de suposta mensagem entre terceiros. De todo modo, caso a Veja tivesse ouvido o ministro ou checado os fatos saberia que a acusação relativa ao depósito de USD 80 mil, de 7 de novembro de 2011, e que foi incluído no aditamento da denúncia em questão, não foi reconhecido como crime na sentença proferida pelo então juiz em 2 de fevereiro de 2017, sendo ambos absolvidos deste fato (itens 349 e 424, alínea A e D). A absolvição revela por si só a falsidade da afirmação da existência de conluio entre juiz e procuradores ou de quebra de parcialidade, indicando ainda o caráter fraudulento da suposta mensagem."
Herculano
05/07/2019 10:57
UM SINDICALISTA FANTASIADO DE LIBERAL: O ESTELIONATO ESTÁ NU, por Mário Vitor Rodrigues, no site Gazeta do Povo, Curitiba PR

Não sou um dos tantos que comprou a narrativa que aventava o início de uma "nova Era" caso Jair Bolsonaro fosse eleito, tão alardeada pela sua campanha durante as últimas eleições. Portanto, não seria correto dizer que me decepcionei com a postura do presidente nas últimas horas, quando buscou a todo custo favorecer a categoria dos funcionários do setor de segurança no texto da reforma da Previdência.

No fim das contas, Bolsonaro só faz agora o que vem fazendo há 30 anos, desde o momento em que ingressou na carreira política: seguir a sua natureza de sindicalista. Assim, escancara de maneira inequívoca o autêntico estelionato eleitoral que permeou a sua vitória nas urnas, ao se fantasiar de liberal na economia - com o apoio decisivo de um Paulo Guedes ávido pelo palanque político, e um bom naco do mercado financeiro que não faz a menor ideia do que seja o Brasil.

É importante deixar isso claro.

A gestão atual não está sendo apenas calamitosa do ponto de vista moral e civilizatório. Ela redefine o conceito de despreparo ao gerar crises em série pelas razões mais amalucadas, seja por meio de faniquitos de filhos do mandatário, seja pelo amadorismo de ministros de Estado. Representa uma mentira. E a disposição da sociedade para se autossabotar.

Não está certo se merecemos tamanha bênção, mas a nossa grande sorte é que, desta vez - ao contrário da última, há 16 anos -, o populismo com viés protecionista escolhido para tocar o país encontra um cenário bem diferente. Menos alvissareiro.

Para começo de conversa, Lula era mais inteligente do que Bolsonaro. Soube ser pragmático ao ignorar o clamor dos radicais à esquerda e aperfeiçoou a política econômica que já vinha dando certo no governo Fernando Henrique. Não deu tiro no pé. Não esvaziou agendas que fossem fundamentais para o seu projeto de poder e nem fritou aliados em público.

Em segundo lugar, noves fora a inaptidão do atual governo para a tarefa que lhe foi conferida na esteira do antipetismo, não há hoje uma conjuntura internacional favorável para ser instrumentalizada, como fez o PT. Bem ao contrário, a realidade hoje aponta para uma desaceleração da economia chinesa e até mesmo recessão da americana.

Por fim, também no sentido inverso ao de quando Lula assumiu, Bolsonaro de fato recebeu uma herança maldita. Ainda que o governo Michel Temer tenha sido capaz de entregar menos pepinos do que recebeu de Dilma Rousseff, o estrago causado pelo petismo, tanto do ponto de vista ético quanto da competência, não deve ser superado tão cedo.

Enfim, a boa notícia é que, para além da lavagem cerebral sugerida pelo olavismo e a repulsa à esquerda, Jair Bolsonaro não se mostra capaz de sobreviver politicamente. Acima de tudo, porém, apesar de as chances de que o atual zeitgeist perdure, cabe estabelecer a verdade dos fatos: o atual presidente da República não é apenas ruim, mas uma farsa. E a sua existência no cargo representa um inegável estelionato eleitoral. Um autoengano do qual, arrisco-me a dizer, tão cedo não vamos nos recuperar.

A menos que passemos a prestar atenção nos sinais, na conduta e nas inconsistências já tão abundantes entre o "mito" e o presidente."
Herculano
05/07/2019 10:52
BOLSONARO, O SINDICALISTA, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

Presidente demitiu general por 'agir como sindicalista', mas lidera pressão de policiais

O presidente Jair Bolsonaro, que jogou a reforma da Previdência no Congresso e foi para o conforto da arquibancada, entrou em campo aos 45 minutos do segundo tempo, não para ajudar, mas para atrapalhar. Em vez de desestimular pressões corporativas, o presidente liderou a pressão de policiais.

Depois de acusar o general Juarez Cunha de "agir como sindicalista" e demiti-lo dos Correios, Bolsonaro age como sindicalista e insufla as reivindicações dos policiais, que querem condições especiais e equiparação aos miliares na Previdência.

A profissão de policial é, de fato, desgastante e perigosa num país conflagrado como o Brasil. E o que falar de médicos e enfermeiros de hospitais públicos? De lixeiros que carregam peso madrugadas inteiras, descendo e subindo em caminhões? E de trabalhadores em minas e outros locais insalubres?

Por que os policiais são diferentes? Simples. Eles têm apoio do presidente, em quem sempre votaram no Rio, foram leais em 2018 e estão encastelados no seu partido, o PSL. Então, todos têm de dar sua cota de sacrifício, menos os amigões e a base de Bolsonaro.

Ao enviar ao Congresso uma proposta diferenciada para as Forças Armadas, o governo pôde pelo menos alegar que são condições muito específicas e a defasagem salarial vem de muitos anos. Na reta final da comissão, Bolsonaro ainda tentou equiparar as situações, alegando que os policiais "nunca tiveram privilégios". Não é bem assim. Que outras categorias se aposentam aos 50 anos, com salário integral?

Os policiais federais, rodoviários federais e legislativos estavam, e estão, no papel deles de pressionar, brigar por condições especiais e bater em todas as portas. Quem vai à residência oficial do deputado Rodrigo Maia se depara, já na enorme mesa da sala de jantar, com várias pastas, separadas por temas. A maioria delas tem o carimbo de categorias de policiais. Mas Maia, o presidente da comissão, Marcelo Ramos, e o relator, Samuel Moreira, pensam no macro: se cedessem para uma categoria, seriam alvo fácil de todas. A reforma viraria pó.

Depois de atuar firmemente a favor da reforma e no fim criticar o primeiro relatório da comissão, o ministro Paulo Guedes saiu de campo, parou de dar entrevistas e foi para a arquibancada, de onde Bolsonaro jamais saiu durante toda a longa e sofrida negociação. O ministro aguentou firme e só voltou a se manifestar em público ontem, com a aprovação do relatório na comissão. Mas Bolsonaro fez o oposto.

Distante, como se não tivesse nada a ver com isso, o presidente se recusou a liderar as negociações da reforma, empurrando todo o peso nas costas de Rodrigo Maia, e ainda continuou cutucando o Congresso e os políticos, enquanto eles faziam das tripas coração para aprovar algo fundamental para o País.

A reforma deve ser aprovada na Câmara, ainda em julho, e no Senado, no segundo semestre. E depois? Como será a relação do presidente com o Congresso, do qual, aliás, ele fez parte por inexpressivos 28 anos?

Além de ter dois projetos rejeitados no Supremo, Bolsonaro já perdeu três vezes no Senado e retirou os decretos das armas para evitar a derrota na Câmara. É hora de o presidente recompor suas relações institucionais, para não enfrentar tempos difíceis pela frente. Mas não assim, abandonando a reforma da Previdência durante meses e entrando nela nos últimos dias ?" e na contramão, a favor do corporativismo que Guedes atribuíra à Câmara.

Por último, a posse do general Luiz Eduardo Ramos na Secretaria de Governo e a aprovação da reforma na Comissão Especial definem o destino do deputado Onyx Lorenzoni no governo. Se seguir o conselho do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também do DEM, ele se demite, antes que seja demitido.
Herculano
05/07/2019 10:00
A PORTEIRA DA BOIADA

Mais uma do retrato do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB.

Na coluna de segunda-feira, mostrei - con fotos e exemplos - que a proibição de passagem de caminhões com mais de quatro toneladas pelo desvio da Rua Olga Bohn, para vencer a interdição da Rua Nereu Ramos, era para inglês ver.

Faltava o essencial: duas ou três placas, oficiais, para sinalizar esta proibição no local. Sem elas, os agentes não tinham por lei e oficialmente, impedir a passagem deles, muito menos aplicar multas, ou até apreender os veículos infratores.

Bingo. Os que conhecem a lei - caminhoneiros - tentaram e passaram. E os agentes, que também conhecem a lei, permitiram. E ai, devido a pontos estreitos e curvas acentuadas, tudo se atrapalha mais do que já está atrapalhado. Incrível

Coisa fácil, simples, rápida e barata de se resolver, mas que em duas semanas não foi possível de solucionar na secretaria de Planejamento Territorial, principalmente na secretaria de Obras e Serviços Urbanos, muito menos na Ditran. Acorda, Gaspar!
Miguel José Teixeira
05/07/2019 08:42
Senhores,

Digo, repito e constata-se abaixo: CUmunistinhas adoram "boquinhas". . .

Olhem a pelegada aí defendendo suas boquinhas, gente!!!!

Parlamentares da oposição lançam frentes contra privatizações no setor elétrico.

Foram lançadas na quarta-feira(3) cinco frentes parlamentares relacionadas ao setor elétrico: em Defesa da Eletrobrás e do Setor Elétrico, com Henrique Fontana na coordenação (PT-RS); em Defesa da Eletrosul, coordenada por Pedro Uczai (PT-SC); a Frente Parlamentar em Defesa do Setor Elétrico Brasileiro, coordenada por Erika Kokay (PT-DF); a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Eletronorte, com Zé Carlos (PT-MA) na coordenação e a Frente Parlamentar em Defesa da Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), coordenada por Danilo Cabral (PSB-PE).

+ em: https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/ECONOMIA/579415-PARLAMENTARES-DA-OPOSICAO-LANCAM-FRENTES-CONTRA-PRIVATIZACOES-NO-SETOR-ELETRICO.html?utm_campaign=boletim&utm_source=agencia&utm_medium=email
Herculano
05/07/2019 07:24
da série: como gente sabida, articulada, influencia no parlamento para criar privilégios para poucos, para todos pagarem, principalmente os mais pobres e até desempregados

DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA DAS CORPORAÇõES, editorial de O Globo

Início da votação é positivo para a reforma, mas lobby dos servidores tem o reforço até do presidente

As corporações em geral e as dos servidores públicos em particular, em que estão representantes de segmentos privilegiados na sociedade brasileira, agem há algum tempo contra a reforma na Previdência, por meio de seus representantes no Congresso e no próprio Executivo.

Para que não reste dúvida, o presidente da República, Jair Bolsonaro, pegou o telefone na quarta-feira para defender junto a congressistas reivindicações de policiais federais e rodoviários também federais. O lobby do presidente é em defesa da reivindicação das categorias para, por exemplo, não cumprirem o limite de idade de 55 anos para a aposentadoria, muito baixo considerando a expectativa de vida do brasileiro adulto.

O pedido não entrou no relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), cujo texto básico foi aprovado ontem na Comissão Especial da reforma, por 36 votos a 13. Também foi tentada, sem êxito, a inclusão de uma emenda ainda mais generosa para esses policiais. Isso não significa muito, porque haveria entendimentos para as benesses entrarem na reforma, na votação em plenário.

O deputado Bolsonaro passou 28 anos na Câmara representando esses grupos. Sempre foi contra mudanças na Previdência. Evitou ao máximo o assunto na campanha, mas, eleito, não havia como escapar do tema, o mais estrutural dos obstáculos à volta do crescimento e, consequentemente, do emprego.

Mas, como os compromissos corporativistas de Bolsonaro se revelam mais fortes que suas responsabilidades como chefe da nação, o presidente engrossou o lobby dos policiais. Não é um trabalho fácil o do agente de segurança, mas é preciso reconhecer que são categorias privilegiadas em relação à grande massa do povo brasileiro, que se aposenta por volta dos 65 anos de idade, para receber um salário mínimo ou pouco mais.

Esta primeira fase da tramitação da reforma sinaliza positivamente para o projeto, mas confirma o poder de lobbies dos servidores públicos. Há sinais da atuação deles. Na redação original do relatório, por exemplo, Samuel Moreira suavizou a transição do funcionalismo e, para compensar a injustiça do benefício, fez concessões para a grande massa dos empregados no setor privado, segurados do INSS.

O resultado é reduzir o impacto fiscal da reforma. O objetivo, em dez anos, é de uma economia de R$ 1 trilhão. Por enquanto, o alvo está sendo atingido. Mas é necessário saber como. Recuos diante de pressões de grupos organizados implicam reduzir a "potência fiscal" do projeto, termo do ministro Paulo Guedes, da Economia.

Como a tendência é estes lobbies ficarem ainda mais ativos, cabe lembrar: o aposentado na iniciativa privada recebia em média, em 2017, R$ 1.369; no Executivo federal, R$ 8.478; no Ministério Público, R$ 14.656; R$ 18.065, no Judiciário, e extravantes R$ 26.823 no funcionalismo do Congresso.
Herculano
05/07/2019 07:19
O CINISMO DO PT, por José Nêumanne, no jornal O Estado de S. Paulo

Senador petista não se arrepende de ter dado enorme prejuízo à Petrobrás e criado a maior crise econômica da História do País por causa da roubalheira, mas da lei da delação premiada que ajudou a prender os corruptos do PT

Poucos petistas teriam o cinismo e a coragem do senador Jaques Wagner de declarar, como o fez, que se arrepende de ter ajudado a aprovar a lei que permitiu a delação premiada no Brasil, seguindo exemplos de países como Estados Unidos e Itália. A declaração exibe em toda a sua extensão a falta de decoro total do Partido dos Trabalhadores. Preste atenção: ele não se mortifica pelos crimes que o PT cometeu, mas, sim, por ter permitido que os agentes da lei os desmascarassem. E esse cidadão é senador da República!
Herculano
05/07/2019 07:16
NAS MENSAGENS ATRIBUÍDAS A MORO, NÃO HÁ UMA LINHA SOBRE LULA

Conteúdo de O Antagonista.Nas mensagens supostamente roubadas à Lava Jato e repassadas à Veja, não há uma linha sobre o processo do triplex. Ou do sítio. Ou do prédio do Instituto Lula.

Como é que vão usar esse crime de vazamento para inocentar o chefe da ORCRIM?

Ou enterram toda a Lava Jato, ou não há o que fazer.
Herculano
05/07/2019 07:04
AVANÇO DE GASTOS OBRIGATóRIOS EXPULSA INVESTIMENTOS, editorial do jornal Valor Econômico

Com a adoção do teto de gastos, a redução ao longo do tempo do déficit da previdência - que perderá velocidade, mas não deixará de crescer com a reforma -, é o problema mais urgente, mas não o único. Com as despesas congeladas em termos reais, os gastos obrigatórios estão, como sempre, reduzindo os demais, em um ajuste de baixa qualidade, com a aniquilação do investimento público e cortes de custeio da manutenção de infraestrutura. O aperto fiscal deve prosseguir, ou até mesmo se intensificar no curto prazo.

A próxima revisão orçamentária pode aumentar o contingenciamento de verbas, pois a margem para o cumprimento da meta de déficit primário de R$ 139 bilhões, o sexto rombo anual consecutivo, está se estreitando. Pela segunda revisão orçamentária bimestral, a execução pressupunha déficit de R$ 138,8 bilhões, dentro da meta, com margem potencial de R$ 33 bilhões para despesas. Mas a promessa de crescimento maior não se realizou e, confeccionado com a perspectiva de expansão de 2,5%, depois 1,6%, o orçamento terá de se adequar de novo ao figurino de um PIB bem mais magro. Nesta segunda revisão a previsão de receita líquida para o ano encolheu 3,2% e novas revisões para baixo ocorrerão, pois as atividades econômicas não reagirão até o fim do exercício fiscal.

O drama fiscal foi mais uma vez expresso nos cálculos da ONG Contas Abertas, feitas a pedido do Valor, que comparam os gastos obrigatórios e discricionários no primeiro trimestre de 2014 com os do mesmo período de 2019. Na trajetória atual, para manter o teto de gastos, será inevitável desvincular o orçamento, se a União quiser preservar alguma capacidade de investimento, que tende a zero se tudo continuar como está, e impedir que a infraestrutura dos serviços públicos se deteriore em um grau ainda maior do que o que já ocorre.

As despesas primárias discricionárias, que incluem investimentos, caíram 53,2% em termos reais (descontada a inflação) no período analisado, para R$ 29,8 bilhões, enquanto que os gastos primários obrigatórios avançaram 13,3% (Valor, 4 de julho), para R$ 507 bilhões. O principal fator da redução foi a abismal queda real de 78% dos investimentos do Programa de Parceria de Investimentos e do Programa de Aceleração do Crescimento. De R$ 21,3 bilhões no primeiro quadrimestre de 2014, diminuíram para R$ 4,8 bilhões no mesmo período de 2019. Esses investimentos teriam papel contracíclico importante durante e na saída da recessão, mas são os primeiros a serem abortados quando as receitas federais entram em queda. Outros estudos apontaram que com o nível investido nos últimos anos, o estoque de capital do país não está sendo reposto na proporção em que é consumido. Sem investimentos, não só o país não aumenta sua capacidade de produção de bens e serviços, como começa a regredir.

Outro retrato da mesma situação é fornecido pelos gastos obrigatórios com transportes, que despencaram de R$ 6,3 bilhões para R$ 2,2 bilhões. A queda foi puxada pelo definhamento do programa de transportes rodoviários, que inclui manutenção, duplicação e construção de estradas, cujos gastos se reduziram de R$ 4,18 bilhões para R$ 49,3 milhões agora. As despesas com transporte terrestre, por outro lado, subiram de R$ 185 milhões para R$ 1,66 bilhão.

Na habitação o quadro não é melhor. Os gastos discricionários da rubrica "encargos especiais" caíram para um terço do que eram, de R$ 10,1 bilhões para R$ 3,6 bilhões. O recuo é fruto do derretimento do programa "Moradia digna", que gastava R$ 7,9 bilhões, hoje reduzidos a R$ 1,13 bilhão. O Minha Casa Minha Vida, que consumia R$ 6,5 bilhões, teve agora de se contentar com R$ 739 milhões.

Ainda que exista algum ruído nos números em função da sazonalidade de gastos de alguns ministérios, a direção que eles apontam é real e destrutiva: os investimentos públicos estão em seu menor nível histórico. Como o teto de gastos é o único dique para impedir o descontrole das despesas - de 1998 até sua implantação elas cresciam 6% reais ao ano - a solução passa por conter os maiores blocos de despesas: a previdência e a folha de salários do funcionalismo. O primeiro problema está sendo mitigado pela reforma, o segundo, ainda não. Depois, a balcanização dos gastos, com percentuais obrigatórios, mesmo com as melhores intenções, abrigam falta de prioridades e desperdícios. A desvinculação exigiria mais responsabilidade e discernimento para os gastos. A equação fiscal não fecha, obviamente, com o crescimento medíocre exibido nos últimos anos.
Herculano
05/07/2019 07:01
REFORMA DAS APOSENTADORIAS PASSA ESTE MÊS SE BOLSONARO NÃO ATRAPALHAR, DIZEM DEPUTADOS

Lideranças na Câmara dizem que votam Previdência até dia 17

Se o governo e o PSL não atrapalharem, a reforma da Previdência vai ser posta em votação a partir da quarta-feira que vem, dia 10 e votada até dia 17, dizem lideranças da Câmara. É uma mistura de clima de euforia com "ou vai ou racha" e Terça Gorda de Carnaval ("é hoje só").

Pelo menos até agora, a média do país assiste bestificada à tramitação de uma reforma emperrada faz quase 20 anos. Protestos maiores vêm de policiais e, bem menos, de professores; sindicatos, movimentos sociais e oposição em geral parecem todos atropelados.

No mercado financeiro, as taxas de juros rolam a ladeira para mínimas históricas, empurradas principalmente pela situação da finança mundial, mas agora também pela chegada próxima da reforma ao plenário da Câmara.

O ministro Paulo Guedes (Economia), falando para a turma em São Paulo, chegou a antecipar os próximos grandes projetos do governo na economia. Em evento de uma instituição financeira, disse que virão uma reforma tributária, que concorreria de modo "positivo" com aquela que tramita na Câmara, e o que chamou de "pacto federativo", mas parece outra coisa. Isto é, Guedes disse que vai mesmo propor o fim da obrigatoriedade de certas despesas do governo, como aquelas em educação e saúde, entre as mais importantes.

Não parece ser boa ideia, por vários motivos. Se de fato passar a reforma previdenciária, será um milagre que passe também uma reforma dos impostos que mexe com interesses de montes de empresas e acaba com boa parte da autonomia tributária dos estados. É ambição irrealista misturar nesse angu o caroço da desvinculação ampla, geral e irrestrita.

Quanto à reforma da Previdência, há muita gente que conta com os ovos que ainda estão na barriga da galinha. Seria uma necessidade, argumentam lideranças que trabalham com Rodrigo Maia, presidente da Câmara e condutor de fato dessa tramitação até aqui bem-sucedida.

É preciso tentar votar agora, em dez dias; depois do recesso, o país pode ser totalmente outro, diz um deputado que está no comando das negociações, referindo-se às férias do Congresso, que em tese começam no dia 18. A necessidade seria ainda mais premente por causa da instabilidade do governo de Jair Bolsonaro. A dúvida desse grupo político é se dá tempo de votar os dois turnos antes das férias.

Adiar o recesso parece inviável: "a gente adia, os deputados não ficam [em Brasília]", dizia o parlamentar, quando haviam sido votados apenas três da dúzia e meia de destaques ao projeto básico aprovado nesta quinta-feira, na Comissão Especial da Câmara.

Tem voto? Segundo lideranças que turbinam a tramitação, sim, tem voto. Ou melhor, a reforma deve passar se o PSL, partido de Bolsonaro, votar a favor e não continuar a dar apoio ao lobby dos policiais, que querem uma reforma para recuperar privilégios derrubados desde a mudança da Previdência dos servidores promovida no governo Lula 1, em 2003. Uma vitória dos policiais provocaria uma fila de reivindicações assemelhadas.

Em maio de 2017, a reforma previdenciária de Michel Temer, já bem lipoaspirada, havia sido aprovada na Comissão Especial da Câmara, embora estivesse meio marcada para morrer. Não tinha voto, havia protestos na rua e a popularidade de Temer beirava o zero. Pouco tempo depois, houve o Joesley Day, a revelação do grampo. Líderes da Câmara se lembram do episódio quando dizem que é preciso o "vai ou racha" da votação em até 15 dias.
Herculano
05/07/2019 06:48
SEM CONTROLE, UNIÃO GASTA R$1 BILHÃO EM ALUGUEIS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) em cerca de dois mil contratos de órgãos e entidades públicas, sob o comando do ministro Vital do Rêgo, atesta que os gastos com aluguéis ultrapassaram R$1 bilhão por ano em 2016 e 2017, devido à ausência de sistema que garanta o melhor preço. O TCU também não conseguiu identificar qualquer metodologia para medir a vantagem econômica das mudanças de sedes, que custam milhões só para trocar de endereços.

MUDANÇA ESCANDALOSA

A Eletronorte, estatal que só dá prejuízo, torrou nada menos que R$18 milhões em despesas com mudança de endereço. Ninguém foi preso.

ALUGUEL DOLARIZADO

Em razão da necessidade de manter postos no exterior, somente o Itamaraty gasta mais de R$200 milhões com aluguéis em dólares.

SEM Dó NEM PIEDADE

Em 2017, o então ministério da Fazenda gastou R$140 milhões em alugueis, AGU R$120 milhões e Educação outros R$120 milhões.

ONDE MORA O PERIGO

Segundo o TCU, contratos foram firmados com dispensa de licitação, mas a prática não é proibida por Lei. A escolha do imóvel é livre.

NO DIA 18, REFORMA DEVE SER VOTADA Só EM 1º TURNO

Os deputados federais deram um grande passo para aprovar a reforma da Previdência antes do recesso parlamentar, só que não. Um dos donos das vontades da Câmara, Arthur Lira (AL), líder do PP e do Centrão, já avisou que no dia 18 a proposta será votada apenas em 1º turno. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, poderia fazer ambas as votações em duas horas, como na PEC do Orçamento Impositivo, mas a turma quer é rosetar, vendendo caro a aprovação da reforma.

FACA NO PESCOÇO

A votação em 2º turno, segundo Arthur Lira, será apenas em agosto. Mantém a esperança de obrigar o governo a "negociar" sua aprovação.

FAZENDO O 'BEM'

Por que não votar no mesmo dia, como na PEC do Orçamento? Arthur Lira debocha: "A Câmara só tem pressa para fazer o bem..."

ACESSO AO TESOURO

Sem reforma não haverá como pagar salários e aposentadorias, bolsa-família etc. Mas no Centrão "fazer o bem" é pôr as mãos no orçamento.

GUEDES 2022

O ministro Paulo Guedes (Economia) foi saudado nesta quinta (4), em São Paulo, aos gritos de "presidente", pelo auditório lotado em evento para investidores. Não se fez de rogado: falou por uma hora e meia.

REFORMA POR ADESÃO

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), esteve em Brasília e sugeriu a Rodrigo Maia, presidente da Câmara, que a reforma da Previdência tenha um dispositivo que permita a adesão de Estados e Municípios, mediante a aprovação de projetos de leis ordinária. Pode ser que role.

QUEM DIZ O QUE QUER...

Após ouvir a petista Gleisi Hoffmann (PR) apelar para a demagogia acusando a reforma de ser contra os aposentados, Marcel Van Hattem (Novo-RS) lembrou que ela é ré na Justiça por "roubar aposentados".

CARAS-DE-PAU

Habituados a insultar as polícias militares e até defender a extinção dessas corporações, PT e PCdoB, que caras-de-pau, orientaram suas bancadas a defender "regime especial" para as polícias.

OLHA ELES AÍ DE NOVO

Apesar da intimidade com o PT no passado, o MDB é um dos partidos que mais apoiam o governo Bolsonaro na Câmara. Os deputados federais do MDB votaram com o governo mais de 80% das vezes.

ELES SÃO TÃO SABIDOS...

Para incluir Estados e Municípios na reforma da Previdência, os governadores precisariam "virar" ao menos 60 votos de deputados contrários à proposta. Mas não quiseram assumir esse compromisso. Antes, tentaram impor condições ao dono da corda no cadafalso.

NOVA MARCA

O grupo Slim pretende extinguir a marca "NET" para unificar sua identidade. Os serviços de TV à cabo, telefone fixo e internet da NET devem ganhar a marca "Claro" nos próximos meses.

DOIS MUNDOS

Análise do diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado, Felipe Salto, mostra dois cenários distintos sobre impactos da reforma na dívida do governo. Em cenário otimista pode cair a 58% do PIB. No pessimista, a dívida pode subir a 108,1% de tudo que o Brasil produz.

PERGUNTA NA CADEIA

Político que é contra o pacote anticrime de Sergio Moro vai apoiar um projeto pró-crimes?
Herculano
05/07/2019 06:42
O PACTO QUE IMPORTA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Bolsonaro sepulta, como se previa, ideia de acordo entre os Poderes por reformas

No dia 27 de maio, o presidente Jair Bolsonaro apresentou ao país uma proposta que, embora se mostrasse pouco realista, parecia ao menos conter um impulso positivo. Tratava-se de firmar um pacto entre os Poderes com vistas a assegurar o encaminhamento e a aprovação de um leque de reformas necessárias para o futuro do país.

Passado mais de um mês, na quarta (3) o mandatário cedeu às evidências de que o acordo, como foi aventado, não seria viável - e decidiu enterrá-lo. Em evento que marcou a troca de chefia no Comando Militar do Sudeste, Bolsonaro afirmou que "não precisamos de pacto assinado no papel".

O importante, frisou, é que se votem matérias e proposições "que fujam ao populismo".

Em maio, quando foi formulada a ideia do entendimento formal entre os Poderes, o país passava por mais um dos momentos de acirramento de tensões que vêm pontuando a dinâmica do atual governo.

Bolsonaro havia divulgado um rumoroso texto de autor não identificado acerca da impossibilidade de governar o país sem ceder a conchavos. Na semana seguinte, foi a vez de o ministro da Economia, Paulo Guedes, ameaçar deixar o governo, caso a reforma da Previdência se tornasse insatisfatória ?"com o que o presidente anuiu.

Por fim, no dia 26 daquele mês, bolsonaristas saíram às ruas em vaga defesa da Presidência, com protestos localizados contra parlamentares, o presidente da Câmara e membros do Judiciário.

Nesse cenário, um gesto de pacificação entre os líderes dos Poderes poderia ser visto com simpatia - embora predominassem, naturalmente, as reações de ceticismo.

Agora, num período mais favorável, de avanços na tramitação das mudanças nas aposentadorias, as declarações presidenciais acerca dos objetivos que uniriam Executivo e Legislativo se revestem de ares de civilidade e equilíbrio.

Mas nem tudo foram flores na manifestação de Bolsonaro durante a cerimônia militar de quarta. A certo ponto de seu discurso, o mandatário voltou a despertar inquietações ao dizer que somente ao povo brasileiro, "mais importante que qualquer instituição nacional", deve "lealdade absoluta".

Difícil não interpretar tais palavras como um recado aos demais Poderes e um reforço ao pacto, este sim já consumado, do presidente com sua base política mais radical ?"uma parcela do eleitorado na qual alguns encaram as instituições da democracia como um obstáculo ao que seria uma imaginária revolução na maneira de governar.

Como se disse aqui na ocasião em que a proposta veio à luz, melhor faria o chefe do Executivo se esposasse, sem hesitações, os comandos basilares da Constituição e as regras de convívio democrático. A alternativa é condenar o governo e o país a um padrão estressante e desnecessário de instabilidade.
Herculano
04/07/2019 21:28
20 ANOS DEPOIS, por Alexandre Schwartsman, economista, ex-diretor do Banco Central, no Infomoney

O principal ganhador do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia é o consumidor, principalmente o do lado de cá do Atlântico, que passará a usufruir de produtos melhores e mais baratos.

O anunciado acordo comercial com a União Europeia (UE) é uma excelente notícia, ainda mais num país carente de boas novas, principalmente (mas não apenas) na área econômica. A começar porque se trata de um pacto de porte num mundo que tem se movido no sentido oposto.

Depois de décadas de abertura crescente, mais ancorada, é verdade, em tratos bilaterais do que num grande acerto multilateral (como seria a rodada Doha), testemunhamos recuos importantes nesta frente no mundo. Alguns exemplos são a retirada americana do Trans-Pacific Partnership (TPP) e a guerra comercial entre EUA e China, bem como diversas outras instâncias de restrição ao comércio internacional, em geral amparadas em argumentos duvidosos, quando não simplesmente falsos.

Contra esse pano de fundo, não há como minimizar a importância desse empreendimento apesar da desproporção entre os parceiros: pela paridade de poder de compra, o PIB da União Europeia é pouco inferior a US$ 19 trilhões, enquanto o do Mercosul se encontra ao redor de US$ 4,5 trilhões. Tomadas em conjunto, essas economias representam perto de 20% do PIB global.

Em linhas gerais, o acordo elimina as tarifas sobre 93% das exportações do Mercosul para a UE (hoje cerca de um quarto das exportações para lá se beneficia disso) e oferece "tratamento preferencial" para os 7% restantes, enquanto, na direção oposta, 91% das exportações europeias para o Mercosul ficam livres de tarifas. Dado o perfil das exportações brasileiras para lá, espera-se que o agronegócio brasileiro seja bastante favorecido, já que restrições hoje existentes limitam severamente as vendas de um setor muito competitivo sob condições de igualdade.

Isto dito, não tenho como aferir a precisão dos números divulgados acerca de possíveis ganhos de PIB num horizonte de 15 anos, que vão de US$ 88 bilhões a US$ 125 bilhões. A começar porque as mudanças não ocorrerão imediatamente, mas de forma gradual, ao longo de 10-15 anos, depois da aprovação por parte dos parlamentos nacionais das respectivas uniões aduaneiras (inclusive o Parlamento Europeu), o que deve demandar mais alguns meses pelo menos.

Todavia, apesar do costume de embalar acordos comerciais em termos das vantagens para o produtor nacional e aumento do PIB, não é esta a ótica correta para analisar tais acertos. Quem paga a conta do protecionismo é o consumidor, em favor de uns poucos setores mais bem organizados que conseguem convencer as forças políticas a criar arranjos que transferem renda dos setores dispersos.

Assim, o principal ganhador é o consumidor de ambos os lados do Atlântico, que passará a usufruir de produtos melhores e mais baratos, principalmente os do lado de cá. As tarifas cobradas pelo Mercosul são mais altas em média, chegando a 35% no caso de automóveis e artigos de vestuário e, crucialmente, 27% no caso dos vinhos...

Há também, é bom deixar claro, ganhos de produtividade, pelos efeitos de redirecionamento de trabalho e capital para os setores relativamente mais produtivos em detrimento de segmentos que serão reduzidos (ou deixarão de existir) ao fim do processo de transição. Novamente, por força das distorções serem maiores na economia que inicialmente apresenta tarifas mais altas, os ganhos devem ser também maiores no Mercosul e, por extensão, no Brasil.

Não deve ser, porém, um processo sem custos. Como notado, nem todas as empresas sobreviverão e a migração de trabalhadores de setores em declínio para os em expansão não ocorrerá de forma imediata e indolor. Como o prazo de transição é extenso, ainda é possível atenuar alguns destes custos, mas seria mentira afirmar que todos se beneficiarão no final do processo: não apenas o ganho será desigual, mas provavelmente haverá também perdedores.

Isto não é razão para voltar atrás. Muito do nosso atraso se deve precisamente aos obstáculos que foram erigidos (em alguns casos reconstruídos) para isolar a economia nacional da concorrência em benefício de poucos. Manter o estado atual das coisas serve apenas para preservar privilégios à custa do restante da sociedade. Trata-se, pois, de um avanço inequívoco, que deve ser comemorado mesmo que demoremos a sentir seus efeitos.
Herculano
04/07/2019 21:26
COMO VOTOU CADA DEPUTADO NA COMISSÃO ESPECIAL DA PREVIDÊNCIA
Alex Manente (CIDADANIA-SP) a favor
Alexandre Frota (PSL-SP) a favor
Alice Portugal (PCdoB-BA) contra
Aliel Machado (PSB-PR) contra
André Figueiredo (PDT-CE) contra
Arthur O. Maia (DEM-BA) a favor
Beto Pereira (PSDB-MS) a favor
Bilac Pinto (DEM-MG) a favor
Cap. Alberto Neto (PRB-AM) a favor
Carlos Veras (PT-PE) contra
Celso Maldaner (MDB-SC) a favor
Daniel Freitas (PSL-SC) a favor
Daniel Trzeciak (PSDB-RS) a favor
Darci de Matos (PSD-SC) a favor
Darcísio Perondi (MDB-RS) a favor
Deleg. Éder Mauro (PSD-PA) a favor
Diego Garcia (PODE-PR) a favor
Dr. Frederico (PATRIOTA-MG) a favor
Evair de Melo (PP-ES) a favor
FernandoRodolfo (PL-PE) a favor
Filipe Barros (PSL-PR) a favor
Giovani Cherini (PL-RS) a favor
Gleisi Hoffmann (PT-PR) contra
Greyce Elias (AVANTE-MG) a favor
Guilherme Mussi (PP-SP) a favor
Heitor Freire (PSL-CE) a favor
Heitor Schuch (PSB-RS) contra
Henrique Fontana (PT-RS) contra
Israel Batista (PV-DF) contra
Joenia Wapichana (REDE-RR) contra
Joice Hasselmann (PSL-SP) a favor
Jorge Solla (PT-BA) contra
João Marcelo S. (MDB-MA) a favor
Lafayette Andrada (PRB-MG) a favor
Lucas Vergilio (SOLIDARIEDADE-GO)a favor
Lídice da Mata (PSB-BA) contra
Marcelo Moraes (PTB-RS) a favor
Marcelo Ramos (PL-AM) a favor
Paulo Ganime (NOVO-RJ) a favor
Paulo Martins (PSC-PR) a favor
Paulo Ramos (PDT-RJ) contra
Pedro Paulo (DEM-RJ) a favor
Ronaldo Carletto (PP-BA) a favor
Samuel Moreira (PSDB-SP) a favor
Silvio Costa Filho (PRB-PE) a favor
Stephanes Junior (PSD-PR) a favor
Sâmia Bomfim (PSOL-SP) contra
ToninhoWandscheer (PROS-PR) a favor
Vinicius Poit (NOVO-SP) a favor
Herculano
04/07/2019 21:20
'PRESIDENTE OSCILA ENTRE MIUDEZAS E MUNDO DA LUA, por Josias de Souza, no Uol

Noutros tempos, os constrangimentos eram provocados por opositores. Hoje, Jair Bolsonaro é quem causa embaraços ao governo. Na articulação para aprovar a reforma da Previdência, o ministro Paulo Guedes afirma uma coisa e o presidente pratica o oposto. Em conversa com o blog, um integrante da equipe do ministro da Economia se queixou: "Numa hora em que todos se mobilizam por uma boa reforma, o presidente Bolsonaro oscila entre as miudezas e o mundo da lua."

O auxiliar de Guedes impressionou-se com o noticiário sobre um café da manhã que Bolsonaro ofereceu a deputados da bancada ruralista. O anfitrião pediu aos comensais apoio para salvar na Câmara o seu decreto sobre armas. "Quando foi para o mundo da lua, o presidente reiterou o lobby pela concessão de aposentadoria especial para policiais militares, federais e rodoviários federais, que já são privilegiados", lamentou o membro da equipe econômica.

Logo que a primeira versão do relatório da Câmara sobre reforma da Previdência veio à luz, há 20 dias, Paulo Guedes comentou o conteúdo em timbre corrosivo. Disse que os deputados renderam-se às "pressões corporativas" dos servidores do Legislativo. "Acho que houve um recuo que pode abortar a nova Previdência", declarou.

Agora, chamado pelos policiais de "traidor" Bolsonaro dobra os joelhos diante de sua corporação predileta, deixando seu ministro sem chão e sem língua. "Dizer o quê?", pergunta o auxiliar de Guedes, sob a proteção do anonimato.

Há um quê de burlesco na conjuntura brasiliense. O time de Paulo Guedes, mãos postas, reza em silêncio para que as articulações de Bolsonaro não prosperem. Na comissão especial, aprovou-se o texto-base sem o aditivo tóxico dos policiais. Mas Bolsonaro não se deu por vencido. Apela a deputados amigos que tentem desvirtuar o desejo do Posto Ipiranga por meio de emendas.
Herculano
04/07/2019 21:17
NO TWITTER

Mais cruel do votar contra a nova previdência, é o roubar bilhões e deixar milhões de desempregados. Pelo PT, o Brasil não teria o Plano Real.Ele precisa da miséria humana e o caos econômico p manter os mais pobres sob controle c oferta d migalhas e esperanças permanentes
Herculano
04/07/2019 21:14
REGISTRO

O proprietário e editor do jornal e portal Cruzeiro do Vale, Gilberto Schmitt, passou nesta nesta quinta-feira à tarde por um cateterismo. Foi no Hospital Santa Isabel, em Blumenau, referência na área coronariana em Santa Catarina. Tudo resolvido. Está em recuperação.

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