O ronco das urnas fará o prefeito Kleber mudar peças no primeiro escalão, nos comissionados e nas funções gratificadas - Jornal Cruzeiro do Vale

O ronco das urnas fará o prefeito Kleber mudar peças no primeiro escalão, nos comissionados e nas funções gratificadas

17/10/2018


O prefeito Kleber e o vice Luiz Carlos terão que reconstruir novos canais de relacionamentos políticos institucionais para Gaspar em Brasília e Florianópolis, depois de falharem nos votos e nas apostas das últimas eleições


Está claro neste movimento, todavia, que ele não entendeu o recado das urnas

Hoje, o Diário Oficial dos Municípios, aquele que se esconde na internet e onde não há hora para ser publicado, tem sido ultimamente o mais acessado pelos funcionários públicos, partidários da coligação que está no poder em Gaspar e até pelos adversários. Curiosidades, apostas e busca de provas para entender o jogo jogado.

Está no ar um misto de vingança, a ratificação da incompetência que contraria o slogan oficial da tal “eficiência” e principalmente, à incompreensão do que aconteceu nas últimas eleições e do que precisa ser efetivamente feito para se mitigar até mesmo ao que se desconhece das consequências expressas pelos eleitores.

É a mais pura prática da velha política numa contradição explicita do que expressou os resultados das urnas e que vai ser amplamente ratificada no dia 28 de outubro e com índices de deixar o queixo caído. Estão todos orando no círculo do poder de plantão.

Internamente, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, já anunciou que vai ajeitar algumas laranjas na sua caminhonete governamental e de relacionamento institucional. Segundo ele, não vai parar para fazer este “bem bolado”.

Com as mudanças, acredita ele e os seus, que poderão chegar minimamente ilesos ao fim da primeira etapa desta viagem. Kleber até já conversou com algumas pessoas que estão em cargos comissionados e as informou das suas intenções. Alguns nomes também já vazaram e outros aparecem nas costumeiras e cotidianas especulações. Kleber ainda está ouvindo outros que fazem pressão para entrar na barca ou então, melhorar a posição que desfrutam no atual time.

Os que pressionam estão com o relatório de votos do Tribunal Regional Eleitoral nas mãos. Estão cheios de argumentos, chantagens, interesses e fantasias. Querem um “melhor lugar ao sol” do governo de Kleber e Luiz Carlos Spengler Filho, PP e no mundo de mamatas. Para isso, prometem resultados diferentes nas urnas em outubro de 2020. O objetivo é o fortalecimento dos convivas neste banquete. Tudo sustentado pelos pesados impostos dos gasparenses.

E todos, no rearranjo do projeto de poder em curso, naturalmente, vão precisar de mais votos nas urnas para se manterem, minimamente, onde conseguiram chegar no governo de Gaspar, mas estão falhando na manutenção desse status. E com os recentes resultados das urnas, com a imagem do governo que patina, com as mudanças de humor do eleitorado, todavia, tudo está imprevisível. Daí as mudanças.

SÃO OS NÚMEROS

E o que move tudo isso? São os péssimos resultados das urnas no dia sete de outubro. E mais uma vez está havendo pelo poder de plantão uma leitura da maldição que se acometeu sobre os políticos tradicionais de Gaspar. Ao invés de inovar e ousar, o velho método de cooptar gente – com o dinheiro de todos - está sendo prevalente.

Ficou claro que o prefeito Kleber não é uma liderança política. Ele é um produto de um grupo político e de interesses, nada mais. E o grupo falhou feio na percepção, na condução e nos resultados de governo e eleitorais. Fragmentadas, as lideranças locais estabeleceram frágeis pontes de autoproteção em várias esferas. Simples assim! Agora, procuram os culpados para expiar à própria culpa.

Antes de prosseguir, alguns detalhes. Está se configurando, mais uma vez, a maldição do MDB quando no poder em Gaspar e da qual só se viu livre, com o ex-prefeito Osvaldo Schneider. Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, e já falecido, nem conseguiu terminar o mandato e Adilson Luiz Schmitt, o próprio MDB diante da gula tratou de amaldiçoá-lo em pleno mandato; ele nem consegui ficar no partido, não se reelegeu e nem se estabeleceu nunca mais na política local.

Voltando. O MDB de Gaspar perdeu a corrida para ser governador e não entregou o que prometeu a Eduardo Pinho Moreira. Fragmentou-se de tal forma que nem a desculpa do tsunami chamado Jair Bolsonaro e Comandante Moisés, ambos no então nanico PSL, pode ser desculpa. É que até no ambiente evangélico onde Kleber é oriundo de outra onda passada, os votos minguaram. Faltou percepção, estratégia, união e liderança.

Cada liderança – e já escrevi isso em três artigos na semana passada - fez a sua aposta e desunidos, perderam para eles próprios. Kleber e o MDB de Gaspar se comparados com o prefeito de Ilhota, Érico de Oliveira, MDB, que nem originário do MDB é e está todo enrolado com o Ministério Público e a Justiça, fez resultados coletivos bem melhores proporcionalmente, fez o dever de casa e deu lições neste sete de outubro como poucos a Kleber e ao MDB de Gaspar.

MDB ajudou na derrota do próprio presidente estadual do partido, o deputado Mauro Mariani; entregou um terço dos votos que prometeu a Rogério Peninha Mendonça na reeleição para a Câmara e no pacto que fez com o Vampiro, o Luiz Fernando Cardoso, na reeleição dele para a Assembleia, os parcos votos colhidos por aqui, apenas o credenciaram para ser pré-candidato a prefeito de Criciúma – bem longe daqui - e não um canal e representante de Gaspar naquela Casa.

E para complicar, com o MDB fora do governo estadual e pelas pesquisas disponíveis, fora estarão o PSD e PP, e este na parte com o vice Luiz Carlos ao qual o MDB vem lhe reservando o escanteio. Restará, então, um fio a ser reconstruído via a bancada evangélica, a qual deverá estar alinhada ao governo do Comandante Moisés.

NEM TROCA DE SEIS POR MEIA-DÚZIA É

É natural – e necessário até - que em situações pelas quais passam o poder de plantão em Gaspar, os seus estratégicos, diante de tantas ameaças e poucas oportunidades, tomem atitudes reformistas.

Kleber e o MDB de Gaspar ouviram o ronco das urnas, mas não ouviram, não leram, não interpretaram o recado claro dos seus eleitores nas urnas. E o recado foi: chega de má gestão, de dúvidas e duvidosos, de incompetentes e apadrinhados de sempre.

As mudanças que Kleber e os seus desenham apenas escondem erros, equívocos, defeitos e ampliam o problema. Estão protegendo gente do mesmo grupo que já provou que falhou em diversos campos inclusive o de buscar votos à maneira antiga entregando promessas, vinganças, discursos e até obrinhas. As eleições de 2020 estão logo ali, e começam em março do ano que vem. Apostem!

Eu já escrevi aqui várias vezes e antes das eleições que o governo Kleber precisava ser refundado. Não fazia nenhuma conexão com o que estava em curso e por isso, também foi rejeitado no dia sete de outubro. Foi de forma indireta, um aviso que pode ser perfeitamente consertado, mas não como se alinhava neste momento.

Quando escrevia sobre a refundação do governo Kleber, analisava o vácuo de objetivos, à falta de gente capacitada, que transmite a percepção de mudança e confiança, bem como oferece resultados efetivos para os menos de dois anos da gestão de Kleber.

É um governo sem começo, meio e fim integrados. Basta só olhar onde foi dar a tal Reforma Administrativa, o que aconteceu na secretaria da Saúde, a secretaria de Assistência Social e o caso da Casa Lar, e como perderam a maioria na Câmara antes mesmo de se completar um ano de governo. A lista é longa nesta gangorra do vai-e-vem.

Refundar um governo é uma coisa, maquiar o que já se comprovou ineficaz, é outra. E é nisto que se resume e se fundamenta este meu comentário. A maquiagem contraria o recado das urnas ao próprio governo de Gaspar, pasmem, se apresenta com jovem e da mudança. Ou seja, nem mesmo esse rótulo marqueteiro colou.

Kleber e os seus, incluindo seus vereadores da ainda minoritária bancada de apoio, mas que deverá ser revertida pelos velhos métodos de cooptação, tramam pelo pior. Estão substituindo técnicos, por curiosos, por irmãos evangélicos, por amigos, aparentados, em suma, por quem se acredita ser cabo eleitoral mais eficaz dos que foram nesta eleição. Não se está pensando efetivamente em mudanças e entrega de melhores resultados para a sociedade no uso dos seus impostos.

Será outro erro. Será outra decepção. O melhor cabo eleitoral de um governo é a sua transparência, a sua eficiência e os resultados coletivos que pode entregar em relação às expectativas que criou para ganhar a eleição. Os votos que ganhou no dia sete de outubro negam essa premissa. É consequência natural de que alguma coisa vai mal

Inverter essa verdade, é antecipar a morte política e eleitoral. Não há cabo eleitoral amigo, comprado ou eficaz que dê jeito.

O próprio Kleber e seu grupo reclamam que estão sendo incompreendidos. Ou seja, de que o eleitor e a eleitora são problemas. Hum! Ora, se o plano de governo é uma belezura, o que entregam frustra. E se entrega o que promete como se alega, a comunicação falha e feio. Outra área que trocaram os profissionais por próximos. Então...

O mundo mudou. Os políticos, resistem... Há uma nova onda...

O que a imprensa não relata em Gaspar e só para agradar o poder; para não se incomodar - ou porque não possui provas suficientes -, abundam nas redes sociais e principalmente nos aplicativos de mensagens dos eleitores e eleitoras.

Eles sim, foram os que fizeram o estrago e farão muito mais, pois estão livres da censura, da pressão, dos negócios e até, pelas dificuldades de provas, dos processos cala-boca que os poderosos enfiam na imprensa, nos jornalistas e colunistas para intimidá-los ou constrange-los em atos de vingança.

E o que corre solto neste mundo virtual de Gaspar é algo assustador, menos ao poder de plantão que continua se lambuzando mesmo a despeito dos recentes claros avisos das urnas. Este é o verdadeiro “avança Gaspar”, mas sobre o que não é de direito dos políticos. Mais uma vez, à resistência contra o que é óbvio, vai gerar dissabores e derrotas. Quer um exemplo da distância e no uso político errático e antigo da gestão pública.

Para encerrar e mostrar o quanto é errante e não apenas errática a política de trocas no varejo do governo Kleber com a comunidade. Ele criou o tal Gestão Compartilhada, tocada pelo Roni Muller, Ele desse cargo público e num teste para a vereança se tornou cabo eleitoral de um vereador de Joinville, Rodrigo Fachini, candidato a deputado estadual que não chegou lá. Roni arrumou para ele nesse esquema 220 votos.

Passada as eleições o Gecom continuou a vida dela. Na quarta feira ela foi ao Gaspar Alto Central. Pau puro. E o ausente? O próprio Roni Muller. Não precisava mais garimpar votos ao seu projeto político distanciado de Gaspar. Quem o representou? O Diretor de Assuntos da Juventude, Dênis Estevão. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Se tem uma coisa que não dura Câmara na gestão do presidente Silvio Cleffi, PSC, é o assessor de imprensa. Sintomático.

O Ministério Público Eleitoral da Comarca de Gaspar, com Andreza Borineli, acaba de instaurar procedimento preparatório para possível inquérito contra o candidato a deputado estadual Pedro Celso Zuchi, PT, por suposta captação ilícita de votos nesta campanha. Circulou nas redes de aplicativos, tickets de doação de combustível do candidato a eleitores. Coisa da política antiga.

Perguntar não ofende: o que é feito do PL 22/2018, de autoria do vereador Cicero Giovane Amaro, PSD? Ele retornava o Vale Alimentação em dinheiro para os funcionários públicos de Gaspar, cortado por Kleber. O PL ilegal e inconstitucional foi aprovado por unanimidade pelos vereadores, foi vetado por Kleber e está na Câmara para nova votação do veto, com possibilidade de promulgação pelo presidente Silvio Cleffi, PSC

Centro de Distribuição Domiciliária dos Correios, o que lida com Malotes, localizado à Rua Frei Solano, no centro de Gaspar, está prestes a ser transferido para Blumenau. Juntou a fome com a vontade de comer.

O imóvel pertence à Igreja Evangélica de Confissão Luterana. E os Correios alega para tal que há problemas na regularização daquele imóvel para que ele se estabeleça um contrato aceito pela estatal. Foi possível no passado. Não é mais permitido nas regras atuais. O dono do imóvel vem correndo atrás dessa documentação.

Enquanto isso, os vereadores fizeram um requerimento aos Correios. Eles querem esclarecimento sobre o assunto, pois com a mudança anunciada, os malotes de Gaspar teriam que ser levados e apanhados numa central no bairro Vorstad, em Blumenau.

Por outro lado, apesar do monopólio, a empresa Correios é deficitária, usada politicamente e tem um péssimo serviço. Esta semana, ela própria anunciou o fechamento de 41 agências em 15 estados brasileiros.

Comentários

Herculano
18/10/2018 14:58
da série: as circunstâncias que surpreenderam os da velha política, a sede pelo poder, as espertezas, o desastroso governo de Raimundo Colombo e o permanente fogo amigo, mataram as candidaturas de Mauro Mariani, MDB e Gelson Merísio. PSD, no campo conservador.

JÚLIO GARCIA NEGOU MERÍSIO POR TRÊS VEZES, por Upiara Boschi, no Diário Catarinense, da NSC Florianópolis SC

Júlio Garcia negou Gelson Merisio por três vezes. Esta semana o deputado estadual eleito usou o microfone de rádios do Sul do Estado para mais uma vez torpedear a candidatura a governador do correligionário e declarar apoio ao adversário Comandante Moisés (PSL) neste segundo turno. A disputa interna dos pessedistas é uma das marcas desta eleição, o que justifica o uso da metáfora bíblica na frase inicial do texto.

Em novembro do ano passado, Garcia negou Merisio pela primeira vez ao lançar a pré-candidatura do deputado federal João Rodrigues (PSD) ao governo estadual. A manobra enfraquecia o até então único pré-candidato pessedista em um momento de afirmação e construção de acordos políticos visando coligações. Nos bastidores, o lançamento de Rodrigues era visto como uma forma de enfraquecer Merisio e garantir a reedição da aliança com o MDB. A prisão de Rodrigues em fevereiro impediu a continuidade do plano.

Em abril, no entanto, Garcia negou Merisio pela segunda vez. Em entrevistas ao colega Moacir Pereira e ao programa Cabeça de Político, que apresento no NSC Total, ele mais uma vez criticou a viabilidade da candidatura de Merisio, a aliança de médios e pequenos partidos por ele montada e disse que o PSD deveria apoiar um nome de outra sigla. Apontou os tucanos Paulo Bauer e Napoleão Bernardes, o pepista Esperidião Amin, o pessebista Paulo Bornhausen e os emedebistas Eduardo Pinho Moreira e Mauro Mariani como nomes com mais potencial eleitoral que o do colega.

Merisio sobreviveu aos dois ataques especulativos e colocou seu bloco na rua. Garcia fez o mesmo e cuidou de sua candidatura à Assembleia Legislativa - lugar em já exerceu quatro mandatos e que presidiu por duas vezes - de forma independente da chapa majoritária. Não usou Merisio em seu material de campanha, não frequentou os mesmos eventos, recusou recursos do partido e o espaço no horário eleitoral gratuito. Com 57,7 mil votos, retornou ao parlamento como o terceiro deputado mais votado, seu melhor resultado até hoje.

Oficialmente de volta à ribalta, Garcia negou Merisio pela terceira vez. Em um momento em que as pesquisas internas mostram dificuldades para o candidato pessedista diante de um Moisés turbinado pela Onda Bolsonaro e pelo desejo de renovação política, o deputado estadual eleito diz que o outsider foi beneficiado pela fragilidade de "candidaturas impostas" - Merisio no PSD, Mariani no MDB. Afirma também que a condução de Merisio levou à redução das bancadas do partido.

Garcia diz que ainda não conheceu o comandante, mas que vê nele um homem honesto e equilibrado. Nos bastidores da Alesc, há expectativa de que seja o pessedista o articulador de uma futura base aliada se o candidato do PSL for eleito, em negociações que incluiriam a presidência do parlamento estadual. Questionado sobre ser candidato, Garcia diz que presidir a Alesc não pode ser uma pretensão pessoal. É a senha da candidatura.
Odir Barni
18/10/2018 14:46
AS REDES SOCIAIS DERRUBARAM A GLOBO.

Caro, Herculano;

No em meados de setembro eu fiz uma pergunta pra vc sobre as pesquisas exibidas pela Folha e pelo IBOPE, falei que gostaria de ver quem venceria as eleições, a Globo ou os nossos amigos internautas. A Globo está escondendo sua guerrilheira, Miriam Leitão que foi triturada o Bolsonaro, os demais estão mudando o discurso na tentativa de se livrar do Capitão. Hoje pela manhã assisti Rádio Sentinela do Vale, Programa do Vereador Dr. Francisco Hostins Junior. O entrevistado era o deputado estadual mais votado em Santa Catarina, Rodrigo Alba. Mandei um mensagem cumprimentando o deputado eleito, mesmo não conhecendo. Quando Junior leu minha mensagem começaram a sorrir; eu fiz questão de dizer que: Odir morou muitos anos em Gaspar e hoje mora em Busque. Na verdade eu sempre sou transparente naquilo que digo e faço, nunca ouvi falar neste Alba que hoje esteve reunido com os comerciantes de Gaspar. O que ouvi do deputado foram elogios a Andreia que também enviou mensagem, disse que as obras que GASPAR PLEITEIA são importantes para todo o Vale do Itajaí. Gostei de saber que o deputado eleito é professor e deve ter uma afinidade muito grande com Gaspar. Na campanha só se falava em Celso Zuchi, Jerri do Aldo e Dirce, todos já deram suas contribuições conforme a imprensa local. O que precisamos agora, com um " Brasil Novo " são Deputados Estaduais, Deputados Federais e Senadores identificados com nossa região. Por sinal, Jorginho Mello foi gerente do BESC de Gaspar por muitos anos. Como vejo a eleição certa do 17 no dois níveis, temos que aguardar pra saber quem vai para o partido do governo, assim como aconteceu com o meu MDB inflado com oxigênio da pior qualidade. A expectativa é não ter mais joio no meio do trigo. O BRASIL ESTÁ SENDO PASSANDO A LIMPO!
Herculano
18/10/2018 11:32
da série: isso não vai terminar bem; e na verdade é a prática da velha política apenas maquiada por nova tecnologia e por quem se diz ser o novo.

EMPRESÁRIOS BANCAM CAMPANHA CONTRA PT PELO WHATSAPP

Com contratos de R$ 12 milhões, prática viola a lei por ser doação não declarada

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto Patrícia Campos Mello com a colaboração de Joana Cunha e Wálter Nunes. Empresas estão comprando pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp e preparam uma grande operação na semana anterior ao segundo turno.

A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada.

A Folha apurou que cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan. Os contratos são para disparos de centenas de milhões de mensagens.

As empresas apoiando o candidato Jair Bolsonaro (PSL) compram um serviço chamado "disparo em massa", usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital. Isso também é ilegal, pois a legislação eleitoral proíbe compra de base de terceiros, só permitindo o uso das listas de apoiadores do próprio candidato (números cedidos de forma voluntária).

Quando usam bases de terceiros, essas agências oferecem segmentação por região geográfica e, às vezes, por renda. Enviam ao cliente relatórios de entrega contendo data, hora e conteúdo disparado.

Entre as agências prestando esse tipo de serviços estão a Quickmobile, a Yacows, Croc Services e SMS Market.

Os preços variam de R$ 0,08 a R$ 0,12 por disparo de mensagem para a base própria do candidato e de R$ 0,30 a R$ 0,40 quando a base é fornecida pela agência.

As bases de usuários muitas vezes são fornecidas ilegalmente por empresas de cobrança ou por funcionários de empresas telefônicas.

Empresas investigadas pela reportagem afirmaram não poder aceitar pedidos antes do dia 28 de outubro, data da eleição, afirmando ter serviços enormes de disparos de WhatsApp na semana anterior ao segundo turno comprados por empresas privadas.

Questionado se fez disparo em massa, Luciano Hang, dono da Havan, disse que não sabe "o que é isso". "Não temos essa necessidade. Fiz uma 'live' aqui agora. Não está impulsionada e já deu 1,3 milhão de pessoas. Qual é a necessidade de impulsionar? Digamos que eu tenha 2.000 amigos. Mando para meus amigos e viraliza."

Procurado, o sócio da QuickMobile, Peterson Rosa, afirma que a empresa não está atuando na política neste ano e que seu foco é apenas a mídia corporativa. Ele nega ter fechado contrato com empresas para disparo de conteúdo político.

Richard Papadimitriou, da Yacows, afirmou que não iria se manifestar. A SMS Market não respondeu aos pedidos de entrevista.

Na prestação de contas do candidato Jair Bolsonaro (PSL), consta apenas a empresa AM4 Brasil Inteligência Digital, como tendo recebido R$ 115 mil para mídias digitais.

Segundo Marcos Aurélio Carvalho, um dos donos da empresa, a AM4 tem apenas 20 pessoas trabalhando na campanha. "Quem faz a campanha são os milhares de apoiadores voluntários espalhados em todo o Brasil. Os grupos são criados e nutridos organicamente", diz.

Ele afirma que a AM4 mantém apenas grupos de WhatsApp para denúncias de fake news, listas de transmissão e grupos estaduais chamados comitês de conteúdo.

No entanto, a Folha apurou com ex-funcionários e clientes que o serviço da AM4 não se restringe a isso.
Uma das ferramentas usadas pela campanha de Bolsonaro é a geração de números estrangeiros automaticamente por sites como o TextNow.

Funcionários e voluntários dispõem de dezenas de números assim, que usam para administrar grupos ou participar deles. Com códigos de área de outros países, esses administradores escapam dos filtros de spam e das limitações impostas pelo WhatsApp - o máximo de 256 participantes em cada grupo e o repasse automático de uma mesma mensagem para até 20 pessoas ou grupos.

Os mesmos administradores também usam algoritmos que segmentam os membros dos grupos entre apoiadores, detratores e neutros, e, desta maneira, conseguem customizar de forma mais eficiente o tipo de conteúdo que enviam.

Grande parte do conteúdo não é produzida pela campanha - vem de apoiadores.

Os administradores de grupos bolsonaristas também identificam "influenciadores": apoiadores muito ativos, os quais contatam para que criem mais grupos e façam mais ações a favor do candidato. A prática não é ilegal.

Não há indício de que a AM4 tenha fechado contratos para disparo em massa; Carvalho nega que sua empresa faça segmentação de usuários ou ajuste de conteúdo.

As estimativas de pessoas que trabalham no setor sobre o número de grupos de WhatsApp anti-PT são muito vagas - vão de 20 mil a 300 mil?" pois é impossível calcular os grupos fechados.

Diogo Rais, professor de direito eleitoral da Universidade Mackenzie, diz que a compra de serviços de disparo de WhatsApp por empresas para favorecer um candidato configura doação não declarada de campanha, o que é vedado.

Ele não comenta casos específicos, mas lembra que dessa forma pode-se incorrer no crime de abuso de poder econômico e, se julgado que a ação influenciou a eleição, levar à cassação da chapa.

EM MG, ROMEU ZEMA CONTRATOU EMPRESA DE IMPULSIONAMENTO
O candidato ao governo de Minas do partido Novo, Romeu Zema, declarou ao Tribunal Superior Eleitoral pagamento de R$ 200 mil à Croc Services por impulsionamento de conteúdos. O diretório estadual do partido em Minas gastou R$ 165 mil com a empresa.

A Folha teve acesso a propostas e trocas de email da empresa com algumas campanhas oferecendo disparos em massa usando base de dados de terceiros, o que é ilegal.

Indagado pela Folha, Pedro Freitas, sócio-diretor da Croc Services, afirmou: "Quem tem de saber da legislação eleitoral é o candidato, não sou eu."

Depois, recuou e disse que não sabia se sua empresa prestara serviço para Zema. Posteriormente, enviou mensagem afirmando que conferiu seus registros e que vendera pacotes de disparo em massa de WhatsApp, mas só a bases do próprio candidato, filiados ao partido e apoiadores de Zema - o que é legal.

Procurada, a campanha afirmou que "contratou serviço de envio de mensagem somente por WhatsApp para envio aos filiados do partido, pessoas cadastradas pelo website e ações de mobilização de apoiadores".

A Folha apurou que eleitores em Minas receberam mensagens em WhatsApp vinculando o voto em Zema ao voto em Jair Bolsonaro dias antes do primeiro turno. Zema, que estava em terceiro nas pesquisas, terminou em primeiro.
Herculano
18/10/2018 11:22
GLEISI ADMITE QUE PT SUBESTIMOU A INFLUÊNCIA DO WHATAPP NA CAMPANHA ELEITORAL; PARECE SER MESMO VERDADE. MAS TERÁ SIDO ESSE O MAIOR ERRO? por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

A senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT, fez um discurso no plenário do Senado. Tudo bem entendido, estava, na prática, pelo tom, admitindo desde já a derrota - algo que parece evidente a qualquer pessoa com senso de realidade. Como o esperado, dirigiu acusações contra Jair Bolsonaro. Afirmou, por exemplo: "O senhor é responsável por fraudar esse processo eleitoral, manipulando e produzindo mentiras veiculadas no submundo da internet através de esquemas de Whatsapp pagos, de fora deste País". Disse ainda que o adversário político estimula a violência e tal. Bem, a Justiça Eleitoral está aí para apurar se houve abusos.

A parte mais relevante de sua fala foi outra, em que admitiu que o partido cochilou em relação à campanha no Whatsapp:

"A gente já tinha isso mais ou menos no radar por conta da campanha do Trump, mas não nos preparamos devidamente. Acho que aí tem um erro do PT, de nós termos subestimado, não a força das redes sociais tradicionais, mas não nos preparamos para a questão do Whatsapp".

Pois é? Parece que o PT vai demorar um tempo até entender direito o que se passou. Comecemos pelo óbvio: com efeito, o partido é obrigado a admitir que entrou, vamos dizer, "frio" na campanha, desatento às novas fronteiras em que a luta passou a ser travada. O provável desfecho das respectivas eleições no Rio e em Minas o evidencia ainda com mais clareza. Por quê? Bolsonaro estava em campanha havia já mais de dois anos. Wilson Witzel (PSC-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG) emergiram quase do nada.

Mas por que essa cochilada? Porque, vamos convir, a legenda estava com a cabeça em outro lugar. E Gleisi foi uma das protagonistas da ilusão, não é mesmo? Quem não se lembra da presidente do PT a desautorizar Jaques Wagner, agora senador eleito pela Bahia, quando este especulou em voz alta uma possível aliança que tivesse o pedetista Ciro Gomes como cabeça de chapa das esquerdas? Gleisi fez-se a fiel procuradora da linha do impossível - se o objetivo era ganhar eleição, claro: "Lula é candidato e será candidato porque é inocente". É o tipo de raciocínio que põe a crença acima da realidade. Sim, serviu para fazer do PT o maior partido que vai se opor a Bolsonaro - em companhia do PC do B, do PSOL e talvez da Rede? Certamente a guerra virtual, que o PT conduziu com tanta habilidade nas eleições de 2010 e 2014, vai ter um peso importante no resultado. Mas cumpriria a Gleisi indagar: "Foi só isso?

A pregação de Bolsonaro não teria prosperado se não se conectasse com o sentimento de milhões de pessoas que repudiam as ações do PT no poder, não é mesmo? Sim, dá para perguntar por que, então, esse eleitorado antipetista não escolheu opções, digamos, menos carnívoras do terreno da oposição, e elas existiam. Bem, a resposta é mais ou menos simples:

a) porque dois desses candidatos, Gerado Alckmin e Henrique Meirelles, foram colocados na cota de "políticos tradicionais", com partidos na mira da Lava Jato;

b) porque não se acreditava que a outra opção antipetista, João Amoêdo, pudesse vencer um candidato do PT;

c) porque Bolsonaro estava fazendo sua pregação nas redes contra a política tradicional e contra as esquerdas já fazia tempo. Sua postulação se traduziu numa guerra de valores: ele lidera o bem, em contraste com os adversários, o PT em particular, que simbolizam o mal.

Vemos agora uma corrida mais ou menos desesperada de Haddad, com o endosso do partido, para fazer um mea-culpa, ainda que leve, e para retirar da campanha as propostas mais espinhosas - outro erro cometido foi supor que um discurso mais radicalizado à esquerda seria eficaz. Era tudo o que Bolsonaro queria e esperava. Sim, senadora Gleisi: a guerra virtual teve papel importante. Mas o que definiu mesmo o resultado foi o PT não ter feito precocemente a autocrítica pra valer: hipótese em que poderia ter apoiado Ciro, por exemplo. Nada garante que fosse bem-sucedido em face da organização da tropa de Bolsonaro nas redes. Mas as chances, claro!, seriam muito maiores.

O PT tem de admitir ainda outra coisa: o rancor contra o partido é muito maior do que os companheiros imaginavam. E só vai arrefecer se Bolsonaro fizer um governo inepto.
Miguel José Teixeira
18/10/2018 10:18
Senhores,

Na mídia:

"O Brasil ainda não está pronto para o VAR..."

No entanto, torçamos para que o Brasil esteja pronto para o BIVAR!!!

Rodrigo Maia de novo, não!
Miguel José Teixeira
18/10/2018 10:14
Senhores,

Aproveitando o gancho do COMPETENTE EMPRESÁRIO:

"Dado, haddad lhe sairá muito caro!"

"Nóis pega peixe, mais nóis não vota nele."

Haddad mandará nosso peixe pra venezuela, CUba e outras ditaduras atreladas"
Herculano
18/10/2018 06:16
A VOZ DO EMPRESÁRIO MILITANTE



De Luciano Hang, dono da Havan, no twitter

A Globo News esta liquidada. Fala com um público que hoje é 90/95% Bolsonaro e tenta vender o Haddad. É assim que fecha uma empresa. Vende um produto que ninguém quer comprar.
Herculano
18/10/2018 06:13
O PT DE FERNANDO HADADD RECLAMA DAS FAKES NEWS. NADA COMO UM DIA DEPOIS DO OUTRO. O PT DE DILMA VANA ROUSSEFF FOI UMA FÁBRICA DE FAKES NEWS IMPIEDOSA CONTRA MARINA SILVA, DA REDE
Herculano
18/10/2018 06:02
IMPRESSIONA A INCAPACIDADE DA JUSTIÇA DE SE ENTENDER COMO PARTE DO SISTEMA EM CRISE, por Daniela Lima, editora da coluna Painel, no jornal Folha de S. Paulo

Sim, excelências, a era é a do 'fora todos', com o Supremo, com tudo.

Ok que a Justiça precisa ser cega para ser imparcial, mas deveria parar por aí. Chega a impressionar a incapacidade do Judiciário brasileiro de entender que faz parte do sistema que vive uma crise de legitimidade no país.

Há dificuldade entre ministros de cortes superiores, juízes e também entre membros do Ministério Público de compreender que estão, todos eles, inseridos até a alma na estrutura contestada por parte significativa do eleitorado.

O sintoma mais visível dessa cegueira deliberada é a letargia de ministros que compõem o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de responder à altura os ataques que o tribunal, como instituição, vem sofrendo diuturnamente.

Diante das centenas de questionamentos sobre a lisura da eleição, das urnas, e também diante das fake news, tudo o que os guardiões da Constituição produziram foi bravata, ironia e inação.

O líder das pesquisas repetiu pela enésima vez em setembro que o sufrágio no Brasil não é seguro. "Tem gente que acredita em Saci Pererê", respondeu Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal. Sim, ministro. Ao que parece, muita gente.

Luiz Fux, que presidiu o TSE até agosto, chegou a dizer que as eleições poderiam ser anuladas se influenciadas por notícias falsas. E agora?

Rosa Weber, que assumiu a corte depois dele, se limitou a proferir meia dúzia de declarações protocolares.
No dia do primeiro turno, diante da proliferação de vídeos (montagens, depois se comprovou) e suspeitas lançadas por candidatos, um ministro do TSE se limitou a dizer que é com "isso aí que a gente vai ser obrigado a lidar".

Foi preciso que Weber, que ainda tem a imagem pessoal preservada, recebesse uma ameaça para deflagrar um arremedo de reação. A mensagem ofensiva foi revelada pela repórter Thais Arbex, no Painel desta Folha, na segunda-feira (15).

As instituições estão funcionando? A maioria da sociedade parece não concordar e o faz dando uma belíssima banana para o sistema vigente. O que vão fazer os magistrados que defendem uma Justiça atenta "aos anseios das ruas" diante da agenda que se levanta nesta eleição?

Eliéser Girão Monteiro Filho (PSL-RN), general recém-eleito deputado, disse em entrevista ao Estado de S. Paulo que o impeachment e a prisão de ministros do STF deveria integrar o "plano de moralização das instituições da República". Está bom ou querem mais?

Uma reforma do Judiciário estava na agenda das duas campanhas que chegaram ao segundo turno da disputa pelo Planalto. Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) recuaram, mas a prudência recomenda que o assunto não seja dado como enterrado.

Entre os generais que assessoram Bolsonaro, hoje franco favorito à Presidência, há um que afirmou que a década de 1970 foi uma maravilha porque não tinha Ministério Público nem Ibama "para encher o saco".

O presidenciável, por sua vez, não se comprometeu em escolher o Procurador-Geral da República por meio de lista tríplice. Quer alguém isento, disse. O que seria isso? Ele esclareceu: não pode ser de esquerda.

Procuradores e promotores já demonstram preocupação com retrocessos na defesa dos direitos humanos e da legislação ambiental. O que farão se forem tolhidos de parte de suas obrigações legais? Vão se contentar com o papel de polícia [da] política?

O Judiciário precisa tirar a venda para se olhar no espelho. A pauta corporativista regada a auxílios, os embates públicos e os ataques de voluntarismo deixam rastros de caminhos retóricos que podem ser acionados para questionar o funcionamento dos tribunais.

Sim, excelências, a era é a do "fora todos", com o Supremo, com tudo.
Herculano
18/10/2018 05:47
BOA NOTÍCIA: RENAN NÃO QUER COMANDAR O SENADO, por Josias de Souza

Reeleito numa eleição em que os brasileiros jogaram ao mar velhos caciques da política, Renan Calheiros retornou a Brasília expressando-se como uma espécie de ex-Renan. O velho senador já não apoia nem a si mesmo. Diante de notícias sobre seu interesse em reassumir o comando do Senado, Renan apressou-se em anotar no Twitter:

"Não sou candidato à presidência do Senado. Não cogito e não quero. Já fui presidente quatro vezes, sendo o senador que mais se elegeu para esse cargo desde a redemocratização. A presidência não pode ser um fim em si mesmo e não há escassez de bons nomes. Essa agonia é para fevereiro."

O desinteresse de Renan é uma notícia muito boa. Mas convém retardar o estouro dos fogos até fevereiro. A experiência mostra que, mais cedo ou mais tarde, Renan acaba correspondendo aos que não têm nenhum motivo para confiar nele.
Herculano
18/10/2018 05:44
EXTINÇÃO DOS CARTóRIOS SERÁ PAUTA NO CONGRESSO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Eleito deputado federal com quase 500 mil votos, Kim Kataguiri (DEM) chegará à Câmara empunhando a bandeira que agrada grande parte dos eleitores: a extinção dos cartórios, essa coisa atrasada que explora a "indústria da desconfiança" para faturar cerca de R$5 bilhões por ano no Brasil. Cartório é negócio rentável que seus proprietários figuram entre os brasileiros mais ricos, segundo dados oficiais, somente carimbando papéis e atestando que a sua assinatura é sua mesmo.

CASTA DAS CASTAS
Além do faturamento de suas lojas, os donos de cartório ganham em media R$1,1 milhão por ano, o dobro de procuradores e magistrados.

SÃO DISPENSÁVEIS
Estudos mostram que a tecnologia existente e a estrutura do Estado podem fazer o serviço do cartório, sem custos adicionais à população.

CARIMBOS MILIONÁRIOS
Citando dados do Conselho Nacional de Justiça, Kataguiri disse que só o 9º Cartório Ofício de Notas do Rio fatura R$40 milhões por semestre.

CARIMBO INFLACIONADO
O reconhecimento de assinatura no DUT, para transferir veículos, vai passar de R$3,90 para R$33,03 no DF. Aumento indecente de 747%.

ERRO DE PERÍCIA AUMENTA DÍVIDA DA UNIÃO A USINAS
A União está prestes a pagar à gigante Copersucar uma indenização de R$10,6 bilhões, em razão dos prejuízos provocados pelo controle de preços do extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). O problema é que essa mega-indenização está superestimada por erros grotescos do Laudo Pericial que instruiu a sentença judicial, conforme apontou o consultor Celso Roberto Dias Mendes, em denúncia à Advocacia Geral da União (AGU) e à Procuradoria Geral da República (PGR).

SANGRIA DESATADA
Erros de perícia, sem congelar os valores, elevou a indenização para R$10,6 bilhões em fevereiro de 2018, aumentando a sangria do erário.

É Só ERRO?
Os valores devidos pela União às 99 usinas paulistas, ligadas à Copersucar, podem ser metade do valor apontado em laudos periciais.

CAIU DO CÉU
As 99 usinas credoras da União devem uma fábula à Receita, por isso o pagamento à Copersucar poderá isentá-las desses tributos.

JUÍZO, MADAME
Amigos da ex-presidente cassada Dilma (PT) andam preocupados com sua, digamos, mudança de comportamento desde a humilhante derrota do dia 7. Acham que o juízo que lhe restava pode ter evaporado.

CONFISSÃO NECESSÁRIA
Católicos praticantes estão injuriados com a cena eleitoral de Haddad (PT) e Manuela (PCdoB) fingindo devoção, durante uma missa. E se queixam de sacrilégio do candidato comungando sem se confessar.

BOAS NOVAS NA POLÍTICA
Bem preparada e motivada, a cientista política Júlia Lucy, deputada distrital eleita pelo Novo, no DF, está feliz com a vitória, mas diz que não fará carreira política. Difícil será o eleitor deixar que ela escape.

FAZENDO HISTóRIA
O novo presidente da estatal de comunicação EBC, Luiz Antônio Ferreira, é o primeiro funcionário de carreira no cargo. Substitui o embaixador Alexandre Parola, novo chefe da missão do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra.

APARELHAMENTO
Em corajoso artigo para o site Diário do Poder, o diplomata Miguel Gustavo de Paiva Torres lança luz sobre o aparelhamento do Ministério das Relações Exteriores após a chegada do PT ao poder, em 2002.

O MAIOR CRESCIMENTO
Levantamento da Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados mostra que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) não apenas foi o mais votado do País. Ele somou 2.142% a mais de votos que em 2014.

MAIORES DERROCADAS
O mesmo levantamento da Câmara mostra quem mais perdeu votos: Clarissa Garotinho (Pros-RJ), 89% a menos. Jean Wyllys (Psol-RJ) é o segundo que mais perdeu votos entre 2014 e 2018: teve 83% a menos.

INOVAÇÃO A CAMINHO
A CNT revela no fim de semana os vencedores do Programa Conecta. Em busca de soluções para o setor de transporte e logística, as cinco startups selecionadas terão um mês de capacitação no Vale do Silício (EUA), além de aporte financeiro para alavancar as empresas.

PERGUNTA SEM MARGEM DE ERRO
Quando serão consideradas "fake news" pesquisas fajutas de 1º turno, incapazes de apontar a vitória de Witzel no Rio e de Zema em Minas?
Herculano
18/10/2018 05:36
CENTRÃO FAZ FILA PARA O BOTE SALVA-VIDAS DE BOLSONARO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Valdemar, Kassab e companhia preparam entrada na base aliada do presidenciável

No grande naufrágio partidário de 2018, os primeiros da fila para o bote salva-vidas são Roberto Jefferson, Pastor Everaldo, Valdemar Costa Neto e Gilberto Kassab. Os caciques do centrão, que sustentaram governos de todas as cores, decidiram se alinhar a Jair Bolsonaro (PSL) em busca de sobrevivência.

O PSD não é de esquerda, nem de direita, nem de centro (como definiu Kassab ao criar a legenda), mas já está afinado com o radicalismo de Bolsonaro. O fundador da sigla disse nesta quarta (17) que, se o candidato do PSL for eleito, "evidentemente" apoiará seu governo no Congresso.

A condição é que as pautas tenham convergência com as crenças do PSD, mas a adaptação não será muito difícil. Kassab foi ministro de Dilma Rousseff, pediu demissão para apoiar o impeachment e, em menos de um mês, pegou as chaves de outro ministério com Michel Temer.

O PR não quis apoiar Bolsonaro no primeiro turno, mas agora planeja um consórcio com o presidenciável. Caso sua eleição se confirme, o partido de Valdemar estará na base governista e lançará ao comando da Câmara o deputado Capitão Augusto, um policial que diz que o regime militar não foi uma ditadura.

"Houve alternância no poder, o Congresso manteve-se aberto, o Judiciário manteve-se aberto e até a imprensa tinha liberdade", disse, em 2015. Quatro mentiras, se considerarmos que a ditadura aposentou ministros do STF e tutelou o tribunal.

O time pró-Bolsonaro tem ainda a companhia do PTB de Roberto Jefferson, do PSC do Pastor Everaldo e de outros partidos que acreditam farejar vitória no campo do PSL.

A corrida atrás de um candidato que se beneficiou do derretimento da política soa como ironia, mas não surpreende. Se for eleito, Bolsonaro precisará dessas siglas para aprovar uma pauta especialmente amarga de equilíbrio das contas públicas.

Embora o candidato prometa não distribuir cargos, tudo parece negociável. Há dois dias, Bolsonaro pediu à bancada ruralista uma indicação para o Ministério da Agricultura.
Herculano
18/10/2018 05:30
MICHEL QUEM? por Helena Chagas, em Os Divergentes

O presidente da República, sua filha e seu amigo mais chegado foram indiciados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, e essa informação não ocupou a manchete de nenhum dos grandes jornais. Rei morto, rei posto, e todas as atenções estão focadas no poder futuro, ao menos na expectativa de poder futuro. Faz tempo que Michel Temer é um "lame duck", aquele político que está saindo do poder e cumprindo tabela até o fim do mandato, que os americanos chamam de pato manco.

É um engano, porém, não ficar de olho em Temer e nos que o cercam nesse apagar das luzes do atual governo. Sobretudo porque cerca de metade do Congresso está em sua situação, ou seja, não se reeleger vai fazer de tudo, tudo mesmo, para garantir as melhores condições possíveis na volta para casa.

Michel Temer não deverá ser preso, nem afastado, até 1 de janeiro, quando entrega o cargo ao sucessor. O mais provável é que Policia Federal, PGR e STF continuem dosando os prazos do inquérito e da denúncia por mais dois meses, quando menos para evitar um abalo maior na instituição da presidência da República. Há também o detalhe de que o inquérito entregue ontem ao STF, e imediatamente remetido à PGR, trata da edição de um decreto de 2017 na área de portos, mas aponta sobretudo para supostos crimes cometidos antes disso, e portanto antes de Temer assumir a presidência. Em tese, só pode responder por eles quando sair do cargo.

E aí é que está. Nesses dois meses, Temer e os deputados e senadores que não lograram se reeleger terão tempo suficiente para mudar a legislação e amenizar a situação para eles próprios. Por exemplo, mudando o instituto da prerrogativa de foro para ex-presidentes da República ?" o que poderia ter até o apoio do PT porque beneficiaria também Lula.

Os exageros da Lava Jato, que voltaram à cena inclusive durante a campanha em ações de juízes e procuradores com claro viés eleitoral, podem servir agora de justificativa suprapartidária para aprovação de leis restringindo a delação premiada e outros instrumentos.

Resumo da ópera: Michel e mais três centenas de parlamentares podem estar se preparando para ir para o outro lado da lua, mas até lá ainda têm a caneta e o voto. E vão usá-los em plenitude enquanto todo mundo está distraído olhando para o futuro.
Herculano
18/10/2018 05:25
UMA NOVA CONVERSA SOBRE AS FAKES NEWS NO WHATSAPP, por Roberto Dias secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Mentiras óbvias sobre Bolsonaro e Haddad enganam muita gente

Não, Jair Bolsonaro não foi eleito o político mais honesto do mundo. Tampouco propôs nova imagem de Nossa Senhora. Nem Fernando Haddad quis legalizar a pedofilia. Mentiras óbvias como essas enganam muita gente; imagine então as menos evidentes, como a lista fictícia de ministros pop do petista.

O submundo do WhatsApp é o grande fenômeno desta campanha. Seu efeito parece ainda mais perverso do que o do Facebook nos EUA.

Marqueteiros e líderes partidários repetem que a TV é decisiva porque isso lhes dá poder. Quem caiu nesse conto perdeu o bonde. Os brasileiros passam mais horas em redes sociais do que a média mundial. As mensagens no celular multiplicam-se por pirâmide que não surgiu do nada.

Está claro que o bolsonarismo grama nesse pântano há mais tempo. O petismo aprende tardiamente.

Quem até outro dia falava que a imprensa distorce tudo agora suplica aos eleitores que se informem pelo jornalismo profissional. Quem aponta o dedo para a mídia tradicional e diz que ela "normalizou" Bolsonaro não está entendendo nada.

A lorota bolsonarista sobre as urnas eletrônicas presta-se a serviço específico. É cortina de fumaça diante da discussão que realmente deveria importar à Justiça eleitoral. Três pessoas presidiram o TSE neste ciclo: Gilmar Mendes, Luiz Fux e Rosa Weber. Nenhum teve coragem de agir de verdade contra as fake news.

Propostas como limitar a capacidade de replicação das mensagens são apenas pequenos paliativos. O ponto principal continua sendo evitado: o WhatsApp claramente não pode mais ser tratado como um aplicativo de conversas sempre privadas. É preciso poder rastrear as mensagens. O anonimato tem de acabar.

Quem publica (des)informação num meio de comunicação de larga escala, como é o caso, deve ter responsabilidade jurídica sobre o que diz. Já passou da hora de o poder público exercer seu papel - não será nem o WhatsApp nem os candidatos que consertarão o problema.
Herculano
18/10/2018 05:17
A CENSURA À LIBERDADE DE EXPRESSÃO DO POVO

Depois de perceber que o controle da mídia não é exatamente um problema atual, os ditadores e perdedores miram a voz do povo que com a modernidade digital ganhou canais individuais e ampliou o alcance coletivo

De Guilherme Fiuza, no twitter

Preocupados com a liberdade de expressão, um grupo de artistas e intelectuais está criando uma junta de notáveis para garantir a qualidade do conteúdo nas mídias e no WhatsApp. Já estão confirmados os pensadores Nicolás Maduro, Lindbergh Farias, Robert Mugabe e Renan Calheiros.
Miguel José Teixeira
17/10/2018 19:10
Senhores,

Na mídia:

"Porta com Haddad está enferrujada e fechadura enguiçou, diz FHC..."

Finalmente o "Príncipe dos Sociólogos", acordou:

a porta com haddad leva à Curitiba!!!

Aparelharam, saquearam e estupraram a Nação!

Já pensaram o que ocorrerá se a corja vermelha "retorná au pudê"?

Só em Santa Catarina, há centenas de PeTralhas à espera de uma "boquinha". . .

Vade retro, retrocesso!
Alfredo
17/10/2018 13:07
Se vão cortar comissionados, podem começa pelo Sr. JORGE PEREIRA da gestão de contrato.

ele não ajudou na campanha do MDB.

Aliás seu carro estava plotado com candidatos de outros partidos.

Enquanto os outros comissionados eram obrigados a balançar bandeiras do Mauro Mariani ele ficava numa boa na lagoa.
Herculano
17/10/2018 12:42
MERCADO SE ILUDE COM PROMESSA DE PROGRAMA ECONôMICO LIBERAL DE BOLSONARO, por Alexandre SChawartsman, economista e ex-diretor do Banco Central, para o jornal Folha de S. Paulo

Há um conflito entre a tosca visão econômica do candidato e o presumido viés liberal dos assessores

"Suponha que você tenha um galinheiro no fundo da tua casa e viva dele. Você vende todo dia ovos e algumas galinhas. Quando você vende aquilo e privatiza, você não vai ter a garantia no final de semana de comer um ovo cozido. Nós vamos deixar a energia na mão de terceiros? (...) Você vai deixar a nossa energia na mão do chinês?"

Foi com base nesse raciocínio sofisticado que Jair Bolsonaro negou a possibilidade de privatizar a geração de energia elétrica no país. Afinal de contas, "o chinês" pode vir aqui e mandar todas as nossas hidrelétricas para a China, presumivelmente com as respectivas bacias hidrográficas. Ou, sei lá, vender toda a nossa energia elétrica na Ásia, atravessando mares tempestuosos, em vez de atender o consumidor nacional.

O candidato diz que evoluiu de suas posições anteriores, mas a declaração acima ecoa a mesma visão expressa em 1999, quando afirmou que "barbaridade é privatizar a Vale do Rio Doce, é privatizar telecomunicações, é entregar nossas reservas petrolíferas para o capital externo".

De lá para cá a Vale saltou de patamar, tornando-se uma competidora global. No campo das telecomunicações, o progresso foi igualmente notável. Antes das privatizações, telefones eram para poucos, tão escassos que linhas telefônicas faziam parte das declarações de bens e direitos para fins de Imposto de Renda. Hoje, em contraste, qualquer pessoa tem acesso a serviços impensáveis há meros 20 anos.

Não há motivo para crer que seria diferente no caso da energia, independentemente da nacionalidade do eventual comprador. No frigir dos ovos (perdão), quem investir no setor não terá apenas o objetivo de ganhar o máximo de dinheiro possível, motivação que esteve por trás da melhora de desempenho nos setores privatizados (bem como, com imenso sucesso, naqueles que nasceram privados), mas também terá que se submeter às leis e às normas locais.

Há um conflito óbvio entre a tosca visão econômica do candidato e o presumido viés liberal de sua equipe de assessores na área, cuja solução é bem menos fácil do que muitos parecem acreditar. Se o assessor tem carta branca para formular propostas, mas só pode "bater o martelo" depois de falar com o chefe, a noção de que o domador segurará o urso se torna ainda mais complicada do que soava uns meses atrás.

A verdade é que o mercado financeiro se ilude com a promessa de um programa econômico liberal (ou talvez apenas se faça de bobo enquanto for conveniente) contra evidências crescentes sobre a dificuldade política de avançar nessa frente.

Repisando um tema que me é particularmente caro, a discussão nas eleições passou longe das questões de fundo, mais recentemente se concentrando nos esforços de desconstrução dos adversários.

A verdade é que nenhum dos candidatos deixa claro para a população o que pretende fazer do ponto de vista de reformas, como fica aparente no contorcionismo do provável ministro da Casa Civil num governo Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, sobre a vexatória questão do déficit da Previdência, para não falar do duplo mortal carpado que o PT tenta aplicar para se distanciar do programa proposto no primeiro turno, coordenado, vejam só, pelo próprio Fernando Haddad.

Vai ser difícil dar a real quando a bomba explodir. Parece que ninguém aprendeu com o fiasco formidável de Dilma Rousseff: nem os candidatos e certamente não os eleitores.
Herculano
17/10/2018 12:33
De Bernardo Mello Franco, de O Globo, no twitter

Cid Gomes disse verdades que os petistas teimam em não admitir. O partido deveria reconhecer erros e pedir desculpas. O problema foi o resto. Ao proclamar que Haddad vai "perder feio", ele implodiu a ideia da frente democrática e deu munição a Bolsonaro.
Herculano
17/10/2018 11:31
QUANDO A RELIGIÃO SE MISTURA COM A POLÍTICA PARTIDÁRIA, O DIABO SE APRESENTA COMO SANTO NA GUERRA PELAS MENTES DOS FRAGILIZADOS E O PODER DOS ESPERTOS QUE MANIPULAM ESSE JOGO

1. Quando o PT nasceu, foi embalado pela Igreja Católica via a CNBB na tal Teologia da Libertação. A Igreja montou um aparelho chamado eclesiais de base e fez a interiorização do partido disfarçado de pregação e ajuda assistencial.

2. O tempo passou. A Igreja Católica minguou e as igrejas evangélicas de denominações pentecostais avançaram sobre os fiés convertidos nos flancos deixados exatamente pela própria Igreja Católica.

3. E a política partidária e o poder nelas predominaram, numa comunicação mais atualizada, e na preocupação comunitária mais viva. Sobre o resultado não vou discorrer por absoluta perda de tempo.

4. Agora, o PT, em desespero vai à até à missa da Igreja Católica, com seus candidatos ateus - que publicamente já rotularam as religiões como um ópio do povo - e recebendo o sacramento da eucaristia, uma Igreja muda diante de tanta roubalheira de quem deu apoio institucional

5. Veja a reportagem com a carta de desespero dos petistas aos evangélicos. Uma carta de quem mente reiteradamente, até para ludibriar a fé espiritual dos outros em benefício dos seus planos que já permitiram o desastre econômico, a inflação alta, o desemprego de mais 13 milhões de trabalhadores, o empreguismo sem fim para os seus e o roubo de bilhões dos impostos de todos.

EM CARTA A EVANGÉLICOS, HADDAD DIZ QUE MEDO E MENTIRA SÃO SEMEADOS CONTRA PT ENTRE CRISTÃOS

Petista cita Salmos e afirma que sua vida é prova para desmentir quem usa meios baixos para fraudar vontade do povo

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Marina Dias, da sucursal de Brasília. Em carta destinada aos evangélicos, Fernando Haddad diz que o medo e a mentira são semeados desde as eleições de 1989 contra candidatos do PT. Segundo ele, que não cita nominalmente seu adversário, Jair Bolsonaro (PSL), as peças veiculadas são "de baixo nível" e "agridem a inteligência das pessoas de boa vontade".

"Desde as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão contra candidatos do PT. Comunismo, ideologia de gênero, aborto, incesto, fechamento de Igrejas, perseguição aos fiéis, proibição do culto: tudo o que atribuem ao meu futuro governo foi usado antes contra Lula e Dilma", diz o texto.

"As peças veiculadas, de baixo nível, agridem a inteligência das pessoas de boa vontade, que não se movem pelo ódio e pela descrença", completa.

O documento será distribuído nesta quarta-feira (17) em encontro de Haddad com líderes evangélicos em São Paulo. O ato é uma tentativa de conter o avanço de Bolsonaro no segmento religioso - segundo o Datafolha, o capitão reformado tem o apoio de quase 70% dos evangélicos, eleitorado tradicionalmente petista.

Na carta, Haddad cita Salmos que fazem referência a "calúnias": "?" Deus, a quem louvo, não fiques indiferente, pois homens ímpios e falsos, dizem calúnias contra mim, e falam mentiras a meu respeito." (Salmos 109:1-2) e diz que sua vida cristã, sendo neto de um líder religioso e casado há 30 anos com a mesma mulher, é "a prova" que tem para desmentir as notícias falsas contra ele.

A campanha de Haddad se preocupa por não ter conseguido até agora encontrar um método eficaz para combater as fake news contra o petista.

"Nenhum dos nossos governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes pelas quais nos atacam: a legalização do aborto, o kit gay, a taxação de templos, a proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças e outras propostas, pelas quais nos acusam desde 1989, nunca foram efetivadas em tantos anos de governo. Também não constam de meu programa de governo", diz o texto.

Confira a íntegra da carta:

Quero me dirigir diretamente ao povo evangélico neste momento tão decisivo da vida de nosso Brasil, cujo futuro será decidido democraticamente nas urnas do próximo dia 28.

Para estar no segundo turno, tive que vencer uma agressiva campanha baseada em mentiras, preconceitos e especulações massivamente espalhadas pelo Whatsapp e outras redes sociais, contra mim e minha família.

"Estas seis coisas o Senhor odeia, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos." (Provérbios 6:16-19)

Desde as eleições de 1989, o medo e a mentira são semeados entre o povo cristão contra candidatos do PT. Comunismo, ideologia de gênero, aborto, incesto, fechamento de Igrejas, perseguição aos fiéis, proibição do culto: tudo o que atribuem ao meu futuro governo foi usado antes contra Lula e Dilma. As peças veiculadas, de baixo nível, agridem a inteligência das pessoas de boa vontade, que não se movem pelo ódio e pela descrença.

"?" Deus, a quem louvo, não fiques indiferente, pois homens ímpios e falsos, dizem calúnias contra mim, e falam mentiras a meu respeito." (Salmos 109:1-2). Que provas tenho a oferecer para desmentir quem usa meios tão baixos para enganar, fraudar a vontade popular?

Minha vida, em primeiro lugar: sou cristão, venho de família religiosa desde meu avô, que trouxe sua fé do Líbano quando migrou para o Brasil para construir vida melhor para sua família. Sou casado há 30 anos com a mesma mulher, Ana Estela, minha companheira de jornada que criou comigo dois filhos, nos valores que aprendemos com nossos pais. Sou professor, passaram por minhas mãos milhares de jovens com os quais aprendi e ensinei meus sonhos de um Brasil digno e soberano.

Minha vida pública, em segundo lugar: minha atuação, como Ministro da Educação e como Prefeito de São Paulo, fala por mim. Abri as portas da educação para os mais pobres, das creches ?" nas quais o governo federal passou a investir pesadamente em minha gestão ?" à Universidade. Antes do Pro-Uni, do FIES sem fiador, do ENEM, da criação de vagas em instituições públicas e gratuitas de ensino e das cotas raciais, o ensino superiorera inacessível para jovens negros, trabalhadores e da periferia. Busquei humanizar a metrópole que me foi confiada, buscando inovações para ampliar os direitos, à moradia, à mobilidade urbana, ao meio ambiente sadio, à convivência fraterna.

Sempre contei, no MEC ou na Prefeitura de São Paulo, com a parceria com todas as denominações religiosas. Tratei a todas de forma igualitária. Os governos Lula e Dilma, bem como nossos governos estaduais e municipais, sempre reconheceram dois pilares do Estado democrático: é laico e, como tal, não privilegia nem discrimina ninguém em razão de sua religiosidade. Nenhuma Igreja foi perseguida, o direito de culto sempre foi assegurado, a liberdade de expressão também.

Nenhum dos nossos governos encaminhou ao Congresso leis inexistentes pelas quais nos atacam: a legalização do aborto, o kit gay, a taxação de templos, a proibição de culto público, a escolha de sexo pelas crianças e outras propostas, pelas quais nos acusam desde 1989, nunca foram efetivadas em tantos anos de governo. Também não constam de meu programa de governo.

"Acautelai-vos quanto aos falsos profetas. Eles se aproximam de vós disfarçados de ovelhas, mas no seu íntimo são como lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. É possível alguém colher uvas de um espinheiro ou figos das ervas daninhas? Assim sendo, toda árvore boa produz bons frutos, mas a árvore ruim dá frutos ruins." (Mateus 7:15-17).

Os frutos que quero legar ao Brasil como Presidente são a justiça e a paz. Emprego para milhões de desempregados e desempregadas poderem sustentar com dignidade suas famílias. Salário justo, com direitos que foram eliminados pelo atual governo e que serão trazidos de volta com a anulação da reforma trabalhista, e o direito à aposentadoria, ameaçado pela reforma da Previdência apoiada pelo atual governo e meu adversário. "Aprendei a fazer o bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas." (Isaías 1:17)

Quero governar o Brasil com diálogo e democracia, com a participação de todos e todas que se disponham a doar de seu tempo e talentos na construção do bem comum. Um governo que promova a cultura da paz, que impeça a violência, que nunca use da tortura e da guerra civil como bandeiras políticas. Que una novamente a Nação brasileira, para que volte a ser vista com esperança pelos mais pobres e com respeito pela comunidade internacional.

Apresento-me, pois, diante dos irmãos e irmãs das mais variadas denominações cristãs, com a sinceridade e honestidade que sempre presidiram minha vida e meus atos. A Deus, clamo como o salmista: "guia-me com a tua verdade e ensina-me, pois tu és Deus, meu Salvador, e a minha esperança está em ti o tempo todo." (Salmos 25:5). E a vocês, peço justiça, a justa apreciação de meus propósitos e o voto para concretizar essas intenções num governo que traga o Brasil aos caminhos da justiça, da concórdia e da paz.
Miguel José Teixeira
17/10/2018 11:29
Senhores,

Replicando. . .com alterações:

O desespero da corja vermelha é tanto, que:

1) os "golpistas" de ontem, são os convidados de hoje, para integrar uma "frente democrática" e que a lambisgóia das araucárias "achou" que a adesão seria expontânea!. . .

2) escalaram para dialogar com os católicos, nada mais, nada menos, que o próprio "coroinha do belzebú", vulgo gilberto carvalho. . .

3) Da série "pau que nasce torto, morre torto":

"Lula é condenado a pagar multa em processo de chácara no ABC"

+ em:
https://www.redetv.uol.com.br/jornalismo/politica/lula-e-condenado-a-pagar-multa-em-processo-de-chacara-no-abc

Vade retro, retrocesso!
Herculano
17/10/2018 11:04
DNA AFIADO, por Nei Manique, no Idade Mídia

Outro Bispo quase matou um presidente

Quando Adélio Bispo de Oliveira esfaqueou o candidato Jair Bolsonaro no dia 6 de setembro em Juiz de Fora, a maioria dos eleitores viu a mão da conspiração no ato.

Nada provado até aqui, convém resgatar que o atentado a faca tem rastros na história republicana deste país.

No dia 5 de novembro de 1897, o presidente Prudente de Morais participou no Rio da recepção às tropas do Exército que finalizaram a Revolta de Canudos.

O assentamento rebelde no interior baiano causou baixas traumáticas nos dois lados até que a resistência dos seguidores de Antonio Conselheiro sucumbisse de vez.

Dos 12 mil soldados do Exército, lembra o jornalista Laurentino Gomes em seu livro "1889", cinco mil perderam a vida durante o cerco.

Terceiro a assumir o mais alto cargo da nação, Prudente foi o primeiro eleito pelo voto direto e também o primeiro civil na função.

A recepção ocorreu no Arsenal de Guerra, imóvel hoje ocupado pelo Museu Histórico Nacional.

Quando o presidente atravessou o pátio, um soldado avançou contra ele brandindo uma faca.

Sem titubear, o marechal Carlos Machado Bittencourt - ministro da Guerra - interveio, salvou o presidente ao colocar-se à sua frente e foi mortalmente ferido.

Preso, o homicida foi encontrado enforcado em sua cela semanas depois. Seu nome: Marcelino Bispo (de Melo). O inquérito apurou conspiração, desencadeou uma cadeiada e caiu no esquecimento.

Isso até 6 de setembro passado. Se há parentesco, ninguém checou nem descobriu até agora. Que merece um profundo estudo onomástico, em discussão.
Herculano
17/10/2018 11:01
TEMER PERDEU A REPUTAÇÃO E O SENSO DE RIDÍCULO, por Josias de Souza

O brasileiro gosta tanto de piadas que Michel Temer imagina que ninguém mais se incomoda de ser presidido por uma anedota. No mesmo dia em que veio à luz a notícia sobre seu indiciamento no inquérito sobre portos, Temer vangloriou-se num discurso para empresários de ter silenciado o asfalto com o sucesso de sua gestão.

"...Nós não tivemos problemas no país, não tinha movimento de rua", discursou o presidente na Associação Comercial do Paraná, em Curitiba, nesta terça-feira (16). "Claro que em algum lugar qualquer tem cinco, seis, dez ou 40 que se reúnem e dizem 'Fora, Temer'. Mas, isso faz parte da democracia, ouço aquilo e digo: 'Que coisa boa!' Tem gente se manifestando, é verdade. Mas se bem que agora tem o 'Fica, Temer' que está correndo pela rede, não é?".

Horas depois de flertar com o ridículo, Temer foi pendurado novamente nas manchetes na constrangedora posição de acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Como previsto, a Polícia Federal entregou ao Supremo o relatório final do inquérito que apura se o presidente editou um decreto favorecendo empresas do setor de portos em troca de propinas.

Foram indiciados Temer, sua filha Maristela e mais nove pessoas. A Polícia Federal pediu ao ministro Luis Roberto Barroso, relator do caso na Suprema Corte, a prisão de quatro pessoas. Entre elas o coronel da Polícia Militar paulista João Baptista Lima, amigo e operador do presidente da República.

Folheando-se o processo, percebe-se que, na opinião da Polícia Federal, a poltrona de presidente da República é ocupada por um desqualificado. O pior é que os quase 90% de brasileiros que desaprovam o governo Temer concordam com os investigadores.

Antes do grampo do grampo do Jaburu, Temer apresentava-se ao país como paladino da austeridade e chefe de um governo reformista. Depois da divulgação do seu diálogo vadio com Joesley Batista, abriu os cofres do Tesouro para comprar sua permanência no cargo. Às voltas com duas denúncias, está prestes a colecionar a terceira. A Presidência de Temer já não derrete, apodrece.

Num ambiente assim, discursos engraçadinhos como o que Temer pronunciou para empresários em Curitiba revelam que o presidente não perdeu apenas a compostura e a reputação. Perdeu também o senso de ridículo.
Herculano
17/10/2018 10:58
CHOQUE ENTRE CID GOMES E HADDAD EXPRESSA INSTINTOS DE AUTODESTRUIÇÃO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Petistas reclamam de omissão diante de Bolsonaro e aliados cobram autocrítica

Tudo indica que o PT fracassou em convencer parte do mundo político de que esta eleição seria mais do que uma disputa pelo poder. Hesitações do partido e a resistência de potenciais aliados estimulam a dispersão daqueles que veem Jair Bolsonaro como uma ameaça.

Irritado com a sigla, Cid Gomes explodiu em um ato de campanha na segunda-feira (15). Disse que os petistas deveriam "reconhecer que fizeram muita besteira" e sentenciou: "O PT, desse jeito, merece perder".

O ex-governador cearense atribuiu à legenda sua justa dose de responsabilidade e expôs uma insatisfação generalizada com o tratamento dado pela sigla a seus aliados. Cid deixou em segundo plano, porém, algumas consequências coletivas da provável derrota do PT na disputa.

No início de setembro, seu irmão, Ciro Gomes, afirmou que a vitória de Bolsonaro representaria um "suicídio coletivo" para o país. As urnas e as pesquisas mostram que a maioria da população não pensa assim, mas os políticos e partidos que se opõem ao candidato do PSL podem estar seguindo instintos de autodestruição.

Além de Ciro, personagens como Fernando Henrique Cardoso e Joaquim Barbosa já se manifestaram sobre os riscos de um governo Bolsonaro. Identificaram ameaças de retrocesso na defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais, além de um viés autoritário que pode fragilizar a democracia.

Os três foram procurados, mas se recusaram a aderir a uma campanha pública pró-Haddad, ao menos por enquanto. O candidato iniciou uma flexibilização de sua plataforma, mas o aceno foi considerado insuficiente. Ainda persiste a cobrança por uma autocrítica enfática em relação aos governos e, principalmente, aos escândalos de corrupção protagonizados pelo PT.

Para os petistas, esses líderes se omitem diante de um perigo que eles mesmos reconhecem. O partido tinha esperança de obter apoio automático, mas faltaram humildade e cálculo eleitoral. A gravidade só contou a favor de Bolsonaro.
Herculano
17/10/2018 10:48
JOGADA DE LULA É SE DESCOLAR DA DERROTA DE HADDAD, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Quando orientou o candidato do PT a presidente ser "mais Haddad" no segundo turno, após a derrota acachapante no primeiro turno, o ex-presidente e presidiário Lula apenas colocou em prática sua nova jogada: descolar-se de nova derrota para Jair Bolsonaro (PSL). "Lula é esperto, experiente, percebeu logo que Haddad não venceria", diz um ex-ministro lulista de carteirinha eleito para o Congresso no dia 7.

RELUTÂNCIA FOI SINAL
A tentativa de Lula de se descolar de eventual derrota explica sua demora e relutância na definição de Haddad como candidato do PT.

HISTóRICO PERDEDOR
Lula ficou "traumatizado" com a derrota de 2016: Haddad teve menos votos que brancos e nulos, mesmo com o ex-presidente a tiracolo.

CULPA DO EX-PREFEITO
O ex-presidente culpa a derrota humilhante de Haddad em 2016, ao tentar a reeleição, pelo derretimento do seu cartaz em São Paulo.

E O óLEO DE PEROBA?
Lula cumpre pena de 12 anos por lavagem de dinheiro e corrupção, mas põe a culpa pela derrota do PT em Haddad.

BOLSONARO PODE NOMEAR PRIMEIRA MULHER CHANCELER
Cresceu no Itamaraty a expectativa da escolha de uma mulher para chefiar a diplomacia. Desde o Barão de Rio Branco, no início dos anos 1900, jamais houve ministra das Relações Exteriores. Uma das mais cotadas é a senadora Ana Amélia (PP-RS), que, vice de Alckmin, se recusou a gravar vídeo contra Bolsonaro. Mas na carreira diplomática há grandes embaixadoras aptas a fazer História no cargo de chanceler.

VIOTTI É SEMPRE LEMBRADA
A embaixadora Maria Luiza Viotti, hoje cedida à equipe do secretário-geral da ONU Antonio Gutérres, é uma das diplomatas mais admiradas.

A MELHOR DA SUA GERAÇÃO
Maria Nazaré Farani de Azevêdo, chefe da missão do Brasil na ONU, na Suíça, é considerada uma das melhores diplomatas da sua geração.

NÃO FALTAM OPÇõES
Subsecretária Geral de Comunidades Brasileiras, a embaixadora Maria Dulce Silva Barros é um dos quadros mais qualificados do Itamaraty.

SEU NOME É POLÊMICA
A procuradora Bia Kicis (PRP), a "deputada federal do Bolsonaro", 86 mil votos no DF, acha que mulher não precisa de cota para conquistar seu espaço. E abomina a expressão "feminicídio" porque acha que as vítimas dos criminosos são pessoas, homens ou mulheres, sem rótulos.

OPÇÃO PREFERENCIAL
O Barcelona mandou seu porta-voz reclamar do apoio de Ronaldinho Gaúcho a Jair Bolsonaro. O clube que foi dirigido por Josep Bartomeu, réu por fraude e sonegação, deve preferir políticos corruptos.

ELE ESTÁ ADORANDO ISSO
O presidente Michel Temer comentou a hashtag "Fica, Temer", que se espalhou nas redes sociais. "Tinha Fora, Temer", lembrou ele no Paraná. "Se bem que agora tem um "Fica Temer correndo pela rede".

POLÍTICO FORA DO ARMÁRIO
Fábio Félix (Psol) se apresenta como "primeiro deputado gay assumido" na Câmara Legislativa do DF. Ontem ele disse que entrou na política após sair do armário. "Assumir é um ato político", diz ele.

VANGUARDA DO ATRASO
O presidente nacional do PSL, Gustavo Bebianno, descarta "espaço" para diálogo com partidos da esquerda, já que, para ele é "a mentalidade mais atrasada da face da Terra".

BANCADA FORMADA
Sem passar pela burocracia de criar partido, o RenovaBR elegeu nove deputados e um senador, no dia 7. Eduardo Mufarej, fundador do movimento, jura que não haverá interferência nos mandatos.

DESPESAS MISTERIOSAS
Durante setembro, mês quase nulo de atividade parlamentar, a Câmara fez ressarcimento de despesas de R$2,16 milhões para deputados. Se bem que em setembro de 2014 foram R$9,36 milhões.

SACO SEM FUNDO
A Petrobras fechou parceria com a chinesa CNPC para concluir as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro. Nos governos do PT foram saqueados R$ 12,5 bilhões do Comperj, segundo o TCU.

PENSANDO BEM...
...dia 28 é a vez do eleitor mostrar quem é o babaca.
Herculano
17/10/2018 10:33
TUDO CHUTE, por J.R. Guzzo, na revista Veja

As últimas pesquisas de "intenção de votos" que estão circulando na praça dizem, em números redondos, que Jair Bolsonaro está com cerca de 60% das preferências do eleitorado, contra 40% de Fernando Haddad. Mas esperem um momento: deve haver alguma coisa errada aí. Até às vésperas da votação do primeiro turno, todas as pesquisas (e a mídia insistia muito nesse ponto: todas as pesquisas) garantiam que Bolsonaro iria perder de qualquer dos outros candidatos no segundo turno. Repetindo: de qualquer candidato. Nove em cada dez análises se fixavam na importância terminal desta informação vinda da ciência estatística. Podia se contar com diversos cenários, mas uma coisa pelo menos estava certa, acima de toda e qualquer dúvida: o candidato da direita iria perder a eleição no segundo turno, seja lá o adversário que sobrasse para a disputa com ele. Até o Meirelles? Aparentemente, não chegaram a medir a coisa nesses detalhes, mas as manchetes diziam que Bolsonaro perderia de todos os candidatos no segundo turno, e como Meirelles (ou o cabo Daciolo, ou o Boulos, ou o Amoedo, ou o Álvaro Dias etc.) eram candidatos, sempre dá para dizer, tecnicamente, que até essas nulidades iriam ganhar dele. Não aconteceu nada de extraordinário de lá para cá. Porque, então, as pesquisas preveem agora exatamente o oposto do que previam cinco minutos atrás?

Os institutos de pesquisa fariam uma especial gentileza ao público se explicassem, em umas poucas palavras compreensíveis, por que seus números devem ser levados a sério no segundo turno, se mostram agora o contrário do que mostravam no primeiro. Não conseguindo fazer isso, talvez ficasse mais simples dizer o seguinte às pessoas: "Esqueçam o que a gente deu no primeiro turno. Era tudo chute". Chute ou torcida, tanto faz, porque uma coisa é tão ruim quanto a outra e, no fim das contas, nenhuma das duas será cobrada. Como sempre acontece, se Bolsonaro ganhar mesmo as eleições, os autores das pesquisas dirão que ficou provado o quanto eles acertaram - pois o resultado que costuma sobrar na memória é o último. Daqui a pouco, contando com esquecimento geral por parte do público, estarão propondo novas profecias para quem estiver interessado. E em 2022, ou já em 2021, prepare-se para ler que Lula está na frente de todo mundo com 50%, que Marina está subindo e Ciro Gomes começa a crescer. Bolsonaro, se for eleito agora e se candidatar à reeleição, estará com 0%. Na reta final os números serão ajustados de novo ("ocorreram mudanças no processo decisório") e tudo continuará como sempre foi.

As pesquisas eleitorais de 2018 deixaram claro, mais que em qualquer eleição anterior, o quanto elas estão sendo incapazes de medir aquilo que está realmente na cabeça do eleitor. Foi um desastre. Dilma Rousseff foi garantida como a senadora mais votada do Brasil e ficou num quarto lugar em Minas Gerais. O senador de São Paulo Eduardo Suplicy, outro "eleito" pelas pesquisas, foi exterminado após 27 anos de Senado. Houve erros grotescos nas pesquisas para governador de Minas e Rio de Janeiro ?" os que acabaram colocados em primeiro lugar tinham 1% dos votos, ou nada muito diferente disso, até poucos dias antes da eleição. Geraldo Alckmin ficou com menos de 5% dos votos. Marina Silva ficou com 1%. No Nordeste, que foi citado durante seis meses seguidos como o grande celeiro de onde Lula poderia operar a sua "volta", o PT teve 10 milhões de votos a menos que em 2014. Das sete capitais da região, perdeu em cinco. Erros deste tamanho, por mais que os institutos neguem, são sintoma de alguma coisa profundamente errada no sistema todo. Como escrito acima, tudo isso tende a cair rapidamente no esquecimento, sobretudo porque não há paciência para ficar discutindo um assunto que não interessa mais até a próxima eleição. Mas o problema não vai sumir só porque não se falará mais nele.

As pesquisas, com certeza, não conseguiram captar as correntes que se movimentam no oceano da internet e do mundo digital como um todo. Não entenderam nada sobre o peso que as redes sociais tiveram no processo eleitoral. Seus questionários podem não estar fazendo as perguntas certas, na maneira certa, na hora e no lugar certos. Na disputa nacional, o papel da propaganda obrigatória na televisão, tido como algo sagrado, mostrou que está valendo zero ?" e as pesquisas não estavam preparadas para isso, nem para o efeito nulo dos "debates" entre candidatos na TV, das opiniões dos comentaristas políticos e da orientação geral da mídia. Está surgindo um mundo novo por aí. Não será fácil para ninguém começar a entender como ele vai funcionar. Uma boa razão, portanto, para começar já o esforço.
Herculano
17/10/2018 10:30
MORRER OU MORRER, por Carlos Brickmann

Numa pequena cidade americana, o xerife, o herói que prendeu os principais bandidos da região, está se casando e, em seguida, viajará em lua de mel. Soube-se então que o pior dos bandidos foi solto e chegará em pouco mais de uma hora, com mais três de seu bando, para matar o xerife. Imediatamente, o herói da cidade é abandonado: ninguém está disposto a ajudá-lo no duelo mortal. No máximo, seus melhores amigos e aliados lhe sugerem que fuja. Ele não foge ?" e até sua noiva o abandona naquela hora.

É um dos maiores filmes da história do cinema: Matar ou Morrer, com Gary Cooper e Grace Kelly, direção de Fred Zinneman. À medida que o tempo passa, Cooper vai ficando mais só, diante dos quatro bandidos. Ele os enfrenta; e, claro (é o mocinho), vence. Quando o último bandido é morto, a cidade volta a festejar seu herói. Então é ele que decide ir embora.

O que o filme mostra com mais clareza é que, na hora da festa, todos se juntam. Na hora da tristeza, é cada um por si. Tivesse o bandido sido vitorioso, a vida na cidade continuaria igual, sob nova direção.

Cid Gomes disse aos petistas que Haddad, seu aliado, vai perder feio. Ciro Gomes foi passear na Europa. A senadora Ana Amélia, vice de Alckmin, optou por Bolsonaro. Euclides Scalco, respeitado fundador do PSDB, disse que o importante é derrotar o PT. Não dá para dizer quem vai ganhar a eleição. O que se sabe é que quem está ficando sozinho é Haddad.

VALE A PENA VER DE NOVO
O filme ganhou quatro Oscars, lançou Grace Kelly como atriz, sua trilha sonora é excelente. Pode ser visto no Google, na íntegra, e vale a pena. É cultura popular na veia: se os ratos vão embora, o navio está afundando.

XGUCGUZÃO
Haddad, quem diria, tem suas semelhanças com Alckmin. Ambos levam jeitão de tucano. Alckmin nunca soube como deveria ser chamado, Geraldo ou Alckmin; Haddad não sabe se ainda é Lula ou se Lula não é mais, se é vermelho ou verde-amarelo, se é católico de ir à missa ou se isso é o ópio do povo. Em comum, ambos têm aquele charme eleitoral de dar inveja ao Chama o Meirelles.
Haddad, aliás, extrapola: para quem acha picante demais o Picolé de Chuchu original, ele é o Picolé de Chuchu light.

MUY AMIGO
Quando pediu o apoio de Ciro Gomes (e de seu irmão, Cid), o PT não se lembrou de um pequeno detalhe: na ausência de Lula, preso e inelegível, Ciro propôs uma chapa única dos partidos que apoiaram Dilma, tendo-o como candidato à Presidência e Fernando Haddad (ou Jaques Wagner) na vice. Lula vetou a ideia, por dois motivos: primeiro, porque queria fazer o papel de perseguido político, tentando sem êxito, diante da pressão da burguesia e duzianqui, sair como presidente; segundo, porque dar a Ciro a cabeça de chapa equivaleria a colocá-lo no comando geral da esquerda.

Lula sabotou Ciro ao máximo. Desistiu até de seu candidato ao Governo de Pernambuco para apoiar o socialista Paulo Câmara, para evitar o apoio do PSB a Ciro. No fim de tudo, pediu o apoio dos Gomes a Haddad. Conseguiu.

Mas Ciro viajou e Cid é que vai aos comícios do PT. Horror!

O ALIADO
Algumas frases de Cid aos petistas: "Fizeram muita besteira, porque aparelharam as repartições públicas, porque acharam que eram donos do país. E o Brasil não aceita ter dono..." Diante dos petistas que cantavam "olê, olá, Lula, Lula": "Lula o que? O Lula está preso, babacas! O Lula está preso e vai fazer o que? Deixa de ser babaca, rapaz, tu já perdeu a eleição".

Bolsonaro tem um vice que adora falar, seja o que for, seja sobre o que for, mas que repercussão isso tem diante dos aliados de seu adversário?

PAGA E NÃO BUFA
Neste momento, faltando menos de 15 dias para o segundo turno, as campanhas custaram R$ 3,3 bilhões (dinheiro público, ou melhor, nosso). Os candidatos puseram algum dinheiro deles, mas nada excessivo: no total, uns R$ 700 milhões. MDB, PT e PSDB foram os maiores beneficiários de dinheiro público: R$ 616,5 milhões, no total. E tomaram uma surra de criar bicho. Quem gastou mais dinheiro privado foi o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles: R$ 54 milhões. E tomou uma surra de criar bicho.

E, POR FALAR EM BICHO
O macaco Kaio, filho de pais recolhidos por sofrer acidente, vivia há seis anos numa família humana. O Governo decidiu que, sendo silvestre, deveria ser tirado da família e enjaulado em Florianópolis. Está lá há um ano: não pode receber visitas de pessoas (porque seria violar a lei) nem de macacos (que o matariam por não ser do bando). Kaio nunca será de outro bando, só o de sua família humana. Portanto, a menos que a Justiça se manifeste, ficará enjaulado até a morte.

Maltratar os animais não é o espírito da lei - então, por que não devolvê-lo à sua família humana?
Herculano
17/10/2018 10:19
BOLSONARO NÃO É TRUMP, A ALMA DE SUA RETóRICA ESTÁ NAS FILIPINAS, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Presidente filipino celebrizou-se pela política de combate à criminalidade

Comparar Jair Bolsonaro a Donald Trump pode ser até chique, mas é o mesmo que viver na Barra da Tijuca pensando que se está em Miami. A alma da retórica do capitão está bem mais longe, nas Filipinas. Seu presidente chama-se Rodrigo Duterte, prometeu reformas econômicas e celebrizou-se pela política de combate à criminalidade, sobretudo ao tráfico de drogas.

Visitando o quartel do Batalhão de Operações Especiais da PM do Rio, Bolsonaro disse à tropa que "podem ter certeza, chegando (à Presidência), teremos um dos nossos lá em Brasília". Em seguida, deu o grito de guerra da corporação: "Caveira!"


Comparado com Duterte, Bolsonaro é uma freira, pois o presidente filipino vai além: "Hitler matou 3 milhões de judeus. Temos 3 milhões de viciados, eu gostaria de matá-los". Está cumprindo. Em dois anos de governo morreram 4.500 pessoas segundo as estatísticas oficiais e 12 mil, segundo organizações da sociedade civil.

Como Bolsonaro e Donald Trump, Duterte manipula sua incontinência verbal. Põe na roda a mãe de quem o desagrada, do papa ao ex-presidente Barack Obama. Quando uma missionária australiana foi morta e estuprada, ele disse que lastimava o crime porque ela "era tão bonita, foi um desperdício". Em alguns casos desculpou-se.

Aos 75 anos, tem o cabelo curto e negro de tintura, gosta de andar de motocicleta, teve um divórcio agreste, propala sua virilidade e as virtudes da pílula azul. Ele diz que "meu único pecado são os assassinatos extrajudiciais".

O nome desse jogo é "Esquadrão da Morte", coisa conhecida nas Filipinas e no Brasil. O de cá brilhou
durante o governo de Juscelino Kubitschek, glamourizado pela imprensa com o nome de "Homens de Ouro". Chefiava a polícia do Rio de Janeiro o general Amaury Kruel. Anos depois seus colegas de tropa disseminavam histórias comprometedoras sobre sua honorabilidade.

Mais tarde surgiu a "Scuderie Le Cocq", cujo símbolo era uma caveira. Seu presidente era o detetive Euclides Nascimento. Em 1971, ele comandava também uma quadrilha de contrabandistas à qual anexou-se o capitão Ailton Guimarães Jorge, com subalternos que estiveram lotados no DOI do 1º Exército. Em São Paulo, a estrela do "Esquadrão" era o delegado Sérgio Fleury, o matador de Carlos Marighella. As patrulhas de Fleury, como as de Duterte, penduravam cartazes em traficantes mortos. Faltava dizer que eram bandidos de quadrilhas rivais.

Se "execuções extrajudiciais" fossem remédio, o Brasil seria uma Dinamarca. Em 1970, uma pesquisa realizada no Rio e em São Paulo mostrou que 46% dos entrevistados estavam a favor do "Esquadrão".

Há uns 20 anos, quando surgiram as primeiras milícias nas cidades brasileiras houve quem achasse que elas eram remédio contra o crime. Passou o tempo e os problemas agora são dois: o crime e as milícias. A ideia do combate aos bandidos partindo da suposição de que "direitos humanos" não devem ser confundidos com "direitos dos manos" (palavras de Jair Bolsonaro) pode estatizar algumas "boas" milícias.

Em dezembro de 1993, quando a polícia colombiana botou para quebrar no combate aos bandidos e conseguiu matar o traficante Pablo Escobar, símbolo do narcotráfico latino-americano, os louros da vitória foram para o presidente César Gaviria. Conhecendo a questão da violência e do tráfico, no ano passado ele escreveu um artigo intitulado "O presidente Duterte está repetindo meus erros".

O filipino respondeu: "Isso só seria possível seu eu fosse um idiota, como você". A popularidade de Duterte está em 75%. Vive-se melhor na Colômbia.

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