23/04/2020
Segunda-feira cedo, o prefeito eleito Kleber Edson Wan Dall, MDB, reuniu-se no auditório da Ditran. Estava lá com parte do seu staff. Era para explicar aos vereadores e outros, o que ele está fazendo para proteger os cidadãos contra a Covid-19. Bela iniciativa. Eu aprovo. Bato palmas. Mas, foi um ato de transparência dos políticos e gestores públicos de que tanto reclamo aqui? Não! Então, eu desaprovo. Era, infelizmente, e mais uma vez, apenas um palanque político para se construir narrativas. Aproveitou-se de uma desgraça para o qual estávamos mais vulneráveis do que os outros municípios. E por que? Porque a Saúde Pública em Gaspar perdeu-se nas prioridades para as obras físicas - sob dúvidas e há até uma CPI em andamento na Câmara -, apesar da montanha de dinheiro que a Saúde e o Hospital – sob intervenção da prefeitura – consumiram. Tudo sem resultados proporcionais para a comunidade, principalmente, a mais desassistida. Não posso me estender – devido a limitação física deste espaço. Assim, recomendo os artigos “O coronavírus promove políticos e quem padece é a população I, I, III e IV”, desta coluna, publicados segunda-feira no portal do Cruzeiro do Vale, o mais acessado daqui.
Na reunião de segunda-feira estava lá também o prefeito de fato, o presidente do MDB de Gaspar, o coordenador da campanha de Kleber, o secretário titular da poderosa secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa, o advogado, o ex-bombeiro militar, e agora acumulativa e interinamente secretário de Saúde, Carlos Roberto Pereira. Ele já se asilou nela como titular em 2018, depois de perder a maioria na Câmara feita para aprovar seus planos. Só este quadro dantesco mostra o quanto improvisa Kleber com os seus à reeleição, em algo muito sério e técnico para a cidade e os cidadãos. Foram cinco titulares e interino na pasta Saúde em menos de três anos e meio. Foram quatro administrações ditas como revolucionárias e profissionais no Hospital em igual período. E como escrevi na segunda-feira, apesar disso, as reclamações continuam vindo de todos os lados.
Como uma cidade de 70 mil habitantes pode ter, num momento tão crítico como este, um secretário da Saúde interino e que não um titular e do ramo? Como pode um secretário que sabia que seria indicado para a Saúde, em plena pandemia, sair do Brasil para passar férias no Caribe onde havia focos da Covid-19 nos programas de cruzeiros marítimos? Como pode ser Gaspar uma cidade exemplo, o prefeito enfatizar isso e tomar para si uma suposta proteção da cidade, se ela foi a última e entrar com medidas efetivas na prevenção? Como pode se orgulhar daquilo que depende diretamente das estruturas de saúde de Blumenau, Brusque e Itajaí para os casos graves? Como pode se vangloriar de estar vencendo o vírus malvado se foi Gaspar foi a única até agora, a contribuir com a morte de um infectado em Blumenau? Gaspar mobilizou e integrou tardiamente a Defesa Civil à Saúde; não possui leitos de UTI e os rejeitou em três anos e meio para o Hospital sob sua intervenção; mais: logo depois que o secretário interino de Saúde anunciou que os casos por aqui estavam diminuindo, a própria prefeitura na contagem que divulgava, mostrava o aumento?
Se há heróis nesta história toda não são os políticos e os gestores públicos, mas os cidadãos. São eles que vão pagar esta pesada conta da má gestão da crise, inesperada, diga-se. Pagarão com sacrifícios (e até com a morte), perda de empregos, achatamento de salários, perda de negócios, falência, aumento de dívidas, impostos e miséria prolongada. Os políticos continuarão numa boa, se deixarmos. O próprio Kleber, refém de seus “çabios”, não fez a sua parte no sacrifício. Nem como gesto simbólico. Ele manteve intacto até agora o seu salário de R$27.356,69 mensal, maior do que o de Blumenau, que já reduziu em 20%. A falta de transparência dos que estão gerenciando as consequências da Covid-19 em Gaspar é tão grande, que durante o encontro feito para prestar contas, omitiram que se comprou 150 testes rápidos. São esses testes, com metodologia e não para aplicar aos amigos do poder de plantão como se desenha, que vão dizer se realmente as medidas adotadas por Gaspar, mesmo aparentemente erradas e precárias, foram eficazes ou não. Contudo, não com 150 testes, mas no mínimo 1.500, se ficarmos na proporção da Coréia do Sul, que controlou a doença como ciência, planos, estrutura, especialistas e estatísticas. Esta sim, é ação mais eficaz até que as UTIs que nos faltam e custam horrores em tempo de pandemia. Os testes separam os grupos de infectados, controla-se a transmissão e se programa o atendimento com segurança na necessária volta à normalidade da cidade.
Um mês depois do prazo (18 de março), foram entregues as passarelas metálicas da ponte sobre o ribeirão Gasparinho na Rio Branco com a Industrial Beduschi. É uma obra simples, mas uma das mais úteis para livrar pedestres e ciclistas do perigo. Custou R$274.341,69, quase uma ponte nova. Na semana passada recebeu a pintura final, e na mão. Mas, não era para ser eletrostática com diz o edital de concorrência? A ferrugem agradece!
UTI com dez leitos e não cinco como queriam os “çabios”. Ela fica pronta no Hospital de Gaspar até a primeira semana de maio. Resistiram por mais de três anos à esta decisão e a programavam para antes de 2024. Agora resta saber quem é o dono do Hospital e como vai se bancar à manutenção de tudo isso.
Ah! Mas na região há carência de UTIs. Havia até a Covid 19. E não bastam máquinas. É preciso equipes com ou sem leitos ocupados. Planejamento, dinheiro e atualização.
O fedor do lixo. O caminhão Volvo QHP-9104 está recolhendo o lixo em Gaspar para a Vitaciclo. Ele é da Saay’s Soluções Ambientais, cujos donos são os da Say Muller. E tem mais...
Samae inundado I. O Rio Itajaí Açú, em Gaspar, está seco? Não! Então, como pode faltar água na cidade por causa da estiagem? Porque não foram feitas as óbvias interligações das redes com a captação e tratamento do Centro. Este é o resultado da gestão de três anos do mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP.
Samae inundado II. Está na Câmara mais um aumento de água e lixo, tudo referendado pela Agir – agência reguladora da AMMVI a serviço dos prefeitos. É para reforçar o caixa do Samae de Gaspar nas implantações das drenagens sem receitas? Acorda, Gaspar!
Edição 1948
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