12/02/2018
A manchete da edição imprensa da sexta-feira passada do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação em Gaspar e Ilhota, e de melhor retorno para seus anunciantes, deixou assombrados os seus leitores e leitoras: “os dez maiores salários da prefeitura de Gaspar”. A minha manchete seria outra: “uma casta de efetivos da prefeitura consome R$2,1 milhões por ano dos gasparenses em privilégios”. A reportagem focou apenas nos dez maiores. Entretanto, há uma penca deles e que chamam menos atenção. Mas que aumentam muito mais esses R$2,1 milhões.
Um escárnio. Um acinte não apenas com população pagadora de pesados impostos para sustentar esses privilégios e anomalias feitas para poucos, mas aos próprios pares servidores efetivos que em função igual, podem receber até cinco vezes menos. Humilhante. Uma indecência moral e ética. Entretanto, aos desavisados, uma advertência: é tudo legal. Nada está fora da ordem e da lei.
Cada servidor beneficiado, político, partido ou coligações envolvidas com sua farra, possuem as suas desculpas e justificativas esfarrapadas. Todas muito particulares. O prefeito Kleber Edson Wan Dall, e seu prefeito de fato, o secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira, têm razão no chororô sobre esse tipo de desperdício com forte cheiro de discriminação.
Mas, eles próprios inventaram uma “Reforma Administrativa” e a aprovaram na Câmara, onde vão gastar R$600 mil a mais por ano com funções gratificadas e comissionados. E afirmam que estão economizando. Hum! Por outro lado, é fato, que essa “reforma” não deixa um legado de aumentos diferenciados para os servidores efetivos, como as leis que governos passados passaram no Legislativo e criando-se esta aberração que fez manchete no Cruzeiro do Vale.
E isso – o de apadrinhar poucos e se sabe a razão disso - é tido como normal. Cada partido ou coligação no poder escolhe seus funcionários de “estimação” e seus espertos na procuradoria geral do município. Eles arquitetam gambiarras legais. Elas passam, na maioria dos casos, quase desapercebidas pela Câmara de vereadores, apesar de inchadas de técnicos e assessores para detectar isso. Eles não “conseguem” alertar seus assessorados ou não se dão a esse trabalho de alertar por não entender do assunto, ou participarem do jogo do poder de plantão. E se fazem o alerta, não são ouvidos providencialmente, como me argumentou um deles, defendendo-se das críticas que faço sobre esse assunto cotidianamente aqui.
Resumindo e para que não paire nenhuma dúvida sobre as responsabilidades e responsáveis por esse desatino revelado pela editora do Cruzeiro do Vale, Indianara Schmitt: tudo foi aprovado pela Câmara de vereadores, cheia de gente que votamos para nos representar. Representam, sim, pelo visto, para poucos. Como sempre.
Pior: tudo com o aval do Sindicato dos Trabalhadores dos no Serviço Público de Gaspar – o Sintraspug. Ele permitiu a criação dessas castas, onde um professor de escola pode estar ganhando mais de R$18 mil por mês – é isto mesmo – enquanto um colega seu com a mesma titulação e tempo de serviço, mal passa dos R$3 mil. Sinceramente, você acha isso justo? E logo na Educação onde os salários, pela importância social e transmissão de conhecimentos, são baixos?
Mais: os afortunados fazem de tudo para não estar na sala de aula ensinando, mas coordenando ou em ações administrativas. Suas ações partidárias ou ideológicas. Todos à espera da polpuda e mansa aposentadoria.
Os vereadores são culpados? São, sim!
O Sinstrapug tem a sua parcela de culpa? Tem, sim!
Entretanto, os principais culpados são os gasparenses, desculpem-me os leitores e leitoras que tem o principal direito de discordar. Foi a população que não se mobilizou para evitar este quadro de miséria na equidade no funcionalismo municipal. Afinal, é o gasparense que paga esta distração, este disparate, essa desigualdade. Tudo com seus pesados impostos.
Nem a imprensa fez a parte dela, que era denunciar quando isso se tramava nos bastidores e tramitava na Câmara.
É certo que com esta coluna, tudo ficou mais difícil, reconhecem todos os políticos e espertos de plantão na gestão pública. Todavia, os políticos não estão nem aí. Eles contam com a tal memória curta, com a compensação e promessas na hora da campanha política, ou até com a compra de votos. Sabem que a mobilização popular é mínima, sabem quem faltam líderes, sabem onde o calo aperta se alguém colocar a cabeça de fora para denunciar, protestar, até mesmo nas redes sociais. E o pessoal que paga a farra dos políticos, receoso, tem medo de aparecer.
Entretanto, fica a advertência. Esta reportagem, em especial dos salários absurdos para poucos, e as edições da Coluna Olhando a Maré, como a do “inchaço da Câmara”, têm batido recordes de acessos, e que as vezes se equiparam às notícias policiais, as quais chamam mais atenção do leitor e leitora no portal.
O que quer dizer isso? Que o povo está, de alguma maneira sendo informado e esclarecido pelo jornal, pelo portal e que tudo é replicado nas redes sociais com fonte de credibilidade. Não se trata de “notícia falsa” (as chamadas “fake news”).
Significa que os assuntos estão sendo debatidos na sociedade e não na internet, apenas para se evitar a exposição, a perseguição, o constrangimento. E que em outubro, haverá outro recado. E silenciosamente, nas urnas.
Foi assim na eleição de outubro de 2016. Será agora. E é por essa e muitas outras, que esta coluna, líder de acessos – a ferramenta é pública e está disponível para conferência - é humilhada, constrangida, desacreditada e até processada. Objetivo único? Calá-la.
E para encerrar este artigo e não este assunto, repito, com alguns aperfeiçoamentos, o que escrevi na sexta-feira na área de comentários sobre ele:
1. Este é o retrato vergonhosos de como os políticos, unidos entre eles, apesar de supostamente adversários entre si nos partidos, trabalham juntos contra os trabalhadores, os contribuintes e a sociedade num todo para beneficiar os seus preferidos e cabos eleitorais.
2. Este é o retrato vergonhoso de como a sociedade mansa é usada e enganada pelos políticos. Mais uma vez, o jornal Cruzeiro do Vale, saiu na frente. Nem a apuração da redação sobre os maiores salários do Executivo ou o incrível inchaço da Câmara em tão pouco tempo, foram assuntos combinados entre nós. Um não sabia da pauta do outro. Mas cada um sabe muito bem das mazelas dos nossos políticos e gestores públicos.
3. Este é o retrato vergonhoso de como há uma casta de privilegiados no funcionalismo público efetivo que ganha muito, tudo, quase dentro da lei, o que é bem pior, quando uma maioria dos servidores, rala e não consegue salários tão altos ou assemelhados. Amigos do rei, ou reis que encontram caminhos próprios para si e os seus serem diferentes na remuneração, a qual deveria ser isonômica, em tese, para todos na mesma função, titulação e tempo de serviço. Nota: nem tudo está dentro da lei, mas no jeitinho, com abono dos políticos, como é o caso do ticket refeição, que virou auxílio-refeição, e virou, indevidamente, salário, na espertalhice. Agora, se estabelece como um direito adquirido.
4. Os maiores vencimentos citados são de professores. Quantos desses professores, que mais parecem nos salários titulados como doutores docentes em renomadas universidades, estão efetivamente em salas de aulas em Gaspar? Um desastre. Ganham bem, e ainda não ensinam, educam ou retransmitem conhecimentos! Fazem o que além de zombarem dos cidadãos que lhes pagam?
5. Não se enganem leitoras e leitoras, bem informados deste espaço. Tudo isso foi urdido dentro da prefeitura de Gaspar, a maioria em administrações que dizem defender os pobres como o PT, PDT e PCdoB. Mais: tudo foi aprovado na Câmara, no voto consciente ou na omissão pelos vereadores, inclusive daqueles que estão no poder e que se dizem de situação como o PMDB e PP. Hoje dizem não concordar com esse quadro dantesco e acertadamente denunciam. Afinal, a pergunta é: qual é a cartada?
6. E para terminar. Tudo isso, tem cheiro de discriminação em relação aos demais da mesma categoria, tem o aval do Sindicado dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar, o Sintraspug. Vergonhoso, permissivo, mais uma vez!
7. Resumindo. No fundo, a imprensa é a culpada. Primeiro porque foi omissa naquele tempo por diversos fatores. Não conseguiu enxergar a pauta; preferiu ser amiga do poder; foi medrosa diante das ameaças do poder de plantão; permutou a notícia com verbinhas do poder de plantão. Ou seja, não deu a informação quando ela nasceu e assim não provocou o debate público no tempo certo.
8 . E para completar. Agora a imprensa leva a culpa, vejam só, porque segundo os privilegiados travestidos de poderosos em supostos direitos de privacidade com o dinheiro de todos, ela estaria maculando a "impoluta" imagem deles perante a comunidade a quem não querem prestar contas. Meu Deus! E não faltará quem abrace a causa, mesmo ganhando várias vezes menos do que esses marajás, com discursos de puritanos, perseguidos, todos com viés ideológicos de igualdade e protetores dos mais fracos.
9. Para essa gente esperta e cheia de privilégios, isso é invasão de privacidade, deixa-os expostos e beira um crime. Esquecem que são funcionários do público, do povo, os verdadeiros patrões, e que a Lei da Transparência os obriga a tornar público o que recebem e o que fazem para isso. Aliás, os seus salários podem ser observados no Portal da Transparência da prefeitura por qualquer um. Não é invenção de adversário, oportunismo ou de jornal sem assunto.
10. Crime de verdade, é esconder da sociedade. É ela que banca esta distorção que eles próprios criaram no silêncio, por artimanhas, denunciam e combate quando nos outros. Crime é não esclarecer a sociedade que em Gaspar existe uma casta que por meios legais, criou supersalários para si e pouquíssimos, aproveitando-se da política partidária e não do trabalho como era de se esperar. Se não corrigida esta lei, ela vai impedir que servidores efetivos, daqui para frente, tenham dificuldades em acessar cargos comissionados, pois terão sempre direito a agregação de 10% do vencimento comissionado, por ano de serviços, ao vencimento como efetivo. Acorda, Gaspar!
Quem é o top da lista? O ex-secretário municipal de Educação da gestão de Pedro Celso Zuchi, PT, Neivaldo da Silva. Ele ganha como professor por mês R$18.684,81. Uau!
Como bem lembrou o assíduo leitor-contribuidor Sidnei Luiz Reinert, foi durante a gestão dele que o Dias das Mães e dos Pais deixaram de ser comemorados nas escolas municipais de Gaspar. É que na ideologia do PT, as crianças não possuem mães e pais, mas “cuidadores”. Já escrevi muito sobre esse assunto na época. Todo mundo calado, inclusive a Igreja Católica onde essa gente se escora.
E por esta tese dos ideólogos do PT e da esquerda do atraso, seria discriminação, constrangimento e agressão com uma criança que não tivesse eventualmente mãe ou pai declarados (a minoria da minoria), trabalhar o tema, comemorar, homenagear ou lembrar o Dia dos Pais ou das Mães nas escolas da rede pública municipal. É a escola com partido contra a moral judaica-cristã.
Estranhamente, Neivaldo ao mesmo tempo em que orientou as suas escolas ao esquecimento nas homenagens dos filhos aos pais e mães, não foi capaz dele próprio abraçar a causa no exemplo e ação. Neivaldo foi a escola particular, católica, onde estava matriculada a sua filha para prestigiá-la e receber dela, a homenagem, exatamente que negava aos alunos da escola pública.
E quem é o terceiro maior salário do servidor público efetivo de Gaspar? Também um professor: Doraci Vanz, com R$ 14.387,93. Ele foi coordenador de campanha de Pedro Celso Zuchi, PT e chefe de gabinete do ex-prefeito. É preciso comentar mais sobre as demais distorções apresentadas? Acorda, Gaspar!
E o jeito de agir do PT para conter a imprensa continua velho e manjado. Escalou seus cães para ladrarem e intimidarem a imprensa livre. Gente que o PT escalou para fazer o mesmo serviço sujo quando difamou, caluniou, constrangeu e tentou desacreditar nacionalmente a juíza Ana Paula Amaro da Silveira. E não deu certo.
Pelo que se viu neste final de semana, os petistas daqui. Na Justiça, no caso da juíza, além de alegarem não terem feito o que fizeram, outros disseram estarem arrependidos do que fizeram para abrandar a pena ou se livrar dela. É da contumaz falsidade ideológica e oportunismo. Agora, usa, novamente em Gaspar, as mesmas pessoas, para nas redes sociais, exibirem o mesmo tipo de serviço de descrédito de gente com crédito.
Outra. Supondo que seja possível fazer um Projeto de Lei do Executivo ao Legislativo para corrigir essa aberração. A primeira batalha seria a sua constitucionalidade. A segunda, seria derrubar a tese do direito adquirido apesar de notório privilégio e discriminação. A terceira e principal é que o governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, Luiz Carlos Spengler Filho, PP, funcionário público (Ditran) e Carlos Roberto Pereira, PMDB, está em minoria na Câmara.
Para complicar. O novo presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, diz que é a favor de Gaspar e não contra o prefeito. Então cortar esse privilégio, seria em tese a favor de Gaspar. Mas bandeado para a oposição Silvio para ter a sua eleição garantida contra um acordo que havia para Franciele Daiane Back, PSDB do MDB, Silvio é funcionário público. E aí vale o corporativismo. E com ele, são ou foram servidores os vereadores Rui Carlos Deschamps e Mariluci Deschamps Rosa, ambos do PT e mais Cicero Gioavani Amaro, PSD.
Enquanto o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, faz estardalhaço nas redes sociais com assinatura de pavimentação de ruinhas, como a Rua Eduardo Godri, no bairro Gaspar Alto, a importante Madre Paulina, no Sete de Setembro, está com quase dois anos de atraso no prazo de entrega da pavimentação cheia de erros de projeto. E vai atrasar mais. Estão trocando de empreiteira.
Os políticos à caça de votos para se reelegerem, fazem de tudo para aparecerem. O desaparecido deputado Jean Jackson Kuhlmann, PSD, conseguiu R$300 mil para ajudar na construção de um CDI na Coloninha. Boa. Ao invés dele ir à prefeitura entregar e ser fotografado com o papelinho, e ela registrar isso, foi na imprensa amiga.
Pior: o deputado Jean com a comitiva de vereasores e o presidente do PSD de Gaspar, foi junto com o ex-assessor que empregou no seu gabinete e depois no governo de Raimundo Colombo, Marcelo de Souza Brick, fazer sala com o presidente da Câmara, Silvio Celffi, PSC. Afinal quem recebe e administra esta verbinha? A imprensa? A Câmara? Quando muito podem fiscalizar, denunciar, e fazem isso muito mal. que coisa!
A reunião da Câmara de vereadores será nesta quarta-feira, devido ao Carnaval.
O presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, disse que irá instalar um “painel da transparência”, para que o povo saiba o que está acontecendo na “Casa do Povo”. É bom, mas cheira a demagogia para os desinformados.
Primeiro Silvio deve fazer funcionar o Portal da Transparência. Ele mais parece uma arapuca feita com o propósito de esconder o que deve ser transparente. Segundo, isso é urgente e antecede ao tal painel.
Político gosta de se igualar ao pior, apenas para ter votos fáceis. A vereadora Franciele Daiane Back, PSDB, está querendo um “trevo alemão” na BR 470 com a Rua Bonifácio Haendchen. Ela acha aquele muito perigoso. Não só ela. Está na cara e todos acham.
Os que prezam a vida e não querem ficar por intermináveis minutos esperando uma brecha para cruzarem a BR 470 e assim ficarem expostos a acidentes e amarguras, andam poucos metros e usam o trevo e o viaduto da Dudalina, na Fortaleza, para ali cruzarem a rodovia com alguma segurança.
É por isso, como no exemplo da vereadora, que as mudanças no trânsito em Gaspar, estudadas por um ano por quem entende, prometidas para saírem pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB entre o Natal e o Ano Novo, não saíram do papel e estão embrulhadas em discussões paroquiais e tem tudo para ficar assim mesmo. Cada um defendendo seus interesses particulares. Acorda, Gaspar!
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