03/10/2016
SÃO FRANCISCO I
Hoje é a primeira coluna depois das eleições de domingo e que legitimaram nas urnas, na segunda tentativa, o candidato do PMDB, Kleber Edson Wan Dall e seu novo vice do PP, Luiz Carlos Spengler Filho. Ela não trata do fato em si – que é bom -, mas do meu comportamento decorrente dele. É aos meus leitores e leitoras. Aliás, uma reafirmação aos que me questionam ingênua e principalmente de má fé. Uso o ambiente esotérico pelo qual se permeou parte da campanha e discurso do vencedor, para o referendar moral e ético. Kleber não é católico –e não é pecado nenhum ser evangélico pentecostal. Mas usou em parte da campanha, a fachada da Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo como elo de ligação com outro rebanho cristão. Isso é passado. Todavia, não é irrelevante. E todos conhecem o meu posicionamento contra na mistura de fé ou religião à política partidária, poder etc...
SÃO FRANCISCO II
Não vou exemplificar com o islamismo essa ligação perigosa que se desdobra com laços de fundamentalismo, conquistas e destruição. Vou ficar bem perto. A tal Teologia da Libertação da Igreja Católica no Brasil, via púlpitos e principalmente instrumentalizada nas pastorais. Ela criou o monstro chamado PT. Ou seja, deu lastro de pureza – como se fosse algo do Espírito Santo - àquilo que mais parece ser hoje verdadeiramente uma organização criminosa, onde os meios justificam os resultados. Ou seja, é capaz de destruir uma nação para ser e ter poder. A Polícia Federal, O Ministério Público Federal e a Justiça se desdobram em descobertas e punições que estarrecem a todos os brasileiros, menos as organizações envolvidas, que pensam ser isso parte legítimo na busca do poder. Vergonhoso.
SÃO FRANCISCO III
Os evangélicos pentecostais, por sua vez são bem mais pragmáticos. Disputam poder e acumulam riquezas materiais – e até pessoais - usando o rebanho que manipulam, feito de gente simples. Redes de TV, rádios, bancadas no Congresso e câmaras municipais, prefeituras, partidos próprios... Um perigo. Uma hora estão com um. Em outra, com outro. Foi assim com Fernando Henrique Cardoso, com Luiz Inácio Lula da Silva, com Dilma Vana Rousseff, e agora, com Michel Temer. Tudo precificado. Partido, é mera exigência da Lei. É só perguntar com que estava o deputado Ismael dos Santos, PSD, que de Gaspar só extrai os votos religiosos. Como o PT falsamente sempre pregou que era a vez do trabalhador ser poder no lugar do patrão, essa história de que gente ungida pela religião ou uma determinada seita, é limpa e competente, também é falso (e perigoso). Não que Kleber não seja, mas flerta para atender ao desejo de poder não exatamente dele.
SÃO FRANCISCO IV
Coincidência, hoje quatro de outubro, é dia de São Francisco de Assis e é dele esta frase: “Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado...Resignação para aceitar o que não pode ser mudado... E sabedoria para distinguir uma coisa da outra”. Na maioria dos casos, os políticos gestores não mudam nada e se desculpam afirmando que não possuem poderes para mudar o que deve ser mudado. Falta-lhes de verdade competência, capacidade ou vontade de arriscar. Falta-lhes sabedoria. Sobram espertezas ou fraquezas que os anulam diante de grupos poderosos que se disfarçam por meio de gente simples, honesta e até religiosa.
SÃO FRANCISCO V
Esta frase ensinamento que reproduzi acima deve ser combinada com outra também atribuída ao mesmo São Francisco. Ela é a minha preferida: “Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras”. E por que? Como ensinou Martin Luthero, o reformador e obrigou a Igreja Católica mudar radicalmente e voltar a ser uma religião de fé há 500 anos: “as boas obras não tornam bom o homem, mas o homem bom pratica boas obras. As obras más não tornam mau o homem, mas o homem mau pratica obras más”. Ou seja, o meu papel não vai mudar só porque mudou o homem no comando de um bem público. Como Platão, no Mito da Caverna, para deixar a religião e a pregação de lado, levarei sol às sombras ao que aparentemente é imutável nessa caverna escura. Penso que Gaspar não acordou, apenas trocou de comando administrativo. Mas, só o tempo será senhor da razão. Acorda, Gaspar!
PESQUISAS
Na minha vida profissional sempre fui refém de pesquisas. Escrevi isto várias vezes. Refém das que organizei e conheci detalhadamente na metodologia da estruturação, coleta de campo e processamento. Das demais, sempre vi com reservas, diminuindo ou aumentando o crédito diante de quem a fez ou a encomendou. Hoje, tudo piorou porque – e não só no ambiente da intenção de votos, mas sobretudo nele – porque o pesquisado jovem ou socialmente prejudicado, é volátil, incerto. Tem político, ou marqueteiro do atraso, ou instituto que não perceberam que num mundo instantâneo virtualmente, as pessoas não querem ser cobaias de laboratórios dos que desejam o poder. Agora: essa tal de Axioma precisa ser investigada ou banida pela incompetência. Outra: quem faz uma só pesquisa, não faz nenhuma. Faz propaganda.
TRAPICHE
O PMDB e o PP de Gaspar fizeram barba, cabelo e bigode. Não só ganharam a prefeitura com Kleber Edson Wan Dall e Luiz Carlos Spengler Filho, como fez uma aparente sólida maioria na Câmara. Quando Adilson Luiz Schmitt, então no PMDB, foi eleito, essa “sólida” base se esfacelou em menos de dois anos.
Os resultados das urnas desmancharam uma conversa mole do PMDB de que se deveria unir todos os sapos e as cobras num balaio para derrotar o PT. Ganharam PSD, PSDB e DEM. Eles preservaram a mínima autonomia. Podem escolher o seu futuro. O PP vai ser reboque do sucesso ou do problema. Vai ficar refém do PMDB. Vai perder a identidade.
Se o PSD e o PSDB se unissem, poderiam ter dado samba e até vencido as eleições. Mas, seria desastroso uni-los no resultado. É água e óleo, ainda mais com o jeito Andreia Symone Zimmermann Nagel de ser clara e objetiva. Marcelo de Souza Brick também não a tolera nessas virtudes.
Está claro que o PMDB que venceu foi o da vereadora licenciada Ivete Mafra Hammes, junto com Valter Morello e Celso Oliveira. A derrota de Délgio Roncaglio é um sinal do freio na renovação pretendida pelo ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca.
O maior perdedor foi o PT? Pode ser. Eu não tenho essa leitura tão simples assim para Gaspar. Com tanto desastre local e nacional ainda teve 8.230 votos, ou 23,16%, em Lovídio Carlos Bertoldi. É algo para ser pensado, apesar da máquina.
O maior perdedor foi sem a menor dúvida, Pedro Celso Zuchi. É só olhar a lista de vereadores defenestrada, incluindo o seu cunhado Antônio Carlos Dalsochio. Deve-se ainda agregar Doraci Vanz (chefe de gabinete), João Pedro Sansão (a aposta) e Ivo Carlos Duarte (o que coordenava os empresários). Salvou-se a vice, Mariluci Deschamps Rosa (que retorna e por luz própria).
O que foi feito do candidato a deputado estadual Joel da Costa, PMDB? Ele não jurou estar no palanque de Kleber Edson Wan Dall? Outro ex-candidato a deputado estadual patinou feio. Marcelo Schmitz, PSDB: 154 votos.
Exemplo raro de força política e carisma. Andreia Symone Zimmermann Nagel fez muitos mais votos (4.811) do que a sua coligação de vereadores (3.302). Larissa dos Santos nem nela própria votou. Sem cabos não se vai a lugar nenhum, não se faz base e nem se governa.
Ilhota em chamas. O PMDB ganhou a prefeitura. Na Câmara, todavia, fragilizou-se e a governabilidade depende dos parceiros. Ou seja, o voto foi mesmo contra o prefeito Daniel Christian Bosi, PSD.
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