Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

03/10/2016

SÃO FRANCISCO I

Hoje é a primeira coluna depois das eleições de domingo e que legitimaram nas urnas, na segunda tentativa, o candidato do PMDB, Kleber Edson Wan Dall e seu novo vice do PP, Luiz Carlos Spengler Filho. Ela não trata do fato em si – que é bom -, mas do meu comportamento decorrente dele. É aos meus leitores e leitoras. Aliás, uma reafirmação aos que me questionam ingênua e principalmente de má fé. Uso o ambiente esotérico pelo qual se permeou parte da campanha e discurso do vencedor, para o referendar moral e ético. Kleber não é católico –e não é pecado nenhum ser evangélico pentecostal. Mas usou em parte da campanha, a fachada da Igreja Matriz de São Pedro Apóstolo como elo de ligação com outro rebanho cristão. Isso é passado. Todavia, não é irrelevante. E todos conhecem o meu posicionamento contra na mistura de fé ou religião à política partidária, poder etc...

SÃO FRANCISCO II

Não vou exemplificar com o islamismo essa ligação perigosa que se desdobra com laços de fundamentalismo, conquistas e destruição. Vou ficar bem perto. A tal Teologia da Libertação da Igreja Católica no Brasil, via púlpitos e principalmente instrumentalizada nas pastorais. Ela criou o monstro chamado PT. Ou seja, deu lastro de pureza – como se fosse algo do Espírito Santo - àquilo que mais parece ser hoje verdadeiramente uma organização criminosa, onde os meios justificam os resultados. Ou seja, é capaz de destruir uma nação para ser e ter poder. A Polícia Federal, O Ministério Público Federal e a Justiça se desdobram em descobertas e punições que estarrecem a todos os brasileiros, menos as organizações envolvidas, que pensam ser isso parte legítimo na busca do poder. Vergonhoso.

SÃO FRANCISCO III

Os evangélicos pentecostais, por sua vez são bem mais pragmáticos. Disputam poder e acumulam riquezas materiais – e até pessoais - usando o rebanho que manipulam, feito de gente simples. Redes de TV, rádios, bancadas no Congresso e câmaras municipais, prefeituras, partidos próprios... Um perigo. Uma hora estão com um. Em outra, com outro. Foi assim com Fernando Henrique Cardoso, com Luiz Inácio Lula da Silva, com Dilma Vana Rousseff, e agora, com Michel Temer. Tudo precificado. Partido, é mera exigência da Lei. É só perguntar com que estava o deputado Ismael dos Santos, PSD, que de Gaspar só extrai os votos religiosos. Como o PT falsamente sempre pregou que era a vez do trabalhador ser poder no lugar do patrão, essa história de que gente ungida pela religião ou uma determinada seita, é limpa e competente, também é falso (e perigoso). Não que Kleber não seja, mas flerta para atender ao desejo de poder não exatamente dele.

SÃO FRANCISCO IV

Coincidência, hoje quatro de outubro, é dia de São Francisco de Assis e é dele esta frase: “Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado...Resignação para aceitar o que não pode ser mudado... E sabedoria para distinguir uma coisa da outra”. Na maioria dos casos, os políticos gestores não mudam nada e se desculpam afirmando que não possuem poderes para mudar o que deve ser mudado. Falta-lhes de verdade competência, capacidade ou vontade de arriscar. Falta-lhes sabedoria. Sobram espertezas ou fraquezas que os anulam diante de grupos poderosos que se disfarçam por meio de gente simples, honesta e até religiosa.

SÃO FRANCISCO V

Esta frase ensinamento que reproduzi acima deve ser combinada com outra também atribuída ao mesmo São Francisco. Ela é a minha preferida: “Apenas um raio de sol é suficiente para afastar várias sombras”. E por que? Como ensinou Martin Luthero, o reformador e obrigou a Igreja Católica mudar radicalmente e voltar a ser uma religião de fé há 500 anos: “as boas obras não tornam bom o homem, mas o homem bom pratica boas obras. As obras más não tornam mau o homem, mas o homem mau pratica obras más”. Ou seja, o meu papel não vai mudar só porque mudou o homem no comando de um bem público. Como Platão, no Mito da Caverna, para deixar a religião e a pregação de lado, levarei sol às sombras ao que aparentemente é imutável nessa caverna escura. Penso que Gaspar não acordou, apenas trocou de comando administrativo. Mas, só o tempo será senhor da razão. Acorda, Gaspar!

PESQUISAS

Na minha vida profissional sempre fui refém de pesquisas. Escrevi isto várias vezes. Refém das que organizei e conheci detalhadamente na metodologia da estruturação, coleta de campo e processamento. Das demais, sempre vi com reservas, diminuindo ou aumentando o crédito diante de quem a fez ou a encomendou. Hoje, tudo piorou porque – e não só no ambiente da intenção de votos, mas sobretudo nele – porque o pesquisado jovem ou socialmente prejudicado, é volátil, incerto. Tem político, ou marqueteiro do atraso, ou instituto que não perceberam que num mundo instantâneo virtualmente, as pessoas não querem ser cobaias de laboratórios dos que desejam o poder. Agora: essa tal de Axioma precisa ser investigada ou banida pela incompetência. Outra: quem faz uma só pesquisa, não faz nenhuma. Faz propaganda.

TRAPICHE

O PMDB e o PP de Gaspar fizeram barba, cabelo e bigode. Não só ganharam a prefeitura com Kleber Edson Wan Dall e Luiz Carlos Spengler Filho, como fez uma aparente sólida maioria na Câmara. Quando Adilson Luiz Schmitt, então no PMDB, foi eleito, essa “sólida” base se esfacelou em menos de dois anos.

Os resultados das urnas desmancharam uma conversa mole do PMDB de que se deveria unir todos os sapos e as cobras num balaio para derrotar o PT. Ganharam PSD, PSDB e DEM. Eles preservaram a mínima autonomia. Podem escolher o seu futuro. O PP vai ser reboque do sucesso ou do problema. Vai ficar refém do PMDB. Vai perder a identidade.

Se o PSD e o PSDB se unissem, poderiam ter dado samba e até vencido as eleições. Mas, seria desastroso uni-los no resultado. É água e óleo, ainda mais com o jeito Andreia Symone Zimmermann Nagel de ser clara e objetiva. Marcelo de Souza Brick também não a tolera nessas virtudes.

Está claro que o PMDB que venceu foi o da vereadora licenciada Ivete Mafra Hammes, junto com Valter Morello e Celso Oliveira. A derrota de Délgio Roncaglio é um sinal do freio na renovação pretendida pelo ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca.

O maior perdedor foi o PT? Pode ser. Eu não tenho essa leitura tão simples assim para Gaspar. Com tanto desastre local e nacional ainda teve 8.230 votos, ou 23,16%, em Lovídio Carlos Bertoldi. É algo para ser pensado, apesar da máquina.

O maior perdedor foi sem a menor dúvida, Pedro Celso Zuchi. É só olhar a lista de vereadores defenestrada, incluindo o seu cunhado Antônio Carlos Dalsochio. Deve-se ainda agregar Doraci Vanz (chefe de gabinete), João Pedro Sansão (a aposta) e Ivo Carlos Duarte (o que coordenava os empresários). Salvou-se a vice, Mariluci Deschamps Rosa (que retorna e por luz própria).

O que foi feito do candidato a deputado estadual Joel da Costa, PMDB? Ele não jurou estar no palanque de Kleber Edson Wan Dall? Outro ex-candidato a deputado estadual patinou feio. Marcelo Schmitz, PSDB: 154 votos.

Exemplo raro de força política e carisma. Andreia Symone Zimmermann Nagel fez muitos mais votos (4.811) do que a sua coligação de vereadores (3.302). Larissa dos Santos nem nela própria votou. Sem cabos não se vai a lugar nenhum, não se faz base e nem se governa.

Ilhota em chamas. O PMDB ganhou a prefeitura. Na Câmara, todavia, fragilizou-se e a governabilidade depende dos parceiros. Ou seja, o voto foi mesmo contra o prefeito Daniel Christian Bosi, PSD.

 

Edição 1770
 

Comentários

Sidnei Luis Reinert
06/10/2016 15:22
DEMOROU...

Presidente do TSE pede cassação de registro do PT

Para Gilmar Mendes, há indícios de que partido foi indiretamente financiado pela Petrobras


http://oglobo.globo.com/brasil/presidente-do-tse-pede-cassacao-de-registro-do-pt-19868862


Herculano
06/10/2016 12:58
PARA ENFRENTAR A CRISE. TEMER AUMENTA GASTOS COM PUBLICIDADE, por Laura Carvalho, economista, para o jornal Folha de S. Paulo

"Essa foi a situação encontrada pelo governo", grita a dispendiosa campanha veiculada nos principais jornais do país na quarta-feira (5). A longa peça publicitária estampa um retrato detalhado das consequências da crise econômica que vivemos e do ajuste fiscal iniciado em 2015.

Tentando esconder a participação de Temer e de parte de seus ministros no governo eleito e derrubado, o anúncio enumera despesas federais não pagas; transferências atrasadas a Estados, municípios e organismos internacionais; obras públicas inacabadas por falta de recursos, e até prejuízos de empresa estatais.

"Vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer", convoca a frase-título que manda o país de volta aos tempos da Guerra Fria. Mais fácil que pescar o trocadilho é perceber que as propostas que o governo coloca na mesa estão na origem do desastre e não vão levar à retomada do crescimento. Menos ainda ao saneamento das contas públicas.

A receita defendida e adotada desde o ano passado para nos tirar de um quadro fiscal deteriorado pela crise econômica ?"e a consequente queda de arrecadação tributária?" está justamente na origem de boa parte dos problemas elencados. A aprovação de um deficit maior (de R$ 170 bilhões para 2016 e R$ 139 bilhões para 2017) pode até servir para quitar pagamentos atrasados, que são em grande medida o resultado do contingenciamento recorde em 2015 de gastos e do corte de despesas efetivas de cerca de 3% em termos reais ?"sendo mais de 30% nos investimentos.

Mas não é essa a mensagem dos publicitários do governo, que parecem querer vender a ideia de que farão um ajuste fiscal ainda mais rigoroso. As contradições são muitas.

Primeiro, se o corte de gastos nos próximos anos fosse ainda mais drástico do que o realizado pelo governo Dilma no ano passado, as obras mencionadas como inacabadas jamais seriam concluídas. No entanto, a PEC do "teto" de gastos, que a propaganda quer ajudar a aprovar, em nada garante esse caminho. O limite previsto pela PEC 241 para o crescimento das despesas é dado pela taxa de inflação do ano anterior, o que permite um aumento real de gastos enquanto a inflação cair.

Segundo, obras inacabadas só existem quando há obras iniciadas, o que passa longe dos planos do governo Temer para o futuro. Um congelamento no total das despesas de cada Poder forçaria uma redução ainda maior nos investimentos públicos em proporção do PIB.

Terceiro, não há ajuste fiscal possível sem o crescimento das receitas do governo, o que por sua vez depende da eliminação das desonerações fiscais e da própria retomada do crescimento econômico. Note-se que, ao contrário do que se costuma propagar, as despesas desde o primeiro mandato de Dilma Rousseff cresceram menos do que nos governos anteriores. O problema é que as receitas também.

Mas como retomar o crescimento desligando de vez o motor dos investimentos públicos, se o resto do mundo ainda patina e a massa de desempregados não contribuirá em nada para uma retomada do consumo e das vendas? Qual empresário vai investir em novas máquinas se a capacidade ociosa da indústria continua aumentando e mal há dinheiro para pagar dívidas anteriores?

A propaganda de governos autoritários costuma combater seus adversários canalizando os temores com a crise para bodes expiatórios, mas preocupam-se em entregar alguma coisa: emprego, renda, crescimento econômico. Concentrar os investimentos públicos em publicidade pode ser pouco para galvanizar algum apoio popular.
Herculano
06/10/2016 12:52
da série: não foi isto que prevaleceu em Gaspar

CLAREZA IMPORTA NA POLÍTICA, E DORIA É PROVA DISSO, por Roberto Dias.

A vitória por goleada de João Doria é também a de certa forma de fazer política, catalisada pelas habilidades pessoais de um sujeito que fez carreira na televisão.

Pode-se acusá-lo de muita coisa, menos de falta de clareza, tanto ao manifestar sua intenção de concorrer como ao defender seus pontos diante do eleitorado, especialmente em relação ao papel da iniciativa privada.

Esta eleição mostrou o que acontece quando falta nitidez. Ao silenciar sobre a reforma trabalhista para evitar um "naufrágio", Celso Russomanno só fez encher o barco de água.

A clareza na política é um avanço. Ainda mais num lugar onde o desejo de concorrer numa eleição por vezes aparece não na boca do pretendente e sim em notinhas. Isso quando o candidato não nega sua pretensão até o último minuto ou sai em campanha sem apresentar programa.

Defender pontos de vista vale até na agressividade. No debate da Globo, Doria procurou sim tachar Erundina de antiga. Apenas não pronunciou a palavra. Fez uma aposta de risco e deu certo, pois também o debate ganhou no primeiro turno: 26% o viram vitorioso, contra 21% dos rivais somados, segundo o Datafolha.

Para os paulistanos que acreditaram no que Doria disse, está fácil cobrar. Para o governo Temer, que ainda não consegue defender uma ideia sem desdizê-la no dia seguinte, eis uma prática que poderia ajudar a tirar sua avaliação do chão.
***

"Sou ministro, estou preocupado com as questões de Argentina, Paraguai. Não tenho condição de ficar analisando consequência da eleição neste ou naquele município." Assim respondeu José Serra, ex-prefeito de São Paulo pelo PSDB, candidato tucano na última eleição paulistana e senador eleito pela sigla no Estado, quando questionado sobre a vitória em primeiro turno, em sua cidade, do correligionário Doria, na véspera. Falando em clareza, ele foi bastante claro.
Eleitor PMDB
06/10/2016 09:46
Ta e Mariluci não estava impugnada? se ela perder os votos entra mais um vereador da Andreia, deveriam correr atras disso!
Herculano
06/10/2016 08:24
TARSO FAZ ULTIMATO AO PT, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

Principal derrotado nas eleições municipais, o PT precisa ter humildade, evitar o discurso de vítima e fazer mudanças radicais de métodos e de direção. O diagnóstico é do ex-ministro Tarso Genro, um dos principais líderes do partido.

O fiasco nas urnas exige transformações na sigla, diz o ex-governador gaúcho. "O PT sofreu um isolamento na sociedade, e isso foi bem explorado pelos adversários. É hora de lamber as feridas. O partido errou e tem que compreender que a reação foi a redução drástica de sua votação."

Tarso faz um ultimato: não participará mais de debates internos enquanto o partido não trocar a direção. "Só voltarei se houver uma mudança completa na executiva. Isso não significa jogar suspeição sobre os companheiros que estão lá. Mas precisamos compreender que fomos derrotados e temos que mudar."

Ele se diz contrário à ideia de entronizar o ex-presidente Lula no comando da sigla, em substituição a Rui Falcão. "Acho que o Lula não quer e não deve ser presidente do PT. Ele é uma liderança maior que o partido, tem que ficar solto", diz.

Para o ex-ministro, a Lava Jato ajudou a projetar uma "monstruosa onda antipetista que se disseminou no país". "Agora precisamos avaliar que erros o partido cometeu para facilitar este cerco, que direcionou as investigações quase de maneira exclusiva contra o PT", afirma. "É verdade que o partido contribuiu para isso."

Na contramão de alguns rivais, Tarso diz que o PT não vai se dissolver na crise em que mergulhou. "Não acho que o PT vá definhar ou desaparecer. Mas precisamos fazer uma revolução democrática. Estamos numa curva histórica", afirma.

"Uma sociedade democrática precisa de partidos de esquerda. O PT precisa olhar seus parceiros com humildade e abandonar a postura hegemonista", prossegue o ex-ministro, em aceno a siglas como PC do B e PSOL. "Não vamos sobreviver com dignidade se voltarmos a contar com aliados como o PMDB", conclui.
Herculano
06/10/2016 08:13
AMANHÃ É DIA DE COLUNA INÉDITA

Herculano
06/10/2016 08:11
Faltam recursos para a saúde, educação, segurança e obras. Mas, os políticos querem bilhões para suas campanhas. Nesta eleição o fundo partidário não chegou aos grotões, nem a candidatos. E quem ganhou, usou descaradamente caixa dois e financiamento próprio, burlando a lei e o ministério público.

CÂMARA DISCUTE NOVO FUNDO PÚBLICO DE FINANCIAMENTO DAS ELEIÇÕES: R$2,9 BI, por Josias de Souza

Em reunião sobre reforma política, na Câmara, o ministro Gilberto Kassab (Comunicações), presidente do PSD, sugeriu aos líderes partidários a criação de um novo fundo público para financiar as eleições no Brasil. Em anos eleitorais, seriam repassados aos partidos R$ 2,9 bilhões em verbas públicas - o equivalente a quatro vezes o atual Fundo Partidário, orçado em 2016 em R$ 724 milhões.

Líder do PSD na Câmara, o deputado Rogério Rosso (DF) traduziu a novidade: "Não existe mais espaço para a volta do financiamento privado, a sociedade brasileira não vai aceitar isso. O que o ministro Kassab sugeriu foi que, no ano da eleição, fosse criada uma conta alocando recursos para os partidos enfrentarem as eleições."

Exposta na presença dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a ideia de Kassab soou como música aos ouvidos da maioria dos líderes, cujos partidos vivem uma crise de abstinência com a proibição de doações eleitorais de empresas.

Também presente à reunião, o ministro Marcos Pereira (Desenvolvimento), que preside o PRB, declarou-se simpático à proposta do colega de Esplanada. Decidido a votar alguma proposta sobre financiamento eleitoral público até o final do ano, Rodrigo Maia afirmou que será necessário esmiuçar o projeto de Kassab.

Até onde foi possível alcançar o raciocínio de Kassab, o atual Fundo Partidário não deixaria de existir. Assim, em anos eleitorais, os partidos beliscariam os cerca de R$ 2,9 bilhões do fundo novo e os R$ 724 milhões do fundo antigo. Ou seja: a cada dois anos escorreriam para as arcas partidárias algo como R$ 3,6 bilhões em verbas arrancadas compulsoriamente do bolso do contribuinte.

O presidente da Câmara defende que seja debatida também a hipótese de institucionalizar o modelo de lista fechada. Nele, os candidatos a cargos eletivos seriam definidos pelas direções das legendas.

Juntando-se as duas ideias, os dirigentes partidários chegariam a uma mistura do tipo mamão (o direito de vetar candidatos) com açúcar (o dinheiro fácil do Tesouro). E o contribuinte entraria com o bolso num sistema político que, a julgar pela quantidade de votos brancos, nulos e abstenções contabilizadas no primeiro turno da disputa municipal de 2016, ele abomina.
Herculano
06/10/2016 07:47
NO CAMINHO CERTO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Não há mais como tratar o rombo nas contas públicas como um problema trivial, cuja solução pode ficar para depois. Pode-se dizer que, ao votar a emenda que limita os gastos da União, o Congresso decidirá que tipo de país terão as futuras gerações: se será forte o bastante para enfrentar os maiores desafios sem recorrer à irresponsabilidade fiscal ou se estará mesmo fadado à mediocridade das crises cíclicas.

O governo do presidente Michel Temer teve o mérito, nos últimos dias, de colocar as coisas nesses termos, ressaltando a urgência que o tema impõe. Ao se dirigir à sociedade em busca de apoio, Temer deixou claro que a grave crise que o País enfrenta só tem essa dimensão porque foi construída meticulosamente na última década pela inconsequência populista dos governos de Lula da Silva e de Dilma Rousseff.

Foi esse o tom do anúncio que o governo fez publicar nos principais jornais para defender a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241. O anúncio arrola os diversos casos de desperdício de dinheiro público durante os governos lulopetistas, desde as refinarias superfaturadas da Petrobrás até o endividamento do Tesouro para emprestar dinheiro ao BNDES, passando pelos prejuízos nos fundos de pensão de estatais e pelo inchaço da máquina pública. Ao final, o anúncio chama os brasileiros à razão: "Quando um governo gasta mais do que arrecada, quem paga a conta é você".

Com isso, o governo quer demonstrar que, se o descalabro de que hoje o País padece resultou de um cuidadoso desmonte, peça por peça, do edifício de prudência fiscal erigido junto com o Plano Real, não será com uma canetada voluntarista que se reverterá esse desastre. Ao contrário: será preciso muito sacrifício, do conjunto da sociedade e por um longo período, para que se reequilibrem as contas e se devolva aos agentes econômicos a sua capacidade de investir e produzir.

Nesse sentido, o texto da PEC 241 apresentado em comissão da Câmara vai na direção certa. Além de prever punição para órgãos que estourarem o orçamento, a proposta congela salários do funcionalismo e veta o reajuste do salário mínimo acima da inflação caso as contas não fechem. Ao mesmo tempo, prevê a extensão da vigência do mecanismo de Desvinculação das Receitas da União (DRU) de 30% da arrecadação até 2036. Assim, a PEC não só estende por um longo prazo esse instrumento, que permite ao governo remanejar receitas para quitar despesas que considerar prioritárias, como aumenta de 20% para 30% a alíquota de desvinculação.

O relator da PEC 241, deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), acompanhou o discurso do governo, ao lembrar aos colegas que, "caso nada seja feito, o dia do juízo fiscal chegará e atingirá a todos, famílias, aposentados, funcionários públicos e empresários".

A retórica de caráter apocalíptico serve para chamar a classe política à responsabilidade. Temer reuniu-se com líderes governistas e, segundo relatos de participantes, fez apelos em tom dramático, acompanhado do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tratou de expor, com crueza, o tamanho do problema. Com isso, o governo espera, nas palavras de Temer, que os parlamentares façam uma "demonstração de seriedade" e aprovem a PEC.

Esse esforço deveria bastar para sensibilizar os congressistas. No entanto, a título de reduzir riscos, o governo infelizmente manteve a deplorável prática do toma lá dá cá, que tão mal faz ao País. Para agradar ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), neste momento decisivo, Temer nomeou para o Ministério do Turismo um afilhado do senador alagoano. Só isso já seria reprovável, dado o histórico judicial de Renan. Mas ele foi além: o tal afilhado é réu no Supremo Tribunal Federal em processo por falsidade ideológica.

Nada, nem mesmo a necessidade de aprovar tão importante matéria como a PEC 241, justifica tal concessão a uma gente pouco interessada na resolução dos graves problemas nacionais e que usa a política apenas como meio de auferir vantagens pessoais. É em momentos graves como este que o País precisa de um governo com pulso firme para enfrentar aqueles que, com suas práticas nefastas, aviltam a política e, com isso, ajudam a perpetuar crises.
Herculano
06/10/2016 07:44
A DIREITA VOLTOU? NUNCA SAIU, por Clóvis Rossi, para o jornal Folha de S. Paulo

A direita voltou ao poder com a ascensão de Michel Temer, certo? Errado. A direita jamais deixou o poder, muito menos no reinado Lula/Dilma.

Quem o diz é alguém de impecável militância esquerdista e assessor especial da Presidência até se desencantar com Lula e o PT.

Chama-se frei Betto e declarou o seguinte ao jornal "Valor Econômico" tempos atrás, antes que ficasse claro o tremendo fracasso da gestão Dilma (o timing é importante para que não se pense que abandonou o barco só porque fez água):

"No Brasil a esquerda jamais esteve no governo. E a direita nunca abandonou o poder."

Para sustentar sua afirmação, Betto faz a comparação em que marca bem o que se associa à esquerda e à direita: "Em 13 anos de presidência, o PT não promoveu nenhum reforma estrutural. Investiu-se mais em facilitar à população acesso aos bens pessoais (celular, computador, carro, linha branca), quando se deveria priorizar o acesso aos bens sociais (educação, saúde, moradia, segurança, saneamento etc)".

Se se quiser fulanizar a afirmação de que a direita nunca abandonou o poder, basta um nome, o de Henrique Meirelles. Como presidente do Banco Central nos oito anos de Lula, era o ministro da Economia "de facto". Voltou ao cargo, "de facto" e " de jure", com Temer.

Se ser de esquerda significa preocupar-se com a igualdade, os governos do PT foram uma fraude. Só um dado basta para demonstrá-lo: em um ano, a "bolsa-juros", que o governo paga aos portadores de títulos da dívida pública, em geral ricos, representa 15 anos da "Bolsa Família", a que vai para os pobres.

Ou seja, as 14 milhões de famílias que recebem esta última precisam de 15 anos para ter o que as famílias ricas (talvez 5 milhões) abocanham em apenas um ano.

Só esse dado bastaria para desmontar a falácia de que melhorou a distribuição de renda no país. Mas há um precioso trabalho de três especialistas da UnB, dois deles também do Ipea, que prova que a desigualdade não diminuiu nadica.

Ao contrário, aumentou: a pesquisa de Marcelo Medeiros, Pedro Ferreira de Souza e Fábio Avila de Castro mostra que os 5% mais ricos, que tinham 40% da renda total em 2006, saltaram para 44% em 2012.

Por fim a pobreza: o Brasil contava em dezembro de 2015 com 73.327.179 pessoas pobres - o que dá cerca de 36% de sua população total.

Está lá no site oficial do Ministério de Desenvolvimento Social ainda no tempo de Dilma Rousseff, ao informar sobre as famílias brasileiras de baixa renda - aquelas com renda mensal de até meio salário mínimo por pessoa.

Baixa renda é piedoso eufemismo para pobres ou, até, para miseráveis, posto que mais da metade dos cadastrados (38,9 milhões) tem renda de até R$ 77,00.

São dados objetivos que comprovam a tese de frei Betto se se acredita que ser de esquerda é preocupar-se com pobreza e igualdade. O resto é propaganda enganosa de revolucionários de colunas de jornal.
Herculano
06/10/2016 07:36
TETO DOS GASTOS É FUNDAMENTAL PARA AJUSTE, editorial do jornal O Globo.

É crucial aprovar-se a PEC que reajusta despesas pela inflação do ano anterior porque, só assim, elas deixarão de crescer de forma autônoma

Feita na terça-feira a leitura do relatório final da Proposta de Emenda à Constituição do teto dos gastos, a ser votada hoje em comissão especial na Câmara, começou a corrida para o dispositivo entrar em vigor no ano que vem, como necessário. O relator da proposta, Darcísio Perondi (PMDB-RS), formulou uma frase forte na defesa da aprovação da PEC: "Se nada for feito, o dia do Juízo Final chegará e atingirá a todos".

Na forma, pode haver algum excesso de dramaticidade, mas na essência é do que se trata. A classe política brasileira e demais forças da sociedade pactuaram na Constituição de 1988 um desenho de Estado em que caberia a ele garantir a todos o bem-estar social. E a crise pela qual se passa, acelerada pelos equívocos do lulopetismo, deriva, na verdade, do esgotamento daquele pacto.

Ou seja, o Estado brasileiro e quem o sustenta, os contribuintes, não conseguem mais financiar este modelo, e é preciso interromper a marcha para o precipício do absoluto desastre fiscal. Daí a importância do teto, para que o Orçamento de um exercício não cresça além da inflação do ano anterior.

É questão de sobrevivência reverter a tendência de os gastos sempre crescerem além do PIB e da inflação ?" para cumprir a missão da Carta de 88. Foi assim que, no período tucano e petista, a carga tributária subiu dez pontos percentuais de PIB, até chegar a pouco mais de 35%, acima do índice de países desenvolvidos, nos quais o serviço prestado pelo poder público é mais amplo e de melhor qualidade que o fornecido pelo Estado brasileiro.

A lógica da PEC 241 é indiscutível, e não corta gastos. Eles ficam estáveis em termos reais. Mas enfrenta cerrada oposição de grupos de interesse que orbitam em torno do Tesouro, sem qualquer preocupação com o equilíbrio macroeconômico do país. Importa a apropriação de fatias crescentes do Orçamento. Assim, o Brasil chegou à atual crise, pois também faltou ao lulopetismo convicção para manter a correta política econômica do início do primeiro governo Lula.

O relator e o governo, com as pressões das bancadas ligadas a saúde e educação, segmentos que já têm proporções fixas do Orçamento, concordaram com que os gastos sobre os quais incidirá a correção pela inflação serão os de 2017, e não os deste ano. Só a área de saúde receberá mais R$ 10 bilhões no ano que vem.

Admite-se que haja negociações como esta que levem a acordos. O crucial é que prevaleça o princípio do freio nas despesas, que há muito tempo crescem de forma autônoma.

Daí o fato de a dívida pública ter saído de 55% do PIB, não faz muito tempo, e se aproximar hoje dos 70%. Não havia mesmo como as agências de avaliação de risco não rebaixarem a nota do país para o nível de junk, lixo. Aprovada esta PEC, terá de se tratar da reforma da Previdência. Sem ela, o teto será rompido. O trabalho é intenso, porque o estrago fiscal é enorme.
Herculano
06/10/2016 07:30
INDICIAMENTO DE LULA ACABA COM 'CRIME PERFEITO', por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A Operação Janus, da Polícia Federal, que rendeu ao ex-presidente Lula seu terceiro indiciamento por corrupção, desmantelou o que era considerado "o crime perfeito": o financiamento bilionário de obras no exterior com recursos que o BNDES sacava do Tesouro Nacional. O "crime perfeito" dispensava licitação e também autorização legislativa, e blindava o financiamento da fiscalização dos órgãos de controle.

A PREDILETA
Desde 2005, cresceram cerca de 1.200% os financiamentos do BNDES para empreiteiras brasileiras no exterior, principalmente a Odebrecht.

NA CONTA DO CONTRIBUINTE
Entre 2007 e 2014, governos Lula e Dilma, o BNDES bancou US$3,3 bilhões para empresas brasileiras (e Odebrecht, claro) em Angola.

SEMPRE ELA
A empreiteira Odebrecht faturou 26 dos 48 projetos de infraestrutura na América Latina até 2012. Apenas em Angola tinha 35 grandes obras.

ESPELHO MEU
Em janeiro de 2014, esta coluna revelou o esquema de financiamento suspeito de obras no exterior, para beneficiar a Odebrecht.

LULA AVALIA USAR O PT PARA 'PROTEÇÃO' INTERNACIONAL
Réu em três processos de corrupção, cada um mais grave que o outro, o ex-presidente Lula agora avalia a proposta, que lhe foi reapresentada há dias, durante reunião de sua facção Construindo Novo Brasil (CNB), para assumir a presidência do PT. A alegação é que o PT é filiado à Internacional Socialista e nenhum presidente de partido filiado foi preso em 40 anos de existência dessa entidade. Lula ainda reluta.

BLINDAGEM DE FANTASIA
Integrantes da CNB argumentaram que Lula é "o ativo que ainda resta ao PT" e que sua eventual prisão se tornaria "assunto internacional".

JÁ NÃO TEM PACIÊNCIA
Lula disse em princípio que não tem o que chamou de "tesão" para lidar com a burocracia partidária nem com o "ego" de todas as facções.

PT, UM BALAIO DE GATOS
O PT é hoje uma federação de quase duas dezenas de facções, que, diz Lula, vivem se digladiando e "torpedeando as lideranças" petistas.

APARÊNCIAS ENGANAM
O ministro Marx Beltrão (Turismo) mantém as aparências de aliado de Renan Calheiros, mas se prepara para enfrentá-lo em 2018. Como Calheiros deve fechar-lhe os espaços no partido em Alagoas, o PSD já está na mão. Sua posse foi boicotada por senadores do PMDB.

AINDA VAI RENDER
A Camargo Corrêa tinha sete projetos financiados pelo BNDES em Angola... até a Lava Jato. A Andrade Gutierrez, 13 e a Queiroz Galvão, 18. A Odebrecht, para variar, a favorita do petismo, tinha 35 obras.

PODE ISSO, EXCELÊNCIA?
No ato da CUT para atrapalhar o acesso de servidores à Câmara, o deputado Marcon (PT-RS) incitou o grupo a fechar rodovias e a invadir órgãos públicos, crimes previstos em lei.

BARRICHELLO NÃO ESTAVA LÁ
Na tentativa de tumultuar o acesso à Câmara, "mortadelas" recrutados pela CUT e MST gritavam "fora Cunha", ontem, em Brasília. Não pareciam saber que Eduardo Cunha foi posto fora vinte dias antes.

COISA DE ESTADO RICO
Antevendo problemas na reeleição, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), enviou projeto à Assembleia Legislativa para garantir carros, motoristas, assessores e seguranças para ex-governadores.

TAQUES CONTRA O PMDB
O governador tucano do MT, Pedro Taques, subiu no palanque, em Cuiabá, para bater forte no PMDB, vinculando-o a corrupção. No mesmo balaio, o candidato Emanuel Pinheiro (PMDB), Eduardo Cunha e o ex-colega Renan Calheiros. O segundo turno promete mais.

TRIO ELÉTRICO
Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB) definem como "eletrizante" a derrota da família Gomes em Barbalha (CE). Argemiro Sampaio (PSDB) venceu Fernando Santana, da coalizão PT/PDT.

O GATO COMEU
A greve dos bancários produz coisas muito estranhas. No Banco do Brasil, um depósito de R$8.890 foi feito via caixa eletrônico, na agência Ilhabela, em São Paulo, mas não apareceu na conta da destinatária.

OLHANDO BEM...
...Rubinho Barrichello não estava entre os "mortadelas" da CUT que gritavam "fora Cunha", ontem, na Câmara.
Sidnei Luis Reinert
06/10/2016 06:33
De Olavo de Carvalho:

A mídia nacional INTEIRA está tentando dar a impressão de que o plebiscito na Colômbia foi pró e contra as Farc, portanto de que a Colômbia é "um país dividido" entre adeptos e inimigos da narcoguerrilha. Isso é ABSOLUTAMENTE FALSO. Há anos todas as pesquisas mostram que as Farc são ODIADAS POR MAIS DE NOVENTA POR CENTO DOS COLOMBIANOS. O plebiscito nem mesmo colocou isso em questão, limitou-se a colocar em votação OS ACORDOS DE PAZ.
Herculano
05/10/2016 21:47
DECISÃO DO SUPREMA DEIXA LULA MAIS PERTO DA CADEIA. CONTRA IMPUNIDADE, STF MANTÉM PRISÃO NA 2ª INSTÂNCIA

A decisão tem impacto direto nas delações da Operação Lava-Jato. Delatores como Marcelo Odebrecht poderiam interromper colaboração com a justiça, conforme relata o texto de Laryssa Borges, da sucursal de Brasília da revista Veja.

Na carceragem de Curitiba e de Pinhais, onde estão detidos empreiteiros e empresários enrolados na Operação Lava-Jato, e nas principais bancas de criminalistas do país, todas as atenções se voltavam nesta quarta-feira para o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. A corte se preparava para julgar dois processos que poderiam acabar de vez com a sensação de que corruptos poderosos e endinheirados possuem verdadeiros passaportes para a impunidade. Com dinheiro suficiente para pagar bons advogados, eles criavam na prática "quatro instâncias" para recorrer em liberdade ?" juízo de primeiro grau, Tribunais de Justiça ou Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justiça e o próprio STF. Na prática, raramente cumpriam pena.

Os detentos do petrolão tinham especial interesse no veredicto de hoje. Se a indústria dos recursos eternos fosse mantida, poderiam ser interrompidos os acordos de delação premiada que revelariam ainda mais detalhes do esquema de corrupção instalado na Petrobras. Com a perspectiva de só terem de enfrentar realmente os riscos de cadeia dentro de anos, empreiteiros como Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro se calariam. Manteriam a tradicional omertà.

Nesta quarta-feira, porém, o desejo dos poderosos do petrolão não se confirmou. O Supremo confirmou, por apertados seis votos a cinco, que a execução das penalidades pode ser feita já na segunda instância, sem depender do chamado trânsito em julgado. No julgamento no STF, o ministro Luiz Fux resumiu: "Estamos discutindo isso porque no Brasil as condenações são postergadas com recursos aventureiros, por força de recursos impeditivos do trânsito em julgado".

Entre os magistrados, um exemplo recorrente de impunidade: o jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves, condenado pelo assassinato da ex-namorada Sandra Gomide, no ano 2000, passou 11 anos solto. Pimenta era réu confesso, mas só foi preso em 2011. Neste ano passou para o regime aberto.

Do plenário, os ministros mandaram um recado claro contra a impunidade dos poderosos, que contam com o conceito elástico de presunção de inocência para nunca expiar culpa atrás das grades. "O sistema brasileiro hoje frustra na maior medida possível o senso de justiça de qualquer pessoa. Um sistema de justiça desacreditado pela sociedade aumenta a criminalidade, não serve para o Judiciário, não serve para a sociedade, não serve para ninguém", disse o ministro Luis Roberto Barroso ao falar sobre a dificuldade de levar criminosos poderosos efetivamente para atrás das grades. "Por ser um princípio e não uma regra, a presunção de inocência é ponderada e ponderável com a efetividade do sistema penal, que é um valor que protege a vida das pessoas para não serem assassinadas, protege a integridade física, protege a integridade patrimonial", continuou. "[Sem a prisão em segunda instância] O sistema brasileiro não era garantista. Era grosseiramente injusto".

Entre os ministros que consideraram que a prisão já em segunda instância é possível, prevaleceu o entendimento que o trecho da Constituição que trata de prisão é o inciso 61 do artigo 5º: "Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei".

"Depois da segunda instância, sobe o interesse do sistema de fazer aplicar a norma penal. Depois do segundo grau, o peso da presunção da inocência fica mais leve e menos relevante em contraste com o interesse estatal", afirmou Barroso. Em fevereiro, por sete votos a quatro, o STF havia entendido que a segunda instância é a última que analisa provas de materialidade e autoria e, por isso, a pena já poderia ser executada.

Desde a retomada do tema à discussão, advogados articularam uma proposta alternativa: a de que a execução da pena possa ocorrer após o julgamento do recurso especial pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A iniciativa significaria que um tribunal superior teria confirmado a condenação do réu, mas apenas os ministros Marco Aurélio Mello e Dias Toffoli ?" que mudou o entendimento pessoal desde fevereiro ?" consideraram a hipótese. Também votaram contra a execução da pena em segundo grau os ministros Ricardo Lewandowski, Rosa Weber e Celso de Mello. Hoje, o decano criticou o que chamou de "pragmatismo de ordem penal" e disse que o STF deve assegurar o direito fundamental de um acusado ser presumido inocente até que se sobreponha sentença condenatória transitada em julgado. "A majestade da Constituição Federal não pode ser violada pela potestade do Estado", afirmou.

Ao longo de toda a discussão, foram repisados por advogados argumentos que suspeitos podres seriam os principais prejudicados e ampliariam ainda mais a situação de caos do sistema penitenciário brasileiro. Teori Zavascki rechaçou de pronto a tese. Segundo ele, é improvável que condenados menos abastados entupam a justiça de recursos, além de ser necessário considerar que todos os recursos deles fossem aceitos e, ao fim, eles fossem declarados inocentes. "É absolutamente desprovido de base real que a improcedência da ADC [ação declaratória de constitucionalidade julgada hoje] iria acarretar injusto encarceramento de dezenas de milhares de condenados, notadamente pessoas humildes defendidas pela Defensoria Pública. Isso parte da premissa que tem recursos e que recursos serão acolhidos e que todos eles são inocentes", disse.
Herculano
05/10/2016 17:38
ACUADO E TACHADO SISTEMATICAMENTE DE GOLPISTA O GOVERNO TEMER RECUA DA SUA TENTATIVA DECLARADA DE APAZIGUAMENTO E AFRONTA O PT. EM ANÚNCIOS PAGOS NOS PRINCIPAIS JORNAIS ELE MOSTRA COMO O PT E DILMA VANA ROUSSEFF QUEBRARAM O BRASIL. OS PARTIDOS DE ESQUERDA SEM ARGUMENTAÇÃO DIANTE DE FATOS E NÚMEROS, REAGIRAM.

O objetivo é de defender a necessidade de reequilibrar as contas públicas, governo federal publica anúncio em jornais apresentando "situação muito grave" deixada pela gestão da petista

O conteúdo é do Congresso em Foco. O texto de Gabriel Pontes. "O Governo Federal encontrou uma situação muito grave nas contas públicas", diz o anúncio

Os principais jornais do país amanheceram nesta quarta-feira (5) com pelo menos meia página de anúncio do Governo Federal com o mote "vamos tirar o Brasil do vermelho para voltar a crescer". Na peça, com fundo azul e setas vermelhas, são apresentados tópicos da situação econômica brasileira, descrita como "muito grave".

Com 14 itens, o anúncio afirma que Temer assumiu o poder com "R$ 170 bilhões de contas públicas no vermelho" e "12 milhões de desempregados". O texto, divulgado logo após pesquisa que apontou desconfiança de 68% dos brasileiros com relação a Temer e em meio à discussão sobre a criação de teto para gastos públicos, não cita o nome de Dilma.

Segundo o anúncio, a presidente cassada deixou de herança para Temer problemas como inchaço da máquina pública, gasto do Ministério da Educação 285% acima da inflação, prejuízos bilionários na Petrobras e na Eletrobras, além de obras públicas inacabadas.

O texto afirma que o governo "está tomando todas as medidas possíveis para sair dessa grave crise e investir em educação, saúde e políticas sociais". Segundo o anúncio, "equilibrar as contas públicas é mais do que necessário. É urgente. Para nunca mais ter pedaladas".

Após os jornais, será a vez das emissoras de rádio, televisão e da internet. Até o fechamento desta reportagem, o governo ainda não havia informado o valor gasto com a campanha. Em média, o custo de anúncios como este, em páginas ímpares e nos primeiros cadernos dos veículos, custa no mínimo R$ 150 mil - em preço cheio.

Procurada pelo Congresso em Foco, a assessoria da ex-presidente afirmou que ela não vai comentar o conteúdo da campanha.

Em protesto contra a campanha, a bancada do PT no Senado apresentou um requerimento à Casa Civil da Presidência da República solicitando informações sobre publicidade. Assinada por dez parlamentares, o documento questiona quais fontes ou banco de dados utilizados para elaboração das informações. Pergunta, ainda o custo da veiculação e da produção da peça.
Herculano
05/10/2016 15:39
A COMPETENTA. TRIBUNAL DE CONTAS A UNINÃO RECOMENDA POR UNANIMIDADE REJEIÇÃO DAS CONTAS DE DILMA DE 2015

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Redação de Veja.O Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu nesta quarta-feira dar parecer pela rejeição das contas do governo Dilma Rousseff em 2015, a exemplo do que ocorreu em relação ao ano anterior. O documento, aprovado por unanimidade em sessão de mais de três horas, será agora encaminhado ao Congresso, ao qual cabe julgar os balanços da União em definitivo. A punição prevista caso os parlamentares endossem o parecer do TCU é a perda dos direitos políticos por oito anos.

Os ministros da corte acompanharam o voto do relator do processo, José Múcio Monteiro. Eles entenderam que dez irregularidades ensejam a reprovação das contas. Sete delas se referem às chamadas pedaladas fiscais.

Essas manobras foram atrasos no repasse de recursos para bancos públicos bancarem obrigações do governo com programas sociais e empréstimos subsidiados. Com isso, os saldos das contas desses programas ficaram negativos nas instituições, que tiveram que cobrir os gastos com o dinheiro depositado pelos correntistas. Para o TCU, os atrasos configuraram empréstimos ilegais entre os bancos e seu controlador, a União, porque não foram autorizados pelo Legislativo.

A decisão do tribunal foi tomada após a análise da defesa da ex-presidente, apresentada em setembro. Tanto a área técnica quanto o Ministério de Público que atua perante a corte, cujas análises serviram para embasar os votos dos ministros, consideraram que os argumentos de Dilma não foram suficientes para elidir as principais falhas identificadas.

Múcio sustentou que o governo Dilma não observou plenamente os princípios constitucionais e legais na execução do orçamento federal e nas demais operações feitas com recursos públicos. Entre as medidas consideradas irregulares, ele apontou o atraso de recursos do Plano Safra ao Banco do Brasil, uma das pedaladas; e a edição de decretos de suplementação orçamentária sem o aval do Legislativo. Essas foram as bases da denúncia apresentada contra a petista no processo de impeachment no Senado.

Citando as pedaladas, o relator afirmou ser preciso "impor limites à tentação dos governantes de expandir gastos públicos" por vias não autorizadas, como o uso dos bancos públicos.

O TCU entendeu que em 2015 essas manobras ocorreram não só no Banco do Brasil, mas no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Também concluiu por falhas na regularização do estoque das operações de 2014. Além disso, indicou que o Banco Central maquiou o resultado fiscal do País, pois os passivos junto aos bancos não foram registrados nas estatísticas da dívida pública.

Múcio declarou que, caso o governo de Michel Temer cometa as mesmas faltas na gestão fiscal, será tratado de forma igual pela corte. "As políticas públicas podem ser implementadas, podem ter um 'colorido' político, mas têm de se curvar aos limites da lei", comentou Benjamin Zymler ao votar pela rejeição.

Medidas provisórias

Não há prazo para que o Congresso julgue as contas de 2015. O parecer relativo ao ano anterior ainda não foi apreciado pelos congressistas, assim como os referentes aos governos de outros ex-presidentes.

Em junho, o TCU havia apontado 23 irregularidades. Após analisar os argumentos da defesa, a área técnica da corte entendeu que 15 deveriam ser mantidas no rol das que maculam as contas de Dilma. Algumas foram consideradas sanadas e outras serão investigadas em processos distintos. O relator excluiu mais três da lista. Trata-se da abertura de créditos extraordinários por meio de medidas provisórias sem, supostamente, observar requisitos legais, como os de "urgência e imprevisibilidade" do gasto. O principal motivo é que, embora tenham sido editadas por Dilma, elas foram aprovadas pelo Legislativo, que deu, portanto, aval a elas. Essas irregularidades haviam sido apontadas pelo Ministério Público em suas análises.

Por sugestão de Benjamin Zymler e Bruno Dantas, foram suprimidos mais dois itens, que tratam do uso de recursos vinculados de fundos especiais e do superávit financeiro de 2014 (sobras decorrentes do excesso de arrecadação) em finalidades diversas das previstas. O principal argumento é que essas práticas, embora irregulares, não são graves o suficiente para subsidiar a reprovação. Foram feitos, alternativamente, alertas para que o governo não repita operações de mesma natureza.

Defesa

Dilma atribuiu as medidas tomadas em 2015 às dificuldades econômicas, como a queda do preço das commodities, a desaceleração da economia chinesa, as mudanças na política monetária dos Estados Unidos e a estiagem no Brasil.

O jurista Ricardo Lodi fez sustentação oral em defesa da ex-presidente nesta quarta-feira. Ele argumentou que as impropriedades apontadas nas contas decorrem de mudanças de entendimento do TCU. Argumentou que decisões da petista foram tomadas com base em pareceres jurídicos, lastreados na jurisprudência do próprio tribunal. Reiterou que várias medidas da política fiscal em 2015 foram tomadas num cenário de queda abrupta da arrecadação (180 bilhões de reais), de crise política, alimentada por um Congresso "hostil", que abriu o processo de impeachment e impôs dificuldades na aprovação do ajuste fiscal.
Herculano
05/10/2016 15:35
NÃO TEM JEITO. CADA VEZ MAIS SE ESTABELECE QUE A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA NÃO TINHA LIMITES E SE AMPLIAVA DE FORMA DISFARÇADA NA FAMÍLIA. POLÍCIA FEDERAL INDICIA LULA POR CORRUPÇÃO EM CONTRATOS DO SOBRINHO EM ANGOLA

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo.A PF (Polícia Federal) indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção. A PF também indiciou o empreiteiro Marcelo Odebrecht e Taiguara Rodrigues, sobrinho de Lula, estes dois por corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-presidente teria beneficiado o sobrinho por meio da Odebrecht em contratos em Angola. Foi na obra de ampliação e modernização da hidrelétrica de Cambambe, no país africano, contudo, que o empresário firmou um contrato milionário com a Odebrecht, em 2012 - que está agora na mira dos investigadores.

Sua empresa Exergia fechou um contrato de prestação de serviços para a empreiteira naquele ano no valor de R$ 3,5 milhões. Taiguara é filho de Jacinto Ribeiro dos Santos, o Lambari, amigo de Lula na juventude e irmão da primeira mulher do ex-presidente, já falecida.

Morador de Santos, no litoral paulista, ele atuava no ramo de fechamento de varandas e viajou para Angola para começar seus negócios naquele país em 2007.

O acerto entre a Odebrecht e a Exergia foi formalizado no mesmo ano em que a empreiteira conseguiu no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) um financiamento para realizar esse projeto na África. O episódio levou o Ministério Público a abrir inquérito para investigar a suspeita de tráfico de influência de Lula em benefício da empreiteira.

Lula já prestou depoimento sobre o caso. Segundo as investigações da Polícia Federal, a obra recebeu um aporte de US$ 464 milhões do banco público.

Em depoimento à CPI do BNDES no ano passado, o empresário admitiu os contratos com a empreiteira. Na ocasião, ele falou por quatro horas à comissão, e disse que o valor é referente a serviços de sondagem, avaliação da topografia e gerenciamento de obras prestados pela empresa. Segundo Taiguara, todos os contratos foram obtidos por meio de licitações dentro da empreiteira.
Miguel José Teixeira
05/10/2016 15:30
Parabéns, Gasparenses! Qualquer "coisa" é melhor que um PeTralha. . .

Na mídia:

"Antes que só do que mal... A deputada federal Jandira Feghali também foi candidata a prefeita do Rio em 2008, pelo PCdoB. Na época, teve quase dez por cento dos votos (9,78%). Dia 2, coligada com o PT de Lula, ficou com 3,34%(Ancelmo Gois em O Globo).
Sidnei Luis Reinert
05/10/2016 12:21
A Nova Esquerda e o Comunismo Assassino de karl Marx.

"Lamentavelmente, uma grande maioria de brasileiros é politicamente alienada, com pouca cultura, educação e facilmente convencida pelos políticos corruptos e de ideologia esquerdista, sem contar ainda com a grande parte de eleitores analfabetos, semianalfabetos e analfabetos- funcionais".

https://www.youtube.com/watch?v=hDSht4eiaKk
Herculano
05/10/2016 10:15
da série: esta decisão explica a razão pela qual a Justiça aqui na Comarca condenou os políticos (e outros) que difamaram a juíza Ana Paula Amaro da Silveira.

GILMAR MENDES X MONICA YOZZI? NÃO! O CONFRONTO SE DÁ ENTRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO E A PRÁTICA DE UM CRIME, por Reinaldo Azevedo, de Veja

Ao acusar ministro de cúmplice de estupro, é evidente que a atriz, que não costuma ter muito cuidado com o trabalho alheio, vai muito além do que lhe permite o direito de crítica

Mônica Yozzi é uma atriz cheia de opiniões políticas e até jurídicas. Tem todo o direito de expressá-las, ora essa! Mas, a exemplo de qualquer um, precisa arcar com o peso do que diz. E não vale alegar ignorância da lei. Assim é na democracia. Ela resolveu acusar o ministro Gilmar Mendes de ser nada menos do que cúmplice do crime de estupro. Ele fez o que devem fazer as pessoas na democracia quando se sentem agravadas: recorreu à Justiça. Mônica perdeu e foi condenada a pagar uma indenização de R$ 30 mil. Cabe recurso. Agora espalha por aí o seu chororô em busca da famosa "solidariedade dos artistas".

Pois é?

Essa moça não costuma ser muito respeitosa com o trabalho alheio. Em abril deste ano, por exemplo, ela se referiu nestes termos ao "Jornal Nacional", o carro-chefe do jornalismo da Globo, a emissora que a emprega: "Como estamos equivocados, cegos. Somos um povo que se informa apenas por manchetes do JN". Pois é? É evidente que ela tem o direito de achar que o JN é coisa para cegos. Mas os tais "cegos", ao menos, não enchem a geladeira de casa com o salário pago pelo grupo que faz o Jornal Nacional. Visionária e iluminada como é, Mônica deveria pedir demissão dessa empresa nefasta, que cega os brasileiros, e partir para o teatro alternativo de rua. Para abrir os olhos do povo, ora. Questão de coerência.

Pouco depois, ela resolveu corrigir a GloboNews, que noticiou um protesto em defesa da Dilma. Para a doutora em jornalismo, era uma "manifestação em defesa da democracia". Não parece que seja alguém que tenha cuidado com o trabalho alheio.

Mendes concedeu em 2009, em circunstâncias específicas, que nem vêm ao caso agora, um habeas corpus para Roger Abdelmassih. Há sete anos, portanto. O que fez Mônica? Há coisa de pouco mais de três meses, por ocasião do debate sobre a tal "cultura do estupro", publicou no Instagram uma foto do ministro com a palavra "Cumplice?", assim, acompanhado do ponto de interrogação, que valia por uma acusação. Sim, ela acusava o ministro de ser cúmplice de estupro. Pior! A foto veio com a seguinte legenda: "Gilmar Mendes concedeu habeas corpus para Roger Abdelmassih, depois de sua condenação a 278 anos de prisão por 56 estupros".

Além da acusação boçal, há a mentira e a manifestação abissal de ignorância. Por óbvio, aquele senhor ainda não tinha sido condenado; estava em prisão preventiva, e só por isso o habeas corpus foi pedido e concedido.

Na sua sentença, escreve o juiz Giordano Resende Costa:
"A partir do momento em que a requerida imputa a um jurista reconhecido, ministro da Suprema Corte, cumplicidade a práticas criminosas, esta, evidentemente, abusa do seu direito de liberdade de expressão, pois ofende a honradez e a imagem do requerente perante o meio social. O fato de a requerida não ter sido a 'criadora' da imagem publicada, e, apenas, uma das várias pessoas que a reproduziram não é suficiente para afastar a caracterização da conduta ilícita. Isto porque, a requerida é uma pessoa pública, que trabalha com comunicação, mídias e programas de auditório, reconhecidos por alcançarem altos índices de audiência. O que a requerida pensa e fala é repercutido em alta escala.
Assim, a sua liberdade de expressão deve ser utilizada de forma consciente e responsável, pois as consequências de uma publicação ofensiva podem causar danos à esfera jurídica de terceiros, como na hipótese dos autos. Diante disso, há elementos suficientes para reconhecer que a requerida extrapolou os limites de seu direito de expressão, pois não se limitou a expor o seu ponto de vista a respeito de uma decisão proferida pelo requerente, mas lhe imputou cumplicidade ao crime de estupro, tornando questionável o seu caráter e imparcialidade na condição de julgador, fato suficiente para atingir a sua honra e imagem.
Portanto, reconheço, nos termos do art. 187 do Código Civil, que a ré cometeu ato ilícito, por ser titular de um direito que, ao exercê­lo, excedeu manifestamente os limites impostos pelo seu fim social, ou seja, extrapolou o tolerável, conforme acima descrito."

Palavras lapidares!

Um blogueiro do Estadão, de que eu nunca tinha ouvido falar, resolveu tomar as dores da atriz e acusar o ministro de autoritário. Ora, ora? Segundo o rapaz, a manifestação de Mônica é fruto da liberdade de expressão. Errado! A liberdade de expressão não deve ser confundida com a liberdade de atacar a honra das pessoas. Há uma diferença gigantesca entre o direito de crítica e a ofensa pura e simples. Nas democracias, até os apenados precisam ser tratados com dignidade. É preciso civilizar o debate.

Quando o ministro Ricardo Lewandowski resolveu fatiar o Parágrafo Único do Artigo 52 da Constituição para preservar os direitos políticos de Dilma, a despeito de sua cassação, eu o acusei de desrespeitar a Carta Magna. Mas não o chamei de bandido. A primeira afirmação é uma crítica, coberta pela liberdade de expressão. A segunda seria apenas uma ofensa gratuita.

É preciso distinguir a crítica do xingamento; a divergência do bate-boca, o cérebro do fígado.

Cabe recurso à decisão do juiz. Quem sabe Mônica Yozzi consiga entender, nas instâncias seguintes, como funciona a democracia. Nunca é tarde.
Herculano
05/10/2016 09:45
da série: qualquer semelhança com algo que você conheça por aqui, é mera coincidência, pois na política partidária é assim que tudo funciona

FREIXO LEVOU O RIO PARA A VIDA REAL

Na noite de domingo (2), quando já se definira o naufrágio da candidatura de Pedro Paulo à Prefeitura do Rio, ele estava reunido com os conselheiros do PMDB. O chefe de uma das grandes famílias do grupo sustentou que se deveria patrocinar um suave deslizamento de seus votos na direção de Marcelo Freixo. Eleito, ele seria um prefeito tão ruinoso que ajudaria o PMDB a continuar no governo do Estado em 2018 e garantiria seu retorno à prefeitura em 2020.

A reunião aconteceu na Gávea Pequena. Nada a ver com a propriedade da família Corleone nas cercanias de Nova York.

A mobilização do apocalipse contra Marcelo Freixo durante a campanha eleitoral é uma fava contada, mas a proposta da Gávea Pequena era muito mais que isso: o conselheiro não ameaçava com o fim do mundo, desejava-o, para dele tirar proveito.

Todo resultado eleitoral contém diversos recados e, no do Rio, esteve o repúdio ao modo de mando do PMDB. Não seria apenas um modo de fazer política, mas um modo de mandar, um coronelismo cosmopolita. A galeria de notáveis do PMDB do Rio junta Pezão, Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, duas gerações de Piccianis e Eduardo Paes. Produziram uma calamidade e foram batidos por um candidato que tinha 11 segundos de tempo na propaganda pública.

O modo de mando do PMDB do Rio criou uma realidade virtual e deu-se mal porque acreditou nela. O eleitorado não comprou a ideia de que o Estado faliu, mas a prefeitura olímpica não teria parte nisso. Não houve aí um erro de estratégia, defeito de marquetagem ou coisa do gênero. O que aconteceu foi o colapso de uma empulhação.

Um dos símbolos da fantasia cosmopolita é o teleférico do Alemão. Custou R$ 253 milhões, foi inaugurado duas vezes e madame Christine Lagarde, diretora do FMI, viajou nele, sentindo-se no Alpes. A engenhoca está parada e a Operação Lava Jato está de olho na licitação vencida pela Odebrecht. (Isso para não se falar nos negócios da campeoníssima empreiteira Delta.) No mundo real o teleférico não fica nos Alpes, o Rio não é Barcelona e, por isso, o PMDB não conseguiu o voto dos cariocas.

O cosmopolitismo tem um pé nos Alpes de madame Lagarde e o outro no coronelismo. Os hierarcas do PMDB apresentam-se como grandes gestores porque condenam os subsídios dos transportes públicos. Eduardo Paes e, até 2013, quando o povo foi para a rua, Sérgio Cabral foram campeões dessa retórica. Durante muito tempo, Marcelo Freixo foi uma voz solitária na condenação da privataria dos transportes públicos da cidade.

A nova campanha será decidida nos debates de Marcelo Crivella com Freixo. É uma eleição municipal e todo mundo ganhará se neles forem expostas ideias para a cidade. Espiritualizar o debate leva a nada. Crivella é evangélico, mas não se deve esquecer que a religião já foi manipulada, sem sucesso, para demonizar um candidato católico. Chamava-se John Kennedy. Puxar temas como o aborto pode parecer útil, mas também não serve para nada. Em 1996, Sérgio Cabral usou essa bandeira para demonizar Luiz Paulo Conde e, nove anos depois, defendeu o aborto com o pior dos argumentos: o controle da natalidade nas comunidades pobres. Hoje Conde dá seu nome nome à orla olímpica e Cabral cultiva obsequioso silêncio.

A ida de Freixo para o segundo turno teve o mérito de colocar a eleição do Rio na vida real.
Herculano
05/10/2016 09:37
ADVOGADOS DE LULA PEDEM 55 DIAS PARA COMPROVAR QUE TRIPLEX NÃO LHE PERTENCE, por Josias de Souza

Convertido em réu sob a acusação de cometer os crimes de corrupção passive e lavagem de dinheiro, Lula se deu conta de que precisa cuidar dos minutos, porque as horas passam. Seus advogados dispunham de dez dias para apresentar suas considerações iniciais. Em petição endereçada ao juiz Sérgio Moro, pediram 55 dias para demonstar que o tríplex do Guarujá não lhe pertence.

Lula foi enviado pelo juiz da Lava Jato para o banco em 20 de setembro. Moro escorou sua decisão na denúncia do Ministério Público. Somando-se as 149 folhas da peça aos seus anexos, chega-se a um total de algo como 16 mil páginas. A defesa alega que os procuradores da força-tarefa de Curitiba levaram 55 dias para concluir o trabalho. Em nome da "paridade de armas", pedem o mesmo prazo.

Lula é acusado de amealhar R$ 3,7 milhões em vantagens indevidas bancadas pela OAS. Afora o custo do armazenamento das "tralhas" que Lula acumulou nos dois mandatos de president, há os confortos introduzidos no tríplex do Guarujá. Moro deveria conceder o tempo requerido pelos advogados. Depois que ficou entendido que a conversa mole da "perseguição política" já não resolve, há muito por explicar.

Os defensores de Lula podem começar, por exemplo, explicando por que a assessorial do morubixaba do PT admitiu que ele era dono do famigerado apartamento em dezembro de 2014. Em notícia veiculada no dia 7 daquele mês, o repórter Germano Oliveira informou: a Bancoop, Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo, que deixara cerca de 3 mil pessoas na mão por causa de fraudes atribuídas ao seu ex-presidente, João Vaccari Neto, entregara a Lula o tríplex do Guarujá. Com a falência da cooperativa, a OAS assumira as obras.

O edifício ficara pronto em dezembro de 2013. Mas o apartamento de Lula recebera um trato especial. Coisa fina. Antes unidos apenas por uma escada interna, os três andares foram atravessados por um elevador privativo. O piso ganhou revestimento de porcelanato. E a cobertura foi equipada com um 'espaço gourmet', ao lado da piscina.

Ouvida nessa época, a assessoria de Lula declarou: "O ex-presidente informou que o imóvel, adquirido ainda na planta, e pago em prestações ao longo de anos, consta na sua declaração pública de bens como candidato em 2006." Candidato à reeleição naquele ano, o então presidente Lula de fato havia informado à Justiça Eleitoral que repassara à Bancoop R$ 47.695,38, uma cifra que não ornava com o valor de um triplex.

Na sequência, os doutores podem esclarecer por que a assessoria de Lula mudou a versao sobre a posse do triplex cinco dias depois de reconhecer que o imóvel era dele. Sob os efeitos da má repercussão da notícia segundo a qual Lula tornara-se o feliz proprietário de um tríplex à beira mar, na praia de Astúrias, uma das mais elitizadas do litoral paulista, o Instituto Lula divulgou, em 12 de dezembro de 2014, uma "nota sobre o suposto apartamento de Lula no Guarujá."

Primeiro, o texto retirou a encrenca dos ombros de Lula. Anotou que foi a mulher dele, Marisa Letícia, quem "adquiriu, em 2005, uma cota de participação da Bancoop, quitada em 2010, referente a um apartamento." A previsão de entrega era 2007. Em 2009, com as obras ainda inacabadas, os cooperados "decidiram transferir a conclusão do empreedimento à OAS."

O prédio ficou pronto em 2013. Os cooperados puderam optar entre pedir o dinheiro de volta ou escolher um apartamento. "À época, dona Marisa não optou por nenhuma destas alternativas", escreveu o Instituto Lula. "Como este processo está sendo finalizado, ela agora avalia se optará pelo ressarcimento do montante pago ou pela aquisição de algum apartamento, caso ainda haja unidades disponíveis." Nessa versão, a família Lula da Silva estava em cima do muro.

A defesa terá também a oportunidade de sanar outra dúvida: Por que a mulher de Lula pegou as chaves de um apartamento que dizia não lhe pertencer? Em 17 de dezembro de 2014, cinco dias depois da nota em que o Instituto Lula alegara que Marisa Letícia ainda hesitava entre requerer o dinheiro investido na Bancoop ou escolher um apartamento no edifício Solaris, moradores do prédio informaram ao repórter Germano Oliveira que a mulher de Lula apanhara as chaves do triplex número 164 A havia mais de seis meses, em 5 de junho.

''Todos pegamos as chaves no dia 5 de junho, inclusive dona Marisa", disse, por exemplo, Lenir de Almeida Marques, mulher de Heitor Gushiken, primo do amigo de Lula e ex-ministro Luiz Gushiken, morto em 2013.

Outra interrogação inquietante que flutua na atmosfera à espera de uma resposta é a seguinte: por que Marisa Letícia demorou seis anos para decidir se queria ou não o apartamento do Guarujá? Só em 8 de novembro de 2015 veio à luz a notícia sobre a decisão da mulher de Lula acerca do apartamento do edifício Solaris. Nessa data, o repórter Flávio Ferreira informou que Marisa desistira do triplex.

Os assessores de Lula esclareceram que Marisa acionaria seus advogados para reinvindicar a devolução do dinheiro que aplicara no empreendimento. Considerando-se que a OAS assumira as obras do edifício Solaris em 2009, a ex-primeira dama levou arrastados seis anos para decidir. Cooperados menos ilustres tiveram de decidir na lata, sob pena de perder o direito de exercer a opção de compra.

Há mais mistério: por que diaboz Lula, Marisa e Lulinha, o primogênito do casal, inspecionaram as obras da reforma do tríplex? Inquérito conduzido pelo Ministério Público de São Paulo, enviado posteriormente à força-tarefa da Lava Jato, inclui carradas de depoimentos curiosos, muito curiosos, curiosíssimos. Chama-se Armando Dagre Magri uma das testemunhas. É dono da Talento Construtora.

Armando contou à Promotoria paulista que a OAS contratou sua empresa para reformar o tríplex número 164 A. Orçou a obra em R$ 777 mil. Realizou o serviço entre abril e setembro de 2014. Avistou-se com Marisa. Estava reunido no apartamento com um representante da OAS quando, subitamente, a mulher de Lula deu as caras. Acompanhavam-na três pessoas. Descobriria depois que eram o filho Fábio Luís, o Lulinha, um engenheiro da OAS e ninguém menos que o dono da empreiteira, Léo Pinheiro, hoje condenado a 16 anos de cadeia na Lava Jato. Inspecionaram a reforma, atestaram sua conclusão e deram a obra por encerrada.

Zelador do prédio desde 2013, José Afonso Pinheiro relatou ao Ministério Público que Lula também vistoriou as obras do triplex. Esteve no apartamento, por exemplo, no dia da instalação do elevador privativo. Contou que a OAS limpava o prédio, ornamentando-o com flores, nos dias de visita de Marisa. Uma porteira do edifício disse à Promotoria ter visto Lula e Marisa juntos no local em fins de 2013. Em suas notas oficiais, o Instituto Lula não explica o inusitado interesse pela reforma de um imóvel cuja propriedade o casal nega.

Sempre que tem oportunidade, Cristiano Zanin Martins, um dos advogados de Lula, reitera: Esse imóvel não é do ex-presidente nem de nenhum parente. A família Silva comprou uma cota de um projeto da Bancoop. E quanto às reformas bancadas pela OAS? O doutor costuma dizer que não tem a menor ideia do porquê da reforma. Nem quer saber, já que este imóvel não é do ex-presidente Lula ou de qualquer parente do ex-presidente Lula.

Ou a OAS converteu-se de empreiteira em instituição de caridade ou alguém ficará no prejuízo. Ou a sentença de Curitiba levará às manchetes uma terceira versão: a verdadeira.
Herculano
05/10/2016 09:35
CERCA DE 66,8 MILHÕES VOTARAM EM 'GOLPISTAS', por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A alegação de "golpe", adotada pelo PT, foi desmoralizada pela própria realização de eleições livres no País, e pela vontade das urnas: a votação de candidatos do PT representou apenas cerca de 10% dos mais de 67 milhões de brasileiros que votaram em candidatos "golpistas", claramente favoráveis ao impeachment de Dilma. O PT teve 6,8 milhões de votos, um terço do seu desempenho eleitoral de 2012.

GOLEADA HUMILHANTE

Partidos que os petistas acusam de "golpistas", PSDB e PMDB elegeram juntos 1.821 prefeitos, contra apenas 256 do PT.

VOTOS DE DILMA

Em 2014, a chapa Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) obteve 54,5 milhões de votos. Aécio Neves (PSDB), 51 milhões.

CAIU DE PATAMAR

O PT perdeu mais de 400 prefeituras, dois terços do que havia conquistado há 4 anos, incluindo seus maiores redutos em São Paulo.

NA PONTA DO LÁPIS

O PT perdeu 11,4 milhões de votos em relação a 2012, quando foi o mais votado. Ficou atrás do PSB e até do PSD, em 2016.

GILMAR ESPERA QUE NÃO VINGUE ELEIÇÃO DE BANDIDO

A esperança do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, como a de qualquer cidadão, é que se torne definitiva a prisão ainda preventiva do bandido Ubiraci Rocha, vulgo "Bira". É a única maneira de enquadrar na Lei Ficha Limpa o bandido que responde por homicídios e tráfico de drogas. Ele saiu da cadeia, algemado, para votar e ser eleito vereador em Catolé do Rocha (PB).

É UMA VERGONHA

Envergonha os brasileiros e constrange a Justiça Eleitoral a eleição de "Bira", que além de traficante, integra um grupo de extermínio.

S?" NO BRASIL

A eleição do bandido "Bira" chama atenção para a legislação demagógica que assegura o direito de voto no sistema prisional.

PALANQUE NA CADEIA

Com o direito de voto dos presos, a campanha eleitoral leva candidatos a assumir "compromissos" com bandidos.

A OFENSA ESTAVA NA FOTO

Não foi a cândida frase da atriz Mônica Iozzi criticando o habeas corpus ao médico Roger Abdelmassih que a condenou. O juiz Giordano Costa concluiu que a dignidade, a honra e a imagem de Gilmar Mendes foram violadas pela foto que ela publicou do ministro com a tarja "cúmplice".

COMEMORAÇÃO DISCRETA

A derrota de candidatos apoiados por Renan Calheiros em Alagoas, no último domingo, foi recebida com incontida satisfação pelo Palácio do Planalto. "O presidente sorriu por dentro", fofoca um ministro da casa.

DEU CERTO

Foram bem-sucedidas as manobras protelatórias da defesa de Renan Calheiros: somente 9 anos depois, ele será julgado no caso da propina da empreiteira Mendes Júnior, mas várias acusações prescreveram. O caso Eduardo Cunha se arrastou por "apenas", vê-se agora, 9 meses.

CORAÇÃO VALENTE

Após se colocar contra o impeachment de Dilma, o PDT faz doce, mas está louco para aderir ao governo Michel Temer. O partido já não se habitua a permanecer distante das boquinhas da era petista.

NA ATIVA

O ex-presidente José Sarney continua com prestígio no meio político. Ele realiza reuniões diárias em escritório, em Brasília. Uma servidora anda impressionada: "Tem dia que ele atende a 25 pessoas".

FRACASSO

Os diplomatas não participaram da tentativa de greve de funcionários do Itamaraty, produto de autêntica "forçação de barra" de sindicalistas ligados ao PT. O fracasso do movimento foi quase vexatório.

QUEDA ACENTUADA

O polo de Manaus faturou R$40,4 bilhões de janeiro a julho, numa queda de 8,4% em relação ao faturamento no mesmo período de 2015. Em dólares, a retração foi de 22,7%, segundo dados da Suframa.

OVO DA SERPENTE

A conselheira do Tribunal de Contas do Tocantins, Doris de Miranda Coutinho, lança o livro O Ovo da Serpente (Ed. Fórum), que trata da corrupção no Brasil e a relevância e frustração dos órgãos de controle.

PERGUNTA LÁ DO FUNDÃO

Se o Brasil parece estar saindo do fundo do poço, conforme observou o FMI, quer dizer então que o governo Dilma era a lama?
Herculano
05/10/2016 09:33
JULGAMENTO NO STF É DECISIVO PARA CONTER A IMPUNIDADE, editorial do jornal O Globo

Ações na pauta da Corte podem consolidar entendimento de que penas devem começar a ser executadas a partir da segunda instância, vital para a Lava-Jato

O julgamento de um pedido de habeas corpus em fevereiro, algo da rotina do Supremo, abriu um espaço amplo e inesperado para o avanço na luta contra a impunidade em geral e, em particular, a corrupção ?" duas facetas da degradação do exercício da política no Brasil, acelerada com o desembarque do lulopetismo no Planalto, em 2003.

Naquele julgamento, o habeas corpus não foi concedido e, por maioria de votos, 7 a 4, saiu vencedora a tese do relator, ministro Teori Zavascki, de que a confirmação da sentença em segunda instância permite o início do cumprimento da pena, sem que seja desrespeitado o princípio constitucional da presunção da inocência. Enquanto a sentença é executada, o condenado tem todo o direito de recorrer. Sequer se tratava de novidade, porque foi assim até 2009.

Por ter sido um veredito que não obrigou a que todos os tribunais o seguissem, o próprio Supremo, a depender do ministro sorteado para avaliar pedidos de habeas corpus, passou a despachar decisões opostas. Ainda presidente da Corte, Ricardo Lewandowski libertou um preso, coerente com o voto que dera divergente de Zavascki. Mas Edson Fachin mandou deter o condenado novamente.

Uma situação indesejável do ponto de vista da segurança jurídica. Isso pode, porém, chegar ao fim hoje, se forem de fato julgadas duas ações de inconstitucionalidade impetradas contra aquele veredito de fevereiro pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Partido Ecológico Nacional (PEN). O veredito final deverá ter efeito de súmula, para ser seguido por todos os tribunais.

O placar de 7 a 4 de fevereiro pode não se repetir, segundo comentários, algo preocupante para quem defende o combate à corrupção e à impunidade de forma ampla, a fim de ajudar na consolidação do estado democrático de direito e na depuração da vida pública. Há conhecimento suficiente de como a lentidão dos tribunais, estimulada pelo excesso de recursos, mancha a imagem do Judiciário e prejudica o regime democrático. E tanto existem razões técnicas bem sedimentadas para penas começarem a ser executadas na sua confirmação em segunda instância que sete ministros referendaram esta posição ?" colocaram-se contra Marco Aurélio Mello, Lewandowski, Celso de Mello e Rosa Weber. Não bastasse tudo, o momento do país é muito especial. A Lava-Jato, em mais de dois anos, tem demonstrado ser possível praticar a determinação constitucional de que a lei é igual para todos. Mas qualquer tibieza na execução penal, como esta, será um desastre para este ciclo histórico de moralização da política.

A própria hecatombe eleitoral do PT, no domingo, é sinal do clamor popular contra a corrupção, combate em que o Judiciário é peça estratégica. Por óbvio, juiz não deve julgar de ouvidos abertos à rua, mas este é um caso em que Justiça e sociedade devem seguir unidas. Nem é preciso qualquer malabarismo jurídico para aceitar o voto técnico dado por Zavascki em fevereiro.
Herculano
05/10/2016 09:31
DESCULPAS

Aos leitores e leitoras assíduos da área atualizada de comentários, desculpas. É que o portal estava com problemas técnicos e foi reparado há pouco.
Herculano
05/10/2016 09:28
UMA ELEIÇÃO, QUATRO PERDEDORES, por Bernardo Mello Franco, para o jornal Folha de S. Paulo

Os candidatos derrotados não foram os únicos perdedores do último domingo. As eleições para prefeito também atingiram políticos que sonham com a Presidência em 2018. Ao menos quatro deles apanharam feio das urnas: Lula, Michel Temer, Marina Silva e Eduardo Paes.

O fiasco do ex-presidente está ligado à derrocada do PT. O partido encolheu em todo o país. Despencou da terceira para a décima posição no ranking de prefeituras e foi enxotado da maior delas, com a derrota de Fernando Haddad em São Paulo.

Lula também fracassou em cidades onde fez campanha. No Rio, subiu no palanque de Jandira Feghali, que teve apenas 3% dos votos. Em Fortaleza, fez comício com Luizianne Lins, que ficou em terceiro lugar. Em São Paulo, foi barrado no horário eleitoral, mas fez caminhadas com Haddad. Perdeu mais uma vez.

Temer já começou a eleição derrotado. Nas duas maiores cidades brasileiras, os candidatos do PMDB fizeram o possível para escondê-lo. Não adiantou. A impopularidade do presidente ajudou a afundar as campanhas de Marta Suplicy e Pedro Paulo. O próprio Temer precisou se esconder do eleitor. Com medo de novos protestos, foi votar três horas antes do que informava sua agenda oficial.

Marina viajou o país para pedir votos, mas não conseguiu tirar a Rede do balaio dos nanicos. Sua aposta em candidaturas próprias se revelou um desastre. No Rio, o partido recebeu 1% dos votos. Em São Paulo, nem isso. Terminou 0,08 ponto à frente de Levy Fidelix, o homem do aerotrem. A ex-senadora ainda torce por um gol de honra em Macapá.

Paes foi punido pela arrogância. Com a máquina e a Olimpíada nas mãos, insistiu em lançar um candidato acusado de agressão à ex-mulher. Como se esperava, o pupilo foi espancado nas urnas. Depois do fiasco em casa, o prefeito foi riscado das listas de presidenciáveis. Se o Estado do Rio sobreviver a mais dois anos de PMDB, ainda poderá sonhar com a cadeira de governador.
Herculano
04/10/2016 21:35
FORÇA DAS RUAS SE CONVERTEU EM VIT?"RIA NAS URNAS, por Kim Kataguiri, coordenador do Movimento Brasil Livre, para o jornal Folha de S. Paulo

Tenho visto muitos analistas políticos falando sobre a força do antipetismo nas eleições de 2016. É fato que o PT perdeu 60% das prefeituras e, em São Paulo, a maior capital do país, o partido nem conseguiu disputar o segundo turno, mas as urnas mostram uma questão muito mais profunda.

A eleição de João Doria, por exemplo, representa mais do que uma mera consolidação do antipetismo das urnas. Ela mostra que a população se cansou dos quadros tradicionais da política, mas, ao mesmo tempo, não quer eleger um aventureiro qualquer. O discurso do tucano enfatizou tanto sua diferença em relação aos concorrentes como sua experiência no setor privado. Além disso, Dória fez questão de defender abertamente e sem nenhum receio privatizações e parcerias público-privadas, coisa que seus colegas de partido ainda evitam.

O desempenho das candidaturas de coordenadores do Movimento Brasil Livre também indica o mesmo. Oito candidatos a vereador se elegeram ?"três em capitais. Outros seis, na suplência, provavelmente irão assumir. Fernando Holiday (DEM) é o vereador eleito mais jovem da cidade de São Paulo, sendo um dos mais votados e com uma das campanhas mais baratas. Nenhum dos membros do MBL tinha ocupado cargos eletivos antes. Porém, os eleitores não os enxergaram como uma aposta, mas como a continuação de um trabalho que já vinha sendo feito nas ruas.

Há uma crise de representatividade que independe do antipetismo. O repúdio não é apenas contra o PT, é contra os velhos discursos demagógicos que prometem mundos e fundos para o eleitor, mas que não podem ser postas em prática. O eleitorado entendeu que as promessas de milhões de hospitais e escolas são absolutamente vazias. Mais: a população se cansou do velho "rouba, mas faz". Nunca houve tanta intolerância com a corrupção. Há um claro anseio por um novo discurso, um discurso responsável, um discurso possível, um discurso liberal.

Essas eleições mostraram que a população não se cansou apenas de um partido, mas de um método de governo. E elas devem servir como norte para Temer deixar de ser tão hesitante e conduzir com firmeza reformas estruturantes e necessárias, como a trabalhista e a previdenciária.

Esse desenho também deve guiar os partidos para a eleição presidencial de 2018. Aqueles que tomaram as ruas pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff querem continuar a mudança nas urnas. Não basta que o candidato seja antipetista; ele tem de possuir um programa de governo que esteja de acordo com os novos anseios da população. Aqueles que aspiram à Presidência da República que se preparem: esse programa, sem dúvidas, passa pelo liberalismo.
Aurélio Marcos de Souza
04/10/2016 13:35
Herculano Boa Tarde.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou na manhã desta terça-feira (4) as notas por escola da edição do ano passado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem 2015), para mim o melhor indicador de como anda a educação em nosso país.

A melhor media do país ficou com o Objetivo Colégio Integrado de São Paulo com 751,29, já a melhor média de Santa Catarina e da Associação Educacional Luterana de Bom Jesus - IELUSC de Joinville com média de 631,86 na posição de nº 333º, e já em Gaspar na posição de nº 3.086º vem o Colégio Universitário com a média de 556,39, todos privados.

Cabe aqui destacar que o colégio público mais bem colocado é a Escola Básica Feliciano Nunes Pires de Florianópolis com média de 564,09, em Gaspar a Escola Educação Básica Frei Policarpo na posição de nº 5.851º com média de 517,05.

A coisa tá feia mesmo, a educação pública esta de mau a pior.


Sidnei Luis Reinert
04/10/2016 12:03
Lula em apuros: Com ciúme da "bela" Juvândia, Rosemary promete contar tudo
Posted on 3 de outubro de 2016 by CristalVox


O "afair" de Luis Inácio Lula da Silva com Rosemary Noronha já causou ao ex-presidente, inúmeros constrangimentos. O principal deles, foi a constante "gozação" dos amigos mais íntimos sobre a " beleza" de Rose. Não cansavam de "zoar", atribuído a amante do presidente o apelido de semi-bruxa ou "Maga Patalógica" personagem dos quadrinhos de Disney. Os bastidores palacianos são "mordazes" nesses segredos íntimos.

Pelo "oceano" diário de informações trazidas pelo Antagonista, surge a figura da "bela" Juvândia Leite". Tratada como celebridade entre os empreiteiros, a bancária número UM de Lula passou, após Rosemary cair em desgraça, a frequentar as mais altas rodas sociais dos novos ricos de São Paulo. Isso é Fato! Consta em email encontrado em um smatphone de Marcelo Odebrecht, missiva eletrônica onde Juvândia é tratada como a mais "nova paixão" do AMIGO.



Mas o pior está por vir. Mulher legítima, àquela do papel passado, é tolerante e compreensiva por natureza. Antes de qualquer rompimento, pensa nos filhos, no patrimônio e no tempo em que esteve ao lado do consorte?

Já a AMANTE TRAÍDA, tem poder balístico igual ou superior ao "exocet", àquele foguete usado na guerra do golfo, capaz de destruir tudo que está ao seu redor, num raio de 50 metros. Rosemary é um "exocet duplo". Tem na memória, todas as movimentações ilegais e não republicanas comandadas pelo amigo ?" Amigo é codinome de Lula encontrado nas anotações da Odebrecht -.

Rosemary vai falar: Quando isso acontecer, Lula já estará acomodado na confortável pousada dirigida por Sérgio Moro em Curitiba ou terá fugido do Brasil.
Sidnei Luis Reinert
04/10/2016 11:39
O "Golpe" dado pelo eleitorado nos corruptos


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Mais de 25 milhões de brasileiros decidiram desafiar o nada democrático voto obrigatório e tomaram a decisão consciente de não aparecer para votar no primeiro turno das eleições municipais. Novamente, a clara e evidente bronca do eleitor com a corrupção promovida pelos desqualificados políticos profissionais é muito mal interpretada pelos "analistas". As pessoas não estão cansadas do sistema político. O que elas não agüentam mais é a estrutura estatal brasileira ?" a verdadeira causa do descontentamento.

Ao se rebelar contra a obrigatoriedade de sair para votar, uma parcela expressiva do eleitorado brasileiro aplicou, literalmente, um "golpe" naqueles que corrompem a natureza da essencial atividade Política. Até o Presidente Michel Temer foi forçado a admitir, na Argentina, com toda sinceridade, que o eleitorado ausente transmitiu um recado que deveria ser escutado, respeitado e acatado. O problema é que a grande mídia amestrada e a politicagem profissional preferem fazer uma leitura equivocada sobre o fenômeno. Como de costume, pregam aquilo que é conveniente para a manutenção do capimunismo tupiniquim: meras reformas, e não mudanças de verdade.

Vale repetir por 13 x 13: A mudança estrutural Política é urgente urgentíssima. Fim do voto obrigatório, implantação do voto distrital e distrital misto, fim da ditadura cartorial dos partidos, permitindo livres candidaturas avulsas de cidadãos. Votação eletrônica, porém com recontagem obrigatória por voto impresso. Redução do número de vereadores, deputados e senadores. Racionalização da máquina pública que serve aos eleitos. Adequação de gastos com todo esse pessoal da "política profissional". Acompanhamento transparente sobre a atuação dos políticos, usando a tecnologia disponível nas redes sociais. Possibilidade de "recall" para eleitores impedirem os políticos que infringirem as leis.

Eis as mudanças estruturais fundamentais. A atual classe política prefere não adotá-las. Caberá aos segmentos esclarecidos da sociedade aumentarem a pressão pelas mudanças, atacando os corruptos. O foco tático tem de ser na mobilização pelo fim do foro privilegiado para políticos que cometem crimes comuns ?" que não têm nada a ver com a garantia da liberdade de expressão parlamentar. Os bandidos na politicagem não agüentam pressão forte e objetiva. Bater neles, neutralizá-los e derrubá-los é a prioridade das prioridades.
Herculano
04/10/2016 11:16
COMO PENSAM OS INTELECTUAIS QUE DEIXARAM O REDE, PARTIDO DE MARINA, DEPOIS DO FRACASSO NAS ELEIÇÕES DE DOMINGO

A decisão de apoiar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff também foi alvo de críticas do ex-integrantes do partido. Eles disseram que o Rede se aliou ao movimento que entregou o governo ao PMDB a políticos envolvidos da Operação Lava Jato, comprometidos em aplicar políticas "radicalmente contrárias" ao que acreditaram ser os valores da sigla. "Por mais desastroso que fosse o governo Dilma (e o era) e por piores que fossem os crimes perpetrados por políticos do PT (e muitos deles o foram concretamente), o fato é que não foram esses os motivos que pautaram o processo de impedimento."

Resumindo. Roubar, pode, desde que seja para os seus. Os adversários devem ir para a cadeia como diz a lei. Administrar desastrosamente a coisa pública também pode, desempregar milhões também pode, sacrificar as pessoas com achatamento salarial, falta de acesso à saúde pública e tantas outras coisas, também pode, desde que os incompetentes continuem no poder e empregados, com altos salários pagos pelo pobre empobrecido.

Triste. Muito triste.
Antonio Pedro
04/10/2016 10:20
Maria,o VILAND BORK era prefeito e dono da Câmara de Vereadores de Luiz Alves, mandava e desmandava. Para ti ver até o contador da câmara de vereadores tinha uma assessoria contábil paga pela própria câmara, para ajuda-lo a fazer a contabilidade da câmara. E claro sem falar que também mandava no jornaleco da cidade. Tomara que o Marquinho tire a sujeirame debaixo do tapete.
Maria
04/10/2016 10:05
Bom dia Herculano.
Para quem dizia que em Luiz Alves o povo de bem não tinha chance de mudar a equipe que perpetuava por 16 anos, se surpreenderam. Foram mais de 60% dos votos pela mudança, então para alguns de Ilhota que achavam que o prefeito daqui era tão bom, não se iludam. o povo quer transparência, não adianta encher a prefeitura com pessoas para trabalharem somente em época de eleição porque não cola mais. É uma pena que em Luiz Alves não tenha um Jornal ou rádio com credibilidade. Abraço e parabéns ao povo de Luiz Alves.
Eleitor do Santa Terezinha
04/10/2016 09:58
Infeslimente deichamos o nosso bairro novamente sem vereador. Mas gostaria de parabenizer o meu candidato LELO PIAVA, um candidato que fez de sua campanha uma amostra do que deveria ser a política em Gaspar e no Brasil, com propóstas, dignidade e muito carisma. Quero parabenizar também a familia dele que esteve nas ruas deste bairro mostrando um pouco mais da sua educação. E por fim quero agradecer aos 498 votos, que com migo confiaram neste garoto.
Herculano
04/10/2016 09:50
O ANTIPETISMO, por Carolina Bahia, para o jornal Zero Hora, da RBS Porto Alegre

Movimento contra o Partido dos Trabalhadores definiu o primeiro turno

Embora o PMDB de Michel Temer tenha liderado o processo do impeachment de Dilma Rousseff no Congresso, o eleitor ainda enxerga o PSDB como o grande opositor do PT. O primeiro turno das eleições municipais é marcado pelo antipetismo e, ao mesmo tempo, pelo crescimento importante das candidaturas tucanas. Enquanto o PSDB consegue aumentar em 15% o número de prefeituras ?" e conquista São Paulo ?", o PT perde em torno de 59%. Uma tragédia para o partido da estrela, que só vai conseguir juntar os caquinhos se reconhecer os próprios erros e se reorganizar. O sonho da cúpula do PMDB é romper essa polarização para ser uma opção viável na próxima eleição presidencial. Com exceção de Estados onde PMDB e PT são tradicionais adversários, como o Rio Grande do Sul, essa ainda não é uma realidade. Até 2018, há um longo caminho pela frente. Uma candidatura peemedebista está ligada ao sucesso do governo Temer. Mas, por enquanto, o antipetismo nacional tem pena e bico de tucano.

ZAP-ZAP
Deputados da base de apoio do governo no Congresso estão sendo bombardeados por mensagens no WhatsApp sobre a PEC do teto de gastos. Essa é uma das maneiras encontradas para convencer quem ainda resiste à aprovação da medida.

BOM DIA!
Um grupo de deputados indecisos sobre a votação da PEC do teto dos gastos também foi convidado para um café hoje pela manhã, na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) e o relator da proposta, Darcísio Perondi (PMDB-RS), estarão no encontro.

DESEMBARQUE
Se depender do ex-deputado Beto Albuquerque, o PSB aproveita o resultado das eleições e anuncia o desembarque do governo Temer. Integrante da executiva nacional da sigla, Beto argumenta que o partido precisa ser oposição para consolidar a candidatura própria para 2018. O PSB, hoje, está no Ministério de Minas e Energia.

CARONA
O ex-ministro Ciro Gomes deve desembarcar em Porto Alegre para participar da campanha da chapa Sebastião Melo (PMDB) - Juliana Brizola (PDT) à prefeitura da Capital. Ele pretende se candidatar à Presidência da República pelo PDT e aproveita a eleição municipal para consolidar a imagem.
Herculano
04/10/2016 09:48
UM RECADO NAS URNAS, por José Casado, para o jornal O Globo

Arrisca-se ao papel de tolo quem ver nos resultados de domingo a morte da política. Generosos, os eleitores deram ao Congresso uma nova chance para mudanças.

No país do voto obrigatório, o protesto dos eleitores contra o sistema político-partidário que está aí ficou explícito ontem naquilo que se convencionou chamar de não voto.

A soma do absenteísmo com votos nulos e brancos pode ser considerada uma fotografia da grave crise de representatividade. Ficou acima de 25% em 11 das 26 capitais.

O recorde foi em Belo Horizonte e no Rio: 43% dos eleitores da capital mineira e 42,4% dos cariocas negaram seu voto. O "não" também prevaleceu em Aracaju (38,9%), São Paulo e Porto Alegre (38,3%), Natal (36,7%) e Porto Velho (36,6%).

No Rio, a negativa do eleitorado (42,4%) ficou próxima da soma de votos (45,9%) dos candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), que vão ao segundo turno.

A fuga dos eleitores, medida pela abstenção, cresceu 39,7% em São Paulo, 38% em Porto Alegre e 35% no Rio, em relação à eleição de 2012.

Os resultados aceleraram a liquefação partidária. O PMDB foi derrubado no Rio e em São Paulo. A maioria paulistana rejeitou Marta Suplicy, uma escolha do presidente Michel Temer.

O PMDB fluminense mergulhou numa luta fratricida. Alguns anunciam que, em público, não pretendem apoiar ninguém, mas já discutem vantagens de uma discreta "ajuda" ao candidato do PSOL no segundo turno.

É jogo de alto risco. A premissa é a de que, ganhando, o PSOL precisaria renegar promessas e compromissos para conseguir governar a cidade do Rio, sob risco de falência municipal em quatro anos.

Assim, acham, seria possível usufruir de efeitos colaterais no médio prazo. Num deles, a neutralização da aliança do senador Marcelo Crivella e do ex-governador Anthony Garotinho para a futura disputa pelo governo estadual. Outro seria a exposição da atual administração municipal ao desgaste das "devassas" do PSOL, fragilizando o prefeito Eduardo Paes na pré-campanha para 2018.

Os aliados de Paes discutem alternativas, entre elas a migração para o PSDB.

A múltipla dissolução de projetos nas urnas abala, também, alicerces do PT, da Rede e do PCdoB.

No PT o alvo é Lula, que sequer conseguiu reeleger o enteado como vereador no seu bunker eleitoral, São Bernardo (SP). A contestação está inflada desde domingo.

Rede e PCdoB amargam uma crise de identidade. Tem origem comum: a persistência de alguns parlamentares em caracterizar seus partidos como uma espécie de "puxadinho" do PT no Congresso e submeter essa aliança ao crivo das urnas, numa temporada marcada por investigações sobre corrupção em governos do PT.

Ontem, houve renúncias nos diretórios da Rede no Rio e em Porto Alegre. Numa ironia, a dissidência debitou a derrota eleitoral na conta de Marina Silva, embora ela não fosse responsável por candidaturas e alianças, e tivesse apoiado o impeachment de Dilma.

Arrisca-se ao papel de tolo quem quiser ver nos resultados de domingo a morte da política. Abatidos nas urnas foram o voto obrigatório e a fragmentação partidária. Generosos, como sempre, os eleitores deram ao Congresso uma nova chance para mudanças.
Herculano
04/10/2016 09:46
ELEIÇÃO ENTERRA O GOLPE, por Eliane Cantanhede, para o jornal O Estado de S. Paulo

Para o governo, derrota do PT é derrota da tese do 'golpe' e do 'Fora, Temer'

Amanhã, três dias depois do primeiro turno da eleição municipal, o presidente Michel Temer cumprirá uma agenda discreta, mas cheia de significados: vai ao Supremo Tribunal Federal pouco antes das 14 horas, quando são abertas as sessões, para uma cerimônia sóbria e rápida em homenagem à Constituição de 1988, que completa 28 anos.

Como político experiente, três vezes presidente da Câmara, Temer tem o lombo curtido, suporta bem os ataques e costuma ter respostas curtas e diretas para elas. Mas, além de político, ele é professor de Direito Constitucional e, se algo o tira do sério, é a acusação recorrente da oposição e dos movimentos petistas de que o impeachment foi golpe e ele é golpista. A ida ao Supremo amanhã, portanto, será um ato de fé, uma reverência à Constituição.

Na avaliação governista, o pior do discurso do "golpe", do "golpista" e do "Fora, Temer" passou junto com o primeiro turno, que não apenas ratificou o pleno funcionamento da democracia brasileira como deu a vitória a partidos da base de Temer ?" PSDB, PSD e PSB, por exemplo ?", e imprimiu uma derrota acachapante aos que insistem nessas palavras de ordem e são os alvos mais vistosos da Lava Jato.

O PT perdeu a joia da coroa, São Paulo, perdeu os anéis em Belo Horizonte e perdeu os dedos no Rio, onde nem sequer apresentou candidato. Também não deslanchou em Salvador, acabou em terceiro em Porto Alegre, fez feio em praticamente todo o Nordeste, viu escorregar das mãos quase 60% das atuais prefeituras e ficou abaixo de 20% no País inteiro. As raras exceções foram Rio Branco, onde venceu no primeiro turno, e Recife, onde disputa o segundo contra o PSB.

Quem ainda perdeu tempo falando em "golpe" e apresentando-se como candidato do "Fora, Temer" foi Marcelo Freixo, do PSOL, ora, ora, do Rio, onde a elite endinheirada acha chiquérrimo se dizer de "esquerda" e conseguiu a proeza de um segundo turno entre dois extremos: um senador da Igreja Universal do Reino de Deus e um deputado estadual do PSOL que é professor, um cara bacana, de um partido cheio de boas intenções, mas... terá competência, conhecimento, experiência para driblar uma crise monumental?

O Rio não é só o bunker da tese do "golpe", mas também um exemplo da crise econômica, a crise Dilma Rousseff, do estatismo e da folha de pagamentos impagável. Eduardo Paes, do PMDB, governou a cidade na Copa e na Olimpíada, deixa museus, uma melhor mobilidade urbana, um centro restaurado e equipamentos esportivos de ponta, mas sai com a popularidade baixa e não fez o sucessor. Aliás, nem emplacou Pedro Paulo no segundo turno.

Como a política é campo fértil para teorias conspiratórias, comenta-se em Brasília que não fazia sentido Paes insistir em um candidato acusado de bater em mulher e que, talvez, maquiavelicamente, ele quisesse sair de fininho, deixando uma bomba para explodir nas mãos de adversários como os dois Marcelos, Crivela e Freixo. Nessa análise, seja quem for o eleito no dia 30, as contas e o próprio Rio vão fatalmente explodir...

Raramente uma eleição municipal deixou tantas lições: a gritaria do "golpe" já deu o que tinha de dar, a crise engoliu atuais (Lula à frente) e futuros líderes petistas (Haddad, Fernando Pimentel, Jaques Wagner...), o PSDB é o principal beneficiário do desastre do PT e Geraldo Alckmin larga na frente para 2018, mas o grande vitorioso foram a abstenção e os votos branco e nulo.

Por fim, o perfil que emerge para 2018 é de empresário que se diz "não político". Com a vitória espetacular de João Doria, deixou de ser crime, pecado e impopular ser rico. Lula até já poderia comprar triplex e sítio sem enganar ninguém e sem medo de perder a aura de "pobre" e de "homem do povo". Agora, porém, é tarde demais.
Herculano
04/10/2016 09:44
A VOZ DO SILÊNCIO, por Miriam Leitão, para o jornal O Globo

Vinte e cinco milhões de brasileiros não compareceram para votar. Isso é uma população maior do que a da Austrália. Além disso, há os votos brancos e nulos, que só nas capitais somaram 3,7 milhões. O silêncio dos que não quiseram escolher nas eleições precisa ser ouvido. Sempre há eleitores que preferem ficar à parte, erram no momento do voto ou anulam, mas um dos recados de domingo foi o desalento.

O eleitor tem toda razão de estar descontente. Há muitos motivos para desilusão, e o país está no meio de uma crise entre representantes e representados. No mundo inteiro, há desencanto com os processos políticos tradicionais. O poder está encastelado, dominado por oligarquias partidárias, sem capacidade de entender a velocidade de transformação do mundo atual. No Brasil, há tudo isso e mais o que temos sabido nos últimos anos das tenebrosas transações dos políticos para financiar suas campanhas e, em muitos casos, enriquecer pessoalmente.

A democracia brasileira precisa ouvir esse silêncio. A alienação eleitoral formada por esses ausentes e pelos votos nulos e brancos chegou a 43,14% em Belo Horizonte. Minas sempre foi estado em que se debate política de forma acalorada. O desinteresse é preocupante. Os índices chegaram a 42% no Rio, 38% em São Paulo e Porto Alegre. Na média do Brasil, ficou em 30%.

As urnas deste fim de semana deram vários recados ao Brasil. Um deles foi endereçado ao PT. A derrota do partido foi enorme e foi nacional. Se sua direção continuar falando aos militantes com o mesmo discurso autocomplacente de que é vítima das elites, da mídia, do Ministério Público e do Juiz Sérgio Moro, não sairá do lugar. O militante pode se sentir muito confortado com a explicação persecutória, mas o mais eficiente do ponto de vista político-eleitoral é a análise sincera do problema. O PT precisa de autocrítica e de estratégia de superação e renovação. O risco é achar que basta terceirizar suas culpas, encontrando um inimigo externo, e esperar que uma nova candidatura de Lula resgate o partido da crise.

O PT foi o protagonista de vários escândalos políticos recentes, principalmente os maiores ?" Mensalão e Lava-Jato. Foram para a prisão três dos últimos tesoureiros e ex-ministros poderosos. O ex-líder no Senado do último governo foi preso por ordem do Supremo e fez uma devastadora delação premiada. Está evidente que culpar os inimigos não explica os fatos. Não é o único partido envolvido com os escândalos de corrupção, mas foi atingido em cheio.

Além disso, o partido que nos governou por mais de 13 anos levou o país à mais devastadora crise econômica das últimas décadas, com 12 milhões de desempregados. A soma dos escândalos políticos e da desorganização econômica é forte demais. Diante disso, o PT foi o grande derrotado nestas eleições. Não vai superar o momento culpando os outros por erros que cometeu.

Mas a crise entre eleitores e políticos vai além da decepção com um partido. O desalento é em relação aos políticos em geral. A sensação é de que estão todos envolvidos com os escândalos, de uma forma ou de outra. Além disso, há uma fadiga em relação a um sistema político ineficiente, com partidos demais, que pouco se diferenciam uns dos outros, e com a falta de prestação de contas ao eleitor do que os representantes fazem no exercício do mandato.

Não haverá uma única reforma que enfrente todos estes problemas, mas o Brasil deve se dedicar a aperfeiçoar o sistema político e melhorar a democracia. Deixá-la ser ameaçada pelo desinteresse dos cidadãos pode ser o mais perigoso dos caminhos.
Herculano
04/10/2016 09:43
A VOLTA DA CARETICE, por Arnaldo Jabor, para o jornal O Estado de S. Paulo

Fala-se muito em esquerda e direita, mas nos esquecemos da 'caretice'. Para além das posições políticas, se instala agora num mundo uma espécie de paralisia mental, um medo do novo em meio a uma infinita tempestade de informações que a revolução digital despeja sobre nós. Essa convivência ambígua angustia as pessoas e a tendência no ar é de um conformismo defensivo, uma recusa a uma escolha ideológica: é a caretice, o amor ao fixo, ao já conhecido.

Eu estava em Londres em 1967, quando saiu o Sargent Pepper dos Beatles. Havia em King's Road uma espécie de comício nos olhares, uma palavra de ordem flutuando no vento, "blowing in the wind", como cantava o Bob Dylan. O mundo careta tremia, ameaçado pelo perigo do comunismo e pela descrença alegre que os hippies traziam.

A revolta da caretice começou nos anos 1980. Seu prenúncio foi a morte de John Lennon, assassinado por um psicopata. Foi o sintoma inicial.

Depois, nos anos 1990, com o fim da Guerra Fria, pareceu-nos que os Estados Unidos iam derramar pelo mundo seu melhor lado: a democracia liberal ?" pois achávamos que a liberdade era inevitável, quase uma necessidade de mercado. Com o fim espantosamente súbito da União Soviética e com a chegada de Bill Clinton ao poder, tivemos realmente uma década de modernização e de entusiasmo com o futuro. Mas essa alegria se esvaiu aos poucos ?" os efeitos colaterais do fim da Guerra Fria estavam só começando, como, por exemplo, o advento terrorista.

Com a chegada dos republicanos ao poder com Bush, a caretice internacional se revigorou. Essa máfia de psicopatas queria se vingar do desprezo que sofreu nos anos 60, se vingar do vexame de Nixon e Watergate, se vingar dos Beatles, dos Rolling Stones, dos negros, da liberdade sexual que sempre odiaram. Imaginem Bush, Karl Rove ou Rumsfeld diante de um Picasso, ouvindo "free jazz". Eles nos deixaram a "herança maldita": o mercado global insensato, a destruição do Iraque, o Afeganistão, o Ocidente como cão infiel do Oriente.

Hoje, a política mundial virou um balé impotente, com a razão humilhada e ofendida, para desespero dos que acreditavam num futuro iluminado. Num primeiro momento, isso nos dá o pavor do descontrole racional sobre o mundo: "Ah... que horror... o humano está se extinguindo, a grande narrativa, o sentido geral das coisas...".

Está se formando uma nova vida social, sem finalidade; no entanto, isso poderá ser muito interessante em sua estranheza. A velha ideia de harmonização da vida, uma visão abrangente do mundo ficou impossível. O mundo se fragmentou em arquipélagos. Tudo se passará aqui e agora, sempre. Há um enorme presente. O passado será chamado de "depreciação". É tudo muito novo, tudo muito gelatinoso ainda, com a morte das certezas totalitárias ou individualistas. Configurou-se o vazio do "sujeito", enquanto descobrimos nossa dolorosa finitude, que sempre tentamos esquecer. Mas o que será considerado importante? Será que houve a morte da "importância"? Ou ela seria justamente esta explosão de conteúdos e autores? O "importante" seria agora o quantitativo? Não sei; mas, se tudo é "importante", nada o é. No entanto, a grande perda de Sentido pode ser "revolucionária".

Nunca tivemos tantos criadores, tanta produção cultural enchendo nossos olhos e ouvidos com uma euforia medíocre, mas autêntica. Há uma grande vitalidade nesse cafajestismo poético, enchendo a "web" de grafites delirantes. Talvez esse excesso de "irrelevâncias" esteja produzindo um acervo de conceitos "relevantes", ainda despercebidos. Talvez esteja se formando uma nova força vital, uma nova produção de subjetividade, um agente formador de crescimento no mundo que ainda não está claro. Não sei em que isso vai dar, mas o tal "futuro" chegou; grosso, mas chegou.

A rapidez dessas mutações nos dá frio no estômago, mas a vida mesma dará um jeito de prevalecer e talvez esse atual fantasma que assombra os metafísicos esteja nos libertando de antigos "sentidos" tirânicos, trazendo uma nova forma de aventura existencial e social, justamente por causa da desorganização da "ideia única". Sistemas éticos ou racionais surgirão dos microchips, da tecnologia molecular e não o contrário. Essa é a caricatura: as orelhas vão tender para celulares; os olhos, para telas de cristal líquido; e os cérebros, para chips com bilhões de gigabytes, todos feitos no Silicon Valley.

A descrença na política aumentou, as religiões estão florescendo e o irracionalismo (mesmo disfarçado de sensatez) resistirá bravamente; mas talvez os avanços científicos possam um dia dissolver os fanatismos e as massas submissas a deuses. Sempre haverá o desumano; o pós-humano existirá? Creio que o "humano" vai prevalecer sempre, para além de uma ficção científica metafísica.

Os jovens de hoje querem alcançar uma forma de identidade alternativa e não almejam mais o "Poder", que está em mil pedaços. Há uma aceitação do mundo como algo irremediável, mas sem conformismo. Antes, lutávamos contra uma realidade complexa, sonhando com utopias totalizantes. Era o "uno" contra o "múltiplo". Hoje, é o contrario; a luta é para dissolver, não para unir; luta-se para defender o vazio, o ócio possível, luta-se para proteger o "inútil" da arte, o que não seja "mercável". Desunificando-se em forma de uma grande esponja, em vazios, em avessos, em buracos brancos que vão se alargando, à medida que a ideia de o tecido da sociedade "como um todo" se esgarça. Não há mais "células de resistência"; apenas "buracos de desistência". Agora, os novos combatentes não sonham com o absoluto; sonham com o relativo. E isso pode ser o novo rosto da humanidade se formando. Desculpem o "papo-cabeça", mas creio que um tempo diferente de tudo que conhecemos já começou. Intelectuais deliram com tempo pós-humano. Mas a própria ideia de "pós" já é antiga. De qualquer forma, talvez o tal "pós-humano" seja interessantíssimo, até divertido. Será que vamos viver dentro de um videogame planetário? Não sei..., mas é mais estimulante do que o melancólico lamento pela razão que não chega nunca...
Herculano
04/10/2016 09:06
NÃO TEM JEITO. POLÍCIA FEDERAL ESTÁ NAS RUAS MIRA PT NA BAHIA E OAS


Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Bela Mwgale, da sucursal de Brasília. A Polícia Federal deflagrou nesta terça (4) a Operação Hidra de Lerna, que investiga um grupo criminoso responsável tanto pela possível prática de financiamento ilegal de campanhas políticas na Bahia quanto por esquemas de fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades.

Entre os alvos estão a construtora OAS, também investigada na Lava Jato, o diretório do PT na Bahia e a empresa de comunicação Propeg.

A ação cumpre 16 mandados de busca e apreensão. Em razão do foro por prerrogativa de função de alguns investigados, foram todos deferidos pela Ministra Maria Thereza Rocha de Assis Moura, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

A casa do ex-ministro das Cidades Mario Negromonte (PP) também é alvo de buscas. A sede do PT na Bahia foi isolada para evitar que o local fosse foco de manifestações.

A Hidra de Lerna deriva de três colaborações premiadas feitas no âmbito da Operação Acrônimo, já homologadas pela Justiça e em contínuo processo de validação pela Polícia Federal. Tem como origem dois novos inquéritos em tramitação no STJ e cuja distribuição entre os ministros da corte ocorreu de forma automática.

A PF suspeita que os esquemas investigados realizassem triangulações com o objetivo de financiar ilegalmente campanhas eleitorais, para isto a empreiteira sob investigação contratava de maneira fictícia empresas do ramo de comunicação especializadas na realização de campanhas políticas, remunerando serviços prestados a partidos políticos e não à empresa do ramo de construção civil.

Em outra direção a PF pretende investigar a ocorrência de fraudes em licitações e contratos no Ministério das Cidades.

O nome Hidra Lerna remete à figura da mitologia helênica, que ao ter a cabeça cortada ressurge com duas cabeças. A Operação Acrônimo, ao chegar a um dos líderes de uma organização criminosa, se deparou com uma investigação que se desdobra e exige a abertura de dois novos inquéritos.

OUTRO LADO

Em nota, o Ministério das Cidades disse que não recebeu nenhuma notificação sobre a operação da Polícia Federal. "Em poder das informações, a pasta terá condições de avaliar do que se trata e capacidade de instaurar, imediatamente, processos administrativos disciplinares para investigar a denúncia."

A nota afirma que o Ministério das Cidades vai colaborar "com todas as informações necessárias para garantir eficiência e transparência na aplicação dos recursos citados".
Herculano
04/10/2016 07:08
DEPOIS DO LULOPETISMO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

O PT descobriu da forma mais dolorosa quem é "sem voto" no País

O PT descobriu da forma mais dolorosa quem é "sem voto" no País. A devastadora derrota em escala nacional do lulopetismo no pleito municipal constituiu mais um aval político ao impeachment de Dilma Rousseff ?" se isso ainda era necessário ?" e joga definitivamente por terra a teoria do "golpe" contra as instituições democráticas. O resultado das urnas demonstra, da forma mais democrática possível, a vigorosa rejeição dos brasileiros a um projeto de poder que jogou o País na profunda crise que hoje enfrenta. Seria imprudente, no entanto, tentar extrair da voz das urnas mais do que ela contém. Ela não sinaliza muito mais do que o repúdio ao passado e não aponta claramente um novo rumo político, perspectiva embaralhada pela enorme fragmentação político-partidária refletida no resultado geral das eleições de domingo.

O pleito municipal tende a concentrar o debate eleitoral em questões locais, o que efetivamente ocorreu em todo o País. Mas as circunstâncias especialíssimas em que essas eleições se realizaram abriram espaço para um viés de nacionalização da disputa que, ironicamente, foi imposto exatamente por aqueles que se tornariam os grandes derrotados.

Sem nenhuma credibilidade para obter votos por meio da apresentação de propostas concretas de gestão das cidades, o PT e seus caudatários da esquerda decidiram recorrer, na reta final da campanha, ao apelativo discurso do "golpe" e do "Fora Temer", um presidente, segundo eles, "sem voto" ?" além, é claro, dos 54 milhões que o elegeram vice na chapa de Dilma Rousseff. E é claro que repercutiu também no pleito municipal o fato de a Operação Lava Jato estar chegando, depois de dois anos e meio de investigações, aos principais responsáveis pelo maior surto de corrupção no governo de que o País tem noticia. Cenário em que se anuncia o protagonismo de Luiz Inácio Lula da Silva em tenebrosas transações.

O Brasil sai das eleições municipais, portanto, demonstrando muito bem o que não quer, mas também sem deixar claros os caminhos que vislumbra daqui para a frente. Isso talvez se explique em parte pelo fato de que os dramáticos eventos dos últimos dois anos tiveram o efeito de provocar um sentimento geral de perplexidade.

Do ponto de vista político-partidário essas eleições oferecem indícios de que pode estar em curso uma nova configuração. De modo geral, como desdobramento inevitável da derrocada petista, percebe-se o debilitamento da esquerda em benefício da centro-direita, fenômeno para o qual a habitual imprevisibilidade do comportamento do eleitor do Rio de Janeiro abriu uma exceção.

O PMDB, maior partido brasileiro e atualmente no poder, elegeu o maior número de prefeitos, colhendo os frutos da enorme capilaridade que lhe é proporcionada por sua condição peculiar de federação de grupos de interesses diversos e frequentemente conflitantes. Mas teve que enfrentar o ônus da compreensível impopularidade do presidente Michel Temer, o que manteve o partido fora da disputa em metrópoles maiores e mais politizadas como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. O crescimento do PMDB em todo o País, contudo, foi proporcionalmente menor do que o do PSDB e do PSD.

O PSD de Gilberto Kassab, partido que "não é de esquerda, nem de direita, nem de centro", na célebre definição de seu criador, foi a legenda que elegeu o terceiro maior número de prefeitos. Beneficiou-se, assim, da falta de compromisso de seus candidatos com tudo o que não signifique voto certo, característica populista das velhas raposas da política brasileira. Tornar-se um PMDB é a grande ambição do PSD e de outras legendas populistas que se aglutinam no novo Centrão do Congresso Nacional.

A contundente vitória de João Doria no primeiro turno em São Paulo e o bom desempenho dos tucanos nas principais cidades do interior paulista e em outros Estados sinalizam o potencial fortalecimento do PSDB para as eleições presidenciais de 2018. Até o próximo pleito presidencial, porém, há no caminho dois anos cruciais em que o desempenho da economia vai ditar o comportamento do eleitor brasileiro. A este, no momento, interessa apenas saber quem terá ou não competência para botar ordem no caos criado pelo finado PT.
Herculano
04/10/2016 07:06
É A ECONOMIA, por Hélio Schwartsman, para o jornal Folha de S. Paulo

Foi uma eleição muito estranha, cheia de surpresas e reviravoltas. Não estamos, porém, desbravando um planeta desconhecido. Permanecem alguns pontos fixos no panorama político.

O mais sólido deles é que a economia importa. O partido cujo governo nos lançou na maior recessão da história, o PT, sofreu uma derrota contundente. No pleito de 2012, elegera 644 prefeitos. Agora, obteve 256 municipalidades e participará de sete segundos turnos. Se vencesse em todos, ficaria com 263 - queda de 59%. Passa de terceira maior legenda em número de prefeituras para décima. O PT também perde em total de votos recebidos, capitais governadas, vereadores e receita que administrará.

É verdade que o envolvimento do partido em escândalos de corrupção também ajuda a explicar a derrota, mas, como o desempenho de outras siglas tão ou mais comprometidas do que o PT na Lava Jato não piorou tanto, é lícito supor que a economia foi mais decisiva, como, aliás, já ensinavam James Carville e a maioria dos modelos de previsão eleitoral.

Com o encolhimento do PT, abriu-se um nicho ecológico a ser ocupado por outras forças. O maior beneficiado foram os tucanos, que poderão experimentar um crescimento de até 16% no número de prefeituras, sem mencionar que João Doria levou São Paulo no 1º turno. Partidos menores, notadamente PRB, PCdoB, PHS e PTN, também ganharam.

No momento, boa parte dos analistas aponta Geraldo Alckmin como grande vitorioso, por ter bancado a candidatura de Doria mesmo contra os baluartes do PSDB. É inegável que o governador paulista sai fortalecido, mas me parece precipitado projetar o hoje para 2018. A única coisa certa é que a situação política permanece instável e que será a economia que dará as cartas daqui a dois anos. Ou o processo de estabilização fiscal estará caminhando, o que lançará novos atores, ou terá fracassado, o que poderá, no limite, até redimir o PT.
Herculano
04/10/2016 06:59
ELEITORADO PUNE LULOPETISMO E POLÍTICOS, editorial do jornal O Globo

Os esquemas de corrupção montados pelo PT atraíram a ira dos eleitores, e o alto índice de abstenções, votos nulos e brancos é sinal de uma irritação mais ampla

Nas inevitáveis listas de "vitoriosos" e "derrotados" nas eleições de domingo, conquistaram, com louvor, lugar de destaque o governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, na coluna dos "ganhadores", por ter emplacado a sua criação, João Doria, na prefeitura da capital, logo no primeiro turno, e, na turma dos "derrotados", a dupla Lula-PT, atropelada pelas urnas. O feito de Alckmin não é pequeno. Retirou do bolso o nome de João Doria, empresário bem-sucedido do ramo de eventos, com passagem no longínquo governo do tucano Mário Covas na prefeitura paulista, e o impôs a caciques da legenda. No racha, o vereador Andrea Matarazzo, de longa quilometragem no PSDB, aspirante a candidato, perdeu a disputa interna para Doria, desfiliou-se, foi para o PSD e compôs chapa com a ex-petista Marta Suplicy, no PMDB.

O resultado da vitória retumbante de João Doria (53,3%) é que Alckmin ganha musculatura para disputar o Planalto em 2018. Pelo PSDB ou não. Contra o projeto do presidente do partido, Aécio Neves, cujo candidato à prefeitura de Belo Horizonte, João Leite, foi para o segundo turno. Uma vitória, porém menos vistosa.

A derrota do lulopetismo foi assombrosa, para a legenda e seu carismático líder. No primeiro turno, o PT ganhou apenas uma prefeitura de cidade com mais de 200 mil habitantes, Rio Branco, Acre, com Marcus Alexandre. Até sábado à noite ?" falta a rodada do segundo turno ?", o PT era o décimo partido no ranking do número de prefeituras. Havia ganhado em 256 cidades, tendo perdido o controle de 374 que conquistara em 2012.

Uma derrota avassaladora, agravada pelo fato de o principal adversário, o PSDB, neste primeiro turno, ter praticamente mantido seu peso entre as cidades com mais de 200 mil habitantes ?" de 15 em 2012, passou para 14. Ao todo, os tucanos ganharam 791 prefeituras, 105 a mais que em 2012. Perdeu apenas para o PMDB.

O lulopetismo foi, além da capital, também varrido do chamado "cinturão vermelho" da Grande São Paulo, marca do PT. Esperava-se, e de fato veio, o troco do eleitorado à legenda, devido à desfaçatez com que o lulopetismo, em nome da "causa", assaltou o Tesouro por meio da dilapidação de estatais (Petrobras, Eletrobras) e fundos de pensão de funcionários de companhias públicas. Com o inevitável enriquecimento de companheiros. O próprio Lula está enredado na Lava-Jato.

Outro alvo do eleitorado foi o próprio político. Por isso, Doria avançou no eleitorado paulistano como fogo morro acima, e pela primeira vez desde a redemocratização alguém ganhou na maior cidade brasileira no primeiro turno. Era invariável a maneira do candidato se apresentar: "Não sou político, sou gestor".

Sintonizou-se com o movimento de rejeição da classe política, refletida em elevados índices de abstenções, votos brancos e nulos. No Rio, o bloco dos três foi de 42,5%, quase a soma do vitorioso Crivella e Freixo, a dupla do segundo turno. Ainda no Rio, a abstenção foi a maior desde 1996. Em números absolutos ultrapassou a votação de Crivella. Já os nulos e brancos ganharam dos eleitores do Freixo.

Outro resultado dos números de domingo é que, enquanto a crise na representação política torna o eleitor cada vez menos interessado em votar, ficam mais urgentes mudanças que reduzam a pulverização de legendas.
Herculano
04/10/2016 06:57
APOS DERROTAS, LULA DEFENDE "CARA NOVA" PARA PRESIDENTE DO PT

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Marina Dias, da sucursal de Brasília.Pressionado por aliados a assumir o comando do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende "uma cara nova" para o lugar do atual presidente do partido, Rui Falcão, após a derrota acachapante que o petismo sofreu nas eleições deste ano.

Segundo a Folha apurou, conselheiros próximos a Lula são contrários à ideia de que ele seja alçado à presidência do PT em 2017 e têm convencido o ex-presidente de que ele precisa se dedicar à sua defesa na Lava Jato e à elaboração de um novo projeto para a esquerda do país.

Lula, que já defendeu o nome do ex-ministro Jaques Wagner (Casa Civil) para o posto, mas desistiu diante da negativa do aliado, tem dito que é preciso "renovar" a direção petista o quanto antes para "reconectar" o PT com outros campos da esquerda, como movimentos sociais, sindicais e partidos políticos.

Diante do cenário sombrio e ainda sem nenhuma grande estratégia definida para o futuro, a cúpula petista convocou uma reunião da executiva nacional para quarta-feira (5), em Brasília, com objetivo de discutir as eleições internas e os rumos diante da maior crise enfrentada pela legenda.

Mesmo com as sinalizações negativas de Lula, dirigentes petistas vão insistir na tese de que o ex-presidente deve assumir o comando do partido, defendendo que esse é um "momento excepcional".

De acordo com Florisvaldo Souza, Secretário de Organização do PT, até mesmo o atual presidente do PT defende essa ideia. "Acho que a vontade do Rui [Falcão] é pelo Lula", afirmou à Folha.

Além de traçar um calendário para as eleições internas, que devem acontecer no início do ano que vem, o encontro da cúpula petista servirá para fazer um balanço sobre a disputa municipal -na qual o PT perdeu cerca de 60% das prefeituras em relação a 2012 e passou de terceiro para décimo lugar entre os partidos com melhor desempenho.

Em 2012, o PT elegeu 644 prefeitos e este ano o número despencou para 256, além dos sete que ainda disputarão o segundo turno.

Frente ao que dirigentes da sigla chamaram de "tsunami", petistas defendem um "debate interno" e uma "autocrítica" para reorganizar o partido e tentar fazer com que o PT chegue com algum fôlego na disputa de 2018.

A ideia é "assumir" erros cometidos nos últimos anos sobre financiamento de campanha e a falta de empenho para reformas estruturais como a política e a trabalhista.

"O partido precisa passar por um profundo debate, é hora de revitalizar todas as suas instâncias, reformular estratégias, porque não estamos mais no governo, somos oposição e, como oposição, vamos agir e estabelecer metas de médio e longo prazo", afirmou Florisvaldo.

POLÊMICAS

Apesar da defesa de Lula por um nome novo no comando do PT, um dos argumentos de quem pede o ex-presidente à frente da sigla é que não há alternativa entre os quadros petistas.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) foi cogitado por alguns dirigentes, mas descartado diante do que lulistas consideram uma "emergência" que "só será resolvida" por Lula.

Outro foco de divisão interna é a antecipação do PED (Processo de Eleições Diretas), que deveria acontecer em novembro. Enquanto Lula e Falcão, além de setores da esquerda e do centro petista, defendem que a eleição interna seja feita em março, durante o congresso antecipado do partido, integrantes da CNB, corrente interna majoritária, querem que o congresso apenas marque a data do PED, para maio, e discuta mudanças no estatuto do partido, para fortalecer e qualificar a direção.
Herculano
04/10/2016 06:54
ABSTENÇÃO NÃO REVELA CRISE DE REPRESENTATIVIDADE PORCARIA NENHUMA! QUERO REFORMA POR OUTROS MOTIVOS, por Reinaldo Azevedo, de Veja.

Aliás, eu defendo voto facultativo. As abstenções seriam certamente maiores. Esse papo de crise é conversa mole de autoritários de vários matizes.

"Devo registrar uma preocupação: acabei de verificar um número imenso de abstenções, votos em branco e nulos , o que revela o que ouso dizer 'a indispensável necessidade' de uma reforma política do país, algo que penso que o Congresso Nacional deva cuidar com muita propriedade."

A fala acima é do presidente Michel Temer ao chegar ao Paraguai nesta segunda para sua primeira visita bilateral. Está acompanhado dos ministros José Serra (Relações Exteriores), Raul Jungmann (Defesa), Alexandre de Moraes (Justiça) e Marcos Pereira (Desenvolvimento, Indústria e Comércio). Parlamentares também acompanharam a comitiva da viagem, que começou pela Argentina. O presidente já está de volta.

Vamos lá. Eu sempre tenho receio quando se fala em reforma política sem que se diga o que se quer. Temo ou pelo amor ao perfunctório ou pelas atitudes desastradas. A barbaridade da proibição da doação de empresas a campanhas decorre, de fato, uma decisão do Supremo, mas é bom lembrar que a ideia prosperou, sim, no Congresso à esteira do moralismo burro que alguns tentaram colar à lava-jato. Esse moralismo boçal é sempre o túmulo da moral. Faz muito barulho e não serve pra nada. Obtém sempre resultados contrários àquilo que diz pretender.

Muito bem! As abstenções, votos nulos e votos brancos, quando somados, apontam para um número elevado, sim. Eu quero fazer reforma política, já disse. Acho que é preciso implementar o parlamentarismo com voto distrital. Mas eu quero mais: também reivindico o voto facultativo. Se votar é um direito que tenho, não posso ser punido se não exercê-lo. Isso é uma estupidez. O voto obrigatório numa sociedade democrática é uma excrescência.

Por que digo isso? A abstenção nunca foi tão alta? Pois é?Não obstante, o país nunca foi tão democrático. Como é que ficamos, então? Eu quero fazer uma reforma política, sim, mas não é para levar nem mais nem menos pessoas paras as urnas. Eu a defendo porque considero que o parlamentarismo com voto distrital cria melhores condições de o cidadão vigiar o poder e porque o modelo pode nos proteger contra crises. Ou melhor: um governo inepto ou ladravaz pode cair sem ameaça de crise institucional.

No tempo da ditadura, os eleitores compareciam quase religiosamente para votar ?" menos para prefeitos de capitais, governadores e presidente ?", e, no entanto, por óbvio, a democracia não vivia crise nenhuma porque democracia não havia. Acho que Temer falou aquilo que sabia que queriam ouvir. Imaginem se ele diz: "Ah, esse negócio de abstenção não tem a menor importância".

Então ficamos assim: a reforma política é, sim, importantíssima, mas não porque o poder enfrenta uma crise inédita de legitimidade como se diz por aí. Precisamos mudar porque o que temos é ineficiente. E eu insisto que uma reforma decente tem de contemplar o voto facultativo. E a abstenção será certamente maior do que hoje.

O digníssimo cidadão tem o direito de não querer participar da escolha desde que não reivindique o direito de desrespeitar a lei.

Simples.

O resto é papo de direitista autoritário, de esquerdista autoritário e de otário autoritário, uma categoria crescente e barulhenta.

Presidente Temer, tome a iniciativa de reunir os líderes políticos para tratar do parlamentarismo. Não seja apenas mais um cronista nesse debate. Já os temos em excesso.
Herculano
04/10/2016 06:43
AP?"S ELEIÇÃO, ESQUERDA VIVE O APOCALIPSE E DIREITA, A RESTAURAÇÃO, por Mário Sérgio Conti, no jornal Folha de S. Paulo

Os que acham que os resultados do domingo beneficiarão beltrano ou sicrano nas próximas eleições deveriam consultar quem sabe tudo sobre previsões: Eduardo Campos. Ele era um candidato fortíssimo ao Planalto até tomar aquele malsinado jatinho para Santos.

Prever a política é fazer política. É projetar a vitória presente no futuro, decretar que o tempo se congele e 2018 será semelhante a 2016. Além de desprezar o imponderável, é negar a matéria mesma da política, a possibilidade de mudar os dias de hoje e os que virão.

Na hora alta do PT, há menos de dois anos, não faltou quem previsse que o partido ficaria mais três mandatos no poder. A profecia, funesta para os tucanos, fez com que eles sustentassem que a presidente era ilegítima, e em seguida agissem para destroná-la. A resposta à derrota pode moldar o futuro mais do que a vitória.

O Brasil não está condenado a ser Pindamonhangaba ?"onde, aliás, Alckmin foi duplamente derrotado no domingo: o candidato tucano e uma sobrinha do governador perderam a prefeitura para um candidato apoiado, entre outros, pelo PC do B.

Os homens fazem a sua história, diz a sentença outrora célebre, mas não a fazem segundo a sua livre vontade, não a fazem em circunstâncias da sua escolha, e sim naquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.

As circunstâncias com as quais nos defrontamos estão marcadas pelo tropel dos quatro cavaleiros do apocalipse. O primeiro deles derrubou Dilma no laço. O segundo atropelou a esquerda eleitoralmente. O prestes a relinchar inviabilizará os investimentos por duas décadas. O quarto cavaleiro mandará a idade da aposentadoria para as calendas.

Para a direita, os quatro cavaleiros anunciam não o final dos tempos, mas a Restauração. Imposto até o fim, seu programa empurrará a nação 30 anos para trás, invalidará o que foi feito para os pobres a partir de 1988. Para quem já vem levando no lombo, o sacrifício vale a pena porque o Brasil ficará um brinco.

Virá gente de fora para ver as contas públicas; a jornada de 12 horas; o macro-entusiasmo dos rentistas; a eficácia do micro-Estado; septuagenários gramando na roça sem essa moleza de aposentadoria; os mortadelas, por definição preguiçosos e corruptos, devidamente enjaulados. Seremos uma grande empresa ?"com patrão eleito, uma seleta casta de parlamentares e uma massa de funcionários comemorando a conciliação.

Para a esquerda, a paisagem é ainda pior. Ela não tem projeto, nem método, nem liderança; e o passado recente lhe oprime o cérebro como um pesadelo. Meia dúzia de prefeituras, de Araraquara a Rio Branco, não configura um ponto de apoio capaz de impulsioná-la.

O PSOL, caso venha a eleger Marcelo Freixo prefeito do Rio no segundo turno, parece acanhado diante das tarefas práticas e teóricas que o aguardam. Mas ele é, de fato, das poucas coisas que restaram da ruína da esquerda. Quanto ao PT, ele precisa provar que está vivo e é capaz de reagir.

Poderá começar a fazer isso nesta quarta, quando a sua direção nacional se reunirá. Se o partido se colocar, mais uma vez, na exclusiva condição de vítima, dificilmente conseguirá fazer frente aos dias difíceis que virão.

Se reconhecer lisamente que o segundo mandato de Dilma foi uma catástrofe, e começar a debater porque isso aconteceu, terá alguma chance de ser ouvido e, quem sabe, de voltar a servir de instrumento aos desvalidos.
Herculano
04/10/2016 06:32
MP NO TCU PEDE A REJEIÇÃO DAS CONTAS DE DILMA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Parecer de 69 páginas do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União lista 17 graves razões para a rejeição das contas do governo Dilma Rousseff relativas a 2015. Dilma repetiu as "pedaladas" que estiveram entre os motivos para a rejeição unânime de suas contas de 2014. O parecer, assinado pelo procurador-chefe Paulo Bugarin, analisa e rejeita cada uma das alegações da defesa da ex-presidente.

ILEGALIDADES
O MP do TCU identificou ilegalidade em operações de crédito no Plano Safra, do Banco do Brasil e no PSI, a "bolsa empresário" do BNDES.

RAINHA DAS PEDALADAS
Em 2015, o governo Dilma também escondeu dívidas junto ao Banco do Brasil, Caixa e BNDES. Até pagou dívidas com dinheiro do FGTS.

IMPEACHMENT AO QUADRADO
Dilma pagou dívida até com dinheiro do Fundo Nacional para a Criança e Adolescente (FNCA), que a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe.

MAIS UM IMPEACHMENT
Se não bastassem as malversações de 2014, os crimes reiterados nas contas públicas em 2015 justificariam um segundo impeachment.

DILMA AFUNDOU O GÊNERO: CAIU O Nº DE PREFEITAS
O governo desastroso de Dilma Rousseff (PT) não resultou apenas em seu próprio impeachment e na derrota histórica do PT, nas eleições de domingo (2): fez o Brasil retroceder ou ao menos paralisar no processo de ocupação de cargos públicos por mulheres: em 2008, foram eleitas 504 prefeitas, que saltaram para 664 em 2012. Analistas atribuem ao "desastre Dilma" a queda para apenas 637 mulheres eleitas em 2016.

COTA NÃO AJUDOU
Apenas 11,6% dos 5.506 municípios serão chefiados por mulheres, apesar da "cota" que obriga partidos ao mínimo de 30% de candidatas.

APROVEITAMENTO PIOROU
O número de prefeitas eleitas caiu quase 5%, apesar do aumento na quantidade de candidatas, 2.026 em 2012 contra 2.148 este ano.

O MELHOR É BAIXO
A maior representação feminina é no Rio Grande do Norte: 28,1% dos eleitos domingo são mulheres. O pior resultado é capixaba: 5,4%.

O ELEITOR É SÁBIO
A eleição de domingo puniu o PT, que virou sinônimo de corrupção, e fez murchar o poder de políticos que não vão reaparecer no Congresso com a maior pinta de "podem falar o que quiserem, o povo me apoia".

PARTIDO PEQUENO
O resultado das eleições foi pior que o PT imaginava. Esperava eleger metade dos 644 prefeitos eleitos em 2012, mas foram só 256. PSDB e PMDB elegeram mais de mil, cada. O PT virou partido pequeno.

MINHA BOQUINHA, MINHA VIDA
Impedido por Lula de disputar a prefeitura do Recife contra Geraldo Júlio (PSB) em 2012, João Paulo virou "tábua da salvação" do PT, que alega a necessidade de "absorver" a militância que perdeu boquinhas.

PERIFERIA GOLPISTA
Tucanos ironizam o PT, celebrando a impressionante vitória de João Doria Jr em São Paulo. O PT perdeu inclusive na periferia da cidade. "Pobres não gostam de ladrões", alfinetam nas redes sociais.

ENCOLHEU
Candidatos de Renan Calheiros (PMDB) a prefeito em Maceió e nos oito maiores municípios de Alagoas foram derrotados. Ele até evitou os palanques, para não "queimar" os aliados, mas foi inútil.

PERDEU, CHOROU
A vitória do prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), com 46,86% dos votos, fez o rival Cícero Almeida (PMDB) ir para casa "chorar", segundo segredaram pessoas próximas ao candidato de Renan Calheiros.

VISÃO DO PT
O PT demonstra como aprecia a democracia. Além de ter se recusado a promulgar a Constituição, em 1988, o partido acredita que só não houve golpe em Rio Branco (AC). Nas demais capitais, o PT perdeu.

RIO BRANCO DEU PT
Ao saborear a derrota do PT no domingo, o admirado cientista político Paulo Kramer, que a anteviu, tascou no Twitter: "Para a minha felicidade ser completa, só falta o Brasil devolver o Acre para a Bolívia".

PERGUNTA NO ABC
Após não conseguir eleger nem mesmo o filho vereador em São Bernardo, o ex-presidente Lula ainda se acha o rei da cocada preta?
Herculano
04/10/2016 06:29
da série: o petismo, o comunismo, a esquerda não se emenda. Levou uma surra, mas insiste que quem perdeu foram outros e que não tem culpa de que os brasileiros estão desanimados com os políticos. Cinismo permanente para enganar a si mesmos, além dos analfabetos, ignorantes e desinformados.

AVERSÃO À POLÍTICA SAIU VITORIOSA DO PROCESSO ELEITORAL, por Vanessa Grazziotin, senadora, PCdoB-AM, para o jornal Folha de S. Paulo

O Brasil que saiu das urnas no domingo (2), embora o processo eleitoral ainda não esteja concluído, não apresenta qualquer surpresa. Seu DNA é compatível com as forças políticas que há um mês promoveram o golpe parlamentar, conforme observou o próprio ministro Lewandowski: "foi um tropeço da democracia" - ou seja, um golpe.

Penso, a priori, que o grande vitorioso desse processo eleitoral não foi nenhum partido político ou candidato, mas sim a aversão geral pela política, expressa nas abstenções, nos votos em branco e nulos e nos candidatos que, cinicamente, se autoproclamaram "apolíticos". O somatória desse fenômeno alcançou um percentual significativo da população brasileira. Superou 30% no Rio de Janeiro e São Paulo. Fato inédito no Brasil.

Tal resultado nos leva a concluir que a velha tática da direita de depreciar a política e, sobretudo, as forças progressistas que se opõem ao sistema capitalista, tem dado resultado.

O xadrez é simples. Promovem uma ação de "desmoralização" dos partidos de esquerda, tentando passar a ideia de que são eles os responsáveis pela corrupção. E aproveitam-se de uma crise cíclica do capitalismo para tomar de assalto o governo que, aliás, não conquistaram nas últimas quatro eleições.

Vejam quão impressionante é a capacidade de manipulação. Distorcem a realidade a partir do momento em que terceirizam a responsabilidade de todas as mazelas econômicas e sociais e conseguem colocar no colo de quem sempre combateu esse sistema a responsabilidade e a culpa por tudo isso, quando são eles os verdadeiros responsáveis pela crise econômica e pela corrupção.

Por outro lado, temos que reconhecer que, além das limitações impostas às forças progressistas, houve também uma sequência de erros e equívocos, que carecem ainda de uma análise mais profunda.

Mas o Brasil real, fruto dessa reviravolta política e do avanço das forças antidemocráticas, conservadoras e neoliberais, só será sentido de fato pela população brasileira nos próximos meses, quando avançarem as reformas que, lamentavelmente, golpearão em cheio os avanços sociais, os direitos dos trabalhadores e o Estado enquanto estrutura que busca combater e enfrentar as desigualdades.

O que vivemos domingo foi somente o desfecho de uma etapa da longa luta pelos espaços de poder, cujo objetivo é a implementação de diferentes projetos de país.

A máscara dos que hoje comemoram não tardará a cair. Basta que avancem as reformas que pretendem implementar no país, cujas vítimas serão nossa gente e o próprio país enquanto nação democrata, soberana e justa com a maioria de sua gente.
Herculano
04/10/2016 06:23
DEPOIS DA SURRA, TUDO É VELORIO PARA O PETISMO, por Josias de Souza

Desde que trocou o tino político pelos confortos de sua ex-presidência, Lula passou a ser movido por uma desastrosa autoconfiança. Na véspera da eleição, ele fez a defesa inconsciente do voto útil. Parecia decidido a convencer o eleitor a tomar qualquer decisão, desde que desse uma surra no PT. Lula foi a um comício do candidato petista à prefeitura de São Bernardo do Campo. E declarou o seguinte:

"Você que ouviu tantas vezes nos últimos anos a Rede Globo de Televisão agredir o PT, a imprensa criminalizar o PT, eu queria fazer um apelo pra vocês, homens de bem, mulheres de bem, trabalhadores e trabalharadoras: amanhã, na hora de votar, é importante vocês saberem que urna não é lugar pra depositar ódio ou preconceito. Urna é lugar pra depositar esperanças e sonhos?"

O contrário do antipetismo que Lula supõe existir no noticiário é o pró-petismo reivindicado por ele ?"um sentimento inocente, que aceita todas as presunções do PT a seu próprio respeito. Isso inclui concordar com a tese segundo a qual os petistas têm uma missão especial no mundo, de inspiração divina e, portanto, inquestionável.

Como qualquer religião, o petismo pode cultivar seus dogmas. Mas o desembaraço autocrático de Lula tem limites. Discurso que agride a realidade, trata a plateia como imbecil. E se a surra de domingo ensinou alguma coisa é que o brasileiro já não está disposto a avalizar a pretensão petista de ser uma potência ética, que só deve contas à sua própria noção de superioridade e ao seu destino evangelizador.

À beira da urna, Lula escancarou a impostura. Alguém que acaba de se transformar em réu por corrupção e lavagem de dinheiro, depois de 13 anos em que o Estado foi saqueado pelo seu partido e pelos esquemas que o acompanharam no poder, e ainda consegue ostentar a pose de vítima da imprensa ou é um cínico ou é um distraído. Em nenhum dos casos é um líder político que mereça respeito. Levou o PT à derrota até em São Bernardo, seu berço político.

A declaração de Lula -"Urna não é lugar pra depositar ódio ou preconceito. Urna é lugar pra depositar esperanças e sonhos" - talvez seja citada no futuro como um resumo da ópera petista, como uma apoteose da incapacidade do PT de compreender o vexame em que se converteu. A reação das urnas foi compatível com a dimensão da ofensa.

Em certos momentos, o desalento pode ser justificável. O que ninguém aguenta mais é a esperança sem causa. O eleitorado ensinou a Lula que urna é lugar para depositar consciência. No Brasil, a eleição é loteria sem prêmio, é a ilusão de que é possível começar tudo de novo, do zero, para ver se finalmente dá certo. O voto vem se revelando um equívoco renovado a cada quatro anos. O eleitor pelo menos decidiu cometer erros novos.

Depois da surra de domingo, tudo é velório para o petismo. Aquele partido imaculado de outrora cometeu suicídio. O cadáver do ex-PT pode inspirar o surgimento de outro PT. Mas isso depende da disposição de Lula e de seus discípulos de protagonizar um gesto de contrição.

Uma expiação mais rápida teria feito bem ao PT. Mas o partido ainda não se deu conta de que o arrependimento é a última serventia do crime. A julgar pelo silêncio pós-eleitoral de Lula e do resto da seita, o PT talvez só descubra os prazeres do remorso depois que a autocrítica não adiantar mais nada.
Herculano
04/10/2016 06:21
A DERROCADA DO PT, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Seja devido ao impacto devastador que a Operação Lava Jato tem provocado em figuras proeminentes do petismo ?"a começar do ex-presidente Lula?", seja por causa do desastroso governo Dilma Rousseff, nada marcou mais as eleições municipais deste ano do que a derrota acachapante do PT.

Partido mais sufragado em 2012, com 17,3 milhões de votos para prefeito, o PT caiu para a quinta posição nesse quesito, com 6,8 milhões, atrás de PSDB, PMDB, PSB e PSD.

Generalizada, a perda de apoio se traduziu em expressiva redução no número de cidades lideradas por petistas. Se a legenda saíra do ciclo de 2012 com 644 prefeituras, atrás apenas de PMDB e PSDB, agora despencou para 256, desempenho pior que o de nove siglas.

Com isso, o eleitorado governado pelo PT na esfera municipal encolheu de 27,6 milhões para 4,4 milhões. Nem se imagine que o segundo turno modificará substancialmente esse quadro. Embora a agremiação esteja em 7 das 55 disputas em aberto, seu candidato mal tem chances na principal, Recife.

Para completar a derrocada, pela primeira vez o partido ficou de fora do segundo turno na eleição paulistana. E mais: com os 16,7% do prefeito Fernando Haddad, o PT teve seu pior resultado ao disputar o comando de São Paulo ?"até então a marca pertencia a Eduardo Suplicy, com 19,7% em 1985.

Se na maior cidade do país registrou-se o fracasso mais eloquente do PT, aqui também se deu o maior êxito de seu rival. A vitória surpreendente de João Doria Jr, com 53,3% dos votos, simbolizou o sucesso do PSDB na disputa de 2016.

O fortalecimento tucano, contudo, foi muito além do quintal do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sem dúvida o nome que ganhou maior projeção nacional.

Nenhuma legenda conquistou mais votos para prefeito do que o PSDB. Foram 17,6 milhões de sufrágios (ante 13,9 milhões em 2012), com boa margem sobre os 14,9 milhões do segundo colocado nesse quesito, o PMDB (que tivera 16,7 milhões há quatro anos).

O número de municípios comandados pelo PSDB também cresceu, passando de 701 para 793 e podendo chegar a 812.

Embora nesse ponto a liderança do PMDB permaneça inconteste, com 1.029 prefeituras (1.017 em 2012), o partido do presidente Michel Temer pouco aproveitou o vácuo deixado pelo PT. Não apenas isso, a agremiação fracassou em São Paulo e Rio de Janeiro, o que indica os limites do Planalto.

Num cenário de descrédito dos políticos em geral, não surpreendem nem as altas taxas de abstenção verificadas em algumas localidades nem o avanço das siglas nanicas. Pelo que o desfecho das disputas municipais projeta para 2018, quase todos os partidos tradicionais têm bons motivos para rever práticas e costumes.

Nenhum, porém, tem mais motivos do que o PT, justamente aquele que mais se recusa a fazer verdadeira autocrítica - e aquele que, como mostrou a população, mais continuará definhando se não mudar.
Herculano
03/10/2016 19:45
ILHOTA EM CHAMAS. A MANCHETE PERDIDA

Ex-vereador após surra e derrota do partido nas urnas, tenta cortar com a foice, a cabeça de eleitor gozador e opositor.

Conhecido os resultados das eleições, o eleitor foi comemorar defronte frente da casa do ex-vereador. Saiu corrido. Atrás dele, o ex-vereador com uma foice nas mãos.

Ainda bem que o fato hoje é apenas uma história que a cada momento, ganha requintes e detalhes. Mas...
Herculano
03/10/2016 18:10
COMO CERZIR UM PAÍS? por Valentina de Botas

Tenho parentes que trabalham na rede municipal de ensino de São Paulo que me contam que a administração do PT questiona a separação dos banheiros entre meninos e meninas nas escolas públicas da cidade. Uma divisão que, no mundo cretino dessa gente, direciona a sexualidade das crianças ?" dos meninos para serem meninos, e das meninas para serem meninas. Outra das brutalidades burguesas, patriarcais, capitalistas, blablabla. O fim absurdo da separação é apoiada por grande parte dos professores e por toda a burocracia da Secretaria Municipal de viés ainda mais à esquerda do PT.

São Paulo tem 466 anos, Fernando Haddad, o poste que Lula conseguiu instalar em São Paulo com financiamento do Petrolão segundo a Lava Jato, degradou a cidade por 4 anos, com a mais brutal má gestão e equívocos celebrados pelo eixo PUC-USP-Vila Madalena e adjacências socioideológicas. Mas o que são 4 anos em 466? Muita coisa, pois não moramos num país, mas numa cidade. É onde se opera o cotidiano, onde tudo se particulariza e se encontra. É nela que nossos filhos começam a frequentar a escola e fazem os primeiros amigos, é nela que vamos ao cinema, ao restaurante preferido, àquela mostra de brinquedos antigos, ao mecânico de confiança. Ficam na cidade aquele prédio histórico, aquele parque com uma espécie rara de flor, o bar da moda e aquela livraria charmosa que queremos mostrar a amigos e parentes vindos de fora para nos visitar: a cidade é real como o "imaginário daquilo que imaginamos que somos"; o país é quase abstração; e, se ambos se transformam no tempo como tudo o mais, é na cidade que o tempo se revela a cada instante.

Desafio os artistas; os humoristas-a-favor de ladrão; as castas privilegiadas e ideologicamente dogmáticas encasteladas nas universidades e protegidas da crise por integrarem os grupos privilegiados do funcionalismo público do Estado patrimonial; os descolados-tipo-bacanas que ainda acham chique ser de esquerda, enfim, desafio toda essa gente que ainda cacareja o "fora, Temer" a encontrar apenas um pai e uma mãe com filhos até 14 anos (para ficar no limite de idade da alçada da prefeitura), habitantes do mundo exterior ao da pose-tipo-assim-descolada-esquerda-chique, favoráveis ao fim da separação dos banheiros nas escolas públicas.

Não só a Lava Jato e a crise econômica inédita levaram o eleitor a praticamente abolir o PT das prefeituras do país nestas eleições inesquecíveis de 2016 que o partido desejará esquecer, mas sobretudo o fato de a súcia e simpatizantes desconhecerem o país e insistirem em ignorar as necessidades desesperadoras dele para ver nele bandeiras que ainda lhe são estranhas, enquanto também desconhecem a gente de carne, osso, costumes e valores próprios que o habita além das envelhecidas cercas ideológicas e dos manuais vigaristas e embolorados. Entre as prioridades da educação brasileira ?" em qualquer nível ?" não está o uso do banheiro das meninas pelos meninos e vice-versa, e forçar a questão a ser uma questão dá a medida do autoritarismo do PT e do desprezo que o partido tem por nossos interesses legítimos e nossos problemas reais que deseja substituir pela própria agenda.

Entre outras considerações aparentemente sensatas, todos os analistas estão dizendo que Alckmin é o grande vencedor destas eleições e que se habilita para disputar a presidência em 2018, que ACM Neto será o próximo governador da Bahia e que o PT é o grande pequeno derrotado. Mas eu diria que perdeu o PT, digamos, expandido, aquele que aglutina os blocos do "fora, Temer" e que acusam o impeachment de tropeço da democracia brasileira ?" esta mesma que conseguiu ficar de pé apesar de o ministro Ricardo Lewandoski ter chutado seu pilar, a Constituição, na presidência do julgamento que a protegeu, ao contrário do que ele diz.

Perdeu estas eleições quem olha para o Brasil de 2016 que anseia pelo futuro e vê um país coagulado no mundo extinto da guerra fria e da ditadura militar. A nação quer se arejar, a população mostrou isso hoje ao repelir o PT da gestão de onde a vida acontece ?" as cidades. Quando sai derrotado das eleições um partido que não a percebe como ela é, o grande vencedor é ela. Como cerzir um país? Não sei ao certo, mas desconfio que só é possível começar quando ele se livra daquilo que o impedia de começar.
Herculano
03/10/2016 18:08
ESTA ERA A MANCHETE DE ONTEM DO UOL. ALGUMA DÚVIDA POR AQUI?

Campanhas mais caras elegem ou lideram disputa em 17 capitais. Carlos Madero, de Natal, Rio Grande do Norte, escreve: Mesmo com a proibição das doações de empresas e a consequente redução do orçamento das campanhas, os candidatos que mais receberam doações se saíram bem nas urnas neste domingo (2) na maioria das capitais brasileiras, segundo levantamento feito pelo UOL nos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Herculano
03/10/2016 18:02
"NÃO QUEREMOS BANDIDOS DE ESTIMAÇÃO NA POLÍTICA"

Janaína Paschoal, uma das autoras do impeachment de Dilma, diz que a eleição deste domingo mostra cidadãos mais atentos à corrupção, por Márcio Juliboni, de O Antagonista.

O Brasil que sairá destas eleições municipais, cujo primeiro turno ocorre hoje, não será perfeito (longe disso), mas mostrará que a população não tolera mais a corrupção e as relações incestuosas entre o público e o privado.


A avaliação é da advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment que culminou na cassação de Dilma Rousseff. "Vivemos um processo de depuração e não vamos parar", afirma. "Queremos que a sujeira venha para cima do tapete." Veja os principais trechos da conversa:


O Financista: Nessa primeira eleição pós-impeachment, os eleitores estão realmente mais conscientes sobre temas como a corrupção?

Janaína Paschoal: Acho que sim, e uma prova é que os candidatos do PT e dos partidos que eram seus aliados foram os mais atingidos. Sempre digo que, quando Lula e Dilma apoiam um candidato, ele cai nas pesquisas na semana seguinte. Os eleitores estão mais maduros. Vi muita gente mais interessada no passado dos candidatos a prefeito e a vereador.

O Financista: Mas se trata apenas de uma eleição antipetista, ou de um movimento anticorrupção?

Janaína: Havia a expectativa de muitos políticos e do mercado que, uma vez que Dilma fosse cassada, as coisas se acalmariam. Mas não é isso que estamos vendo. Vivemos um processo de depuração e não vamos parar. Queremos que a sujeira venha para cima do tapete. Não queremos mais eleições fraudulentas. A população que foi às ruas mostra que o Brasil não quer se acomodar. Lembre-se de que a nossa frase sempre foi "caia quem tiver que cair". As pessoas não querem mais ter bandidos de estimação política.

O Financista: A senhora acha que os candidatos entenderam o recado?

Janaína: Sinceramente, achei os debates muito vazios. Eles continuam lançando propostas sem dizer como serão realizadas, na prática. De onde virá o dinheiro? Como será operacionalizado? Para falar coisas bonitas na televisão, até eu falo.

O Financista: Um Brasil menos corrupto passa também por um povo menos corrupto, não?

Janaína: Eu não acredito nesse mantra de que o brasileiro é corrupto. Acho que ele é, sim, muito subserviente, muito submisso. Eu mesma fui submissa por muito tempo. O povo acredita que quem tem poder pode fazer tudo. Mas o impeachment e a Lava Jato, com toda a mobilização popular provam que a cidadania tem força.

O Financista: Diante de tudo isso, qual é o Brasil que a senhora vê sair desta eleição?

Janaína: Eu ainda não tenho a esperança de que saia o Brasil que desejamos. Ainda há muito crime organizado, milícias e violência infiltrados na política. Os crimes mostraram isso. Mas, nesse primeiro pleito pós-impeachment, acho que haverá chance para partidos novos, que não estão envolvidos nesses escândalos. Acho que haverá renovação de vereadores. O povo está mais atento para a promiscuidade entre o público e o privado. Sejamos francos: tem muita gente que se diz de direita, no Brasil, mas que vive encostado no Estado. Critica o Bolsa Família, mas tem o Bolsa BNDES. Sou uma ferrenha defensora da livre iniciativa, e ela não é isso. Livre iniciativa é correr risco.
Herculano
03/10/2016 17:58
A PROVA DE QUE O PT NÃO POSSUI IDENTIDADE OU DE QUE A ESQUERDA QUE SE LAMBUZA NÃO É IDEOLOGICA, MAS FISIOLOGICA

Os petistas estão marcados. E a medida que o PT fica marcado como uma organização criminosa, ou pela incompetência administrativa da coisa pública, não gera polpudas boquinhas no aparelho estatal e ao mesmo tempo se enfraquece financeiramente, os que se lambuzaram mas não desistiram da lama, organizam-se em outras siglas.

A sigla preferida é o PSOL. É mais ideológica, é mais a esquerda, é mais atrativa a determinados jovens.

O outro preferido é o PCdoB, pelo fascínio do atraso. O PDT, que estampa o atraso populista do caudilho Leonel Brizola também é o refúgio de petistas que querem esconder seu passado e desejam militar politicamente. Neste campo dito progressista, a recém criada Rede, da ex-petista e camuflada Marina Silva, atrai uma outra parcela de petistas, que se dizem identificados com as causas ambientais.

Marginalmente, outros procuram partidos como PSTU e PCO. E o PT? Parece que vai ficar com a má fama e salvar a pele de quem o usou até aqui.
Herculano
03/10/2016 17:38
TERMINOU O CAÇA VOTOS NA CÂMARA

Hoje é dia de sessão da Câmara de Gaspar. Um dado curioso. Na pauta não há nenhum requerimento e indicação.

É que as eleições já passaram. Então já não é mais hora de pedir limpeza de bueiro, lombadas, limpeza, iluminação, patrolamento e tantas outras coisitas para o executivo e mostrar que pediu ou conseguiu da prefeitura para a comunidade.

Também eram muito comuns as notas de congratulações e pesares, bem como moções de todos os tipos para louvar qualquer coisa.

O PT era um hábil no uso desse expediente. E vale lembrar que o vice-prefeito eleito Luiz Carlos Spengler Filho, PP, é vereador; os candidatos a prefeito Marcelo de Souza Brick, PSD, e Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB, são vereadores; os candidatos a vice-prefeito, Giovânio Borges, PSB, e Charles Petry, DEM, são também vereadores.
Herculano
03/10/2016 17:29
SIC TRANSIT GLORIA PT, por Faveco Corrêa, para o Diário do Poder

A expressão "sic transit gloria mundi", atribuída ao monge agostiniano Tomás de Kempis (1418), cai como uma luva para a atual situação do PT. A se confirmarem as pesquisas de intenção de voto, o Partido dos Trabalhadores será varrido do mapa de todas as capitais brasileiras, exceção de Rio Branco, no Acre.

Segundo o Google, a frase era utilizada no ritual das cerimônias de coroação papal até 1963, quando o mestre de cerimônias, de joelhos diante do papa, dizia três vezes e em voz alta: "Pater Sancte, sic transit gloria mundi". Estas palavras dirigidas ao papa, serviam como lembrete da natureza transitória das honras terrenas

O PT, que imaginava que ouviria do povo brasileiro na sua "inexorável" vitória em 2018 "Pater Sancte Lula, sic transit gloria mundi", não acreditou nesta sábia expressão. Pensou que, uma vez tendo atingido o poder, jamais seria dele apeado. E que seu líder seria entronizado e mandaria para sempre.

Não é o que está acontecendo.

Presidanta impedida, muitos dos seus amigos e correligionários presos ou acusados de corrupção, a principal figura do partido, Luis Inácio Lula da Silva, o mesmo do tríplex no Guarujá e do sítio de Atibaia e que já é réu de dois processos, viu desmoronar o seu castelo de cartas. Haja vista o que aconteceu em Campinas, quando menos de 1.000 pessoas comparecerem ao seu ato de apoio ao candidato Marcio Poshmann, que muito provavelmente perderá para Jonas Donizete.

Marcio Poshmann é uma exceção, já que os candidatos do PT noutras capitais fogem de seus símbolos máximos como o diabo foge da cruz, tentando tapar o sol com a peneira e cuspindo no prato que comeram.

A ex-presidente Dilma foi ao Rio apoiar sua amiga Jandira Feghali e o que aconteceu? A candidata do PCdoB viu seus índices de preferência afundarem ainda mais. Jandira, que faz parte da tropa de choque da Dilma no Senado junto com Gleisi Hoffmann, que também é ré, e Lindbergh Farias, ainda por cima é mal educada. Em pleno debate proporcionado de graça pela TV Globo, acusou a emissora de ter "apoiado o golpe contra a democracia e contra uma mulher eleita". Uma grosseria sem tamanho, própria de uma pessoa radical que tendo perdido a sua causa perde também a compostura. Vai afundar ainda mais.

Em São Paulo não se viu o Lula participando de comícios em favor do seu poste Fernando Haddad, que está em vias de perder o importante reduto petista para o PSDB e correndo o risco de não ir nem mesmo para o segundo turno. Corre risco idêntico o candidato Celso Russomano, já que um vídeo no qual ele aparece dando apoio incondicional a Dilma em 2014 está bombando na internet.

Em Belo Horizonte, forte reduto petista, o candidato do PT tinha até quinta feira míseros 4% de intenção de voto.

Na minha terra, Porto Alegre, Raul Pont amarga um distante segundo lugar para Sebastião Melo (PMDB), e mesmo assim embolado com o brilhante deputado Nelson Marchezan Júnior (PSDB).

E assim vai pelo Brasil afora.

Talvez o melhor subproduto das eleições municipais de hoje seja o fim do PT. Os ideólogos do partido que diziam que o futuro da agremiação estaria intrinsecamente ligado ao sucesso do segundo mandato de Dilma tinham razão. O fracasso subiu-lhes à cabeça.

O próprio Lula disse recentemente que "não tem 2018 se a gente não tiver 2016". Tomara que ele esteja certo,

Tarso Genro, um dos mais prestigiado quadros petista, que perdeu a reeleição para o governo do Rio Grande do Sul em 2014, vaticinou que o PT só sobreviveria se se reinventasse. Esta reinvenção poderia até mesmo contemplar a mudança de nome do partido, deletando a sigla de duas letras do cenário político nacional.

O povo não vai esquecer dos desmandos da administração petista que jogaram o país na maior crise da sua história. Uma crise não só econômica, mas uma crise moral e ética sem precedentes, talvez com efeitos mais devastadores sobre a sociedade do que qualquer outra.

Estamos assistindo o ocaso de uma era que gostaríamos de esquecer.

Há um consenso entre analistas políticos que as revelações da justiça sobre o papel de liderança de Lula no esquema criminoso operado pelo Partido dos Trabalhadores serviram para demolir não só a base do partido como também a figura do ex-presidente, cujo peso eleitoral está virando pó.

Talvez ele agora, dentro da sua conhecida soberba, possa ter a humildade de reconhecer como é fugaz a glória do mundo.

Ele e seu partido, que está caindo aos pedaços, vítima de seus próprios erros e condenado pelas urnas.

Que o PT descanse em paz.
Herculano
03/10/2016 17:25
O DESASTRE PETISTA NO BRASIL

Está em 630 prefeituras, inclusive a maior e mais importantes de todas, a de São Paulo. Ficará com 256.
Herculano
03/10/2016 17:21
FRASE "VIAGRA FEZ MAIS PELOS HUMANOS QUE O MARXISMO" RESSOA ENTRE "HATERS", por Luiz Felipe Pondé, filósofo, para o jornal Folha de S. Paulo

Há alguns anos, na primeira vez que fui entrevistado no "Roda Viva" da TV Cultura (2011), disse uma frase que até hoje ressoa: "O Viagra fez mais pela humanidade do que 200 anos de marxismo".

Legiões de "haters", essa nova atividade nascida com as redes sociais, abominam essa afirmação e a tomam como "alienada". O "hater" é o irmão gêmeo do "loser" - a diferença é que o "loser" não é histérico.

De fato, pode parecer uma comparação absurda, mas ela é, na verdade, bastante séria em termos filosóficos, sociológicos e psicológicos.

Mas, antes, deixemos claro que o contexto era de crítica ao marxismo, óbvio. Mas não ao marxismo como método materialista enquanto tal. Considero o método materialista uma ferramenta, entre outras, bastante eficaz na análise da história e da sociedade.

O que considero delirante é sua dialética metafísica envergonhada em nome do "bem político": a história não está caminhando para lugar nenhum, e a violência entre as "classes" é parte da violência generalizada do mundo, sem foco, sem destino, seu causa "racional", e quem se diz a favor do "bem político" é só gente autoritária e mentirosa.

Os marxistas estão errados em sua análise histórica metafísica. O marxismo se tornou (não era) um cabide de emprego para professores e intelectuais medíocres em geral.

Prefiro métodos mais modestos, como o do filósofo Isaiah Berlin (século 20). O autor inglês dizia que você pode ser um porco-espinho ou uma raposa em matéria de método de estudo ou pensamento.

Porcos-espinhos, como Marx e Freud, pensam que uma ferramenta grandiosa, à qual dedicam suas vidas inteiras, pode iluminar o mundo todo, ou quase todo ele.

Raposas, como o próprio Berlin, são intelectuais "vadios" e "volúveis", como raposas que cheiram tudo e usam tudo que lhe é útil sem "fidelidades conceituais quaisquer" ou respeito pela "totalidade" de conceito algum.

Para uma raposa nunca se está chegando perto de alguma "verdade definitiva", nem em termos de método, nem em termos de objeto.

Considero-me mais uma raposa do que um porco-espinho, por isso considero o materialismo histórico essencial como análise de mundo, mas o "resto" profético marxista (o que de fato é pregado pelos seus apóstolos) em nome do "bem social dos mais fracos", parece-me um delírio metafísico infantil ou perverso.

E o Viagra com isso? Filosoficamente, diríamos que ele faz parte do espectro materialista bioquímico, "apenas". Trata-se de uma molécula, "apenas". Fruto da pesquisa farmacêutica.

Quando afirmo que ele fez mais pela humanidade do que 200 anos de marxismo, quero dizer que uma "mísera" molécula faz mais pela humanidade do que um monte de gente "bem-intencionada" masturbando-se intelectualmente a fim de atingir seu próprio gozo moral de "gente legal" com o mundo.

Cientistas trabalhando em troca de salários ajudaram muito mais a humanidade com sua "mísera molécula" do que os revolucionários da igualdade.

Sociologicamente falando, uma medicação é fruto do interesse em lucro da indústria farmacêutica, normalmente vista pelos bonitinhos como malvada e porca capitalista, enquanto o marxismo é um grupo de pessoas pensando para o "bem" da humanidade. E aí vem o susto!

Os porcos capitalistas e seus alienados cientistas fizeram mais pela humanidade do que 200 anos de gente bonitinha junta "rezando".

Psicologicamente falando, o Viagra é a prova de que o materialismo bioquímico pode causar transformações psíquicas e psicossociais, às vezes, mais determinantes do que teorias mirabolantes sobre o que fazer para as pessoas superarem um dia a dia esmagador e sem sentido.

Com isso, não quero negar o valor da psicanálise nem certos efeitos nefastos de alguns psicofármacos, apenas dizer que, às vezes, a simples recuperação de funções fisiológicas essenciais leva a vida "para o lugar certo" rapidamente, sem discursos sofisticados sobre o que vem a ser a vida psicológica sã.

Esse é um caso semelhante ao da pílula anticoncepcional e o feminismo. Sem a pílula, o feminismo seria uma mera seita, como o marxismo se tornou.

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.