Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

05/07/2017



A PROPAGANDA DESALMADA I
Ontem pela manhã, o secretário de Assistência Social de Gaspar, Ernesto Hostin, PSC, foi à rádio CBN Notícias, de Blumenau, ocupar o espaço comercial a quem tem direito lá. Ajudado pela entrevistadora escada, Ernesto foi lá dizer que estava terminado mais uma “campanha” para a arrecadação de quatro mil peças de roupas (incluindo lençóis, cobertores e cobertas) para distribuir aos necessitados daqui e ajudá-los a suportar os rigores do inverno. Um sucesso, segundo ele. Todavia, é pouco e nem este é o foco de um secretário da Assistência Social, numa cidade cheia de problemas nesta área, sendo Gaspar um dormitório de Blumenau. Qualquer entidade daqui e até mesmo as igrejas, incluindo as de denominação evangélicas da qual o secretário faz parte, mobilizadas e de forma voluntária, fariam igual ou melhor na performance. Não era necessário usar a caríssima estrutura da Secretaria. paga com os nossos pesados impostos, para arrecadar quatro mil peças de roupas, a maior parte delas usadas, para distribuir aos infelicitados pela sorte e oportunidades, fazendo ainda por cima, política partidária no gesto de distribuição, antes da caridade que mascara o pedido, o ato e o resultado nesses casos.

A PROPAGANDA DESALMADA II
Lá pelas tantas da entrevista marota, Ernesto se orgulhou de ter já tirado famílias e moradores debaixo das nossas pontes do Centro, deixadas lá pela desassistência social petista de Pedro Celso Zuchi. Ontem, segundo Ernesto informou, esse procedimento foi feito com o último dos moradores. Orgulho do que? Seis meses para uma operação aparentemente simples. E só foi feita nos últimos dias porque o secretário e a secretaria sofreram uma saraivada de questionamentos neste assunto na Câmara e aqui neste espaço? A propaganda é a alma do negócio, mas no governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, parece que a propaganda é feita exatamente para expor a carcaça desalmada, o que está desajustado, o que se atrasa. E não é de hoje. Quem mesmo é que cuida da comunicação e imagem desse governo? Amigos, curiosos, incompetentes ou adversários infiltrados?

A PROPAGANDA DESALMADA III
Sobre a apropriação indevida da verba de quase R$ 5 milhões que tirou do Fundo da Infância e Adolescência de Gaspar, Ernesto, o religioso, o cordeiro de Kleber, nada falou, também nada lhe foi perguntado no programa comercial escamoteado de jornalismo na rádio de Blumenau. Ernesto só não acabou com a obrigação da prefeitura em participar obrigatoriamente do Fundo com no mínimo de 1% da arrecadação municipal, porque esta coluna, o MInistério Público que cuida da Moralidade Pública, bem como o que cuida dos assuntos da Criança e Juventude, os vereadores, parte da população. Todos agiram e se indignaram contra esta impropriedade esperta de Ernesto, Kleber e Luiz Carlos para descobrir os vulneráveis, menores, aumentar o caixa para a farra pública, e depois “oferecer” cobertores doados pelos cidadãos para lhes cobrir do frio proposital. Não vou me alongar contra outros assuntos em curso e todos contra esses menores desassistidos pela Assistência Social e que será m motivo de outros comentários....E para completar, quem estava lá com o Ernesto na rádio de Blumenau para fazer dupla e dizer que também tem parte de responsabilidade nestas quatro mil peças de roupas arrecadadas? O coordenador da Defesa Civil daqui, o bombeiro militar Rafael Araújo Freitas.

A PROPAGANDA DESALMADA IV
Ou seja, Rafael ao invés de vender à recuperação de uma área vital e inexistente no governo passado (já comentei isso exaustivamente e não vou repeti-los), a Indefesa Civil, mas preferiu se associar a algo que todos sabem ser um cabideiro de emprego do prefeito a um amigo e ex-assessor, sem qualificação e conhecimento específico da área. Este fato já deu o que falar na cidade. Ainda bem que sobre Rafael, ainda pesa sobre ele, a áurea de um entendido no assunto. Rafael foi designado para ter áurea própria. Entretanto, escolhendo as bengalas para apoiá-lo como Ernesto, logo se descobrirá que lhe faltará apoio ou que não possui essa áurea técnica. Aliás, sobre o Rafael, ainda prefiro lhe dar a segunda chance. E para isso, recupero um comentário que estava guardado há semanas no arquivo, esperando à oportunidade. E ele próprio a permitiu.


A (IN)DEFESA CIVIL DE GASPAR I
O coordenador da Defesa Civil de Gaspar, o bombeiro militar Rafael Araújo Freitas, questionou-me há semanas (quando das ameaças de enchentes) à razão pela qual eu chamo a coordenadoria que ele toca de Indefesa Civil. Pediu-me para denomina-la, o que classificou de correta nas minhas notas, como Defesa Civil. Mas, conversa vai, conversa vem, concluímos que o que ele recebeu como herança do governo de Pedro Celso Zuchi, PT, não tinha nada a ver com Defesa Civil. Era algo nominado pomposamente para apenas dar autoridade à uma dissimulação que empregava amigos e familiares do poder de plantão da época. Ora se não há sequer o tal mapas das cotas, se não se sabe as ruas e imóveis que são invadidos nas referidas cotas em Gaspar, se não há um plano organizado de evacuação e mobilidade emergencial para enchentes e outras catástrofes, do que se está querendo se falar e designar como defesa coletiva dos civis de Gaspar? Então vamos por partes, pois andor, ainda é de barro (e podre).

(IN)DEFESA CIVIL DE GASPAR II
Rafael, todavia, tem toda a razão quando me diz que não foi ele quem criou esse quadro. Ele herdou depois de oito anos de governo petista. Entretanto, é e será Rafael responsável enquanto coordenador, o único técnico pelas reais possibilidades de revertê-lo. E quando fizer isso, a Indefesa Civil passará a ser Defesa Civil, tendo ela como missão comum, a proteção da sociedade num ambiente público, bem como coordenadora recursos, profissionais, ações e voluntários em situação dos estados emergências, sejam eles quais forem. Na língua portuguesa, na maioria dos casos, e este é o caso, o prefixo “in” significa à negação do sentido da palavra ao qual o prefixo precede. Ou seja, (in)defesa civil, e neste caso não usual na própria língua, tem o sentido de negar e ao mesmo tempo, por liberdade literária (ou linguística!) e até jornalística, chamar à atenção para um fato grave no setor público e a consequente desproteção que isso causa na sociedade que depende e a sustenta. É assim que se faz quando invoco alguns como “Acorda, Gaspar!”, “Samae Inundado”, “Loteamento das Casinhas de Plástico”, “Ilhota em Chamas”, Wake up, Brazil!”...

(IN)DEFESA CIVIL DE GASPAR III
Já relatei numa antiga coluna feita especialmente para o portal Cruzeiro do Vale, que houve progressos entre a primeira e a segunda ameaças de enchentes neste ano em Gaspar, principalmente no que tange à democratização da informação. Contudo, é pouco, falta muito ou quase tudo, ainda se avançou. É, verdadeiramente, também reconheço, desafiador. Os planos de Rafael, um técnico e não um mero curioso professor de educação física como tínhamos no passado, são, teoricamente, consistentes. Mas, à sua avaliação será, unicamente, prática, no dia da enchente, da enxurrada, do vendaval, do deslizamento, da catástrofe. As emergências e as catástrofes são reais, circunstanciais, diferentes entre si e locais, além de imprevisíveis. E Rafael como bombeiro militar que é, sabe do que escrevo.

(IN)DEFESA CIVIL DE GASPAR IV
As cotas de enchentes, segundo ele revelou, serão prioridades, ufa! Credibilidade delas é outra coisa que precisa ser verificada. Há outras ideias óbvias que Rafael quer ver implementadas. Entre elas, a de treinar os voluntários, assim como incutir nas escolas municipais, estaduais e particulares da cidade à consciência voluntária e atitudes diante das catástrofes que se avizinham como cotidianas nesta mudança climática global. Tem tudo para ser uma Defesa Civil de verdade, ao lado de outras que são exemplos como Blumenau, Brusque, Rio do Sul e Itajaí, a quem ele diz que vai se espelhar. Qualquer uma, é, por enquanto, muito, mas muito melhor do que do que Gaspar é atualmente. Tudo isso demandará tempo, autonomia técnica (sem interferência de curiosos e políticos o que em Gaspar é algo raro, infelizmente), respeito e compreensão dos gestores públicos da sua importância para a sociedade como um todo. Um ponto Rafael possui em relação aos demais: o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, já foi bombeiro voluntário e em tese deve saber que o que Rafael faz, representa para a comunidade. Mesmo assim, eu continuarei vigilante “olhando a maré”, num assunto essencial para a prevenção, para a conscientização, para salvar vidas e patrimônio, e para mitigar danos econômicos que possam comprometer a arrecadação, o futuro e o desenvolvimento da cidade. Vou ver se a indefesa civil terá capacidade para chegar a Defesa Civil. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE


Limpeza. Os cargos de confiança ou comissionados da secretaria de Saúde de Gaspar, depois da saída da secretária de Saúde, Dilene Jahn de Mello, já estão quase todos modificados. Desta vez quem saiu foi Thiago Guimarães Silva, do cargo em comissão de Médico Regulador.

Quem passou integrar o Conselho Municipal de Saúde foram Maria Bernardete Tomazzini, secretária de saúde; Luiz Carlos Schmitt, diretor administrativo. Rubiana Azambuja Proença Becker, Diretora-Geral de Controle Avaliação, Regulação e Auditoria; e Arnaldo Gonçalves Munhoz Júnior, Supervisor de Atenção Básica.

Ilhota em chamas I. Na semana que vem a prefeitura de ilhota vai às compras e não será pouco. Começa na terça-feira e vai até quinta-feira.

Ilhota em chamas II. No dia 11, a prefeitura vai ao pregão para comprar até R$ 2.539.833,00 (ulalá) em tubos, meio fio e lajotas. Pelo jeito, não vai ter rua sem calçamento em ilhota. Em tempo: sobre aquele serviço de porco onde se perde pedras e meio fio na estrada do Baú, e feito na administração de Daniel Christina Bosi, PSD, nada se falou até agora.

Ilhota em chamas III. E como o material não pode ser amontoado, no dia seguinte, mais outro pregão. Desta vez, agora vai? Desta vez para mão-de-obra para assentamento e reforma da pavimentação em lajotas bem como de meio- fios. Quando a prefeitura vai gastar? R$839.900,00.

Ilhota em chamas IV. E para completar, e demonstrar que os cofres estão cheios, na quinta-feira o pregão será carros, utilitários, van e caminhões. Tudo vai custar R$1.268.682,98.

Ilhota em chamas V. E qual a justificativa do prefeito Érico de Oliveira, PMDB? “Para dar maior autonomia e celeridade aos trabalhos desenvolvidos pela prefeitura municipal e suas secretarias”, como se isso não fosse possível com aluguéis. O que se compra hoje, amanhã e mais cedo do que qualquer outra atividade, está sucateada nos pátios para serem vendidos como sucatas, depois de deixarem milhares de reais dos pesados impostos nas oficinas nas tais manutenções emergenciais.

Ilhota em chamas VI. Serão comprados cinco carros de passeios de R$44.503,33 cada um; um sedam de R$104.907,00 (ulalá); dois utilitários de dois lugares de R$62.776,33 cada um; uma van de 16 lugares por R$172.373.33 e dois caminhões 6x4, por R$321.666,67 cada um (quantos seis!).

Ilhota em chamas VII. Ah! E não para aí. Também vai se comprar duas caçambas basculantes para suprir a demanda da secretaria de obras e serviços urbanos do município. Cada uma vai custar, R$39.666,67 (novamente, quantos seis! Tem algum significado?).

Ilhota em chamas VIII. Enquanto isso, a prefeitura está retirando R$4 mil do Orçamento da Iluminação Pública para aplicar na manutenção de estradas. Também está se mexendo e permitindo o remanejamento em até R$ 200 mil no Fundo Municipal de Saúde.

Ilhota em chamas IX. Já ontem, a prefeitura fez o registro de preços para eventual locação de ônibus para suprir a necessidade do transporte escolar no município.

Jonelde Bianchi Damo, foi demitida do cargo em comissão como Diretora de Captação de Recursos, da Secretaria Municipal de Planejamento, Meio Ambiente e Defesa Civil de Gaspar. Captadora de Recursos? Eu, heim! Como abundam nomenclaturas sofisticadas para justificar os cabides nos empregos públicos e seus grupos de apoio. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1808

Comentários

Herculano
06/07/2017 19:47
DEMOROU. ENROLOU. MAS CHEGOU A VEZ DO EX-DEPUTADO E EX-PRESIDENTE DO PP DE SANTA CATARINA, JOÃO ALBERTO PIZZOLATTI JUNIOR, NA LAVA JATO.

Conteúdo da Agência Brasil. Texto de André Richter. André Richter - Repórter da Agência Brasil. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin liberou hoje (6) para julgamento denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) envolvendo sete parlamentares e ex-parlamentares do PP investigados na Operação Lava Jato, pelo suposto recebimento de vantagens indevidas no esquema de corrupção da Petrobras.

A denúncia, apresentada em março de 2016, será julgada pela Segunda Turma do STF, composta pelos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski, além de Fachin. A data do julgamento ainda não foi definida.

Foram denunciados pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa os deputados Luiz Fernando Ramos Faria (MG), Roberto Britto (BA), Mario Negromonte Júnior (BA), Arthur Lira (AL) e José Otávio Germano (RS). Os ex-deputados Mario Negromonte (BA) e João Pizzolatti (SC) também foram denunciados.

Desde o início das investigações, todos os envolvidos negam recebimento de vantagens indevidas.
Herculano
06/07/2017 18:35
APóS SOLTURAS, DEFESA DIZ QUE PROCURADOR PRESO NO CASO JBS É "INOCENTES ÚTIL" DE JANOT

Conteúdo do Uol. Texto Marcos Sergio Silva. Preso há 50 dias, o procurador Angelo Goulart Villela é visto por seu advogado, Gustavo Righi Ivahy Badaró, como o "inocente útil" do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Apenas Villela e o advogado Willer Tomaz, da J&F, permanecem detidos na Papuda, em Brasília. Os demais envolvidos no caso foram soltos por decisões do STF (Supremo Tribunal Federal), e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recuperou o mandato.

A assessoria de imprensa da Procuradoria-Geral da República disse ao UOL que não comentaria a declaração.

Segundo a defesa, Goulart, preso desde 18 de maio sob a acusação de vender informações de investigações em andamento para a JBS, tem tido tratamento diferente de outros envolvidos na Operação Patmos.

Em 20 de junho, a primeira turma do STF determinou a soltura da irmã de Aécio, Andrea Neves, de seu primo Frederico Pacheco de Medeiros e do ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrella (PMDB-MG) Mendherson Souza Lima. No último sábado (1º), o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) deixou a presídio federal da Papuda. Na sexta-feira, o STF decidiu devolver o mandato a Aécio.

O fato de Goulart ter a mesma ocupação do procurador-geral da República, afirma o advogado de defesa, fez com que ele se tornasse peça importante para rebater aqueles que apontam perseguição de Rodrigo Janot ao presidente da República, Michel Temer (PMDB). "Ele acabou sendo um inocente útil, para que não fosse colocado que o Janot só queria perseguir o Temer."

O procurador e o advogado tiveram os processos transferidos do Supremo pelo ministro Edson Fachin para o Tribunal Regional Federal. Lotado como procurador eleitoral em Osasco (Grande São Paulo), seu processo corre pelo TRF-3, que recebe os processos de São Paulo e do Mato Grosso do Sul.

"O Ângelo está preso há 50 dias, e a primeira vez que foi ouvido sobre a prisão foi na terça-feira (4). Ele foi ouvido por procuradores designados para o processo administrativo. Ainda não foi ouvido pela Justiça na audiência de custódia, enquanto o prazo para isso é de 24 horas a partir do momento em que a pessoa foi presa. Nenhum juiz o ouviu. Ele nem sequer foi ouvido. Não teve a oportunidade de mostrar [para a Justiça] a sua versão sobre os fatos", afirma Badaró.

O TRF-3, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que, no caso de Goulart, não havia instrução para a audiência de custódia, pois sua prisão não foi feita em flagrante, mas sob decisão do ministro Fachin a partir de pedido da Procuradoria.

Badaró rebate com a resolução 213 de 2015 do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), que determina a audiência também nos casos de detenções por mandado. "Tanto isso é verdade que eles determinaram a audiência para a sexta (7) em Brasília", diz o advogado. A audiência foi determinada em ofício em 29 de junho pelo juiz federal Toru Yamamoto, do TRF-3, em vara judicial do Distrito Federal, seguindo a resolução citada por Badaró.

"Não há necessidade de [Villela] estar preso", diz Badaró. "O Fachin se declara incompetente para julgar e manda [o processo] para o TRF julgá-lo. Pedimos na última sessão [antes do recesso do Judiciário, que começou no sábado] para que ele soltasse, mas ele disse que não iria apreciar. Pedi para que pelo menos analisasse colocar uma das cinco medidas: tornozeleira, entregar o passaporte, proibição de frequentar os prédios do Ministério Público Federal, de manter contato com investigados e o afastamento das funções públicas. O próprio Fachin achou o mesmo na situação do Rocha Loures. Por isonomia [com os casos de Andrea, Fred e Mendherson], o soltou. Por que não solta o Ângelo?"

Procurado, o STF afirmou que não se posiciona sobre processos que correm em outras instâncias, como o de Goulart, e os ministros não dão declarações sobre casos em andamento, para não que sejam declarados impedidos de julgar em momento mais adiante.

Acusação
Segundo o Ministério Público Federal no Distrito Federal, o procurador Ângelo Goulart Villela havia sido infiltrado por Joesley Batista, da JBS, para obter informações da Operação Greenfield, que investiga fundos de investimentos privados em conexão com fundos de pensão de servidores públicos --um deles envolve a Eldorado, braço do grupo dos irmãos Batista.

Lotado na Procuradoria-Geral Eleitoral, Goulart foi deslocado como reforço para a força-tarefa em março. A partir da desconfiança de outros procuradores, que viam informações repetidas pelo acusado e pela defesa da JBS, ele passou a ser alvo de ação controlada autorizada pelo STF a pedido de Rodrigo Janot. Depois de ser seguido e filmado, o MPF disse que o procurador passava informações discutidas na força-tarefa da Greenfield por meio de áudios.

As investigações correram ao mesmo tempo em que era negociada a delação premiada dos irmãos Batista. Joesley afirmou, em depoimento gravado, que o procurador era orientado a obter informações.

"Ele nega ter recebido ou oferecido qualquer valor. Ele nega que tenha tentado obstruir a investigação. O objetivo era viabilização da delação premiada [dos donos da JBS]. Ele confirma que gravou aquela reunião. Ele gravou para entender como era o processo. Ele resolveu mostrar para o Willer [Tomaz, da J&F, holding da JBS] para que o cliente quisesse ser o delator, e não o delatado", afirma o advogado.

Segundo Badaró, não havia "documentos secretos" de reuniões, conforme diz o processo, porque o conteúdo dos relatórios que preparava, a chamada "memória da reunião", foi repassado para todos os procuradores. "Ele queria viabilizar os acordos [de delação]. Tinha dez empresas, e uma delas era a Eldorado. Ele nunca pegou o processo inteiro. Não tinha nada de corrupção nem de obstrução."

Após a prisão, Goulart foi afastado da força-tarefa e teve pedido de exoneração do cargo feito por Janot. Ele também foi afastado do cargo de diretor de Assuntos Legislativos da Associação Nacional dos Procuradores da República.

Na época da prisão, Janot disse que aquela etapa da Operação Lava Jato tinha um "gosto amargo" por ter envolvido um procurador da República.
Herculano
06/07/2017 18:11
JUSTIÇA PROÍBE MULHER DE PAGAR MENOS DO QUE HOMEM NA BALADA. SERÁ QUE PROIBIRÁ TAMBÉM QUE ELAS SE APOSENTEM MAIS CEDO? por Adolfo Sachsida, doutor em Economia (UnB) e Pós-Doutor (University of Alabama) orientado pelo Prof. Walter Enders. Lecionou economia na University of Texas - Pan American e foi consultor short-term do Banco Mundial para Angola. Atualmente é pesquisador do IPEA.

"Uma decisão da Justiça do DF reacendeu a discussão sobre a cobrança de preços menores para mulheres em festas. Uma liminar concedida há duas semanas pela juíza Caroline Santos Lima, do Juizado Especial Cível (JEC), determinou que um estabelecimento cobrasse de um consumidor o mesmo valor do ingresso disponível para clientes do sexo feminino". Por [?]

"Uma decisão da Justiça do DF reacendeu a discussão sobre a cobrança de preços menores para mulheres em festas. Uma liminar concedida há duas semanas pela juíza Caroline Santos Lima, do Juizado Especial Cível (JEC), determinou que um estabelecimento cobrasse de um consumidor o mesmo valor do ingresso disponível para clientes do sexo feminino".

Por analogia, temos então que é igualmente ilegal se exigir do homem mais tempo de trabalho (em relação a mulher) para se aposentar. Sendo assim, aguardo que a justiça declare ilegal que a mulher se aposente mais cedo do que o homem.

Ora, se a justiça pode obrigar um estabelecimento privado a cobrar da mulher o mesmo preço que cobra do homem, então por que o governo teria o direito de cobrar da mulher um tempo menor (para se aposentar) do que cobra do homem?

Repito: a justiça declarou ilegal que a mulher pague um preço menor pelo ingresso a uma balada. Ora, o mesmo argumento se aplica para o ingresso na aposentadoria. Sendo assim igualmente ilegal cobrar da mulher um preço menor pelo ingresso a aposentadoria. Resta óbvio então que se homens e mulheres devem pagar o mesmo preço pelo ingresso isso deve valer a todos os mercados, seja o ingresso da balada seja o ingresso da aposentadoria.
Herculano
06/07/2017 18:06
A COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA PARA A EDIÇÃO IMPRESSA DO JORNAL CRUZEIRO DO VALE DESTA SEXTA-FEIRA, JÁ ESTÁ PRONTA.

ELA JÁ ESTÁ NO PARQUE GRÁFICO

NELA, MOSTRO COMO ELEGER JOVENS OU GENTE QUE NUNCA TEVE MANDATO ANTES, NÃO SIGNIFICA MUDANÇA ALGUMA. OU ELAS SÃO DISSIMULADAS OU SÃO COMANDADAS PELOS VERDADEIROS DONOS DA POLÍTICA LOCAL.

FAZEM TUDO COMO ANTES E QUE NOS DISCURSOS PARA PEDIR VOTOS, CONDENAVAM. ACORDA, GASPAR!
Herculano
06/07/2017 18:02
DADOS DO GOVERNO DO ESTADOS UNIDOS MOSTRAM QUE LEGALIZAÇÃO DA MACONHA ESTÁ ACABANDO COM O TRÁFICO

Conteúdo do Instituto Liberal de São Paulo. Texto de Marcelo Faria

A legalização da maconha em diversos estados americanos - 26 dos 50 estados, além do Distrito de Columbia, já legalizaram a venda de alguma forma, sendo que 7 deles legalizaram tanto o uso medicinal quanto o recreativo - está acabando com o tráfico nas fronteiras do país.

De acordo com dados oficiais da Patrulha de Fronteira dos EUA (U.S. Border Patrol) levantados pelo ILISP, as apreensões de maconha nas fronteiras americanas caíram de 2,5 milhões de libras (1.147 toneladas) no ano fiscal de 2011 para cerca de 1,3 milhões de libras (587 toneladas) no ano fiscal de 2016.

Os dados confirmam que a concorrência com a produção legalizada americana está falindo os cartéis do México, de onde vem 99% da maconha traficada para os EUA. Na medida em que a produção legal tem aumentado em estados como Califórnia, Colorado e Washington, os preços da maconha têm caído no mercado paralelo, fazendo com que os produtores ilegais tenham que sair do mercado.

"Há dois ou três anos, um quilo de maconha valia de 60 a 90 dólares", disse um produtor de maconha mexicano à NPR em dezembro de 2014. "Agora vale de 30 a 40 dólares. É uma grande diferença. Se os EUA continuarem legalizando a maconha (em mais estados), iremos à falência", disse o produtor. E foi exatamente o que aconteceu nos últimos anos.

E não é apenas uma questão de preço, é de qualidade também. "A qualidade da maconha produzida no México e no Caribe é inferior à maconha produzida nos Estados Unidos, o que tem obrigado os cartéis mexicanos a produzirem maconha de melhor qualidade para competir no mercado", diz o relatório de 2016 do ?"rgão de Combate às Drogas do país, o DEA (Drug Enforcement Administration).

A queda nas apreensões nas fronteiras, entretanto, indica que os cartéis mexicanos não têm conseguido competir com a maconha legal americana. Foi fundamental para essa mudança a legalização da maconha medicinal no estado mais rico dos EUA, a California (feita de forma vaga em 1996 e definida em regras claras em 2003), a qual acaba suprindo parte do mercado de uso recreativo. Com a aprovação do uso recreativo na Califórnia no plebiscito de novembro de 2016 (com 57% dos votos a favor) e a legalização da maconha medicinal no México (em abril de 2017), além da legalização em outros estados americanos, a tendência é que o tráfico de maconha seja praticamente eliminado nos próximos anos.

Os cartéis mexicanos, entretanto, têm se mexido para sobreviver. Uma investigação do DEA apontou que os criminosos têm invertido o fluxo da venda, vendendo parte da maconha americana no México e buscado vender outras drogas que continuam ilegais como heroína e metanfetamina (em volume muito inferior à maconha). Em outras palavras, a realidade dos dados e a lógica econômica mostram que continua correta a argumentação liberal de que somente a liberação de todas as drogas ?" como era por toda a história da humanidade até o começo do Século XX e no Brasil até 1921 - pode acabar com os cartéis de criminosos que exploram o setor e levam medo e mortes a milhões de pessoas inocentes.
Herculano
06/07/2017 17:51
MIGUEL REALE JR:"VAI HAVER UMA GRANDE FESTA, O CARTEL DOS RÉUS VAI FESTEJAR"

Conteúdo de O Antagonista. Do jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, a O Antagonista, sobre a confirmação de que a Polícia Federal acabou com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba:

"Sem dúvida nenhuma é resultado de interferência do Ministério da Justiça para enfraquecer as investigações que atingem o próprio governo."

Ele acrescenta que o fim do grupo de trabalho exclusivo para cuidar das investigações da Lava Jato "contraria o desejo da sociedade em ver o país passado a limpo".
"Vai haver uma grande festa, o cartel dos réus vai festejar."
Herculano
06/07/2017 17:48
POLÍCIA FEDERAL DESFAZ FORÇA-TAREFA DA LAVA JATO EM CURITIBA

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Daniel Weterman. A força-tarefa da Operação Lava Jato na Polícia Federal do Paraná foi oficialmente desmembrada pelo órgão. A Superintendência Regional da PF no Estado divulgou uma nota nesta tarde de quinta-feira, 6, informando que os delegados que se dedicavam exclusivamente aos trabalhos da Lava Jato e da Operação Carne Fraca passam agora a atuar também em outros casos na Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor).

A Polícia Federal garante que a medida não vai acabar com as investigações da Lava Jato. "A medida visa priorizar ainda mais as investigações de maior potencial de dano ao erário, uma vez que permite o aumento do efetivo especializado no combate à corrupção e lavagem de dinheiro e facilita o intercâmbio de informações", informa a nota.

Para suprir a demanda, a Superintendência informou que foi firmado um apoio de policiais do Espírito Santo para os trabalhos, incluindo dois ex-integrantes da força-tarefa da Lava Jato. A equipe chegou a ser composta por nove delegados e, atualmente, estava com quatro profissionais dedicados exclusivamente à operação.

"O atual efetivo na Superintendência Regional no Paraná está adequado à demanda e será reforçado em caso de necessidade", destaca a Polícia Federal. "A Polícia Federal reafirma o compromisso público de combate à corrupção, disponibilizando toda a estrutura e logística possível para o bom desenvolvimento dos trabalhos e esclarecimento dos crimes investigados", afirma no texto.

Na noite de quarta-feira, 5, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), comentou sobre o "fim" da equipe na PF. "A força-tarefa da Polícia Federal na Operação Lava Jato deixou de existir. Não há verbas para trazer delegados", disse o procurador.

Além disso, o investigador criticou o presidente Michel Temer (PMDB), apontando corte de verbas no órgão. "Mas para salvar o seu mandato, Temer libera verbas à vontade", completou, ao compartilhar a publicação de uma notícia sobre a liberação de verbas parlamentares em meio à crise política.
Herculano
06/07/2017 17:41
ÁLVARO DIAS, PRÉ-PRESIDENCIÁVEL DO "PODEMOS", QUER DALLAGNOL COMO CANDIDATO AO SENADO, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

O senador Álvaro Dias agora é do "Podemos". Já foi tucano, pedetista, tucano outra vez, Verde. Está de roupa nova. A quem quer ouvir, ele não esconde as articulações em curso.

Ele, Álvaro, vai se candidatar à Presidência da República. Osmar, o irmão, pleiteará o governo do Paraná. E a coisa não vai parar por aí.

Nas articulações do senador, Deltan Dallagnol disputa uma vaga ao Senado.

Mas não seria esquisito o procurador-estrela, discípulo de Jesus e com mestrado em Harvard, na carreira política? Justamente ele, que parecia empenhado apenas em fazer justiça?

A resposta de quem anda pensando essas coisas: "Não, desde que haja uma boa desculpa!" E qual seria: "Ah, basta dizer que acabaram com a Lava Jato, que a luta continua por outros meios e que é chegada a hora de as pessoas boas e honestas se ocuparem da política".

Acho que já ouvi essa conversa antes. Fica ali, na divisa entre dois territórios mentais inabitados de neurônios: a esquerda de salão e a direita nefelibata.

Os maldosos já apelidam a composição de chapa do "Zé Bonitinho"
Herculano
06/07/2017 17:35
CASO AÉCIO: SENADO INJETOU TROÇA NO ESCÂNDALO, por Josias de Souza

Impossível acompanhar o noticiário político sem notar que há cadáveres demais nas manchetes. Junto com o cheiro de enxofre, fareja-se uma fome de limpeza no ar. Com quase um terço dos seus membros enrolados na Lava Jato, o Senado é parte do problema. Mas perdeu, além do recato, o olfato. E não tem a mais remota intenção de virar parte da solução.

Por 11 votos a 4, o Conselho de Ética (?!?) confirmou o arquivamento do pedido de cassação do mandato de Aécio Neves (PSDB-MG), pilhado em gravações pedindo R$ 2 milhões ao delator Joesley Batista. Dinheiro repassado na sequência, em malas e mochilas, a um primo do grão-duque do tucanato.

Num país lógico, os senadores não se atreveriam a arquivar acusações de corrupção sem um exame criterioso. Até para arquivar, é preciso saber do que se trata. Mas se o Senado fosse feito de lógica, faltaria material.

Costuma-se dizer que o brasileiro não tem memória. No caso dos senadores, o problema é outro: falta-lhes um mínimo de curiosidade. Com seu descaso, os membros do Conselho de Ética (?!?) injetaram troça no escândalo.
Herculano
06/07/2017 12:58
só FALTA AGORA ELE VOLTAR À PRESIDÊNCIA DO PARTIDO E COM FESTA. CONSELHO DE ÉTICA APROVA ARQUIVAMENTO DE PEDIDO DE CASSAÇÃO DE AÉCIO

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto Júlia Lindner e Thiago Faria, da sucursal de Brasília. Por 11 votos a quatro, o Conselho de Ética do Senado confirmou o arquivamento do pedido de cassação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), alvo de representação por quebra de decoro parlamentar. Desta forma, Aécio não será nem sequer investigado na Casa pelas gravações entre ele e o dono da JBS, Josley Batista.

Para o senador Lasier Martins (PSD-RS), que votou pela admissibilidade do processo, o resultado de hoje é negativo para Aécio. "Não estivemos agora julgando a cassação, e sim a admissibilidade ou não da representação. Sempre defendi que o processo seria saudável para Aécio provar que é inocente. Da maneira que ficou, perdura a dúvida", avaliou Lasier.

Autor da representação, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) declarou que há um acordão entre os grandes partidos para salvar Aécio e blindar outros parlamentares investigados. "Há dois tipos de julgamento, um dos que têm poder político no Senado e outro dos que não têm."

Randolfe lembrou o caso do ex-senador Delcídio Amaral, que foi cassado no ano passado pelo Conselho após também ter sido gravado em conversas e acusado de tentar obstruir a Justiça. "Acho que hoje o instituto da ética e do decoro parlamentar pode ser sepultado. Não faz mais sentido ter Conselho de Ética desse jeito. Se não há sentido investigar Aécio, por que nós cassamos o mandato do senador Delcídio do Amaral?", questionou Randolfe.

Já o presidente do Conselho, João Alberto Souza (PMDB-MA), voltou a afirmar que "não há absolutamente nada" para condenar o senador tucano e que a maioria dos integrantes do colegiado concordou que ele tinha razão ao decidir pelo arquivamento. "Um senador que recebeu mais de sete milhões de votos não pode ser jogado assim na opinião pública", defendeu.

Após o pedido de cassação da Rede e do PSOL contra Aécio, em junho, João Alberto decidiu monocraticamente arquivar a representação, que considerou "improcedente". Randolfe, apoiado por cinco senadores que integram o Conselho, entrou com um recurso para que o plenário reavaliasse a questão.

Nesta quinta-feira, entretanto, apenas quatro parlamentares votaram pela admissibilidade da denúncia: José Pimentel (PT-CE), Lasier Martins (PSD-RS), João Capiberibe (PSB-AP) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). O senador Pedro Chaves (PSC-MS), que havia assinado o recurso, recuou e votou contra o documento que ele mesmo ajudou a validar. Segundo Valadares, houve ameças para que ele mudasse de voto.

Votaram contra a representação os senadores Airton Sandoval (PMDB-SP), Romero Jucá (PMDB-RR), Helio José (PMDB-DF), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Eduardo Amorim (PSDB-SE), Gladson Camelli (PP-AC), Acir Gurgacz (PDT-RO), Telmário Mota (PTB-RR), Pedro Chaves (PSC-MS), Roberto Rocha (PSB-MA) e João Alberto (PMBD-MA), que não precisava votar, mas disse que fazia questão de se manifestar - seu voto, porém, não entrou no placar.

Governo. Durante a discussão, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR) saiu em defesa de Aécio, dizendo que só há "uma visão dos fatos" até o momento, que seria a do Ministério Público Federal, responsável pela apresentação da denúncia contra o tucano por corrupção passiva e obstrução de Justiça.

"Não estamos determinando paralisação nenhuma de investigação no Supremo Tribunal Federal. Nós estamos aqui dizendo que não vamos comer um processo cru. Querer imputar ao senador Aécio qualquer tipo de penalidade por uma versão do MP é injusto", disse.

Presidente licenciado do PSDB, Aécio retomou esta semana o mandato parlamentar com um discurso de defesa ao governo. Ele faz parte de uma área minoritária da legenda no Senado que quer que o partido permaneça na base aliada do presidente Michel Temer.
Herculano
06/07/2017 12:52
TEMER NÃO APRENDEU COM SAFADÃO, por Elizário Goulart Rocha

Depois de se complicar com uma conversa esquisita gravada na calada da noite por Joesley Safadão - o delator malandrinho mais premiado da história -, o presidente Michel Temer deveria ter aprendido a se esquivar de encontros desaconselhados pelo bom senso. Não aprendeu. O papo fora da agenda oficial com Gilmar Mendes pode ter sido inocente, mas será difícil convencer os brasileiros atentos de que Temer estendeu sua jornada de trabalho para falar sobre a ampliação da biometria nas eleições do ano que vem - ainda mais com um ministro que irá participar de seu julgamento no Supremo Tribunal Federal, caso a Câmara autorize o STF a dar seguimento à denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República.

Foi a segunda reunião fora da agenda de Temer com Gilmar em uma semana. Na primeira, teriam discutido a indicação de Raquel Dodge para a PGR. Trata-se, no mínimo, de imprudência. Temer parece não entender que caminha na corda bamba. Qualquer deslize pode pesar contra ele, que ainda não tem a certeza de que será livrado pelo Congresso. O mínimo que deveria fazer é ser o mais republicano possível.

Em princípio, não há mal algum no fato de o presidente da República se encontrar com um ministro do STF. Ao fazê-lo fora do expediente, sobretudo quando este ministro já tem fama de bom companheiro, Temer manda às favas a preocupação com as aparências e se coloca numa situação ainda mais suspeita. Os incontáveis assessores abrigados no terceiro andar do Palácio do Planalto deveriam alertar o chefe: em tempos tão turbulentos, não basta ser sério; é preciso parecer sério.
Sidnei Luis Reinert
06/07/2017 12:34
O Indefensável Temer e o cinismo de Lula/Dilma


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Os poderosos do mundo deverão olhar de banda, com muita desconfiança, para um Presidente do Brasil denunciado por corrupção passiva e que também pode ser acusado, em breve, por organização criminosa. Eis o clima com que Michel Temer deverá ser recebido na reunião do G-20. Pode não fazer bem ao titular do Palácio do Planalto este passeio para conversas fiadas. A viagem temerária, em meio a um clima político azedo, não faz a menor diferença, já que os grandes negócios com cúpula globalitária já estão decididos, independentemente da vontade presidencial.

Não adianta a defesa de Temer alegar que ele não está na UTI. Ele é um doente terminal que tenta convencer uma base aliada nada fiel a mantê-lo no poder. Não adianta adjetivar a denúncia feita pelo Procurador-Geral da República. Temer foi publicamente desmoralizado pela mala de R$ 500 mil do amigo Rocha Loures e pela gravação clandestina de uma conversa nada republicana com o empresário Joesley Batista. Apesar do desgaste, Temer só não vai largar o osso por vontade própria. Tentará resistir até o fim que já está decretado moralmente. Dane-se o Brasil!

O desgoverno do PMDB deve agonizar por um bom tempo. O irônico e lamentável é escutar a ex-Presidenta Dilma Rousseff fazer troça de que "a História foi implacável com Aécio, Temer e Cunha". Isto é tão canalha quanto é ouvir do ex-Presidente Lula um discurso cínico de que "o Brasil chegou ao fundo do poço". O espertíssimo $talinácio deveria saber que ainda não chegamos a tal ponto. A desestruturação e desmoralização política ainda vai se aprofundar. Poucos ainda foram denunciados, e pouquíssimos foram efetivamente punidos até agora...

O Brasil só sairá do buraco com uma cirúrgica Intervenção Institucional para acabar com a guerra de todos contra todos. O modelo estatal precisa ser reinventado. O Estado ladrão assassina a cidadania e impede o desenvolvimento pleno. A maioria da sociedade deseja mudanças, mesmo que não tenha clareza completa sobre o que precisa ser mudado na essência. A politicagem e a nossa medíocre oligarquia não querem que nada mude profundamente.

Uma hora tamanho paradoxo terá de se resolver, por bem ou por mal, na paz ou na guerra. A corrupção e a violência saíram do controle. Estamos cada vez mais próximos do "big-bang"? Tomara que sim! De imediato, o que as pessoas comuns podem fazer é: #reelegerninguém! Se a gente conseguir bagunçar o jogo da politicagem bandida, vamos acelerar as pré-condições para as mudanças estruturais. Do contrário, corremos o risco de nos "venezuelizar", se o a hegemonia criminosa não for rompida.
Herculano
06/07/2017 08:32
GEDDEL É CASO DE IMPUNIDADE MAIS ASSOMBROSO DE NOSSO TEMPO, por Jânio de Freitas, no jornal Folha de S. Paulo

Depois de tudo o que Geddel Vieira Lima fez para ser agora definido como "criminoso em série", é até afrontoso com o próprio Ministério Público, com a Polícia Federal e a Justiça que sua prisão seja por uma dúzia de telefonemas quase ingênuos.

Geddel é o caso de impunidade mais assombroso e de imunidade mais inexplicada na política do nosso tempo. Tem um quarto de século desde que se fez notado em Brasília, como integrante dos "Anões do Orçamento", sete deputados que adulteravam em seu proveito financeiro o orçamento do país, e em 1993 afinal caíram em uma CPI. Exceto Geddel.

A impunidade dada então ao jovem peemedebista expõe bem o compadrio inescrupuloso que rege grande parte das relações e das decisões parlamentares. E está nas raízes do tal "presidencialismo de coalizão", eufemismo acadêmico para fantasiar o sistema de venda, compra e chantagem que dá ou retira apoio aos governos nas Casas do Congresso.

Atolado nas fraudes, Geddel, com sucessivas ataques de desespero e choro, implorou ao líder do PFL Luiz Eduardo Magalhães, seu adversário na Bahia, que o salvasse da cassação. Nas últimas horas anteriores ao relatório do tumultuoso deputado Roberto Magalhães, Luiz Eduardo riscou o nome de Geddel na relação de cassados.

Abusado, ameaçador, perverso, Geddel pôde seguir sua vocação, e cresceu nos governos de Fernando Henrique, Lula e Dilma. Com Temer, seu "amigo fraterno", chegou ao Planalto. Sempre envolvido em casos que não levavam a consequências legais. Antonio Carlos Magalhães, testemunha do enriquecimento de seu adversário estadual, até criou um bordão para propagar os avanços do patrimônio injustificável do deputado: "Geddel vai às compras".

Imune, não admitiu e não deixou de se vingar, ainda que fosse só pela língua maldosa, de qualquer chamado de atenção para sua atividade. Dou o testemunho pessoal de teimoso ex-processado por Geddel. Derrotado, me mandou como emissário um jornalista de Brasília: dispunha-se a viajar ao Rio, porque "queria um entendimento" comigo. Foi assim que desperdicei mais uma boa oportunidade.

Aécio Neves não diria o mesmo. Disse outras coisas ao seu gosto e proveito. Por exemplo: "Os R$ 2 milhões [recebidos de Joesley Batista] foram um empréstimo". Ou: "Fui vítima de uma armadilha engendrada por um criminoso confesso de mais de 200 crimes". Logo, Aécio tinha com o "criminoso confesso" uma relação íntima, a ponto de a ele recorrer para um empréstimo alto. Aliás, recebido, embora não como empréstimo, mas como doação pedida.

Joesley Batista não participou da construção, contratada e comandada por Aécio Neves, da Cidade Administrativa de Minas, obra de grandeza juscelinista. Não foram necessárias armadilhas para o então governador deixar motivos que hoje, enfim, fundamentam inquérito sobre subornos e comissões auferidas das empreiteiras e fornecedores da Cidade.

Até parece coisa de Geddel, mas há 15 anos o caso de Furnas Centrais Elétricas retém as investigações graças a outras celebridades do ramo. Se houve armadilha, foi contra os funcionários e os interesses da empresa. O "criminoso confesso", que é isso mesmo, não estava nessa. Mas o nome de Aécio Neves aparece ao lado de Eduardo Cunha, em duas apreciáveis condições: bloqueadores das investigações e principais denunciados pelos desvios. Aécio não se referiu ao caso em seu recente discurso de defesa no Senado. É, no entanto, um de seus nove inquéritos. Dois estão com Gilmar Mendes, uma garantia. Dos outros, não se sabe se por estarem na Lava afinal estarão também a Jato.
Herculano
06/07/2017 08:29
CCJ PREOCUPA PLANALTO E TEMER ASSUME NEGOCIAÇÃO

Conteúdo do jornal O Estado de S.Paulo. Texto de Daiane Cardoso, Tânia Monteiro, Isadora Peron e Murilo Rodrigues Alves, da sucursal de Brasília. O início da tramitação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara revelou um cenário de incerteza e preocupação para o Palácio do Planalto. Aliados admitem que o governo terá dificuldades para alcançar maioria simples no colegiado, cujo parecer será posteriormente votado pelo plenário. Temer, diante disso, assumiu pessoalmente a negociação e nos últimos dois dias recebeu ao menos 48 deputados no Planalto.

Antes do embarque, nesta quinta-feira, 6, para a Alemanha, onde participa da reunião do G-20, Temer intensificou o corpo a corpo. Nesta quarta-feira, 5, ao fim do dia, o presidente convocou uma reunião de última hora e pediu que os ministros se mobilizem no Congresso para defender o governo e mantenham uma agenda positiva.

Em encontro no Planalto com 22 representantes de ministérios, Temer fez sua defesa. Entre os temas abordados, segundo relatos de presentes, estavam críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e comentários sobre a indicação do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) para a relatoria da denúncia na CCJ. Zveiter é considerado uma "incógnita" por auxiliares do Planalto.

A reunião ministerial, que começou às 20h, terminou por volta das 23h. Temer deixou o Planalto às 23h30, completando quase 14 horas de agenda pelo segundo dia consecutivo. Ainda nesta quarta-feira, o presidente entregou à Câmara dos Deputados sua defesa contra a denúncia.

A CCJ da Câmara é formada por 66 parlamentares e são necessários ao menos 34 votos para a aprovação de um relatório favorável ou rejeição de um parecer desfavorável ao presidente ?" que foi acusado de corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Placar do Estado sobre as declarações de votos dos integrantes da comissão mostra que os deputados da base ainda resistem a anunciar apoio ao presidente. Até a conclusão desta edição, apenas seis parlamentares governistas afirmaram que vão votar contra a admissibilidade da denúncia na CCJ. Por outro lado, já são 17 deputados favoráveis à aceitação da acusação.

PSDB. O vice-líder da bancada do PMDB, Carlos Marun (MS), reconheceu que na comissão não há votos suficientes na própria base aliada, em especial o PSDB. "Temos problema de seis votos da base", afirmou. Temer recebeu no Planalto pelo menos oito titulares da comissão, entre eles três tucanos ?" Silvio Torres (SP), Eliseu Dionisio (MS) e Paulo Abi-Ackel (MG).

Zveiter manteve suspense sobre que posição vai adotar em seu parecer que deve ser apresentado na próxima segunda-feira, 12. O relator escolhido pelo presidente da comissão, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), prometeu ser "independente". Nesta quarta-feira, Temer se reuniu com o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, do PMDB do Rio, mesmo partido e Estado de Zveiter.

Na avaliação de governistas, a eventual aprovação de um parecer que peça a aceitação da denúncia pode ter um efeito cascata na votação no plenário ?" é necessário o mínimo de 172 votos para que seja recusada a autorização para que o Supremo Tribunal Federal julgue a acusação formal contra o presidente.

Trocas. Enquanto o governo tenta buscar votos, aliados fazem mudanças na composição da CCJ para garantir apoio ao Planalto. Nesta terça-feira, 4, o líder do SD, Áureo (RJ), deixou a titularidade da comissão e indicou Laércio Oliveira (SE). Áureo já havia substituído Major Olímpio (SP) na vaga de titular. Olímpio, opositor do governo, foi para a suplência
Herculano
06/07/2017 08:23
ITAMARATY DÁ BRONCA NA EMBAIXADORA DA NORUEGA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Após a visita a Oslo, no fim de junho, quando a comitiva do presidente Michel Temer foi humilhada pelos anfitriões, o Ministério das Relações Exteriores finalmente tomou uma atitude: convocou a embaixadora da Noruega em Brasília, Aud Marit Wiig, para uma queixa formal pelo tratamento mal-educado a Temer pelos noruegueses. Em diplomacia, convocar embaixador é um dos sinais mais graves de desagrado. Mas o governo neutralizou a bronca mantendo a convocação sob sigilo.

SILÊNCIO CONSTRANGIDO
Procurada, a embaixadora Aud Marit Wiig se recusou a falar: "Não há comentários a fazer sobre o assunto", informou por sua assessoria.

DETERIOROU GERAL
Além de registrar repúdio do governo, a convocação da embaixadora sinaliza a deterioração das relações entre os dois países.

VISITANTE MALTRATADO
Na visita de Temer, o governo norueguês acusou o "aumento" do desmatamento. Fato que, admitiu depois, não havia confirmado.

HIPOCRISIA NORUEGUESA
A mineradora Hydro polui rios e devasta a Amazônia. É do governo da Noruega, o que autoriza a matança de baleias (999, só este ano).

TCU AFASTA 'CLÁUSULA MANDRAKE' DO ACORDO DA JBS
Em decisão unânime, o Tribunal de Contas da União (TCU) rechaçou a possibilidade de Joesley Batista se livrar - com base em uma cláusula do acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria-Geral da República - de ressarcir os cofres públicos pelo prejuízo na maracutaia que viabilizou a compra do frigorífico americano Swift Foods & Co. pelo grupo JBS, mediante investimento milionário e irregular do BNDES.

NO CASO CONCRETO
Em 2007, durante o governo Lula, Joesley conseguiu que o BNDES pagasse R$0,50 a mais por cada uma das 139.470.610 ações da Swift.

DE PAI PARA FILHO
O §3º da Cláusula 19 do acordo da PGR impede o uso contra Joesley de provas de sua própria delação até para ressarcir danos ao erário.

OU PAGA OU PAGA
Joesley, Guido Mantega e o ex-presidente do BNDES Coutinho têm 15 dias para se defender e/ou devolver R$ 125 milhões (valor corrigido).

LEALDADE A SERRA
O ministro Gilberto Kassab espera ser isentado, nas citações da Lava Jato, para encarar a disputa pelo governo de São Paulo, em 2018. Está otimista. Ressalva: se José Serra (PSDB) for candidato, ele está fora.

DINHEIRO NÃO FALTA
Continua a lorota de "falta de dinheiro" para passaportes. O que falta é apenas a previsão orçamentária. Até porque cobrando abusivos R$257 por passaporte emitido, dinheiro é o que não falta ao governo.

ASSIM É MOLE
Curiosa pesquisa em Alagoas melhorou a posição de Renan Calheiros na disputa pelo Senado, em 2018. O truque foi excluir do levantamento os favoritos Ronaldo Lessa (PDT) e Heloísa Helena (Rede).

ATÉ TU, BR?
Além da americana Shell (Raízen), a estatal BR Distribuidora ganha muito dinheiro com o álcool podre, à base de milho, importando dos Estados Unidos. A importação é predatória porque não paga impostos, como os concorrentes do Nordeste, e o etanol podre polui o ambiente.

GINASTAS
Chega a ser engraçada a ginástica de comentaristas tentando desqualificar ou minimizar a recuperação da economia. Parecem ter medo de admitir que ao menos isso tem funcionado no governo.

JUSTÍSSIMA CAUSA
Dirigente do Zoológico de Brasília iniciou entrevista ao telejornal "Bom dia DF", nesta quarta (5), com um "primeiramente, fora Temer". Sem medo de encarar porralouquices, o governador Rollemberg demitiu o sujeito, apesar da cara feia da turma da Secretaria do Meio Ambiente.

SATÉLITE ATIVO
O Ministério da Ciência e Tecnologia garante que o cronograma para utilização plena do satélite brasileiro para uso civil segue dentro do prazo. A banda X, de uso militar, já é utilizada no Ministério da Defesa.

VIP DO VIP
O Senado aprovou um projeto que dá prioridade especial às pessoas com mais de 80 anos. Ou seja, além da prioridade para aquelas com mais de 65 anos, haverá a prioridade dos prioritários.

PENSANDO BEM...
...os políticos estão aliviados com o recesso da Justiça, mas é sempre bom lembrar que a Polícia Federal não tem recesso
Herculano
06/07/2017 08:17
NOSSO SIMIPARLAMENTARISMO BEM QUE PODERIA APROVEITAR A CRISE E EVOLUIR, por Roberto Dias, no jornal Folha de S. Paulo

Emmanuel Macron, o novo presidente francês, quer reduzir em um terço o Legislativo nacional. São 577 deputados e 348 senadores num país de 67 milhões de habitantes. O Brasil, com população de 208 milhões, tem menos parlamentares: 513 deputados e 81 senadores.

É muito ou pouco? Supondo que Macron tenha sucesso, a França chegaria a 1 deputado para 174 mil pessoas, contra cerca de 405 mil no caso da Câmara brasileira. Bem mais econômicos são os americanos, com 1 deputado a cada 747 mil habitantes.

Lá como cá não faltam discussões sobre a distância entre eleitor e eleito. No nosso caso, existe ao menos um aspecto positivo nestes tempos bicudos: raras vezes, se é que alguma, os brasileiros se viram tão forçados a ficar de olho no Congresso.

Os eleitores podem não lembrar em quem votaram para deputado, mas assistiram ao vivo e devem assistir novamente ao voto deles sobre a Presidência. Foram expostos, inclusive aos berros, à vida familiar e religiosa de vários parlamentares no impeachment de Dilma. Viram na TV dezenas de fichas de envolvidos na Lava Jato. Escutaram regras e mais regras de trâmites das Casas, sobre impeachment, denúncia, cassação, reformas ?"e até passaportes.

Isso para não falar das biografias que emergiram do anonimato, como agora acontece com Sergio Zveiter, o relator da denúncia contra Temer, e com os tantos que viraram ministros, a ponto de ser este um Congresso com boa base no governo.

Tamanha simbiose decerto ajudou a imagem da Presidência a ombrear a do Congresso ?"ou melhor, "acalcanhar", dado que só 3% dizem ter muita confiança em cada instituição.

A fazer desse limão uma limonada, nosso atual semiparlamentarismo bem que poderia evoluir e perder o "semi". Não resolveria todos os problemas, mas talvez as crises fossem menos traumáticas. Como já decretou um filósofo legislativo, pior do que está não fica
Herculano
06/07/2017 08:14
ALIADOS ARTICULAM PóS-TEMER E PRESIDENTE RESISTE, por Josias de Souza

Intensificaram-se as conversas entre aliados do governo sobre a hipótese de substituição de Michel Temer pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Alheio aos sinais de fragilidade, Temer reuniu 26 ministros na noite desta quarta-feira (22 titulares e quatro interinos).

Reiterou sua disposição de lutar pelo cargo. Distribuiu cópias da defesa entregue horas antes à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara pelo advogado Antonio Cláudio Mariz. Pediu apoio e mobilização para assegurar os votos necessários à rejeição da denúncia que o acusa de corrupção. Tachou a acusação de inepta. E disse estar convicto de que prevalecerá sobre o procurador-geral da República Rodrigo Janot.

Temer viajará nesta quarta-feira para a reunião do G-20, na Alemanha. Às vésperas do embarque, acumularam-se ao seu redor os sinais de deterioração do apoio congressual do governo. Enquanto o Planalto cantava vitória, Rodrigo Maia dizia em privado que Temer ainda não dispõe de votos para barrar na Comissão de Justiça a denúncia da Procuradoria. Faltam-lhe inclusive os votos dos pseudoaliados do PSDB. Dos sete tucanos com assento na CCJ, apenas Paulo Abi-Ackel está propenso a salvar Temer.

O movimento da infantaria do tucanato na Câmara levou o presidente em exercício do PSDB, senador Tasso Jeressati, a elevar o tom. Um dia depois de Aécio Neves ter defendido o apoio a Temer em discurso no Senado, Tasso referiu-se à possibilidade de o tucanato finalmente desembarcar do governo como algo inevitável: "Não se pode brigar com os fatos. Certas coisas a gente não controla", disse ele ao comentar os humores do ninho. Mesmo no Senado, sete dos 11 integrantes da bancada tucana já torcem o bico para Temer.

Em conversa com a coluna, o tucano Cássio Cunha Lima, vice-presidente do Senado, traduziu o drama vivido por Temer: "Impopular, o presidente está perdendo o seu grande trunfo, que é o apoio congressual. Escolheu-se para relatar a denúncia da Procuradoria na CCJ um deputado (Sérgio Zveiter) que é do PMDB e deve apresentar um parecer contrário aos interesses do presidente. Ou seja: Temer já não conta nem com o apoio integral do seu partido. Sua situação vai ficando insustentável."

Cunha Lima prosseguiu: "O principal capital político de Temer é a capacidade de cultivar um bom relacionamento com o Congresso. Mas o deputado Rodrigo Maia, que pode vir a ser o seu substituto, também desfruta de excelentes relações na Câmara. Na prática, instalou-se no Brasil uma espécie de parlamentarismo informal. E Temer está sob o risco de receber um voto de desconfiança do Parlamento." Na reunião com os ministros, Temer soou confiante. Mas declarou a certa altura que, se a Câmara autorizar a abertura do processo, o Supremo Tribunal Federal o absolverá da acusação de corrupção passiva.

Ironicamente, Temer sofre o mesmo processo de erosão que fez ruir o apoio de Dilma Rousseff no Congresso. Nesse enredo, Rodrigo Maia está para Temer assim como Temer estava para Dilma. Ou seja, o presidente da Câmara, ''Botafogo'' nas planilhas da Odebrecht, virou candidato natural ao trono. A exemplo da antecessora petista, Temer alimenta seus apoiadores à base de cargos e verbas. Entretanto, até os seus aliados mais fisiológicos começam a enxergar em Maia uma opção de poder que lhes garante o mesmo tipo de ração sem o desgaste de ter que grudar a imagem à figura radioativa de Temer, hoje um grande anti-cabo eleitoral. Partidos do chamado centrão perceberam que podem trocar de presidente sem mudar a estrutura do governo.

Com um pedido de reserva quanto à divulgação do seu nome, um deputado que costuma ser tratado no noticiário como membro do chamado "baixo clero" disse ao blog: "Eu gosto muito do Temer. Ele trata os deputados com um respeito que a Dilma não tinha. Mas preciso me reeleger no ano que vem. Será uma eleição dura. Não dá para carregar nas costas um presidente com 7% de popularidade. Se fosse para rejeitar uma denúncia, vá lá. Mas parece que haverá outras duas. É difícil absorver tanto desgaste perto da eleição." O autor desta avaliação integra os quadros do PR, um partido controlado pelo mensaleiro e ultrafisiológio Valdemar da Costa Neto, com quem Temer reuniu-se reservadamente há três dias.

Também no meio empresarial o apoio a Temer começa a migrar do estado sólido para o gasoso. Nas últimas 48 horas, o repórter conversou com um industrial de São Paulo e um dirigente de banco de investimentos. Ambos já incluíram a hipótese de queda de Temer no rol de suas previsões. Um deles disse que começa a enxergar em Rodrigo Maia um mal menor. Afirmou que o próprio presidente da Câmara sinaliza ao mercado a intenção de manter as reformas econômicas.

O outro empresário, anotou numa mensagem de WhatsApp: "A queda de Temer já está precificada pelo mercado. Se cair, não muda nada. Temer perdeu muito do apoio que tinha do empresariado, cansado, desiludido e que já está aceitando o Maia. A PEC do teto foi um tiro no pé. Se não passar qualquer coisa palatável na reforma da Previdência, só os gastos da própria Previdência ultrapassarão o limite de gastos da PEC, o que configuraria crime de responsabilidade."

Curiosamente, na reunião com os ministros, Temer voltou a se jactar dos avanços econômicos obtidos durante a sua gestão. Disse que enfrenta uma guerra pelo poder. Insinuou que seus detratores prejudicam o país. Não criticou apenas o procurador-geral Rodrigo Janot. Mimetizando o comportamento do PT, Temer bateu duramente na TV Globo. Para o presidente, a emissora faz campanha por sua queda. Na GloboNews, disse ele, a campanha dura "24 horas por dia." Temer esqueceu de lembrar (ou lembrou de esquecer) que é ele próprio o responsável pelo fornecimento da matéria-prima que empurrou sua Presidência do noticiário político para o policial.

Enquanto Temer se reunia por três horas com seus ministros, Lula participava da posse da senadora Gleisi Hoffmann na presidência do PT federal. Ao discursar, o pajé do PT também falou sobre Globo e sobre a crise que engolfa o mandato de Temer
Herculano
06/07/2017 08:09
HERESIA JURÍDICA, por MIchel Temer, presidente da República, no jornal Folha de S. Paulo

Depois de 45 dias de acusações abjetas e caluniosas, repetidas ao país à exaustão, apresentei minha defesa oficial à Câmara dos Deputados. Nela fica demonstrada minha inocência cristalina. Não cometi, à frente da Presidência, nenhum deslize penal, ético ou moral.

São tantos os procedimentos e fatos ilegais e arbitrários assacados neste processo torpe contra mim que não é fácil escolher por onde começar. Meus defensores gastaram cem páginas apenas para descrevê-los sucintamente.

Não deixa de ser uma ironia que, advogado de carreira e professor, eu venha a ser apresentado, a esta altura da vida, ao "direito penal da ilação" e ao "direito penal do porvir" -criações inusitadas do Ministério Público Federal que estão assombrando o mundo jurídico.

Pelo "direito da ilação", da mera suposição e dedução, fui acusado, sem provas, de ter recebido R$ 500 mil pelas mãos de terceiros por ordem do empresário-grampeador Joesley Batista, dono do grupo J&F.

A denúncia não descreve sequer um detalhe de minha suposta conduta ilícita. Onde? Quando? A quem pedi? De quem recebi? Nem aponta o que teria eu oferecido em troca ao "corruptor-geral da República". Esses fatos não podem ser encontrados na inepta peça acusatória. Eles simplesmente inexistem.

Bem como não se atendeu aos pleitos da empresa no Cade, local de origem da suposta propina. A Polícia Federal registrou essa falta de "contrapartida". A acusação se vale apenas, e o tempo todo, da palavra de um delator desesperado para transferir seus crimes a outros. E usa gravação clandestina feita por ele. E os fatos? Foram mandados às favas.

Descobrimos na peça acusatória outra novidade assustadora: a denúncia montada contra mim baseou-se em inédito pré-acordo de colaboração premiada.

E este não trouxe ao conhecimento da Procuradoria-Geral da República (PGR), autora do pedido de investigação, e ao Supremo Tribunal Federal (STF), que o autorizou,"fatos criminosos pretéritos à negociação do acordo em foco", como é usual, mas a previsão de crimes que poderiam ou não ocorrer no futuro, ou estariam em curso.

Ou seja: o delator não apontou crime contra mim, mas prometeu fabricar algum delito no futuro próximo. E assim o fez, em troca de imunidade total para 245 crimes e perdão para 2.000 anos de prisão, ao desdobrar a gravação ilícita e descontínua, imprestável como prova judicial, em "ações controladas". Inaugurou-se, assim, o espantoso "direito penal do porvir".

Foi uma ação desse nível de temeridade -com envergadura para macular não o governante, mas a instituição Presidência da República, e desestabilizar o país- que foi aceita de maneira açodada, sem passar pelo crivo do plenário do STF.

Foi, reafirmo, com base na gravação ilícita que o Ministério Público determinou as ações controladas e medidas cautelares posteriores -todas, portanto, frutos de uma mesma árvore envenenada.

Depois de constatarem a total falta de elementos mínimos para sustentar a imputação de crime, meus advogados perguntam se estou sendo denunciado por ter um ex-assessor "de total confiança" ou por ter conversado com um empresário no Jaburu.

"Ou estaria Michel Temer sofrendo os dissabores de uma denúncia exclusivamente em razão de ser o presidente da República, em uma verdadeira manifestação política contra seus ideais de governo?" A única resposta possível para esta última questão é "sim".

A experiência ensinou-me que a arrogância nunca é boa conselheira. Como sabem os que têm fé, Deus prefere os homens simples, aqueles que, mesmo alçados às mais altas posições, guardam a consciência de saber-se exatamente iguais aos seus semelhantes.

Destacaram, entre todas as manchetes infames destes últimos dias, que sou o primeiro presidente da República denunciado no exercício do cargo por corrupção.

Isso só foi possível porque é a primeira vez também que se atropela de forma tão violenta e absurda o devido processo legal.

Defendo-me de acusação que é uma verdadeira heresia jurídica, um atentado ao Estado democrático de Direito. Que seja a primeira e a última denúncia neste feitio arbitrário.

Digo isso em favor da presunção constitucional de inocência devida a todos os brasileiros. Que em nosso país até o mais humilde cidadão sinta-se preservado das flechas da injustiça.

Luto hoje não apenas pela minha inocência, mas para garantir o direito sagrado de todo brasileiro. Luto para que prevaleça a lei sobre os interesses subterrâneos e inconfessáveis que movem aqueles que envenenam nossas instituições e querem matar princípios básicos consagrados pela nossa civilização.
Herculano
06/07/2017 08:06
MOSCAS AZUIS SOBRE MAIA. SE TEMER CAIR, "DIRETAS JÁ" GANHARÁ AS RUAS, E O PT VAI APLAUDIR DE PÉ!, por Reinaldo Azevedo

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou o dia de ontem cercado de moscas azuis. E elas o picavam aqui, ali, acolá? Gente que acompanhou o cerco de perto e as conversas de corredor a que tive acesso me fizeram pensar na "performance sedutora" dos diabos das peças de Gil Vicente ou Padre Anchieta. São canhestros, desastrados, até divertidos na sua parvoíce.

E o que os capetas de segunda grandeza queriam ontem com Maia? Ora, direta ou indiretamente, muitos lhe fizeram o convite para que entregasse o presidente Michel Temer em domicílio, como um motoboy a levar uma pizza ao diretório do PT, e buscasse articular a sua própria ascensão à Presidência pelo Colégio Eleitoral.

O que isso quereria dizer na prática? Na narrativa de corredores, que me parece aloprada, o relator da denúncia contra Temer na CCJ da Câmara, Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), considerado próximo do presidente da Casa, faria um relatório recomendando a continuidade do processo. Tal texto seria aprovado por maioria simples na CCJ, e isso ensejaria um desembarque em massa da base aliada, com os tucanos atuando como VRU: Vanguarda do Retrocesso dos Urubus.

Virtude da lealdade
Maia tem, até onde se sabe, a virtude da lealdade. E, por obséquio, ninguém me venha com citações de segunda e verborragia de terceira na linha: "Prefiro ser fiel a meu país a ser fiel a meus aliados". Isso costuma ser conversa de traidores e vigaristas. Rodrigo Maia pertence à base do governo e é aliado de primeira hora de Temer.

Há mais: ele próprio é investigado em dois inquéritos na Lava Jato, acusado por delatores da Odebrecht. Um relatório da PF sugere uma terceira investigação - no caso, ligada à OAS. Não entrarei agora em minudências, mas todas as acusações me parecem inconsistentes.

Silêncio ambíguo
Conversando com pessoas que dizem ter conversado com Rodrigo Maia - e ouvi o mesmo de várias fontes =, fiquei com a impressão de que o presidente da Câmara não deixou suficientemente claro que não ambiciona o lugar de Temer. Muita gente saiu com a convicção, que considero, em princípio, erro de interpretação, de que o presidente da Câmara não rejeita a ideia.

Bem, o meu conselho? Que fale com mais clareza quem é seu candidato a concluir o mandato, desautorizando especulações doidivanas, vindas até da esquerda. Ontem à noite, Lula afirmou, num evento com petistas, que os companheiros não devem se conformar com a possibilidade de que Maia substitua Temer. Segundo o chefão do partido, todos são golpistas. Ele quer eleições diretas.

Procurei, sim, o presidente Temer. Não consegui falar pessoalmente com ele. Por intermédio da assessoria, mandou dizer que considera "Rodrigo Maia um aliado fiel, correto, cumpridor de seus deveres na Câmara". O presidente disse não esperar do deputado nenhum favor especial porque não é assim que se relaciona com aliados.

Não seguraria
Rodrigo já demonstrou lealdade política à base que integra e está longe de ser burro. Sabe que um presidente indireto, nas atuais circunstâncias, dificilmente se sustentaria no cargo. A reforma da Previdência iria para o vinagre. Teria início um ciclo infernal de instabilidade.

Mais: nem mesmo o ritual dessa eleição está definido. Reza o Artigo 80 da Constituição que o presidente da Câmara é o terceiro na hierarquia de poder: impedidos titular e vice, é ele quem assume. Mas só por um tempo. O Parágrafo 1º do Artigo 81 estabelece que, ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei."

Pois é? Há uma lei a definir. É evidente que Rodrigo Maia não poderia comandar o país interinamente e, ao mesmo tempo, articular a própria eleição.

De resto, o ministro Moreira Franco, um dos alvos prediletos da Lava Jato, é sogro de Rodrigo - na verdade, a mulher do deputado é enteada do ministro. Brasília anda tão ruim da cabeça que havia ontem até quem assegurasse que um acordo tácito de Rodrigo com o MPF passaria pela degola de Temer e pela proteção a Moreira.

Prefiro descartar as teorias conspiratórias e me ancorar numa certeza: Maia não é tonto e não parece disposto a servir de boi de piranha.
Herculano
06/07/2017 08:00
QUESTÃO DE ORDEM: CRIME PRESUMIDO, por Marcelo Coelho, no jornal Folha de S. Paulo

Acusação "manca e anêmica". Denúncia "chocha, capenga". Afirmações "gratuitas, desprovidas de apoio fático, lançadas a esmo".

Com um estilo próximo da sustentação oral num caso de júri, o advogado Antonio Mariz de Oliveira apresenta em 98 páginas bem espaçadas sua refutação da denúncia apresentada por Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer, por crime de corrupção passiva.

"Não encontrou provas, não as crie mentalmente; não se convenceu da culpa, não se violente acusando a esmo; não possui base para denunciar, não o faça", exclama Mariz de Oliveira, dirigindo-se ao procurador-geral da República.

Na parte mais substancial de sua defesa, o advogado afirma que o famoso encontro noturno entre Joesley Oliveira, do grupo JBS, e Michel Temer "é insignificante, nada representa". Afinal, muitas pessoas já foram falar com Temer, sempre um "homem do diálogo". Não seria agora, como presidente, "que se tornaria um ser hermético, arredio, equidistante".

Equidistante? Mariz prossegue. Normal que não tenham pedido a Joesley nenhuma identificação para entrar no Palácio do Jaburu.

Afinal, Rodrigo Rocha Loures, homem de confiança de Temer, "marcou a entrevista e deu a placa do automóvel que os transportaria". O advogado acrescenta, em negrito: "esta é a razão pela qual Joesley pode entrar no Palácio. Já havia uma prévia anotação na portaria".

Esclarecido (ou não) esse ponto, a defesa vai ao principal. Qual a prova de que os R$ 500 mil encontrados na mochila de Rocha Loures se destinavam a Temer? Como dizer que Temer recebeu propina, se não recebeu? A responsabilidade por um crime, insiste Mariz, "não pode ser apenas presumida ou deduzida."

Em troca de que favores Joesley teria encaminhado o dinheiro para Rocha Loures? Para Janot, tratava-se de facilitar, junto ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), os interesses de uma empresa do grupo JBS na compra de gás junto à Petrobras.

Ora, Petrobras e JBS chegaram a um acordo sobre o caso sem que o Cade precisasse intervir. A própria Polícia Federal, segundo a defesa, assegura que Rocha Loures não teve influência. Apenas a delação premiada de Joesley afirma o contrário.

Não há como ligar, portanto, a propina a Michel Temer.

A gravação da conversa tem problemas e descontinuidades. Para um perito da Unicamp, há espaço "para a realização de fraudes". E interpretações incorretas também. Num trecho, Joesley supostamente fala de pagamentos feitos "todo mês". Não era isso: ele disse "tô no meio".

Tudo constitui, ademais, "prova ilícita", porque uma gravação sem consentimento viola o direito à privacidade dos cidadãos, sendo meio "espúrio e desleal". É verdade que o relator do caso, Edson Fachin, a aceitou ?"mas a questão não é pacífica na jurisprudência. Outros ministros do STF, como Marco Aurélio e Celso de Mello, já deram votos contra o uso de gravações clandestinas.

Verdade que, nesses casos, eram gravações de terceiros, sem participação do dono do gravador. Mas usar registro de "conversa própria" como prova só se justifica, afirma Mariz, em caso de "investida criminosa", de achaque por exemplo. No Jaburu, não houve isso.

Houve, na verdade, uma armadilha montada para que Joesley aumentasse o valor de sua delação. Michel Temer não disse, entretanto, nada de comprometedor; indicou Rodrigo Rocha Loures apenas porque Joesley lhe pedira um nome para conversar, não querendo "incomodar" o presidente.

O presidente recusou-se, é verdade, a responder as muitas perguntas que lhe foram dirigidas pela Polícia Federal. O questionário, diz a defesa, era descabido: havia perguntas sobre possíveis motivações de outras pessoas, algumas que Temer nem conhecia.

Em tese, as provas que faltam ao Ministério Público poderiam ser obtidas ao longo do processo, se a denúncia for recebida pela Câmara dos Deputados.

Michel Temer não está acima da lei, admite Mariz de Oliveira. Mas teria de haver mais consistência e responsabilidade na acusação, se se pretende abrir um julgamento que já começa com o afastamento do presidente da República.
José Antonio
05/07/2017 20:53
Herculano!

Essa PETEZADA é de dar pena, ou são muito BURROS, IGNORANTES e IDIOTAS. Não é que tem uns que chamam o Gedel Vieira Lima de CANALHA nas redes sociais, esquecendo-se que ele foi Vice Presidente da CAIXA no governo da ANTA e Ministro do LULA LADRÃO e ainda por cima o mesmo LULA LADRÃO aparece em um vídeo elogiando qdo o mesmo saiu do governo para ser candidato a governador da Bahia. Ainda esses imbecis alegam que ele foi demitido pela ANTA. Acham que somos tolos, vão tomar vergonha na cara, cambada de vagabundos, mentirosos. Tem um ex-vereador do PT que ainda fica perguntando por que não se reelegeu? É por isso que você não se reelegeu e outras coisitas mais. O povo tá cheio de vocês seus mentirosos, calem a boca, fiquem quietinhos que ganham muito mais, assim não serão motivo de chacota pela cidade.
Herculano
05/07/2017 20:08
NO VÍDEO, LULA GARANTE QUE GEDDEL É UM EXEMPLO A SEGUIR, por Augusto Nunes, de Veja

Preso ex-ministro de Temer, noticiaram os grandes jornais nesta terça-feira. A informação é incompleta: Geddel Vieira Lima foi ministro-chefe da Secretaria de Governo do atual presidente, mas também foi ministro da Integração Nacional do governo Lula, entre 2007 e 2010, e vice-presidente da Caixa Econômica Federal de março de 2011 a dezembro de 2013, quando a presidente era Dilma Rousseff. Mais: a transferência para a gaiola ocorreu com o amigo Michel Temer alojado no Planalto. Mas as bandalheiras descobertas pela Polícia Federal foram praticadas no cargo que Geddel ganhou da amiga Dilma por ordem do amigo Lula, um entusiasta dos dotes administrativos do político baiano cuja gula por dinheiro lhe valeu o apelido de Jacaré.

Em 2010, ao saber que Geddel deixaria o primeiro escalão para ser surrado na disputa pelo governo da Bahia, Lula lamentou em vários comícios a perda irreparável. O vídeo acima registra um dos momentos da cerimônia do adeus a um servidor da nação. "Você foi um cumpridor de tarefa extraordinário", derrama-se o orador de olhos postos no ministro que se vai. "E isso eu tenho ouvido não apenas da minha boca, que viajo com você, mas da companheira Dilma, que conviveu contigo". Enquanto o motivo da choradeira retórica capricha na pose de estadista sertanejo, Lula contempla a plateia amestrada e segue em frente. "Eu disse ao Geddel outro dia: é uma pena que você deixa o governo, você poderia continuar no governo (?) pela grandeza do teu trabalho.

Não era pouca coisa. Mas não era tudo, informou a continuação do espetáculo da pieguice demagótica. "Eu acho que o Temer deveria pegar os deputados aqui, de todos os partidos, e levar pra ver algumas obras que estão acontecendo no Nordeste brasileiro, pra saber o que que tá acontecendo no Nordeste brasileiro", viaja na redundância. Todas as obras tinham como parteiros o presidente e o ministro. Por exemplo, a transposição das águas do Rio São Francisco."O canal da integração é uma obra que vocês vão perceber por que que Dom Pedro II queria fazer essa obra em 1847, e eu espero que até 2012 a gente conclua ela inteira. Então, Geddel, meus agradecimentos por todo o teu trabalho nesses três anos e meio de governo".

Passados mais de sete anos, a promessa não desceu do palanque, o ministro insubstituível está na cadeia e o falastrão fantasiado de Pedro III tem sucessivos pesadelos que misturam celas, grades, catres e camburões com placas de Curitiba. Separados politicamente pelo impeachment, os dois prontuários ambulantes continuam atados por laços indissolúveis. Lutaram juntos pela institucionalização da corrupção impune, assaltaram juntos milhares de cofres públicos, conviveram fraternalmente na organização criminosa disfarçada de aliança partidária. Caso se reencontrem no mesmo pátio de presídio, Lula e Geddel imediatamente entenderão que nasceram um para o outro.
Herculano
05/07/2017 20:03
OS REPASSES DA JBS PARA GUIDO MANTEGA

Conteúdo de O Antagonista. Joesley Batista contou em sua delação que entrou no BNDES via Victor Sandri, amigão de Guido Mantega, a quem pagava um mensalinho de R$ 50 mil para intermediar interesses do grupo JBS.

Para confirmar o que disse, o delator entregou à Polícia Federal a planilha abaixo com os registros dos pagamentos feitos entre fevereiro de 2007 e fevereiro de 2009, num total de R$ 5,4 milhões, à Gran Tornese Administração - empresa de Sandri.

Em 2008 e 2009, a JBS remunerou Sandri pelo "sucesso" na liberação de aportes bilionários do BNDES. Foram R$ 4,2 milhões - duas parcelas de R$ 1,69 milhão num ano e outra de R$ 840 mil no ano seguinte.

Segundo Joesley, a propina foi dividida com Guido Mantega e o advogado Gonçalo Sá, que apresentou Sandri ao dono da JBS. A PF ainda não recebeu as provas da propina de Lula.

OS REPASSES DA JBS PARA PALOCCI

Joesley Batista também entregou à Polícia Federal planilha com os pagamentos feitos ao ex-ministro Antonio Palocci, entre dezembro de 2008 e junho de 2010. Foram R$ 2,1 milhões em consultorias.

Em sua delação, Joesley disse que contratou Palocci para lhe ensinar sobre política e fazer avaliações de mercado, identificando oportunidades de investimento para o grupo JBS.

O delator garantiu que não houve ilegalidade na atuação de Palocci e que os serviços foram prestados. Rodrigo Janot acreditou.
Herculano
05/07/2017 19:59
DEFESA DE TEMER MOSTRA QUE ELE FICOU INDEFESO, por Josias de Souza

Defendido na Câmara por Antonio Cláudio Mariz, um dos mais conceituados criminalistas do país, Michel Temer revelou-se na tarde desta quarta-feira um denunciado indefeso. Mariz gastou 98 folhas (íntegra aqui) para se contrapor às 60 páginas da denúncia em que a Procuradoria-Geral da República acusa Temer de corrupção passiva. E o talento do advogado não conseguiu senão reforçar a conveniência de que a Câmara exerça a atribuição política de permitir que o Supremo Tribunal Federal cumpra a obrigação de analisar a consistência jurídica da peça acusatória.

Na denúncia assinada pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, a acusação foi pintada com tintas fortes. O miolo da descrição menciona que Temer era o destinatário da mala com a propina de R$ 500 mil, repassada por intermédio do seu preposto Rodrigo Rocha Loures. Fala da aceitação de promessa de vantagem indevida. Coisa de R$ 38 milhões. Relaciona os pagamentos a um percentual de negócio envolvendo a Petrobras e o Cade, que beneficiaria uma empresa do grupo J&F, do delator Joesley Batista.

Sobre isso, o advogado de Temer empilha um lote de interrogações: Qual seria a eventual atuação do presidente da República que pudesse vir a favorecer os interesses das empresas de Joesley Batista? A que ato de ofício estaria vinculado esta atuação? Em que medida a atuação de Michel Temer representaria a contraprestação exigida pela descrição típica do crime de corrupção? Em que consistiria a solicitação ou o recebimento de vantagem indevida? Qual a unidade de desígnios e comunhão de ações entre Michel Temer e Rodrigo Loures? Onde está o indício de que os R$ 500 mil recebidos por Rodrigo Loures se destinariam a Michel Temer? Repita-se: acerca do dinheiro que a denúncia afirmou ter sido recebido por Rodrigo Loures com destino a Michel Temer, onde teria havido o recebimento do mencionado montante? De quem teria sido recebido? Quando teria recebido?"

Longe de contestar os indícios, as perguntas do advogado parecem realçar a conveniência do prosseguimento do processo. Mariz reclama da gravação que a perícia da Polícia Federal considerou íntegra. Alega que a peça é "duvidosa" e "ilegal". Mas defende que seja levada a sério, pois não serviria de prova contra o presidente. Ora, a voz de Temer soa no áudio indicando Rocha Loures como seu preposto, uma espécie de resolvedor-geral dos problemas do empresário Joesley. Na sequência, o indicado do presidente foi pilhado em gravações nas quais negocia em seu nome. Depois, foi filmado correndo pelas ruas de São Paulo com a mala de dinheiro.

Como bom criminalista, o doutor Mariz faz o seu trabalho. Mas não ignora que, nesta fase do processo, os 11 magistrados que compõem o plenário do Supremo terão apenas de atestar a viabilidade técnica da denúncia da Procuradoria. Significa dizer que os ministros verificarão se a peça subscrita por Janot reúne indícios mínimos de envolvimento do acusado numa trama criminosa. E os indícios contra Temer são máximos. Assim, se os deputados permitirem, só restará à Suprema Corte homenagear a lógica e o bom senso abrindo uma ação penal para elucidar o caso.

O que apavora Temer é o fato de o início de uma ação desse tipo significar o fim do seu já moribundo governo. Aceita a denúncia, o presidente seria afastado por 180 dias. O Supremo ouviria testemunhas, determinaria diligências, encomendaria perícias, cotejaria as evidências e, ao final, julgaria Temer e Rocha Loures. Em tese, o presidente retornaria ao Planalto se o veredicto atestasse sua inocência. Na prática, essa hipótese é inexistente. Uma vez apeado do cargo, Temer só voltaria por um milagre. Por isso Antonio Mariz sugere à Câmara, com outras palavras, que tudo o que está na cara seja varrido para baixo do tapete com uma rejeição da denúncia.

O problema é que o Brasil continuaria a viver em cima do tapete. Algo perigoso, pois operações como a Lava Jato já demonstraram que não é mais tão fácil manter o acobertado em baixo do tapete. A sujeira acumulada ao redor de Temer vaza pelas bordas, reclamando por investigação e julgamento. De resto, a estratégia da defesa parte da presunção de que a plateia é feita de bobos.
Herculano
05/07/2017 19:57
OPERAÇÃO RAINHA DE COPAS CONTINUA NO GRUPO GLOBO: COMO DISTORCER OS NÚMEROS E INFLUENCIAR PESSOAS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV.2

Quando o jornalismo vira "missão", esquece tudo. Inclusive a lógica e a matemática. E está claro que os profissionais das empresas do Grupo Globo, com as exceções que todos podem perceber, integram hoje a Força Tarefa da Operação Rainha de Copas: "Cortem-lhe a cabeça".

Um texto publicado na versão Online do jornal "O Globo" merece entrar para os anais. E não sair nunca mais de lá. Será estudado, quero crer, no futuro pelos arqueólogos: "Vejam que curioso! Olhem como se faziam as coisas naquele tempo!"

Eu, mais do que ninguém, defendo o direito à análise e à opinião. Mas nem uma nem outra podem estar assentadas na mentira. Ou o que se tem é uma análise falsa e, sim!, uma opinião falsa, que não vale. Você não tem o direito de ter a opinião de que o cérebro fica no traseiro. Porque não fica. Ou de que o intestino se aloja na caixa craniana, ainda que isso, frequentemente, pareça ser verdade.

Vamos submeter um trecho da reportagem d Globo) ea minha contestação.

GLOBO
No dia em que foi definido o nome do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para relatar a denúncia contra o presidente Michel Temer, a enquete do GLOBO mostra um aumento dos votos a favor do prosseguimento do caso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O placar atual é de 17 votos pela aceitação da denúncia e 5 pela rejeição. Outros 10 deputados se dizem indecisos, enquanto a maioria - 34 deputados - ainda não respondeu.

REINALDO
Atenção: vamos ver em que consiste esse aumento. O Globo ouviu 47,7% (32) dos 67 membros da comissão. Desses 32, com efeito, 53,12% se posicionam a favor do prosseguimento do processo. Ocorre que eles representam 25,37% do total. Se o objetivo é este, não sei porque não julgo subjetividades, mas o fato é que o texto cria, logo à partida, a ideia de uma força ou de uma bolha que vai se expandindo. E se dá um jeito de mostrar que isso é tanto mais grave quando se verifica no dia em que se escolhe o relator. Que relação ou correlação existe entre a escolha e o eventual crescimento dos favoráveis à denúncia? Nenhuma que esteja explicitada no texto. É que, quando falta a objetividade, sobra a literatice.

O GLOBO
O GLOBO procurou desde quarta-feira passada todos os deputados e até agora 142 anunciaram voto favorável à denúncia em plenário e 57 contra. Ainda faltam, portanto, 200 votos à oposição para obter os 342 necessários para derrotar Temer na Câmara.

REINALDO
Vamos ser claros, né? Houvesse alguma sombra de neutralidade na cobertura dos veículos do conglomerado, e esse estaria diante de uma tentativa legítima de saber como vota cada um. Mas é evidente que, dada a agressividade da cobertura, sobretudo da TV Globo, o que se tem é uma Blitzkrieg. E nem todo mundo tem coragem de aparecer na contramão do Jornal Nacional, certo?

O GLOBO
Nesta terça-feira, mais dois deputados da CCJ se manifestaram no sentido de que a acusação contra Temer deve ter prosseguimento e não houve aumento entre os apoiadores do presidente. Dois dos deputados que anunciaram voto a favor da denúncia são de partidos da base aliada. É o caso do deputado Rocha (PSDB-AC). "Votarei pela autorização. Não poderia falar isso antes de ler a petição do MPF, coisa que já fiz e que me convenceu que há elementos suficientes para autorizar", afirmou o tucano, por mensagem de texto.

REINALDO
Está aí demonstrado. Quer aparecer do lado positivo da força nos veículos do conglomerado? Então dê seu voto contra Temer. Se for a favor, você será chamado de "membro da tropa de choque".

O GLOBO
O número de deputados que manifestam apoio à denúncia em plenário já supera o dos que há pouco mais de um ano se manifestaram contra o impeachment. São 142 os contra Temer enquanto que 137 votaram pela permanência de Dilma.

REINALDO
De todas as contas, é a mais aloprada. Não faz nenhum sentido. Quer-se ver uma antecipação de resultado onde ela não está. Sendo realmente esses os números, faltam "apenas" 200 deputados para derrubar o presidente. A oposição a Temer soma 136 cadeiras. Se são 142 os que se manifestaram a favor da queda, há apenas SEIS da base aliada que mudaram de lado.

O GLOBO
Já são 22 os deputados de partidos da base aliada que afirmam voto em plenário pelo prosseguimento do caso. A maior parte dos dissidentes declarados está no PSDB, onde, até agora, nove parlamentares se posicionaram a favor da denúncia e apenas cinco contrários. A maioria dos tucanos, porém, não se posicionou, com 32 deputados indecisos ou que não responderam. As dissidências da base já são registradas também no PR, PSD, PP, SD, DEM e PV.

REINALDO
Não sei que conta é essa. Os partidos de oposição somam 136 deputados: PT (58), PSB (37), PDT (19), PCdoB (12), PSOL (6) e Rede (4). Se são 142 os que se manifestaram contra Temer, então são 6 os que migraram da base. Ou, vá lá, há um grupo que não é exatamente da base: transita por ali.

O GLOBO
A maioria dos votos favoráveis a Temer continua concentrada em seu partido, o PMDB, e no PP. Dos 63 deputados peemedebista, 22 já falam publicamente em salvar o presidente, enquanto que os demais não se posicionaram. No PP, são dez votos declarados contra a denúncia. Nem todos os votos, porém, são consolidados.

REINALDO
Observem o tom: tenta-se transformar o PMDB e o PP no bunker de resistência de Temer. E não é que eles votem contra o prosseguimento da denúncia: eles querem "salvar" o presidente. E, mesmo assim, diz o texto, dados os 10 votos do PP, nem todos são consolidados.

Cada um escreva o que quiser: a verdade inescapável é que são necessários dois terços dos votos da Câmara para que se autorize o STF a examinar a abertura do processo, e se tem apenas 27,6% do necessário, pouco mais de um quarto.

Mas, como se vê, não falta esforço de setores da imprensa para derrubar o presidente.
Herculano
05/07/2017 19:45
O QUE PESA A FAVOR E CONTRA TEMER, por Felipe Moura Brasil, de O Antagonista.

Eis um resumo do que pesa hoje a favor e contra Michel Temer na Câmara dos Deputados na análise da admissibilidade da denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente por corrupção passiva.

A favor:

1) Não há pressão das ruas.

2) O presidente tem a caneta na mão para oferecer vantagens (cargos, emendas, concessões nas reformas etc.) aos parlamentares em troca de votos, tendo recebido só na terça-feira, dentro da agenda oficial, pelo menos 27 deputados e sete senadores.

3) Pelo menos 12 dos 66 membros da Comissão de Constituição e Justiça são alvos de inquérito na Lava Jato e temem ser os próximos a cair.

4) A ala anti-Janot da CCJ conta, além dos investigados, com outros "críticos" das investigações e até da ideologia do procurador-geral, alinhado à esquerda em matéria de ensino nas escolas brasileiras sobre "diversidade de gênero e orientação sexual".

5) Assessores de Temer dizem que o governo tem os 34 votos necessários de deputados para garantir um parecer contrário à denúncia na CCJ.

6) Dizem, também, que há outros 8 deputados passíveis de "convencimento" para alcançar a marca de 42 votos, ou seja: vantagem folgada, com margem de segurança.

7) No desespero, a tropa de choque do governo pode tentar substituir deputados na CCJ, como recomendou Jovair Arantes, e como já havia sido feito no caso de Major Olímpio.

8) Rodrigo Maia, em tese, é aliado do presidente, diferentemente de Eduardo Cunha no processo de impeachment de Dilma Rousseff.

9) Não há prova material de recebimento, por parte de Temer, de dinheiro da mala de R$ 500 mil de propina entregue pela JBS ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente.

10) Loures foi solto pelo ministro do STF Edson Fachin.

Contra:

1) A perícia da Polícia Federal avalizou o áudio da conversa comprometedora de Joesley Batista com Temer em encontro fora da agenda oficial no Palácio do Jaburu.

2) A aprovação de Temer nas pesquisas é de apenas 7%, de modo que deputados, de olho nas eleições de 2018, temem o desgaste de defender um presidente impopular.

3) Geddel Vieira Lima, ex-ministro e aliado de Temer, antecessor de Loures como intermediário do presidente e de Joesley foi preso pela Polícia Federal na segunda-feira.

4) A acusação contra Geddel por obstrução de justiça na tentativa de comprar o silêncio de Lúcio Funaro e Eduardo Cunha reforçou a gravidade de declarações de Temer no aúdio de Joesley, tais como: a) quando pergunta "O Eduardo também, né?" após Joesley dizer "Todo mês..."; b) quando diz que Joesley falar com Geddel poderia parecer obstrução de justiça; c) quando indica "É o Rodrigo" para substituir Geddel na intermediação, resolvendo o problema anterior.

5) Temer disse na gravação "Pode passar por meio dele, viu?" e, semanas depois, Loures foi flagrado correndo na rua de São Paulo com a mala de propina da JBS.

6) Aliado de Rodrigo Maia, Sérgio Zveiter, escolhido relator do pedido de denúncia, está longe de ser o relator dos sonhos do governo, apesar de também ser peemedebista.

7) Apesar de Temer ter acionado o ministro dos Esportes, Leonardo Picciani, para pressionar Zveiter, seu colega de PMDB do Rio de Janeiro, o relator declarou que fará uma análise independente, com "chance zero" de ceder a pressões.

8) Zveiter jantou na terça-feira na casa de Maia, que, embora tenha se irritado com o vazamento, aparece mais concretamente agora como alternativa de poder a Temer.

9) Segundo a Folha, "deputados próximos a Temer que, até então, mostravam otimismo disseram, em tom fúnebre, que 'agora acabou'."

10) A tramitação da denúncia pode extrapolar o prazo, segundo o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), o que contraria a pressa dos governistas para liquidar o tema antes do recesso parlamentar e prolonga o sangramento de Temer.

Eu, Felipe, sou a favor da admissibilidade da denúncia, cujo conjunto probatório merece ser discutido no STF, ainda que, também, por Gilmar Mendes.

Liquidá-la na Câmara é como trancar as provas na garagem do Jaburu.
Sidnei Luis Reinert
05/07/2017 12:19
Artigo no Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Renato Sant' Ana

Quem já viu algum líder do Estado Islâmico morrer num atentado suicida? Jamais! E alguém acredita que vai ver, um dia, os exaltados líderes esquerdistas de nosso país arriscarem-se nos atos de violência que eles sugerem à militância periférica na luta pelo poder?

Os líderes islâmicos pregam o terrorismo, mas o trabalho sujo é da raia miúda: homens-bomba (psicologicamente insignificantes) confundem a violência mais impiedosa com heroísmo e se explodem a si mesmos para destruir inimigos mais imaginários que reais. Por aqui, a esquerda revolucionária insufla a récua de militantes à prática de violência, o que pode ir desde ofender jornalistas em aeroportos até incendiar automóveis e edifícios públicos.

Vanguarda do ódio

É inacreditável, mas é fato! A cada tanto, nas redes sociais, ativistas dessa esquerda apelam a que "matem o juiz Sergio Moro". E segue circulando na internet um vídeo com manifestações "revolucionárias" de Roberto Requião e Benedita da Silva, incitando claramente a raia miúda à ação violenta.

Requião, guiado pelas diretrizes de uma instituição nefasta chamada Foro de S. Paulo, faz um manifesto claramente FASCISTA, mas não sem antes chamar de FASCISTAS aqueles que discordam dele. E apela: "O que, então, estamos esperando para cruzar o rio, para jogar a cartada decisiva de nossas vidas? (...) Convençam-se. Não há mais espaço para a conversa e para os bons modos." E Benedita da Silva, híbrido de fundamentalismo medieval e populismo marxista, acrescenta: "Quem sabe faz a hora e faz a luta. A gente sabe disso. E na minha Bíblia está escrito que sem derramamento de sangue não haverá redenção. Com a luta e vamos à luta, com qualquer que sejam as nossas armas!" Traduzindo: eles mandam a militância rasgar a lei, esquecer a Constituição, e abraçar a violência.

Desde sempre, mas com maior furor depois que começou a cair a máscara do lulopetismo, líderes dessa esquerda vêm atiçando a raia miúda a fazer o que faziam os "camisas negras" do fascismo italiano comandado por Mussolini. Foi assim que, em 24/05/17, "ativistas" mascarados, munidos de bombas, pedras e coquetéis molotov atacaram a polícia, tentaram pôr fogo na sede de ministérios e promoveram um quebra-quebra. Conseguiram destruir a biblioteca do Ministério da Cultura. Sem comentários. É o trabalho sujo dos insignificantes.

Sem meias palavras

A conduta desses comandantes sedentários está descrita no Código Penal: "Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime". Sim, "incitação ao crime". Está no título IX do CP, dos crimes contra a paz pública.

Agora, alguém acredita que esses valentões, que atiçam a militância subalterna, arriscariam o próprio couro nas ações que pregam? Haverá dúvida de que eles estão, efetivamente, incitando a raia miúda à prática de crimes? Com a palavra a Polícia Federal, o Ministério Público (guardião da lei) e a OAB, a qual, por seu estatuto, tem por finalidade defender a Constituição e a ordem jurídica do Estado democrático de direito.

Uma coisa é certa: esses bandidos, esses revolucionários de gabinete ainda apostam no sucesso de sua revoluçãozinha só porque há, entre nós, uma maioria passiva, queixosa, que acha que são os outros que devem responsabilizar-se, e que, inconscientemente, engrossa o caldo de cultura em que se desenvolve a bactéria do totalitarismo.

Renato Sant'Ana é Psicólogo e Bacharel em Direito.
Sidnei Luis Reinert
05/07/2017 12:15
O maçom Zveiter será fatal para o ex-maçom Temer?


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

O maçom "adormecido" Michel Temer não confia na escolha do maçom ativo Sérgio Zveiter para ser o relator, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, da inédita denúncia, por corrupção passiva, feita pelo Procurador-Geral da República contra o Presidente da República?

Deputado estadual pelo mesmo PMDB de Temer no Rio de Janeiro, advogado e ex-presidente da OAB no Rio de Janeiro, o "irmão" Zveiter causa desconfiança no Palácio do Planalto porque se votou contra o impeachment de Dilma e, agora, se define como "independente", apesar de peemedebista.

A defesa de Michel Temer entrega logo mais a defesa dele. Temer tem feito uma maratona de reuniões com parlamentares. O objetivo é barrar a denúncia de Rodrigo Janot. Ontem, Temer tricotou com vários membros da CCJ, que avaliará o caso antes de a denúncia seguir para votação no plenário da Câmara. Imagina o teor "republicano" dos conchavos...

Enquanto trabalha para que o Executivo faça a cooptação do Legislativo, o pavor imediato de Temer é que o Ministério Público e o Judiciário façam alguma coisa contra alguns de seus homens de confiança: Moreira Franco e Eliseu Padilha ?" investigados na Lava Jato. Novos delatores premiados estão prontos para detonar a turma do Presidente.

Enquanto se implode o presidencialismo de coalizão e colisão, O Brasil se apavora com a explosão de violência - perigoso reflexo da injustiça e da impunidade viabilizadas pelo regramento excessivo de um modelo estatal acostumado a tutelar e explorar a sociedade. É fundamental observar o que acontece em grandes centros urbanos, especialmente o paradigma da degradação institucional: o Rio de Janeiro.

Vale prestar atenção no relato do publicitário Zeca Borges, gestor do importantíssimo "Disque Denúncia", sobre as notícias mais recentes da guerra no balneário mais famoso do Brasil. O fenômeno no território administrado pelo padrão Sérgio Cabral é recorrente no resto do Brasil sob refém do Crime Institucionalizado. Nada anormal no País em que um mesmo ministro do Supremo mantém presa uma mulher que roubou uns frascos de detergente, mas que ordena a soltura do homem da mala com R$ 500 milhões em propinas. Vamos ao alerta do Zeca Borges, nos três próximos parágrafos:

"Após o racha entre o PCC e o CV ocorrido em 2015, lideranças do PCC passaram a aliciar traficantes da ADA e do TCP, para que estas duas facções se unissem a eles com o objetivo de reaver comunidades que foram tomadas pelo CV. E também de outras que sejam consideradas estratégicas para a nova facção denominada TCA (Terceiro Comando dos Amigos, criada após a união de TCP e ADA)".

"Relatos anônimos cadastrados no Disque-Denúncia revelam a presença de traficantes do PCC na Rocinha, no Caju e na Pedreira, que são controladas pela ADA. Na Vila do João e na Vila dos Pinheiros, controladas do TCP, também existIria a presença de traficantes do PCC".

"PCC e TCA parecem ter dado o primeiro recado de que o início dos ataques em comunidades controladas pelo CV ocorresse na Maré. No início da noite de ontem, traficantes da Vila do João e Vila dos Pinheiros, controladas pelo TCP, atacaram a da Nova Holanda, controlada pelo Comando Vermelho.
(Obs.: No Complexo da Maré, as duas comunidades controladas pelo CV são Nova Holanda e Parque União. Todas as outras são controladas pelo TCP e pela ADA.)".

Resumindo: As facções criminosas tocam o terror muito além de Brasília... E tudo fica melhor para elas, já que Michel Temer corta a verba da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal ?" crime que nem a petelândia ousou cometer...
Herculano
05/07/2017 11:39
um artigo para os burocratas instalados no poder das prefeituras de Gaspar e Ilhota lerem, se tiverem capacidade e conseguirem entendê-lo. Vai que...

DESESTATIZAR E FOCAR O ESSENCIAL, por Wilson Poit, é secretário de Desestatização e Parcerias da Prefeitura de São Paulo. Foi empresário, conselheiro de empresas e recebeu, em 2009, o prêmio da Ernst&Young (EY) de "Empreendedor do Ano, escrito para o jornal Folha de S. Paulo

Desestatizar é um termo complicado. Poucos sabem seu real significado. Levado ao pé da letra, seria a "exclusão da gestão do Estado ou a redução da sua participação".

Para mim, que estou à frente deste grande projeto que pode mudar a cara da cidade de São Paulo, trata-se de algo simples: diminuir o tamanho do governo e focar o essencial.

A Prefeitura de São Paulo tem hoje um dimensionamento muito maior do que aquele que realmente deveria ter. Explico melhor.

Apesar de seu orçamento anual na casa dos R$ 55 bilhões, a administração municipal não consegue entregar serviços de qualidade. Além de cuidar de demandas essenciais - como saúde, educação e habitação -, a prefeitura se desdobra para realizar atividades que o setor privado poderia desenvolver de maneira muito mais eficiente.

Se a gestão municipal puder centrar seus esforços e receitas naquilo que é realmente fundamental para a população, acredito que vislumbraremos um futuro brilhante para a maior metrópole da América do Sul.

Nosso objetivo é claro: passar para a iniciativa privada os ativos e serviços que não são essenciais para a cidade (como o Complexo do Anhembi e o autódromo de Interlagos), conceder para as empresas privadas a exploração daquilo que onera a máquina pública em excesso e oferece retorno de baixa qualidade para a população (parques municipais, mercados, cemitérios).

Como noticiado dias atrás, já criamos o Fundo Municipal de Desenvolvimento Social, cujo objetivo é guardar os recursos provenientes das desestatizações e destiná-los a investimentos exclusivos nas áreas de saúde, educação, segurança, habitação, mobilidade e assistência social.

Para construir um projeto robusto e de qualidade, estamos realizando um verdadeiro intercâmbio de boas práticas e ouvindo as potências mundiais a respeito dos programas de parcerias público-privadas e concessões.

O diálogo com o conselho canadense, por exemplo, aberto em março deste ano, foi de grande importância para a construção de nossos projetos. O Canadá é um dos países com maior número de PPPs em andamento no mundo. Vamos aprender com eles e adaptar as lições para a nossa realidade.

A inspiração americana é a que mais converge com o que queremos executar aqui. Avaliei de perto o Central Park Conservancy, organização privada sem fins lucrativos que cuida de 75% da gestão do famoso Central Park, em Nova York. Todos os prós e contras estão sendo colocados na balança.

Em resumo, não se trata de vender a cidade, mas de criar um modelo para a gestão pública, hoje defasada e carente de recursos. Queremos iniciar em São Paulo um projeto de escala global, que pode ser replicado em todo o solo brasileiro.

Temos consciência de que, para sermos bem-sucedidos, todos os agentes deste processo devem ser ouvidos -isso inclui a população e o Legislativo.

Portanto, audiências públicas serão realizadas, e as polêmicas, superadas. Até o final deste ano, os primeiros resultados da desestatização serão nítidos para todos os paulistanos.

É tempo de mudança. E São Paulo está na proa desta viagem.
Herculano
05/07/2017 11:26
da série: são esses os que não querem a Reforma da Previdência. Preferiam ela quebrada e inviável como no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul.´É esta gente que os sindicatos, centrais sindicais, PT, PSOL, Rede,PCdoB, PDT, PSTU, PCO, PSB e outros defendem. Hoje 63% dos trabalhadores brasileiros, que não são servidores, nem estáveis, nem se aposentam cedo inclusive na área militar, já ganham de aposentadoria o salário mínimo, e em média só após aos 66 anos. Os pobres, mais uma vez sustentando os ricos e sendo enganados por eles e suas gordas corporações sustentadas pelo Imposto Sindical que rouba um dia de trabalho por ano dos trabalhadores comuns. Veja abaixo, e compare os números da vergonha que todo esquerdista esconde.

GASTOS COM INATIVOS SUPERAM OS ATIVOS NO SENADO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O Senado gastou mais em 2016 com aposentados e pensionistas do que com salários de funcionários e servidores ativos. Em salários da folha de pessoal, a Casa Alta do Legislativo torrou R$1,64 bilhão no ano, enquanto aposentados custaram ao contribuinte quase R$1,33 bilhão. Somados aos R$350 milhões pagos aos pensionistas, o custo de quem já não trabalha foi de R$1,68 bilhão no Senado Federal.

CONTRACHEQUE INCHADO
Com 5.980 servidores, efetivos e comissionados, cada um nos custou em média R$22.853 por mês. Aposentados custaram R$30.625.

ATIVOS
O custo médio mensal da folha de pessoal do Senado é de R$126 milhões, mas chega a quase R$ 200 milhões nos meses de 13º.

NÃO É EXCLUSIVIDADE
O gasto com quem já não trabalha é também maior na administração direta: Esplanada dos Ministérios e Presidência da República.

O CASO MAIS GRAVE
Os salários de militares da ativa em 2016 custaram R$21 bilhões, mas aposentadorias e pensões consumiram 72% a mais: R$36,2 bilhões.

CAMEX NOTIFICADA SOBRE ÁLCOOL PODRE IMPORTADO
A reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do governo federal foi interrompida, nesta terça (4), por um oficial de Justiça que notificou cada representante de sete ministérios sobre a responsabilidade de cada um por autorizarem a importação, sem impostos, de álcool podre dos Estados Unidos à base de milho, altamente poluente. A notificação integra ação dos produtores do Nordeste na Justiça Federal. O assunto foi adiado: será discutido agora pelo conselho de ministros da Camex.

ME BUANA, YOU OTÁRIO
O lobby de importadoras como a americana Shell (Raízen) obteve a autorização para importar álcool podre dos EUA com 0% de imposto.

NEGóCIO SEM RISCO
Ao contrário do álcool de cana nacional, o álcool podre à base de milho é subsidiado pelo governo dos EUA e não paga impostos no Brasil.

BARBAS DE MOLHO
Além do presidente Temer, são membros da Camex os ministros de Relações Exteriores, Fazenda, Agricultura, Indústria e Planejamento,

TRAPEZISTA SEM REDE
"Patético" foi o adjetivo mais ouvido no Senado para definir o discurso do retorno de Aécio Neves (PSDB-MG). Inexperientes em política, seus algozes não perceberam que a interdição do mandato só o protegia.

DENÚNCIA FRACA
Teve grande impacto na Câmara a avaliação do ministro aposentado Carlos Veloso, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, sobre a denúncia contra Michel Temer apresentada por Rodrigo Janot, seu ex-aluno e amigo. "A denúncia é fraca", definiu Veloso - "uma salada".

LÍDER DE VERDADE
A escolha do senador Raimundo Lira (PB) para Líder do PMDB no Senado foi avançada nesta coluna em primeira mão. E sua eleição por aclamação mostra que o partido, agora, tem um líder de verdade.

BUGARIN MANDOU BEM
Após quatro anos, Paulo Bugarin encerra no dia 8 o seu elogiado mandato de procurador-geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). Com especial destaque para a apreciação das Contas de Governo de 2014 e 2015, com inédito parecer pela rejeição.

PRIMAVERA NA OAB
O movimento "Primavera na OAB", de advogadas de sucesso em Brasília, reúne-se pela segunda vez nesta quinta (6). Elas articulam uma chapa para concorrer à direção da OAB-DF, que pretendem comprometida com princípios éticos e as prerrogativas da profissão.

AÍ TEM
A saída de Antônio Loss da presidência da Telebras é atribuída à rede de proteção ao diretor-técnico Jarbas Valente, afilhado do deputado Sandro Alex (PSD-PR). Muito compreensivo com o atraso na entrega das antenas do satélite brasileiro, Valente virou presidente interino.

RELATOR TÉCNICO
Foi bem recebida nos meios jurídicos a escolha do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para relatar as denúncias contra Temer na CCJ. De família de juristas, a expectativa é que produzirá um "relatório técnico".

SEM PARTIDO OU POLÍTICO
Apenas 15% dos cidadãos da América Latina confiam nos partidos ou estão satisfeitos com a democracia, segundo levantamento citado durante debate na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

PENSANDO BEM...
...a movimentada "Cia. Aérea da PF" não deve ter aderido à cobrança de transporte de malas de investigados.
Herculano
05/07/2017 11:15
BRASÍLIA SUGA O SANGUE QUE VOLTAVA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S.Paulo.

A ECONOMIA do país melhorava até maio, do que tivemos mais sinais nesta semana: a indústria se recuperava.

Desde maio também vamos piorando, a discutir o zumbi Michel Temer e seus ministros no presídio ou casos como o do senador capilé, Aécio Neves, presidente de desonra do PSDB.

Assim, as contas públicas vão piorando na direção do desastre, pois o governo do Brasil foi sequestrado por essa gente que foge da polícia e por seus cúmplices, ativos ou omissos.

A indústria cresceu em abril e maio, soubemos nesta terça-feira (4) pelo IBGE. Arrastava-se, portanto, para fora do vale da morte para onde havia despencado desde o governo de Dilma Rousseff. Era pouco, mas se movia.

Quanto a junho, não se sabe. Por enquanto, as previsões são que a produção industrial teria regredido, perdido todo o avanço de maio, embora os erros de estimativa dos economistas venham sendo horríveis.

No mais, o que se conhece da economia em junho são apenas os choques na confiança de consumidores e empresários.

Quem sabe, por graça dos céus, o desânimo talvez não venha a abater consumo e investimentos de empresas. Mesmo que ocorra esse pequeno milagre, os zumbis do Planalto ainda farão estragos.

Desde o dia do escândalo do grampo, 17 de maio, as taxas de juros subiram no atacadão de dinheiro, das mais curtas às mais longas. É veneno para um doente fraco como o Brasil.

A situação das contas do governo assusta mais. A receita federal caiu 3,3% de janeiro a maio deste ano (em relação aos mesmos cinco meses do ano passado, em termos reais: já descontada a inflação).

A despesa com Previdência aumentou 7,2% nesse mesmo período. O gasto com salários e aposentadorias dos servidores federais cresceu 11,8%. Apenas não houve explosão apoteótica do deficit porque todas as demais despesas do governo federal foram cortadas em 15%.

No fim das contas, a despesa total ainda caiu 1,1%, o que não basta nem para compensar a perda de receita. Caiu, mas a quanto custo.

É preciso repetir: o corte em todas as despesas federais além de Previdência e servidores foi de 15%, favor prestar atenção.

Como será possível manter tal ritmo de arrocho pelos próximos anos? Não será possível, claro. A coisa vai explodir por algum lado, em paralisias da administração, em arrocho de gasto de saúde ou em outra despesa essencial, em aumento de imposto ou em inflação.

Dados o crescimento baixo do PIB e a reação ainda mais lerda da receita de impostos, não haverá dinheiro. A falta de passaportes foi apenas uma amostra grátis anedótica.

Enquanto assistimos bestializados à chegada do meteorito fiscal, o "Rio 2", governo e Congresso estão ocupados em fugir da polícia ou por cúmplices e omissos, a maioria folgada de quem tem cargos na praça dos Três Poderes.

Estejam ou não metidos em roubança, quase todos serão culpados de negligência criminosa e traição caso não comecem a reagir, já.

Ignorância suicida ou covardia, por sua vez, serão as atitudes de quem, pretendendo vir a governar o país, não se manifeste sobre a emergência em que vivemos, ao menos para salvar o próprio couro, caso venha a ser eleito
Herculano
05/07/2017 11:09
CCJ - OTIMISTA: "ZEITER É INDEPENDENTE. PESSIMISTA:"ELE PREFERE AGRADAR LEI OU A GLOBO?", por Reinaldo Azevedo, na Rede TV


Quase tudo o que li a respeito da indicação do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) para a relatoria, na CCJ da Câmara, da denúncia contra Michel Temer me parece pesar a mão para fazer dele quase um adversário interno do presidente no PMDB. Não há histórico a respeito. Tendo presidido a OAB-RJ por dois mandatos, o advogado dispõe de condições técnicas de analisar adequadamente a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Se vai ou não fazê-lo, não sei. Se o fizer, verá que, com efeito, o que se tem lá não passa de ilação. Sem as delações para escoltar a denúncia e uma gravação que nada prova - além de ser ilegal -, a coisa não para de pé.

O deputado declarou que vai agir com independência. Se o fizer, Temer pode ficar tranquilo. Depois de escolhido para a função, anunciou que não aceitará pressões e coisa e tal. Ele é considerado próximo de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara. Embora apontado como um dos favoritos em eleição indireta caso o golpe consiga depor o presidente, Maia não emite nenhum sinal de que aposte nisso.

Vamos ver o que fará Sérgio. Ele é filho do advogado Waldemar Zveiter, que já foi ministro do STF, e irmão de Luiz Zveiter, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio, que já presidiu no biênio 2009-2010. Em maio deste ano, o Conselho Nacional de Justiça decidiu abrir Processo Administrativo Disciplinar para investigar a conduta de Luiz "por indícios de irregularidades em obras do TJ-RJ e do Tribunal Regional Eleitoral.

A principal envolvida é a construtora Delta, que estava sob o, digamos assim, guarda-chuva do esquema criminoso montado pelo então governador do Rio, Sérgio Cabral, de quem a família era próxima. Sergio foi seu secretário. Vamos ver como se sai o deputado no seu papel, digamos, de julgador primeiro da denúncia inepta apresentada por Rodrigo Janot, procurador-geral da República.

Os interlocutores mais serenos de Temer demonstraram tranquilidade porque apostam que Sérgio fará uma análise técnica da denúncia. Como, de fato, inexiste a evidência de que os tais R$ 500 mil estavam destinados também ao presidente - nada se tem além da delação de Joesley e seus cupinchas premiados; as gravações que trazem conversas de Rodrigo Loures com Ricardo Saud, homem de Joesley Batista, não permitem concluir que o atual chefe do Executivo fosse beneficiário daquele dinheiro.

Mas há também os interlocutores algo assombrados. E a razão é ao menos verossímil se não for verdadeira. Luiz já advogou para a Globo em diversas causas. Na verdade, a família Zveiter é amiga dos sócios-controladores da emissora: trata-se de relações pessoais mesmo. Foi o que levou um pessimista a fazer a seguinte pergunta: "Você acha que o Zveiter vai ter coragem de contrariar a Globo, que quer derrubar o presidente?"

Bem, li diversos textos em que o deputado assegura a sua independência diante do Planalto, dizendo não ceder a pressões. Espero que assim seja. E o cético insistiu do outro lado: "Você acha que ele vai preferir contrariar o Planalto ou a Globo? É só ver quem tem mais poder"?

Bem, prefiro não fazer ilações nem tirar conclusões precipitadas.

Antonio Claudio Mariz de Oliveira, que defende Temer, deve apresentar a defesa nesta quarta. E começa, então, a contagem de cinco sessões para que Sérgio apresente seu relatório e para que seja votado na CCJ. Qualquer que seja o resultado, a coisa vai a plenário. Na comissão, basta maioria simples para aprovar o texto do relator, qualquer que seja ele. Em plenário, quem quer derrubar o presidente tem de somar 342 votos: dois terços. Se houver esse número, a denúncia segue para o Supremo, que decidirá, por maioria, se aceita ou

Que o golpe não dê certo!
Herculano
05/07/2017 11:03
UMA JUSTIÇA SEM OBSESSÕES, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

A delação premiada deve ser instrumento de auxílio à Justiça, e não uma obsessão que faz inverter o ônus da prova e transigir com as condições para a prisão

Na segunda-feira passada, foi cumprida a ordem de prisão preventiva do sr. Geddel Vieira Lima, decretada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal do Distrito Federal (DF). Como é de conhecimento público, a biografia do preso não inspira especial confiança. Geddel é alvo de denúncias desde os 25 anos de idade, quando foi acusado de desviar dinheiro do Banco do Estado da Bahia (Baneb). Depois esteve envolvido no escândalo dos anões do orçamento, no qual foi inocentado, e em acusações de mau uso de verbas do Ministério da Integração Nacional. Agora, a Justiça investiga sua atuação como vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal (CEF) durante o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Segundo a delação do sr. Lúcio Funaro, Geddel teria recebido R$ 20 milhões a título de propina por sua participação em esquema de favorecimento a algumas empresas.

Diante de um caso grave assim, era de esperar um estrito cumprimento do processo penal. No entanto, a leitura da decisão da 10.ª Vara Federal do DF revela uma perigosa interpretação da lei e da delação premiada, que, em última análise, afeta as garantias individuais de todos os cidadãos.

Como motivo fundamental para a decretação da prisão, o juiz indica "o recente fato de Geddel Vieira Lima ter entrado, por diversas vezes, em contato telefônico com a esposa de Lúcio Bolonha Funaro, com o intuito de verificar o ânimo do marido preso em firmar acordo de colaboração premiada (...) o que pode caracterizar um exercício de pressão sobre Lúcio Funaro e sua família".

Ao aplicar a lei dessa forma, entendendo que uma conversa sobre possível delação de um réu é sinônimo de obstrução da Justiça, o juiz inverte a lógica da delação premiada, como se a obtenção de um acordo de colaboração com a Justiça fosse um direito inexorável do Estado. Se, como é óbvio, não cabe às autoridades exigir a realização de um acordo de delação premiada, não se pode criminalizar toda e qualquer ação que tente impedir uma delação.

A ser correta a aplicação dada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira ?" e que tem sido pleiteada em diversas esferas pelo Ministério Público ?", a opinião de um familiar de um preso para que ele não faça acordo de delação premiada deveria ser considerada obstrução de Justiça, já que estaria dificultando o trabalho das autoridades policiais. Naturalmente, essa interpretação é abusiva e fere as garantias individuais.

Como todo acordo jurídico, o termo de colaboração premiada pressupõe a liberdade entre as partes. E se cada um é livre para ponderar se deve ou não fazer um acordo de delação premiada, também é igualmente livre para receber conselhos, sugestões e ponderações de quem quer que seja. Em sentido estrito, a interpretação da lei que baseia a ordem de prisão de Geddel conduz a uma criminalização da liberdade de expressão.

Logicamente, qualquer tipo de coerção é ilegal. Caracteriza uma violação da liberdade individual, a merecer pronta atuação do Estado. No entanto, as autoridades persecutórias, Polícia Federal e Ministério Público, precisam provar a existência dessa eventual coação. Uma conversa não é, necessária e automaticamente, uma coerção.

No caso em questão, até o juiz admite a falta de provas de uma eventual coação, pois na mesma decisão que manda prender o sr. Geddel autoriza a apreensão dos celulares do político "pela necessidade de buscar elementos quanto à sua atuação (...) no que pertine a contatos com a esposa do réu Lúcio Funaro e investigado na Operação Cui Bono". Ora, atirar antes e perguntar depois não é uma boa forma de conduzir processo penal.

Seria equívoco não pequeno se o desejo de combater a corrupção e a impunidade levasse a um descarte paulatino da lógica e das garantias do processo penal. A delação premiada deve ser instrumento de auxílio à Justiça, e não uma obsessão que faz inverter o ônus da prova, excluir a presunção de inocência e transigir com as condições para a prisão
Herculano
05/07/2017 10:57
O RETORNO DE AÉCIO, por Bernardo Mello Franco, no jornal Folha de S. Paulo

Um clima de constrangimento marcou o retorno de Aécio Neves ao Senado. Depois de 46 dias afastado, o tucano voltou à tribuna para se defender. O discurso atraiu muitos jornalistas, mas não despertou o mesmo interesse nos senadores. Quando ele começou a falar, apenas dez colegas estavam no plenário.

Um imprevisto agravou o mal-estar inicial. Assim que Aécio ajeitou o microfone, a campainha do Senado disparou. O tucano riu amarelo, cruzou os braços e olhou para a Mesa Diretora sem saber o que fazer. O sinal soou por longos três minutos até que alguém conseguisse desativá-lo.

O discurso seguiu o mesmo tom monocórdio da campainha. O senador adotou o roteiro de todos os políticos sob suspeita de corrupção. Exaltou a própria trajetória, citou a família, manifestou "indignação contra a injustiça" e disse que não perdeu "a serenidade e o equilíbrio".

"Não cometi crime algum. Não aceitei recursos de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagens indevidas", afirmou. Ele se disse "vítima de uma armadilha engendrada e executada por um criminoso confesso", referindo-se ao empresário Joesley Batista. Quem ouviu as gravações das conversas dos dois deve ter se sensibilizado com o fim da amizade.

Depois de atacar o delator, Aécio fez um anúncio: "Quero dizer que errei, e assumo aqui esse erro". Parecia a deixa para algo importante, mas ele não demorou a desfazer a impressão. Na versão do tucano, seus erros foram cair numa "trama ardilosa" e dizer palavrões ao telefone.

O eleitor que esperava uma autocrítica terá que continuar esperando. Ao descer da tribuna, Aécio ouviu aplausos tímidos e passou a ser evitado pelos aliados. Seu nome só voltaria a ser citado depois de três horas e meia, quando uma senadora do PT se lembrou de criticá-lo.

Como nem tudo são espinhos, o tucano terminou o dia com um prêmio de consolação. O ministro Gilmar Mendes, sempre ele, assumiu mais um de seus inquéritos no Supremo.
Herculano
05/07/2017 10:55
DUELO DE TANTÃS, por Carlos Brickmann

De um lado, com a caneta nas mãos, podendo nomear aliados e liberar verbas parlamentares, o presidente Michel Temer; de outro, com o arco e flecha nas mãos, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ambos lutam contra o tempo. Temer precisa resistir no cargo, até 17 de setembro, às investidas de Janot ?" nesse dia, termina o mandato do procurador-geral. Janot precisa derrubar Temer até 17 de setembro, quando terá de abandonar o comando da cruzada. No dia 18, ambos terão encontrado seu destino: Janot festejando a glória de derrubar um presidente ou amargando a lembrança dos dias em que seu poder era temido; Temer, lutando pela sobrevivência, talvez afastado do cargo enquanto o Supremo o investiga, ou livre para governar ?" espera-se que com ministros menos alvejáveis.

Livrando-se da tragédia que ele mesmo semeou, ao assumir o Governo ao lado de tipos discutíveis, Temer poderá ancorar sua estabilidade na economia. A inflação está abaixo da meta prevista, as exportações deram um salto, a Petrobras recupera produção e rentabilidade, as estatais deram R$ 10,5 bilhões de lucro nos primeiros três meses do ano. Mas, para se livrar, reduziu as reformas ao mínimo possível. Uma oportunidade perdida. Janot transformou a denúncia contra Temer num jogo tático, dividindo-a, para, se perder uma, ter outra a atrapalhá-lo. Nenhum dos dois, obcecados pela vitória, pensou no país. Para ambos, o Brasil é apenas um detalhe.

DIA D

Temer é acusado de corrupção passiva: seria o destinatário dos R$ 500 mil entregues pelos delatores premiados da JBS ao então deputado Rocha Loures. A entrega da mala de dinheiro foi filmada, e as imagens de Loures correndo com ela até seu carro são inesquecíveis. Temer pretende defender-se dizendo que não era o destinatário da rica mala e desafiando os acusadores a provar que era. A defesa de Temer deve ser entregue à Comissão de Constituição e Justiça ainda hoje. O presidente quer que o plenário decida antes de 17 de julho, quando começa o recesso parlamentar.

QUESTÃO DE PLACAR

Temer passou ontem algo como 14 horas recebendo parlamentares. Ele precisa de 34 votos na Comissão de 66 deputados para que a denúncia não seja aceita, e tem hoje, calcula-se, entre 25 e 35. Mesmo que tenha 35, a margem é pequena e ele corre risco. Deputados detestam apoiar quem esteja perdendo. Por isso, mesmo tendo na Comissão 44 integrantes de partidos aliados, que indicaram ministros e ganharam cargos, luta para se salvar. No plenário, que votará em julho, salvo imprevisto, o acusador é que tem de conquistar a maioria: são 342 votos. Se o número não for alcançado, a denúncia estará rejeitada. Neste momento, Temer tem folga. Até a votação final, entretanto, há inúmeras possibilidades de mudança.

FIRULA

O presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, diz que, em nome da transparência, exigirá que cada deputado anuncie seu voto no microfone. É jogo para a torcida: os deputados favoráveis a rejeitar a denúncia não precisam votar contra (podem abster-se, ou nem comparecer à sessão). Se 172 parlamentares não comparecerem, todos os demais podem votar contra Temer que não atingirão o número de 342, e a denúncia será rejeitada.

JOGO BRUTO

Os acusadores têm ainda, entretanto, muitas armas: se o acordo de delação premiada do doleiro Lúcio Funaro for homologado, não se sabe o que poderá dizer sobre Michel Temer e seus aliados mais próximos. Há mais: Geddel Vieira Lima, preso nesta semana, estará disposto a delatar? E Lula? Quais modificações no cenário político pode causar sua condenação ou absolvição pelo juiz Sérgio Moro?

REFORMA QUE REFORMA

Esta é uma semana movimentada no Congresso: enquanto a Câmara recebe a defesa de Temer, o Senado estará iniciando a votação da reforma trabalhista. É esta reforma que levou dirigentes sindicais à oposição: nela é abolido o Imposto Sindical, grande fonte de receita dos sindicatos e suas centrais. O Imposto Sindical é um dia de salário de cada trabalhador do país, seja ou não filiado a algum sindicato. E sua existência: a) desobriga os sindicatos de representar adequadamente a categoria, já que, com ou sem associados, tem uma bela verba à disposição: b) torna a abertura de novos sindicatos um excelente negócio. Hoje, temos 15 mil sindicatos no país.

REFORMA QUE NÃO REFORMA

E é em torno desta reforma que se trama um jogo sujo: há quem diga que o presidente Temer se comprometeu com os sindicalistas a vetar o fim do Imposto Sindical; ou aprovar a reforma e, em seguida, distribuir um agrado permanente aos sindicatos e suas centrais, de maneira a compensar a perda do Imposto Sindical. Pelego de bolso cheio é muito mais dócil.
Herculano
05/07/2017 10:50
NEM TODA ROBALHEIRA É DO CABRAL, por Élio Gaspari, para os jornais Folha de S. Paulo e O Globo.

O Rio estava precisando de notícia tão boa. O juiz Marcelo Bretas botou na cadeia Jacob Barata Filho, o "Rei dos ?"nibus", e o doutor Lelis Marcos Teixeira, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio. Falta trancar o empresário José Carlos Lavoura, presidente do conselho da Fetranspor, que está em Portugal, mas prometeu se entregar.

Junto com a boa notícia veio a informação de que Sérgio Cabral embolsou pelo menos R$ 122 milhões. O Magnífico Cabral mamava na Fetranspor desde quando era um pobre deputado estadual e continuou sugando até pouco antes da chegada da Policia Federal ao seu apartamento.

Até 2012 existia um Sérgio Cabral "gestor", modernizante, moralizante, divertido até quando andava de bicicleta em Paris num dos seus ternos de Ermenegildo Zegna. Era tudo mentira. Agora, Cabral é um simples detento na tranca de Benfica e encarna todas as corrupções do governo do Rio de Janeiro, caixa de todas as propinas. Pra cima de quem?

As acusações que levaram Barata e Lelis para a cadeia repetem um modelo antigo, centenário: aumentos de tarifas, concessões renovadas na lábia, incentivos fiscais e perdões tributários. Como diria o próprio Cabral, ele exagerou, mas não foi o primeiro governador a morder a turma dos ônibus, nem no Rio eles são mordidos apenas pelo governador. A cidade tem uma operosa prefeitura.

A prefeita paulistana Marta Suplicy instituiu o bilhete único em 2004. Apesar de essa modalidade de tarifa ter sido prometida por Sérgio Cabral e por Eduardo Paes nas suas campanhas eleitorais, o bilhete só chegou ao Rio em 2009. O sistema de transportes do Rio entrou para a história em 2007 quando a Fetranspor lançou o seu Riocard Expresso, custando R$ 40, dando direito a R$ 40 em tarifas. Era o único do mundo que recebia o dinheiro da freguesia adiantado, sem dar qualquer desconto.

A Fetranspor parece-se com uma dessas entidades que servem de biombo para cartéis, mas é mais que isso. Seu presidente, o doutor Lelis, é o arquimandrita de uma seita. Ele, bem como seus aliados, disseminou a ideia de que o Rio estava no futuro porque evitava políticas de subsídios para o transporte público. Nova York, Londres e Paris subsidiam. O Rio está no passado, a caminho do século 19, tempo do pavor da rebelião dos escravos.

O conto de fadas da Fetranspor encantava economistas e adoradores do mercado que astuciosamente fingiam esquecer a estrutura do negócio dos ônibus do Rio. Ontem esses sábios não sabiam o que havia em torno do Magnífico Cabral; hoje, preferem pensar que era tudo coisa do Cabral e de sua turma de mordedores. (Como os petistas dizem que o apartamento não é de Lula, o jogo fica empatado.)

As primeiras notícias da Operação Ponto Final têm um aspecto inquietante. Jacob Barata foi preso no aeroporto, a caminho de Lisboa, só com passagem de ida. Logo, não voltaria. A suspeita não fazia sentido: um bilhete Rio-Lisboa-Rio, custa praticamente a mesma coisa que o da perna Rio-Lisboa. (Horas depois a assessoria de Barata exibiu a passagem de volta.)

Pode-se não gostar do Rei dos ?"nibus, mas satanizações vulgares repetem o erro do doutor Lelis com seus sermões.
Herculano
05/07/2017 10:47
REFORMA DA CLT AVANÇA "A DESPEITO DO GOVERNO", por Josias de Souza

Relator da reforma trabalhista, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) festejou a aprovação nesta terça-feira do requerimento de urgência para a proposta. Passou com folga, por 46 votos a 19. Uma evidência de que deve ser aprovada pelos senadores na próxima semana. "A aprovação acontece a despeito do governo do presidente Temer, não por causa dele", disse Ferraço ao blog. "Estou convencido disso."

Afogado em problemas, Michel Temer agarra-se a qualquer jacaré imaginando tratar-se de um tronco. O Senado mal havia aprovado a urgência para a mexida na CLT e o presidente já tentava extrair dividendos políticos da novidade. Mandou o porta-voz do Planalto, Alexandre Parola, ditar para os jornalistas: "É mais um sinal do comprometimento da base de apoio ao governo com as medidas que estão modernizando o Brasil e a economia."

Para Ferraço, o sinal é outro. "Houve um claro descolamento entre a reforma e o governo. O Brasil discute há décadas a necessidade de realizar esses aperfeiçoamentos. A proposta original encaminhada pelo Planalto era bem mais tímida. Estamos votando algo que vai muito além. Isso ocorre porque os senadores se convenceram de que é preciso agir apesar da perda de credibilidade do governo."

O mesmo não ocorrerá com a reforma da Previdência, acredita Ferraço. "Nesse caso, como se trata de emenda constitucional, o quórum para aprovação é mais alto: na Câmara, são necessários 308 votos", recordou o senador tucano. "Numa matéria como essa, que contraria poderosos interesses, tinha que ter um governo forte, capaz de absorver um eventual desgaste no curto prazo, para se recuperar no médio prazo, beneficiado pela melhoria da economia. Essas condições já foram perdidas.
Herculano
05/07/2017 10:45
O QUE É SER DE ESQUERDA?, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Os conceitos políticos de esquerda e direita ainda fazem sentido? Cada vez menos, acredito. O problema é que suas definições são fluidas, não mostram muita coerência interna e ainda têm sido castigadas pela história.

Uma defesa intransigente do princípio da sacralidade da vida, por exemplo, exigiria que os direitistas que o professam fossem contra o aborto e a eutanásia (ok, isso eles são), mas também contra a pena de morte e o direito mais ou menos irrestrito de carregar armas (aí já fica mais difícil).

Já a esquerda, que, até um passado recente, defendia com unhas e dentes a liberdade de expressão, hoje não hesita muito em sacrificá-la para proteger as tais das identidades minoritárias. E nem falo da propriedade dos meios de produção, que já foi o principal teste a diferenciar esquerdistas de direitistas, mas deixou de fazer sentido. Só a ala mais extrema da esquerda ainda pretende acabar com a propriedade privada.

É interessante notar que já existem bons candidatos a substituir a velha classificação. Gosto particularmente da proposta do psicólogo Jonathan Haidt de decompor a ideologia em seis dimensões, às quais corresponderiam seis sentimentos morais básicos: proteção, justiça, liberdade, lealdade, autoridade e santidade (pureza). O mapa ético de cada indivíduo seria uma combinação de diferentes proporções desses "ingredientes". O que normalmente chamamos de esquerda enfatiza os dois primeiros. A direita faria uma mistura mais homogênea de todos os seis.

Vai ser difícil, porém, abandonar o venerando par. As pessoas, a começar de jornalistas e dos próprios militantes, parecem ter uma atração irresistível pela divisão binária, que, apesar de precária, facilita a identificação de aliados e inimigos e ainda dá a impressão de carregar um conteúdo profundo. Ela até diz alguma coisa, mas cada vez menos, eu receio.

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