10/10/2016
ESTA É DO BAÚ DA AUTOCENSURA I
Este texto, foi feito para ser publicado no início da campanha política em Gaspar e Ilhota, há quase dois meses. Mas, reservei-o aos meus arquivos de coisas escritas e não publicadas (e são muitas). Troquei-o por outros sucessivos temas factuais da dinâmica da campanha. Dois aspectos foram relevantes para esta minha decisão à época: tinha comentários mais agudos. Outra. Poderia esse comentário que pinço agora, se publicado à época, dar a entender de que eu estaria advogando em alguma causa própria, ou seja, o chororô próprio de quem poderia estar se sentindo prejudicado. Com isso, estaria me expondo na credibilidade.
ESTA É DO BAÚ DA AUTOCENSURA II
Relendo-o na semana da eleição quando me senti tentado e olhando-o agora o cenário pós eleições, resolvi reaproveitá-lo. Mesmo com as necessárias atualizações temporais dos verbos, não precisei modificá-lo. Ele está tão atual quando o concebi. E optei por aproveitá-lo depois de ler na semana passada a queixa de um editor local. Ele reclamou publicamente de que um político amigo seu, a quem sempre protegeu editorialmente, na contenda política, não o perdoou. Inconformado com os números da pesquisa publicada, além do descrédito que espalhou na praça sobre o veículo do amigo, resolveu ir à Justiça pondo dúvidas sobre os dados revelados naquela pesquisa. Os números das urnas e das pesquisas ao final, andaram próximos, o que tirou a razão do político contra o amigo. Então vamos ao velho original, agora convertido em atual novo texto.
A COMUNICAÇÃO FALHA DOS POLÍTICOS I
Vejam a diferença na decisão, na escolha e entendam as razões pelas quais os resultados são diferentes nos dois casos. Os políticos quando no poder escolhem os veículos de comunicação amigos para “financiá-los”, “agradá-los”, “compensá-los”, estabelecerem na “credibilidade” e em alguns casos, se ajustarem na maracutaia. Ao mesmo tempo, com isso, tentam “dar lições”, “recados” e “punir” os que agem com profissionalismo. Deixam os presumíveis “isentos” à míngua e chantageando à liberdade que o jornal, rádio, tevê ou portal deve prezar. E com isso os políticos e partidos perdem a oportunidade de se comunicar – de verdade - com o seu e o público adversário. Estranha e contraditoriamente, quando em campanha eleitoral – como agora - na busca deste mesmo poder, esses mesmos políticos seletivos, falsos e mentirosos, interessam-se pela melhor audiência onde presumivelmente está o seu público. Ou seja, abandonam os amigos, e preferem, espertamente, os que possuem melhor audiência. E este retrato geral, é também o de Gaspar.
A COMUNICAÇÃO FALHA DOS POLÍTICOS II
E por que os políticos falham? Porque eles – como coronéis, donos de verdades, olham apenas o resultado no presente, não são capazes de entender a comunicação como uma ferramenta científica e o seu poder de transformação social permanente. Então compare: uma empresa, um produto ou um serviço, para propagar as vantagens diferenciais, qualidade ou menor custo escolhe o melhor veículo, o de maior audiência e credibilidade. E por meio desta audiência “vende” pelo convencimento. E por que faz isso? Porque está em permanente campanha para a sobrevivência ou a liderança. A comunicação é tudo. E o canal escolhido é o da abrangência, não do amigo, do agrado, da compensação ou da maracutaia. Um empreendedor se lançaria ao suicídio da marca, do empreendimento, do produto, do serviço se apenas decidisse favorecer um ou desfavorecer outro meio de comunicação usando a afinidade como metodologia de escolha. Resumindo: essa escolha está baseada na racionalidade e nos dados estatísticos comparáveis dos veículos de comunicação disponíveis no mercado. Todos de forma aberta e pública. É o tal custo benefício do retorno.
A COMUNICAÇÃO FALHA DOS POLÍTICOS III
O PT e os seus satélites, para se estabelece no exemplo da fadiga, preferiram os denominados blogs sujos e publicações ideológicas sem audiência alguma, onde gastaram milhões das estatais e dos pesados impostos dos brasileiros para comunicar os seus “grandes” feitos, “organizarem” uma mudança de comportamento na sociedade que eles desenharam na sua utopia. Não é pouca coisa. É uma revolução. Mas se tornou coisa de arlequim. Alimentaram, na verdade, alguns “amigos” incompetentes, espertos e até falidos. Não produziram resultados de fato na sociedade. Não “falaram” com o público com quem precisava convencer na mudança ou aceitação desta utopia.
A COMUNICAÇÃO FALHA DOS POLÍTICOS IV
Pela desastrosa escolha e erro estratégico, ainda com petulância, o PT, PCdoB, PDT e a esquerda do atraso culparam a imprensa livre que a tudo viu e não se calou no processo crítico e investigativo que lhe cabia agir ou se insurgir. Resultado: foram (governo do PT e seus satélites travestidos de partidos) engolidos, desmascarados e destituídos do poder (inclusive pelo voto livre de dois de outubro que sacramentou o impeachment). Se tivessem - o PT e seus satélites - usado as publicações líderes para mostrar comercialmente os resultados que diziam ter, no mínimo teriam também se estabelecido no contraponto honesto. Preferiram os veículos sem audiência (de amigos, ideológicos). Primeiro por pura vingança. Segundo, sabe-se hoje também e principalmente, por não possuírem o conteúdo que forjavam nos discursos ideológicos e da mentira. E mesmo que fizessem isso de forma impecável na teoria, faltariam-lhes resultados práticos. Ou seja, estaria a propaganda no lugar certo, mas o produto seria duvidoso.
A COMUNICAÇÃO FALHA DOS POLÍTICOS V
Bilhões de reais irrigaram blogs nacionais que possuem muito menos, mas bota muito menos nisso, por exemplo, audiência do que o portal do Cruzeiro do Vale, e que é regional. A revista de circulação nacional Carta Capital, ícone do PT e da esquerda brasileira do atraso, também recebeu milhões de propaganda estatal. A sua tiragem é igual ao do jornal Cruzeiro do Vale que se restringe praticamente a Gaspar e Ilhota. Só estes dois exemplos mostram a dimensão do erro dos governos, dos partidos e dos políticos no poder - e não só do PT, ou de esquerda - com a comunicação. Veja o exemplo daqui. Em Ilhota, o prefeito Daniel Christian Bosi, PSD, tão logo se apoderou do cargo depois de uma campanha onde se comunicou comercialmente com seus eleitores, percebeu que o Cruzeiro do Vale seria um problema. O que fez? Mandou recados e entre eles, o de cancelar algumas assinaturas do jornal para a prefeitura e trocá-las por quem lhe fosse favorável.
A COMUNICAÇÃO FALHA DOS POLÍTICOS VI
O que aconteceu? O jornal Cruzeiro do Vale rejeitou esta ameaça, a troca por migalhas, no tempo em que o secretário da Administração era o ex-presidente do PSD de Gaspar, o “capitão” da campanha de Bosi, e hoje apenas assessor do presidente da Câmara de Gaspar, Fernando Neves - fato que explica muita coisa que acontece com os vereadores Giovânio Borges, PSB e Marcelo de Souza Brick, PSD. O Cruzeiro do Vale não se vendeu ou trocou de opinião, ou escondeu notícias reais, por meia dúzia de assinaturas. E por causa dessa independência, ao contrário, multiplicou por muitas vezes o ganho entre os leitores e leitoras de Ilhota que se tornaram assinantes. E por que? Porque sabiam da qualidade do produto – não apenas editorialmente, mas de efeito e repercussão comercial - que adquiriam. No jornal e no portal, havia informações, notícias, reportagens, mas também oportunidades de negócios exatamente por ele liderar a área de anúncios. E essa liderança é fruto da credibilidade editorial que o torna procurado.
A COMUNICAÇÃO FALHA DOS POLÍTICOS VII
E quem bate em retirada depois de quatro anos? O Cruzeiro do Vale? Não! Daniel Christian Bosi. E por que? Porque desde quando assumiu tentou disfarçar aquilo que não pode mudar: a percepção perante a população e o seu próprio eleitor. Daniel no poder, quis abafar o que estava claro para todos e que exigia dele, e só dele, uma mudança. Nunca essa mudança dependeria do jornal, que apenas retrata, reporta um quadro que testemunha. Bosi, falhou no essencial: o governo, a produção de resultados, a forma e os caminhos para comunica-los. O Cruzeiro continua líder e não só em Ilhota, mas principalmente em Gaspar, onde o PT governa há oito anos. As razões são as mesmas do desastre nacional. E há premiação mais louvável do que esta de ser líder e acreditado, apesar de todas as pressões, inclusive as econômicas? Pergunte aos anunciantes a capacidade do jornal e do portal de produzirem resultados para eles, seus produtos e serviços. Eles não são bobos. São negociantes, precisam ganhar dinheiro, fazer resultados. Então eles sabem que devem usar o jornal e o portal para ganharem audiência, conceito e vendas. Por que os políticos falham tanto neste quesito se as circunstâncias de sobrevivência e comunicação são as mesmas das que estão no mundo empresarial? Acorda, Gaspar!
ILHOTA EM CHAMAS
Muitos prefeitos no poder contam os dias para deixarem seus cargos. Entre eles, está o prefeito de Ilhota, Daniel Christian Bosi, PSD. Sinalizou isso quando viu as pesquisas que lhe davam míseros pontos de reconhecimento. Nem sucessor foi capaz de fazer, naquilo que prometeu mudar, profissionalizar e remodelar a administração pública quando se elegeu. O desastre é tão grande, não pela afronta que fez à Câmara, pelos inquéritos que se submete ao Ministério Público que cuida da Moralidade Pública, pelas Ações que responde da Justiça, mas principalmente pelo que se vê no município. E uma pequena amostra apareceu na coluna edição de sexta-feira passada. Uma foto do prefeito eleito Érico de Oliveira, o Dida, PMDB, na MDM em Blumenau, uma mecânica especializada em tratores e motores. É lá que está parte significativa da frota de Ilhota. E por que? Quebrada, não se tem dinheiro para arrumá-la. E sem ela, os ilhotenses ficam à deriva dos serviços essenciais. Estas sequencias de fotos dão a dimensão do problema e falam muito mais do que um longo texto. Um filme triste.
O empreguismo na prefeitura do PT de Gaspar continua mesmo diante da crise. E o prefeito eleito, Kleber Edson Wan Dall, PMDB, parece que será comandado pelos petistas.
A eleição foi no dia dois de outubro. E o que apareceu em manchete no portal Cruzeiro do Vale no dia seis? Prefeitura abre concurso para 17 vagas para preenchimento e reserva.
Tudo normal se o PT tivesse sido o vencedor. Tudo normal se o ciclo da atual administração não terminasse em menos de três meses. Tudo normal se não estivesse o país e principalmente Gaspar passando por uma crise profunda de recursos na administração municipal, tudo normal se as equipes de transição tivessem acordado tal necessidade.
O que é anormal, ao menos até o fechamento desta coluna, é o silêncio do PMDB e do prefeito eleito sobre este assunto. Nem uma palavra. Depois do problema instalado, não terá como reclamar se no tempo em que pode se posicionar, não se posicionou.
Ora, se o PT não possui postura minimamente ética diante do quadro e da derrota, ele faz o jogo que é do seu caráter fazer. Quem erra não é exatamente o PT, mas quem vai herdar a maldição.
Devia o PMDB e PP deixarem claros à população e seus eleitores de que se trata de um jogo rasteiro, não combinado e até interpor na Justiça algum remédio para interromper a sanha petista, pedindo que a decisão sobre este assunto, viesse após a posse de Kleber em janeiro do ano que vem.
O que demonstra esta situação? Que os vencedores ainda estão comemorando e não se deram conta que pegaram um pepino daqueles para descascar. Demonstra que não possuíam um plano de governo e o que registraram na Justiça Eleitoral, como se demonstrou exaustivamente durante a campanha, era uma fantasia.
Aliás, muito da situação em que se encontra em Gaspar com a desastrosa imperial administração petista deve-se ao PP e ao PMDB. Quem armou e protegeu o PT na Câmara durante oito anos? José Hilário Melato, PP. Ele está de volta.
Quem ficou muitas vezes do lado do “prefeito Celso, louvou Lula, Dilma e o PT e estão gravadas dezenas de manifestações neste sentido? O vereador Jaime Kirchner, PMDB, e que por essa e outras – como o de calar a imprensa - não conseguiu a reeleição, perdendo no seu bairro até para sua ex-assessora de imprensa.
A mais combativa vereadora do PMDB, Ivete Mafra Hammes, a saúde lhe pregou uma peça que a fez sair de parte substantiva do mandato e na busca dos votos para si evitando a reeleição. Trabalhou com afinco para Kleber. Em outra parte, o PT a amedrontou com uma velha tomada de contas do Tribunal de Contas e que se enrola no tempo.
Sobre Ciro André Quintino, o único do PMDB a voltar para a Câmara, tudo pareceu muito bom para Gaspar no governo petista. Ficou na dele. Assim foi com a professora Marli Iracema Sontag, a voz do Bela Vista, e de Celso Oliveira. Ela ficou praticamente muda aos desmandos do governo do “prefeito Celso” durante o seu mandato. Ela sabia do seu destino e desistiu.
Então, como no governo Federal, o PMDB de Gaspar faz tempo que não possui intimidade com o governo, mas apenas apreço pelo poder. Como no governo Federal, se O PMDB de Gaspar não se aprumar, vai repetir o que a história daqui registra com o primeiro mandato de Luiz Fernando Poli, Bernardo Leonardo Spengler e Adilson Luiz Schmitt.
Afinal o PMDB já é governo legitimado em Gaspar pelas urnas. E como tal deveria agir em favor do mandato, da governabilidade mínima num ambiente extremamente difícil econômica e administrativamente. Deveria agir em favor dos seus mais de 13 mil eleitores, dos gasparenses e da cidade.
O tempo da comemoração já passou. É hora de acordar porque além da vitória o que lhe espera é um pesadelo, que o tornará mais ou menos intenso, dependendo dos posicionamentos firmes para proteger, combater e sanear o que está herdando, de gente profissional, irresponsável e afeita às armadilhas.
O que se espera? São ações, posicionamentos, transparência e comunicação pública. Não haverá espaços para se passarem de vítimas se não imprimir desse já a marca de mudanças, que por falta de autenticidade, emprestaram até no anúncio de campanha de outro candidato. Acorda, Gaspar!
Alguns posts aparentemente não identificados na área de comentário me cobram uma ação crítica em relação ao governo do PMDB, sugerindo que eu esteja em conluio com o patrono do candidato e do partido, o ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca.
Primeiro, é uma bobagem sem tamanho. Sou dono do meu nariz e sempre respondi por meus atos e minhas ações, incluindo prejuízos patrimoniais e de relacionamento. Segundo é que não sou movido à intimidação. Tenho postura.
Agora, é muito estranho que algumas dessas cobranças neste final de semana tenham vindo de smartphones que usaram a rede a partir de Criciúma. Ou seja, o PMDB que se cuide. O fogo amigo está mais próximo do que ele imagina.
Comportamento. O site de campanha do PT e de Lovídio Carlos Bertoldi ficou em silêncio desde o domingo da votação. O de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, desde a segunda-feira, quando ainda ecoava os gritos da vitória. Já os de Marcelo de Souza Brick, PSD, e de Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB, continuam ativos.
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