Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

18/10/2017

A BICICLETA E AS OPORTUNIDADES

 

Gaspar é feita de incoerências. Desde 2014, a cidade possui “Semana do Ciclismo”, que é comemorada na Semana do Município, que fica ao redor de 18 de março, o Dia da Emancipação em 1934. Agora Gaspar terá o Dia do Ciclista, 19 de agosto, conforme projeto do suplente Cleverson Ferreira dos Santos, PP, na sua passagem pela Câmara. Ela virou lei. Ou seja, temos a Semana do Ciclismo, o Dia do Ciclista, mas não temos ciclovias, ciclofaixas, compartilhamentos, bicicletários em pontos estratégicos para interligá-los com o sistema de transporte coletivo urbano, nem uma política cicloviária e de incentivo para a proteção desse modal, apesar dos mais velhos – como eu -, terem ainda na lembrança, a cidade tomada pelas bicicletas, usadas para quase tudo por aqui.

O autor do projeto acha que falta a tal cultura. Bobagem. Discurso. A cultura já existia. Perdeu-se diante de novos modismos.

Falta de fato é planejamento, prioridade e verdadeiramente, uma política municipal para isso. Falta ao prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, que governa em parceria com o PP de Cleverson, interessar-se de verdade por esse assunto. Não o faz, compreensivelmente, porque tateia em meio ao caos na escolha das suas prioridades diante da crise na saúde, falta de creches, mobilidade urbana, lixo, água, transporte coletivo, hospital, assistência social...

Como é moda o ciclismo urbano, o de lazer, o de final de semana, finge-se fazendo leis comemorativas ao invés de arregaçarem as mangas para criar a infraestrutura. Ela disponível, vai ser usada e se estabelecer numa cultura como quer Cleverson. A demagogia fica clara quando quase todos lá na Câmara elogiaram a iniciativa do vereador suplente. Tudo para pegar carona na oportunidade política-eleitoral, que não criaram e assim não perder um tipo eleitor. Neste contexto, falta o ciclismo de resultado para a sociedade.

Exagero? Em quase 11 meses – de 48 - de governo de Kleber quantos metros de ciclovias e ciclofaixas foram feitos em Gaspar? Não para os praticantes de lazer, os de fins de semana, os que usam as magrelas para saúde e acondicionamento físico, mas para os trabalhadores, estudantes, o que usariam a bicicletas para as necessidades produtivas?

É o mesmo que criar a semana e o dia do carro, sem ruas, estradas, rodovias, estacionamentos públicos para que eles possam circular ou se sentir seguros de que há um futuro para se investir na compra deles ou, na prática.

O retrato desse desencontro estava na campanha eleitoral do ano passado. Quem usou a bicicleta como meio de promoção de uma ideia? Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB!

A adesão assustou os concorrentes montados em caras caravanas de carros como o próprio PMDB que governa Gaspar com o PP. O PMDB até ensaiou, mas não decolou nas caravanas de bicicletas.

E por que fracassou? Porque não tinha autenticidade para o modal e quando usou, foi para anular à disponibilidade de bicicletas no mercado de aluguel local. E para que? Para dificultar a campanha e a vida da concorrente. Esta é a cultura de Gaspar! Temos semana, dia, mas não temos planejamento e infraestrutura para se pedalar com segurança ou atender as necessidades laborais ou de resultados. Contraditório! Demagogo! Oportunista! Incoerente! Coisa de políticos, sejam velhos ou jovens. Todos conhecem esse riscado e se arriscam. Acorda, Gaspar!

A PALAVRA QUEBRADA

Trair e coçar é só começar. O governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, dá sinais perigosos sobre a palavra empenhada e acordos que faz entre os seus e os adversários para supostos interesses comuns, diminuição da pressão da chaleira (entre os seus e adversários) ou sinais da mínima estabilidade na Câmara, onde possui estreitíssima maioria.

O primeiro acordo quebrado foi no caso das duas emendas à Lei Orgânica do Município em que os vereadores se acertaram mutuamente para aprová-las: fim das férias de julho e a proibição do vereador ser indicado para um cargo de confiança ou comissionado no Executivo. Eram precisos nove dos 13 votos.

O fim das férias foi aprovado. Mas o outro, por pressão de última hora do paço e vinda do presidente do PMDB, secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, e prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, roeu-se à corda e se deu à cara à tapa. Ficaram pendurados, como já comentei aqui, a vereadora tucana Franciele Daiane Back, e lateralmente, o próprio presidente da Casa, Ciro André Quintino, PMDB.

Tudo para salvar a pele de José Hilário Melato, PP, o mais longevo dos vereadores e que está na presidência do Samae. Ele poderia ser atingido em 2019 quando vigoraria a emenda negociada na Lei Orgânica dos Municípios.
Este assunto nem havia sido bem absorvido, quando a vereadora Mariluci Deschamps Rosa, PT, foi trocada numa comissão da secretaria de Educação, por Francisco Solano Anhaia, PMDB. O acerto nasceu na Câmara. Foi desautorizado o próprio presidente Ciro André Quintino, PMDB. Ele a indicou, após ouvir seus pares na mesa e e vejam só, a bancada do PMDB, para a tal comissão.

A própria Mariluci registrou isso em plenário. Ela chorou as pitangas na tribuna, mesmo que por jogo, o seu desagrado. E Ciro, calejado, ligeiro, para lavar as mãos e jogar a culpa adiante, concordou de que houve o rompimento de um acordo. E todos saíram da responsabilidade. Nem a secretária de Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, segundo Mariluci, disse ter sido ouvido nesta troca. Hum! Então ela não controla e lidera a secretaria? Ai, ai, ai.

Mariluci está certa quando diz que palavra empenhada tem que ser cumprida. Mas, ela não deve ser ingênua, conhecendo o mundo em que vive há tanto tempo. A quantos da então dita oposição, o seu PT deu espaço quando era governo e em algo que considerava essencial?

O PMDB erra quando promete e não cumpre, aliás um mantra seu conhecido aqui em Gaspar; e não é de hoje. Erra quando faz jogo duplo, enfraquece e deixa exposta à sua liderança na Câmara (Francisco Hostins Júnior). Erra quando cria fissuras e custos desnecessários naquilo que parece ser essencial: a estabilidade numa Câmara com estreita maioria. Erra quando Kleber, Pereira e Luiz Carlos Spengler Filho não enxergam que eles têm mais três anos de um governo que ainda não deslanchou!

Resumindo. Criou-se dúvidas onde aparentemente não havia: ou por esperteza que custará caro, ou por inabilidade que também mostra um retrato preocupante. Ele retira autoridade das lideranças que fizeram as composições na Câmara e que se pressupõe, tinham liberdade para tal. Se não tinham, foram desmascarados. Terminando: alguém pisou na bola. Acorda, Gaspar!

TEMER MOSTRA O QUE FEZ PELO BRASIL

Este quadro abaixo, integra a carta que o presidente Michel Temer, PMDB, fez para os deputados Federais que o julgarão. É para demonstrar o que o governo dele fez pela economia e os brasileiros. Interessante. Entretanto, por outro lado, este quadro não é autorizativo para a corrupção, ladroagem e poder permanente. Este quadro mostra o quanto é ruim, ou inexistente, é a comunicação do governo do PMDB e do presidente. Incrível atestado de burrice e incompetência.

TRAPICHE

Sabe por que o funcionário público de Gaspar não pode receber reajuste ou aumento no Vale Alimentação? Porque a prefeitura está gastando com o Hospital e raspando o tacho, como ela própria informa.

Uma coisa não tem nada a ver com a outra. São rubricas diferentes no Orçamento. Se houvesse esse problema de verdade alegado pela prefeitura, qual a razão do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, ter aprovado a Reforma Administrativa que criou uma despesa de R$600 mil por ano para comissionados e cargos em confiança?

O ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, foi condenado a pagar uma multa de R$1.136,52 por usar de forma irregular os recursos das multas e fruto do convênio entre a prefeitura e o Detran. Ele as usou para pagar pessoal e outros destinos. A multa foi aplicada pelo Tribunal de Contas do Estado, após ouvi-lo nas suas explicações.

A denúncia na Ouvidoria do TCE foi feita pelo presidente do Sindicato Estadual dos Agentes de Trânsito, Pedro da Silva, que também é guarda em Gaspar. Ela virou uma representação e ganhou apoio do Ministério Público que atua no Tribunal. O relator que proferiu a condenação de Zuchi, foi Wilson Rogério Wan Dall.

A multa é irrisória e simbólica em relação aos recursos impropriamente usados. Ela sinaliza que vale a pena ao gestor público, enfrentar a lei e destinar os recursos rubricados para utilização diversa, desde que não tenha pretensões políticas no futuro. É que este caso, pode se enquadrar no Instituto da Ficha Limpa. E tem mais. Este assunto rola no Ministério Público que cuida na Comarca da Moralidade Pública. E pode assim, piorar o que já se consagrou com o irregular. Acorda, Gaspar!

Sem flores. A prefeitura de Gaspar suspendeu temporariamente o pregão comprar mudas de flores diversas e componentes de jardinagem. Por que? Devido a questionamento ao edital de licitação. Ai, ai, ai.

Já as concorrências para a compra de materiais elétricos para a decoração natalina no dia 26 e o de ar condicionados no dia 30, estão mantidos.

Ilhota em chamas I. A prefeitura vai registrar de preço para eventuais aquisições de materiais de construção e elétrico para atender às necessidades das suas secretarias. Sabe quanto isso poderá custar? Quase R$3,7 milhões. O pregão vai ser no dia 31 de outubro.

Ilhota em chamas II. A prefeitura vai reformar o Centro de Educação Infantil Tia Loli. A concorrência diz que ela pretende gastar até 224.658,80. Ulalalá.

Ilhota em chamas III. Tempo quente! A prefeitura vai comprar 84 aparelhos de ar condicionados por 782.408,96. Alguns deles com ar quente.

Ilhota em chamas IV. O Samae vai comprar três moto-bombas por R$11.687,67 cada e mais acessórios, onde tudo vai sair por até R$50.011.28.

Ilhota em chamas V. A prefeitura vai comprar mais um carro de passeio no dia oito de novembro. Está disposta a pagar até R$112.532,66.

Ilhota em chamas VI. Contra a transparência e a favor da vingança. Com a votação secreta, Câmara de Ilhota aprovou as contas de 2015 do ex-prefeito Daniel Christian Bosi. A votação foi quatro a quatro com um em branco. Para a recomendação do Tribunal de Contas do Estado seriam necessários seis votos contra a prestação.

O jogo e a cara do PT. 'Não confio em delator', disse a ex-presidente Dilma Vana Rousseff, há 3 anos. Na segunda-feira ela invocou a delação do doleiro Dilson Funaro, que acusou o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, PMDB, de supostamente comprar votos a favor do seu impeachment, para pedir a Presidência de volta. “Coerência é isso aí”, arremata Augusto Nunes, de Veja, autor da observação no twitter.

 

Edição 1823

Comentários

Paty Farias
19/10/2017 19:55
Se as eleições fossem hoje, o eleitorado de Santa
Oi, Herculano

Do Blog do Políbio:

"Em SC Bolsonaro venceria fácil o candidato petista Lula da Silva:

Santa Catarina elegeria Jair Bolsonaro na disputa do primeiro turno. Ele levaria 26,2% contra Lula, o segundo, que teria 18%. Marina Silva entraria em terceiro, com 9,3%."

Colei também o comentário de um anônimo que se diz chamar Magno:

"Santa Catarina sempre mais avançada que nós!
Não bastasse ter as melhores praias do Sul (PR-SC), agora joga o pt para o lugar de onde nunca deveria ter saído: do lixo... da fossa séptica... do esgoto..."

Os gaúchos sabem que nós não somos grotão.
Mariazinha Beata
19/10/2017 19:36
Seu Herculano;

O sr. sabe o que me lembrei quando li:

"VIAJAR A CUBA É CONHECER A DIFERENÇA ENTRE O COMUNISMO IDEAL E O REAL, ´por Contardo Calligaris, às 14:48hs?

Quando o prefeito era Pedro Celso Zuchi, um zé ruela (daqueles bem puxa-saco) veio aqui na área de comentário dizer que Cuba era a Sétima Maravilha do Mundo (com ditadura e tudo).
Agora o mequetrefe deve estar arrependido do mico que passou.
Bye, bye!
Herculano
19/10/2017 14:58
TANTO PRó E TANTO CONTRA, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

Dizem alguns analistas: a necessidade da reforma da Previdência é tão óbvia que, certamente, acabará sendo feita

Foram ruins os principais indicadores da economia real em agosto. A produção industrial caiu, o comércio vendeu menos, e os serviços prestados às famílias e aos negócios perderam volume. Para fechar a sequência negativa, ontem o Banco Central divulgou seu Índice de Atividade Econômica: queda de 0,38% no mesmo período, pior que o esperado.

Como explicar então a melhora nos índices de confiança e nas expectativas de crescimento para este ano e o próximo?

Não se trata de patriotada do governo. Aqui no Brasil, consultorias, departamentos econômicos de bancos e associações, todos se declaram mais animados em relação aos próximos meses. Mesma posição tomada por instituições internacionais, como o FMI e Banco Mundial, e companhias multinacionais.

Há bases para esse moderado otimismo. Aqui: além da clara mudança de política econômica, para melhor, registra-se a inflação muito baixa e a consequente queda da taxa real de juros. Dá-se como certo um período longo de juros baixos ?" até 2019, pelo menos ?" uma mudança e tanto na economia brasileira tão acostumada, e viciada, com juros na lua. Isso terá impacto positivo no consumo e no investimento.

Lá fora, é muito bom o desempenho dos principais países e, especialmente, do comércio global, que apresenta um ritmo de crescimento como há tempos não se via.

As altas frequentes das bolsas americanas, com sucessivas quebras de recorde, exprimem esse bom humor global.

Mas por que mesmo o mercado americano vai tão bem? Se você não sabe, não se preocupe. O prêmio Nobel de economia, Richard Thaler, também não sabe.

Disse ele (tradução livre): "Quem poderia imaginar que o mercado continuaria em alta durante este que é o tempo de maior incerteza de minha vida? Não pode ser a certeza de que haverá um maciço corte de impostos (nos EUA), dada a inabilidade do Congresso republicano em agir de modo coordenado. De modo que não sei de onde vem isso."

Thaler ganhou o Nobel com a tese de que as pessoas (e, pois, as empresas, o governo, as instituições) tomam frequentemente decisões irracionais. Logo, para ele, não é surpreendente que o mercado possa estar equivocado nessa já longa alta nas bolsas americanas (oito anos!).

Por outro lado, há analistas e operadores para os quais a economia mundial pode estar mais aquecida do que pensa o FMI ?" instituição que recentemente reviu para cima suas projeções de expansão para quase todos os países.

Argumentos: juros baixos ainda por algum tempo; inflação no chão; empregos e, pois, renda total em alta; famílias, empresas e governos com dívidas reduzidas e controladas; investimentos em novas tecnologias (carros elétricos e autônomos, internet das coisas); EUA, China, Europa e Japão entregando crescimento e, pois, demanda global. O que queriam mais? Pode-se devolver a questão com outras perguntas: e se Trump fizer alguma besteira das grandes? Ele tanto pode provocar um conflito com a Coreia do Norte quanto explodir o déficit público americano, gerando inflação e juros, problema que se espalharia mundo afora. Há pressões nacionalistas e/ ou protecionistas por toda parte (Brexit, Catalunha, por exemplo) que podem colocar areia na máquina da economia global. O próprio Trump pode derrubar acordos regionais e internacionais, reduzindo o comércio global.

Também há incertezas por aqui, todas no campo da política. A sequência do ajuste da economia brasileira ?" que está atrasada em relação às demais ?" depende de um amplo conjunto de leis, ou seja, de entendimento entre o governo e o Congresso, de modo a se formar uma maioria pró-reformas.

Quem pode garantir que isso vai acontecer? Dizem alguns analistas: a necessidade da reforma da Previdência é tão óbvia que, certamente, acabará sendo feita. Um dia as pessoas hão de entender essa necessidade, agora, nesse resto de governo Temer, ou no próximo.

Aliás, já se ouve por aqui que não será problema se a reforma ficar para o próximo presidente. Mas vai daí que o tema deverá constar da próxima campanha presidencial ?"e o que temos visto para 2018? O eleitor brasileiro está mais para escolher um Macron ou um tipo Trump do sul?

Em resumo, há boas razões para a expansão da economia global e a recuperação da brasileira. As expectativas dominantes hoje estão nesse lado, o lado pró-racionalidade, tipo: "no fim vai dar certo".

Mas as incertezas também estão aí, e Thaler pode ter razão ao desconfiar que as pessoas podem estar fazendo a coisa errada.

Vai depender do quê? Do que as pessoas fizerem, aqui e lá fora. Isso te anima?
Herculano
19/10/2017 14:56
O DIREITO DAS RUAS, por Eduarco Cunha, ex-deputado Federal PMDB-RJ, ex- presidente da Cãmara, encarcerado em Curitiba, PR, pela Operação Lava Jato, para o jornal Folha de S. Paulo.

Assistimos no último dia 11 ao acolhimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da ação de inconstitucionalidade 5.526, proposta pelos partidos PP, PSC e SD, após decisão unânime do STF em 5 de maio de 2016 pelo meu afastamento da presidência da Câmara dos Deputados e do meu mandato. Mandato que foi obtido da mesma forma que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) obteve o seu, ou seja, pelo voto popular.

Como a decisão sobre o meu mandato foi do plenário do STF, não cabia recurso. Por isso articulei com os partidos a apresentação daquela ação, visando ao menos a garantir ao Congresso a última palavra.

Infelizmente, a ação foi engavetada e não levada ao plenário como agora foi.

É importante lembrar que nem o senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), preso em flagrante duvidoso, teve o mandato suspenso. E, nesse caso, o Senado se acovardou -até o senador Aécio Neves e o seu partido votaram para manter aquela prisão. É preciso historiar os fatos.

No dia 17 de abril de 2016, houve a sessão na Câmara, conduzida por mim, autorizando o impeachment da então presidente Dilma Rousseff.

Em seguida, no dia 3 de maio, o partido contrário ao impeachment, usando o antigo escritório de advocacia do ministro Luís Roberto Barroso, propôs uma ação pelo meu afastamento, por ter me tornado réu no STF e estar na linha de sucessão.

A relatoria dessa ação coube ao ministro Marco Aurélio Mello, e marcou-se a sessão de julgamento para 48 horas depois, sem que o relator assim tivesse pedido.

Na sessão da Câmara de 4 de maio, deputados do PT fizeram discursos dizendo que aquela seria a última sessão que eu presidiria. É fácil comprovar, bastando consultar as notas taquigráficas.

Na madrugada de 5 de maio, recebi a notificação de liminar concedida pelo então ministro Teori Zavascki, acolhendo uma ação cautelar proposta seis meses antes pela Procuradoria-Geral da República, afastando-me da presidência e do mandato.

Nesse mesmo dia, a liminar foi levada ao plenário, antes da ação relatada pelo ministro Marco Aurélio, e foi confirmada por unanimidade pelos ministros que, agora, mudaram o entendimento.

Após a decisão, o ministro Barroso ainda pediu que seus antigos colegas de escritório fizessem a sustentação da ação, alegando que eles tinham vindo do Rio de Janeiro para isso, mas o plenário preferiu adiar. Naquele momento, o ministro Barroso não se declarou impedido.

Vimos Dilma, na sua vingança, declarar: "Antes tarde do que nunca." Em seguida, o vice-presidente da Câmara, contrário ao impeachment, acata em 9 de maio um recurso de Dilma e anula a votação do impeachment. A forte reação da Câmara e do Senado o obriga a voltar atrás no golpe que tentou.

Em dezembro, essa ação acabou apreciada no âmbito da crise com o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que se tornaria réu no STF e teve liminar de afastamento da presidência concedida pelo ministro Marco Aurélio e não acatada pelo Senado.

Nesse momento, o ministro Barroso se deu por impedido, e a decisão do pleno foi que Calheiros poderia ficar na presidência do Senado, mas sem assumir a Presidência da República.

Meu afastamento chegou ao cúmulo de incluir a proibição de ir à Câmara, e houve até pedido de prisão devido a uma entrevista em que manifestei tal intenção. Eu era obrigado a comunicar ao STF o motivo de qualquer comparecimento.

Em sessão de defesa no Conselho de Ética, fui acusado de ameaçar os deputados pelos meios de comunicação ao usar a conhecida expressão "Eu sou você amanhã". Parece óbvio que eu estava certo.

A pergunta que se faz é: o plenário da Câmara, naquele momento, manteria meu afastamento? Seria eu cassado se a votação se desse comigo no mandato, exercendo a minha defesa (fui proibido, inclusive, de visitar os gabinetes dos deputados para me defender e pedir o voto)?

Estaria eu preso preventivamente, de forma alongada, por um ano, em uma irregularidade comum nas decisões da república de Curitiba? Quem me quer como troféu? Ou será que a decisão foi apenas pelo fato de o nome da capa do processo ser Eduardo Cunha e por ele ter conduzido o impeachment?
Herculano
19/10/2017 14:50
AMANHÃ É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA, ESPECIAL PARA A EDIÇÃO IMPRESSA DO JORNAL CRUZEIRO DO VALE, O MAIS ANTIGO E DE MAIOR CIRCULAÇÃO EM GASPAR E ILHOTA
Herculano
19/10/2017 14:48
VIAJAR A CUBA É CONHECER A DIFERENÇA ENTRE O COMUNISMO IDEAL E O REAL, ´por Contardo Calligaris, no jornal Folha de S. Paulo

Estamos perto da data do centenário da Revolução de Outubro. Para celebrar, decidi passar uma semana em um país "supostamente comunista" ?"é tudo o que tivemos nos últimos cem anos, países supostamente comunistas; os comunistas "de verdade", ninguém viu, nunca.

Escolhi Cuba, porque a ilha está a uma distância praticável e porque ela encarnou (talvez ainda encarne para alguns, especialmente na América Latina) um ideal.

Foi minha primeira viagem a Cuba, com expectativas misturadas: entre camisetas de Che Guevara nos anos 1960 e o banho de realidade da "Trilogia Suja de Havana" de Pedro Juan Gutiérrez (Alfaguara), nos 1990.

A história de Cuba é diferente da dos países do bloco soviético: a ilha se tornou comunista por movimento interno (não por uma invasão ou pela divisão, entre Rússia e EUA, dos espólios da Segunda Guerra).

Também, a Revolução Cubana aconteceu numa época (1959) em que só os otários e os desonestos ignoravam os horrores da experiência soviética. Gide publicou seu "De Volta da URSS" em 1936 (Vecchi, 1937). E o relatório Khruschov é de 1956.

A virada filossoviética da Revolução Cubana foi também consequência de uma política equivocada dos EUA, que pareciam sobretudo defender os interesses de seus mafiosos donos de hotéis. Mas a virada sanguinária e repressora da Revolução Cubana veio de onde? Camilo Cienfuegos, o proletário, morreu "por acaso": seu avião sumiu logo quando Camilo começava a manifestar seu dissenso.

Os irmãos Castro e Che Guevara, rebentos (respectivamente) da grande e da pequena burguesia, "inventaram" fuzilamentos e campos de concentração para dissidentes; eles tiveram a crueldade típica de meninos que brincam de guerra para se fazerem de herói.

Justamente, o Museu de la Revolución e o ensino de história alimentam para sempre a narrativa que os torna heróis. Um guia me garante que nunca houve campos de concentração em Cuba. E Reinaldo Arenas, seu livro, "Antes que Anoiteça"? Ninguém ouviu falar.

As afirmações de Fidel e do Che, pelas quais "los maricones" seriam "contrarrevolucionários"? Ninguém nunca ouviu.

Mas eu me lembro da provocação de Allen Ginsberg, o poeta beat, que foi expulso de Cuba em 1965 por dizer que Guevara era bonitinho e que Raúl Castro talvez fosse gay.

Cuba é muito diferente da Europa do Leste antes da queda do muro, em que se respirava um clima tétrico, opressivo. As ruas da Havana são alegres, a gente caminha sem se sentir perseguido num filme expressionista alemão. A mão repressora é mais leve? Ou são o Caribe e seu sol que fazem isso? Aposto no Caribe.

Nenhuma criança está fora da escola, e o analfabetismo acabou. A consequência é a própria comunidade: é possível conversar com qualquer um, e talvez namorar com qualquer um, porque existe um fundo de cultura básica (isso, apesar de diferenças econômicas abissais; o salário cubano começa pelos US$ 20 por mês, mas há pessoas vivendo em casas que não desfigurariam no Pacaembu, em SP).

Agora, a cultura comum é pitoresca de tão parecida com um catecismo. Nas estradas, esbarra-se na declaração de que "la unidad y la doctrina" são os "pilares fundamentales". Parece ter sido escrito para mim: em geral, se tem doutrina e unidade na doutrina, eu sou contra.

As ruas são seguras, mesmo de madrugada. Será efeito da polícia, que, numa ditadura, sempre é temida? Ou será pela própria existência de uma comunidade?

A internet é lenta, disponível só em alguns lugares públicos, caríssima (US$ 2 a hora) e censurada. As imagens eróticas do meu Tumblr, por exemplo, não carregam porque a pornografia é proibida em Cuba. Realmente, os governos repressores sempre têm um sentido claro das prioridades. Estou sendo irônico, viu?

Um pai, na Havana, quer fazer um bolo para o aniversário do filho. Começa a procurar e estocar os ingredientes três meses antes. O desabastecimento é crônico, salvo nos hotéis para turistas. E não adianta acusar embargos e bloqueios. O modelo econômico faliu o país. Conselho às mulheres que procurassem marido: viagem a Cuba se quiserem ser pedidas em casamento na primeira dança. Casar-se, para o homem cubano, é a única saída do país.

Um amigo, para quem explicamos que, para muitas coisas, o Brasil talvez seja pior, responde: "Mas você veio e pode comparar. Eu não consigo sair daqui"
Erva Doce
19/10/2017 14:01
ALGUÉM ME DISSE: KKKKKKKKK....
E viva o executivo diretor macaco veio!!!
Maria Aparecida
19/10/2017 13:40
Sr. Herculano:

Quero fazer coro as pessoas que reclamam do mal atendimento em Gaspar.
Muitas dessas pessoas, cansada da carranca das atendentes daqui, migram para outras cidades.
Hoje fui sorteada. Com hora marcada, me dirigi ao local e a secretária me disse que estava cancelando o atendimento e remarcando hora (e olha que não é o SUS que o Lula elogiou).
Por quê essa srª não mostrou sua elegância, educação e respeito com o consumidor e não me ligou?
Desperdicei tempo, dinheiro e energia enfrentando um lixo de trânsito (afinal, o sr Alexandre Gevaerd é mais uma flor no canteiro do Secretariado Kleber e Lu?)
Depois fazem campanha para o consumidor gasparense ficar na cidade.

#BorapraBlu
Despetralhado
19/10/2017 13:24
Oi, Herculano;

Na coluna de Cláudio Humberto de hoje:

"AEROLULA É PREJUÍZO
Ainda está fora de operação o Airbus 319, "AirForce 51", comprado por Lula em 2005 por US$57 milhões (R$360 milhões em valores atuais). A Força Aérea agora aluga um outro avião para o presidente."

O PT é a AIDES no Brasil.
Sujiru Fuji
19/10/2017 13:18
HERANÇA DE FAMÍLIA
As ilhas Curupu, Mogijana e De Fora ou Corimã pertencem à família de d. Marly há várias gerações, desde a bisavó da ex-primeira-dama.
Coluna de Cláudio Humberto

Então Sarney deu o golpe do baú?
Aurora Patriota
19/10/2017 12:34
Aurora Patriota
Fundo do Poço

Não tem mais "remédio" amigos, não tem mais o que falar da saúde de Gaspar . Tomazine nem faz mais questão de esconder que a policlínica foi invadida por sujeitos sem escrúpulos que "roubam" o dinheiro público na boa. O sem-vergonha da vez é o médico que tem que examinar as requisições de exames para encaixar os pacientes nas vagas dos especialistas. O tal médico malandro é afilhado do dono do partido, senhor Roberto Pera. Quase nunca vai trabalhar e por isso os especialistas estão a ver naviso, praticamente sem pacientes pra consultar enquanto mais e mais gente estão na fila de espera esperando seus papéis derem examinados por esse médico de cara deslavada que botaram na policlínica pra isso. Eu tive a peciência de ir falar com Toamzine pra ela me dar uma resposta dessa descaração e com a maior calma ela disse que não a contratação desse médico não se discute. Sabe porque minha gente? Depois fui saber que o tal médico malandro é afilhado do dono do partido, senhor Roberto Pera. Tomazine teve até a cara de pau de dizer que o melhor enfermeiro da saúde foi escolhido pra substituir o sem vergonha do médico. Afinal de cobntas, o serviço é de enfermeiro ou de médico? Bom, pelo menos vai ser bem, fácil encontrar o "melhor" enfermeiro que está no lugar do médico. Ele tem mais brilho pendurado no corpo do que arvore de natal. Piadas a parte a pergunta É Tomazini, e a fila de espera da saude? Não se discute também? Não é a senhora a mais ascessorada da história de gaspar por comissionados? Como é que não consegue discutir nem dar jeito em nada? Não é melhor pegar uma prainha? Vai descansar lá onde o diabo perdeu as botas, desiste para não fazer o prefeito passar mais vergonha do quer já tá passando. Vergonha mesmo vai ser nas urnas.

Alguém me disse
19/10/2017 12:29
O Samae de Gaspar adquiriu o mais dispositivo eletrônico no mercado, os disjuntores para as bombas, um funcionário passa de manhã e liga outro passa no final da tarde e desliga, só um detalhe só não esquecer de passar, caso contrário ele não funciona, e viva Gaspar Eficiente
Herculano
19/10/2017 07:16
39 A 26 PRó-TEMER; JANOT DEIXA OPOSIÇÃO NA MÃO; Só MENDES DISSE 'NÃO' A AGRESSÃO Á CONSTITUIÇÃO, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou, por 39 votos a 26, o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG, mas ocupando vaga cedida pelo PSC), que recomenda o arquivamento da segunda denúncia oferecida por Rodrigo Janot contra Michel Temer. O resultado ficou dentro do esperado e praticamente empata com os números das duas votações havidas na primeira denúncia. Dados o golpe baixo dos vídeos estrelados por Lúcio Funaro e as múltiplas armações em curso, o governo tem o que comemorar.

Para comparar: o texto de Sérgio Zveiter (RJ), contra Temer, foi recusado, em julho, por 40 a 25. O substitutivo, do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), favorável ao presidente, foi aprovado por 41 a 24, placar que se teria repetido agora não fosse a troca de dois representantes do PSB que votariam com o Planalto. Explica-se: o virulento Júlio Delgado (MG) conseguiu reunir, nesta quarta, 19 assinaturas para ocupar, ele próprio, o lugar da então líder, Tereza Cristina (MG), que apoia o governo. Isso permitiu ao novo líder substituir dois dos deputados da sigla que iriam se alinhar com o relatório: saíram Danilo Forte (CE) e Fábio Garcia (MT). Entram no lugar os antigovernistas Danilo Cabral (PE) e Hugo Leal (PSB-RJ).

PT e PSDB
A exemplo do que se viu na primeira denúncia, o PT votou como ordem unida: seus oito representantes na CCJ se colocaram contra o presidente. Seus senadores também foram unânimes em favor da punição a Aécio. Já nem se trata de dizer que o partido sempre acredita na inocência dos seus e na culpa dos adversários. É muito mais asqueroso do que isso: para os adversários, não vale nem mesmo o devido processo legal.

O PSDB, segundo partido a dar o maior número de votos contra Temer na primeira jornada, repetiu agora a performance: cinco. Nota: na lista, há três tucanos votando contra a denúncia (em julho, eram dois) porque o relator, Bonifácio de Andrada (MG), ocupa uma vaga do PSC. Assim, a única legenda que integra a base a brilhar entre os que querem ver o circo pegar fogo é mesmo o PSDB. Houve outras duas defecções entre aliados, a exemplo de julho: um voto de Marcos Rogério (DEM-RO) e outro do buliçoso Major Olímpio (SD-SP). Na primeira investida de Rodrigo Janot, o PSB ainda deu dois votos contra a denúncia inepta; desta feita, nenhum. Seus quatro representantes se uniram mesmo à oposição. Se o desempenho na CCJ traduzir a decisão de plenário, o resultado da votação não deve ser muito diferente da primeira jornada, quando o relatório favorável a Temer foi aprovado por 263 votos a 227. Para lembrar: os adversários do Planalto têm de contar com 342 adesões. Impossível!

Mais uma vez, Eduardo Carnelós, advogado de Temer, teve um desempenho brilhante na CCJ e rebateu um a um os não-argumentos dos que pretendem que a denúncia contra o presidente e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência) tenha curso. Os inflamados oradores da oposição eram incapazes de extrair da peça de ficção de Janot os motivos que justificassem suas escolhas. A razão é simples: o principal esteio daquela estrovenga são as acusações feitas por este notável patriota chamado Lúcio Funaro.

E, claro, não poderia deixar de registrar aqui: essa denúncia só chegou à CCJ porque, a meu ver, ainda que por esmagadora maioria ?" 10 a 1 ?", o Supremo deixou de cumprir a sua função. Em si, ela frauda um fundamento constitucional: a quase totalidade dos fatos elencados pelo ex-procurador, de onde ele extrai ilações que pretende acusações, dizem respeito a eventos anteriores ao mandato de Temer.

Há muito a ser repensado, meus caros! Um STF que evoca a Constituição ?" de forma justificável, diga-se ?" para decidir a forma de votação da CCJ (se aberta ou fechada) considera-se incapaz de evocá-la para impedir que prospere uma denúncia que agride frontalmente o Parágrafo 4º do Artigo 86 da Constituição e que pode, potencialmente ao menos, derrubar o presidente? "Ah, Reinaldo, esse exame certamente seria feito caso a dita-cuja chegasse ao tribunal, quando se procederia o exame de admissibilidade".

É mesmo, doutores? Mas aí o presidente já teria caído, né? Consumar-se-iam os fatos decorrentes do "periculum in mora", o tal "perigo da demora", né? Não se está diante de um caso em que se ignora o "fumus boni iuris", aquela fumacinha do bom direito, aquele indício a apontar que se está agredindo, sim, um bem tutelado? Imaginem uma denúncia inconstitucional que contasse com a maioria na CCJ e que obtivesse os 342 votos na Câmara? Será que haveria um Supremo corajoso o bastante para barrá-la? Convenham: a coragem não anda dando sopa da corte.

A sorte do país, pois, nesse caso, não foi ter um Supremo vigilante (e isso seria o desejável). A sorte está no fato de que os golpistas não têm como conseguir os votos necessários.

Quando a paz pública depende da incompetência dos vigaristas, algo está fora da ordem, não? Nesse caso, Gilmar Mendes deu o voto solitário e correto.

A favor do relatório, que recomenda o arquivamento da denúncia:

Alceu Moreira (PMDB-RS)

Antonio Bulhões (PRB-SP)

Arthur Lira (PP-AL)

Beto Mansur (PRB-SP)

Bilac Pinto (PR-MG)

Bonifácio Andrada (PSDB-MG)

Carlos Bezerra (PMDB-MT)

Carlos Marun (PMDB-MS)

Cleber Verde (PRB-MA)

Cristiane Brasil (PTB-RJ)

Daniel Vilela (PMDB-GO)

Darcísio Perondi (PMDB-RS)

Del. Edson Moreira (PR-MG)

Domingos Neto (PSD-CE)

Edio Lopes (PR-RR)

Edmar Arruda (PSD-PR)

Evandro Gussi (PV-SP)

Evandro Roman (PSD-PR)

Fausto Pinato (PP-SP)

Francisco Floriano (DEM-RJ)

Genecias Noronha (SD-CE)

Hildo Rocha (PMDB-MA)

José Carlos Aleluia (DEM-BA)

Juscelino Filho (DEM-MA)

Luis Tibé (Avante-MG)

Luiz Fernando (PP-MG)

Magda Mofatto (PR-GO)

Maia Filho (PP-PI)

Marcelo Aro (PHS-MG)

Milton Monti (PR-SP)

Nelson Marquezelli (PTB-SP)

Osmar Serraglio (PMDB-PR)

Paes Landim (PTB-PI)

Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG)

Paulo Maluf (PP-SP)

Rodrigo de Castro (PSDB-MG)

Rogério Rosso (PSD-DF)

Ronaldo Fonseca (PROS-DF)

Thiago Peixoto (PSD-GO)

Contra o relatório e contra o governo:
Alessandro Molon (Rede-RJ)

Betinho Gomes (PSDB-PE)

Chico Alencar (Psol-RJ)

Daniel Almeida (PCdoB-BA)

Danilo Cabral (PSB-PE)

Fábio Sousa (PSDB-GO)

Félix Mendonça Jr (PDT-BA)

Gonzaga Patriota (PSB-PE)

Hugo Leal (PSB-RJ)

João Gualberto (PSDB-BA)

José Mentor (PT-SP)

Júlio Delgado (PSB-MG)

Luiz Couto (PT-PB)

Major Olimpio (SD-SP)

Marco Maia (PT-RS)

Marcos Rogério (DEM-RO)

Maria do Rosário (PT-RS)

Patrus Ananias (PT-MG)

Paulo Teixeira (PT-SP)

Pompeo de Mattos (PDT-RS)

Hildo Rocha (PSDB-AC)

Rubens Bueno (PPS-PR)

Sergio Zveiter (PODE-RJ)

Silvio Torres (PSDB-SP)

Valmir Prascidelli (PT-SP)

Wadih Damous (PT-RJ)
Herculano
19/10/2017 07:12
A REGRA DO JOGO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Se o Senado resolvesse aceitar o afastamento de Aécio, como havia ordenado a Primeira Turma do Supremo, estaria aplicando pena antes que fosse ditado o veredicto

Exercendo sua prerrogativa constitucional, o Senado rejeitou anteontem, por 44 votos a 26, a estapafúrdia decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que havia determinado o afastamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de seu mandato, além de outras medidas cautelares, como o recolhimento domiciliar noturno. Como está claro na lei maior do País, cabe ao Congresso, e não ao Supremo, dar a palavra final sobre a interrupção de mandatos obtidos nas urnas.

Ao contrário do que pensam os indignados que viram na decisão do Senado a prova cabal da impunidade dos corruptos, a sessão de anteontem não julgou a conduta de Aécio Neves, suspeito de corrupção passiva e obstrução de Justiça. Não estava em questão se o senador tucano é culpado ou inocente dos crimes pelos quais foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República. Afinal, Aécio nem mesmo é réu, ou seja, não tem do que e como se defender. Se o Senado resolvesse aceitar o afastamento de Aécio, como havia ordenado a Primeira Turma do Supremo, estaria aplicando pena antes que fosse ditado o veredicto. Isso só existe em regimes de exceção.

É preciso um pouco mais de serenidade para que a ânsia de castigar os corruptos ?" que obviamente é o desejo de todos os cidadãos brasileiros de bem ?" não se transforme em guerra generalizada contra o Legislativo, ao arrepio das leis do País. Tanto o foro privilegiado para os políticos com mandato como as prerrogativas do Congresso para punir parlamentares não são artimanhas corporativas desenhadas para salvar o pescoço de malfeitores, como parece ter se convencido grande parte da opinião pública, e sim formas de proteger o voto do eleitor contra o arbítrio.

A Constituição instituiu que o mandato de um parlamentar não pode ser retirado sem mais essa nem aquela, pela simples razão de que expressa a soberana vontade dos cidadãos. É preciso haver sólidas evidências de que o detentor desse mandato delinquiu e violou o decoro requerido para o exercício do cargo. Se a qualquer momento, em razão de meras suspeitas e acusações ainda carentes de provas, sem que tenha havido um julgamento formal, cassa-se ou suspende-se um mandato obtido nas urnas, então não há nenhuma segurança de que a vontade do eleitor será respeitada no futuro. Trata-se de intolerável ameaça à própria democracia.

Felizmente, mesmo ao custo de ampliar o desgaste popular dos parlamentares, prevaleceram no Senado o bom senso e a necessidade de reafirmar a importância do mandato conferido pelo eleitor ante a onda de descrédito dos representantes do povo no Congresso. Nem a gritaria das redes sociais nem a determinação do Supremo de que a votação fosse "aberta, ostensiva e nominal" ?" em mais uma intromissão indevida do Judiciário no Legislativo com o objetivo de constranger os parlamentares perante a opinião pública ?" foram capazes de demover a maioria do Senado na defesa de suas prerrogativas.

Não se deve supor, é claro, que os senadores que votaram pela manutenção do mandato de Aécio Neves o fizeram, todos, em razão da gritante ausência de bases legais, pois é evidente que muitos deles, encalacrados em processos por corrupção, estavam interessados, antes, em dar uma demonstração de força perante o Judiciário. Mas esse interesse não torna menos legítimo o desfecho do caso, que caminhava a passos largos para se tornar paradigmático destes tempos em que vai se tornando perigosamente natural exigir o justiçamento em lugar da aplicação da lei. Ou não foi isso o que aconteceu no Supremo Tribunal Federal quando alguns dos ministros ?" a título de acabar com uma "tradição brasileira" de "prender miúdos e proteger graúdos", como disse o ministro Luís Roberto Barroso ao justificar seu voto contra Aécio Neves ?" condenaram o senador como corrupto mesmo antes que houvesse um processo formal contra ele?

Espera-se que esse episódio, afinal, sirva como parâmetro para determinar os limites institucionais da ação de irresponsáveis que pretendem destruir a política em nome da salvação do Brasil.
Herculano
19/10/2017 07:10
PICUINHA ATRAPALHA A RELAÇÃO ENTRE TEMER E MACRI, por Mathias Spektor, doutor em relações internacionais para o jornal Folha de S. Paulol

A popularidade de um presidente argentino e sua capacidade de governar o país sempre estão atreladas ao governo brasileiro. Decisões tomadas na Esplanada dos Ministérios afetam em cheio não apenas a taxa de emprego, o índice de inflação e a taxa de juros dos argentinos, mas também seus índices de violência causada por tráfico de drogas, de armas, de pessoas e de dinheiro lavado e pelo crime organizado.

Não surpreende, portanto, que a equipe de Mauricio Macri recebesse a notícia da queda de Dilma Rousseff com animação contida. Tampouco chama a atenção que Macri optasse por uma aproximação com Michel Temer.

Apesar de o mandatário brasileiro estar longe da imagem de modernidade e viço jovial que a propaganda do macrismo gosta de projetar, o presidente argentino deu passos largos em direção ao novo comando em Brasília.

Quando o coletivo bolivariano da América do Sul gritava contra o "golpe", Macri saiu para pôr panos quentes. Nas reuniões do G20, onde virou estrela, repetiu mensagens positivas sobre o Brasil, mesmo quando a Operação Lava Jato apontava na direção contrária. E quando o Mercosul rachou, por causa da Venezuela, Buenos Aires tirou o pé do acelerador para acomodar o timing de Brasília.

Tais gestos não eram de graça. Em visita oficial ao Palácio do Planalto, em fevereiro passado, Macri trouxe uma lista de demandas. O Brasil deveria parar de fazer vista grossa para o desgoverno na fronteira ?"problema com impacto político direto no país vizinho.

O Brasil deveria se engajar na harmonização normativa do Mercosul, assunto maior para um país que, neste ano, prevê um deficit comercial conosco da ordem de US$ 7 bilhões. O encontro presidencial foi exitoso, e os mandatários assinaram um plano de ação conjunto para arrumar a casa. Depois de anos de paralisia, a relação bilateral começou a sair do buraco em que se encontrava.

De lá para cá, entretanto, o ruído aumentou. Os argentinos começaram a reclamar da lentidão brasileira para implementar a agenda conjunta, sem entender a lógica dos grupos de interesse que travam ou dificultam o progresso na dúzia de ministérios, agências e autarquias envolvidos na relação com a Argentina.

Há três semanas, Macri mandou uma carta a Temer, pedindo celeridade. Em Brasília, houve perplexidade e o tempo fechou. Há quem pense ser este um capricho da Casa Rosada. Na realidade, trata-se do instinto de um candidato à própria reeleição.

Será um desperdiço se tal picuinha atrapalhar o raro alinhamento que existe entre os dois governos. O momento é bom para fazer a relação avançar
Herculano
19/10/2017 07:07
A COERÊNCIA DO POLÍTICO É SEMPRE ESTA

Relata Augusto Nunes, de Veja, no twitter. Líder do PSC, Pedro Chaves ordenou à bancada q punisse Aécio. Único senador da sigla, o mesmo Chaves absolveu Aécio. Hospício ou delegacia?
Herculano
19/10/2017 06:49
ATÉ JUÍZES DEFENDEM FIM DA JUSTIÇA DO TRABALHO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A extinção da Justiça do Trabalho, elaborada na Câmara sob rigoroso sigilo, tem a aprovação de juízes e de ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST), diante do ativismo político e a sindicalização da magistratura. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), conhece a posição desses juízes. O projeto reage à articulação, na Justiça do Trabalho, para burlar a reforma trabalhista que vigora a partir do dia 11.

RELATOR, DE NOVO
Se depender do presidente da Câmara, o relator do projeto que acaba a Justiça do Trabalho será o mesmo que relatou a reforma trabalhista.

FÃ DE CARTEIRINHA
O deputado Rodrigo Maia sempre elogiou o trabalho competente de Rogério Marinho (PSDB-RN) como relator da reforma trabalhista.

CARA DEMAIS
A Justiça do Trabalho custará R$22 bilhões em 2017, enquanto toda a Justiça Federal dos EUA não gastará mais do que R$21 bilhões.

DEFESA NO TST
O presidente do TST, ministro Ives Gandra Filho, já se manifestou em defesa da Justiça do Trabalho e discorda da sua extinção.

SARNEY DIZ QUE ILHAS À VENDA SÃO 'CHANTAGEM'
O ex-presidente José Sarney tomou um susto ao tomar conhecimento, nesta coluna, da decisão de um sobrinho de d. Marly de vender por R$37 milhões 12,5% de três ilhas no litoral de São Luís. Sarney disse que o parente da ex-primeira-dama pretende, na verdade, que a família compre a parte dele, correspondente a dois milhões de metros quadrados. "É uma espécie de chantagem", diz o ex-presidente.

VALOR EXAGERADO
O ex-presidente garante que o imóvel não vale os R$37 milhões. "Acho que por metade disso, o pessoal aqui vende as três ilhas", ironizou.

PARENTE PROBLEMÁTICO
Sarney diz que o sobrinho de d. Marly, Gustavo Macieira, "sempre foi problemático". E "ele pensa que temos dinheiro para comprar a área".

HERANÇA DE FAMÍLIA
As ilhas Curupu, Mogijana e De Fora ou Corimã pertencem à família de d. Marly há várias gerações, desde a bisavó da ex-primeira-dama.

BANDIDO BLINDADO
O governo da Itália confia que vai pôr as mãos no terrorista Cesare Battisti. O Supremo Tribunal Federal já autorizou sua extradição, em decisão ignorada por Lula, e agora o caso voltou à Corte, após a concessão de habeas corpus que blindou o bandido outra vez.

JOGO É JOGO, TREINO...
Escolha do relator, dois dias de discussão na CCJ, votação favorável a Temer... Tudo isso não é nada, não é nada, não é nada mesmo: o que vai valer é a decisão do plenário da Câmara sobre a segunda denúncia.

BOM DE PONTARIA
O resultado da votação na CCJ da Câmara, favorável ao presidente Michel Temer, confirmou a previsão do vice-líder do governo Darcísio Perondi (PMDB-RS), que previa entre 39 e 42 votos.

AEROLULA É PREJUÍZO
Ainda está fora de operação o Airbus 319, "AirForce 51", comprado por Lula em 2005 por US$57 milhões (R$360 milhões em valores atuais). A Força Aérea agora aluga um outro avião para o presidente.

FUNDÃO, NINGUÉM MERECE
O PSL (Social Liberal) foi o único partido que apelou ao Supremo Tribunal Federal contra a parte da reforma política que criou o "fundão eleitoral" de quase R$ 2 bilhões para financiar campanhas eleitorais.

OPORTUNISMO ELEITORAL
O PDT se aboletou em mais de 300 cargos do governo do DF por três anos, mas decidiu se afastar do desgaste que ajudou a produzir, porque a eleição vem aí. Na maioria cara de pau, ainda pretende o apoio do PSB de Rodrigo Rollemberg à candidatura de Ciro Gomes.

BARNABÉ CUSTA CARO
As despesas de pessoal do governo federal nos primeiros oito meses do ano foram de R$23,1 bilhões. Tudo isso em salários, pensões e aposentadorias de funcionários públicos.

SECOU, Só QUE NÃO
A Cia de Abastecimento de Brasília (Caesb) promete ir à Justiça contra os autores de boato de que a capital passaria a racionar água por dois dias consecutivos a cada semana. Um reservatório já chegou a 11%.

PENSANDO BEM...
...custa um Geddel a parte das ilhas colocada à venda por um sobrinho da d. Marly, onde a família Sarney tem casas. E ainda sobraria.
Herculano
19/10/2017 06:40
MORALISMO E VAZIO LEGAL DIFICULTAM AUTOCLASSIFICÃO EM EXPOSIÇÃO, por Marcos Augusto Gonçalves, no jornal Folha de S. Paulo

Está em curso no Brasil uma onda de ataques a exposições e a artistas que ultrapassou os limites da divergência e da liberdade de expressão para ingressar no terreno da difamação.

A acusação de pedofilia, por exemplo, imputada por grupos ultraconservadores nas redes sociais ao artista que apresentou a performance "La Bête" no Museu de Arte Moderna de São Paulo é insustentável à luz da lei ?"e o inquérito sobre o caso chegará a esta conclusão.

A reação contra elites liberais no terreno moral e contra movimentos identitários não é exclusividade do Brasil, onde vivemos uma espécie de reprise na internet da "revanche da província" (lembrando aqui uma expressão usada pelo crítico Roberto Schwartz ao analisar as reações ideológicas que se seguiram ao golpe de 1964).

O ultraconservadorismo e a "guerra cultural", como se sabe, estão presentes em diversos países. E já vêm de décadas ?"pelo menos desde 1989 quando a galeria de arte Corcoran, em Washington, cancelou, sob pressões comandadas por parlamentares de direita, a mostra itinerante do fotógrafo Robert Mapplethorpe prevista para chegar àquele espaço.

É nessa atmosfera de caça às bruxas que o Masp inaugura a exposição "Histórias da Sexualidade".

Pela primeira vez a instituição terá uma mostra de arte com classificação indicativa para maiores de 18 anos.

Há, segundo especialistas, uma lacuna na legislação no que tange a museus e exposições. Esse vazio leva essas instituições a terem que trabalhar com normas genéricas ou analogias com a regulamentação para filmes e outros espetáculos.

É uma situação problemática, já que as artes têm suas especificidades, sua história e suas linguagens ?"que nem sempre podem ser reduzidas a padrões, por exemplo, do cinema ou do teatro.

O Masp consultou um escritório de advocacia, que com base na legislação vigente considerou que a mostra encaixava-se na faixa dos 18 anos. Não se trata apenas de "nu artísticos". Há obras transgressoras e agressivas diretamente associadas a sexo explícito e violência ?"tópicos que justificariam a autoclassificação escolhida.

Algumas pessoas do meio artístico consideraram a decisão muito conservadora, um recuo diante dos ataques.

Defendem que teria sido melhor optar por 16 anos, faixa em que os pais poderiam decidir levar filhos mais novos. Afinal, se com 16 anos pode-se votar, porque não ver conteúdos sexuais que qualquer um facilmente consegue acessar na internet?

Sugeriu-se também que as obras mais " pesadas" poderiam ser reunidas numa sala fechada. Em tese seria possível, mas um cercadinho "hard-core" quebraria a narrativa da curadoria - e poderia parecer um tanto bizarro.

O caso indica que cabe ao meio artístico se mobilizar (como está ocorrendo) para propor uma regulamentação que faça sentido e não se deixe contaminar pelo clima de exasperação do momento
Herculano
19/10/2017 06:35
SE AÉCIO SE CHAMASSE CUNHA, ESTARIA NA TRANCA, por Josias de Souza

O Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional devem um pedido de desculpas a Eduardo Cunha. Se Cunha tivesse recebido dos magistrados e dos parlamentares o mesmo tratamento dispensado ao senador tucano Aécio Neves, não estaria trancado numa cadeia de Curitiba. Continuaria desfrutando de sua imunidade parlamentar e desfilando sua desfaçatez pelos corredores e gabinetes do Poder como se nada tivesse sido descoberto sobre ele.

Há um e meio, quando era o todo-poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha teve o mandato suspenso. A providência, aprovada por unanimidade no plenário do Supremo, marcou o início da derrocada de Cunha. Com Aécio, a unanimidade da Suprema Corte deu lugar a uma maioria de 6 a 5 a favor do entendimento de que sanções cautelares contra parlamentares têm de ser referendadas pelo Legislativo.

Com o auxílio voluntário de Michel Temer e involuntário do contribuinte, que teve seu dinheiro usado na compra de votos de senadores, o Senado devolveu a Aécio o mandato que o Supremo havia congelado. A Câmara também teria restituído o mandato a Cunha se tivesse sido chamada a opinar. A comparação ajuda a entender o tamanho do retrocesso que o caso Aécio representa. Sem poder, Cunha foi empurrado para a cassação, o julgamento na primeira instância e a cadeia. Com o poder restabelecido, Aécio continua desfrutando da imunidade que o livra da tranca. É simples assim.
Herculano
19/10/2017 06:33
AÉCIO E OS SERIAL KILLLERS, por Roberto Dias, secretário de redação da área de produção do jornal Folha de S. Paulo

O caso Aécio Neves arrepia até quem já se acostumou com o baixíssimo nível da vida pública.

Fosse a política brasileira um filme de terror B ?"ou vai ver é mesmo, algum dia seremos oficialmente informados?", os diálogos envolvendo o senador brilhariam no trailer.

As falas gravadas pela polícia são dos momentos de maior intensidade da trama. Incluem conversas sobre um suposto empréstimo de R$ 2 milhões em dinheiro, indicações para empresas, ofensas a políticos, tudo versado em português pouco castiço.

Entre as frases que o diretor poderia pinçar está o momento em que Aécio diz a Joesley Batista, dono da JBS: "Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação". Que sentido poderia ter essa frase além de uma coisa nada boa? Difícil intuir, pois as manifestações de Aécio nos cinco meses deste escândalo foram enxutas, como o pronunciamento de dois minutos desta quarta (18).

O senador pelo PSDB de Minas se diz indignado. Mas esse tal sentimento não se converteu na dignidade mínima para que ele ?"ocupante de cargos eletivos há 30 anos e segundo nome mais votado à Presidência?" aparecesse cara a cara com jornalistas em uma entrevista coletiva e respondesse a perguntas.

O que pode reservar o roteiro a um personagem assim? Investigações contra parlamentares levam em média mais de sete anos no Supremo, prazo convidativo às prescrições. Os pares do senador são justamente os que o consideraram apto a continuar na Casa. O presidente interino do seu partido, por sua vez, acredita que ele pode exercer cargo público, mas não o comando da sigla.

Diante disso, entende-se por que o juiz Sergio Moro recorre à ficção para defender a prisão preventiva de suspeitos de corrupção. "Podemos fazer uma comparação com uma situação que vemos muito no cinema: casos de serial killers. Não vai esperar ele ser preso até o fim do julgamento para que haja uma nova vítima."
Frederico costa e Silva
18/10/2017 22:27
Herculano, se a charge (coluna 16/10) não retrata só o Psdb como vc diz em resposta a um comentário que fiz, deveria então trazer junto na foto mais alguns caciques de partido. Mas traz só um. Então....
E a conclusão de que só acontece em Brasíllia foi sua, pois escrevi que "em gaspar não é diferente". 
E bela colocação sua ontem de que o Psdb preferiu salvar o senador do que o partido. Foi tb o que falei no comentário, e não precisei esperar a votação de ontem. EU Disse: " Verão o resultado na urna". Quis dizer que o partido vai sair morto desse processo. Será na urna a resposta das escolhas do Psdb que se demonstrou igual ao PT. Um partido de donos e que não cultuam a ideologia que pregam. Cultuam cumpadrio e politicagem iguais a maioria dos partidos. A classe empreendedora, os profissionais liberais e todos que queiram um país democrático, onde se respeita às liberdades individuais e de mercado, e que se viam representados no PSDB estão sem chão. Perceberam que seus ídolos são iguais aos que repudiam. Que seus ídolos não representam as suas ideologias. Que foram enganados. E a resposta vira na urna. 
O partido que deveria sair desse processo fortalecido, devido a politicagem praticada pelo PT, vai sair com um pé na bumba igual ao PT. Pelo visto os donos do partido entendem muito de politicagem e pouco da sociedade que representam. É isso que vão perceber na urna.
 "A oportunidade é que faz o ladrao". Pode ser um pinhão, como pode ser um bilhão. Quem não perceber que não existe diferença no ato, está liquidado.
 Em outro comentário Vc diz: "Difícil defender o indefensável". Se referindo a Paulo Bauer no Senado defendendo Aecio. Realmente. E às vezes custa a carreira. No estado não será diferente para o PSDB. Por inviabilizar o partido a nível nacional, Paulo Bauer pode ficar isolado e sem força. Tudo que o PMDB e PSD queriam. 
A expertise quando é de mais engole o dono.
 Em gaspar não é diferente. Bye bye!
Sidnei Luis Reinert
18/10/2017 17:52
As conseqüências da salvação de Aécio


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
A questionável e previsível salvação do mandato do senador Aécio Neves é mais uma prova da falência institucional brasileira. A responsabilidade não deve ser atribuída à recente decisão do Supremo Tribunal Federal sobre aplicação de medidas cautelares aos parlamentares. Também não deve ser imputada aos senadores que agiram mais em causa própria ?" 26 deles enfrentam encrencas judiciais. Na verdade, o netinho de Tancredo Neves foi poupado pelo desastroso teor da Constituição fascista de 1988. A casta tanto dá margem à impunidade dos poderosos quanto ao rigor seletivo contra os "inimigos" do Estado-Ladrão de Bruzundanga. #Prontofalei!
A sociedade brasileira não aguanta mais este tal de "foro privilegiado" que permite aos autodenominados donos do poder praticarem crimes, por ação direta ou inação culposa/dolosa, consolidando e ampliando a injusta impunidade no País com excesso de leis ?" culturalmente descumpridas. A mesma leitura constitucional que viabilizou a salvação de Aécio Neves por seus pares permitiu a desgraça do senador Delcídio Amaral e a execração de Eduardo Cunha, então poderoso presidente da Câmara dos Deputados que cumpriu a missão de golpear Dilma Rousseff para permitir que Michel Temer assumisse a Presidência da República.
Quer mais? A "interpretação" permitida pela Carta de 88 também garante que o Presidente seja mantido no cargo, por regime de "imunidade-impunidade", mesmo sendo alvo de acusações graves e comprovadas de corrupção. A mesma Constituição, que assegura que todos são inocentes até prova contrária, após esgotamento de todos os recursos judiciais, também permite que uma maioria apertada do Supremo Tribunal Federal aceite a tese da prisão após julgamento em segunda instância em órgão judicial colegiado.
Ou seja, a presunção da inocência escrita na Constituição vale para alguns com foro privilegiado (se interessar aos poderosos de plantão), mas nem sempre vale para "bandidos mequetrefes" ?" que são jogados nas medievais cadeias pelo crime "hediondo" de um roubo de galinha. O rigor seletivo ?" pune quem interessa e poupa quem convém ?" é um sintoma do fascismo promovido pelos aparelhos repressivos da máquina estatal do Brasil. A Constituição interventora de 88 não assegura, efetivamente, a plena liberdade ao cidadão de bem e nem a efetiva punição aos criminosos institucionais.
"Interpretações" protegem, geralmente, quem tem grana para pagar excelentes advogados. Aos "durangos" restam as leis que condenam e os mantêm presos... Isto não é Justiça. Isto é Fascismo. Por isso, é surpresa alguma que 44 senadores tenham anulado a decisão da primeira turma do STF que suspendeu o mandato e impediu que Aécio Neves pudesse sair de casa à noite. Agora, como era esperado, tudo retorna à "normalidade". Gravemente acusado de corrupção, Aécio segue tão livre, leve e solto... O único azar dele é que, para a maioria da opinião pública, está desmoralizado...
É por isso que "interpretações" da Constituição de 1988 serão usadas, se for conveniente, para permitir que Luiz Inácio da Silva possa concorrer à Presidência da República, mesmo que a condenação dele, imposta pelo juiz Sérgio Moro, seja confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A polêmica já está programada para as vésperas da eleição de 2018 ?" o que vai aumentar ainda mais o radicalismo político entre os seguidores da seita petralha e os seus inimigos implacáveis.
A interpretação Constitucional já garante a salvação daqueles punidos na famosa Ação Penal 470 ?" aquele espetaculoso Mensalão que se transformou, rapidamente, em um lamentável show de impunidade. A previsão é que o mesmo possa acontecer com a Lava Jato ?" foi dura na primeira instância, tende a ficar assim na segunda instância, mas que pode amolecer quando chegar ao Superior Tribunal de Justiça e, finalmente, ao Supremo Tribunal Federal.
Só quem prefere não constatar que a Constituição de 88 esgotou-se e precisa ser mudada é que defende a tese absurda de que o Brasil vive uma "normalidade democrática e institucional". As instituições não funcionam normalmente. A máquina do Crime Institucionalizado encena o teatro que lhe interessa. Os poderosos fazem o discurso que lhes convém. A maioria da sociedade fica cada vez mais insatisfeita. Quando a bronca atingir o nível máximo, aí alguma mudança efetiva pode acontecer. Assim, o Brasil segue em compasso de espera, enquanto o Crime age como mal deseja...
A salvação de Aécio apenas enervará a maioria da opinião pública e publicada. O mesmo acontecerá com a segunda e previsível salvação de Michel Temer. O PMDB e o PSDB já firmaram um indecente troca-troca para salvação mútua de Aécio e Temer. Brevemente, o mesmo pode acontecer com Lula... Se não acontecer, é provável que a petelândia parta para a radicalização. Aí sim, dependendo do nível de pancadaria, verbal e física, a situação pode sair da "normalidade" e uma "Intervenção Constitucional" se tornar o único remédio possível.
O que está claro, no momento, é que a "mijada" dada pelo Legislativo no Judiciário é um sinal de que a guerra de todos contra todos os poderes ainda produzirá muitas aberrações institucionais. Por isso, a Intervenção Constitucional pode até demorar, mas é uma solução inevitável e imprescindível. Até lá, o Estado-Ladrão seguirá fazendo a festa de sempre...
O Brasil tem de ser reinventado com um choque de Democracia (Segurança do Direito) e Transparência.
Sidnei Luis Reinert
18/10/2017 17:52
Os Nobres vereadores de Gaspar mandaram para Brasília uma moção de repúdio pelos quase 2 bi do fundo partidário (aqui aprovaram quase 2 mi para empregar amigos em comissão no poder), eles terão coragem agora de mandar uma moção de repúdio aos 3 tucanalhas(Paulo Bauer, Dário Berger e Dalírio Beber) que ajudaram a livrar a pele do BANDIDO DE PLUMAGEM MAIOR, AÉCIO NEVES?
Herculano
18/10/2017 16:01
CINCO LETRAS QUE CHORAM, por Carlos Brickmann

Michel Temer está com a popularidade abaixo de cauda de jacaré, mas sai dessa; e, em algum momento até o final do mandato, dezembro de 2018, alguém reconhecerá os êxitos de seu Governo num setor-chave, Economia. Com o mesmo problema da área política, basicamente a necessidade de dar um agrado a numerosos parlamentares, conseguiu reduzir a inflação para baixo da meta, ampliar as atividades de maneira a indicar crescimento futuro, tomar providências que um dia forçarão o Governo a reduzir seus monumentais, extraordinários gastos. Na política e na economia, seguiu a oração de São Francisco: é dando que se recebe. E talvez ganhe para sua memória a frase seguinte do santo, "é perdoando que se é perdoado".

Já Aécio, tanto faz ter ou não seu mandato mantido pelo Senado. Pois não há como manter um mandato que já não existe: por algum motivo, as delações de Joesley Batista, que abalaram mas não derrubaram o poder de Temer, foram catastróficas para Aécio. De repente, o segundo colocado na eleição presidencial, com 51 milhões de votos, quase metade do eleitorado, cujos aliados se cansaram de dizer que só perdeu por ter sido prejudicado na apuração, virou um zero político. O antigo presidente do Senado demonstrou-se incapaz de coordenar sua própria defesa, de articular-se com seus colegas senadores, de defender-se sem choramingos, sem argumentos.

As acusações foram aceitas como verdade. Deve haver motivo para isso.

OS PASSOS DE TEMER
O presidente não deve tentar a reeleição. Acha que haverá um bloco à direita, com Jair Bolsonaro ou alguém menos flutuante (Bolsonaro já esteve em nove partidos, inclusive o Ecológico, diz defender o liberalismo mas gosta de estatais); um à esquerda, sob o comando do PT ?" ou, mais precisamente, de Lula, preso ou solto); um em cima do muro, o esfacelado PSDB; e quer chefiar a sucessão unindo partidos como PMDB, DEM, PSD, PTB, PTB, PR, PRB. Candidato provável, Henrique Meirelles. É cedo para prever, mas no meio da briga partidária, pode sobrar para ele. Ou Dória.

COMO DIRIA CAETANO
Ou não. Lula neste momento lidera as pesquisas, mas ninguém vence a eleição com o nível da rejeição que ostenta: metade dos eleitores diz que não vota nele de jeito nenhum. Mas falta um ano e isso pode mudar. E Lula nem precisa ser candidato: basta que possa proclamar que "a zelite" usa as leis para prejudicá-lo e, por isso, em vez de sair candidato, lança outro. Quem conseguiu eleger Dilma sabe a força de que um poste é dotado.

A FORÇA DO ADVERSÁRIO
Lula conta, na campanha para que o eleitor o veja como perseguido, com o valioso apoio dos adversários. Os procuradores da Lava Jato já fizeram o que não deveriam com aquele "power point" segundo o qual, com ou sem investigações, Lula era apontado como ponto central da ladroeira. Já havia ocorrido, há tempos, o caso "Vavá dois pau", uma operação contra Genival, irmão de Lula, que teria pedido "dois pau pra eu" para usar sua influência num caso. Que influência, cara pálida? Alguém que, entre Petrolão, Mensalão e Quadrilhão, aceita "dois pau"? E agora houve o caso mais obscuro de todos; a pressão sobre o filho de Lula.

VALE TUDO
Há pouco mais de uma semana, no dia 10, um delegado da Polícia Civil de Paulínia, SP, com três policiais armados, invadiu com ordem judicial a casa do psicólogo Marcos Lula da Silva, o mais velho dos filhos de Lula. Segundo se soube, com base em denúncia anônima, acreditavam que na casa houvesse drogas e armas. Não havia. Recolheram então dois computadores, pendrives, CDs e DVDs; foram a outro endereço, com base na mesma suspeita, e o resultado foi o mesmo: nenhum.
A juíza Marta Pistelli, que dera a ordem de busca e apreensão de "armas e drogas", disse ter sido enganada pela Polícia Civil. Mandou devolver tudo o que tinha sido ilegitimamente apreendido e foi mais longe: disse que tinha autorizado a busca e apreensão em um endereço, não em dois.

E até agora o governador Geraldo Alckmin, PSDB, que pretende ser candidato à Presidência, talvez contra Lula, ficou mudo. Nada disse ?" nem ele nem seu secretário da Segurança. Abriu-se uma investigação e o delegado foi afastado do caso ?" aliás, de qual caso? Por que adversários de Lula tanto querem estimular sua candidatura?

COMO SE FAZ
As investigações sobre corrupção no Brasil ocorreram também em Portugal, com manobras casadas e sócios ultramarinos. Mas, em Portugal, sem delações premiadas, a acusação é completa e não dá margem à criação de vítimas (http://wp.me/p6GVg3-41C). Atingiu do banqueiro Ricardo Salgado (Banco Espírito Santo) a José Sócrates, preso enquanto era primeiro-ministro. Sócrates se diz perseguido mas ninguém lhe dá bola. Juiz e procurador podem andar tranquilos pelas ruas, sem ser reconhecidos.
Digite 13, delete
18/10/2017 15:19
Oi, Herculano;

Faz tempo que é nítido isso quanto à Luciano Huck, que vem apresentando quadros em que viaja ou recebe pessoas de todo país, e patrocinado pelos anunciantes melhora a vida destas pessoas: Lar Doce Lar, Quem Quer Ser um Milionário, Um Por Todos e Todos por Um, etc.
E em paralelo sua esposa (pretendente 1ª dama) apresentando: Estrelas Solidárias, Estrelas do Brasil, etc.
E assim a Globo vem preparando o terreno pra botar gente sua lá... E o pior que eles tem a ferramenta certa pra fazer a lavagem cerebral no povo!
Justiciano disse:
18/10/2017 15:13
Sr. Herculano

O Antagonista às 11:21hs.

A Globo querendo manter o poder a todo custo no Brasil. Somente comunistas e petralhas defendem essa candidatura que perdoaria as dívidas bilionárias da Globo, da JBS e de lambuja livraria Lula e Dilma das garras da justiça.

Esse PPS é o velho partidão pelego, com novo verniz, mas com velhos e carcomidos ideais comunistas.

Um capitalista que adora luxo num partido comunista cheira um tremendo golpe.
Tô fora!!!
Sujiru Fuji
18/10/2017 15:01
AFINAL, UMA COLUNA DE GASPAR E ILHOTA À FRENTE DAS DEMAIS. O QUE VOCÊ LERÁ AQUI, NÃO LERÁ NAS OUTRAS POR MOTIVOS óBIOS, OU COM MUITO TEMPO DE ATRASO

Este motivo óbvio acho que sei.
O outro jornal até que é bem recheado de conteúdo,
as reportagens são interessantes, esclarecedoras,
mas na área de política há a necessidade de um recipiente para o vômito.
Anônimo disse:
18/10/2017 14:44
Herculano;

"Contraditório! Demagogo! Oportunista! Incoerente! Coisa de políticos, sejam velhos ou jovens. Todos conhecem esse riscado e se arriscam. Acorda, Gaspar!"

Porque será que não estou surpreso?
Porque Gaspar não passa de bairro de Blumenau.
Enquanto esperam pelo Napoleão, brincam de mostrar serviço.
Cambada!!!
Marcelino Martendal
18/10/2017 14:24
Herculano

Sim a obra da rua Doralicio é feita por particulares, mas houve propaganda do prefeito Kleber na rádio e nas mídias sociais.Os dois o ex e atual querendo tirar vantagens. Bem coisa da profissão deles.
Herculano
18/10/2017 12:24
GOVERNO PARALELO? COMEÇOU MAIS CEDO DO QUE SE ESPERAVA!

O ex-prefeito Pedro Celso Zuchi e o ex-secretário de Obras e ex-candidato derrotado, Lovídio Carlos Bertoldi, ambos do PT de Gaspar, foram hoje pela manhã "fiscalizar" as obras da extensão da Rua Doralício Garcia.

Não emitiram nenhum parecer. Essas obras são feitas por particulares, num acordo Judicial com o município. A prefeitura não está gastando nada. Só precisa fiscalizar. Então...
Herculano
18/10/2017 11:21
da série: o Brasil está mesmo a deriva e atrás de salvadores da pátria, que mal conhecemos. Depois de Dória e Bolsonaro, chegou a vez de Huck

PPS COM HUCK

Cnteúdo de O Antagonista.O PPS quer candidatar Luciano Huck para presidente.

Na segunda-feira, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, conversou com ele sobre o assunto, informa a Folha de S. Paulo.

O alto comando militar aprova a ideia.

VOLTO Á MINHA OPINIÃO SOBRE O ENSAIO ACIMA

Isto é a prova de que os partidos estão falidos, seus líderes políticos enlameados, não possuem e não formaram quadros, não cultuam ideologias, não executam programas e estão atrás de aventureiros para salvarem-se nesse mar confuso e medíocre.

Estão atrás do voto da juventude perdida, a que não conheceu a ditadura, a hiperinflação, a incapaz de julgar modelos econômicos de longo prazo. Foi pouco tempo o sacrifício que o PT e a esquerda do atraso impuseram e ainda impõem ao país e aos trabalhadores, pois quase todos se lançam às aventuras juvenis por inocência ou perigoso protesto.

O Brasil não é um grande fantasioso programa de auditório, manipulado nos bastidores por um bando de políticos profissionais sem escrúpulos. É um grande problema que exige lideranças, discernimento, coragem para execuções que contrariam uma casta do funcionalismo público que manda no Brasil, vive e se aposenta cedo com altos salários vindos dos sacrifícios dos trabalhadores de salário minimo...
Herculano
18/10/2017 11:07
BRASIL AGONIZA NA JAULA AO RELENTO, por José Nêumanne, no jornal O Estado de S. Paulo

Supremo só decide o que mandam fazer os que indicam e avalizam seus 11 ministros

Nos dias anteriores à votação pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) da necessidade de aval do Legislativo para a aplicação de sanções em medidas cautelares a seus cada vez menos nobres membros, o Brasil viveu uma crise institucional tão falsa quanto uma cédula de três reais entre dois Poderes da República, em conflito de meras aparências. Vendeu-se à sociedade a ilusão de que o Judiciário violaria a autonomia do Legislativo caso não submetesse a decisão da Primeira Turma do STF ao veredicto dos senadores, que exigem tratamento de varões de Plutarco, embora grande parte deles se comporte com a sordidez própria dos escroques.

De fato, tudo não passou de uma farsa, na qual se inverteu a célebre máxima de Karl Marx parodiando o conceito de Hegel de que a História sempre se repete. Na abertura de O 18 Brumário de Luis Bonaparte, o filósofo asseverou que ela acontece como tragédia e se repete em tom de farsa. Cá entre nós, a comédia precedeu a bufonaria, que pode descambar numa tragédia institucional: a perda pelo Congresso Nacional da condição de verdadeiro representante da cidadania. Tal como ocorre aqui, sob o cínico controle dos hierarcas partidários, o Parlamento representa somente essa elite política dirigente e marcha rumo à subserviência a seus chefes.

O que viu a Nação, bestializada, para repetir a dura expressão usada pelo historiador e acadêmico José Murilo de Carvalho sobre o ato criador da própria República, foi a sessão de uma Suprema Corte transformada em mera sucursal das cumbucas no centro da Praça dos Três Poderes. Consagrou o privilégio de casta de alguns tranchãs sobre a plebe. O tema específico do julgamento não podia ser mais simbólico: o que o placar de 6 a 5, com o voto de Minerva (embora nada sábio) da presidente Cármen Lúcia, assegurou foi o direito do presidente nacional "afastado" do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves, à farra ampla, geral e irrestrita, "diuturna e noturnamente" (apud Dilma).

Trata-se de um vício de origem. Os membros da grei que se julga suprema agem como avalistas jurídicos de trapaças e trampolinagens do chefe do Executivo, que indica seus 11 membros conforme as próprias conveniências, e do Legislativo, que finge sabatiná-los antes de avalizá-los. O STF de hoje resulta do projeto de demolição do Estado burguês empreendido pelo líder máximo da socialização da gatunagem, Luiz Inácio Lula da Silva, e por sua sequaz Dilma Rousseff. O primeiro nomeou um reprovado serial em concursos para o exercício da magistratura. E a segunda, uma protégée do ex-marido. Não inovaram: Fernando Collor promoveu o primo e José Sarney, o então jejuno cumpridor de tarefas de seu advogado do peito.

Até recentemente se discutia à boca pequena nos meios forenses qual o prazo médio da gratidão dos membros do colegiado ao dono da caneta que lhes deu o poder. Na República dos compadrinhos, onde os votos do nobre instituto do habeas corpus são discutidos em convescotes à beira do lago, essa é uma questão da velha ordem. E são dados de acordo com interesses negociais de garantistas que só zelam pela boa saúde financeira de seus estabelecimentos privados ou de seus partidos, que fazem de campanhas perdulárias fonte bilionária de furtos e doações.

Ao desmascarar o enriquecimento geral dos chefes de bando do Planalto e da planície, a Lava Jato provocou os acordões suprapartidários como o que antes engaiolou o carta fora do baralho Eduardo Cunha e agora o que liberou o garoto dourado Aécio Neves para pecar na "naite" sem punição. Os tucanos Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes foram acompanhados pelos petistas Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, com a adesão de Marco Aurélio Mello, um espalha-brasas fiel às origens. O voto, não de Minerva, mas de misericórdia, de Cármen Lúcia acabou com a batalha judicial de Itararé, a que não houve.

A nova ordem resume-se ao voto lotérico na coluna do meio, inventado pela presidente do STF: mandato de senador suspeito não pode ser interrompido, pois não pertence ao parlamentar, mas ao cidadão, condenado à pena perpétua por ter votado mal. Atingimos a perfeição da condição revolucionária celebrada por Che Guevara, morto há meio século num 9 de outubro: "Podemos ser gatunos, mas nunca perder a pose". Nem as posses!

O sinal de que a zelite previu o recado a ser dado por seus supremos garantistas foi o tríduo em que comemoraram o máximo despudor. De quarta 4 a sexta 6 de outubro, eles passaram por cima de toda a vergonha e de todos os princípios, assegurando a corrupção na próxima eleição e o perdão de suas dívidas com a União, ou seja, com o populacho que os elegeu. Numa evidência de que perderam de vez o pudor, aprovaram um fundo de campanha com piso, mas sem teto, a ser debitado ao erário em bilhões. E, depois, cancelaram as próprias dívidas, assim como seus eleitores são incomodados dia e noite pelo Fisco inclemente, que não dá a mínima folga à plebe ordinária.

A farra dos privilégios continua à tripa forra. A Lava Jato é sabotada ferozmente pelo delatado Michel Temer e seu anspeçada Torquato Jardim, à sombra da procuradora-geral Raquel Dodge, abençoada por deus Michel e pelo espírito santo de orelha Gilmar. Sobre a primeira instância, que condenou 116 réus e mantém 27 deles presos em Curitiba, pende a espada de Dâmocles da Suprema Tolerância Federal, que ocupa o topo do castelo judiciário com condenação zero. E sigilo para senadores liberarem as baladas de Aecim sem serem vigiados pela opinião pública contra, que vai ao Hermitage, em São Petersburgo, vaiar acusados de furtar a previdência de servidores sob sua chefia. No país do bebê fuzilado no ventre da mãe e do comerciante que agonizou em jaula ao relento, quem sai aos seus não regenera, quem pode se sacode e quem não pode vai pro diabo que o carregue.
Herculano
18/10/2017 11:05
O COMPLô, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Temer é vítima de um complô, Aécio, de armação, e Lula, de perseguição. Se os três estão certos, seria preciso imaginar que diferentes braços do Ministério Público, a Polícia Federal e a imprensa foram todos contaminados por uma espécie de vírus do niilismo e abraçaram o temerário projeto de destruir as instituições republicanas, abatendo as lideranças dos principais partidos políticos do país.

É possível? Bem, tudo o que não é proibido pelas leis da física é possível - e isso inclui viagens no tempo e discos voadores alienígenas visitando a Terra. Parece-me mais verossímil, porém, acreditar que os três políticos, bem como várias centenas de outros, se meteram em relações absolutamente promíscuas com empresários que já confessaram atos de corrupção na casa dos vários bilhões de reais. Em muitos casos, exibiram provas físicas das propinas.

É possível que nossos três líderes sejam mesmo santos em meio a um oceano de pecadores e que os delatores estejam mentindo quando incluem seus nomes no rol de autoridades compradas. Ademais, para que sofram uma condenação penal, é necessário que o Estado demonstre seu envolvimento para além da dúvida razoável na opinião de um tribunal colegiado. Não precisamos, porém, estabelecer o mesmo nível de exigência para os efeitos políticos.

Ao contrário, boa parte da crise que vivemos pode ser atribuída ao fato de que foros políticos passaram a operar com balizas do Judiciário. Eu me explico. Num país mais "normal", o presidente que se vê envolvido num escândalo como o que enredou Michel Temer renuncia, seja ele culpado ou inocente. Um senador flagrado numa fita tão comprometedora como a de Aécio é rapidamente cassado pelo Conselho de Ética da Casa. Já Lula, este, por não contar mais com foro privilegiado, ao menos tem o mérito das acusações que pesam contra si avaliado pela Justiça, o que não ocorre com os outros dois.
Herculano
18/10/2017 11:03
BARROSO, ROSA E FACHIN, A TRINCA DE ESQUERDA, AMEAÇA GARANTIAS DEMOCRÁTICAS; SUGIRO UMA PEC, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

O país está exposto a feitiçarias como neoconstitucionalismo e direito achado na rua; ao trio dos vermelhos, juntaram-se o oportunismo, o balofismo retórico e a covardia.

Barroso, Fachin e Rosa são os esquerdistas de fato do STF; no trio, há o Fux que mata no peito, a Cármen com medo do alarido e o ex-Celso de Mello, com votos que maculam sua trajetória garantista.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) obteve uma vitória maiúscula na votação desta terça-feira. Como já destaquei aqui [abaixo], dos 70 votos possíveis, ele ficou com 44 - ou 62,85% do total. Os 26 que queriam mantê-lo afastado do cargo formam 37,14% dos votantes. Havia, como já vimos, oito parlamentares em viagem. Uma senadora diz não ter encontrado passagem. Aécio, por óbvio, e o presidente da Casa, Eunício Oliveira, não votaram. Eis os 81 senadores. Não houve abstenção. Ausência, de verdade, só mesmo a de Rose de Freitas (PMDB-ES), a tal que dispõe de uma penca de assessores, mas ainda não sabe como comprar um bilhete aéreo. O Senado ainda não morreu. Só para lembrar: ao arrepio da Constituição, o STF havia afastado, a título de imposição de medidas cautelares, o senador de seu mandato.

A propósito: que os corajosos do Congresso cuidem, desde já, de uma emenda que impeça, EXPLICITAMENTE, o tribunal de aplicar sanções que não encontram abrigo na própria Carta. E como se faz isso? Alterando a redação do Parágrafo 2º do Artigo 53, que tem de passar a ter a seguinte redação:"Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos ou submetidos a qualquer ação cautelar, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão ou as medidas cautelares." E se põe fim a essa patuscada. "Ah, Reinaldo, se aprovada, alguém poderia recorrer a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra tal emenda".

É mesmo? Então eu tenho mais uma proposta: diz respeito à aplicação de medidas cautelares contra juízes, incluindo membros do Supremo. O que lhes parece? Estamos falando de democracia ou de safadeza? Não é de equilíbrio de Poderes que se cuida aqui? Por que o Legislativo há de estar submetido a sanções, sob o pretexto de que todos são iguais perante a lei, que não alcançam o Poder Judiciário?

"Calma, Reinaldo! A decisão destrambelhada foi de três membros da Primeira Turma - Roberto Barroso, Rosa Weber e Luiz Fux - , não do tribunal"? Bem, as palavras fazem sentido, e a ordem dos fatos nos obriga a concluir outra coisa. A decisão acabou sendo da Corte, não é mesmo? Afinal, o voto verdadeiramente decente, com a devida vênia, é aquele que foi dado, originalmente, por Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Marco Aurélio: as medidas cautelares, quaisquer que sejam elas, nem mesmo são cabíveis. Depois, os três acabaram aderindo ao de Dias Toffoli, a saber: são cabíveis, sim, mas é preciso submetê-las à Casa de origem do parlamentar. Assim também votou Ricardo Levandowski.

Então não sabiam esses cinco ministros que já se estava diante de uma concessão? Bem, foi o preço para atrair o voto da confusa e desorientada Carmen Lúcia. Com medo do alarido das redes sociais e de veículos de comunicação que a transformaram numa fina pensadora do direito, ela não aceitava simplesmente a recusa das medidas cautelares. Mas tinha noção do tamanho da encrenca que viria pela frente. Tanto é assim que ela ainda tentou a quadratura do círculo: dizia votar com Edson Fachin, que defendia as sanções a Aécio, desde que o afastamento fosse submetido ao Senado.

Eis aí, meus caros, estamos diante de uma questão: a trinca realmente esquerdista do Supremo - Fachin (petismo com teologia da libertação), Roberto Barroso (petismo com abortismo, elegebetismo e vale-tudismo) e Rosa Weber (petismo com ignorantismo) - está disposta a botar para quebrar. Para esses pensadores do direito, não existe Constituição. O que conta é o alarido. O que vale é o direito achado na rua. Não por acaso, contaram, em sua ida para o Supremo, com o apoio entusiasmado de patriotas como João Pedo Stedile. A eles se juntaram Luiz Fux e Celso de Mello. O primeiro costuma matar bolas no peito, como ele mesmo diz, ao sabor da conveniência. É capaz de defender uma espécie de prisão domiciliar a um senador que nem ainda é réu, mas de defender a liberdade, com desassombro, do terrorista Cesare Battisti. Está fazendo uma mesura a Barroso, que foi advogado do italiano.

Quanto ao decano do Supremo, fico com uma definição de uma amiga: o que está aí é o "ex-Celso de Mello". Seu voto em favor das medidas cautelares contra Aécio é o estado da arte do frufru retórico sem substância, das citações balofas, da caudalosa cultura de notas de rodapé. Quem o ouvisse, com aquele tom grave, não diria que o homem estava estuprando a Constituição e tirando dos parlamentares brasileiros garantias de que seus pares gozam em todas as democracias respeitáveis do mundo.

Isso significa uma coisa, meus caros leitores ouvintes: a democracia brasileira está, sim, sob o assédio da improvisação, do destrambelhamento judicial ?" que "ativismo" já não é - e da desordem, agora promovida por togados.

Nem na votação do Supremo nem nesta ocorrida no Senado, nesta terça, se estava julgando se o senador Aécio Neves é culpado ou inocente. Até porque, para tanto, seria preciso esperar, ao menos, que ele entregasse a sua defesa. Mas, para que pudesse fazê-lo, forçoso era que fosse réu ao menos. Não obstante, como se viu, Barroso não teve vergonha nenhuma de julgá-lo ?" ou linchá-lo ?" , enquanto violava com gosto a Constituição. E o ultra-esquerdista, não obstante, era aplaudido por grupos militantes de direita. A tal direita xucra. Mais: nem parecia que falava aquele cujo pai é casado com a mãe de Fernanda Tórtima, advogada de Joesley Batista, aquele que acusa Aécio. Ela participou de cada passo dado pelo açougueiro de casaca. Assim, o ministro linchador, para começo de conversa, deveria ter se declarado impedido.

Foi a esse estado de coisas que o Senado disse "não" nesta terça. Não se tratou da absolvição de ninguém. Os senhores senadores que disseram "não" apenas defenderam a Constituição e o devido processo legal.
Herculano
18/10/2017 10:51
REINAÇÕES DE NARIZINHO, por Alexandre Schwartsman, economista, ex-diretor do Banco Central, para o jornal Folha de S. Paulo.

A senadora Gleisi Hoffman nos brindou com a seguinte pérola : "A atividade econômica está no chão; como é que vai ter inflação?". Fosse eu médico (para alegria de dona Gilda, que, como boa mãe judia, ainda não se conformou com minha escolha de carreira) certamente receitaria as pílulas do dr. Caramujo para a memória da senadora.

Basta lembrar que em 2015 a inflação chegou a 10,7%, enquanto o PIB encolheu 3,8%. Mesmo se desconsiderarmos os efeitos dos preços de alimentos e dos preços administrados (que subiram muito naquele ano para compensar o desastrado congelamento de anos anteriores), a inflação teria atingido quase 8%.

Já nos 12 meses terminados no segundo trimestre do ano passado, ainda no governo Dilma Rousseff, o PIB caiu 4,8%, o pior resultado da história, com a inflação perto de 9% (ou 7%, se expurgados alimentos e preços administrados).

É verdade que o desemprego hoje é 1,5 ponto percentual mais alto do que em meados do ano passado, mas já alcançara 11% naquele momento, ante 6,5% no começo de 2014, ou seja, o mercado de trabalho já havia sucumbido à recessão iniciada dois anos antes.

Posto de outra forma, a experiência da senadora, então ministra, deveria tê-la ensinado que "atividade econômica no chão" não basta para domar o processo inflacionário. Se inflação dependesse apenas da atividade, o governo Dilma poderia se gabar de ter produzido a menor inflação da história.

Como sabemos, não foi o caso.

Quem acompanha o comportamento dos preços nota que a inflexão se deu no último trimestre de 2016, quando o IPCA, medido em 12 meses, cedeu mais de dois pontos percentuais, bem mais do que vinha caindo em trimestres anteriores (em torno de meio ponto percentual por trimestre), fenômeno similar ao observado no caso da inflação sem alimentos e preços administrados, e que persiste ao longo de 2017.

À parte o choque favorável dos preços agrícolas, que trouxe a inflação de alimentos para terreno negativo (mas que, por definição, não teve impacto direto na inflação ex-alimentos e administrados), dois fatores desempenharam papel central na quebra da espinha dorsal da inflação.

Por um lado a atitude do BC. É bom lembrar que, à época, não faltou quem afirmasse que a meta de 4,5% para 2017 era inexequível, sugerindo que a nova diretoria adotasse uma "meta ajustada". A rejeição desta proposta indicou que a instituição se comportaria de maneira oposta à sua conduta sob Alexandre Pombini, cuja sujeição ao Executivo, mais do que evidente, era escandalosa. A firmeza do BC ajudou a consolidar a queda das expectativas de inflação.

Por outro lado, medidas como a criação do teto constitucional para os gastos federais sinalizaram uma trajetória de ajuste das contas públicas, ainda que gradual e sujeita a vários acidentes de percurso.

Para ser sincero, permaneço cético quanto à manutenção do teto sem medidas adicionais, mas o consenso que se formou indica que a maioria do mercado dá à atual administração o benefício da dúvida, mesmo se boa parte da tarefa for legada ao próximo governo.

O desemprego elevado só trouxe a inflação para baixo porque medidas corretas de política econômica foram adotadas. Quem acha que recessão resolve sozinha o problema deveria aprender com a Venezuela, mas não aplaudi-la, como fazem a senadora e seu partido.
Herculano
18/10/2017 10:48
DEMOCRACIA À MODA PETISTA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Partido considera que eleições na Venezuela foram "um exemplo de democracia"

O PT considerou, em nota oficial, que as recentes eleições na Venezuela, marcadas por denúncias de fraude e de intimidação, foram "um exemplo de democracia e de participação cidadã". Assim, mais uma vez, o PT oficialmente se alinha aos regimes ditatoriais de esquerda na América Latina, com o argumento de que ali é que vigora a verdadeira democracia.

É espantoso que aqueles que vivem a denunciar uma suposta escalada autoritária no Brasil, a partir do que eles chamam de "golpe" contra a presidente Dilma Rousseff, sejam os mesmos que consideram legítima a truculência chavista na Venezuela. Sem nenhuma dúvida, deve-se tomar esse comportamento como revelador do que os petistas entendem por democracia e do que são capazes de fazer para que essa visão prevaleça.

"O PT saúda o presidente Nicolás Maduro e seu partido, o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), pela contundente vitória eleitoral", diz a nota do PT, lembrando que essa foi a "vigésima segunda eleição em dezoito anos de governos liderados pelo PSUV" ?" como se a mera realização de eleições fosse suficiente para atestar a saúde de uma democracia.

É evidente, para qualquer observador independente, que o que houve no dia 15 passado foi uma farsa, com o objetivo de dar um verniz democrático ao que já é uma ditadura em fase avançada, desde que Maduro fez instalar uma "assembleia constituinte" cujo único objetivo era liquidar a Assembleia Nacional, último bastião institucional da oposição. A intenção de Maduro não foi apenas impedir que a oposição continuasse a contestá-lo na Assembleia Nacional, mas também reescrever a Constituição para adequá-la a seu regime de força.

As eleições regionais eram o passo seguinte da consolidação da ditadura, pois serviriam como termômetro das eleições presidenciais do ano que vem. Assim, para simular um apoio que Maduro não tem, as autoridades eleitorais do país, totalmente alinhadas ao chavismo, trataram de inviabilizar a realização de eleições livres e justas. Sem essas manobras, numa votação limpa, o chavismo certamente sairia derrotado de forma fragorosa, já que a Venezuela entrou em colapso graças à aventura socialista bolivariana, que enriqueceu os "boligarcas" - como são conhecidos os parasitas do Estado ?" e empobreceu o resto do país.

As fraudes cometidas nas eleições foram tão absurdas que não demorou para que vários países e organizações internacionais manifestassem repúdio a todo o processo, unindo-se à oposição venezuelana, que decidiu não reconhecer os resultados ?" dos 23 governos em disputa, o chavismo diz ter conquistado 17, embora as pesquisas mostrassem 80% de rejeição a Maduro. Os Estados Unidos, por exemplo, disseram que as eleições não foram nem livres nem justas. A União Europeia exigiu "transparência" das autoridades eleitorais da Venezuela, enquanto a Organização dos Estados Americanos, por meio de seu secretário-geral, Luis Almagro, informou que não é possível reconhecer os resultados, pois "repetem variáveis de ilegalidade, incerteza e fraude". O Grupo de Lima, formado por 12 países, entre os quais o Brasil e a Argentina, considerou que, diante das evidentes irregularidades, é "urgente realizar uma auditoria independente em todo o processo eleitoral", a fim de "conhecer o verdadeiro pronunciamento do povo venezuelano".

Para o PT, porém, o que se viu no domingo passado "será lembrado como o dia de uma vitoriosa jornada de democracia", em que os venezuelanos manifestaram "seu apoio à paz, à democracia e à soberania" de seu país, contra a "torpe tentativa de cerco e aniquilamento liderada pelo governo estadunidense". Nem é preciso dizer que, além do PT, quem vibrou com as eleições venezuelanas foi o governo de Cuba, cujo ditador, Raúl Castro, disse que a Venezuela "deu outra grande lição de paz, vocação democrática, coragem e dignidade".

Felizmente, os liberticidas venezuelanos contam cada vez mais apenas com a solidariedade - melhor seria dizer cumplicidade ?" de petistas e castristas, pois o resto do mundo civilizado não parece mais disposto a aceitar as patranhas chavistas.
Herculano
18/10/2017 10:45
O CONSELHO PEDAGóGICO DA ODEBRECHET, por Élio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Uma das melhores notícias de 2015 foi a da prisão de Marcelo Odebrecht. Ela coroava a colheita de maganos que se consideravam donos do Brasil e foram mandados para as celas de Curitiba pela Lava Jato.

Uma das boas notícias de 2017 foi o anúncio, pela Odebrecht, da criação de um conselho para educar a cúpula da empresa em questões de ética e sustentabilidade.

Serão dez pessoas, cinco das quais estrangeiras. Um, Jermyn Brooks, presidiu a Transparência Internacional, respeitada ONG de vigilância contra larápios, e membro do conselho ético da Siemens alemã. Lynn Paine é professora da Harvard Business School, com diversos livros publicados, cuidando de boa administração e da moralidade.

Antes da Lava Jato, as empreiteiras achavam que pessoas como Brooks e Payne eram inconvenientes sonhadores, mas vida e a cadeia fizeram com que mudassem de opinião. Dos cinco brasileiros, dois pertencem aos quadros da empresa. Com experiência no setor público, só o ex-ministro Rubens Ricupero que já pertence ao conselho de administração da empreiteira.

Esses conselheiros são pessoas que não colocariam seus nomes na vitrine para que a Odebrecht fizesse apenas um lance de propaganda. A instituição foi concebida com nome em inglês, Global Advisory Council. E vai se chamar Conselho Global da Odebrecht.

Muito farofa e pouca carne, porque o grupo não terá poderes deliberativos. Serão sonhadores convenientes. Seria adequado chamá-lo de conselho pedagógico, o que já é alguma coisa.

A Operação Lava Jato mudou a história do país levando os diretores de grandes empreiteiras a confessar suas malfeitorias. A revisão das normas de conduta das empresas foi inaugurada pela Camargo Corrêa e só o tempo dirá a eficácia dessas iniciativas moralizadoras. Uma coisa é certa, nenhuma delas está fazendo o que fazia.

A Camargo também foi a primeira a criar uma diretoria para cuidar do respeito às leis e à moral. Faltou-lhe sorte, pois escolheu um executivo da Embraer que se viu acusado de pingar propinas na venda de aviões para a República Dominicana.

O processo de regeneração das grandes empreiteiras foi provocado pela ação de uma pequena parte do Poder Judiciário e do Ministério Público. Fora daí, houve um certo apoio da imprensa, e só. Os partidos políticos, as guildas patronais e até mesmo as centrais sindicais ficaram neutros-contra.

A má notícia está no Palácio do Planalto. Por duas vezes a Procuradoria-Geral da República pediu à Câmara licença para processar Michel Temer por corrupção. Dois de seus ministros estão denunciados junto ao Supremo Tribunal Federal. Outros dois estão presos. Um deles, Geddel Vieira Lima, tinha um cafofo onde guardava R$ 51 milhões.

Temer colocou Pedro Parente na presidência da Petrobrás e Paulo Rabello de Castro na presidência do BNDES. São pessoas a quem se entregaria a chave de um cofre mas, olhando-se para primeiro escalão de Temer, não se pode entregar a chave do carro a qualquer ministro.

Enquanto as empreiteiras procuram mostrar que se regeneraram, o procurador Carlos Fernando dos Santos, informa: "O Governo Temer está fazendo, pouco a pouco, o que o Governo Dilma queria, mas não conseguiu: destruir a Lava Jato e toda a esperança que ela representa. (...) Em nenhum momento a Lava Jato esteve tão a perigo quanto agora"
Herculano
18/10/2017 10:41
COMO A POLÍTICA DE IDENTIDADE DESTRUIU A ESQUERDA, por Rodrigo Constantino, do Instituto Liberal

As políticas de identidade deixaram de ser um projeto político e se transformaram em um projeto evangélico

Quando um conservador faz críticas ao esquerdismo, a reação costuma ser a de nem sequer escutá-lo, sendo mais fácil rotular o crítico de "fascista" ou questionar suas intenções. Mas não é possível fazer isso quando alguém como o professor Mark Lilla tece duras críticas à esquerda. Ele é um esquerdista acima de qualquer suspeita, professor da área de humanas em Columbia, Nova York.

Em seu novo livro, The Once and Future Liberal: After Identity Politics, Lilla chama a atenção de seus colegas para o fenômeno recente que, em sua visão, tem colaborado para a destruição do "liberalismo" (no sentido americano do termo). Todos focam demais em Donald Trump, mas Trump seria um sintoma, não a causa dos problemas.

Se os democratas não fizerem uma autocrítica sincera, então não terão como resgatar o poder para que possam implementar as políticas "progressistas". Por que aqueles que falam em nome dos americanos e das minorias se tornaram tão indiferentes aos sentimentos dessa gente toda, a ponto de perder sua confiança? É essa questão que Lilla explora em seu livro.

O autor se considera um "liberal frustrado". Ele acha que os "liberais" perderam o contato com o povo, que não conseguem mais formular uma visão conjunta de mundo que desperte o interesse dos demais. Sua narrativa se divide em dois grandes momentos em que lideranças políticas foram capazes de seduzir as massas com uma mensagem forte e de união: Roosevelt e Reagan.


A esquerda abraçou o individualismo de Reagan de forma até bem mais radical?

Após a Grande Depressão, Roosevelt foi capaz de mobilizar os cidadãos em torno de um ideal coletivo, de se proteger do risco, buscar direitos inalienáveis com base na solidariedade, no dever cívico. Essa visão seria depois resumida por outro democrata, JFK, ao pedir aos americanos que perguntem não o que o país pode fazer por eles, mas o que eles podem fazer pelo país.

Já a era Reagan foi a reviravolta individualista, que clamou os cidadãos a romper os grilhões estatais e permitir o florescimento das famílias e pequenas comunidades em ambiente mais livre. O governo passava a ser o problema, não a solução. Em parte, isso era uma reação ao excesso de burocracia criada pelo avanço do Estado durante a Grande Sociedade, o projeto "liberal" colocado em prática por Lyndon Johnson. A incompetência de Jimmy Carter também deu sua ajuda à reação liderada por Reagan.

O primeiro grande movimento foi político, o segundo foi antipolítico. Como parte do movimento político, associado aos "liberais", Lilla cita as políticas sociais voltadas para as minorias, como os negros e as mulheres. Com o intuito de reparar erros passados, esses movimentos mobilizaram as massas em torno da luta por instituições políticas que assegurassem os direitos dessas minorias.

Mas o pêndulo extrapolou. As políticas de identidade deixaram de ser um projeto político e se transformaram em um projeto evangélico. Eis a diferença: um movimento evangélico é sobre falar a verdade para o poder, enquanto um político é sobre tomar o poder para defender a verdade. Lilla acredita que a esquerda deixou de lado a parte importante da política: como efetivamente vencer eleições em todas as esferas para garantir que "progressistas" estarão no comando das instituições para preservar esses direitos.

A parte cultural continuou sob amplo controle desses "liberais", mas Lilla acha que os professores criaram guetos onde podem ensinar seus jovens alunos a repetir seus mantras, sem com isso, porém, conquistar o poder efetivo. Sua mensagem deixou de ecoar pela nação, não trata todos como cidadãos de uma empreitada comum. Falta à esquerda um projeto de país que desperte o interesse de todos.

Curiosamente, a esquerda abraçou o individualismo de Reagan de forma até bem mais radical. Os desejos e necessidades dos indivíduos passaram a ser tratados como prioridades absolutas em relação àqueles da sociedade. A revolução que moldou a América nas últimas décadas fez com que cada um se considerasse uma ilha, de forma egoísta e narcisista, e nada além disso tem muita importância.

Na visão coletiva de Roosevelt, quatro liberdades eram consideradas universais e evidentes: liberdade de expressão, de culto, liberdade do medo e da necessidade. Três gerações de "liberais" encontraram nisso esperança, confiança, orgulho e um espírito de sacrifício pessoal, além do patriotismo.

Hoje tudo isso mudou. Os "liberais" falam em tolerância, mas calam palestrantes dissidentes nas universidades. O Islã pode ser defendido, mas o cristianismo é constantemente atacado. E os "progressistas" rasgam bandeiras americanas ou se recusam a cantar o hino nacional. Enquanto os imigrantes do passado deviam assimilar a cultura local, hoje eles formam guetos isolados em nome do multiculturalismo, que não encontra mais no projeto americano algo excepcional, mas "apenas diferente".

O conceito de cidadania americana perdeu valor para a esquerda. O "nós" perdeu relevância para o "eu", e como cada um quer se definir ou se identificar passou a ser a coisa mais importante do mundo. A Nova Esquerda não foi capaz de contribuir para uma unificação do Partido Democrata, tampouco desenvolver uma visão "liberal" de um futuro compartilhado por todos na América. Houve muita segregação e radicalismo, e Hillary Clinton chegou a chamar metade dos eleitores de Trump de "deploráveis".

Os professores marxistas tentaram doutrinar seus alunos, mas a grande história, para Lilla, é outra: como eles conseguiram incutir na mente da juventude uma ideia idiossincrática da política, baseada em suas próprias experiências particulares. O marxismo ao menos tinha um interesse no destino de todos os trabalhadores, mas os grupos de estudos de identidade parecem só se preocupar com seus feudos, e vemos uma proliferação de departamentos e centros de pesquisas voltados somente para "minorias" específicas ?" todas bancando a vítima.

Uma cidadania democrática exige direitos e deveres recíprocos. Mas os narcisistas da sociedade moderna só querem saber de seus "direitos", e os debates políticos só giram em torno do "eu". Lilla está convencido de que essa política de identidade tem sido responsável pelas derrotas "liberais" no espaço político.
Herculano
18/10/2017 09:08
COM BOICOTE, JUSTIÇA DO TRABALHO PODE SER EXTINTA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A Câmara vai reagir duramente à articulação de entidades de juízes do Trabalho para boicotar a reforma trabalhista, que entra em vigor no dia 11. A ideia é votar projeto que extingue a Justiça do Trabalho, "justiça jabuticaba" que só existe no Brasil. A reação à desobediência de juízes recebeu o apoio do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em reunião com deputados que atuaram na Comissão da Reforma Trabalhista.

DEFENSOR DA IDEIA
Rodrigo Maia havia defendido a extinção da Justiça do Trabalho em março: chegou a afirmar em Brasília que "não deveria nem existir".

JUSTIÇA COMUM
O projeto prevê, com a extinção, que magistrados do Trabalho de todos os níveis, inclusive ministros, serão realocados na Justiça Federal.

DESNECESSIDADE
Estudos mostram que a modernização das leis trabalhistas tornará inócua a Justiça do Trabalho, o que motiva mais a defesa da extinção.

COVEIROS EM AÇÃO
Entidades de "profissionais do Trabalho" têm feito seminários com sugestões de pretextos para que eles boicotem a reforma trabalhista.

PARTE DE TRÊS ILHAS DE SARNEY À VENDA EM SÃO LUÍS
Um negócio imobiliário importante, pelo significado político, está nas mãos de José Lírio de Aguiar, conhecido corretor de Brasília: a venda, por R$37 milhões, de 12,5% de três ilhas da família Sarney, em São Luís (MA). São 2 milhões de metros quadrados de uma área de 16 milhões de metros. As ilhas Curupu (onde Sarney e filhos têm casas), Mogijana e De Fora ou Corimã foram avaliadas em R$200 milhões.

CONDOMÍNIO FAMILIAR
Têm casas nas ilhas, além de Sarney, a ex-governadora Roseana e o irmão Fernando. O ministro Sarney Filho (Meio Ambiente) ainda não.

APOSENTADORIA
Gustavo Macieira, filho de Cláudio, irmão de d. Marly, comprou 12,5% das ilhas em fevereiro de 2005. Hoje aposentado, decidiu vendê-los.

COSTA DE SÃO LUÍS
As ilhas ficam numa região valorizada, na costa da Ilha de São Luís, sendo considerada uma miniatura dos famosos lençóis maranhenses.

APOSTA DE PERONDI
O experiente deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) prevê vitória do governo, na CCJ da Câmara, com até 42 votos. No plenário, aposta em repeteco da primeira denúncia contra Michel Temer: 263 votos.

SEM MOCINHO
O STF julga nesta quinta ação de inconstitucionalidade da norma da Anvisa que proíbe a adição de ingredientes (como flavorizantes) a cigarros feitos no Brasil. A CNI sustenta que a Anvisa extrapola sua atuação, e fortalece o produto falsificado que fatura 48% do mercado.

CONTRA O FUNDÃO
O jurista Modesto Carvalhosa ingressou com ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra o fundão eleitoral de quase R$2 bilhões, criado na reforma política.

OPORTUNISMO ELEITORAL
O PDT se aboletou em mais de 300 cargos do governo do DF por três anos, mas decidiu se afastar do desgaste que ajudou a produzir, porque a eleição vem aí. Na maioria cara de pau, ainda pretende o apoio do PSB de Rodrigo Rollemberg à candidatura de Ciro Gomes.

VOCÊ QUEM PAGA
O Banco do Brasil cobra R$1 de comissão para cada saque de até R$100 que seus correntistas fazem em lotéricas. Ou seja, no mínimo a agiotagem do BB leva 1% de todos os saques em lotéricas.

VIGAS MISTERIOSAS
Ainda é mistério o sumiço de seis vigas de aço removidas do elevado da Perimetral, no Rio. Tinham 40 metros e pesavam 20 toneladas cada. Sumiram em agosto de 2013 de um terreno próximo à Avenida Brasil.

ALô, TSE
O TSE ainda não julgou o processo contra o deputado estadual Almir Vieira (PRP), cassado pelo TRE-ES por corrupção e uso de recursos ilícitos na campanha em 2014. Foi acusado de desvios de R$550 mil de uma associação de servidores capixabas, que ele presidia.

ARTIGOS GLOBAIS
O ex-senador Albano Franco lança nesta quinta (19), em Aracaju, seu livro "Artigos Globais & Outros Textos Esparsos", sobre crise energética e alternativas econômicas. No Museu da Gente Sergipana, às 18h.

PENSANDO BEM...
...o relatório final da CPI, considerando a Previdência "superavitária", não esclareceu se os seus integrantes também acreditam em duendes.
Herculano
18/10/2017 09:07
PANTOMIMA CHAVISTA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Em ditaduras, não raro as urnas são instrumentalizadas para conferir algum verniz democrático a um regime carente de Estado de Direito. Tal foi o caso das eleições para governador na Venezuela, realizadas no domingo (15).

Tratou-se de um processo viciado, do início ao fim. Para mencionar apenas o atropelo mais recente, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), servil ao caudilho Nicolás Maduro, mudou na última hora o local de votação de 715 mil eleitores em redutos da oposição, sobretudo na região de Caracas.

Muitos votantes foram redistribuídos para zonas violentas ?"a capital venezuelana tem uma das mais altas taxas de homicídio do mundo. Outros foram impedidos de chegar às urnas por bloqueios dos paramilitares governistas.

A oferta de candidatos, ademais, mostrava-se amputada. Os dois principais líderes antichavistas, o ex-candidato a presidente Henrique Capriles e o preso político Leopoldo López, estavam impedidos de concorrer, assim como outros oposicionistas menos conhecidos.

Difícil de mensurar, mas perceptível, era o desalento do eleitorado, em meio à uma crise econômica brutal e ao histórico de pleitos manipulados no país.

Basta lembrar a pantomima de julho, quando Maduro convocou uma assim denominada Assembleia Constituinte para substituir o Legislativo hostil ao regime, iniciativa rechaçada à época pela maioria da opinião pública.

O CNE afirmou que participaram daquela votação, boicotada pelos oposicionistas, 8 milhões de eleitores. Noticiou-se, porém, que o número não passou de 3,7 milhões.

Confirmou-se a tradição do regime de sabotar vitórias dos adversários. Em 2007, Hugo Chávez foi derrotado, em referendo, na proposta que extinguia limites à reeleição. Pouco mais de um ano depois, impôs nova votação e, com amplo uso da máquina estatal, obteve o resultado desejado.

Agora, enquanto se dissipam os últimos vestígios de democracia, a vitória dos governistas em ao menos 17 dos 23 Estados não chega a ser surpresa, mesmo depois de o instituto Datanálisis, tido como o mais confiável do país, ter previsto que os candidatos antichavistas ficariam com 62% dos votos.

Numa nota doméstica, vê-se com estupefação ?"embora, mais uma vez, sem surpresa?" o PT classificar o pleito como "exemplo de democracia". Mais lamentável que a proposital distorção do conceito, a legenda demonstra mais uma vez incapacidade de se livrar de escolhas erradas do passado.
Herculano
18/10/2017 09:07
44 VOTOS PRó-AÉCIO CORRESPONDEM A 62,85% DOS VOTANTES; Só TRÊS SENADORES FORAM ATÍPICOS, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

A aritmética não é a disciplina predileta dos jornalistas. Só isso pode explicar que se considere "apertado" o resultado da votação do Senado que devolveu a Aécio Neves (PSDB-MG) as garantias de senador que lhe haviam sido surrupiadas por uma decisão destrambelhada do Supremo, que não está prevista em lugar nenhum da Constituição. E é de números que quero falar inicialmente aqui.

Dos 70 votos possíveis, Aécio obteve 44, o que corresponde a 62,85%. Os 26 que endossaram a patuscada do STF sãop 37,14%. O número já não lhes parece menos "apertado"? Mas por que só 70? Há oito senadores em viagem, Rose de Freitas (PMDB) disse não ter encontrado assento em voo do Espírito Santo para Brasília (coitadinha!), e o próprio Aécio e Eunício Oliveira (PMDB), presidente do Senado, não votam. A lista se encontra à disposição de todos.

Entre os oito viajantes, três seriam certamente votos contrários ao tucano, a saber: Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e os petistas Jorge Viana (AC) e Gleisi Hoffmann (PR). Tenderiam a negar a decisão do STF Armando Monteiro (PTB-PE), Gladson Camelli (PP-AC), Ricardo Ferraço (PSDB-ES) e Sérgio Petecão (PSD-AC). Dadas as declarações habitualmente tendentes a se juntar à esquerda, é possível que Cristovam Buarque (PPS-DF) se somasse à minoria que queria a punição. E Rose? Sei lá o que pensar de quem dá desculpa tão esfarrapada.

O resultado foi particularmente positivo, como já destaquei, porque se deu em votação aberta, o que pode ser um sinal de que uma das Casas do Congresso começa a reagir às agressões de que tem sido alvo o Poder Legislativo. Não custa lembrar: na democracia, jamais um Poder da República se viu tão afrontado por Outro como nesse caso. E é essa a questão de fundo. Nesta terça, não se tratava de decidir se Aécio, que nem mesmo é réu, é culpado ou inocente das acusações que lhe faz Rodrigo Janot, numa denúncia que chega a ser escandalosa por sua fragilidade ?" como, aliás, é regra, dado o que costuma sair de cabeça tão perigosa e de pena tão destrambelhada.

Quando se analisa a geografia do voto, nota-se que ela obedeceu, com raras exceções, à conhecida divisão "governo X oposição". Assim, os senadores das siglas antigovernistas votaram contra Aécio, a saber: PT, PDT, PSB, Podemos e Rede. São poucos os parlamentares que não fazem oposição sistemática ao Planalto e que se posicionaram contra Aécio, a saber: Ana Amélia (PP-RS), Magno Malta (PR-ES) e Ronaldo Caiado (DEM-GO). Com a devida vênia, ou isso traduz um entendimento realmente muito curto da política ou se trata apenas de populismo vulgar. Resolveram embarcar na onda das redes sociais, deixando de lado a questão institucional. Os peemedebistas Roberto Requião (PR) e Kátia Abreu (TO) atuam como oposicionistas. Otto Alencar (PSD-BA) obedece à orientação do ex-ministro petista Jaques Wagner, não à do ministro Gilberto Kassab ?" votou, por exemplo, contra o impeachment de Dilma. Também do PSD, o gaúcho Lasier Martins, que foi repórter da RBS por mais de 30 anos, continua, vamos dizer, fiel à orientação dos ex-patrões e vota afinado com a metafísica da Globo ?" que é anti-Aécio e anti-Temer.

O que virá agora? Vamos ver. Aécio se depara com desafios pessoais nada corriqueiros. Janot lhe arrumou uma penca de inquéritos, além da denúncia que está na raiz da decisão destrambelhada do Supremo. Há também o desafio partidário: afinal, o PSDB não é o PT, que se fecha em copas em defesa dos seus. Ao contrário: alguns que lhe puxavam o saco até a véspera não hesitaram em pedir a sua cabeça tão logo veio a público a patuscada do ex-procurador-geral. Tem sequência, agora explicitamente, a disputa pelo controle do partido, que se mistura à definição do candidato da legenda à Presidência.

Quanto ao Senado, vamos ver. A política vive o seu estado de miséria, mas a Casa emitiu o primeiro sinal, em muito tempo, de que ainda não está morta.
Herculano
18/10/2017 09:06
AFINAL, UMA COLUNA DE GASPAR E ILHOTA À FRENTE DAS DEMAIS. O QUE VOCÊ LERÁ AQUI, NÃO LERÁ NAS OUTRAS POR MOTIVOS óBIOS, OU COM MUITO TEMPO DE ATRASO
Herculano
18/10/2017 09:06
AÉCIO GANHOU, O STF PERDEU, por Bernardo Mello Franco, no jornal Folha de S. Paulo

"O senador João Alberto cancelou uma cirurgia. O senador Romero Jucá teve arrancada metade das tripas e está aqui firme". Renan Calheiros era só orgulho ao exaltar a bravura dos colegas. Valia até fugir do hospital para ajudar a salvar o mandato de Aécio Neves.

A votação desta terça-feira não definiria só o futuro do tucano. Estava em jogo todo o esforço para estancar a sangria provocada pela Lava Jato. "Com o Supremo, com tudo", como profetizou Jucá, antecipando o julgamento da semana passada.

O tribunal se curvou à pressão dos políticos. O Senado aproveitou o recuo e avançou na guerra contra as investigações. "Não é se deixando subjugar por parte da opinião pública, da imprensa, que nós vamos fazer justiça neste país", discursou o destripado líder do governo.

Jucá falava em nome da corporação e do chefe. Michel Temer também suou a camisa nas articulações a favor de Aécio. O presidente e o senador mineiro firmaram um pacto pela sobrevivência. Um ajuda o outro na luta para enfrentar o Ministério Público e continuar no poder.

Encorajados pelo Planalto, os senadores decidiram desafiar a primeira turma do Supremo. A esperança na salvação venceu o medo da opinião pública. Por 44 a 26, o plenário devolveu a Aécio o mandato e o direito de circular na noite de Brasília.

O triunfo do tucano é uma derrota para o Supremo, que sai do episódio ainda mais arranhado. Ao abrir mão de dar a última palavra, a corte acirrou sua divisão interna e reforçou a imagem de que passou a colaborar com um "grande acordo nacional".

Desgastado, o tribunal apanhou até de quem votou contra Aécio. O ex-tucano Álvaro Dias criticou a "constrangida mudança de opinião" dos ministros. A presidente Cármen Lúcia, que garantiu a salvação do senador mineiro, teve que dormir com um elogio de Jader Barbalho. "Tenho que cumprimentar essa mulher, que merece todas as nossas reverências", exaltou o peemedebista.
Herculano
18/10/2017 09:05
DEVASSIDÃO ÉTICA INVIABILIZA O ESCONDE-ESCONDE, por
Josias de Souza

Em meio ao surto de devassidão ética que acometeu a política brasileira, os políticos passaram a cultivar o desejo de viver uma vida pública como se fosse privada. O Senado se esforçou para votar o caso de Aécio Neves secretamente. Michel Temer e seus aliados se irritaram com a divulgação do conteúdo da delação do doleiro Lúcio Funaro, que expôs detalhes da relação íntima do presidente com a banda devassa do PMDB. Todos fogem dos olhares do eleitor.

A má notícia é que os políticos, sempre apaixonados pela sombra, continuam se esforçando para sonegar informações à opinião pública. Não se deram conta de que a sujeira já vazou pelas bordas do tapete. A boa notícia é que a tentativa frustrada de fuga expõe um certo sentimento de vergonha. Não resolve o problema. Mas pode ser um começo. Resta torcer para que o eleitor saiba usar a transparêcia a seu favor.

Se pudessem, os políticos apagariam as luzes eternamente, com medo de que houvesse eleitores escondidos no claro. Por sorte, já não é possível brincar de esconde-esconde na política. As listas de votação estarão na vitrine de 2018. No Senado, o caso de Aécio. Na Câmara, o caso de Temer. E todos os outros casos que ainda estão por vir. Os políticos já não conseguem escapar nem mesmo do espelho, cujo reflexo é de uma franqueza brutal e irretocável.
Herculano
18/10/2017 09:04
da série: agarrando-se a qualquer galho seco

PARECER DIZ QUE LULA PODE CONCORRER EM 2018 MESMO SE CONDENADO, por Mônica Bérgamo, no jornal Folha de S. Paulo

Lula recebeu na segunda (16), do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), um parecer jurídico assinado pelo professor Luiz Fernando Casagrande Pereira, do Paraná, afirmando que ele poderá disputar as eleições presidenciais em 2018 ainda que condenado em segunda instância -e ainda que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e o STF (Supremo Tribunal Federal) não concedam liminar para suspender a inelegibilidade que viria com essa sentença.

PRAZO
Segundo Pereira, mesmo nessa situação limite, o PT poderá registrar a candidatura de Lula no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em agosto. Só então ela seria objeto de impugnação. "Ocorre que entre a impugnação e o afastamento de Lula da campanha há uma enorme distância", diz ele. Se todos os prazos para o julgamento forem cumpridos no TSE, o eventual afastamento só ocorreria em 12 de setembro. Neste intervalo de um mês, Lula já estaria em plena campanha.

SUPRAPARTIDÁRIO
Casagrande Pereira, que elaborou dois pareceres para Michel Temer quando o presidente foi julgado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), estudou o caso de Lula a pedido do PT.

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