18/10/2017
Gaspar é feita de incoerências. Desde 2014, a cidade possui “Semana do Ciclismo”, que é comemorada na Semana do Município, que fica ao redor de 18 de março, o Dia da Emancipação em 1934. Agora Gaspar terá o Dia do Ciclista, 19 de agosto, conforme projeto do suplente Cleverson Ferreira dos Santos, PP, na sua passagem pela Câmara. Ela virou lei. Ou seja, temos a Semana do Ciclismo, o Dia do Ciclista, mas não temos ciclovias, ciclofaixas, compartilhamentos, bicicletários em pontos estratégicos para interligá-los com o sistema de transporte coletivo urbano, nem uma política cicloviária e de incentivo para a proteção desse modal, apesar dos mais velhos – como eu -, terem ainda na lembrança, a cidade tomada pelas bicicletas, usadas para quase tudo por aqui.
O autor do projeto acha que falta a tal cultura. Bobagem. Discurso. A cultura já existia. Perdeu-se diante de novos modismos.
Falta de fato é planejamento, prioridade e verdadeiramente, uma política municipal para isso. Falta ao prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, que governa em parceria com o PP de Cleverson, interessar-se de verdade por esse assunto. Não o faz, compreensivelmente, porque tateia em meio ao caos na escolha das suas prioridades diante da crise na saúde, falta de creches, mobilidade urbana, lixo, água, transporte coletivo, hospital, assistência social...
Como é moda o ciclismo urbano, o de lazer, o de final de semana, finge-se fazendo leis comemorativas ao invés de arregaçarem as mangas para criar a infraestrutura. Ela disponível, vai ser usada e se estabelecer numa cultura como quer Cleverson. A demagogia fica clara quando quase todos lá na Câmara elogiaram a iniciativa do vereador suplente. Tudo para pegar carona na oportunidade política-eleitoral, que não criaram e assim não perder um tipo eleitor. Neste contexto, falta o ciclismo de resultado para a sociedade.
Exagero? Em quase 11 meses – de 48 - de governo de Kleber quantos metros de ciclovias e ciclofaixas foram feitos em Gaspar? Não para os praticantes de lazer, os de fins de semana, os que usam as magrelas para saúde e acondicionamento físico, mas para os trabalhadores, estudantes, o que usariam a bicicletas para as necessidades produtivas?
É o mesmo que criar a semana e o dia do carro, sem ruas, estradas, rodovias, estacionamentos públicos para que eles possam circular ou se sentir seguros de que há um futuro para se investir na compra deles ou, na prática.
O retrato desse desencontro estava na campanha eleitoral do ano passado. Quem usou a bicicleta como meio de promoção de uma ideia? Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB!
A adesão assustou os concorrentes montados em caras caravanas de carros como o próprio PMDB que governa Gaspar com o PP. O PMDB até ensaiou, mas não decolou nas caravanas de bicicletas.
E por que fracassou? Porque não tinha autenticidade para o modal e quando usou, foi para anular à disponibilidade de bicicletas no mercado de aluguel local. E para que? Para dificultar a campanha e a vida da concorrente. Esta é a cultura de Gaspar! Temos semana, dia, mas não temos planejamento e infraestrutura para se pedalar com segurança ou atender as necessidades laborais ou de resultados. Contraditório! Demagogo! Oportunista! Incoerente! Coisa de políticos, sejam velhos ou jovens. Todos conhecem esse riscado e se arriscam. Acorda, Gaspar!
Trair e coçar é só começar. O governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, dá sinais perigosos sobre a palavra empenhada e acordos que faz entre os seus e os adversários para supostos interesses comuns, diminuição da pressão da chaleira (entre os seus e adversários) ou sinais da mínima estabilidade na Câmara, onde possui estreitíssima maioria.
O primeiro acordo quebrado foi no caso das duas emendas à Lei Orgânica do Município em que os vereadores se acertaram mutuamente para aprová-las: fim das férias de julho e a proibição do vereador ser indicado para um cargo de confiança ou comissionado no Executivo. Eram precisos nove dos 13 votos.
O fim das férias foi aprovado. Mas o outro, por pressão de última hora do paço e vinda do presidente do PMDB, secretário da Fazenda e Gestão Administrativa, e prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, roeu-se à corda e se deu à cara à tapa. Ficaram pendurados, como já comentei aqui, a vereadora tucana Franciele Daiane Back, e lateralmente, o próprio presidente da Casa, Ciro André Quintino, PMDB.
Tudo para salvar a pele de José Hilário Melato, PP, o mais longevo dos vereadores e que está na presidência do Samae. Ele poderia ser atingido em 2019 quando vigoraria a emenda negociada na Lei Orgânica dos Municípios.
Este assunto nem havia sido bem absorvido, quando a vereadora Mariluci Deschamps Rosa, PT, foi trocada numa comissão da secretaria de Educação, por Francisco Solano Anhaia, PMDB. O acerto nasceu na Câmara. Foi desautorizado o próprio presidente Ciro André Quintino, PMDB. Ele a indicou, após ouvir seus pares na mesa e e vejam só, a bancada do PMDB, para a tal comissão.
A própria Mariluci registrou isso em plenário. Ela chorou as pitangas na tribuna, mesmo que por jogo, o seu desagrado. E Ciro, calejado, ligeiro, para lavar as mãos e jogar a culpa adiante, concordou de que houve o rompimento de um acordo. E todos saíram da responsabilidade. Nem a secretária de Educação, Zilma Mônica Sansão Benevenutti, segundo Mariluci, disse ter sido ouvido nesta troca. Hum! Então ela não controla e lidera a secretaria? Ai, ai, ai.
Mariluci está certa quando diz que palavra empenhada tem que ser cumprida. Mas, ela não deve ser ingênua, conhecendo o mundo em que vive há tanto tempo. A quantos da então dita oposição, o seu PT deu espaço quando era governo e em algo que considerava essencial?
O PMDB erra quando promete e não cumpre, aliás um mantra seu conhecido aqui em Gaspar; e não é de hoje. Erra quando faz jogo duplo, enfraquece e deixa exposta à sua liderança na Câmara (Francisco Hostins Júnior). Erra quando cria fissuras e custos desnecessários naquilo que parece ser essencial: a estabilidade numa Câmara com estreita maioria. Erra quando Kleber, Pereira e Luiz Carlos Spengler Filho não enxergam que eles têm mais três anos de um governo que ainda não deslanchou!
Resumindo. Criou-se dúvidas onde aparentemente não havia: ou por esperteza que custará caro, ou por inabilidade que também mostra um retrato preocupante. Ele retira autoridade das lideranças que fizeram as composições na Câmara e que se pressupõe, tinham liberdade para tal. Se não tinham, foram desmascarados. Terminando: alguém pisou na bola. Acorda, Gaspar!
Este quadro abaixo, integra a carta que o presidente Michel Temer, PMDB, fez para os deputados Federais que o julgarão. É para demonstrar o que o governo dele fez pela economia e os brasileiros. Interessante. Entretanto, por outro lado, este quadro não é autorizativo para a corrupção, ladroagem e poder permanente. Este quadro mostra o quanto é ruim, ou inexistente, é a comunicação do governo do PMDB e do presidente. Incrível atestado de burrice e incompetência.
Sabe por que o funcionário público de Gaspar não pode receber reajuste ou aumento no Vale Alimentação? Porque a prefeitura está gastando com o Hospital e raspando o tacho, como ela própria informa.
Uma coisa não tem nada a ver com a outra. São rubricas diferentes no Orçamento. Se houvesse esse problema de verdade alegado pela prefeitura, qual a razão do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, ter aprovado a Reforma Administrativa que criou uma despesa de R$600 mil por ano para comissionados e cargos em confiança?
O ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, foi condenado a pagar uma multa de R$1.136,52 por usar de forma irregular os recursos das multas e fruto do convênio entre a prefeitura e o Detran. Ele as usou para pagar pessoal e outros destinos. A multa foi aplicada pelo Tribunal de Contas do Estado, após ouvi-lo nas suas explicações.
A denúncia na Ouvidoria do TCE foi feita pelo presidente do Sindicato Estadual dos Agentes de Trânsito, Pedro da Silva, que também é guarda em Gaspar. Ela virou uma representação e ganhou apoio do Ministério Público que atua no Tribunal. O relator que proferiu a condenação de Zuchi, foi Wilson Rogério Wan Dall.
A multa é irrisória e simbólica em relação aos recursos impropriamente usados. Ela sinaliza que vale a pena ao gestor público, enfrentar a lei e destinar os recursos rubricados para utilização diversa, desde que não tenha pretensões políticas no futuro. É que este caso, pode se enquadrar no Instituto da Ficha Limpa. E tem mais. Este assunto rola no Ministério Público que cuida na Comarca da Moralidade Pública. E pode assim, piorar o que já se consagrou com o irregular. Acorda, Gaspar!
Sem flores. A prefeitura de Gaspar suspendeu temporariamente o pregão comprar mudas de flores diversas e componentes de jardinagem. Por que? Devido a questionamento ao edital de licitação. Ai, ai, ai.
Já as concorrências para a compra de materiais elétricos para a decoração natalina no dia 26 e o de ar condicionados no dia 30, estão mantidos.
Ilhota em chamas I. A prefeitura vai registrar de preço para eventuais aquisições de materiais de construção e elétrico para atender às necessidades das suas secretarias. Sabe quanto isso poderá custar? Quase R$3,7 milhões. O pregão vai ser no dia 31 de outubro.
Ilhota em chamas II. A prefeitura vai reformar o Centro de Educação Infantil Tia Loli. A concorrência diz que ela pretende gastar até 224.658,80. Ulalalá.
Ilhota em chamas III. Tempo quente! A prefeitura vai comprar 84 aparelhos de ar condicionados por 782.408,96. Alguns deles com ar quente.
Ilhota em chamas IV. O Samae vai comprar três moto-bombas por R$11.687,67 cada e mais acessórios, onde tudo vai sair por até R$50.011.28.
Ilhota em chamas V. A prefeitura vai comprar mais um carro de passeio no dia oito de novembro. Está disposta a pagar até R$112.532,66.
Ilhota em chamas VI. Contra a transparência e a favor da vingança. Com a votação secreta, Câmara de Ilhota aprovou as contas de 2015 do ex-prefeito Daniel Christian Bosi. A votação foi quatro a quatro com um em branco. Para a recomendação do Tribunal de Contas do Estado seriam necessários seis votos contra a prestação.
O jogo e a cara do PT. 'Não confio em delator', disse a ex-presidente Dilma Vana Rousseff, há 3 anos. Na segunda-feira ela invocou a delação do doleiro Dilson Funaro, que acusou o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, PMDB, de supostamente comprar votos a favor do seu impeachment, para pedir a Presidência de volta. “Coerência é isso aí”, arremata Augusto Nunes, de Veja, autor da observação no twitter.
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