25/09/2017
“Eu quero mais que o pobre se exploda”, repetia o deputado Justo Veríssimo, personagem de Chico Anysio. Ele não está tão longe de nós como gostaríamos e seria necessário. Na coluna de segunda-feira, dia 18, no Trapiche, escrevi esta pequena nota. “No mesmo instante em que anuncia a continuidade do improviso do transporte coletivo em Gaspar, Barbara Soares foi nomeada comissionada como Diretora de Transporte Coletivo, da Secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa. Então.”
Não perceberam nada? Bárbara é irmã da namorada Nilberto, irmão do prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB. E o currículo da moça? O que ela fez para mostrar que pode assumir um cargo de direção num ambiente tão conturbado como esse? Testa de ferro? Acerto com o PSD? Hum! Falta de alguém com competência específica no ambiente do poder de plantão? Afinal, isso importa mesmo nesta altura do campeonato?
Bárbara de origem do PSD foi apoiadora de primeira linha de Marcelo de Souza Brick, candidado a prefeito vencido nas últimas eleições por Kleber,. Antes desta nomeação, a irmã já tinha sido ecolhida por presente, num ensaio de proximidade, Rainha do Festinver, também noticiado aqui enquanto outros escondiam. Representou a cidade. Ganhou cancha. E quando deu entrevista a um veículo de comunicação local, para promover o Festinver, Kleber para disfarçar, posou com uma das princesas. Ou seja, nada para comprometer esses laços familiares.
Bárbara, agora, vai cuidar de algo que já cheira mal e faz tempo. A Caturani – que não possui experiência nesse serviço - está fazendo provisoriamente o transporte coletivo de Gaspar. Tudo depois que a Viação do Vale, quase ao fim do contrato exercido de forma irregular, ter ido embora e ainda deverá reclamar uns trocados dos pesados impostos de todos os gasparenses. E por falta de interessados ou à busca de novos concorrentes pelos que estão no poder da prefeitura, a Caturani teve esse provisório ampliado no prazo. Enquanto isso, nos bastidores trabalha arduamente para que isso se prolongue muito mais.
A Caturani chegou até a bater ponto nas sessões da Câmara no primeiro semestre. Quer buscar benefícios legítimos, próprios ou especiais. Esta dificuldade do político Kleber, o religioso, o certinho, o comedido, o injustiçado por alguns críticos como eu, segundo reclama por aí, está no conciliar o discurso do novo com a prática antiga dos que estão no poder.
Causa embaraço a ele próprio esta contradição permanente, mas não cora ninguém que embalou o discurso de renovação da campanha. Tudo bem arquitetado. Ingênuos eleitores e eleitoras. E isso possui histórico. Foi anunciado. O eleitor e a eleitora sabiam, fingiram que não sabiam ou então deram a chance esperando que o passado fosse algo ultrapassado.
Kleber, ex-vereador, sem emprego depois de perder a eleição de 2012 para prefeito e na espera da campanha de 2016, pendurou-se numa teta da Agência de Desenvolvimento Regional do governo do Estado. E lá, vejam só, cuidava dos pensionistas e aposentados do IPESC da região.
Depois de eleito prefeito aqui, Kleber não deixou a parentada sem emprego: fez uma “reserva de vaga”. Colocou lá na AGR o irmão Nelson, engenheiro, que andou se atrapalhando com a empreiteira Torre Forte, declarada inidônea em processo movido pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT; mais: a Torre deixou várias obras inacabadas e desistiu de outras depois de ser “cobrada” por Kleber para terminá-las. Alegou descumprimento do contrato parte do governo Federal.
Isto sem falar que, como agente público na AGR bem pago ou hoje como prefeito onde ganha mais de R$24 mil, Kleber mantinha filho em creche pública de Gaspar, enquanto déficit é superior a 850 e a sua administração diz não ter solução. O candidato tinha. Kleber e outros políticos no poder de plantão, tiram vagas de filhos de trabalhadores de salário mínimo e desempregados à procura de empregos. Ou seja, cumprir a promessa de campanha de resolver situação nesta área, até o momento, nada. Ou até há: uma de jerico.
A sua secretária de Educação, Zilma Monica Sansão Benvenutti, quer dar creche em meio período para todos os que estão matriculados na rede municipal. O que ela quer com isso? Sem construir, montar novas creches, ou comprar vagas em particulares, abrir as vagas fictícias que faltam aos que estão na fila, como se os pais, agora, fossem trabalhar apenas meio período também. Não era essa a promessa de Wan Dall na campanha. É só revisitar o que ele prometeu e protocolou na Justiça Eleitoral.
Eu, particularmente, tenho dúvidas se esta ideia menor tenha partido de uma educadora como a Zilma, mesmo que ela possua os piores defeitos. Isto deve ter vindo da cabeça de algum político “ilustrado”, pois o discurso está afinado. Segundo os assessores que rodeiam Kleber, o tempo o integral das crianças nas creches não está na lei. O discurso do Ministério Público, o que cuida da Moralidade Pública e o da Infância e Juventude, também já está afinado nesta matéria. Adivinha o que vai acontecer?
Ora se político no poder plantão, posando de bom mocinho, religioso, novo na política, possui capacidade para resolver como prioridade os problemas de emprego e status da sua família e seu entorno, por que ele não possui coragem e determinação para resolver os problemas sociais, saúde e educacionais da cidade? E perguntar não ofende: onde estão os vereadores nesta hora? Ano que vem é tempo de votação. É tempo de ajustar as contas. Ou não? “Eu quero mais que o pobre se exploda”. Acorda, Gaspar!
(reeditado em 28.09.2017)
O ex-presidente da Assembleia, deputado Gelson Merísio, PSD, esteve em Blumenau neste final de semana. E lá desfiou a sua esperta ladainha. É contra a Agência de Desenvolvimento Regional e a favor de uma máquina administrativa mais enxuta. Excelente. Gelson está percorrendo o estado para se viabilizar candidato a governador e para isso, vem tratando os representantes da mídia como beócios e eles parecem aceitarem. Sobrou mais uma vez para eleitores e eleitoras tratados como analfabetos, ignorantes e desinformados.
Gelson é deputado desde 2010. Teve todo o tempo do mundo para mudar o que diz ser um problema grave na administração pública. Diz o óbvio. Todavia, não fez nada do que prega, nem como deputado governista, nem como presidente da Assembleia onde ajudou a ampliar o caos em que está metido o governo de Raimundo Colombo, do seu PSD. Aliás, foi Raimundo que iniciou esse papo maroto de que as então SDRs eram inúteis e ganhou mídia e adeptos. Foi aí que ele encontrou Luiz Henrique da Silveira, PMDB, o pai dessa excrecência administrativa, recebeu o apoio, viabilizou-se candidato vencedor e se calou sobre esse assunto.
Gelson faz o mesmo discurso. Está à procura de quem o viabilize candidato. E se não se viabilizar, ficará ao menos com o discurso e se sairá bem.
E veja para quem Gelson fez o discurso em Blumenau (assista o filmete que ele próprio colocou nas suas redes sociais)? Para os da região, inclusive os daqui de Gaspar, que vivem das tetas do governo por falta de opção, por vício, por incapacidade profissional e até por tradição.
Perguntem ao Marcelo de Souza Brick ou ao Paulo Wandalen, ex e atual presidente do PSD de Gaspar! Ora, ou deputado Gelson está enterrando a sua campanha pois essa gente não vai elegê-lo sabendo que perderá as tetas, ou vai acontecer o que sempre aconteceu: o discurso é só para enganar os eleitores e eleitoras, pois entre os políticos, está tudo combinado e distribuído, com os nossos pesados impostos. É preciso explicar mais?
Falar bem depois que a pessoa morre, é razoavelmente fácil. E de político, principalmente quando ele não foi um ideológico, renovador, mas um fiel seguidor das oportunidades apresentadas pelo jogo do poder aí não é fácil. Eu acompanhei a trajetória completa de Luiz Carlos Spengler, o Cuca, PP, e por razões óbvias.
Cuca foi um político de sorte; fez o simples e até surpreendeu, quando invocaram às suas limitações administrativas-gerenciais, como por exemplo, para dirigir o Samae, coisa que gente que se diz executiva e conhecedora do riscado não tem mostrado a mesma humildade, transparência e resultado que Cuca mostrou.
Cuca foi vereador por quatro mandatos, vice-prefeito e presidente do Samae (no governo de Adilson Luiz Schmitt), que reputo como ato político-administrativo mais marcante da sua carreira. Foi no Samae que Cuca se desvencilhou um pouco da imagem peculiar do político antigo de Gaspar e que ainda se perpetua em muitos (velhos e novos) que atuam na política, atrasam a cidade, sustentam esta coluna e a faz líder de leitura.
Cuca apostou em Carlos Adão Spengler Neto, seu filho e que morreu, para sucede-lo na sanha política e poder. Neto tinha a alma do político. Traído pelo destino, viu em seu outro filho, o agente de trânsito, Luiz Carlos Spengler Filho, o Lú, usar o seu legado, apesar de não o querer (nunca escondeu isso). Lu foi vereador e agora é vice-prefeito (como foi seu pai).
De uma família de políticos e candidatos, Cuca Spengler foi aquele que mais longe chegou nos cargos, poder, resultados e sucessão. Talvez, sob o esteio da personalidade forte da sua esposa, a ex-professora Rose (Maria Roseni Segata Spengler). Cuca saiu de cena prematuramente. Igualmente da vida. Trapaças da eternidade com os mortais. E assim se escreve a vida e a morte entre nós. Na morte somos todos iguais. Mas, uns deixam legados. Outros, nem lembranças.
Ausentes. O primeiro veículo a noticiar a morte de Luiz Carlos Spengler, foi o portal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o mais acessado. Jornalismo e compromisso premiado com os leitores e leitoras. Estranho mesmo foi o silêncio dos sites da Câmara e prefeitura. Os funcionários são públicos e movidos, não pelos fatos, mas pelo horário sem compromisso.
Na coluna de quarta-feira, sob o título “Os abrigos dependem de caridade em Gaspar?”, mostrei duas coisas: que havia correntes nas redes sociais pedindo ajuda para manter os abrigos de vulneráveis aqui e que a prefeitura dizia estar em dia com os repasses aos mesmos.
Posteriormente, em "nota oficial", prefeitura reafirmou que ela estava com esses repasses em dia e elogiou a iniciativa comunitária em suplementar às deficiências que ela não consegue atender para os abrigos. Ou seja, está faltando dinheiro.
Kleber expõe a cada dia mais as fragilidades na área Assistência Social, Saúde e Educação.
Mudou. A prefeitura de Gaspar alterou exigências para atender demandas dos interessados e marcou para o dia quatro de outubro, dia de São Francisco de Assis, o pregão 67/2017 que vai escolher os fornecedores das lombadas eletrônicas.
Prefeitura está aliviada. Finalmente depois de muita enrolação jurídica tem agora a sua agência de publicidade, a Free Comunicações, de Blumenau, para criar uma imagem positiva. Vai precisar de milagre.
Ulalá. A prefeitura está cobrando de um servidor, a devolução de R$16.798,70. É referente a bolsa de estudos concedida o período de fevereiro de 2015 a fevereiro de 2017 e que se tornou irregular.
Ilhota em chamas I. No ar. A prefeitura vai licitar serviços para compra de passagens aéreas. Pretende gastar R$50 mil.
Ilhota em chamas II. Mais um para regularizar. No dia nove de outubro a prefeitura vai fazer a audiência pública para debater Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV), do loteamento denominado Sant’Ana. A audiência será no Colégio Estadual Valério Gomes, na Rua José Geraldino Bittencourt, 3113 – Pedra de Amolar.
Para encerrar: quase dez meses depois de iniciar o governo, Kleber Edson Wan Dall, PMDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, realizaram o primeiro "seminário de planejamento". Blablablá do tal slogan de campanha, “Gaspar Eficiente”. Eficiente até agora, apenas as tetas públicas onde foi aprovada a tal Reforma Administrativa e que custara R$600 mil a mais por ano aos gasparenses.
Edição 1820
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