30/10/2016
OBSERVAÇÃO NECESSÁRIA
Esta coluna nas notas com os títulos “Blumenau e Gaspar”, já estava concluída desde o dia 22 de outubro, como anunciei em coluna anterior. Não sofreu ajustes. E por que trato de Blumenau? Primeiro porque que o resultado de domingo lá, terá influência aqui. Segundo, é preciso compreender melhor o jogo regional e das mudanças dos partidos daqui para frente e com vista a 2018. E o PSDB passa a ter uma importância elevada nesse jogo a partir de quatro polos: Criciúma, Joinville, Jaraguá do Sul e principalmente Blumenau
BLUMENAU E GASPAR I
A reeleição de Napoleão Bernardes, PSDB, em Blumenau, foi de altíssimo risco. E desde o início. Primeiro quando ele ganhou em 2012, foi um azarão. Sinceramente? Isso era público e notório: nem ele, nem o PSDB de lá, e quiçá do estado, estavam preparados para a vitória. Sem estrutura, sem experiência, com um partido desarrumado, sem maioria na Câmara e nas mãos de gente esperta, a começar pelo seu vice, Jovino Cardozo, penou dois anos para colocar a casa minimamente sob o seu controle e ordem. Terceiro, herdou um governo bem avaliado, o de João Paulo Kleinubing, ex-DEM e neo PSD, herdeiro do conservador PFL, e que pode estar voltando para o DEM.
BLUMENAU E GASPAR II
Quarto. Napoleão governou sob a crise econômica severa proporcionada pelo desastre nacional armado pelo PT, PMDB, PP, PSD, PDT, PCdoB e outros, desastre que inviabilizou os recursos para as obras. Somou-se o governo do estado – um dos mais fracos dos últimos anos - e que abandonou a região. E por último: com a cidade deformada e esburacada pela rede de esgotos (saiu-se dos vergonhosos 4% para quase 40% em seis anos – Gaspar é zero, mas tem gente ganhando como aqui se coletasse e tratasse esgotos) ou a falta de manutenção mínima necessária das ruas diante da crise, Napoleão foi ousado.
BLUMENAU GASPAR III
Arriscou-se perigosamente todas as fichas, em cima do laço e próximo às eleições, na intervenção do transporte coletivo. E num comentário lateral que fiz aqui à época, afirmei que ali estava lançada a sorte dele para o bem e o mal. Não fez o que queria como o de ter licitado os novos permissionários antes das eleições. Salvou-se pela adaptação da população ao serviço precário da Piracicabana e por nesse período não haver aquelas absurdas greves sem aviso e respeito ao mínimo. Sofreu durante a campanha. Contudo, os adversários, conservadores, foram infantis. Comeram a isca. Entre se ter um serviço precário e não tê-lo, onerando ainda mais quem já tem pouco ou nem emprego possui, o eleitor preferiu o precário. Mais uma lição aos sindicalistas, aos jornalistas pais da matéria, aos esquerdistas padrastos dos fracos, que que para prevalecer a tese do caos, eles impingem mais sofrimento onde o sacrifício e a angústia já são extremos.
BLUMENAU E GASPAR IV
Então se Napoleão deve agradecer a todos os santos e exaltar à sua boa sorte companheira, deve louvar contraditoriamente à conjuntura nacional adversa criada pelo PT, PMDB, PP, PSD, PDT, PCdoB e outros. Eles ficaram expostos como incompetentes, ladrões, corruptos e perderam o discurso de éticos, capazes e transformadores, ou a nova alternativa para a sociedade. A escolha era: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Mais, Napoleão foi ajudado pela campanha errática do seu adversário do segundo turno, o deputado Jean Jackson Kuhlmann, além do apoio das entidades empresariais que teve quer esconder. Já a imprensa que perdeu toda a identidade com a cidade, ficou mais órfã. Então, Napoleão se safou outra vez. A imprensa que nas redações é aparelhada por um suposto progressismo, não tinha como preferir Kuhlmann, como faria se Valmor Schiochet, PT, Arnaldo Zimmermann, PCdoB, ou Ivan Naatz, PDT, tivessem um deles, passado para o segundo turno. Foi divertido ler reportagens, comentários, perguntas, entrevistas e opiniões do segundo turno. Um contorcionismo danado.
BLUMENAU E GASPAR V
Pior. Kuhlmann não aprendeu a lição e foi capaz de repetir literalmente o erro de 2012 quando perdeu para o próprio Napoleão. Viu problemas em tudo. Fez um misto de campanha do PT – onde tudo estava errado e o certo é inviável a olho nú, ainda mais numa época de crise financeira, de cofres públicos à míngua. A agressividade gratuita ou infundada pode se constatar pesquisando-se o mural da Justiça Eleitoral nas sucessivas demandas que Kuhlmann perdeu. Ou então com bobagens demagógicas e irresponsáveis como as que o candidato de Gaspar, Marcelo de Souza Brick, PSD, - seu protegido - fez aqui para enganar gente precisada de creche. Tudo da mesma fonte. Sem carisma, sem proposta, sem inovação, sem passado gerencial – a não ser no desastre de Ilhota, com o seu apadrinhado Daniel Christian Bosi – Kuhlmann não empolgou. E para piorar, Raimundo Colombo, o prefeito de Lages, que apareceu na última hora por aqui fazendo teatrinho -, mais uma vez foi o melhor cabo eleitoral na vitória de Napoleão. Com práticas velhas, Kuhlmann já está carimbado por duas eleições de vereador e três de deputado estadual. E agora, com duas derrotas seguidas para prefeito.
BLUMENAU E GASPAR VI
A eleição de Napoleão Bernardes – que necessariamente não é um conservador se olharmos para o pai Acácio Bernardes, o tio João e a irmã Célia Regina - em Blumenau é um alerta ao PT que há quatro eleições é derrotado lá. É um aviso a família Lima (Décio Neri, Ana Paula e Jeferson Forest), amigos íntimos de Luiz Inácio Lula da Silva, e à sua sanha intimidatória. Ela já não encontra mais lastro no ambiente de redes sociais ativas. É um aviso ao próprio Jean Kuhlmann que tudo precisa ser revisado no ranço, discurso, prática e vingança que carrega. Melhor: é um aviso ao próprio PSDB que nasceu como um apêndice amorfo do PMDB todo poderoso do gasparense Renato de Melo Vianna. O então representativo PMDB de Blumenau, originário do MDB de Jaison Tupy Barreto e Evelásio Vieira, tornou-se um cristal trincado. E por que? Porque de partido passou a ser um ajuntamento familiar, não se renovou, viveu de tetas e agora é um zé ninguém na região.
BLUMENAU E GASPAR VII
A eleição de Napoleão vai fazer muita coisa vai mudar no mundo político e dos políticos não apenas em Blumenau, mas na região e até mesmo no estado. E começa aqui em Gaspar pelo próprio sonho de Marcelo de Souza Brick que não terá ocupação. Ele “queria” ser candidato a deputado estadual. Vive criando expectativas na sua rede social. Primeiro vai ter que arrumar uma boquinha. Segundo, vai ter que repensar a sua vida e até ir para o PSB de Giovânio se quiser se lançar a esta aventura. No PSD, está congestionado. Kuhlmann tem a preferência à reeleição –se não se arriscar a Federal e perder. E Ismael dos Santos, PSD, o desaparecido, vai ser a outra opção para a ala evangélica do próprio PMDB de Kleber Edson Wan Dall. Ruim, heim! Sobrou Andreia Symone Zimmermann Nagel, PSDB. Com ela, o partido respirou como nunca antes em Gaspar. Deixou de ser um apêndice mendigo do pior do PMDB daqui. E desde que perdeu, ela não parou. Estava em campanha cerrada por Napoleão. Muito mais do que gente tucana daqui que mama na prefeitura de lá há anos. Acorda, Gaspar!
A MINHA NOTA DAS 7.03 DESTE DOMINGO
O vencedor terá quase 60 por cento do votos válidos e responderá à imprensa de Blumenau incapaz de produzir e pagar as suas pesquisas eleitorais para os leitores. Responderá também às viúvas do PT, PCdoB, PDT, PSOL e todos os outros movimentos denominados de progressistas que acham que possuem votos depois na chance que tiveram para reafirmarem as suas ideias e políticas, mas que na prática, por incompetência ou maldade, preferiram quebrar e roubar o Brasil, enganando analfabetos, ignorantes e desinformados.
E QUAL FOI O RESULTADO?
O vencedor em Blumenau teve 57,56% dos votos válidos contra 42,44% dados ao perdedor. A campanha da esquerda pelo voto nulo ou em branco também não pegou. No primeiro turno foram 9.266 votos em branco, contra 5.534 neste domingo. Já nos nulos também houve uma queda: 19.199 contra 16.608. Já a abstenção aumentou: 26.723 contra 20.823, em dois de outubro.Outra, sabe-se agora para quem foram os quase 36 mil votos dados aos progressistas PT, PCdoB e PDT. Napoleão Bernardes teve 104.535 (81.050 no primeiro turno) e Jean Kuhlmann 77.073 (63.411). O PT que teve 8.911 votos com Valmor Schiochet, pediu para transferir os votos para Jean. Se transferiu os segredos das urnas não permitem auscultar esses votos, mas presume-se. E o que acontecerá com Jean? Talvez a reeleição a deputado, talvez o Tribunal de Contas como prêmio e aposentadoria para permitir a renovação do partido por aqui.
SINAL AMARELO
O PSD teve duas derrotas diretas importantes em Santa Catarina neste segundo turno: Blumenau ( deputado Jean Jackson Kuhlmann) e Joinville (deputado Darci de Matos). A outra derrota, foi indireta em Florianópolis na quase vitória surpresa de Ângela Amim, PP. O resultado do primeiro turno e principalmente do segundo nos maiores colégios eleitorais, é o melhor recado para o governador Raimundo Colombo de que as coisas vão muito mal na sua administração e partido, e só ele não quer vê-las. É um mau presságio para presidente da Assembleia, Gelson Merísio, que está vestido de candidato para governador em 2018. Já o PMDB que ganhou em Joinville, território politico do ex-governador e já falecido Luiz Henrique da Silveira e do atual presidente do partido, o deputado Federal Mauro Mariani, sabe que esta vitória não é propriamente partidária, mas de um empresário que vestiu há quatro anos a camisa do partido para salvá-lo de um naufrágio por lá.
TRAPICHE
A decadente imprensa de Blumenau. Sem ser poucas rádios, portais e blogs, quem conhece os donos das emissoras de tevês e jornais de lá? Alguns profissionais empregados, de tão alienígenas, até se guiam pelo GPS para chegarem lá ao local de trabalho.
O Jornal de Santa Catarina, o que já foi estadual e referência, ou a TV da RBS que já foi a pioneira TV Coligadas, vergonhosamente, não foram capazes de pagar e sustentar editorialmente uma pesquisa de intenções de votos nestas eleições. Abandonaram os seus leitores e telespectadores, literalmente.
A TV Ric Record, cujos donos curitibanos estão enraizados em Florianópolis, no primeiro turno até mostrou uma pesquisa. Distante do resultado nas urnas, talvez tenha recolhido o saco para não pagar pela segunda vez o mico do risco. Afinal, um seu empregado apresentador – Alexandre José - era candidato e um interessado direto numa pesquisa favorável.
A decadência e vergonha está na medida em que o jornal Cruzeiro do Vale (com duas) e o seu concorrente, o Metas (com uma) – teoricamente numa comunidade de menor importância - patrocinaram tais pesquisas em Gaspar, com institutos críveis e os resultados ficaram dentro da margem de erro. São comprometimentos com os clientes leitores e as premissas do jornalismo.
Há riscos em se patrocinar e se publicar tais pesquisas? Há. Mas, no jornalismo adulto é impossível admitir que se façam reportagens como as feitas por lá, em que se pergunte para os seus próprios leitores para onde irão os votos dos progressistas que votaram no primeiro turno em Valmor Schiochet, PT, Arnaldo Zimmermann, PCdoB, e Ivan Naatz, PDT.
O leitor, quando compra e lê um jornal, está exatamente atrás dessa resposta. Qualquer coisa diferente é assumir a decadência e chamar os leitores que pagam pelo produto que consomem, de tolos.
Afinal para onde foram os votos dos progressistas de Blumenau, incluindo os dos próprios jornalistas de lá? Só uma pesquisa de intenção de votos poderia dar essas pistas e alimentar uma reportagem estruturada e opiniões dos professores de jornalismo sobre o mesmo assunto.
Nos dois comitês eleitorais todos sabiam como se movimentava essa massa de órfãos. Na verdade, órfãos ficaram os leitores e os telespectadores devido o jornalismo sem dados. Mais de 45 anos de história jogados fora. Estão comemorando o que mesmo?
Para que existe a Fesporte se ela não consegue sequer promover os Jogos Abertos de Santa Catarina ainda mais quando a emergência se apresenta? Realça-se o cabide de emprego? Aliás os JASCs precisam ser reinventados. São os mesmos do sonho amador (e importante como ideia) de Artur Schlosser, na Brusque da década de 1960.
Quem me lê, sabe que sempre fui contra religiosos de todos os tipos serem políticos, bem como radialista, comunicador, jornalista, artista e analfabetos. O rosário de argumentações é longo e até pode incluir gente que lida com a intermediação de serviços públicos.
Em Blumenau, Alexandre José, comunicador da Rádio Guararema e apresentador do Jornal do Meio Dia, resolveu se inscrever num partido, o PRB (de pastores) e dar o nome para ser vice de lá com Jean Jackson Kuhlmann, num jogo cheio de emoções pré-eleitorais. Então cabem três perguntas diante do resultado deste domingo e do que foi o primeiro turno.
Radialista e comunicador que passa a impressão de pai dos pobres, mesmo com audiência comprovada, tem votos? Radialista que critica governos e políticos no labor diário e na eleição se torna candidato aliado dos criticados perde a credibilidade (eleitoral e profissional)? Radialista vice é uma maneira de ajudar ou arrumar uma desculpa antecipada para o desastre da falta de votos?
Pois é. O PMDB de Gaspar não toma jeito. Seguiu em caravana neste final de semana para apoiar a eleição em Joinville, onde o partido estava em dificuldades na reeleição de Udo Döhler. Uma orientação religiosa.
Na vizinha Blumenau, onde o PMDB se associou ao PSDB, diante da proximidade física, deixou tudo ao Deus dará. Não quis participar da vitória? Ou achou que esta era uma maneira para se aproximar do presidente Mauro Mariani, a que estava muito distante?
Quem terá influência no governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, acreditem, é o vereador Jovino Cardoso, PSD, mas de Blumenau.
Em Blumenau, desde que criado esse sistema todos os prefeitos conseguiram a reeleição em segundo turno: Décio Neri de Lima, PT; João Paulo Kleinubing, PSD, e Napoleão Bernardes, PSDB.
A coluna já estava pronta desde as 18h30min, aguardando edição, que não estava prevista para este domingo. Na terça-feira, não haverá coluna inédita.
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