Quem controla a frequência e a ausência dos secretários de Gaspar? - Jornal Cruzeiro do Vale

Quem controla a frequência e a ausência dos secretários de Gaspar?

08/05/2019

Requerimento do vereador Cleffi, PSC, a esquerda, tem um alvo: o secretário da Saúde, o advogado, Carlos Roberto Pereira, MDB

Interessante e necessário. Um requerimento do vereador, médico e funcionário público municipal, Silvio Cleffi, PSC, quer saber do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, quem controla a frequência e a ausência dos secretários de Gaspar. Sílvio bem que tentou evitar o requerimento, que segundo ele, é apenas a voz do povo. Foi ao Recursos Humanos da prefeitura e lá não obteve resposta alguma como funcionário público ou vereador que é.

Cleffi também quer saber se é necessário que o secretário que se ausente formule requerimento para suposta ausência. “Se sim, quem a defere?”, pergunta. Outra. Cleffi questiona se “faz jus a banco de horas os secretários Municipais de Gaspar? Em se tratando de ausência para o exterior, esta deve ser comunicada e deferida com antecedência?”

Cleffi também quer saber se houve ausência de algum dos secretários neste ano de 2019. E se houve, qual ou quais os secretários? Qual ou quais os motivos expostos na justificativa para esta ausência? Qual a forma adotada para deferir tal pedido? (Foi por banco de horas, por compensação, por falta, por licença ou férias)”.

O vereador Silvio Cleffi não nominou ninguém, e como ele diz estar falando em nome do povo pagador de pesados impostos e eleitores de Gaspar, sabe-se quem é o alvo. Há poucos dias, o secretário da Saúde, presidente do MDB de Gaspar e prefeito de fato, o advogado Carlos Roberto Pereira, foi com a família à Europa. Ele e sua família divulgaram amplamente as fotos do tour por lá e que se espalharam rapidamente no ambiente público das redes sociais e aplicativo de mensagens.

Cleffi está no papel dele, faz bem e certo. É um fiscal do povo.

Cleffi, presumo, também deve já saber a resposta ou a forma como tudo isso será respondido. Até porque a Câmara não deve desconhecer o exemplo que ela criou internamente com viagem internacional do engenheiro químico José Carlos Spengler, cabo eleitoral do mais longevo dos vereadores e presidente do Samae, José Hilário Melato, PP, e que por isso, está assessor parlamentar do suplente, José Ademir de Moura, PSC.

Neste caso especifico, sem direito a férias, todos daqui acompanharam pelas redes sociais na viagem que José Carlos fez à Terra Santa e a Roma. Ao chegar aqui de volta, viu o bafafá do seu ato.

Mesmo questionado pelo Ministério Público, José Carlos pediu para descontar os dias ausentes e tudo se ajeitou “in corpore”, pois a folha não ainda não estava fechada. E José continua no seu trabalho no gabinete do Moura. Quem era o presidente da Câmara na época do imbróglio? Silvio Cleffi. Acorda, Gaspar!

A PREVIDÊNCIA É UMA PIRÂMIDE

por Hélio Beltrão, engenheiro com especialização em finanças e MBA na universidade Columbia, presidente do Instituto Mises Brasil

Ela deve ser descortinada antes que vincule mais gente e afunde o Brasil junto.

É fundamental que a reforma da Previdência (PEC 6/2019) seja aprovada. O déficit dos regimes de Previdência do INSS, dos funcionários públicos (federais, estaduais e municipais), e dos militares chegou a colossais 5,5% do PIB em 2018.

Será que a indispensável reforma salva e equaciona as contas futuras da Previdência? Não. Lamento ser o portador deste "breaking news": os sistemas de Previdência do Brasil são um esquema de pirâmide, falidos e irremediáveis.

Governos anteriores afirmaram que não havia motivo para preocupação, pois o buraco é coberto pelo Tesouro. Ah, como eu adoro quando o governo me chama de "tesouro"! Este dinheiro sai do nosso bolso, por meio de impostos atuais e impostos futuros que nós e nossos filhos seremos coagidos a pagar.

Na década de 1960, o governo fez uma promessa sedutora e consagrou um pacto abominável com a geração de nossos pais e avós. Prometeu que, ainda que nossos pais não poupassem para sua velhice, o governo pouparia em seu nome. Bastava que contribuíssem mensalmente com 20% de seu salário para o governo. Pronto, o tal do regime de repartição virou lei.

Era uma fraude. O sistema de Previdência não ficou com o dinheiro que o governo tomou dos trabalhadores. O governo o gastou.

A pirâmide envolvia usar a contribuição de Pedro, jovem que está no mercado de trabalho, para pagar João, que está aposentado.

A promessa fraudulenta foi de que haveria cada vez mais trabalhadores entrando no mercado para sustentar o crescente número de aposentados, que vivem cada vez mais.

Por isso, desde 1997 o sistema passou a sangrar. Qual o tamanho do rombo total? O déficit atuarial dos sistemas - recursos que faltam para cobrir os compromissos futuros - é de cerca de estonteantes 250% do PIB.

Destes, estimo que a PEC 6 equacione algo como 60% do PIB. Para efeito de comparação, a dívida oficial acumulada pelo Estado desde 1822 é de 80% do PIB. Ainda faltarão três PECs de similar montante para se alcançar o equilíbrio financeiro da Previdência.

A Lei de Stein determina que aquilo que não pode continuar para sempre terá de parar. Stein não contava com a magia estatal. O governo é a grande ficção através da qual todos tentam viver às custas de todos os demais, dizia Bastiat.

A pergunta central é: o trabalhador brasileiro e seus filhos devem ser condenados a pagar eternamente a dívida gerada pelo pacto, mesmo sem ter chance de receber montante equiparável ao que contribuem (atualmente 30% do salário bruto)? Ou será melhor que os participantes do sistema apurem os haveres e ajustem as contas entre si?

O jovem trabalhador brasileiro em 2019 é como uma noiva iludida pelo parceiro que prometia que cuidaria dela pelo resto da vida.

Ao se casar, descobre que o marido já estava quebrado. O marido convoca a esposa ludibriada a pagar a dívida contribuindo com 30% de tudo que ela e os futuros filhos ganharem durante suas vidas, mesmo sabendo que os 30% serão insuficientes. O que deve fazer a mulher?

Uma separação de dívidas implica que o marido tenha de lidar com seu problema, preservando a família.

Esta é a ideia do regime de contas individuais, ou capitalização, proposto pelo ministro Guedes. O trabalhador deixa de sustentar o rombo do atual regime.

Assim, aquele que ganha R$ 2.000 passará a ganhar R$ 2.850. E, mesmo que poupe R$ 450 por mês em sua conta individual de aposentadoria, terá não apenas salário 20% maior do que hoje como também aposentadoria maior do que a prometida pelo governo.

A pirâmide deve ser descortinada antes que vincule mais gente e afunde o Brasil junto. Trabalhador, este pacto não é seu.

Da esquerda para a direita, o governador Carlos Moisés e o presidente da Alesc, Júlio Garcia.

TRAPICHE

O governador Carlos Moisés da Silva, PSL, eleito na onda Bolsonaro e de supostas mudanças contra os vícios administrativos e à política tradicional, ainda não disse a que veio. Mas, a água que está no seu pescoço, e subindo, obriga-o a buscar saídas que lhe garanta à mínima governabilidade. Foi o caso da reunião com os poderes institucionais na busca para a solução da dívida da Saúde.

Diante desse quadro incerto, quem deve colocar as barbas de molho é o PSL catarinense e os planos que possui para surpreender nas eleições municipais do ano que vem – se elas não forem adiadas como arquitetam alguns congressistas, e por várias velhas razões, como a esperteza e o medo das urnas. Entre os advogam esta ideia está Rogério Peninha Mendonça, MDB.

A reforma administrativa do “Comandante Moisés” se arrasta numa Assembleia onde o governador não tem maioria e sequer uma base mínima de sustentação. O governo depende da “articulação” do moderado e presidente Júlio Garcia, PSD, que propriamente não é um aliado. A sorte, também, que ele Garcia não é um incendiário, mas sempre será uma raposa cuidando dos ovos. Esta semana a equipe do governador respondeu as 129 perguntas dos deputados sobre o assunto.

A Saúde pública estadual está um caos e não foi Carlos Moisés, diga-se, desde já, quem a criou. Falharam no passado governo, os deputados, o Tribunal de Contas e a própria imprensa que esconderam este fato grave contra a população e que estava às claras.

Entretanto, não cabe a Carlos Moisés se queixar, mas, sim, ele precisa criar soluções e apontar dedo para os culpados. Não faz nem uma, nem o outro. Pensa que o que se conhece nos bastidores, é de domínio público. Então, o governo como um todo está sendo engolido pelo posicionamento público errático sobre o assunto e isso acaba contaminando às outras áreas governamentais, como se tudo fosse tão caótico quando a Saúde.

Aliás, nesta área, o governo acabou de ganhar fôlego com a decisão do STF, para declarar inconstitucional a lei promulgada pela Assembleia Legislativa impondo gradualmente de 12 para 15, o percentual obrigatório da Saúde no Orçamento.

Não foi propriamente Carlos Moisés o vencedor dessa disputa com a Alesc no STF, pois esse movimento se iniciou com o próprio Raimundo Colombo, PSD – o prefeito de Lages que fingiu ser governador e a quem os deputados derrotaram mesmo ele tendo a maioria na Alesc - e se intensificou com o sucessor Eduardo Pinho Moreira, MDB pela busca da Adin no Supremo.

Mas, erroneamente, Carlos Moisés comemorou como se fosse um feito dele. Assim, o governador – que já está às cordas na Alesc - ficou com o ônus que lhe enfraquece ainda mais política e institucionalmente na articulação perante o Palácio Barriga Verde, e que neste caso foi o grande derrotado pelo STF.

Na segunda-feira, uma reunião com o Tribunal de Justiça, a Assembleia, Tribunal de Contas, Ministério Público, entre outros, o governador tentou encontrar uma solução para pagar a dívida com os fornecedores de medicamentos e produtos médicos que ameaçam parar os hospitais públicos estaduais de Santa Catarina. A dívida não é de Carlos Moisés, mas ele está na corda e sob chantagem. Mais, uma vez, quem veio em seu socorro, mas não se sabe se o socorro é o ideal: o presidente da Alesc, Júlio Garcia. E assim vai.

Agora, Carlos Moisés deflagrou outra frente de luta para ter mais dinheiro: a diminuição do duodécimo constitucional à Assembleia, Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, o Ministério Público e Udesc, numa “economia” projetada de R$400 milhões por ano (dos atuais 21,88% para 19,69%). Como se vê ele está embrulhado pela má gestão dos governos anteriores e que aqui sempre coloquei o dedo na ferida desde Luiz Henrique da Silveira, MDB, o criador de sonhos, tetas e uniões que implicavam em sangria dos pesados impostos dos catarinenses.

O PSL de Santa Catarina está à espreita de tudo isso. Aos poucos começa a entender o jogo para além de vencer nas urnas no ano passado.

De Raul Sartori relatou em sua coluna no O Município: “há ainda algumas dezenas de deputados federais novatos – inclusive de SC – que até agora pouco ou nada fizeram no Congresso Nacional, a não ser tirar selfies e postá-las em páginas virtuais, nas mais inusitadas poses, inclusive da tribuna, de mentirinha, em horário sem sessão”. Volto e perguntar não ofende: era essa a renovação que se propagava?

Esta coluna foi a única nos meios e comunicação local a tratar de que o gasparense do Poço Grande, Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, poderia ser o presidente da CNBB. Passou perto. Foi vice.

 

Comentários

Herculano
09/05/2019 11:27
Da série: os bandidos de todos os tipos venceram. Eles possuem melhor representantes no Congresso do que o povo que é roubado em tudo

URGENTE: COMISSÃO DECIDE RETIRAR COAF DE MORO

Conteúdo de O Antagonista. A comissão mista da MP da reforma administrativa, por 14 a 11 votos, acaba de decidir por retirar o Coaf do Ministério da Justiça - a decisão ainda terá de ser referendada nos plenários da Câmara e do Senado.

Foi aprovado o destaque para que o órgão retorne ao Ministério da Economia.

O Centrão, o PT e seus satélites ganharam essa batalha.
Herculano
09/05/2019 11:20
À ESPERA DA VIRADA. QUE NINGUÉM VÊ, por Celso Ming, no jornal O Estado de S. Paulo

A sociedade espera com ansiedade um clarão no horizonte que ilumine tudo e vire o jogo, mas, para isso, é necessário que o presidente Jair Bolsonaro comece a governar

Nestes quatro meses de governo Bolsonaro, a quantidade de intrigas, de distribuição de sopapos verbais, até mesmo de baixo calão, e de puro desgoverno não tem precedentes e, decididamente, não ajuda a recuperação do País.

A política econômica é declaradamente neoliberal, mas enfrenta o jogo protecionista e antiglobalizante da chancelaria. Os filhos do presidente, também conhecidos, respectivamente, por agentes 01, 02 e 03, mais o suposto guru filosófico trocam insultos com os generais que fazem parte do governo. O Executivo ignora o Legislativo, não sabe se adere a alguma forma de presidencialismo de coalizão - o que implica alguma forma de partilha de poder e de benesses - ou se parte para uma forma descolada de governo, seja lá o que isso signifique.

A principal iniciativa é o projeto de reforma da Previdência e, no entanto, o presidente não parece engajado na empreitada, o que sugere que ele pode não acreditar no que está propondo. Há quatro meses, ainda havia a expectativa de que as reformas mudariam o jogo. Agora, espraia-se a noção de que também aí não há milagre.

A pergunta à espera de resposta é se a economia real se move como nos Estados Unidos, apesar de Donald Trump e de suas trumpadas. A percepção geral é a de que se move sim, mas para trás. O desemprego atinge 13,4 milhões de pessoas, as novas projeções do PIB não são mais de avanço perto de 3,0% ao ano, mas de, no máximo, 1,49%, como se viu na última pesquisa Focus, do Banco Central. Com a demanda muito perto da estagnação e a indústria asfixiada, seria de esperar que a inflação resvalasse para a altura dos 3,5% em 12 meses, mas voltou a subir, para acima dos 4,0%. A economia argentina, terceiro maior parceiro comercial do Brasil, está mergulhada na crise. E, agora, a ameaça de guerra comercial entre Estados Unidos e China ficou ainda mais forte, situação que multiplica as incertezas.

Um olhar atento ainda enxerga sinais de vitalidade. O agronegócio, por exemplo, embora tenha perdido alguma renda com a queda dos preços internacionais das commodities, segue com forte dinamismo. As contas externas, área que, no passado, foi a mais vulnerável, seguem robustas. Também se esperam bons resultados do setor do petróleo, sob pressão dos governadores, que não tiram os olhos das promessas com royalties: a produção nacional de óleo e gás aproxima-se dos 3 milhões de barris diários, mais que a dos Emirados Árabes, sétimo maior fornecedor do mundo. Os leilões de serviços públicos não caminham na velocidade desejada, mas caminham.

Não se sabe ainda o quanto esse lado encorajador está sendo contaminado pela onda de desalento. Qualquer pessoa sabe que um doente se recupera mais facilmente se estiver animado e engajado na cura da sua enfermidade. Com a economia também é assim, porque o desânimo tende a arrastar os investidores para a retranca, adia o consumo e segura o crédito.

A sociedade espera com ansiedade um clarão no horizonte que ilumine tudo e vire o jogo modorrento e perdedor de agora. Mas, para isso, é necessário que o presidente Jair Bolsonaro comece a governar.
Herculano
09/05/2019 08:52
UM PAÍS EM TUMULTO E INÉRCIA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Oposição se exila na falta de imaginação; economia não deve ter novidade por meses

O Banco Central sussurrou que pode baixar a taxa de juros a partir de julho. Isto é, caso se confirme que a lerdeza econômica tende à paralisia e, ao mesmo tempo, se aprove algum conserto nas contas públicas (desde que o mundo lá fora não se torne mais inóspito para países como o Brasil).

Uma Selic menor não faria efeito algum neste 2019, afora o de poupar um troco em juros da dívida pública. Como vai se saber do destino da reforma da Previdência lá por julho, o BC tomaria um atitude lá pelo terceiro trimestre, se tanto. Uma taxa de juros menor faria efeito, se algum, em 2020.

Trocando em miúdos, a política monetária na prática estará na prateleira da inércia em que repousa catatônica quase toda a vida econômica. Quanto tempo mais o país vai esperar sentado para ver como é que fica?

Não é pergunta retórica. Não há índice de sofrimento ou bem-estar econômico que ajude a predizer revoltas, que o diga Junho de 2013. Tampouco há movimento político organizado que dê sentido ou voz aos aflitos. Oposição, em português claro.

"Indicadores recentes da atividade econômica sugerem que o arrefecimento observado no final de 2018 teve continuidade no início de 2019", escreveu o pessoal do BC ao explicar nesta quarta-feira (8) a decisão de manter a Selic onde está faz quase 15 meses, em 6,5% ano. O comunicado de março dizia que "...a economia brasileira segue em processo de recuperação gradual".

Não há motivo para esperar nada muito diferente de "arrefecimento" até pelo menos o trimestre final deste 2019 (quase a mesma situação por quase três anos, ainda dentro do buraco da recessão cavada em 2015-2016).

Há, portanto, inércia política e de atividade. Por quanto tempo os insatisfeitos serão distraídos pela confusão do show de calouros ferozes do governo?

Não há inflação, mas os preços da comida aumentam como não se via desde 2016, na maior parte devido a tempo ruim.

Devem continuar um pouco pressionados por causa do custo das carnes, que vai subir, pois os porcos chineses estão morrendo de doença e a China vai ao mercado mundial cobrir a escassez. O povo miúdo sente a inflação de alimentos perto de 9%.

A queda de um tico do desemprego será notada apenas na estatística, o subemprego ainda se dissemina, e o salário médio cresce devagar. Empresas adiam ou cortam planos de investimentos, se ouve e já aparece nas estatísticas.

Índices e indícios de confiança econômica vão mal. O gasto mensal dos brasileiros com pagamentos de suas dívidas diminui desde 2016, mas não há animação de consumo (trata-se daqui da média nacional). O endividamento total, ainda no nível médio e alto desta década, empregos ruins e incerteza devem explicar a reticência.

Não há medida resumida e recente da qualidade dos serviços públicos, de saúde em particular, assunto sempre no pódio das prioridades populares. Há histórias de falta de remédios, lotação maior de hospitais, cortes em merendas escolares. No geral, é difícil de acreditar em melhoras, dados a falência de cada vez mais estados e o começo evidente da asfixia do governo federal.

A oposição, exilada na sua falta de imaginação e de projeto alternativo, espera sentada que a gota d'água seja justamente essa, serviços públicos à míngua. Espera manifestações de estudantes e professores contra o corte de verbas ou algum rumorejo contra a reforma da Previdência, no entanto algo menos impopular.

O país está em tumulto, mas inerte.
Herculano
09/05/2019 08:51
EVANGÉLICOS DESISTEM DE OLAVO

Conteúdo de O Antagonista.A bancada evangélica ?" ou uma parte dela ?" desistiu de Olavo de Carvalho.

O Pastor Eurico disse para a Folha de S. Paulo:

"Sempre fui um admirador do senhor Olavo de Carvalho. A partir do momento em que ele partiu para a baixaria contra os militares, principalmente contra uma figura como a do general Villas Bôas, eu deixei de ser um admirador, me decepcionei. Eu tenho ojeriza, pode usar essa palavra, pelos procedimentos que ele está adotando. Todos os generais merecem respeito, acho um desrespeito muito grande com quem fez tanto pelo Brasil."

Sóstenes Cavalcante concordou:

"O governo precisa cuidar para pacificar o assunto. Eu, particularmente, não tenho nenhuma simpatia pelo Olavo de Carvalho. Em algum momento, já tive simpatia ideológica. Desde o momento em que ele fez fortes críticas aos evangélicos, ele deixou de me servir de inspiração."
Herculano
09/05/2019 08:47
TESTE DE POPULISMO, por Zeina Latif, economista chefe da XP Investimento, no jornal O Estado de S.Paulo

País sofre com a ausência de motores de curto e longo prazo para o crescimento

Cientistas sociais se esforçam para entender como agem os populistas e sua ascensão ao poder ao redor do globo. Barry Eichengreen ensina que o populismo é multi-facetado e distinguem-se também populistas de esquerda, críticos à elite, e de direita, críticos às minorias que seriam responsáveis pelas dificuldades enfrentadas por grupos dominantes.

Algumas características prevalecem no populismo, com ser "anti" várias coisas e acreditar em um salvador, propondo soluções simplistas e contraproducentes aos problemas, e com pouco apego a recomendações técnicas. Atacam políticos tradicionais, que são vistos como corruptos ou dominados por uma elite que conspira contra o bem-comum. Preferem a democracia direta à representativa. Demonstram independência e personalidade marcante, com discurso politicamente incorreto, como forma de mostrar seriedade de propósitos e de convencimento. O uso de novas mídias faz parte do pacote para driblar o establishment. Nas décadas de 1920-30, foi o rádio. Antes disso, na eleição de 1896 nos EUA, foi o telégrafo.

Para Eichengreen populistas emergem em situação de insegurança econômica, não pelo quadro econômico passado, mas pela falta de perspectiva de grupos que se sentem desamparados, deixados para trás.

O discurso de Jair Bolsonaro reúne características populistas, mas não de um populista tradicional, pois não é direcionado às classes mais populares. Ele contou mais com o voto da elite e é este grupo que melhor avalia seu governo, apesar do recuo desde janeiro. Para quem ganha mais de 5 salários mínimos, a aprovação está em 45%, com queda de 22%, segundo o Ibope. Os eleitores de renda mais baixa, de até 2 salários, por sua vez, estão reduzindo a aprovação do governo mais rapidamente: está na casa de 30%, com recuo de mais de 32%. Um possível populista pouco popular.

Difícil mudar este quadro à luz da frágil economia, sendo que o estilo de governar de Bolsonaro não ajuda na recuperação. Além do discurso anti-política e o compromisso frouxo com reformas, a cizânia entre os diferentes grupos no governo reduz o foco na agenda econômica. As pautas extremistas nos costumes e na segurança contraria o perfil de centro do Congresso e da sociedade, contaminando a pauta legislativa. O resultado é o difícil avanço das matérias no Congresso e a indefinição da agenda econômica.

As incertezas na política ceifam a confiança do setor privado. Há uma decepção para aqueles que acreditavam que, passada a eleição, contratações e projetos de investimento seriam destravados, pela melhora da confiança. Esta, no entanto, se esvai no lento avanço na agenda de reformas.

Há um cheiro de recessão no ar. Novas revisões para baixo nas projeções de crescimento do PIB, agora em 1,5%, estão praticamente contratadas. Como sempre, quem puxa o movimento é a produção industrial, que ensaia uma tendência de queda.

Falar em crescimento lento da indústria este ano parece otimismo, e sua fraqueza contamina os demais setores e o emprego.

O País sofre com a ausência de motores de curto e longo prazo para puxar o crescimento. No curto prazo, soma-se à incerteza política o limitado espaço (se é que ele existe) para políticas anticíclicas, como a expansão de gastos públicos e o corte dos juros pelo Banco Central. No longo prazo, os conhecidos gargalos limitam o potencial de crescimento.

Diferentemente do que teme parcela despreparada e inconsequente da oposição, a reforma da Previdência nem irá gerar folga de recursos para gastar ?" irá apenas conter o crescimento da despesa -, nem irá produzir grande impulso ao crescimento e popularidade ao presidente. Pelo contrário. Vale citar que a pesquisa Ibope revelou que 73% dos entrevistados discordam de que as pessoas devem se aposentar mais tarde por estarem vivendo mais.

A aprovação do governo poderá cair bastante. A reação de Bolsonaro, mais nas ações e menos na retórica, será o teste se o presidente é de fato populista ou não.
Herculano
09/05/2019 08:45
NÃO HÁ MAIS RAZÃO PARA GASPAR FINGIR QUE NÃO HÁ APLICATIVOS DE TRANSPORTES NESTE MUNDO REAL


Supremo derruba leis municipais e libera aplicativos de transporte. Por unanimidade, ministros entenderam que não cabe às cidades vetar serviço autorizado por lei federal

Relator do outro processo, o ministro Luís Roberto Barroso afirmou que a criação de reserva de mercado para impedir a chegada de novas tecnologias e novos atores é contrária ao princípio do livre mercado.

"Penso que temos que aceitar como uma inexorabilidade do progresso social o fato de que há novas tecnologias [...]. É inócuo proibir a renovação ou tentar preservar o status quo. O desafio do Estado está em como acomodar a inovação com os mercados preexistentes, e penso que a proibição evidentemente não é o caminho, até porque acho que seria como tentar aparar o vento com as mãos", disse Barroso.
Herculano
09/05/2019 08:41
BOLSONARO NÃO CONFIA NA ABIN E VICE-VERSA

Como noticiamos ontem, Jair Bolsonaro escolheu o jovem delegado da PF Alexandre Ramagem para comandar a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

A razão para não escolher ninguém de carreira da agência é a falta de confiança, reforçada por um relatório com informações sobre o aparelhamento petista no órgão.

Servidores da Abin prometem resistir ao que consideram "uma ingerência", o que deve causar em breve novas crises.
Herculano
09/05/2019 08:22
É PRECISO CUIDADO COM A DEMOCRACIA, por Fernando Schüler, professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento. Foi diretor da Fundação Iberê Camargo, no jornal Folha de S. Paulo

Quem ganhou a eleição que governe e quem perdeu que aprenda algo com a derrota

Volta e meia alguém ralha comigo por ter tentado argumentar, durante a campanha malcriada de 2018, que a democracia brasileira não estava em risco, qualquer que fosse o resultado das eleições.

Nunca acreditei, por exemplo, que Fernando Haddad, caso eleito, fosse de fato regular a mídia, como constava no programa do PT. Nunca acreditei nas palavras vazias da resolução do diretório nacional petista, após o impeachment, dizendo que um dos grandes erros do partido, no governo, foi não ter "modificado o currículo das academias militares" e promovido os oficiais certos.

Nunca acreditei, da mesma forma, nas bravatas vindas do lado vencedor das eleições, do tipo "um cabo e um soldado", da sugestão sem nexo de colocar mais uns dez ministros no STF, ou mesmo que as simpatias do atual presidente pela ditadura militar representassem, por si só, um risco à democracia.

Se admiração a ditaduras fosse critério de risco democrático, dificilmente teríamos sobrevivido a uma década e meia de poder petista, a menos que só exista risco na simpatia pelas ditaduras do lado errado.

Igualmente, nunca confundi a chamada agenda conservadora, defendida pelo atual presidente, com alguma ameaça à democracia. Pode-se não gostar da tal agenda, mas seus pontos centrais, incluindo itens como a flexibilização da posse de armas e a redução da maioridade penal, foram exaustivamente apresentados na campanha.

Se esta agenda ganhou as eleições, é porque obteve apoio da maioria. Ela é uma expressão de nossa democracia e não um sinal de sua fraqueza.

É evidente que há um longo caminho para que uma agenda se torne realidade. É preciso passar pelo Congresso, enfrentar o debate público, e por fim submeter-se à supervisão do Supremo. É este o longo caminho da democracia, sistema complexo de freios e contrapesos. É por isso que insisti na ideia da democracia como uma máquina de moderar posições. Não porque ela faça com que as pessoas se tornem mais gentis, mas pela sua capacidade de aproximar contrários e criar consensos provisórios na tomada de decisões.

Foi exatamente isso que aconteceu, nestes quatro meses do novo governo. A embaixada do Brasil iria para Jerusalém. Não foi. O projeto Escola sem Partido iria ser implantado. Não foi. A idade penal iria para 17 anos. Não foi. O ministro da Educação iria perfilar os alunos, nas escolas, para ouvir o hino nacional. Não perfilou.

O que aconteceu, como fina ironia, é que a ameaça real à democracia vivida nestes meses veio exatamente daquela que deveria ser a instituição guardiã de nossas liberdades, o Supremo, quando censurou uma revista e puniu cidadãos brasileiros por delito de opinião.

É previsível que os defensores da tese do risco democrático irão continuar encontrando, a cada instante, algum cheiro de autocracia no ar. O professor Yascha Mounk chegou ao Brasil, nesta semana, dizendo que "Bolsonaro ataca a liberdade de expressão".

Inútil perguntar qual o dado empírico que sustenta este tipo de afirmação. A tese do risco democrático é uma dessas ideias fixas que, de tão boa, torna a realidade dispensável. Seu argumento preferido é o de que as democracias podem morrer desde dentro. Não seriam necessários golpes ou violência, apenas a lenta e por vezes imperceptível sabotagem dos próprios governantes.

A tese descreve bem muitos processos históricos, mas quando generalizada torna-se a senha perfeita para todo tipo de invencionice. Uma frase, um tuíte, um corte de recursos, qualquer coisa da qual alguém discorde ou ache um risco à democracia é, por definição, um risco à democracia.

De minha parte, prefiro pensar com um pouco mais de cuidado. Acabamos de sair de uma eleição presidencial que produziu uma ampla renovação política, há reformas estruturais e um debate aberto no Congresso, os poderes funcionam de modo independente, a imprensa é livre e poucas vezes se discutiu tanto, ainda que talvez com tão pouca educação como hoje em dia.

Se alguém quiser ajudar a melhorar a democracia, no Brasil, que aprenda a aceitar a legitimidade do outro. É disso no fundo que é feita a democracia. Quem ganhou a eleição governe e quem perdeu que trate de aprender alguma coisa com a derrota. Um pouco de humildade diante da vida pode ajudar a uns e a outros.
Herculano
09/05/2019 08:19
REFORMA PODERÁ SUSPENDER O RECESSO DE JULHO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nos jornais brasileiros

A tramitação da reforma da Previdência pode ganhar fôlego extra caso prospere a proposta do deputado José Nelto (GO) de suspender o recesso parlamentar de julho, que paralisaria o debate e a tramitação da proposta por trinta dias. De acordo com o líder do Podemos, a ideia é garantir a análise da reforma sem interrupções ao menos na Câmara. Para ele, a Previdência é importante demais, muito mais que o recesso.

DEPENDÊNCIA DIRETA
Deputados e senadores só podem sair para o recesso após aprovarem a LDO e diretrizes orçamentárias dependem do texto final da reforma.

AJUDA DO GOVERNO
Para José Nelto, a batalha será árdua com ou sem recesso e precisa do governo, que "tem atrapalhado mais do que ajudado na reforma".

NAQUELE TEMPO, TALVEZ
O recesso é coisa dos tempos em que parlamentares eram obrigados a fazer longas viagem de navio ou a cavalo para curtir férias em casa.

NÃO FAZ MAIS SENTIDO
Sem razão de existir, com deputados indo e voltando para casa toda semana, o recesso de meio de ano devia ser suspenso em definitivo.

BRASIL ENTRA EM CAMPO NA OTAN, MAS FALTA OCDE
O presidente americano, Donald Trump, fez um gesto de simpatia ao presidente Jair Bolsonaro, enviando ao Congresso de lá mensagem em que oficializa a intenção de fazer do Brasil "um grande aliado" fora da área de abrangência da Otan (Operação do Tratado do Atlântico Norte), como havia prometido durante visita oficial de Bolsonaro, há um mês. Faltou só materializar a promessa de apoiar o Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

FICA COMO ESTÁ
Apesar da descrença de setores da oposição e da imprensa, não há motivos para desacreditar nos acertos de Trump com Bolsonaro.

ERRADO
Jornais dizem que os EUA "não cumpriram barganha" após não incluir o Brasil agora no acordo que põe a Argentina na OCDE. Errado.

OUTRO ACORDO
A não-inclusão do Brasil no acordo dos EUA com a Argentina para a OCDE não inviabiliza o apoio americano no futuro. Falta materializar.

A REFORMA OU O DILÚVIO
O governo trabalha com duas realidades completamente diferentes para economia. Para o secretário da Previdência, Rogério Marinho, a economia pode crescer 2,9% com a reforma aprovada. Sem ela, 0,8%.

E O BRASIL, Só PAGANDO
Bolsonaro e Mario Benítez (Paraguai) assinam acordo nesta sexta (10) em Foz do Iguaçu, no Marco das Três Fronteiras, para o lançamento da pedra fundamental da segunda ponte. Bancada pelo Brasil.

'TAPIOCA' NA CORDA BAMBA
Está na pauta do TSE, nesta quinta (9), o julgamento de recurso de José Carlos Orosco (PDT-SP), cujo registro de candidatura a deputado federal foi indeferida. Se Orosco vencer, terá os votos considerados e tomará posse no lugar do ex-ministro Orlando "Tapioca" Silva (PCdoB).

É A DEMOCRACIA
Provocado a criticar o decreto sobre porte de arma, Rodrigo Maia descarta qualquer mal-estar com Jair Bolsonaro. "Se a Câmara entender que há excesso, vamos questionar, isso é da democracia".

SENSO DE HUMOR
Soou como jogada de "truco" a decisão do presidente Bolsonaro de incluir jornalistas entre as categorias profissionais que terão acesso facilitado ao porte de arma.

ASSIM É MOLE
Distribuidoras de combustível, que (ainda) atuam como atravessadoras, não sabem o que é crise. A BR Distribuidora aumentou o lucro líquido em 93%. Como as congêneres, sem produzir uma gota de nada.

BOM PARA TODOS
É uma vitória do direito de escolha dos cidadãos a decisão do STF que considera inconstitucionais leis municipais proibindo Uber e aplicativos similares. Além disso, é o exercício do direito à livre iniciativa.

PARECE QUE FOI ONTEM
Para os saudosistas da época de ouro do futebol, quando o Brasil era o melhor do mundo, as semifinais da Champions League, na Europa, lembram as grandes disputas Botafogo x Santos nos anos 1960.

PENSANDO BEM...
...os ingleses fizeram "brexit" no futebol: expulsaram os demais times do continente para fazerem a final sensacional da Champions League.
Herculano
09/05/2019 08:11
A MARCHA DA ESTUPIDEZ, por Willian Waack, no jornal O Estado de S.Paulo

O presidente Jair Bolsonaro incentiva luta política que lhe é prejudicial

Jair Bolsonaro avançou um passo importante rumo a um isolamento que lhe poderá custar caro na hora em que precisar de aliados além da militância virtual de redes sociais. Não conseguiu convencer ninguém de que não tem participação na cascata de ataques contra alguns generais em seu governo, que culminou em baixaria inominável contra o ex-comandante do Exército general Villas Bôas, personalidade admirada nos mais variados setores. "Herói nacional", disse Sérgio Moro.

A ação contra os militares é apenas a mais recente ilustração do fato de que os "ideólogos" que conduzem o presidente enxergam a defesa de instituições - papel que os militares vêm desempenhando - como um obstáculo a ser eliminado no que eles consideram "revolução conservadora". A distância que essa percepção tem do que realmente acontece nas ruas é enorme e, provavelmente, será fatal para os grupos bolsonaristas da extrema franja do espectro político. Eles vão perder, mas o problema está no dano que já estão causando.

O perigoso isolamento político do presidente se dá quando ele faz de conta ignorar uma luta política que afeta também a credibilidade do chefe de Estado, na medida em que alguns de seus colaboradores mais próximos são desqualificados com palavrões por alguém que o próprio chefe de Estado elogia AP?"S a sequência de ataques. O que transparece dessa atitude é a sensação de falta de liderança. E de perda de autoridade.

Boa parte das reações do mundo político caminhou nessa trilha: a de que o presidente não lidera ou, no mínimo, não é capaz de controlar ou sequer de perceber um jogo que lhe é prejudicial. Parte das dificuldades que ele enfrenta no Congresso tem como origem o mesmo tipo de percepção: a de que Bolsonaro se engaja de maneira insuficiente em questões essenciais (como a crise fiscal) e se dedica a administrar de maneira confusa crises que ele ou gente à volta dele criou.

Há uma certa incredulidade no ar. Os primeiros números de atividade econômica sob Bolsonaro, e não apenas os que ele herdou, não empolgam ninguém. Podem ainda ser tratados pelo governo como fase passageira que será logo suplantada por crescimento e desenvolvimento, assim que for aprovada a reforma da Previdência (é a aposta de Paulo Guedes). Da mesma maneira, considera-se que mais liberdade econômica almejada pela recente MP desburocratizante e os programas de concessões e desestatização trarão logo investimento, emprego e renda ?" um necessário e esperado alívio, sem dúvida.

Mas é pouquíssimo para uma economia que, ao fim do ano, estará ainda abaixo do patamar de 2014. Nas regiões brasileiras de maior densidade do eleitorado, a recuperação dos setores de indústria e serviço é muito lenta e, na comparação com 2014, o PIB de seus Estados estará ainda mais baixo do que o PIB nacional. As lições para Bolsonaro não estão na Venezuela, mas, sim, na Argentina, país no qual (simplificando) a política travou a economia, bloqueou reformas necessárias e colocou a "walking dead" Cristina Kirchner de novo no palco.

Economistas tendem a afirmar que essa realidade dos fatos, especialmente os cofres públicos quebrados, se imporá sobre as decisões dos políticos. Trata-se de esperança ou de crença. O apego de Bolsonaro ao conjunto de postulados levados adiante pelos "ideólogos" impõe enorme desafio intelectual aos economistas, para os quais não cabe dúvida de que o foco deveria ser quase que exclusivamente a estagnação de décadas da economia, da produtividade e da competitividade do País. Em seus modelos numéricos, os economistas ainda não conseguiram incluir um espaço para a estupidez de decisões humanas.
Herculano
09/05/2019 08:08
TIROTEIO NAS RUAS É A ÚNICA POLÍTICA CLARA DO GOVERNO BOLSONARO, por Bruno Bohgossian, no jornal Folha de S. Paulo

Até deputados armamentistas consideram 'temerário' decreto que expande porte

Ao assinar seu segundo decreto em quatro meses para facilitar o acesso a armas de fogo, Jair Bolsonaro disse que "a segurança pública começa dentro de casa". Além de jogar para cidadãos comuns uma responsabilidade que deveria ser do Estado, o presidente adotou de vez o tiroteio como diretriz de governo.

A norma editada na terça (7) nasceu como uma enganação. Bolsonaro prometia afrouxar o controle para colecionadores e frequentadores de clubes de tiro. O texto, porém, abre caminho para que 20 grupos andem armados, incluindo políticos, caminhoneiros, advogados e jornalistas.


Um dos tópicos libera a prática de tiro em clubes por menores de idade autorizados pelos pais. É difícil enxergar um motivo para que esse item seja considerado razoável e mereça uma canetada presidencial.

O incentivo gradual à ampliação do número de armas de fogo é a política pública mais clara neste início de mandato de Bolsonaro. Embora a lei ainda estabeleça restrições, o presidente faz um movimento inequívoco para expandir a quantidade de revólveres e pistolas nas ruas.

Até alguns deputados entusiastas dos armamentos consideram a decisão "temerária". A flexibilização pouco cautelosa pode, de fato, aumentar os casos de homicídio em brigas nas estradas ou episódios de violência doméstica, por exemplo.

O decreto de Bolsonaro pode ser revisto no Congresso. Parlamentares dizem que uma flexibilização na dimensão prevista no texto só poderia ser alterada em projeto de lei aprovado pela Câmara e pelo Senado.

O drible caiu no colo de Sergio Moro. O ministro da Justiça e da Segurança admitiu que houve divergências sobre a norma e tentou sair pela tangente. "Não tem a ver com a segurança pública. Foi uma decisão tomada pelo presidente em atendimento ao resultado das eleições", afirmou.

Na cerimônia de assinatura do decreto, enquanto apoiadores sorridentes faziam gestos de arma com as mãos ao lado de Bolsonaro, Moro e o ministro Fernando Azevedo (Defesa) preferiram aplaudir sentados.
Miguel José Teixeira
08/05/2019 20:07
Senhores,

Na Mídia:

"TRF decide mandar o ex-presidente Michel Temer de volta a prisão"

Huuummm. . . sossega, temer!

As supremas lagostas, chapadas de vinhos com quatro premiações internacionais, estão à postos. . .

Enquanto isso, na sala da justiça. . .

Será que não é melhor consultar o tal gurú do quadriunvirato?

Bom. . .é melhor o Brasil à deriva do que nas mãos dos PiraTas. . .
Miguel José Teixeira
08/05/2019 17:18
Senhores,

Deu no NSC Total:

"Vereadores de Blumenau defendem aumento do número de cadeiras na Câmara Municipal"

Aumentar o número de cadeiras, concordo plenamente.
Aliás, cada um poderia trazer a sua preferida de casa. . .

Porém, aumentar o número de edis no plenário é uma abissal calhordice!
Renato
08/05/2019 13:29
http://www.camaragaspar.sc.gov.br/publicacao/1/9/24

Está aí o edital da licitação da limosini do Ciro
Herculano
08/05/2019 11:47
A APEX NA GUERRA DOS BOLSONARISTAS, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Agência de comércio, que nem é bem governo, vira objeto de disputa odienta

Pouca gente sabia o que era a Apex até que a instituição se tornasse campo de sangue das batalhas intestinas do governo de Jair Bolsonaro.

Nos últimos dias, a disputa pelo poder na agência foi o motivo da nova onda de fúria dos bolsonaristas puros contra os militares, em especial contra o general Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo.

O que é que a Apex tem?

1) Dinheiro;

2) poder para fazer amigos no mundo empresarial.

3) está em território dominado pela ala antiestablishment do governo: no Itamaraty, sob influência de seguidores do youtuber Olavo de Carvalho.

Dois diretores ligados a Eduardo Bolsonaro foram demitidos pelo contra-almirante Sergio Segovia, terceiro presidente da Apex deste governo. A queda da diretora Leticia Catelani, bolsonarista de primeira hora, causou especial revolta, com campanha no Twitter e tudo.

Os bolsonaristas "raiz" dizem que Catelani despetizava a agência; dava cabo de gastos suspeitos e do esquerdismo. Ela mesma contou que resistia a pressões para manter "contratos espúrios" (de quem? Convém chamar a polícia). Teria caído por intervenção militar; Segovia seria apadrinhado de Santos Cruz, há semanas na caldeirinha das milícias virtuais.

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, a Apex, não é propriamente órgão de governo. Foi um filho temporão e bastardo do sistema "S" (Sesi, Sesc etc.), criado pelo governo de Lula da Silva em 2003.

É entidade de direito privado, bancada por contribuições obrigatórias de empresas, como no restante do sistema "S". Mas, na Apex, a maioria dos votos no conselho deliberativo é do governo.

O ministério responsável, ora o Itamaraty, aprova seu orçamento. No ano passado, recebeu quase R$ 500 milhões em contribuições sobre a folha salarial. Não é pouco dinheiro, que de resto não está sujeito a corte pelo Ministério da Economia.

A agência promove exportações. Gasta a maior parte de sua verba em convênios com associações empresariais, além de financiar feiras, eventos, missões de divulgação e a publicidade na mídia lá fora. Na prática, a Apex é uma estatal a fundo perdido, por assim dizer.

É difícil de entender o motivo de o governo se meter nisso, em promoção comercial privada. Existem órgãos públicos responsáveis pela promoção dos interesses comerciais do país. Caso as empresas assim o desejem, podem se associar a esses esforços oficiais, pesando custos e benefícios da iniciativa ?"privada.

No entanto, a agência se tornou objeto de disputa política extremista. Para bolsonaristas antiestablishment, a nomeação do almirante Segovia faz parte de uma ofensiva militar que tem como objetivo derrubar os adeptos autênticos de Bolsonaro. O próximo alvo seria o ministro das Relações Exteriores.

Os militares seriam "traidores" do programa conservador nos costumes, nacionalista, antiesquerdista e liberal na economia.

Na melhor das hipóteses, os oficiais com postos no governo são "isentistas", não se engajam na verdadeira causa presidencial.

No pior dos casos, são "positivistas", "progressistas" em costumes, "cientificistas", em última análise propensos a aceitar causas "globalistas" (do aborto ao ambientalismo), quando não instrumentos ou cúmplices da esquerda, que os manipula para dividir a direita.

A batalha da Apex seria mero pretexto. Os militares quereriam é acabar com a alma do bolsonarismo autêntico.
Herculano
08/05/2019 11:45
BOLSONARO PRECISA DIZER DE QUE LADO ESTÁ, editorial do jornal O Globo

Sequer ataque deplorável de Olavo de Carvalho a Villas Bôas recebe do presidente resposta à altura

O que na campanha apareceu como uma possibilidade, a interferência dos filhos do presidente Bolsonaro no governo, causando instabilidades, se confirma e até excede as expectativas. Com o "02", Carlos, no comando, uma milícia digital bolsonarista ataca quem o grupo considere ameaça ao atingimento de algum objetivo, com o ideólogo Olavo de Carvalho na condição de inspirador-mor.

Hoje está claro que existe um bolsão de extrema direita ávido por poder atrás das cortinas da atuação do grupo. Já indicou, de forma clara, dois ministros ?" Ernesto Araújo, para o Itamaraty, e controla o MEC, no qual substituiu o nada inspirado Ricardo Vélez pelo linha-dura de direita Abraham Weintraub; avançou sobre a agência Apex e, desde a montagem do governo, tem especial atração pela Comunicação do Palácio.

É esta predileção que levou Carlos e Olavo a atacarem com fogo concentrado o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo, sob a qual está a Secom. Foi executada uma operação típica de criação de fake news para atingir Santos Cruz: tiraram de contexto uma frase sensata do ministro sobre o uso das redes sociais por grupos ideologicamente extremados e espalharam que ele deseja censurá-las. Um despropósito.

Seria apenas mais uma manobra do grupo ?" já grave e deplorável ?" se o presidente Bolsonaro não reforçasse de forma enviesada a interpretação de que houve defesa de censura, afirmando ?" o que é bem-vindo ?" que, no seu governo, não haverá censura à qualquer mídia. Mas pareceu um aval à distorção da frase de Santos Cruz, que no domingo foi ao Alvorada conversar com o presidente

Na segunda, Bolsonaro, como tem feito, tentou minimizar o problema, mas, desta vez, a ação de Olavo ?" até já condecorado pelo presidente ?" e Carlos ultrapassou os limites. Santos Cruz, general da reserva, é mais um dos militares do governo, atacados pela milícia digital. Antes, já fora o próprio vice-presidente, Hamilton Mourão, outro general da reserva. Para agravar a crise, o ex-comandante do Exército Villas Bôas, hoje assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional, divulgou nota sensata em favor da unidade do governo, sem deixar de identificar Olavo como "verdadeiro Trotski de direita", um paralelo com o russo que defendia a revolução permanente.

Olavo, em resposta, cometeu ato de extrema deselegância e agressividade, para dizer o mínimo, tratando o ex-comandante do Exército como um "doente preso a uma cadeira de rodas" ?" Villas Bôas sofre de doença degenerativa.

Não é mais possível Bolsonaro continuar no jogo de tentar se manter distante de absurdos que partem da própria família, sem defender seus auxiliares. O presidente, na verdade, tem de estar na defesa do governo, por óbvio, e num momento grave em que assuntos de extrema relevância tramitam no Congresso, como a reforma da Previdência.

Bolsonaro sequer respondeu à nota ignóbil de Olavo na devida altura. E ainda elogiou o ideólogo, chamando-o de "ícone", mesmo depois do ataque vil feito a Villas Bôas. Outra atitude reprovável. Bolsonaro precisa definir de que lado está.
Herculano
08/05/2019 11:43
QUEM VAI AO SITE DA CÂMARA DE GASPAR, NÃO ENCONTRA O PROCESSO DE LICITAÇÃO DO NOVO AUTOMóVEL PARA SERVIR EDIS.

A COMPRA ESTÁ AUTORIZADA E DEVE SUPERAR OS R$100 MIL

PERGUNTADO ONTEM A NOITE POR QUE A LICITAÇÃO NÃO ESTAVA DISPONÍVEL PARA CONSULTA, O PRESIDENTE CIRO ANDRÉ QUINTINO, MDB, INFORMOU QUE ELA NÃO ESTARIA TOTALMENTE PRONTA. ENTÃO...
Herculano
08/05/2019 11:40
OS SABOTADORES, por Rosângela Bittar, no jornal Valor Econômico

O desgoverno é o caldeirão fervente e suas engrenagens

Neste circo em que se transformou o governo Bolsonaro (com pedido de perdão aos circos, ícones da infância mas aqui referidos como símbolos da fuzarca), onde têm espaço nobre o globo da morte, o engolidor de fogo, vamos reservar em banho-maria, por alguns momentos, Olavo, Carlos, Eduardo, Ernesto, Vélez, Weintraub e tantos outros personagens que invadiram a política brasileira e os escalões do serviço público, de armas e bagagem. Especialmente de armas, insultos, prepotência e outros ruídos nos quatro primeiros meses do ano.

É o presidente da República Jair Bolsonaro, e não eles, o principal responsável por tudo o que se passa: a disputa violenta de poder do grupo tuiteiro que liderou sua campanha; a paralisia da administração pública; a dissintonia com o Congresso; as crises pré-fabricadas uma após outra, com os mesmos ingredientes; a falta de comando.

Portanto, Bolsonaro não é vítima desse esquema de sabotagem ao governo formulado por Olavo de Carvalho e executado pelos filhos do presidente. É coautor. É agente ativo e, com sua frouxidão, participa do processo de humilhação impingido aos militares e ministros do núcleo de poder presidencial, atacados pelos que estão sob a proteção da distância virtual.

E por que os generais convidados por Bolsonaro a integrar o governo se submetem a isso? Aí estaria uma boa resposta para elucidar muito do que pensa o grupo sobre sua missão neste governo.

Na verdade, já havia notícias: os militares estavam cheios, pelo pescoço, elocubrando sobre rumo coletivo, mas os ataques que sofreram no último mês foram tão violentos e gratuitos, e o presidente ficou tão inerte, que até fortaleceram seus laços corporativos.

Até o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, considerado o conselheiro mais onipresente e próximo do presidente da República, já parecia entediado com a falta de impulso do governo e com a falta de pulso do presidente para lidar com as crises pré-fabricadas por Olavo Carvalho e Carlos Bolsonaro. A expectativa até a semana passada, quando o general foi fotografado de olhos fechados em duas solenidades, era que a perda de interesse tinha chegado ao seu ponto máximo, o enfado.

Parecem agora revigorados. Para isso contribuiu muito a reação do general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, que à falta de presidente assumiu a defesa dos militares e, portanto, do governo, partindo para a ofensiva contra Olavo.

Bolsonaro, porém, não assumiu nada explicitamente, nem o governo, e continua adulando o grupo de rebelados sem causa. Deu ao expoente da direita que ministra cursos na internet a maior condecoração que o governo poderia dar, no auge da violência verbal escatológica contra os ministros militares. Seu filho vereador vangloria-se das frituras que promoveu com sucesso. E o governo inteiro fica estático, assistindo ao espetáculo.

Os sabotadores não têm porque parar: fritaram Gustavo Bebianno, ele caiu: fritaram Ricardo Vélez, do seu grupo mas perdendo o controle do poder sobre a Educação, caiu e foi substituído por outro da estirpe; fritaram dois presidentes da Apex, que caíram; tentaram o impeachment do vice-presidente Hamilton Mourão pelas mãos do amigo de Olavo, deputado e pastor Marco Feliciano, mas a decisão era do presidente da Câmara, que engavetou. E agora concentram sua força na derrubada do ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz.

O desgaste levou à perda de poder do grupo com cargos no Planalto e à insegurança com relação ao destino do governo. Mas não enfraqueceu só os militares. Reduziu o governo Bolsonaro a uma briga de baixo nível e desmoralizou a própria tropa olavista pela incapacidade de ter compostura numa disputa a sério.

É fácil ofender, insultar pela rede social. O professor da internet não consegue condensar em frases curtas exigidas pelo Twitter toda a sua vã filosofia. Parte para a ignorância, o murro, o soco. A galera da arquibancada bolsonarista gosta, bate palma e pede bis. Mas o governo não põe a cabeça fora dágua. A desproporção torna tudo muito irreal e a impressão é que isso não deve durar muito tempo mais, algo terá que acontecer, de bom ou de ruim. Pois a fábrica de crises continua de pé: Olavo inventa um alvo, um tema, e Carlos Bolsonaro executa. Com o pai impedido de agir abertamente, o irmão sempre aparece para socorrê-los.

O presidente concorda com o que faz o grupo, senão já teria seu governo profissionalizado com o afastamento dos que estão brincando de clube do tiro.

As notícias que saem do Planalto para o Congresso preocupam os partidos. Muitos acham que o caminho tomado pelo presidente está meio sem volta, já não tem conserto. Ninguém governa o presidente nem se nomeia conselheiro. Ele é senhor de sua atuação.

A paralisia do Executivo e do Congresso dão a impressão que ainda não houve posse. O Ministério da Economia, para onde corre Bolsonaro quando se vê sem chão, anda em círculos, anunciando medidas que se repetem e, no mês seguinte, se repetem de novo, e de novo.

O que está na cabeça de Bolsonaro não se consegue decifrar. Será que sabe onde isso vai parar? Será que acha que será obedecido quando der ordem aos generais para aguentarem tudo calados? Ele apoia Olavo cada vez mais, acaba de fazer a condecoração maior do governo a ele, no dia do ataque mais pesado aos generais. Apoia Fabio Wajngarten, representante dos filhos no comando da propaganda do governo subordinada ao general Santos Cruz; apoia Abraham Weintraub, o novo ministro da Educação que chegou barbarizando tanto quanto seu guru. Quando pressionado a se manifestar sobre o escárnio instalado sob seus olhos, sai-se por debaixo do braço de quem o acuou perguntando se o que querem é que rompa com seus filhos. A ignorância é vasta.

Como os políticos do governo Bolsonaro não existem e os líderes que têm poder não se dão com o ministro da Casa Civil, o caminho por essa via está impedido.

A situação é terrivelmente clara: Os militares não têm, neste momento, a metade da força que tiveram na transição e no início do governo Bolsonaro. A agenda do principal general do governo é fraca, Houve clara perda de substância.

O presidente escolhe os seus conselheiros, e escolhe de acordo com suas convicções, suas crenças, seus valores, com o que acha que é certo e errado. Afasta uns e aproxima outros. Bolsonaro aproximou-se dos sabotadores.
Herculano
08/05/2019 11:36
BOLSONARO DEVE ELEIÇÃO A MORO, LAVA JATO E ADÉLIO, NÃO A OLAVO. E A FOSSETA, por Reinaldo Azevedo, no portal Uol

A serpente e a fosseta loreal: Bolsonaro deve ser um daqueles mutantes de uma antiga novela da Record. Ninguém sabia que ele era dotado de tal órgão e que engole sapos por ali...

O autointitulado professor e filósofo Olavo de Carvalho fez na manhã desta terça o mais covarde de todos os ataques aos militares, dirigido, no caso, contra Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e atual assessor do Gabinete da Segurança Institucional.

Disparou: "Há coisas que nunca esperei ver, mas estou vendo. A pior delas foi altos oficiais militares, acossados por afirmações minhas que não conseguem contestar, irem buscar proteção escondendo-se por trás de um doente."

Villas Bôas é portador de uma grave doença degenerativa, a esclerose lateral amiotrófica, conhecida pela sigla "ELA", que implica graves restrições físicas, mas não afeta o intelecto. Ninguém se surpreendeu. Ele é capaz de muito mais. A agressão revoltou o Alto Comando das Forças Armadas e os generais da reserva que compõem o governo. Todos, no entanto, decidiram silenciar.

Não pensem que se ouviu de Bolsonaro alguma palavra de solidariedade ao general. Ao contrário. Depois de uma impressionante saraivada de agressões e baixarias disparada por Carvalho, o presidente publicou o seguinte texto no Facebook e no Twittrer:

"- Cheguei na Câmara em 1991 e encontrei-a tomada pela esquerda num clima hostil às Forças Armadas e contrário às nossas tradições judaico-cristã (SIC).
- Aos poucos outros nomes foram se somando na causa que defendia, entre eles Olavo de Carvalho.
- Olavo, sozinho, rapidamente tornou-se um ícone, verdadeiro fã para muitos.
- Seu trabalho contra a ideologia insana que matou milhões no mundo e retirou a liberdade de outras centenas de milhões é reconhecida por mim.
- Sua obra em muito contribuiu para que eu chegasse no Governo, sem a qual o PT teria retornado ao Poder.
- Sempre o terei nesse conceito, continuo admirando o Olavo.
- Quanto aos desentendimentos ora públicos contra militares, aos quais devo minha formação e admiração, espero que seja uma página virada por ambas as partes.
- Jair Bolsonaro/Presidente da República."

A gramática como sempre é encantadora. Como se nota, o presidente não sabe a diferença entre "fã" e "ídolo". Afirmar que a Câmara, em 1991 ou em 2019, é hostil "às nossas tradições judaico-cristãs" não incide apenas na tolice. Trata-se também de uma mentira. Nota à margem: não é de hoje que implico com as tais "tradições judaico-cristãs". Por óbvio: ou são judaicas ou são cristãs, como sabem judeus e cristãos. Ainda que Cristo fosse efetivamente judeu, assim como Saul, o perseguidor de cristãos, que virou Paulo depois da conversão.

A CÂMARA EM 1991
Também é mentira que a Câmara estivesse tomada pela esquerda. À época com 503 deputados, o PMDB elegeu 108; o PFL, 83; o PDS, 42; o PRN de Collor, 40, o PSDB, 38; o PTB, 38; o PDC, 22, o PL, 17; o PSC, 06; o PRS, 04; o PTR, 02; o PST, 2; o PSD, 01; o PMN, 01. De esquerda, apenas os 35 do PT, os 45 do PDT; os 5 do PCdoB, os 3 do PCB e, vá lá, os 11 do PSB, que sempre foi de centro. Ou por outra: dos 503 deputados, apenas 19,7% eram de esquerda. A isso o grande pensador chama "câmara tomada" por esquerdistas.

Só para comparar: hoje, as esquerdas somam 26,3%. Caso se considerem no grupo PPS, PV e Rede (não acho que sejam esquerdistas), chega-se a 28,8%. E olhem que estamos falando de uma maré conservadora, com forte viés reacionário, que certamente não se repetirá no país.

MORO, LAVA JATO E ADÉLIO
Afirmar que, sem Olavo de Carvalho, o PT teria chegado ao Poder é uma estupidez delirante. E também uma ingratidão episódica, embora ele tenha pagado a conta. Bolsonaro deve a sua eleição à Lava Jato, em particular a Sérgio Moro, que condenou Lula sem provas, e a Adélio Bispo de Oliveira, o homem que lhe desferiu a facada. Segundo o próprio Flávio Bolsonaro, ela foi bastante eficaz eleitoralmente.

A esmagadora maioria dos que votaram no atual presidente nunca ouviram falar do suposto pensador.

A FOSSETA DA COBRA
Depois de encontro com a cúpula das Forças Armadas, em que se tratou de um contingenciamento no Orçamento de R$ 5,8 bilhões, Bolsonaro falou sobre o ataque de Carvalho aos militares nestes termos:

"O Olavo é dono do seu nariz. Como eu sou do meu, e você é do seu. Então, liberdade de expressão. Eu recebo críticas muito graves todo dia e não reclamo. Inclusive, olha só. O pessoal fala muito em engolir sapo. Eu engulo sapo pela fosseta lacrimal e estou quieto aqui, OK?".

Sabe-se lá onde diabos foi buscar a expressão "fosseta lacrimal". Humanos têm fossas nasais e lacrimais. A tal "fosseta" - que é "loreal", e não lacrimal, porque fica no "loro" - uma região entre o olho e a boca ou bico de repteis, peixes e aves ?" é própria de algumas cobras peçonhentas.

Acho que os militares descobriram um tanto tarde que estavam lidando com alguém dotado de "fosseta loreal", não é mesmo?

Convém ter à mão o soro antiofídico do respeito à Constituição e às leis.

A cobra peçonhenta está por aí.
Miguel José Teixeira
08/05/2019 11:33
Senhores,

Da coluna do CH, replicada abaixo, extraí:

"NÃO É PARA AMADORES

A ingenuidade de Zema foi tema da convenção do PSDB: o deputado Aécio Neves disse que o governo estadual "não é para amadores".

Ministério da Saúde, adverte:

Tucanalhismo também causa amnésia!!!
Herculano
08/05/2019 11:28
A BOA NOTÍCIA DO INMETRO, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Em uma iniciativa sensata, a presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Angela Furtado, anunciou um projeto de revisão do emaranhado de regras relacionadas à qualidade, à segurança e ao desempenho dos produtos comercializados no País. A autarquia é vinculada ao Ministério da Economia e o projeto faz parte de um amplo programa de modernização da legislação sobre a ciência da medição, que afeta o cotidiano das empresas e dos cidadãos.

A ciência da medição envolve o cálculo da velocidade de um automóvel, do tempo de cozimento de alimentos, da temperatura de uma geladeira e do consumo de energia elétrica, por exemplo. Também permite saber se a quantidade de arroz na embalagem é a mesma mencionada no rótulo e se os valores informados na bomba de combustível ou na balança de um supermercado e de uma padaria são corretos.

Atualmente, há em vigor cerca de 300 regulamentos baixados pelo Inmetro. Eles cobrem 647 tipos distintos de produtos, o que dá mais de uma regra para cada duas categorias. Na área de produtos para crianças, por exemplo, existem quase 300 mil marcas certificadas pelo órgão. Segundo as estimativas do Inmetro, o volume de vendas de produtos que estavam dentro de sua jurisdição regulatória, em 2015, totalizou R$ 460 bilhões.

A implementação do projeto está prevista para o segundo semestre e a primeira medida será a desburocratização dos processos de registro e autorização de produtos. A estratégia foi inspirada no modelo de regulação adotado na União Europeia. Em vez de ter um regulamento específico para cada produto, como ocorre entre nós, a ideia é ter regras e dispositivos mais amplos, abrangendo categorias de produtos.

Hoje, brinquedos, berços e artigos de festas têm um regulamento específico para cada item. Já na União Europeia, com apenas 22 regulamentos gerais, eles integram a categoria de produtos infantis. Dependendo do setor, como o químico, o elétrico e o metalúrgico, os regulamentos gerais podem, quando for o caso, ser eventualmente complementados por normas específicas.

Com a desburocratização e a substituição de regulamentos específicos por normas gerais, o Inmetro pretende mudar sua forma de atuação. Em vez de concentrar a atenção no controle prévio de cada produto, que resulta num imenso cipoal regulatório, o objetivo é adotar uma vigilância posterior mais rigorosa, por meio de acordos de fiscalização com entidades de classe e entidades privadas. "Regulação mais flexível não se confunde com bagunça e anarquia", afirmou a presidente do Inmetro em entrevista ao jornal Valor.

Quando a implementação do projeto estiver concluída, diz ela, os fabricantes ou importadores poderão fazer uma autodeclaração de que seus produtos estão de acordo com a regulamentação. Pela legislação em vigor, esses certificados dependem de testes e ensaios em laboratórios, o que leva tempo e tem um alto custo. Em média, um registro no Inmetro demora pelo menos seis meses. E, dependendo do setor, o prazo pode chegar a dois anos, o que é incompatível com os produtos que têm um ciclo de vida útil de três anos.

Pelo projeto, quando houver necessidade, fabricantes e importadores poderão fazer testes numa rede de 2 mil laboratórios autorizados pelo órgão. Só os produtos com riscos específicos, como os dos setores químico e elétrico, passarão obrigatoriamente pelo processo de certificação com base em ensaios. Já o trabalho de vigilância será feito com base na análise de bancos de dados com informações sobre acidentes de consumo e no monitoramento de plataformas digitais que divulgam reclamações e avaliações de consumidores.

A iniciativa do Inmetro se insere no rol de reformas microeconômicas de que o Brasil tanto necessita para reduzir os custos de produção e diminuir a insegurança jurídica causada por uma malha normativa anacrônica e asfixiante. Ela favorece consumidores e produtores, ao mesmo tempo que propicia melhorias no ambiente de negócios.
Herculano
08/05/2019 11:24
ESTÁ FALTANDO DINHEIRO NO GOVERNO DE SANTA CATARINA. PARECE QUE NÃO

O governador Carlos Moisés da Silva, PSL, acaba de trocar os pés pelas mãos.

Ao mesmo tempo em que diz que o Estado está quebrado - e está, ninguém duvida e quem não está ? - e pede ou impõe sacrifícios, não é capaz de cortar na carne ou dar exemplo de que está fazendo isso dentro do próprio palácio.

Um contrato emergencial mostra no Diário Oficial que ela vai gastar, sem licitação, R$1.177,96 (R$196 mil por mês, até setembro) com uma empresa privada, para serviços de cozinha, copa, garçons, jardinagem e zeladoria.

O governo do estado, oficialmente, alega que o Palácio da Agronômica é um prédio histórico, numa ampla área e que exige manutenção cara. E a cozinha? Hum!
Herculano
08/05/2019 11:15
SEM INTERDITAR ATAQUES A MILITARES, BOLSONARO COROA O OLAVISMO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Auxiliar diz que presidente sempre escolherá o lado dos filhos contra generais

Jair Bolsonaro escolheu seu uniforme na guerra travada entre militares e o núcleo ideológico do governo. Embora tenha declarado que o conflito era uma "página virada", o presidente deixou o caminho aberto para as pirraças e ofensas disparadas pelo escritor Olavo de Carvalho contra seus próprios auxiliares.

"O Olavo é dono do seu nariz", disse Bolsonaro nesta terça (7), depois de ter elogiado o ideólogo num longo tuíte pela manhã. "Eu recebo críticas muito graves todo dia e não reclamo. Eu engulo sapo pela fosseta lacrimal e estou quieto aqui, ok?"

O presidente não move um dedo para defender o ministro que foi chamado de "bosta engomada", o vice que foi qualificado como "cara idiota" e o ex-comandante do Exército a quem o ex-astrólogo se referiu como "um doente preso a uma cadeira de rodas". Em vez disso, Bolsonaro sugere que todos eles fiquem quietos.

Os últimos comentários do presidente consagram de vez o olavismo como doutrina principal do governo. Bolsonaro parece interessado em fermentar a plataforma radical e populista que rendeu uma onda de votos na campanha, enquanto relega a moderação e os projetos dos generais ao status de linha auxiliar.

Um assessor do presidente diz que, nessa batalha, quem colocar suas fichas nos militares vai perder a aposta. Embora eles continuem com espaço no governo, Bolsonaro sempre escolherá, no fim das contas, o lado em que estiverem seus filhos ?"chefes do fã-clube de Olavo.

Tratada como adversária, a tentativa dos generais de tutelar o governo cede cada vez mais espaço para sandices como a decisão oficial de bloquear verba de universidades consideradas hostis ao governo, como fez o ministro da Educação, ou o discurso de que o controle de armas nos transformaria na Venezuela, como fez o chefe da Casa Civil.

Não existe cessar-fogo se apenas um lado para de atirar. Os militares decidirão se reagem aos disparos, se recuam e cedem terreno ou se abandonam o front. Caso permaneçam imóveis, a guerra parece perdida.
Herculano
08/05/2019 11:08
BOLSONARO ENQUADRA MILITARES, MAS NÃO OS FILHOS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta quarta-feira nos jornais brasileiros

O presidente Jair Bolsonaro ordenou nesta terça (7) que os militares atuando em seu governo parem de alimentar polêmicas, ignorando as provocações nas redes sociais, mas esqueceu de chamar às falas os próprios filhos e a turma do polemista Olavo de Carvalho. Militares têm a hierarquia e a disciplina como cláusulas pétreas, como se diz na caserna, e a tendência é obedecer. Mas os ânimos se acirraram com as referências grosseiras ao general Eduardo Villas Bôas.

FILHOS-PROBLEMA
Enquanto ordenava aos militares a "virar a página", seu filho deputado Eduardo Bolsonaro, alheio a tudo, continuava no ataque.

FALTA AGIR
Generais muito próximos ao presidente disseram a ele ontem que seus filhos precisam ser "parte da solução" e não do problema.

GROSSERIA
Olavo de Carvalho definiu Villas Bôas, ex-comandante muito admirado nas Forças Armadas, como "um doente preso a uma cadeira de rodas".

ATO DE COVARDIA
Líder no Exército e nas Forças Armadas, Villas Bôas emociona os militares com a sua luta pela vida. Atacá-lo, para eles, é ato covarde.

EX DO PT EMPLACA AMIGA NO GOVERNO DO NOVO
O ex-governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT) tem santo forte no governo de Romeu Zema (Novo). Ele conseguiu emplacar a amiga do peito Ana Marta Horta Veloso na presidência da Light, que tem como acionista a empresa estatal Cemig, do governo mineiro. A jogada foi antecipada nesta coluna, em 30 de abril. Ana Marta foi uma aplicada aluna do petista na Faculdade de Economia da UFMG.

DUAS EM UMA
A nova presidente acumula poder e diretoria: será também diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com Investidores da Light.

INGENUIDADE
O neófito Romeu Zema, governador de Minas, vem sendo criticado por sua ingenuidade política, cedendo espaços preciosos a adversários.

NÃO É PARA AMADORES
A ingenuidade de Zema foi tema da convenção do PSDB: o deputado Aécio Neves disse que o governo estadual "não é para amadores".

UNIVERSIDADE 'PLURAL'
O curso de Direito da Universidade Federal Fluminense fará "debate" apenas de um só lado, o do pensamento único, chamado "Críticas ao Projeto de Lei Anticrime: Em defesa do Estado Democrático de Direito".

MINISTRO AFRONTADO
Políticos que defendem a volta do Coaf para o Ministério da Economia afrontam Paulo Guedes. Alegam que, lá, as investigações serão "mais amenas" do que sob a vigilância do ministro Sergio Moro (Justiça).

ÁLCOOL DE MILHO É PODRE
O diretor de Política Agrícola da Conab, Guilherme Bastos, não sabe o que diz. Elogiou o álcool de milho, que, além de poluente, é produzido com energia do petróleo. Ou seja, duplamente poluente.

CRAQUE NO ESPORTE
O governo Bolsonaro marcou ponto importante, fazendo do campeão olímpico Emanuel secretário nacional de Esporte. Ele é casado há 16 anos com a campeoníssima Leila Barros ("Leila do Vôlei"), do PSB-DF.

DOIS SENHORES
Tia Eron (PRB-BA) perdeu o bonde do governo Bolsonaro porque quis aproveitar o mandato de deputada até a última gota, em 31 de janeiro. Com a demora, já assumiu a Secretaria de Promoção Social desgastada com a ministra Damares Alves, que finalmente a demitiu.

ENCONTRO INSTITUCIONAL
Em campanha para continuar, a procuradora geral Raquel Dodge pediu para ser recebida por Bolsonaro no começo da noite desta terça (7). "Adoraria presenciar esse momento", disse um curioso ministro do STF.

JABUTI VEGETAL
Na medida provisória que altera prazos para implementar o Código Florestal, o relator Sérgio Souza (MDB-PR) tenta flexibilizar regras para extração de carvão vegetal, o que não estava no texto original. O deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) conseguiu protelar a votação.

PROJETO É MUITO RUIM
O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral é contra o projeto que altera a lei eleitoral, que anistia partidos que descumpriram a cota do fundão para mulheres. E permite comissões provisórias de até 8 anos.

PENSANDO BEM...
...pauta fundamental no Congresso, ontem, foi ligar a TV no jogão Liverpool x Barcelona, pela Champions
Herculano
08/05/2019 10:58
POR QUE CARALHO XINGA TANTO?, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Guru da família Bolsonaro não está só, palavrões são um universal humano

Se há uma marca no pensamento de Olavo de Carvalho, são os palavrões - e não sei se há muita coisa mais. Na última série de críticas que lançou contra os militares que estão no governo, o ideólogo radicado na Virgínia (EUA) aludiu à parte final do tubo digestivo de um general e se referiu a outro pelo nome mais vulgar da matéria fecal. Por que Carvalho xinga tanto?

Nisso o guru da família Bolsonaro não está só. Palavrões são um universal humano. Não há idioma que não conte com um arsenal de palavras-tabu, quase sempre recrutadas da mesma meia dúzia de campos semânticos: sexo (foda, caralho), excrementos (merda, porra), religião (diacho), doenças e morte (lazarento, cretino) e minorias desfavorecidas (bicha, puta).

Como ensina Steven Pinker em "Do Que É Feito o Pensamento", o que distingue palavrões dos termos mais ordinários da linguagem é a carga emocional que os primeiros encerram. Basta que apareçam numa fala ou mesmo por escrito para que sequestrem nossa atenção. Psicólogos desenvolveram até métodos (uma adaptação do teste Stroop) para medir quanto.

Nosso relacionamento especial com palavrões está tão arraigado no cérebro que o discurso blasfemo parece ocupar vias neuronais exclusivas. Há casos de pessoas que sofrem lesões cerebrais que lhes tiram a faculdade de falar (afasia), mas não afetam a capacidade de praguejar.

Em termos funcionais, o xingamento serve a múltiplos propósitos, que vão da agressividade (provocar o conflito) até a catarse (soltar um "porra" depois de martelar o próprio dedo ou de desperdiçar um pênalti). Em qualquer hipótese, o uso de palavras-tabu se inscreve como uma modalidade de pensamento mágico. É como se a pessoa que recorre ao palavrão estivesse invocando encantamentos que teriam o dom de afetar o mundo. É óbvio que a realidade não funciona assim, mas é um modo de agir que combina bem com quem acredita em astrologia.
Herculano
08/05/2019 10:52
LIVRAI-NOS DOS AMIGOS, por Carlos Brickmann

Diziam do PSDB que era um partido de amigos formado integralmente por inimigos. O bolsonarismo transforma o clima de abraço com punhal nas costas, até então exclusivamente tucano, numa festa infantil: entre adeptos do presidente, o debate já começa pela troca de insultos de baixo calão, sem que se saiba sequer o motivo da briga. Inimigos? Bobagem: Bolsonaro teve a sorte de encontrar, na liderança dos partidos de oposição, pesos-leves como Gleisi Hoffmann e Fernando Haddad. Desses inimigos ele se livra, e com facilidade. Difícil é livrar-se dos amigos, muito mais perigosos.

Nem o mais crédulo dos bolsonaristas poderá acreditar que os ataques que seu filho Carlos 02 desfecha contra aliados não tenham apoio do presidente. Seria humilhante imaginar que um presidente da República, com formação militar, aceite ser comandado por seus filhos. É ele, sem dúvida, o pai dos ataques. Por que faria isso? ?"tima pergunta: ganha uma viagem à Venezuela quem souber respondê-la. Talvez - e isso é palpite, não informação - queira desarticular o Governo para, à maneira de Jânio, voltar nos braços do povo. Jânio, que era um gênio político, falhou. Bolsonaro não é um gênio político.

Os palavrões dirigidos por um aliado, a quem acaba de condecorar, aos militares de seu Governo, atingem não uma pessoa, mas uma instituição. E, se for verdade que todos são traidores, quem terá sido o incompetente que os escolheu? Poucas atividades são tão perigosas quanto brincar com fogo.

LEMBRANDO TROTSKY

O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, assessor do Gabinete de Segurança Institucional, chamou o escritor Olavo de Carvalho, que tem atacado vários militares do Governo, de "Trotsky de direita". Lev Davidovitch Bronstein, "Trotsky", foi, ao lado de Lênin, um dos líderes da revolução comunista russa, e organizou o Exército Vermelho. Quando Lênin morreu, Trotsky perdeu a batalha pela sucessão para Stalin. Foi perseguido mundo afora e finalmente assassinado no México em 1940. Stalin não se importava com o papel de Trotsky na revolução: acusava-o de ser traidor "desde 1917", ano da derrubada da monarquia russa.

Trotsky de direita - neste Governo, ninguém muda de posição, ninguém discorda: todos os atacados "sempre" foram traidores. Há ainda uma inversão de papéis, já que o Trostsky de direita persegue antes de ser perseguido. Mas é sempre útil lembrar um pouco de História.

GOVERNO TEM POVO...

O curioso é que essas brigas internas do Governo acontecem numa hora em que as coisas vão razoavelmente bem. A reforma da Previdência passará, o prestígio de Bolsonaro se desgastou da posse para cá, mas seu apoio ainda é grande - de acordo com a Paraná Pesquisas, 53,1% da população acham que o país está no caminho certo, e 41,4% creem que está no caminho errado. Os bons números se repetem em todas as faixas de idade (exceto a de 16 a 24 anos), em todas as regiões do país (no Nordeste, a vantagem é menor: 49,3% a favor, 46,5% contra), em todas as faixas de escolaridade.

... E APOIO EMPRESARIAL

Na pesquisa do banco BTG/Pactual: entre empresários e executivos, 59% avaliam o Governo como ótimo ou bom, e 10% como ruim ou péssimo.

POR QUE?

Mesmo em condições favoráveis, Bolsonaro&Filhos criam problemas com generais. Não é coisa boa: civis devem mandar, mas xingar é muito feio.

MEXENDO NAS PEÇAS

O senador Fernando Bezerra, do MDB pernambucano, relator da Medida Provisória da reforma administrativa, quer que haja mais ministérios: a pasta de Desenvolvimento Regional deve virar duas, Cidades e Integração. E o presidente Bolsonaro já concordou, em nome da aprovação da MP. Para que o número de Ministérios não supere os atuais 22, uma saída bem brasileira: o Banco Central ganha autonomia, e seu presidente deixa de ser ministro. Só falta convencer os parlamentares, mas prevê-se vitória apertada do Governo.

CUSTO DA PREVIDÊNCIA

O Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, informa que o Brasil é o país que mais gasta com Previdência na América Latina: 12,5% do PIB. Em 2065, se não houver reforma, o custo deve chegar a 50,1% do PIB. É mais do que estará disponível para todas as despesas do Governo.

A APOSTA DO POSTO

O ministro da Economia, Paulo Guedes, declara-se otimista: acredita que o Brasil volta a crescer a partir de julho. O otimismo é maior do que parece: acredita que até julho as reformas estarão aprovadas. "Assim que forem aprovadas as reformas, o Brasil retomará o desenvolvimento". A fase hoje é de desaceleração econômica, com aumento do desemprego. Diz Guedes que não há novidade na desaceleração: "o Brasil está prisioneiro de uma armadilha de baixo crescimento, e nós vamos escapar dela com as reformas".
Renato
08/05/2019 10:40
Limosine do Ciro,
Além da compra do luxuoso sedan, com cambio automatico e com opções de troca no volante, películas escurecidas (será que o Ciro quer se esconder da população), camera traseira, sistema de som touchscreen, pela bagatela de R$ 100.000,00.
O presidente da Câmara e os vereadores do PT não abrem mão do aumento do sálario dos vereadores para R$ 13.000,00 por mes. E o gasto só aumenta no legislativo de nossa cidade com essa mesa diretora...
Miguel José Teixeira
08/05/2019 10:39
Senhores,

Pincei esta no Jornal do Senado:

"Paim condena troca de votos por cargos em ministérios"

A múmia PeTralha, após 13 anos de PaTifarias, acordou-se!

Ministério da Saúde, adverte:

PeTismo causa amnésia!!!
Herculano
08/05/2019 10:37
FÁBRICA DE CRISES, editoral do jornal Folha de S. Paulo

Bolsonaro atiça futricas e adula facção em cruzada delirante contra militares

Com o Brasil ameaçado pelo retorno da recessão, já deveria estar clara para as lideranças a relação entre fiasco econômico e instabilidade política. Deveria, mas não está, como o demonstra o comportamento do presidente da República.

Jair Bolsonaro (PSL) é fonte de incertezas. Sob seu comando, o Planalto desponta como a mais prolífica fábrica de crises nacionais.

O supremo mandatário estimula bate-bocas sobre o nada, promove futricas acerca de coisa nenhuma, desperdiça tempo a adular uma facção amalucada, na qual estão incluídos seus filhos, que deliram numa cruzada de botequim contra a elite das Forças Armadas.


Neste fim de semana, a comunicação do presidente da República foi o veículo de nova estocada dessa banda de lunáticos contra o ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo).

Instado pela exumação de trecho de uma entrevista velha do general e pela leitura enviesada também inventada por aquela franja de boçais, de que ele ali defendera o controle de mídias sociais, o chefe do Executivo publicou uma admoestação oblíqua ao seu ministro.

Seu governo, escreveu Bolsonaro, não promoveria regulação das redes sociais. Àquela altura, Santos Cruz já era alvo de mais uma campanha de insultos, promovida entre outros pelo ideólogo Olavo de Carvalho, que nada costuma fazer apartado dos filhos do presidente, em especial do vereador Carlos.

A incapacidade, ou a falta de vontade, de Jair Bolsonaro de colocar um freio na sua turma reforçou-se nesta terça (7), quando voltou a divulgar palavras de admiração a Olavo, que fora criticado pela maior liderança moral do Exército, o ex-comandante e general da reserva Eduardo Villas Bôas.

O tal guru presidencial não se fez de envergonhado e pôs-se novamente a enxovalhar o comando do Exército, criticando-o por escudar-se num "doente preso a uma cadeira de rodas" ?"Villas Bôas sofre de uma doença degenerativa.

De um copo d'água, Jair Bolsonaro conseguiu fazer outra tempestade. Inimigos do Congresso, do Supremo e dos corpos regulares do Estado, os celerados do Twitter esfregam as mãos. Com a ajuda do presidente, expuseram oficiais das Forças Armadas, dentro e fora do governo, à humilhação.

A saída do governo de quadros como Santos Cruz significaria um triunfo para esse nicho autoritário. A sua permanência, no entanto, torna-se cada vez mais custosa, dada a doçura que o chefe de Estado dispensa aos arruaceiros que orquestram a difamação dos oficiais.

Tudo isso reforça a percepção geral de bagunça e falta de rumo no governo federal. O Brasil não retomará o crescimento nesse ambiente. Arrisca-se, pelo contrário, a enveredar por uma nova espiral de destruição de renda e empregos.

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