Silvio Cleffi bota o dedo na ferida que faz de Gaspar ter a passagem de coletivo urbano mais cara do Vale do Itajaí, com concessão precária e serviço ruim - Jornal Cruzeiro do Vale

Silvio Cleffi bota o dedo na ferida que faz de Gaspar ter a passagem de coletivo urbano mais cara do Vale do Itajaí, com concessão precária e serviço ruim

10/04/2019

Um requerimento aprovado ontem a noite na Câmara de Vereadores, pode levar ao debate público e “descobrir” a razão pela qual as tarifas das passagens dos ônibus urbanos de Gaspar são as mais caras do Vale do Itajaí: R$4,80 esfolando trabalhadores, os mais pobres, desempregados e estudantes.

Tudo sem contrapartida. As reclamações são intensas e constantes quanto ao conforto e principalmente quanto à disponibilidade para horários e rotas, bem como até à falta de linhas para determinadas localidades e principalmente nos finais de semana.

O vereador Silvio Cleffi, PSC, quer “informações referentes ao aumento na passagem do transporte coletivo urbano, do valor de R$4,50 para R$4,80, uma vez que o valor médio de nossa região gira em torno de R$4,10, assim sendo requer: qual ou quais os critérios são utilizados para se chegar ao valor da passagem? Qual o critério utilizado para este e os últimos três aumentos? E qual foram os valores e quando entraram em vigor? Qual o motivo pelo qual, em aproximadamente dois anos, não foi realizado um edital para abertura de livre concorrência?  Encaminhar cópia do contrato e TODOS os aditivos celebrados entre a Prefeitura do município de Gaspar e a empresa prestadora do serviço de transporte coletivo; qual o contrato que ampliou o período da concessão e por quê?”

Eu abri este artigo, dizendo que o requerimento pode abrir o debate. E por que apenas, pode, e não necessariamente levará ao debate?

É que tema é árido, é construído em submundos das planilhas, da falta de transparência quase secular e não é para amador, vereador Silvio. Se quiser entrar nesta dividida é preciso estar preparado, ter estômago, conhecer o que se fez e se faz em outros municípios que resolveram enfrentar esse problema de frente, entender os bastidores quentes desse ambiente, porque do outro lado, os profissionais estão com a faca e o queijo na mão para a “conversa” mole, as planilhas infladas e principalmente, para a chantagem repetida que fazem para tremer qualquer político à beira das eleições: instalar o caos com o deus dará.

É simples de entender: toda vez que se ameaça se conhecer os labirintos desse assunto secreto ou não atender os pleitos dos transportadores, eles dizem que não possuem interesse no serviço e ameaçam ir embora, e em alguns casos até vão, deixando a população a pé, com o sacrifício e o prejuízo.

E aí, que é feita uma equação que esfola os usuários do transporte coletivo, a parte mais fraca nessa história toda, a que paga: e neste caso, a que paga a mais cara passagem do Vale do Itajaí. E se não for conforme o jogo dos poderosos corre-se o sério risco de não se ter transporte coletivo disponível para o povo? E eles sabem que a maioria dos políticos, com intenção de reeleição, não quer pagar para ver o resultado dessa convulsão.

Resumindo: quem quiser colocar tudo em pratos limpos e buscar uma passagem mais barata, corre o sério risco de levar a culpa de todas as mazelas armadas nos bastidores num conluio que envolvem empresários e políticos.

Os vereadores de Gaspar são testemunhas desse jogo. A própria Caturani que faz o serviço aqui, que não tinha experiência e na concessão emergencial se habilita à concessão definitiva, já foi à tribuna, trabalhou nos bastidores para pedir mudanças na legislação para continuar na prestação dos serviços e impedir com concorrência que alegava ser desleal.

Então.... Atendeu-se, mas nada refletiu na diminuição do preço da passagem como alegava ver atendida o seu pleito, muito menos, foi melhorada a prestação de serviços.

Outra. Neste assunto estão casadinhos políticos, gestores e empresários. A briga, se e quando acontece, em 99,9% dos casos é apenas de fachada. Os interesses são comuns. E a solução, tem preço e quem paga é o povo mais humilde.

Quem quer resolve, mas há riscos e perdas mútuas. Então...

Quer exemplo dessa relação complicada neste setor que não é só em Gaspar, mas em todo o Brasil? Não precisamos ir ao Rio de Janeiro, onde o ex-governador Sérgio Cabral, MDB, didaticamente nos diz como lá esse assunto sempre funcionou.

Por anos, diversos prefeitos – de vários partidos - da vizinha Blumenau não colocaram o dedo na ferida no consórcio de Blumenau que reunia as empresas Glória, Rodovel e Verde Vale. Era um saco de gatos. Os prefeitos foram levando de barriga até que o sistema se tornou inviável. Virou uma bomba e obrigou o ex-prefeito Napoleão Bernardes, na época no PSDB, a uma decisão radical e para a qual as empresas, empresários e até o Sindicato de trabalhasores não contavam, ainda mais, às vésperas de uma reeleição, pois achavam que diante do impasse, teriam a vantagem outra vez de embarrigar e passar a conta para o povo.

Napoleão, ao romper com o consórcio da época, teve a sorte de uma tal Piracicabana a socorre-lo, numa situação precária e emergencial. Ela depois ficou com a concessão por licitação.

Não é preciso ir também a Blumenau que radicalizou para colocar o seu serviço de transporte coletivo minimamente em ordem, com planilhas e tarifas sob controle e até, transparência.

Pedro Celso Zuchi, PT, foi o prefeito que implantou o serviço em Gaspar no seu primeiro mandato. Ele quebrou o improviso de décadas da Verde Vale que nem concessão tinha. Usava a intermunicipal – ou as linhas privadas para as têxteis -  e fazia de Blumenau o verdadeiro Centro de Gaspar. 

Ganhou a Viação do Vale, da família Berger, de São José. Não cumpriu o edital que venceu. E se enrolou na Justiça por quase 15 anos, chupou até o bagaço e foi embora, pouco tempo antes de terminar a concessão, alegando inviabilidade econômica e até está na Justiça pedindo compensações.

E a partir de então, começou a improvisação. Ela perdura até hoje. Nem Zuchi no seu terceiro mandato, nem Kleber Edson Wan Dall, MDB, no primeiro e que na campanha prometeu soluções, foram capazes para tal. Faltou-lhes determinação política e administrativa em favor dos mais pobres que dizem defenderem quando estão à cata da maioria de votos, pois sem eles não se elegem.

Estamos, como em outros municípios, nas mãos dos profissionais do improviso. E quem está pagando o preço disso? Os mais pobres e a cidade que não possui um sistema mínimo, estruturado, decente e integrado de transporte coletivo.

Vereador Silvio: neste assunto, quando pior, melhor e para poucos. Acorda, Gaspar!

Vão faltar recursos para a reurbanização da Bonifácio Haendchen, no Distrito do Belchior

Nesta quinta-feira, dia 11, às sete e meia da noite, na Escola Frei Policarpo, a equipe da prefeitura de Gaspar – e lá deverá estar o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, que disse estar programado para isso -  vai jurar – mais uma vez -  que a reurbanização da Rua Bonifácio Haendchen, a principal rua do Distrito do Belchior e da “Rota das Águas - vai começar ainda este ano. A não ser por um detalhe: se a Caixa Econômica complicar o que já está complicado desde o meado do segundo governo petista de Pedro Celso Zuchi e Marluci Deschamps Rosa.

Esta audiência é um circo. É para livrar a cara da vereadora Franciele Daiane Back perante os seus desconfiados eleitores. É que Kleber a trouxe para o seu lado na noite da apuração dos votos, sem qualquer aval do PSDB. O prefeito viu que lhe faltava à maioria na Câmara para a tal governabilidade. Então, espertamente, ele prometeu o céu à vereadora, que já tinha sido assessora parlamentar do vereador Jaime Kirschner, MDB, e o derrotou exatamente naquele ano, no seu reduto eleitoral.

A adolescente, sem orientação partidária, e obedecendo gente ligada ao MDB que sempre gravitou no PSDB, aceitou à oferta noturna como se fosse uma conquista para dançar do baile do poder. Usou o salão, mas não pode escolher a música. Quase três anos depois, a conta está chegando aos poucos.

Fiel, sem contrapartidas, Franciele em mais uma manobra feita há duas semanas na votação do diretório tucano que entregou e o tornou puxadinho do MDB de Kleber, está desconfiada que toda essa sua fidelidade e esforço estão se esvaindo no principal discurso que teve de campanha, ou seja, que era dar ao povo do Distrito, a tal reurbanização do Bonifácio, cujas melhorias em toda a sua histórias foram marcadas por sacrifícios e firme intervenção e barganha de seus líderes contra os políticos do poder de plantão daqui do outro lado da cidade.

E no centro da polêmica, não está exatamente a Caixa, mas a equipe técnica da prefeitura. Ela por falta de orientação, não consegue focar e resolver os problemas para correção apontados pela Caixa. Essas correções são obrigatórias. Só elas permitirão à liberação do financiamento, bem como o uso desses recursos por outras obras no município.

Resumindo, quando tudo estiver sanado, faltarão verbas federais para executá-la. Foi isso que alertei em dois artigos anteriores.

Diante deles, e das conversas que a vereadora manteve com técnicos envolvidos no projeto tanto na prefeitura como na Caixa, ela ficou com a pulga atrás da orelha. Então resolveu fazer um requerimento ao prefeito Kleber para documentar à dúvida e ao mesmo tempo, ter um álibi a seu favor para a campanha do ano que vem se a obra não começar ou não se concluir. Poderá ser tarde, mas...

O que diz o requerimento de Franciele e que sinaliza que há algo podre no reino sobre este financiamento aprovado desde 2013. 

Requerimento mostra que recursos da Bonifácio estão diminuindo 

Com um limite de adquirir o valor de R$26.181.824,90, do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC) - Programa Pró-Transporte - qual o valor que ficou para a reurbanização da Rua Bonifácio Haendchen?

Volto: quase nada, certamente. O município não pode ficar com o dinheiro parado na Caixa, depreciando. Tem que usar naqueles projetos que já estão aprovados e que normalmente são mais caros do que o estimado, isso sem falar nos aditivos que abundam

Diz o requerimento: “Ainda, no Projeto de Lei nº 29/2013, aprovado nesta Casa de Leis por unanimidade dos vereadores, consta no Art. 1º, parágrafo 1º, inciso I que o valor da carta consulta é de R$18.910.031,00 destinado para as Ruas Bonifácio Haendchen, Artur Poffo, Pedro Schmitt Júnior, Carlos Roberto Schramm e Loteamento Margem Esquerda. Destas, apenas o loteamento e a Rua Bonifácio Haendchen não estão prontas, sendo que a estrada geral do distrito Belchior nem ao menos teve a obra iniciada. Por quê?

Volto. Porque faltou foco, liderança para conduzir e amarrar esses processos e vontade política do antigo e atual prefeito. A Bonifácio vai ficar com as sobras desse financiamento e se houver, talvez nem para começar. O município se quiser atender a vereadora e salvar a sua pele, bem como buscar votos para a reeleição, terá que botar dinheiro da própria prefeitura. Isso não é especulação, nem matemática, é conta aritmética simples.

Diz o requerimento: “Sabendo que o financiamento foi aprovado em 2013 e estamos no ano de 2019, houve alguma dificuldade na elaboração do projeto ou impossibilidade? Especificar quais dificuldades”. Bom essa resposta a vereadora já soube várias vezes e não foi por esta coluna, nem das vozes das ruas, mas dos próprios técnicos da secretaria de Planejamento Territorial e da Caixa Econômica. Talvez, terá na resposta deste documento, se ele não se estabelecer mais uma vez na enrolação.

A vereadora apostou alto nas promessas e não cuidou da mesa da banca que lhe deram para cuidar. Agora, poderá ser tarde. Política não é coisa para amadores, e eleitores também não gostam de amadores que não são respeitados nos acordos que fazem e mesmo assim, continuam fiéis a seus algozes.

Amanhã a vereadora e a comunidade terão à oportunidade de reverter tudo isso. Em outubro de 2020, o sabor poderá ser mais amargo. Acorda, Gaspar! 

TRAPICHE

Na repartição política de poder na Câmara, Renê Von Hohendorff Müller, foi nomeado mais um assessor de imprensa da Câmara de Gaspar. De passagem efêmera, saiu Ricardo Lunge e antes dele, Suellen dos Santos Venturini.

Normalidade na discussão do reajuste dos funcionários públicos. Derrotado na intenção de criar uma sessão extraordinária para atropelar a discussão deste assunto na Câmara, a prefeitura enviou o ofício nº 175/2019 para a retirada do ofício nº 142/2019 para convocação de Sessão Extraordinária para votação dos Projetos de Lei nº 14/2019 e nº 15/2019.

E para isso, justificou que o pagamento dos servidores públicos municipais relativo ao mês de março já foi efetuado, e a votação dos projetos em questão poderá ocorrer até o final do corrente mês, para lançamento do reajuste na próxima folha. E precisava esse atropelamento?

 

Edição 1896

Comentários

Miguel José Teixeira
11/04/2019 15:15
Senhores,

Diante do texto abaixo, vale perguntar: já imaginaram o tamanho da tragédia, caso a Capital Federal ainda fosse no Rio de Janeiro???

(sobre a transferência da Capital sugiro o link:
https://www.tjdft.jus.br/institucional/gestao-do-conhecimento/centro-de-memoria-digital/historico/brasilia/trasnferencia-da-capital-para-o-centro-oeste)

Visão do Correio (Braziliense), hoje.

Um basta ao descaso

O caos que se vê no Rio de Janeiro é reflexo de décadas de descaso, incompetência e descompromisso dos governantes que foram eleitos justamente para evitar a tragédia que horroriza a todos. O Rio, no entanto, não é um caso isolado. É o resumo do Brasil. Infelizmente, a cidade, o principal cartão-postal do país, foi abatida por chuvas torrenciais, que explicitaram o despreparo das autoridades para enfrentar eventos provocados pela natureza.

Certamente, se o dilúvio tivesse caído em qualquer outro centro urbano, como Brasília, Belo Horizonte ou São Paulo, os estragos seriam semelhantes. Com raríssimas exceções, os municípios brasileiros não se prepararam para lidar com catástrofes. Além de não haver capacitação técnica entre os funcionários das prefeituras, os órgãos que poderiam dar assistência à população em momentos de emergência estão sucateados.

Está claro que, enquanto não houver investimentos em prevenção, desastres como os dos Rio vão se repetir. Há quantos anos o país assiste, atônito, a desabamentos e mortes provocados por chuvas? Há quanto tempo se sabe que a ocupação desordenada das cidades abriu uma avenida para enchentes e perdas de vidas? O mais assustador é ver os governantes, que deveriam honrar os cargos que ocupam, num jogo de empurra, quando não alheios ao que está se passando.

O descaso impera em todas as esferas de governo. Prefeitos, governadores e o próprio presidente da República não se mostram empenhados em dar as respostas na velocidade que a população espera. Pior: não se antecipam aos fatos. Voltemos ao Rio. O temporal que atingiu a cidade foi o terceiro do ano. Nos dois anteriores, foram muitas as mortes. Antes de as chuvas mais recentes desabarem, a Defesa Civil já havia emitido alertas sobres os riscos iminentes. Nada foi feito.

Até quando veremos esse filme de terror se repetir? Quantas vidas mais serão perdidas? É muito fácil para as autoridades de plantão dizerem que faltaM recursos para tocar obras essenciais que possam conter os estragos provocados pela natureza. Mas cadê a eficiência? Quando se quer fazer uma boa gestão, a quantidade de dinheiro de recursos em caixa não é primordial. São vários os casos de que, mesmo na escassez, administradores conseguiram executar programas de prevenção que deveriam ser copiados.

O Rio, infelizmente, é o extremo da desorganização administrativa. O Estado teve cinco governadores presos ?" dois deles continuam atrás das grades por corrupção. Na sede da capital, seguidos prefeitos se esquivaram dos problemas que afligiam os moradores. Não à toa, um governo paralelo, comandado pelo crime organizado, tomou conta da tão cantada cidade maravilhosa (ainda é justificável esse título?) e se espalhou por quase todo o estado. As chuvas foram o que faltava para evidenciar que chegou a hora do basta. A sociedade não pode mais aceitar, passivamente, ser tratada com tanto desrespeito.
Herculano
11/04/2019 11:44
A PRAGA PETISTA

De Guilherme Fiúza, no twitter:

Danilo Gentili com prisão decretada, José Dirceu soltinho da Silva, Dilma fazendo palestras pelo mundo sobre a roubalheira do bem, institutos de pesquisa, parte da imprensa, ministério público e judiciário sabotando geral - e ainda dizem que a praga petista é coisa do passado.
Herculano
11/04/2019 11:34
MANCHETES DE HOJE NA MÍDIA CATARINENSE E O TREND TOPICS NAS MÍDIAS SOCIAIS MOSTRA QUE OS 100 DIAS DO GOVERNO DE CARLOS MOISÉS DA SILVA, PSL, TEVE UM SABOR AMAGO DITADO PELO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

FALTOU, MAIS UMA VEZ, CAPACIDADE PARA O GOVERNO DO ESTADO ENTENDER O JOGO DE FORÇAS DO MUNDO POLÍTICO E FAZER DO LIMÃO, UMA LIMONADA, MESMO QUE AMARGA.
Herculano
11/04/2019 11:30
OS PREFEITOS E VEREADORES NO PODER plantão ESTÃO COM MEDO DOS VENTOS DE MUDANÇAS E POR ISSO, ESTÃO BATENDO PALMAS PARA O CASUÍSMO PROPOSTO PELO DEPUTADO FEDERAL, ROGÉRIO PENINHA MENDONÇA, MDB, PARA ESTICAR POR DOIS ANOS, O MANDATO DELES.

PENINHA POR POUCO NÃO FICOU NO CAMINHO NA ÚLTIMA ELEIÇÃO E ESTÁ ARRUMANDO O DISCURSO PARA A PR?"XIMA ELEIÇÃO DELE. Só ISSO.

E A ALEGAÇÃO DE QUE SE GASTA MUITO PARA SE FAZER AS ELEIÇÕES, DINHEIRO AGORA TIRADO DO BOLSO DO POVO EMPOBRECIDO, É BALELA PARA O CASUÍSMO DO MEDO.

SE OS GASTOS COM POLÍTICOS FOSSEM REALMENTE UMA PREOCUPAÇÃO, ELES MESMOS CORTARIAM NA CARNE OS VENCIMENTOS ALTÍSSIMO DELES E MORDOMIAS, BEM COMO VOTARIAM O FIM DOS PRIVILÉGIOS NA PREVIDÊNCIA QUE BARGANHAM E OU ENTÃO, SE ELIMINARIAM AS ELEIÇõES, DEVIDO AO SEU ALTO CUSTO, O CUSTO DA DEMOCRACIA
Roberto Basei
11/04/2019 11:16
E AGORA AOS BATEDORES DE PANELAS.

De um ministério da economia com 5 secretárias, passa para 21 secretarias.

incorpora dois ministérios e se cria 7 sub ministros.

Mudamos tudo isso dai 'TALKEI"
Herculano
11/04/2019 11:07
DE CABEÇA PARA BAIXO, de Carlos Alberto Sardenberg, no jornal O Globo

Municípios estão quebrados. Dezenas foram criados em anos recentes; a maioria sem a menor condição de gerar receitas

Futebol de praia, jogo oficial, bola alta na área: o jovem atacante tenta a bicicleta, fura espetacularmente e se estatela na areia. O experiente técnico, quase um educador, observa, meio conformado: meu filho, você de cabeça para cima já não é lá essas coisas...

Pois tem muita jogada aqui no Brasil que está de cabeça para baixo. Pacto federativo, por exemplo. Prefeitos fazem marcha a Brasília para exigir participação maior no bolo tributário nacional. Querem mais dinheiro distribuído pelo governo federal. O presidente Bolsonaro vai lá e recolhe aplausos ao garantir que vai entregar.

Qual dinheiro?

O governo federal está quebrado, lutando para conseguir um déficit de R$ 139 bilhões neste ano, que será o sexto rombo anual seguido. Também, claro, o sexto ano seguido de crescimento da dívida pública.

Para voltar ao superávit e estancar a expansão da dívida, o governo federal precisa de um ajuste (uma combinação de mais receita e menos despesa) de R$ 300 bilhões.

Isso quando a carga tributária já é muito pesada, e os serviços públicos carecem de tudo, de material a profissionais.

Nisso, o pessoal do Ministério da Economia ainda arrisca a bicicleta. Promete reduzir impostos e distribuir mais para estados e municípios.

Os municípios estão quebrados. Dezenas foram criados em anos recentes, a maioria sem a menor condição de gerar receitas próprias. A Constituição de 1988 distribuiu mais impostos para os municípios. As prefeituras, em regra, aumentaram os gastos de pessoal e diminuíram as despesas com prestação de serviços. São, geralmente, inviáveis.

Neste caso, jogar de cabeça para cima seria eliminar municípios, fazer fusões ?" o que no mínimo reduziria os gastos com estruturas de prefeituras e câmara de vereadores.

Sem condição política. E lá se vão os prefeitos tentar a bicicleta em Brasília.

Pertence a esse mesmo tipo de jogada a tentativa de lideranças políticas e econômicas de introduzir os temas, digamos, do novo século. Uns dizem, por exemplo, que a política monetária clássica ?" dos regimes de meta de inflação ?" já não funciona. Vai daí que o BC deveria reduzir a taxa básica de juros para um nível inferior ao da inflação e despejar dinheiro no mercado para estimular o crescimento.

Em países cujos BCs lutam para conseguir elevar a inflação de zero para 1% ao ano, com décadas seguidas de estabilidade monetária e fiscal, aquela já é uma ideia de cabeça para baixo. Aqui no Brasil, onde uma inflação de 4,5% ao ano é um golaço, a sugestão também não para de pé.

Vão pelo mesmo caminho as teses progressistas, pelas quais "não basta" fazer o ajuste para a recuperação do crescimento. É necessário, dizem, investir e gerar empregos.

Ora, por que não há investimentos? Porque um Estado inchado e quebrado segura a economia e atrapalha o empreendedor privado. Ou seja, por falta de ajuste monetário (inflação baixinha com juros idem) e equilíbrio das contas públicas.

Vamos reparar: há 25 anos se discute a implantação da idade mínima de aposentadoria no Brasil. E ainda tem gente dizendo "não basta a reforma da Previdência".

Há 25 anos que o Executivo e o Congresso se dedicam a criar impostos e infernizar a vida do contribuinte honesto. E tem gente dizendo que "não basta" a reforma tributária.

Além de equívoco, tem uma malandragem aí. É difícil defender um sistema previdenciário e um setor público que privilegiam escandalosamente os que ganham mais e têm mais privilégios, como estabilidade e aposentadorias integrais. Os números aqui são fatais.

Daí a tentativa de tirar a importância daquelas reformas. Dizer que se precisa de mais investimento público ?" ou seja, mais gasto ?" é mais bacana do que defender ajustes e sacrifícios.

É enganação querer que tudo mundo jogue de cabeça para baixo.

Mas, sem briga, vamos propor um acordo: depois de votar e implementar a reforma da Previdência e a tributária, depois de começar a cortar privilégios de parte do funcionalismo, depois que a inflação estiver inteiramente controlada, depois de reduzir o Estado com privatizações, vamos então começar a tratar do que mais falta fazer.

E aí a gente vai descobrir que bastava, sim, fazer aquelas coisas.
Herculano
11/04/2019 11:04
BOLSONARO FAZ ATO NO PLANALTO PARA CELEBRAR 100 PRIMEIROS DIAS DE GOVDERNO

Governo diz que cumpriu 35 metas estabelecidas para os primeiros 100 primeiros dias. Nesta quinta, presidente assinou 18 decretos e projetos relacionados às metas.


Conteúdo do portal G1. Texto de Guilherme Mazui, Laís Lis e Luiz Felipe Barbiéri, de Brasília

O presidente Jair Bolsonaro participou nesta quinta-feira (11), no Palácio do Planalto, de uma cerimônia em celebração aos 100 primeiros dias de governo. Eleito em outubro, Bolsonaro tomou posse em 1º de janeiro.

No primeiro mês de governo, a Casa Civil apresentou 35 metas prioritárias para os primeiros 100 dias de gestão, completados nesta quarta-feira (10).

Na solenidade desta quinta, o presidente assinou 18 projetos e decretos relacionados às metas.

Entre as metas estavam o envio do pacote anticrime e anticorrupção ao Congresso Nacional, a implantação do 13º salário aos beneficiários do Bolsa Família e o combate a fraudes no INSS.

Escalado para abrir o evento, o porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, disse que o governo conseguiu cumprir as 35 metas estabelecidas no início da gestão para os 100 primeiros dias.

"O sucesso das ações realizados nos primeiros 100 dias de governo sob a liderança de Jair Bolsonaro ratificam o compromisso de transformar o Brasil. Muito já foi feito é verdade, mas a estrada para o futuro que se descortina nesse momento alvissareiro ainda exigirá os nossos esforços para pavimentá-la", declarou.

Em um discurso curto após assinar os decretos e os projetos, Bolsonaro elogiou a equipe de ministros, os servidores militares do governo e a base aliada no Congresso e afirmou que, além das 35 metas estipuladas para os 100 dias de governo, sua gestão planeja outras medidas. Ele deu como exemplo o projeto de reforma da Previdência enviado em fevereiro ao Congresso Nacional.

"Foram estabelecidas metas em todos os setores, divididos nos eixos social, infraestrutura, econômico, institucional e ambiental. Ressalto que além das 35 ações estipuladas, diversas outras ações estão sendo planejadas pelo Executivo" (Jair Bolsonaro)

Balanço dos 100 dias
Ao final da cerimônia no salão nobre do Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, concedeu uma entrevista coletiva para fazer um balanço dos primeiros 100 dias de gestão.

Segundo o ministro, o governo cumpriu "muito mais" do que as 35 metas propostas nos primeiros 100 dias, contudo, admitiu que algumas das ações seguem em andamento.

"O governo, ao longo desses dias, cumpriu muito mais dos que as 35 metas propostas. Inclusive, vários decretos e projetos de lei foram assinados neste momento mostrando a preocupação de o governo ter caminhado para a redução do seu tamanho", disse Onyx.

Questionado sobre se o governo não exagerou ao anunciar que cumpriu as 35 metas propostas para os 100 primeiros dias na medida em que muitas iniciativas ainda não foram concluídas, ele afirmou que "tem coisas que não dependem só da gente, tem coisas que dependem do Congresso Nacional".

"Existem ações que precisavam estar delimitadas e apresentadas. Como o estudo em casa, a questão do Banco Central. São coisas que vão se prolongar. Nosso compromisso era ter uma ação dentro dos 100 primeiros dias que mostrassem que o governo estava trabalhando nisso", justificou.

Reforma da Previdência
Articulador político do Palácio do Planalto, Onyx Lorenzoni também afirmou aos jornalistas que, na avaliação dele, "seguramente", a reforma da Previdência será aprovada no primeiro semestre deste ano.

De acordo com o ministro da Casa Civil, o governo pretende, assim que for aprovada a proposta de mudança das regras previdenciárias, realizar outras mudanças estruturais, como a reforma tributária.

"Iniciaremos no segundo semestre a descentralização dos recursos para estados e municípios. Iremos caminhar para uma reforma tributária que simplifique o sistema", enfatizou.

Onyx comentou ainda o relacionamento do governo com o Congresso Nacional. Questionado sobre o novo modelo que o governo pretende adotar para conquistar apoio no parlamento já que o Planalto se recusa a conceder cargos em troca de votos, o ministro disse que não existe uma fórmula.

"Primeiro, quem não quis o toma lá, da cá foi a população brasileira quando elegeu 240 novos deputados federais, 45 senadores, e quando elegeu o mais improvável dos candidatos. Ibope, Datafolha, a maior parte e boa parte da mídia brasileira, o derrotou o tempo todo."

Decretos e projetos
Confira quais são os 18 decretos e projetos assinados nesta quinta-feira por Bolsonaro no evento dos 100 dias do governo:

"Revogaço": o decreto que revoga 250 decretos considerados desnecessários. Segundo o governo, o "revogaço" tem como objetivo simplificar a base de normas do país.

Revogação de conselhos: o decreto extingue os colegiados da administração pública federal criados antes de 1º de janeiro de 2019 e cuja recriação não seja proposta de imediato.

Extinção de cargos efetivos vagos: o decreto extingue cargos efetivos vagos e que vierem a vagar dos quadros de pessoal da administração pública federal.

Instituição do Comitê Interministerial de Combate à Corrupção: decreto que cria o Comitê Interministerial de Combate à Corrupção para assessorar a elaboração, implementação e avaliação de políticas públicas de combate à corrupção. O comitê será coordenado pelo ministro da Controladoria-Geral.

Termo de compromisso com a integridade pública: ato assinado entre os ministérios da Agricultura, Saúde e Controladoria-Geral da União para fortalecer o combate à corrupção com o fortalecimento da cultura de integridade nos órgãos e entidades do governo.

Unificação de tratamento: decreto que determina o uso dos pronomes de tratamento "Senhor" e "Senhora" para o tratamento de autoridades, inclusive em cerimônias.
Vedando o uso de pronomes ou formas de tratamento como "Vossa Excelência" e "Doutor", "ressalvados os casos em que haja previsão legal ou exigência de outros Poderes e entes federados". O decreto também exclui da regra as comunicações com autoridades estrangeiras e organismos internacionais.

Conversão de multas ambientais: o decreto simplifica o processo de conversão de multa simples em serviço de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente.

Política Nacional de Turismo: decreto institui a Política Nacional de Turismo tem como desenvolver segmentos turísticos relacionados ao Patrimônio Mundial Cultural e Natural do Brasil.

Política Nacional de Alfabetização: decreto que implanta a Política Nacional de Alfabetização e estabelece as diretrizes para as futuras ações e programas do governo de redução do analfabetismo.
Regulamentação da Lei Brasileira de Inclusão: decreto que estabelece as diretrizes para modificações em veículos para compor frotas de táxi e de locadoras de veículos acessíveis.

Política Nacional de Drogas: decreto aprova a nova Política Nacional de Drogas.

Doação de Bens: o decreto permite que a iniciativa privada colabore com o poder público permitindo a doação de bens móveis e serviços, sem encargos, para órgãos e entidades da administração pública federal. Estas doações serão livres de ônus e encargos e serão efetivadas através de um portal e de chamamento público.

Portal único "gov.br": o decreto institui portal único para a reunião das informações institucionais, das notícias e dos serviços públicos disponibilizados pelo Governo Federal.

Conselho Nacional de Política Energética: a resolução aprova a minuta de termo aditivo de revisão do contrato de cessão onerosa, firmado entre a União e a Petrobras em 2010.

Autonomia do Banco Central do Brasil: envio ao Congresso Nacional do projeto de lei complementar que garante autonomia ao Banco Central.

Bolsa Atleta: envio ao Legislativo de projeto de lei ordinária que altera a legislação que institui o Programa Bolsa Atleta. Segundo o governo, a intenção é expandir o alcance do programa.

Ensino domiciliar: o projeto que será enviado ao Congresso visa regulamentar a educação domiciliar no país. A proposta, segundo o governo, traz "requisitos mínimos que os pais ou responsáveis legais deverão cumprir para exercer" a opção de ensino, como o cadastro em plataforma que será criada pelo Ministério da Educação e possibilidade de avaliação.

Indicação de dirigentes de instituições financeiras: o projeto que será encaminhado ao parlamento padroniza o procedimento adotado para instituições públicas e privadas para a nomeação dos seus dirigentes, passando a prever que os dirigentes e administradores de bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa, tenham que ser aprovados pelo Banco Central, usando critérios que serão estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional.

As 35 metas
Veja abaixo as metas anunciadas pelo governo como prioritárias para os primeiros 100 dias de gestão:

Estímulo à Agricultura Familiar
13º Benefício do Bolsa Família
Programa Bolsa Atleta
Implantação do Centro de Testes de Tecnologias de Dessalinização
Programa Ciência na Escola
Plano Nacional de Segurança Hídrica (PNSH)
Combate às fraudes nos benefícios do INSS (já implementado)
Redução da Máquina Administrativa
Intensificação do processo de inserção econômica internacional
Vinculação da autorização de concursos públicos à adoção de medidas de eficiência administrativa
SINE Aberto
Alfabetização Acima de Tudo
Privatizações no Setor de Transportes
Decreto de Facilitação da Posse de Armas
PL Anticrime
Apoio à Operação Lava Jato
Aprimorar o Sistema de Recuperação Ambiental
Plano Nacional para Combate ao Lixo no Mar
Viabilizar o leilão do excedente da cessão onerosa
Campanha nacional de prevenção ao suicídio e à automutilação de crianças, adolescentes e jovens
Regulamentação de Partes da Lei Brasileira de Inclusão
Educação domiciliar
Redução tarifária do Mercosul
Retirada do Brasil do padrão de passaporte do Mercosul e retomar o Brasão da República como identidade visual nesse documento
Fortalecer a vigilância e aumentar a cobertura vacinal
Melhorar o ambiente de negócios do turismo e potencializar a atração de investimentos para o Brasil
Reestruturar a Empresa Brasileira de Comunicação
Racionalizar e modernizar estruturas e processos ministeriais
Regras e critérios para ocupação de cargos de confiança no Governo Federal
Programa Um por Todos e Todos por Um! Pela Ética e Cidadania
Criação do Comitê de Combate à Corrupção no Governo Federal
Sistema Anticorrupção do Poder Executivo Federal
Atendimento eletrônico de devedores dos órgãos federais
Independência do Banco Central
Critérios para Dirigentes de Bancos Federais
Herculano
11/04/2019 10:54
GOVERNO E SEITA, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Bolsonaro se dedicou muito mais nesses primeiros cem dias a defender sua pauta de costumes e valores

Nos cem primeiros dias do governo Bolsonaro, já dá para ver que temos dois governos, um que funciona, outro que parece uma seita religiosa sem um líder ou, pior, com líderes atrapalhados, que às vezes pode ser o próprio presidente, outras é o guru dele, o professor on-line Olavo de Carvalho, que vem acumulando poder na mesma proporção que provoca confusão.

Seus seguidores, especialmente os filhos de Bolsonaro, ouvem seus conselhos e nomeiam e desnomeiam ministros baseados neles, com facilidade assustadora. São uma fonte de incertezas, e muitos, entre eles membros do núcleo militar que Olavo vem inutilmente chamando para um bate-boca virtual, consideram que estão atrapalhando a recuperação da economia.

O balanço deste início de governo não é positivo, e essa constatação já aparece na queda da popularidade do presidente. Mas houve pontos relevantes. O governo andou no caminho certo em áreas importantes: economia e segurança pública, além da infraestrutura, que está dando consequência à decisão de privatizar setores básicos para o desenvolvimento.

Mas andou irremediavelmente errado em setores essenciais, como a Educação e as Relações Exteriores. O ministro Ernesto Araújo continua desmontando o que considera o aparelhamento no Itamaraty, desprezando o conhecimento de embaixadores experientes, como fez agora com Sérgio Amaral, removendo-o de Washington para tentar colocar no lugar um assessor também ligado ao autointitulado filósofo de Virgínia, que ajuda a governar pelo Skype.

Mas o da Educação não resistiu aos primeiros cem dias e já foi substituído. Parece ter sido uma troca de seis por meia dúzia, mas Abraham Weintraub tem sobre Vélez Rodríguez duas vantagens, que podem ser perigosas: fala português, e é mais inteligente para implementar no MEC a mesma agenda retrógrada, com ares de modernidade.

Abandonou, por exemplo, a linguagem vulgar que usava nas palestras sobre o combate ao pensamento de esquerda, como fez recentemente em Foz do Iguaçu, no Foro dos Conservadores organizado pelo filho 03 Eduardo Bolsonaro. "Quando ele (um comunista) chegar para você com o papo 'nhoim nhoim', xinga. Faz como o Olavo de Carvalho diz para fazer. E quando você for dialogar, não pode ter premissas racionais", disse na ocasião.

Ele também é o autor da seguinte pérola: "Os judeus controlam os bancos, os jornais e o sistema financeiro. São a raiz do comunismo internacional". E isso porque Bolsonaro diz que "ama Israel". Ao discursar na sua posse no ministério, parecia outro Weintraub. Listou como objetivos "acalmar os ânimos" e respeitar "diferentes opiniões". Só que não. Logo em seguida esclareceu o que entende por "pacificar": "A gente está decretando agora que o MEC tem um rumo, uma direção, e quem não estiver satisfeito com ela vai ser tirado."

Mas, pelo menos, arrolou entre as prioridades melhorar o ensino, admitindo que o desempenho dos alunos brasileiros nos exames internacionais é equivalente aos de países pobres, quando o gasto com a educação é de país rico.

Weintraub tem razão ao dizer que quem não está de acordo deve deixar o governo. Mas o que mais acontece hoje não são divergências conceituais, pois todos sabem onde se meteram ao aceitar trabalhar neste governo. O que existe é briga de grupos pelo poder.

O caso mais evidente de divergência ideológica foi o da cientista política Ilona Szabó, desconvidada por Moro a pedido do próprio presidente. É o típico caso de erro essencial de pessoa. Ou de ingenuidade. Para não criar mais problema, convidou para o lugar um delegado acusado de misoginia.
Bolsonaro se dedicou muito mais nesses primeiros cem dias a defender sua pauta de costumes e valores, para incentivar o núcleo de eleitores mais radicalizados que o apoiaram na eleição.

A reforma da Previdência, por exemplo, é francamente contrária ao que pensa. Cada vez que diz que não gostaria de fazer a reforma, mas sabe que ela é essencial, o presidente estimula que o Congresso a desidrate.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, tem então que redobrar seus esforços para convencer deputados e senadores que terão ganho político com a aprovação da reforma ainda no primeiro semestre, ganhando tempo para que as medidas deem resultado para deixá-los fortes nas campanhas de 2020 e 2022.
Herculano
11/04/2019 10:52
O LADO CERTO DA HISTóRIA, por Rodrigo Constantino, no site Gazeta do Povo, de Curitiba PR

Tanto o coletivismo, que mata o indivíduo (tratado como meio sacrificável), como o individualismo exacerbado, que anula a importância do coletivo, devem ser condenados

"Vivemos na época de maior prosperidade material e liberdade individual da história, algo que pode ser facilmente comprovado com dados e estatísticas, como a expectativa de vida e as garantias de direitos das minorias, especialmente nos países ocidentais. Não obstante, poucas vezes se viu tanta vitimização e reclamação, como se as novas gerações vivessem num antro de opressão e miséria. O que se passa?

Para explicar esse paradoxo, e defender os pilares da civilização ocidental hoje enfraquecidos, Ben Shapiro lançou seu novo livro The Right Side of History, que já ocupa há dias o número um entre os mais vendidos. Merecido. Trata-se de uma obra de grande qualidade e poder de síntese, que navega por séculos de filosofia, religião e pensamento político, mostrando como o legado que mistura Grécia e Jerusalém é o responsável pelo relativo sucesso ocidental.

Para Shapiro, o segredo está justamente na constante tensão entre razão e fé, entre argumentação lógica e busca de sentido mais elevado, que marcou a trajetória ocidental. A herança judaico-cristã forneceu o "telos" para a civilização ocidental, ou seja, o sentido, o "onde" chegar, propósitos morais, enquanto a razão grega ofereceu o instrumento mais poderoso para essa jornada. Um não pode se sustentar sem o outro.

Segundo o autor conservador, o grande erro dos modernos foi achar que a razão, por si só, poderia garantir o futuro do Ocidente, abrindo mão daquilo que permitia a manutenção do tecido social das comunidades. O materialismo não basta, pois o homem tem necessidade de sentido. Aqueles que enaltecem o iluminismo, ignorando que ele só foi possível no contexto ocidental, não teriam compreendido a relevância desse casamento, ainda que tenso, entre razão e religião. Querem manter o efeito abrindo mão da causa.

O sucesso ocidental não é de raça ou de etnia
Shapiro bebeu bastante de fontes como Tomás de Aquino, mas há muita influência de pensadores mais recentes também, assim como os "pais fundadores" da América ?" o experimento social que sintetiza esse principal legado ocidental, uma nação criada com base na ideia de liberdade individual dentro de um ambiente moral definido. E seu livro é uma defesa desse legado, que merece ser defendido, mas que vem sendo difamado pela esquerda, que pinta a América como um rastro de opressão e injustiças, em vez de entender que se trata da mais bela conquista humanitária, ainda que imperfeita (como tudo que é humano).

Tanto o coletivismo, que mata o indivíduo (tratado como meio sacrificável), como o individualismo exacerbado, que anula a importância do coletivo, são condenados por Shapiro. Para ele, existem quatro fatores fundamentais para o sucesso de uma sociedade: o foco nos objetivos individuais, já que cada um é único; os instrumentos que capacitam os indivíduos a buscar esses objetivos; o foco nos objetivos coletivos; e os instrumentos que capacitam a sociedade a concretizar esses objetivos.

Os dois extremos ?" coletivismo e individualismo ?" seriam traições a esse delicado equilíbrio de forças. Quando a coesão social se perde, quando as comunidades se enfraquecem e cada um é visto como uma ilha ou um átomo, ocorre um esgarçamento do tecido social que é extremamente perigoso, e coloca em risco as próprias liberdades individuais.

Na falta de valores morais, que para Shapiro dependem das religiões, os cidadãos perdem o norte e correm o risco de cair no hedonismo e no relativismo. Por trás dos "valores universais" que os humanistas seculares enaltecem, há uma premissa de cunho religioso que vem como legado judaico-cristão: o homem é feito à imagem de Deus. Sem esse critério absoluto fica impossível defender certas condutas, pois tudo valeria. Não há base moral forte o suficiente, sem isso, para condenar o poder pelo poder, o evolucionismo amoral, até a eugenia. E as tendências "progressistas" em relação ao aborto comprovam isso.

A narrativa do autor sobre como saímos de um ambiente que nos trouxe o próprio iluminismo, graças aos pilares judaico-cristãos que fomentaram o avanço da ciência, e caímos num pós-modernismo irracional é bastante interessante. Shapiro mostra a influência de vários filósofos e psicólogos na destruição dos principais fundamentos de nossa civilização, que foi abandonando aos poucos os padrões morais e permitindo o advento de um subjetivismo insano, em que os sentimentos pessoais passam a importar mais do que fatos objetivos e a busca pela verdade.

Hoje, com a política de identidades e a ideologia de gênero, chegamos ao ápice do ataque contra a razão, a moral e a ciência. Regressamos a um tribalismo doentio que segrega em vez de unir baseado em metas comuns. Abandonamos a lei natural grega e os valores cristãos, e nos entregamos às paixões e aos apetites bestiais. Viramos as costas para Atenas e Jerusalém, e isso nunca fica impune. Precisamos, diz Shapiro, resgatar os valores que fizeram do Ocidente essa grande civilização, lembrando-se do alerta de Reagan: a liberdade nunca está a mais do que uma geração de ser perdida.

Precisamos fazer nossa parte, educar nossos filhos para a vida real, incutir neles a noção do sacrifício em prol de algo maior do que seus umbigos, ao mesmo tempo em que os ensinamos a valorizar as liberdades individuais e a razão. O sucesso ocidental não é de raça ou de etnia, como os supremacistas brancos da "direita alternativa", em parte reagindo aos "progressistas", alegam. Shapiro detesta esses racistas e não esconde isso.

O sucesso é de ideias, e são elas que devem ser resgatadas, pois o Ocidente é especial. Não importa o que os ingratos mimados e ressentidos digam. Eles vivem numa época e num lugar incríveis, por mais que cuspam naquilo que possuem. Precisamos ajudá-los a reencontrar propósitos morais elevados, que encarem a vida humana como sagrada e que nos guie para um desejo de ser sempre melhor, tanto como pessoa, como também do ponto de vista da sociedade.

O indivíduo, num entorno de decência moral e com propósitos morais elevados, protegido pela razão e o direito de propriedade, pode buscar sua felicidade e florescer como pessoa, contribuindo assim para o avanço da sociedade como um todo. Uma ideia que merece ser defendida
Herculano
11/04/2019 10:50
OS TEMPOS DE BOLSONARO, por Willian Waack, no jornal O Estado de S. Paulo

Não adianta, como o governo tenta, enumerar medidas e decretos para "provar" que as coisas andaram rápido.

No universo da física newtoniana no qual vivemos o tempo tem uma medida padrão igual para todo mundo. Não é a que vale para os cem dias de Jair Bolsonaro na Presidência. O tempo da política nem sempre combina com a duração das unidades do tempo cronológico. Para o atual governo, o tempo subjetivo correu muito mais rápido.

Essa rapidez na passagem do "tempo político" é em função de dois fenômenos separados, mas que andam de mãos dadas. Um é o grau de expectativa do público em geral frente ao governo que prometeu mudar o País em prazo recorde. O outro é o grau de intolerância e descrédito com que o mesmo público em geral encara a política. Jair Bolsonaro incentivou e continua incentivando os dois fenômenos.

Não adianta, como integrantes do governo tentam, enumerar medidas, decretos, projetos, propostas ou nomeações como forma de "provar" que as coisas andaram rápido. Nem adianta se queixar de "impaciência" por parte de milhões de pessoas que abraçaram a forte ilusão, reiterada em campanha eleitoral, segundo a qual o capitão resolveria logo o pelotão de problemas.

Serve menos ainda no atual ambiente político argumentar - tema recorrente nas redes sociais mantidas em estado de permanente efervescência - que o governo herdou um País arrebentado por sucessivas administrações perdulárias. E que dez, ou 20, ou 30 anos de incompetência não se revertem em uns três meses. É como esperar que o apego subjetivo e emocional à esperança de mudança imediata seja transformado numa postura calma e racional por quem grita há meses "temos de acabar com tudo o que está aí".

São conhecidos e foram tratados exaustivamente por toda parte os problemas do governo para lutar na batalha da comunicação, na articulação política para aprovação de reformas, na coordenação de suas prioridades, no estabelecimento de estratégias, na escolha entre as diversas (e até antagônicas) forças políticas que o sustentam ?" nisso incluindo a personalidade do presidente e a influência aberta ou velada de entes familiares que o cercam.

Em parte as dificuldades resultam de frases de campanha eleitoral que se transformaram em armadilhas conceituais. A principal delas é a diferenciação, totalmente falsa, entre "velha" e "nova" política, quando o que existe é política, à qual pode se dedicar um governante com maior ou menor competência. Em parte as mesmas dificuldades resultam do famoso "modo negação": é quando o governante, relutando em enfrentar os dados da realidade, atribui a um sujeito oculto ou a uma nebulosa conspiração os obstáculos que não consegue superar (como articular eficientemente uma base de apoio no Legislativo, por exemplo).

Mas talvez a maior dificuldade tenha sido encarar o fato de que o tempo, especialmente o psicológico, mas também o cronológico ?", está trabalhando contra, e não a favor do capital político conquistado com a vitória eleitoral em 2018. Há uma urgente necessidade de se atacar questões de curtíssimo prazo e enorme impacto, como a da reforma da Previdência, que não parece refletida na organização e coordenação dos esforços políticos do governo ?" notório, até aqui, em dissipar parte da energia em temas irrelevantes para lidar com um sufoco como o da crise fiscal.

Um dos efeitos ?" positivo do ponto de vista da necessidade de aprovação de reformas estruturantes ?" desse período inicial de impaciência e franca intolerância é a mobilização de várias camadas de elites (política, militar e empresarial) para dar um sentido e direção práticos ao que o governo prometeu fazer e, na percepção generalizada, está gastando tempo subjetivo demais. É a promessa de libertar um país de suas próprias amarras.

Para o atual governo o tempo está correndo muito mais rápido - e contra
Herculano
11/04/2019 10:46
GENTILI COMENTA CONDENAÇÃO: "PREFIRO IR PRESO A ME AJOELHAR PARA A PATRULHA"

Conteúdo da Rádio Jovem Pan. Danilo Gentili foi condenado nesta quarta-feira (10) a seis meses de detenção pelo crime de injúria praticado contra a deputada federal Maria do Rosário (PT). Em entrevista exclusiva ao programa Os Pingos nos Is, o apresentador reafirmou que não fez nada de errado. "Ainda que eu vá preso, eu prefiro ir preso a me ajoelhar para a patrulha", declarou.

Gentili explicou que foi processado pela parlamentar após ter recebido uma moção de censura por um vídeo que postou em suas redes sociais em 2016 em que falava sobre ela. Na ocasião, ele rasgou o documento, esfregou em suas partes íntimas, colocou em um envelope e despachou de volta para o gabinete da deputada em Brasília. A ação foi gravada em um vídeo divulgado na internet. "Eu achei que era um protesto genuíno", disse.

Na entrevista, o comediante revelou que ficou sabendo da condenação através das redes sociais da Jovem Pan, já que passou a tarde toda em estúdio gravando o "The Noite", seu programa do SBT. Gentili afirmou ainda que a condenação mostra como a classe política é autoritária. "Essa classe política é autoritária e usa a máquina estatal para esmagar o cidadão", disse. "Eles falam o que querem, quando a gente responde, é condenado à prisão."

O apresentador lembrou, por fim, de uma das audiências que teve com Maria do Rosário. Ele disse que a deputada chorou e o acusou de "covardia" por postar um vídeo contra ela para seus "milhões de seguidores". "Eu disse que era uma covardia grande mesmo, tinha uma pessoa usando a máquina do Estado para esmagar a liberdade de expressão do cidadão", contou. "Ela me processou usando meu dinheiro, vou para a cadeia com o meu dinheiro."

Danilo Gentili pode recorrer da decisão em liberdade e ter a pena revertida. "Eu não acho que fiz nada de errado. Às vezes é uma obrigação desrespeitar a patrulha e o autoritarismo", concluiu o humorista.
Herculano
11/04/2019 08:00
da série: não tem jeito. No Brasil mau pagador é premiado e a conta vai para o bolso de todos, principalmente os bons pagadores e que temem a lei.

BOLSONARO VAI ANISTIAR DÍVIDAS RURAIS

Conteúdo de O Antagonista. Jair Bolsonaro vai anistiar as dívidas rurais.

Segundo o Valor, a equipe de Paulo Guedes trabalha agora para tentar reduzir o impacto desse rombo, calculado em 11 bilhões de reais.

É mais do que a metade da economia prevista com a reforma previdenciária no ano que vem.
Herculano
11/04/2019 07:55
MOURÃO RECOLOCA A ESTRATÉGIA BRASILEIRA PARA A CHINA NOS TRILHOS, por Matias Spektor, professor de relações internacionais na FGV SP, no jornal Folha de S. Paulo

Brasil depende do país chinês para turbinar investimentos e manter superávit

O núcleo familiar do presidente flertou durante meses com a tese segundo a qual o Brasil deveria ajudar os Estados Unidos a conter a expansão econômica da China na América Latina.

Os generais do governo detonaram a proposta logo nos primeiros dias de governo e, nesta semana, durante viagem do vice-presidente Hamilton Mourão aos Estados Unidos, eliminaram a proposta do cardápio.

O argumento mais utilizado para defender a medida é econômico: o Brasil precisa da China para turbinar investimentos e manter seu superávit comercial.

É tudo verdade, mas a questão não acaba por aí. Há um elemento geopolítico nessa história toda que é fundamental.

A lógica é assim: há anos, a China investe na expansão de sua presença econômica na América Latina porque isso lhe permite manter o ritmo de seu crescimento. Diante disso, os Estados Unidos sempre tiveram uma atitude flexível. Sempre e quando os chineses não tentem projetar poder militar no entorno latino-americano, está tudo bem.

É um esquema bom para todos. Os chineses enriquecem, as economias latino-americanas se aquecem e os Estados Unidos mantêm a sua hegemonia na região assegurada.

Isso explica, por exemplo, por que a China mantém até hoje seus contratos de petróleo com a Venezuela, mas não mexerá um dedo para defender o regime chavista.

Esse equilíbrio que já dura há anos, no entanto, está sendo quebrado. Donald Trump substituiu a política tradicional de acomodação da expansão econômica da China na América Latina por outra, mais dura, de contenção.

Tudo começou há dois anos, quando ele forçou Canadá, México e países centro-americanos a impor barreiras à China. Agora, a Casa Branca tenta arregimentar o apoio do Brasil para fazer o mesmo na América do Sul.

Trata-se de estratégia mal concebida. Sua premissa equivocada é que, diante da oposição cerrada dos Estados Unidos, a China abandonará a América Latina.

Na realidade, acontece o oposto disso. A cada hostilidade de Washington, Pequim busca se aproximar mais das capitais latino-americanas onde tem espaço para obter, consolidar ou expandir sua posição.

Não o faz por uma suposta aspiração hegemônica (ela sabe que, nesta região, os Estados Unidos são imbatíveis). Mas o faz porque isso lhe permite aumentar o custo daqueles que querem tirá-la do tabuleiro econômico regional.

Por isso, a tentativa de conter a China nas Américas não levará ao "trunfo do Ocidente", mas a um ambiente mais propenso ao conflito.

Como a China veio para ficar, o Brasil ganha ao tratá-la e cobrá-la como parte interessada na criação de um entorno regional mais estável e afluente.
Herculano
11/04/2019 07:51
CÂMARA ESCONDE INFORMAÇõES SOBRE MORDOMIA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A Câmara gasta R$2,35 milhões com aluguel de 43 carrões para a mordomia de um grupo de privilegiados deputados e servidores. Mas isso não é tudo. Os gastos totais com esse tipo de regalia com dinheiro público se aproximam dos R$20 milhões. A coluna pediu a lista dos beneficiados pela rica mordomia, mas a Câmara se negou a atender a solicitação. Também escondeu gastos milionários com combustíveis.

SEGREDO SUSPEITO
A Câmara não fornece a lista da mordomia voluntariamente. Deixou claro: quem quiser obtê-la deve recorrer à Lei de Acesso à Informação.

POR ISSO TANTO SEGREDO
Em 2018, a Câmara torrou R$16 milhões com a mordomia motorizada. Deputados têm direito a franquia de 200 mil km de "Uber parlamentar".

ALTO ESCALÃO
No Senado, todos os parlamentares têm "direito" à mordomia, ao custo de R$4 milhões ao ano. Na Câmara, é um privilegio do "alto clero".

QUEM PODE
Entre os que abusam da paciência do eleitor estão o presidente da Câmara, membros da Mesa, ouvidor-geral, corregedor e procuradores.

DEFESA ACHA QUE BOATO PREJUDICOU CUNHA NO STF
A defesa de Eduardo Cunha acredita que o boato sobre um acordo de delação, que comprometeria 150 deputados e ministros de tribunais superiores, teve o objetivo de atrapalhar o julgamento da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Como se as gravíssimas denúncias da Lava Jato não justificassem sua permanência na penitenciária. A 2ª Turma do STF decidiu por unanimidade (5? - 0) mantê-lo trancafiado.

NADA QUE DESABONE
O defensor de Cunha, Délio Lins e Silva Jr, disse em nota que o presidiário desconhece fatos que desabonem membros do Judiciário.

CUMPRINDO PENA
Eduardo Cunha foi condenado a 15 anos e 4 meses, mas teve a pena reduzida em dez meses. Está preso há dois anos e meio.

PERDEU
A exemplo de Aldemir Bendini, ex-Petrobras, solto pela 2ª Turma, Cunha queria aguardar em liberdade a decisão da segunda instância.

MAIA QUER SALVO-CONDUTO
Agora o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anda se queixando pelos cantos das críticas dos eleitores do presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. Parece exigir "imunidade" para voltar a se dedicar à aprovação da PEC da Previdência, que ele mesmo diz constar de sua "agenda".

OS TITUBEANTES
O clima entre o governador João Doria e Geraldo Alckmin (e Márcio França, do PSB) está cada vez pior. Ao fazer balanço dos cem dias, na Band, Doria disse que em 35 dias fez o que seu antecessor "adiou, titubeou e ficou com medo de fazer... aquilo que era a sua obrigação".

MALAS PARA QUÊ?
O compadrio dos malas da Anac com os donos das empresas aéreas tem levado muitos passageiros a usar ao menos duas mudas de roupa, umas sobre as outras, para reduzir o peso da bagagem de mão.

TUDO MUITO ESTRANHO
Rodrigo Maia mantém no fundo da sua gaveta, desde dezembro de 2016, a resolução do Senado que anula a suspeita decisão da Anac que instituiu a cobrança de malas nas empresas aéreas.

BOLA FORA
O presidente da Fifa, Gianni Infantino, disse que sediar a Copa América e o Sub-17 "permite ao Brasil estar no mapa do futebol". Com 5 Copas do Mundo e 5 mundiais sub-20 do Brasil, o que está errado é o mapa.

SENTENÇA RAIVOSA
O humorista Danilo Gentili foi vítima de uma violência inacreditável, na condenação à prisão por ironizar a inominável deputada Maria do Rosário. Nem petistas de carteirinha assinariam sentença tão raivosa.

REPETECO NO SENADO
Até parece que o senador Marcos do Val (PP-ES) deu um Google, juntou antigas alegações contra Gilmar Mendes, já descartadas por decisões do STF, para fazer outro pedido de impeachment do ministro.

APOIO PROGRAMÁTICO
Ao anunciar o fechamento de questão do partido em favor da reforma da Previdência, o presidente do Novo, João Amoêdo, elogiou o diálogo com o presidente Bolsonaro. "É fundamental no Brasil de hoje".

PENSANDO BEM...
...há quem sonhe não com os mega-salários de deputados e senadores, mas com suas amplas folgas.
Herculano
11/04/2019 07:43
PREPAREM-SE PARA QUATRO ANOS DE MUITA ZONA, por Mariliz Pereira Jorge, no jornal Folha de S. Paulo

Numa hipótese muito otimista, seremos um país tirando o nariz para fora da lama

Cem dias de governo e já deu para entender duas coisas fundamentais sobre como serão os próximos anos. Façamos o jogo do otimista, porque o do contente está impossível. Vamos acreditar que a reforma da Previdência será aprovada, assim como o pacote anticrime, e que o MEC cessará sua sequência de cabeçadas. A economia melhora, o desemprego diminui, a violência é controlada, o número de miseráveis voltar a cair.

Ok, tudo dando certo, mas anotem: o governo Bolsonaro, até o fim do mandato, será isso aí que vivemos até agora, uma zona. Porque é o seu único jeito de tocar as coisas. Apesar de ter reconhecido (tarde demais) que não nasceu para ser presidente, Jair parece continuar sem interesse em aprender. E o problema de não saber nada de coisa alguma se reflete na inabilidade de recrutar gente que não seja só fonte inesgotável de polêmicas.

Zona total. Um presidente sem traquejo político, com total desconhecimento do que seja governar, cercado de incompetentes, de filhos deslumbrados, de ministros despreparados, de gurus aloprados e com uma base de governo que não dá apoio e, todos, com a infinita capacidade de arranjar problemas e zero talento para apontar soluções.

A segunda constatação em cem dias é que Jair continuará a dar satisfação apenas aos seus eleitores, enquanto enaltece descaradamente ditaduras passadas, estimula sua equipe a combater o marxismo cultural, arranja tretas na internet, briga com a imprensa e com seus críticos. Apesar de incompetente, ele sabe que isso funciona bem com a militância, porque não é bobo.

Numa hipótese muito otimista, seremos um país tirando o nariz para fora da lama, mesmo tendo que aguentar um governo que é uma balbúrdia. Se tudo der errado, e a chance é enorme, serão quatro anos com essa gente não só desqualificada, mas presunçosa. Portanto, renovem os estoques de antiácido e de paciência.
Herculano
11/04/2019 07:33
TERMINOU A AVENTURA DE PAULINHO BORNHAUSEN NO PSB. COM A VOLTA DE JÚLIO GARCIA AO CENÁRIO POLÍTICO A ALA CONSERVADORA E LIBERAL COMEÇA GANHAR NOVOS CONTORNOS EM SANTA CATARINA, NO VÁCUO DA LIDERANÇA DO GOVERNADOR ELEITO CARLOS MOISÉS DA SILVA, PSL.

O herdeiro político da família Bornhausen, o ex-deputado estadual e três vezes federal, o blumenauense Paulo Roberto Barreto Bornhausen, 55 anos, anunciou a sua saída da presidência do diretório estadual e a sua desfiliação do PSB.

Isso vai mudar muito as áreas de acomodações que já estavam se acomodando desde o resultado das eleições de outubro do ano passado

O movimento de Paulinho era esperado desde que ele entrou nesta aventura. O PSB tem claro viés socialista e sempre foi contra as convicções da família, liberal e conservadora. Essa opção de Paulinho se deu por desavenças havidas no seio do PFL no sucedâneo Democratas e PSD.

Filho do ex-governador e senador Jorge, Paulinho como é conhecido para se diferenciar do seu tio Paulo Konder Bornhausen, carioca, ex-vice-governador e filho de Irineu e Marieta Konder Bornhausen, deverá agora voltar ao ninho conservador e liberal onde sempre estiveram e se identificaram, ao mesmo tempo em que se afinará mais com os ares do novo poder de plantão.

Em Santa Catarina, essa construção deverá passar pela união dele com o deputado estadual Júlio Garcia, PSD. Habilidoso articulador, Júlio Garcia é cria da família Bornhausen. Deixou a vitalicidade do Tribunal de Contas para voltar ao cenário político onde já se tornou o presidente da Assembleia e de quem o governador dependerá minimamente para se sustentar.

Com a eleição de Carlos Moisés da Silva, PSL, sem base de sustentação na Alesc, Bornhausen e Júlio terão papel importantes na reorganização dessa parte conservadora e liberal no ambiente político e econômico catarinense.

No comunicado de saída, Paulinho foi extremamente habilidoso, até porque possui dívidas com quem levou com ele nessa aventura e prepara o terreno para não perder esse contingente. Paulinho também sabe como o PSB age. Sem Paulinho, o PSB em Santa Catarina passará ser um nanico de esquerda.

NOTA DO PAULINHO NO WHATSAPP

Queridos amigas e amigos líderes!

Estive hoje com o Presidente Carlos Siqueira como é do conhecimento de todos.
Foi uma conversa amiga, cordial e franca.
Entre dois homens públicos que se respeitam e se admiram mutuamente.
Em duas horas e meia, conversamos francamente sobre nossa vitoriosa trajetória até aqui e dos desafios que nos esperam no futuro.

Demonstrei ao Presidente meu entendimento e respeito sobre as decisões tomadas pelo partido a nível nacional .
Da mesma forma que enumerei as questões que me levam, nesse momento, a não poder seguir tais orientações.

Optei por me desligar do partido, saindo pela mesma porta que entrei: a da frente!
A minha decisão é pessoal e não coletiva.

Nenhum companheiro e nem nenhuma companheira tem a menor obrigação de seguir os meus passos. Até porque o PSB é um partido correto e verdadeiro nas suas posições.

Mesmo não concordando em muitas delas, tenho um respeito e admiração pela coerência e liderança exercida pelo Pres Carlos Siqueira.

Combinamos uma transição harmônica que, com a concordância do nosso Presidente será efetuada até 30/4.
Seguiremos o caminho da dissolução expontânea do Diretório Estadual para que a Nacional possa nomear uma nova executiva que seguirá a normalidade da vida partidária.

Já comuniquei ao Pres Ronaldo que o Presidente Siqueira nomeou o Prefeito Carlos Amasta, membro do Diretório Nacional, interlocutor para a transição em Santa Catarina.

Na próxima segunda-feira, ele terá um encontro com a Executiva Estadual para dar sequência aos encaminhamentos e conduzir o processo.

A palavra que posso utilizar nesse momento é gratidão!

Gratidão a todos vcs, ao Siqueira, a aqueles que estiveram conosco nessa caminhada e os que já não estão.
Em especial ao nosso eterno líder Eduardo Campos, aonde estiver, e que certamente também compreenderia meus argumentos e a decisão tomada.

Estarei na reunião da executiva na segunda junto com meu amigo, líder e irmão Ronaldo.

Só me desligarei formalmente do partido no momento final da transição.

Peço a compreensão de todos.
Devo muito a vocês.

Sou eternamente grato pela confiança que em mim sempre depositaram.

Peço desculpas por minhas falhas e omissões que possam ter acarretado prejuízo a algum de vocês . Estaremos sempre juntos nos nossos ideais de construir um país e um Estado mais justo e fraterno!

Um forte, respeitoso e afetuoso abraço a todas e a todos!
Herculano
11/04/2019 06:38
OVOS PODRES

De Enio Mainardi, no twitter:


Gente do tipo Dilma, Lula, Garotinho, Renan, Cabral, Zé Dirceu, Mantega, Serra...O Brasil parece que choca esses ovos podres. Por que será?
Herculano
11/04/2019 06:29
NA ÍNDIA, O MAIOR EVENTO DA HISTóRIA DA DEMOCRACIA, por Roberto Dias, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Apesar das disparidades sociais que enfrenta, país tem o que mostrar

Começa nesta quinta (11) o maior evento da história da democracia. É a eleição da Índia, na qual mais de 10% da população mundial está apta a participar.

Ao fim dos 39 dias de votação, os indianos terão escolhido quem irá liderá-los no período em que o país se tornará o mais populoso do planeta, ultrapassando a China, e sua economia deixará para trás a dos britânicos, seus antigos colonizadores, tornando-se a quinta maior.

Menos de metade dos terráqueos vivem sob democracias. Esse grupo não vem crescendo, e mesmo dentro dele o flerte com variados graus de autoritarismo tem se feito notar.

É nesse cenário que excele o bálsamo da experiência indiana. Num país imenso, em região conflituosa, com 22 línguas, a democracia tinha tudo para dar errado, como narra Ramachandra Guha num apaixonante livro, "India after Gandhi".

"Como indiano, gostaria de pensar que a democracia na Índia se mostrará mais significativa do que experiências comparáveis no Ocidente", diz Guha. "Como historiador, sei apenas que é muito menos estudada."

Uma observação de sir John Strachey, enviado inglês à região no século 19, dimensiona um dos problemas internos, o do nacionalismo: "A Escócia é mais parecida com a Espanha do que Bengala com Punjab".

A despeito de todas as disparidades sociais que enfrenta, a democracia indiana tem o que mostrar.

Sete décadas após a independência, sua qualidade supera a da brasileira, segundo a Economist Intelligence Unit (nota lateral: os números de deputados e candidatos são parecidos, sendo a população daqui um sexto da de lá). Na economia, só em 3 dos últimos 30 anos o crescimento indiano foi inferior ao do Brasil.

Os 900 milhões de votantes da Índia representam quatro vezes o contingente da segunda maior democracia do mundo, a dos EUA - e, na última votação, o comparecimento às urnas indianas, que não é obrigatório, superou o da badaladíssima eleição americana.
Herculano
11/04/2019 06:23
TRE CASSA MANDATO DE SENADORA DO PSL

Conteúdo de O Antagonista. O Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso cassou o mandato da senadora Selma Arruda (PSL) e seus dois suplentes, tornando-os inelegíveis para as eleições nos próximos 8 anos.

Recém-eleita, a senadora ainda poderá recorrer ao TSE, sem precisar deixar o mandato, enquanto questiona a condenação.

Selma Arruda foi acusada de contratar propaganda antes do período de campanha. Dívidas de R$ 1,2 milhão teriam sido pagos com recurso de origem clandestina, que não passaram pela conta oficial, o que configura caixa 2.

Em nota, a senadora disse estar tranquila.

"Respeito a Justiça e, exatamente por esse motivo, vou recorrer às instâncias superiores, para provar a minha boa fé e garantir que os 678.542 votos que recebi da população mato-grossense sejam respeitados."
Herculano
10/04/2019 17:49
MOISÉS PERDE NA ASSEMBLEIA. UMA SINALIZAÇÃO DE COMO SERÁ O GOVERNO DELE

A Assembleia Legislativa acaba de derrubar o veto do governador Carlos Moisés da Silva a emenda do deputado José Miltom Schefer, que destina 10% do Fundo Estadual de Saúde aos hospitais filantrópicos de Santa Catarina.

Texto de Moacir Pereira, do Diário Catarinense, da NSC Florianópolis. A derrota do governo foi acachapante, co 32 votos contra o veto e dois contra, dos deputados Bruno Souza (PSB) e Jessé Lopes (PSL).

Os dirigentes hospitalares e de instituições que se encontravam nas galerias comemoraram e agradeceram os votos dos parlamentares.
Herculano
10/04/2019 13:03
BARRADO, por Altair Carlos Pimpão

O único deputado federal eleito pelo Vale Europeu, o advogado pomerodense, com escritório também em Blumenau, Gilson Marques, está causando confusão em Brasília. Como não volta para casa na quinta-feira, numa sexta-feira foi à Câmara dos Deputados trabalhar. Chegou às 8:00 horas da manhã, de calça jeans, camiseta e tênis. Foi barrado por um segurança, que queria que ele passasse pelo detetor de metais. Quando disse que era deputado federal, o segurança retrucou e eu o presidente da república. Só quando mostrou sua documentação foi que o homem acreditou. Sexta-feira, oito da manhã, quando nem o café ainda está pronto, é coisa que jamais aconteceu. O catarinense está justificando o nome do seu partido: NOVO.
Herculano
10/04/2019 13:01
A DERROTA DE CARLOS MOISÉS

A Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa aprovou ontem e por unanimidade, parecer do deputado Milton Hobus, PSD pela derrubada do veto do governador Carlos Moisés da Silva, PSL, sobre destinação de 10% do Fundo Estadual de Saúde para os hospitais filantrópicos de Santa Catarina.

A proposta é de origem do José Milton Schaffer, PP, e tinha sido rejeitada pelo governador, mesmo tirando o critério político, para o critério técnico na distribuição desses recursos.

A matéria vai à votação em plenário nesta quarta-feira e deve ser aprovada.Ela mostra, como o governador está vulnerável e pouco diálogo possui com a Assembleia.
Herculano
10/04/2019 10:55
BOLSONARO É SUBMETIDO A ENDOSCOPIA

Conteúdo de O Antagonista. Jair Bolsonaro foi submetido a uma endoscopia no Hospital das Forças Armadas, em Brasília.

O presidente ficou cerca de duas horas na unidade de saúde na manhã de hoje.

Segundo auxiliares, registra o Valor, o exame estava previamente programado e Bolsonaro está "ótimo" e "passa bem".
Herculano
10/04/2019 10:51
PONTOS NA CARTEIRA, BOLSA FAMÍLIA E PIB, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Prestígio presidencial cai, ansiedade popular sobe, aparecem mais populismos

Pagar um "13º" para quem recebe o Bolsa Família talvez conquiste a boa vontade de brasileiros pobres que não simpatizam com Jair Bolsonaro. O presidente deve anunciar oficialmente a medida nesta quinta-feira (11).

Na prática, neste primeiro ano vai se tratar de um reajuste real (acima da inflação) de 3,4% (o aumento de 8,3% no benefício anual, descontada a inflação acumulada desde o reajuste mais recente, de julho do ano passado).

Quanto ao populismo raiz, o presidente continua sua batalha contra as multas, as que toma ou as de trânsito.

Aumentar de 20 para 40 o número de pontos de multa que suspendem o direito de dirigir pode conquistar motoristas para quem a fiscalização do trânsito é uma intervenção estatista no direito de barbarizar nas ruas e rodovias. Extinguir milhares de radares de velocidade nas estradas federais vai na mesma linha.

Continuar a guerra ideológica na educação, a cruzada moral nos costumes e ouriçar o bolsonarismo nas redes insociáveis parece, além de um programa de governo, outra tentativa de impedir ao menos que a aprovação do presidente vá abaixo dos atuais 30%, por aí.

A nomeação do novo comandante do Ministério da Educação é um sinal de força da "ala antiestablishment do governo", como se autodenomina o núcleo puro, "ideológico", do bolsonarismo.

Um agrado para as pessoas do Bolsa Família e para motoristas indisciplinados e chacrinha ideológica pode parecer exemplos ao léu ou enumeração caótica do que faz o governo. Mas a preocupação com particularidades disparatadas é puro Jair Bolsonaro, que se ocupa da ilustração da carteira de vacinas, da lombada eletrônica e de dúzias de bananas importadas, quando não está elogiando a morte.

Em suma, as pinimbas da vida cotidiana são a arte de governo do presidente. A cruzada moralista é a sua filosofia ("ideologia de gênero", politicamente correto" e outras perversões de "comunistas", que comandam inclusive bancos e meios de comunicação, segundo o ministro da Educação).

Claro que parte do governo toca políticas públicas de interesse geral: concessões de infraestrutura, política agrícola ou mudanças na Previdência, por exemplo, embora o próprio presidente não tenha noção de muitos desses assuntos e "preferiria não fazer a reforma" previdenciária, como costuma dizer.

Essa estratégia bolsonarista vai segurar a peteca do governo? Um aumento para o Bolsa Família vai compensar os efeitos do eventual fim do reajuste real do salário mínimo e do abono salarial? Da reforma da Previdência? Antes mesmo da implementação dessas medidas, o prestígio de Bolsonaro levou um tombo incomum para presidentes estreantes.

Pesquisa Datafolha também mostra um salto no nível de inquietação político-econômica. O instituto costuma fazer perguntas sobre inflação e desemprego (vão subir, cair?).

As respostas não costumam estar associadas exatamente a expectativas econômicas. Mesmo com preços comportados, o povo fica alarmado com sinais de confusão política, que sabiamente associa a dificuldades no governo e a um risco maior de problemas na economia.

Pois bem. Depois da lufada típica de otimismo do pós-eleição, os temores quanto a inflação e emprego deram saltos enormes. Outros índices de confiança econômica também caíram.

A economia ficou estagnada no primeiro trimestre e em 2019 pode crescer pouco mais do que o quase nada de 2018 e 2017.

Assim, o governo vai precisar de muito diversionismo.
Herculano
10/04/2019 10:45
OUTROS DOIS DIRETORES DA APEX SERÃO DEMITIDOS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta quarta-feira nos jornais brasileiros.

Além do presidente, outros dois diretores da Apex Brasil (Agência de Promoção de Exportações), Letícia Catelani e Márcio Coimbra, também devem ser mandados embora. Eles ambicionavam o comando da agência e travavam uma batalha com o embaixador Mário Vilalva, exonerado ontem. Ambos têm sido criticados no Planalto por serem capazes até de parar o trabalho na tentativa de assumir a presidência.

PLANALTO IGNORADO
Emparedado, Vilalva pediu ajuda do Planalto, que destacou um general para pôr ordem na casa. Mas ele também acabou emparedado.

ASSIM NÃO DAVA
Vendo-se inviabilizado no cargo, Vilalva passou a insultar de "desleal" e "ardiloso" o chanceler Ernesto Araújo, que o nomeara. Foi demitido.

TROMBADA COM VÍTIMA
O primeiro presidente da Apex, Alex Carreiro, durou 6 dias no cargo: ele trombou com Letícia Catelani, que pretendia ser a presidente.

ESTÃO 90% FORA
Sobre chances de Catelani e Coimbra serem demitidos, autoridade com gabinete no Palácio do Planalto cravou sem hesitações: "90%".

LEVANTAMENTO ESTIMA 7.400 OBRAS PARADAS NO PAÍS
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgará nesta quarta-feira (10) o resultado de pesquisa indicando que há 7.400 obras inacabadas no Brasil. Todas essas obras representam um montante de R$140 bilhões que deixam de ser aplicados na geração de empregos e renda. O estudo será divulgado no evento "Paralisação e retomada de obras de infraestrutura no Brasil", das 8h às 13h na CNI, em Brasília.

PAINÉIS DE DEBATE
O evento será marcado por dois painéis de debate, com a presença de especialistas e autoridades como o ministro Santos Cruz (Governo).

RAZõES DA PARALISIA
A pesquisa da CBIC indicará que as obras foram paralisadas por falta de recursos ou em razão de escândalos de corrupção, por exemplo.

SETOR PRODUTIVO
O levantamento das obras paralisadas e o evento que divulgará o estudo têm apoio de entidades como Asbraco, Ademi e Sinduscon-DF.

RATINHO BEM NA FOTO
Os paranaenses estão de bem com os governantes. Levantamento do Paraná Pesquisa revela que 78,4% aprovam o governo de Ratinho Júnior e 64% aprovam o de Jair Bolsonaro. Foram entrevistados 2.508 eleitores em 91 municípios do Paraná entre os dias 3 e 7 de abril.

CLASSIFICADOS
Sede do maior escândalo de corrupção da História, a Petrobras tenta se capitalizar vendendo ativos. A bola da vez é a distribuidora Liquigás. Tá feia a coisa: ontem estatal voltou a pregar aviso sobre a venda.

PEGOU MAL
A Braskem, cuja extração de sal-gema do subsolo em região com falha geológica ameaça afundar bairros com 30 mil moradores, em Maceió, contratou Sérgio Bermudes, o mesmo advogado da Vale, cuja barragem rompeu e matou quase 300 pessoas em Brumadinho.

DEDO NA FERIDA
Gerou pânico o pedido da procuradora-geral, Raquel Dodge, para o STF priorizar ação que acaba com honorários de advogados públicos. Sindicalistas dizem que a PGR "ataca" advogados públicos após o MPF ter o fundo bilionário com dinheiro da Lava Jato linchado publicamente.

SABOTAGEM EM CURSO
A oposição, que age segundo os interesses dos privilegiados do setor público, faz tudo para sabotar ou protelar a reforma da Previdência. Até pediu vistas do relatório sobre a PEC antes mesmo de ser lido.

QUE AMBIENTE...
Relator da PEC da Previdência, Marcelo Freitas (PSL-MG) começava a ler seu parecer na CCJ, quando delegado Waldir (GO) se posicionou para protege-lo da aproximação de deputadas do PT. "Não deixa roubar o relatório!" gritaram da plateia. Seguro morreu de velho.

BOLSONARO, 100 DIAS
O governo completa 100 dias hoje. Entre as 35 promessas da "Agenda de 100 Dias do Governo" muitas foram cumpridas, como a extinção de 21 mil comissionados, privatização de aeroportos, o pacote anticrime e 13º do Bolsa Família. Já ações como a volta do Brasão da República à capa do passaporte e "promoção da ética" nas escolas, foram adiadas.

INAUGURAÇÃO VIRTUAL
Ao chegarem hoje cedo na feira da Ceilândia, grande cidade do DF, milhares de pessoas descobrirão que têm conexão wifi rápida e gratuita. Promessa de campanha do governador Ibaneis Rocha.

PENSANDO BEM...
...demissão não é crise, é gestão de pessoas.
Herculano
10/04/2019 10:39
ESQUERDA PERDIDA, por Antônio Delfim Neto, economista, ex-ministro da Fazenda dos governos militares, e ex-deputado federal por São Paulo, no jornal Folha de S. Paulo

Oposicionistas usaram armas conhecidas em comissão com Paulo Guedes

O triste espetáculo revelado no depoimento do ilustre ministro Paulo Guedes na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados no último dia 3 mostrou, a um só tempo, os seguintes pontos.

1º) A absoluta incapacidade política do PSL. Eleito pelo "vendaval" Bolsonaro, não sabe para o que está ali. Ignorou as medidas que dão suporte parlamentar aos ministros nos regimes republicanos e democráticos: a ocupação das cadeiras nas filas mais próximas do depoente e a exigência de que os arguidores sejam ordenados, sucessivamente, entre críticos e apoiadores. O PSL acovardou-se diante da cara feia da oposição.

2º) A nossa esquerda "infantil", por outro lado, esmerou-se em manifestar o seu absoluto repúdio ao diálogo civilizado. Preferiu usar suas armas conhecidas: a gritaria organizada, a injúria contra o interlocutor e o completo desprezo pelas evidências empíricas.

Revelou que está mais de dois séculos atrasada com relação à esquerda jacobina que deu ao mundo em 1789 (ao lado de muita desgraça) a ideia de que somente uma república democrática poderia acomodar a liberdade com a igualdade, dois valores não inteiramente compatíveis.

Aquela esquerda tinha uma causa. Nos últimos 230 anos, a sua proposta se realizou, a tal ponto que hoje é "natural" reconhecer que só uma república democrática (sem adjetivos) é capaz de, pelo exercício da política, acomodar de forma pacífica e civilizada as diferenças, a intolerância e os preconceitos destes animais com inteligência perigosa - os homens.

Talvez seja interessante lembrar por que a esquerda adquiriu esse nome.

"Na Assembleia Nacional Constituinte de 1789, os deputados mais críticos da monarquia começaram a reunir-se nas cadeiras à esquerda do presidente. Os conservadores que a apoiavam congregaram-se à sua direita", escreveu Geoffrey Hodgson em "Wrong Turnings: How the Left Got Lost" (The University of Chicago, 2018).

"O Barão de Gauville explicou: começamos a nos reconhecer. Os leais à religião e ao rei tomávamos distância à direita para evitar a gritaria, as imprecações e as indecências que circulavam livremente no campo oposto."

Hodgson é um brilhante e insuspeito representante da atual esquerda adulta. Esta não usa a gritaria nem o baixo calão, mas a lógica para "inventar" instituições que, numa república democrática, acomodem, além de liberdade e igualdade, a eficiência produtiva, sem a qual a sociedade não sobrevive materialmente.

As tentativas fracassadas do socialismo mostram que não se trata de um problema trivial. A nossa esquerda, perdida, recusou, no grito, que Guedes pudesse esclarecê-la.
Herculano
10/04/2019 10:28
ERA SóLIDO E DESMANCHA NO AR, por Carlos Brickmann

Bolsonaro arrasou o PT até em tradicionais redutos de Lula, prometeu eliminar a velha política, nomeou os ministros sem ouvir os partidos, atraiu Sergio Moro, foi recebido pelo mercado com forte alta da Bolsa. Logo no início do Governo apresentou seus projetos de alto impacto, a reforma da Previdência e o pacote contra o crime organizado. Recebeu a bênção de ter a oposição sob o comando de Gleisi e Haddad, que não se movem sem buscar instruções na cadeia. Deveria ostentar um nível inédito de popularidade; mas, insistindo em discussões inúteis sobre temas do passado longínquo, em brigas inúteis com quem não tinha motivos para hostilizá-lo, sem disposição para enquadrar as várias alas de seu Governo, tem hoje popularidade inferior à dos últimos presidentes, no mesmo período - inclusive Collor, que confiscou o dinheiro de população. Consegue estar abaixo até de Dilma.

Que é que aconteceu? Como se derreteu o Governo? Houve erros, claro; houve ministros que não se mostraram capazes, houve brigas com aliados (como Gustavo Bebianno), houve hostilidade à imprensa - que reagiu na mesma moeda, há administração por atrito. E houve, principalmente, decepção dos que esperavam um presidente pronto para se impor, com a força derivada de seus votos, e encontraram um líder hesitante, na defensiva, cheio de dedos para se livrar de gente próxima sob suspeita.

Quem votou no Super-Homem se decepcionou ao eleger Clark Kent.

VAI PASSAR

A reforma da Previdência já é debatida na Comissão de Constituição e Justiça e, ao que tudo indica, estará encerrada e aprovada no dia 17. O PT tenta retirá-la de pauta, atrasando a votação e a entrada em vigor, caso aprovada. Opinião deste colunista, com base na Pesquisa DataChute: a reforma deve ser aprovada, com modificações, mas nada que a desfigure.

DE BRIGA

Abraham Weintraub, ministro da Educação, é economista, estudioso da Previdência. Fez campanha por Bolsonaro e foi levado ao Governo por Paulo Guedes. É professor rigoroso e, dizem, pessoa de trato difícil. Já se manifestou contra o que considera viés esquerdista no ensino superior. E, embora talvez tenha pontos de contato com Olavo de Carvalho, não é um olavete. Como se divulga que é "discípulo" de Olavo, um ótimo jornalista, dos que nada publicam sem confirmação, perguntou a uma repórter qual a ligação entre ambos. Ela não sabia, mas disse que Weintraub era "considerado" seu discípulo. Considerado por quem? "Por todos, ué".

TOGAS EM FESTA

O Superior Tribunal de Justiça completou 30 anos e a data foi marcada por bela festa, paga pela Associação dos Magistrados Brasileiros, AMB. Época de contenção de despesas? Vejamos o que diz a empresa Renata la Porta Buffet, responsável pelo jantar: "Hoje é um dia de abundância: entrega de vinhos maravilhosos, caixas e mais caixas de materiais novos e a cozinha a mil, produzindo festas incríveis: amanhã estaremos celebrando os 30 anos do STJ para 800 convidados".

Preço, processo de contratação? Nem STJ nem AMB se manifestaram. A AMB só disse que pagou a festa sem qualquer apoio, direto ou indireto, de empresas públicas ou privadas. Além da festa, houve o seminário internacional O Poder Judiciário nas Relações Internacionais. Amanhã tudo termina com jantar num bom restaurante.

TEMPESTADE DO RIO

Disputa entre o prefeito carioca, Marcelo Crivella, e o Governo Federal: Crivella diz que Bolsonaro prometeu ampliar a participação de Estados e Municípios nas receitas do país, e que isso não ocorreu. Isso não ocorreu mesmo; mas a Prefeitura do Rio não aplicou até agora nenhum centavo de seu orçamento em obras de prevenção de enchentes. O Rio tem tido problemas sérios, com chuvas mais abundantes que as normais, numa fase em que não há investimento algum no setor.

Detalhe: Crivella é um dos principais políticos do PRB, ligado à Igreja Universal, que apoia Bolsonaro.

CAI,CAI

A Ciclovia Tim Maia, no Rio, que liga o Leblon à Barra da Tijuca, à beira-mar, desabou mais uma vez com as chuvas e as enchentes. Desde que foi inaugurada pelo prefeito Eduardo Paes, em janeiro de 2016, é seu quarto desabamento. Comparando: o Aterro do Flamengo, construído no Governo Carlos Lacerda há mais de 50 anos, nunca teve qualquer problema desse tipo, embora a cidade tenha tomado muito terreno ao mar.

Explica-se: para realizar a obra, foram contratados estudos do Laboratório Hidrológico de Lisboa, um dos mais avançados do mundo. Houve medições, modelos matemáticos, construção correta, que seguiu o projeto, e a obra mudou a cara do Rio para melhor - o que parecia impossível. Como foi feita a ciclovia? O que se sabe é que desabou tantas vezes que talvez seja inviável reconstruí-la.
Herculano
10/04/2019 10:19
'QUARTEL NÃO TEM ALGEMAS', por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Soldados não deveriam patrulhar ruas, nem as Forças Armadas são o governo

O general Leônidas Pires Gonçalves comandou o Exército de 1985 a 1990. Foi um daqueles chefes militares que viram de tudo. Em 1945, estava na cena da deposição de Getúlio Vargas. Em 1961, na escuta dos telefonemas de João Goulart durante a crise da renúncia de Jânio Quadros. Em 1964, viu quando o general Costa e Silva começou a emparedar o marechal Castelo Branco.

Em 1984, foi um dos generais que garantiram a eleição de Tancredo Neves. Como ministro do Exército de José Sarney, manteve a disciplina na tropa, inclusive quando enquadrou o jovem capitão Jair Bolsonaro, que emergia como uma espécie de liderança sindical militar.

Leônidas ensinava: "Quartel não tem algemas".

Ele era o ministro do Exército em 1988, quando mandou uma tropa para desocupar a usina de Volta Redonda, ocupada por grevistas, e morreram três operários. Passaram-se 31 anos e uma patrulha do Exército disparou 80 tiros contra o carro que conduzia uma família e matou o motorista.

"Quartel não tem algemas", os soldados não são profissionais treinados para operações policiais e, quando acontece uma dessas tragédias, quem vai para a frigideira são recrutas, um sargento ou, no máximo, um jovem oficial. Em menos de 24 horas o comando do Exército prendeu dez militares envolvidos na fuzilaria do Rio. A informação inicial, falsa, de que a patrulha respondeu a "injusta agressão" foi substituída pelo "compromisso com a transparência".

Há épocas em que as eternas vivandeiras pedem aos militares que façam isso ou aquilo. A ideia de botar a tropa nas ruas do Rio podia parecer "golpe de mestre", mas é apenas a criação de novos problemas. Passa o tempo, as vivandeiras vestem as camisetas da ocasião e mandam a conta para os quartéis.

Jair Bolsonaro entrou no Palácio do Planalto com um discurso popular de defesa da lei e da ordem, confundindo-se com as Forças Armadas. Há dias o presidente disse: "Nasci para ser militar". Só ele pode falar da própria vocação, mas, de cadete a capitão, foi militar durante 14 de seus 64 anos de vida e deixou a carreira marcado por 15 dias de prisão por indisciplina.

Daí em diante, Bolsonaro foi parlamentar por 29 anos. Parece mais precisa a avaliação de seu vice, Hamilton Mourão, para quem ele é "mais político do que militar".

O general Mourão formulou uma perigosa profecia: "Se nosso governo falhar, errar demais, não entregar o que está prometendo, essa conta irá para as Forças Armadas, daí a nossa extrema preocupação".

Isso não deve acontecer. Primeiro, porque as Forças Armadas não são o governo. Há cerca de cem militares na nova administração, mas quase todos estão na reserva, inclusive Mourão. Apesar de poucas manifestações impróprias durante a campanha eleitoral, nos quartéis prevaleceram a disciplina e o silêncio. Três dos quatro comandantes do Exército deste século não disseram uma única palavra. Ganha um fim de semana em Caracas a vivandeira que lembrar os nomes desses generais.

Nenhuma conta pode ir para as Forças Armadas, a menos que se trapaceie o jogo, coisa que correu no ocaso da ditadura, quando o andar de cima vestiu camisetas amarelas, foi para a campanha das Diretas e jogou o entulho do regime na porta dos quartéis.

Quem namora a ideia de expansão das atribuições dos militares sonha com impasses, talvez um conflito com o Congresso. Nesse sonho, "se o governo falhar", as Forças Armadas ficariam com a conta. A conta será do governo. Os militares, calados, estão na mesa ao lado.

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