Sintraspug vai à justiça e pede indenização por danos morais contra prefeito de Gaspar por suposto constrangimento aos servidores e comissionados em cargo de confiança - Jornal Cruzeiro do Vale

Sintraspug vai à Justiça e pede indenização por danos morais contra prefeito de Gaspar por suposto constrangimento aos servidores e comissionados em cargo de confiança

30/10/2018

A presidente do Sintraspug, Lucimara Rozanski Silva quer que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, indenize os servidores por suposto assédio moral

Não fixa valor e deixa isso para o juiz do caso

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Gaspar – Sintraspug -, Lucimara Rozanski Silva, prometeu e cumpriu. Se vai dar certo, aí são outros quinhentos. Ao menos sinalizou que as orquestrações do executivo sobre os servidores possuem alguns limites no exercício da autoridade sobre eles.

Lucimara foi à Justiça e enquadrou o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, por supostos danos morais aos servidores comissionados e os efetivos que estão em cargos de confiança e por isso, são gratificados. A Ação está na 2ª Vara da Comarca de Gaspar. O juiz da causa é Lenoar Bendini Madalena. Os advogados do Sintraspug são de Blumenau e pertencem ao escritório Krieger, Ramos, Moreira, Ribas e Klock. O Município de Gaspar e o prefeito já foram citados eletronicamente pela Justiça.

O que aconteceu? É que no dia 28 de setembro à noite, vendo que o seu plano de trocar o Vale Alimentação pago em pecúnia e incorporado aos vencimentos dos servidores pelo sistema de cartão, caminhava para a polêmica e para ser desfigurado na Câmara pelo projeto de lei 22/2018, ilegal e inconstitucional, de autoria do funcionário público (Samae) e vereador de oposição, Cicero Giovane Amaro, PSD, Kleber resolveu manobrar e inventar, na última hora, um tal “Prêmio Assiduidade”, para com ele e esta “invenção” mal explicada, trocar a pecúnia (dinheiro) do Vale Alimentação.

E por que Kleber fez isso? Orientado por gente que se acha esperta, ele tentava barrar o desgaste que estava tendo, e que iria piorar, no debate dessa matéria na Câmara, entre os servidores e na imprensa - a que não estava alinhada com a prefeitura e o poder de plantão para ficar calada. O desgaste, supostamente, para os que orquestraram a manobra do tal “Prêmio Assiduidade”, prejudicaria a imagem dos políticos na busca de votos para seus candidatos às vésperas das eleições. É que o PL 22 rolava na Câmara desde julho e “providencialmente” foi para a finalização e debate público às vésperas das eleições.

Não há santos nessa história toda. Coisas do jogo jogado dos políticos e da politicagem.

Esta coluna foi a primeira a publicar os fatos, incluindo o áudio intimidatório e de constrangimento do prefeito Kleber em sua conta do aplicativo de mensagens whatsapp. Foi um ato fora de qualquer propósito, mesmo que as “ordens” tenham inicialmente atingido uma pequena parcela de funcionários diferenciados na prefeitura e líderes partidários externamente.

Entretanto, são exatamente estes que estão em posição privilegiada de chefia, de mando ou de liderança no serviço público municipal e no mando político da coligação de poder. Resumindo, a fala do prefeito Kleber foi intencional para o constrangimento e o resultado em cadeia de comando política e de gestão.

E questionado no dia seguinte depois que o fato se tornou um “hit” nas redes sociais e aplicativos de mensagens, o próprio Kleber, e está gravado, confirmou o propósito, afirmando que os comissionados deveriam trabalhar pelo governo e ele estava na verdade, apenas cobrando o óbvio deles. O recuo foi se dando gradativamente à medida que se foi avaliando o estrado do que se tentava consertar.

ORDEM UNIDA. UMA ORAÇÃO QUE NÃO DEU CERTO

Naquela ordem gravada e espalhada para um grupo de 150 escolhidos, multiplicou-se em milhares, Kleber disse o seguinte:

“Pessoal, preste atenção: se até meia-noite não tiver compartilhamento de cada um dos senhores e das senhoras desse vídeo e comentários defendendo positivo (sic) na postagem, amanhã vou tomar providências, certo? Compartilhem, liguem, falem um com o outro aí, resolvam esse negócio, eu quero compartilhado cada um dos senhores. Amanhã vou tomar nota disso aqui com o pessoal da comunicação, certo? E fiquem atentos para responder os comentários que for. Tem que cumprimentar e parabenizar a decisão do governo, que vai atender à reivindicação do servidor, vai continuar pagando os R$430,00 em dinheiro, certo? E ao mesmo tempo fazendo economia pro Município de Gaspar. Preciso de vocês, agora.”

Segundo afirmaram os advogados na peça que mandaram para a Justiça:

“Ao que se vê, o Prefeito fez nada menos que ameaçar os servidores públicos mais próximos a ele de que quem não compartilhasse e publicamente aplaudisse a medida tomada pelo Prefeito, poderia vir a perder o seu cargo [“amanhã vou tomar providências”.]

Na prefeitura de Gaspar dá-se como certo de que esse assunto não vai prosperar na Justiça. Pode até não ir adiante aqui na Comarca como perturbadoramente anunciam alguns que instalados no paço municipal se acham acima do razoável diante da lei e da ética.

Entretanto, coincidentemente depois dos resultados pífios nas eleições para o grupo no poder de plantão, estão sendo formatadas e anunciadas “mudanças” aos atuais comissionados, exatamente por eles não terem sido “eficazes” na cabala de votos nas últimas eleições, não terem segurado bandeiras, não terem feito panfletagem nas ruas centrais para os múltiplos candidatos para os quais os do poder de plantão lotearam Gaspar, assunto que já foi também mote para várias colunas aqui.

CHOCANDO O OVO DA SERPENTE

O que parece ser uma simples punição ou limpeza, poderá ser igualmente um grande problema.

Alguns comissionados estão só esperando a dança das cadeiras, para então se integrarem como testemunhas voluntárias desta Ação do Sindicato. E pelo fato muito simples: alguns deles já foram contatados por agentes políticos do poder de plantão, trazendo a má possível notícia e as razões do expurgo. Outros, estão sendo aterrorizados – e tem perdido o sono - por informações indiretas plantadas nas repartições e aplicativos de mensagens.

Caminho para o final. Este episódio da mensagem de própria voz do prefeito Kleber para criar um fato falso nas redes sociais a favor de si próprio e da administração, com comentários favoráveis por encomenda em algo que muitos “comentaristas” não sabiam direito do que se tratava, é emblemático. Ele revela à falta de estratégia do governo de Kleber Edson Wan Dall e Luiz Carlos Spenlger Filho, este do PP, e do prefeito de fato, o secretário de Saúde, Carlos Roberto Pereira, presidente licenciado do MDB de Gaspar, para o resultado que prometeram na campanha aos munícipes: eficiência, mudanças e inovação.

Primeiro não tinha de fato um plano de governo. Segundo, perdeu-se na centralização da Reforma Administrativa que transformou a secretaria da Fazenda e Gestão Administrativa no centro de tudo, enquanto a Saúde Pública ficava cada vez mais doente ao rejeitar a técnica que se nomeou. Terceiro, e para complicar, Kleber perdeu a frágil e malfeita maioria na Câmara; ficou refém dos oposicionistas.

Quarto. Em dois anos de governo, Kleber não produziu ainda uma marca de resultado para ele e para a cidade. Ao contrário pipocam dúvidas e algumas, fruto da falta de transparência essencial ao administrador público. Negou-se a ser um governo técnico. Estabeleceu-se no empregocídio instrumentalizando os cargos comissionados e os de confiança com uma legião de supostos cabos eleitorais – ou de agradecimento à sua eleição – mas que nas deste outubro se mostrou ineficaz. E para complicar, como mostra a ordem que deu e a Ação que responde, pouco adiantou o chicote.

E por que esses cabos foram ineficazes para o prefeito Kleber, o vice Luiz Carlos, o Pereira, o PT, o PSD, o PSDB – estes três partidos, no exemplo, fora do governo Kleber? Porque se praticou a velha política e que estava sendo derrotada nas urnas. Os governantes de Gaspar, jovens na idade, velhos nas práticas política, cheios de interesses, foram incapazes de se unirem em projetos comuns, não perceberam que o mundo dos eleitores já é, em tese, outro.

E em quinto lugar: como acontece com a Saúde, Educação, Assistência Social, Obras, Samae onde se preferiu curiosos ao invés dos técnicos, para se estabelecer nos jogos políticos, religiosos, pessoais, familiares, amizade, na área Comunicação do governo nada foi diferente.

Ela é uma fábrica de press release e mau conteúdo e uso das redes sociais onde tudo é personalizado e nada é institucionalizado em nome de produtos e resultados de um projeto prometido. Até a boa ideia – e já escrevi sobre isso - do “Avança Gaspar” está banalizado, exatamente por temer que pouco dele será possível iniciar, ou sequer completar no atual governo, que se começar, está atrasado.

Esse áudio assustador que se questiona na Justiça, é a prova de como a imagem do governo está desconectada do ambiente de exigências de mudanças dos pagadores de pesados impostos sobre os governantes e gestores públicos; de como estão deixando exposto Kleber. Parece até, que querem enterrá-lo. Mas, se esta é a intenção, o buraco será o mesmo para todos que estão no governo. Se não refundar o governo e não reconstruir, logo, a imagem de Kleber, tudo estará perdido e para todos. Mas, este é tema para outra coluna. Acorda, Gaspar!0

TRAPICHE

Transparência é tudo. É assim que se enfrenta a oposição politiqueira ou se respeita a oposição responsável.

Contudo, em Gaspar em primeiro lugar o Executivo tem um desrespeito incomum com o Legislativo, que na verdade, é em tese, a voz e o fiscal dos cidadãos e cidadãs pagadores de pesados impostos.

Os requerimentos dos vereadores – principalmente os de oposição - agora para serem respondidos pelo prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, têm que antes passar pela decisão da Justiça pela ameaça ou à força dos tais Mandado de Segurança.Incrível!

Toda sessão da Câmara é a mesma queixa e ladainha. Deprimente! O que a prefeitura de Gaspar está escondendo dos gasparenses? Ou é apenas birra com um Poder, legítimo e que deve ser respeitado, onde ela perdeu a maioria exatamente por incapacidade de fazer política e se estabelecer no diálogo sobre as divergências?

Mistério em Gaspar. Ninguém consegue responder, apesar das obras estarem aos olhos vistos e aparentemente avançar sobre o Ribeirão Gasparinho, na Avenida das Comunidades. Inconformado o vereador Cícero Giovani Amaro, PSD, quer informações e documentos sobre a terraplanagem, drenagem pluvial, enrocamento e de recuperação de área degradada das autorizações municipais n°080/2018 e PRAD 014/2018.

Ele quer saber quem é o responsável pela contratação; qual a finalidade dela; quem é o proprietário do terreno; se há aprovação municipal para construção de Obra Civil no local, qual.

Cícero quer saber da prefeitura se a autorização ambiental da referida obra observou a determinação do Código Ambiental Brasileiro quanto ao afastamento mínimo de 30 metros da calha de ribeirões e córregos de água para realização de obra civil.

Mais: se o município de Gaspar, através da Superintendência de Meio Ambiente, tem realmente competência para emitir a referida Licença Ambiental; e quem é o servidor público municipal responsável pela fiscalização dessas obras. Hum!

Comentários

Herculano
01/11/2018 11:56
PETISTAS E A ESQUERDA DO ATRASO EM DESESPERO LANÇARAM-SE À DESQUALIFICAÇÃO. MORO ACEITA CONVITE DE BOLSONARO PARA COMANDAR MINISTÉRIO DA JUSTIÇAa


Conteúdo do portal G1, sucursal de Brasília. O juiz federal Sérgio Moro aceitou nesta quinta-feira (1º) o convite do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para chefiar o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Os dois estiveram reunidos nesta manhã, no Rio de Janeiro. Moro chegou na casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, um pouco antes das 9h. Ele veio de Curitiba em voo de carreira e sem seguranças.

Após o encontro, Moro divulgou nota dizendo que aceitou "honrado" o convite. Moro disse, ainda, que aceitava o cargo com "certo pesar" pois terá que abandonar a carreira de juiz após 22 anos de magistratura.

"No entanto, a perspectiva de implementar uma forte agenda anticorrupção e anticrime organizado, com respeito a Constituição, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisão", escreveu Moro.

"Na prática, significa consolidar os avancos contra o crime e a corrupção dos últimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior", concluiu.
Segundo o juiz, a Operação Lava Jato seguirá em Curitiba "com os valorosos juízes locais". Ele disse que desde já vai se afastar de novas audiências.

Pouco antes de a nota ser divulgada, um assessor do presidente eleito já havia confirmado a decisão do juiz para o colunista da GloboNews e do G1 Valdo Cruz.

Moro é o quinto ministro anunciado pelo governo Bolsonaro. Outros quatro já foram anunciados: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), general Augusto Heleno (Defesa) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia).

No twitter, o presidente eleito, Jair Messias Bolsonaro, PSL, escreveu: "O juiz federal Sérgio Moro aceitou nosso convite para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Sua agenda anti-corrupção, anti-crime organizado, bem como respeito à Constituição e às leis será o nosso norte!

Moro diz que aceitar o ministério depende de agenda anticorrupção e anticrime organizado

Durante voo de Curitiba para o Rio de Janeiro, Sergio Moro afirmou à reportagem da TV Globo que não havia nada definido e que aceitar o convite para assumir o ministério dependia de agenda anticorrupção e anticrime organizado para o país.

"Se houver a possibilidade de uma implementação dessa agenda, convergência de ideias, como isso ser feito, então há uma possibilidade. Mas como disse, é tudo muito prematuro", afirmou Moro.

Nota divulgada pelo juiz Sérgio Moro

Fui convidado pelo Sr. Presidente eleito para ser nomeado Ministro da Justica e da Seguranca Publica na proxima gestao. Apos reuniao pessoal na qual foram discutidas politicas para a pasta, aceitei o honrado convite. Fiz com certo pesar pois terei que abandonar 22 anos de magistratura. No entanto, a pespectiva de implementar uma forte agenda anticorrupcao e anticrime organizado, com respeito a Constituicao, a lei e aos direitos, levaram-me a tomar esta decisao. Na pratica, significa consolidar os avancos contra o crime e a corrupcao dos ultimos anos e afastar riscos de retrocessos por um bem maior. A Operacao Lava Jato seguira em Curitiba com os valorosos juizes locais. De todo modo, para evitar controversias desnecessarias, devo desde logo afastar-me de novas audiencias. Na proxima semana, concederei entrevista coletiva com maiores detalhes.

Curitiba, 01 de novembro de 2018.

Sergio Fernando Moro
Herculano
01/11/2018 11:38
SOBRE MORO

Do ex-presidente tucano FHC no twitter

Moro na Justiça. Homem sério. Preferia vê-no STF, talvez uma etapa. Fusões de ministérios sim, com prudência. Já vimos fracassos colloridos. Torço pelo melhor, temo que não, sem negativismos nem adesismos. A corrupção arruina s política e o país. Se Moro a combater ajudará o país
Herculano
01/11/2018 11:26
da série: esse negócio de comunicação não é para amadores já escrevi isso aqui tantas vezes. Veja o desastroso caso de Gaspar. O PT era mestre na comunicação, na ilusão e na mentira. Se tivesse ficado só com a maestria da comunicação - mesmo sem o João Santana - teria se dado melhor.

MOURÃO, VICE DE BOLSONARO, ACERTA AO DIZER QUE A COMUNICAÇÃO DA EQUIPE DE PRESIDENTE ELEITO É RUIM:"ISSO É ATÁ UM ELOGIO", AFIRMA, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

O general Hamílton Mourão, vice eleito na chapa de Jair Bolsonaro, já disse as suas barbaridades, como é sabido. Mas, até em razão de sua formação e das funções que ocupava no Exército, tem mais preparo intelectual do que o capitão, que é o presidente eleito. Não é do tipo que repudia os holofotes e evidencia que não quer ser apenas decorativo. Nesta quarta, afirmou o seguinte sobre o diz-que-diz-que já marca esse comecinho da transição: "A comunicação nossa é ruim, né? Ruim é até um elogio. Eu vou arrumar alguém que faça uma comunicação decente, nós temos que arrumar alguém. Já falei várias vezes".

Querem saber de uma coisa? O general está coberto de razão. Eu mesmo já afirmei isso no rádio algumas vezes. Os bolsonaristas, claro!, me xingaram.


Ou Jair Bolsonaro põe ordem na casa e nomeia um porta-voz já na fase de transição, ou, parafraseando Roberto Campos, não há o menor risco de esse troço dar certo, a despeito do otimismo dos mercados.

"Olhe, o Reinaldo Azevedo já está secando a gestão do capitão? Vou xingá-lo nas redes sociais".

Bem, nada a estranhar quando o próprio Bolsonaro, em entrevista ao "Jornal Nacional", ameaça a Folha com corte de verba oficial de publicidade, embora se diga, como não?, um defensor da liberdade de imprensa. Nessa configuração, ele empregaria dinheiro público como se privado fosse e se outorgaria a prerrogativa de definir o que é liberdade. Mourão, aliás, referiu-se também ao trato da turma com a imprensa: "Em primeiro lugar: não se pode tratar a imprensa como inimiga em hipótese alguma." Ele quer que o futuro governo encontre uma pessoa capaz de ter empatia, conhecimento e que "saiba transmitir aquilo que o governo quer transmitir".
Herculano
01/11/2018 07:08
'A POLÍCIA VAI MIRAR NA CABECINHA E... FOGO', DIZ NOVO GOVERNADOR DO RIO

Wilson Witzel (PSC) defende execução de bandidos com fuzis e, antes de assumir, já fala em reeleição
Entrevista com Wilson Witzel, governador eleito do Rio de Janeiro

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto e entrevista de Roberta Pennafort, da sucursal do Rio de Janeiro. Eleito governador do Rio com discurso apoiado no combate à corrupção e ao tráfico de drogas, além da promessa de promover o desenvolvimento econômico, Wilson Witzel (PSC) reafirmou, em entrevista ao Estado, que policiais que matarem quem portar fuzis não devem ser responsabilizados "em hipótese alguma".

Segundo Witzel, a autorização para o "abate", a ser oficializada, não aumentará a letalidade no Estado - hoje, são cerca de 500 registros por mês, ou 16 assassinatos por dia. Para Witzel, a medida reduzirá o número "de bandidos de fuzil em circulação".

"O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e... fogo! Para não ter erro", afirmou o governador eleito, que é ex-juiz federal, nascido em Jundiaí (SP), e novato na política.

Witzel ainda chamou os antecessores no governo do Estado do Rio de "constelação de pilantras" e disse que vai pedir à futura gestão Jair Bolsonaro (PSL), um aliado, a permanência das Forças Armadas de janeiro até outubro de 2019, dez meses além do prazo do decreto da intervenção federal na segurança. A seguir, os principais trechos da entrevista:

O sr. se apresenta como uma novidade. Já se sente político?

Eu estou governador durante quatro anos. Se o povo avaliar bem, a gente fica mais quatro. Acho a reeleição saudável. Não concordo com o presidente Bolsonaro nessa. Ele vai acabar ficando oito anos também.

Além da segurança, qual será seu principal foco?

O principal é gerar emprego, aumentar o PIB da agricultura, a educação, a saúde, diversificar o turismo.

Espera que o Rio seja privilegiado na renegociação do Regime de Recuperação Fiscal?

O presidente tem de ouvir todos os governadores e arrumar uma solução. É uma discussão que tem de ser travada. O presidente é "paulistoca" (paulista e carioca) e o governador também. Mas a preocupação dele é nacional. Quero tirar o Rio das páginas policiais para colocar nas páginas positivas. Hoje, o turismo no Rio está com crescimento negativo. O chinês olha para o Rio e pensa só em praia, mulher de bunda de fora.

Os servidores podem confiar que não terão mais salários atrasados?

Nosso problema não é de despesa, é de receita. Tudo o que o Estado tem de fazer é melhorar o desempenho de sua economia. Vem perdendo essa capacidade em razão de escândalos, por falta de interesse das empresas. O ICMS é alto, as isenções foram feitas de forma seletiva. Houve receio do empresariado. O (atual governador, Luiz Fernando) Pezão ficou marcado por causa dos governos anteriores. Perdeu credibilidade. Eu não tenho relação com eles. Isso já é uma sinalização positiva para os investidores. Não sou ladrão, minha vida mostra. Os últimos governadores, só Jesus na causa... Foi uma constelação de pilantras.

O senhor defende a excludente de ilicitude para policiais. Então no caso do policial que mata em serviço não deve haver mesmo qualquer responsabilização?

Se for um ato em confronto, em que o policial está acobertado por uma excludente de ilicitude, não é homicídio, é morte em combate. A excludente está no Código Penal desde 1940, Artigo 25. (Responsabilização) em hipótese alguma. É auto de resistência e arquivo. O ato é lícito.

Não há consenso sobre a interpretação de que basta o bandido estar de fuzil, sem mirar em alguém, para que se configure ato em legítima defesa.

Se estiver mirando em alguém, tem de receber tiro na cabeça na hora.

Se não há agressão, é legítima defesa sem dúvida?

Também tem de morrer. Está de fuzil? Tem de ser abatido.

Se o senhor dá essa autorização expressa e o policial depois é processado, a responsabilidade não cai no seu colo?

Não vai cair no meu colo nada. Vai cair no colo do Estado. O Estado tem de entender que tipo de segurança pública quer.

Houve casos de pessoas que morreram porque estavam com uma furadeira ou um guarda-chuva. Os policiais se confundiram. Atira primeiro e verifica depois?

Quem atirou é um incompetente, não devia ter atirado. Não estava preparado. Se fizer um curso de "sniper", vai estar preparado para identificar quem está de guarda-chuva.

O senhor falou em colocar "snipers" em helicópteros. Os moradores das favelas ficam em pânico nessas operações.

E os cinco bandidos de fuzil atirando para tudo quanto é lado não contam, não? A errada é a polícia?

Da polícia o cidadão espera a conduta correta; do bandido, não...

O correto é matar o bandido que está de fuzil. A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e... fogo! Para não ter erro.

Essa diretriz não vai aumentar os índices de letalidade?

Vai reduzir os índices de bandido de fuzil em circulação.

Se matar bandido reduzisse a violência, o Rio seria um paraíso...

Então não está matando, não é? Está deixando de matar.

O senhor está dizendo que a polícia do Rio mata pouco? Só em agosto, foram 175 pessoas mortas por policiais (um aumento de 150% na comparação com agosto de 2017).

Tem de resolver o problema, não está sendo resolvido.

A polícia do Rio é a que mais morre e a que mais mata do Brasil.

É que tem muito bandido na rua. Mas não é só um lado da moeda. Tem a questão do combate à lavagem, o trabalho para asfixiar quem está fornecendo fuzis. Não é só fazer guerra: tem de tirar o fuzil de circulação, evitar isso. Caso contrário, não adianta, é chover no molhado. É incompetência de todos os lados.

Pelo seu discurso, o senhor parece defender a lógica do confronto, que já se provou ineficaz no Rio.

Não, eu apoio a investigação. O confronto será realizado se necessário for. Se um bando de criminosos de fuzil, o Comando Vermelho e a Amigos dos Amigos, resolve fazer uma guerra de facção, quem é que para isso? A polícia vai ficar assistindo eles? Serão todos abatidos.

Na sua opinião, o Rio vive uma guerra?

Tem muita gente de fuzil na rua, precisa ser reduzido. A estratégia é identificá-los e prendê-los. Vamos utilizar um sistema de reconhecimento facial, usar drones, câmeras. Quem estiver de fuzil vai ser identificado e preso.

A policia do Rio é mal treinada. Como se resolve isso no curto prazo?

A polícia está mal orientada. O policial está com dúvida. 'O que eu faço? Atiro ou não atiro?' Identificou uma agressão? Atira! Agora vai ser treinada. Vai passar por palestras. Vamos criar a Universidade da Segurança Pública. O Exército está fazendo treinamento. Se não foi suficiente, vamos continuar. Tem quatro anos.

Sendo seu discurso alinhado com o do presidente eleito, Jair Bolsonaro, acredita que será estreita a colaboração no campo da segurança?

Não tem por que ser alinhado ou desalinhado. O presidente cuida das Forças Armadas, quem cuida da segurança é o governador. Ele não tem nenhuma ingerência. Tem que ter condições de investigar a lavagem, a milícia, o tráfico de armas e drogas. O policiamento ostensivo tem que estar na rua, equipado, funcionando. Vamos fazer convênio direto com a PF, a Polícia Rodoviária Federal, a Receita Federal. Não precisa nem falar com o presidente, fala direto com o ministro.

O senhor defende o armamento da população, quer criar clube de tiro. A população sempre foi orientada a não reagir em caso de abordagem de bandidos. A orientação mudará?

No clube de tiro, a pessoa vai aprender, vai ser conscientizada e vai decidir se vai ou não usar arma. Uma vez fiz um exercício com 40 juízes e promotores. Todos interessados em comprar pistolas .40. Saindo de lá, só um quis comprar. É só ir para o clube de tiro e decidir. Se você achar muito difícil, achar que não tem condições, não compra. Quem estiver em condições, estiver habilitado, vai usar, se a legislação permitir o porte. Vai estar orientado, se é para manter no carro, com a família, como se posiciona, como saca, como atira.

Isso não é temerário?

Temerário é o bandido de fuzil ameaçando uma família.

A orientação para o cidadão sempre foi entregar tudo e preservar sua vida.

Mas ele deixa vivo? Será? Eles hoje estão atirando na cabeça. O bandido está impiedoso. Ele pega e mata.
Herculano
01/11/2018 06:53
FANFARRõES

De Guilherme Fiuza, no twitter

O ministro Luis Roberto Garboso disse q o STF se unirá em defesa de negros, gays e mulheres. Se esqueceu da minoria mais vulnerável hoje - a de juiz fanfarrão q usa a corte suprema p/ panfletagem colegial. Alguém há de avisá-lo q conspirar contra presidente sem voto é bem + fácil
Herculano
01/11/2018 06:37
SUPERDÚVIDAS NA ECONOMIA DE BOLSONARO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S, Paulo

Ruído na informação cria dúvidas sobre câmbio, Previdência e até sobre a independência do BC

O presidente foi eleito faz quatro dias. Difícil, claro, que se esclarecessem dúvidas sobre o que Jair Bolsonaro fará na economia, muitas, dado o mistério que foi sua campanha. Mas não convinha criar mais confusão. Por exemplo.

Dúvida 1.

Dias antes de ser eleito, Bolsonaro falou de metas para o dólar. Nesta semana, Onyx Lorenzoni, ministro indicado para Casa Civil, disse algo (vago assim mesmo) sobre taxa de câmbio. Nesta semana, a equipe do programa econômico falou de vender reservas internacionais para abater dívida pública.

O superministro indicado para a Economia, Paulo Guedes, disse que poderia vender em tese até US$ 100 bilhões dos US$ 381 bilhões das reservas a fim de controlar uma desvalorização crítica do real (dólar indo a R$ 5).

Há fumaça nessa história de câmbio. Obviamente tratou-se do assunto no comando bolsonarista, mas, além de Guedes, ninguém entende do que se trata. Há fogo?

Dúvida 2.

Guedes fala, pois, com desenvoltura do que fazer de taxa de câmbio e de reservas. Atualmente, a política cambial está, na prática, a cargo do Banco Central. Vai sair de lá, do BC? Vai haver bola dividida ou compartilhada entre BC e superministério da Economia?

Dúvida 3.

Por falar em Banco Central, parece ser intenção do governo Bolsonaro mandar ao Congresso um projeto de independência ou de autonomia do BC, não se sabe qual das alternativas ou se há de fato diferença entre os termos.

O BC seria autônomo ou independente até que limite? Com certeza em política monetária, na definição da meta de taxa de juros etc.; decerto na política de crédito e na regulação e na fiscalização do sistema financeiro.

Mas como fica, por exemplo, a definição da meta de inflação, assunto no qual o BC tem voz? Sim, voz no CMN (Conselho Monetário Nacional), do qual fazem parte o presidente do BC e os ministros da Fazenda e do Planejamento, que serão Guedes. Um BC independente pode ou não definir a meta de inflação. Como vai ser?

Dúvida 4.

Por falar em Conselho Monetário Nacional, o CMN formula a política de moeda e crédito, decide normas para o sistema financeiro e um mundo de assuntos correlatos.

Com um Banco Central independente, como fica o CMN? Acaba? Permanece? Com quais atribuições, as quais sempre limitarão, para o bem ou para o mal, a independência do BC? Com qual composição? Um representante do BC e outro do superministério da Economia? Quem decide eventual conflito?

Sim, já se pensaram respostas para essas questões, mas, antes de haver um superministro da economia, que tem opiniões fortes sobre câmbio, por exemplo, embora, por formação, seja adepto de BCs independentes.

Dúvida 5.

Durante a campanha, Bolsonaro e Lorenzoni haviam criticado a reforma da Previdência de Michel Temer. Logo depois da eleição, Bolsonaro disse que procuraria aprovar alguma coisa da reforma de Temer, já.
Lorenzoni desgostou da ideia em público. Guedes defendeu a ideia em público.

O Congresso moribundo e líderes que permanecerão disseram que a reforma não passa, por variados motivos. Depois do primeiro encontro do governo de transição, Guedes e Lorenzoni moderaram as opiniões e puseram panos quentes na discórdia.

Que fim levou a ideia de aprovar a reforma Temer? Morreu para este ano? O projeto Temer será envernizado e apresentado logo no início do ano que vem, enquanto Guedes prepara (ou não) a reinvenção das aposentadorias do país (criando o sistema de capitalização)?
Herculano
01/11/2018 06:27
SENADOR DENUNCIADO POR SER LOBISTA DOS CARTóRIOS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O projeto aumentando em 747% valores cobrados pelos cartórios do DF para carimbar papéis, para reconhecer firmas ou autenticar fotocópias, lançou luz sobre o milionário lobby dos donos de cartórios, que há anos atua no Congresso. Em acalorada discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o senador José Pimentel (PT-CE) apresentou voto em separado, apontou para o colega Hélio José (Pros-DF), em fim de mandato, e o acusou de ser "lobista de cartório".

ORIGEM DA TUNGA
O aumento abusivo, que vários senadores atribuem ao lobby dos cartórios, foi oficialmente apresentado pelo Tribunal de Justiça do DF.

É LOBBY MESMO
José Pimentel lembra que o próprio TJ-DF não vê necessidade de taxa para "reaparelhamento" do tribunal porque os recursos vêm da União.

DESEJO ANTIGO
O abuso veio à tona em 2017, quando o senador Antonio Reguffe (sem-partido/DF) denunciou o projeto dos cartórios.

PACOTE DE MALDADES
O reconhecimento de firma em DUT aumentará 747%, mas há diversos aumentos acima de 100%, apesar da inflação abaixo de 3%.

'GUIA DA TRANSIÇÃO' ORIENTA A EQUIPE DE BOLSONARO
O governo Michel Temer concluiu nesta quarta (31) um Manual, sob o título de "Guia informativo Simplificado para a Equipe de Transição", destinado a orientar a equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro sobre deveres e direitos de cada futuro integrante do novo governo. O manual inclui informações práticas sobre uso de carro oficial (agora restrito a ministros), telefone celular funcional, diárias etc. A iniciativa foi do ministro-chefe da Secretaria Geral, Ronaldo Fonseca.

MORDOMIAS
O "Guia Informativo Simplificado" esclarece, por exemplo, quem no Poder Executivo ganha auxílio-moradia, diárias ou passagens aéreas.

LIMITE DE CELULAR
O manual da transição também mostra que alguns servidores terão direito a celular oficial, mas, se exceder o limite, é ele quem paga.

APOIO
Além do manual, o governo temer preparou um completo dossiê sobre o País e sobre o governo, destinado a facilitar a vida da nova gestão.

MINISTRO MAGNO
Esta definida a denominação do ministério que o presidente Bolsonaro vai confiar a seu amigo e senador Magno Malta: Desenvolvimento Social, Família e Direitos Humanos. Inclui Mulheres e Igualdade Racial.

VALHA-NOS, DEUS
Cotado para Minas e Energia, o economista Adriano Pires foi assessor da Agência Nacional do Petróleo, que obriga refinarias e destilarias a entregarem seus produtos ao cartel das distribuidoras/atravessadoras. E defende a política criminosa da Petrobras de reajustes diários.

LOROTA TEM LIMITE
O poderoso chefão das distribuidoras Rubens Ometto contou lorotas na Conferência Datagro, em São Paulo, "defendendo o livre comércio". É tudo o que não pratica. Pressiona contra o direito de usinas e refinarias de vender etanol, gasolina e diesel aos postos, reduzindo o preço final.

BOMBA NA REDE
Viralizou vídeo de Bolsonaro com a primeira-dama comendo pastel na esquina. "Mal foi eleito e leva a mulher a restaurante de luxo", diz o texto, ironizando os hábitos gastronômicos de Sérgio Cabral, o ladrão.

SIGA O DINHEIRO
Países do Mercosul há mais de trinta anos gastam saliva e energia brincando de imitar a União Européia. O Chile recusou a caricatura, fez opção pelo livre comércio e hoje é o mais desenvolvido do continente.

ENCRUZILHADA NO DETRAN-PR
A biografia do diretor do Detran do Paraná, Marcello Panizzi, está numa encruzilhada. Funcionário de carreira, enfrenta séria crise em razão do monopólio dos milionários contratos de registros de automóveis. Mas ele tem a chance de sair do episódio com atestado de ficha limpa.

TRANSPORTES FORTALECIDO
Fragmentado na era PT para atender à pressão política por ministérios, digamos, que "furem poço", o ministério Transportes poderá voltar a ser grande, reagrupando as áreas estratégicas de Aviação Civil e Portos.

APENAS UM FANFARRÃO
Houve certa indignação no Exército com derrotados do dia 28, como Boulos, que em vídeo ameaça espalhar intranquilidade pelo País. Mas a conclusão é que ele não passa de um oportunista fanfarrão.

PENSANDO BEM...
...o Congresso bem que poderia voltar a trabalhar, aprovando a reforma da Previdência, por exemplo, agora que a eleição acabou.
Herculano
01/11/2018 06:20
SUPREMO E CONGRESSO DEVEM PROTAGONIZAR TENSõES NA ERA BOLSONARO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha de S. Paulo

Tribunal dá recado de que pretende conter excessos contra liberdades de expressão

O sistema de contrapesos da praça dos Três Poderes deve passar por novas tensões a partir de 2019. A quarta-feira (31) em Brasília teve uma prévia da dinâmica das relações entre Executivo, Legislativo e Judiciário com a posse de Jair Bolsonaro e do próximo Congresso.

Pela manhã, parlamentares tentaram pegar carona na popularidade do presidente eleito para votar um projeto que pode enquadrar movimentos sociais como terroristas. O alvo é o MST, mas o texto fala em punir atos que tenham "motivação política, ideológica ou social".

Opositores de Bolsonaro argumentam que já existem penas previstas para quem incendeia, saqueia ou depreda ônibus e outros bens públicos. Eles dizem que o texto restringe o direito à manifestação.

Relator do texto, o senador Magno Malta (PR-ES) tentou aprovar o texto a jato na Comissão de Constituição e Justiça. Seus adversários queriam ganhar tempo com a convocação de uma discussão mais ampla sobre o tema.

Malta cedeu. "Vamos aprovar uma audiência pública, um mal menor", disse. Ele tinha pressa porque não se reelegeu e estará fora do Congresso no ano que vem. Em geral, quem deseja atropelar a oposição considera qualquer debate um problema.

Horas depois, uma comissão da Câmara também surfou na retórica de Bolsonaro para pautar o projeto batizado de Escola Sem Partido. Os defensores da proposta dizem querer evitar "propaganda político-partidária em sala de aula". Na prática, o texto incita uma vigilância permanente sobre professores. Houve bate-boca e a votação foi adiada.

No Congresso que tomará posse em fevereiro, deve haver maioria para aprovar esses projetos. O STF tem emitido sinais de que pretende conter excessos contra liberdades de expressão e de atuação política.

Ao julgar uma ação que condenou a entrada de policiais em universidades às vésperas da eleição para aprender materiais, o ministro Celso de Mello deu o recado: "O peso da censura é algo insuportável e absolutamente intolerável".
Herculano
01/11/2018 06:14
da série: tem tudo para ambos ficarem expostos, mas...

BOLSONARO ENTREGARÁ A MORO O QUE O JUIZ SOLICITAR, por Josias de Souza

Jair Bolsonaro pavimentou com esmero o caminho para atrair Sergio Moro. Quer porque quer tê-lo como ministro da Justiça. Bolsonaro equipou-se para entregar a Moro o que ele pedir: desde o comando absoluto da Polícia Federal e de outros órgãos de controle até o apoio do governo a medidas legislativas anticorrupção. O juiz sinalizou o desejo de aceitar o cargo.

A eventual conversão de Moro em ministro é muito boa para Bolsonaro. Mas é péssima para o juiz e também para a Lava Jato. A operação está longe do fim. Há sobre a mesa do juiz um sem-número de processos pendentes de julgamento, entre eles dois envolvendo Lula, que tem depoimento marcado para novembro.

Moro está na bica de fornecer mais matéria-prima para os ataques do PT. Lula foi preso seis meses antes do primeiro turno. A ordem traz a assinatura de Moro. Na reta final do segundo turno, ganhou as manchetes a delação companheira de Antonio Palocci. O despacho foi rubricado por Moro. Lula diz que Moro faz justiça, mas política. Se virar ministro de Bolsonaro, o agora quase ex-ministro se autocondenará a passar o resto da vida dando explicações.
Herculano
01/11/2018 06:09
da série: finalmente os eleitores estão mais antenados comparando os discursos, a realidade e as práticas dos políticos eleitos. E isso é excelente. Entretanto, se as queixas não são de adversários disfarçados, parecem que alguns eleitores de Bolsonaro são mais xiitas do que os da esquerda do atraso

OS ARREPENDIDOS, por Mariliz Jorge Pereira, para o jornal Folha de S. Paulo

Eleitores de Bolsonaro cobram compromisso de combate à corrupção

Há dois dias, disse que a lua de mel dos eleitores com o presidente eleito terminaria assim que ele assumisse o mandato. Estava errada. Nem bem o casamento foi consumado os desentendimentos começaram.

Quarta (31), pelo Twitter, Bolsonaro disse que "nossos ministérios não serão compostos por condenados por corrupção." Parece uma resposta a chiadeira em torno da suposta escolha de Alberto Fraga para sua equipe. Deputado federal pelo DEM, ele foi condenado por corrupção em primeira instância.

Seu nome chegou aos Trending Topics após Onyx Lorenzoni ter sido confirmado na Casa Civil. Lorenzoni é um dos homens fortes do presidente e já admitiu ter recebido caixa dois da JBS. Foi o que bastou para os internautas se revoltarem e cobrarem tanto de forma educada como ríspida o compromisso tão alardeado do combate à corrupção.

E como a internet é rápida, há compilações de postagem de eleitores não muito satisfeitos e, obviamente, de oportunistas que aproveitam a carona para criticar Bolsonaro. "Mito! Alberto Fraga como ministro? Eu perdi 2 tias e 1 prima nessa eleição! Por lhe defender! Mas acredito que o sr ouvirá a voz dos seus eleitores."

Por enquanto, Fraga não foi confirmado, mas Bolsonaro pode se valer do mesmo argumento que usa para defender o torturador Ustra: ele não foi condenado em última instância. Tortura nunca desmotivou seus eleitores, mas propina parece não ter perdão. Vá entender.

Além da corrupção, o outro tema comentado é a fusão dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente. Um engenheiro florestal diz que está disponível para diálogo, e completa: "Votei no senhor, não me faça passar essa vergonha". Jair Bolsonaro sempre contou com as redes sociais para se comunicar com seus seguidores e teve até agora uma militância forte ao seu lado. Resta saber se está preparado para as cobranças que já começaram a chegar antes mesmo de ele assumir o cargo.
Herculano
31/10/2018 14:15
RASTROS DE óDIO, por Carlos Brickmann

Ao assinar o Ato Institucional nº 5, a mais sinistra norma da ditadura que hoje dizem que não houve, o vice-presidente Pedro Aleixo alertou para o risco da concentração de poder. Perguntaram-lhe se não confiava no presidente Costa e Silva. Aleixo: "Tenho medo é do guarda da esquina".

Bolsonaro venceu as eleições num clima tenso, em que sofreu até um atentado que por pouco não o mata. Ainda está com retórica eleitoral, diz que vai cortar as verbas oficiais de órgãos de imprensa que mentirem - em vez de processá-los na forma da lei. Mas tem seus guardas de esquina, que adoram radicalismo: agora, querem boicotar 700 pessoas, entre as quais numerosos artistas, pelo crime de terem se manifestado pelo PT.
Cada cidadão é livre para assistir ou não aos espetáculos artísticos. Se resolver desistir de algumas obras-primas de Chico Buarque por seu apoio a Cuba, que desista - nada contra. Mas mover uma campanha para boicotar quem optou por outro candidato não é liberdade: é crime, dá processo, mesmo que a veiculação seja apenas pelo WhatsApp. E é coisa velha que já provou seu desvalor: nos Estados Unidos, ocorreu no início da década de 1950, e se chamou macarthismo - lembrando o nome do senador Joseph McCarthy, que comandou a campanha. Hoje, sabe-se: foi coisa de idiota.

O macarthismo não partiu de Bolsonaro. Mas ele é que precisa dizer a seus adeptos sinceros, porém radicais, que assim não dá para liderar o país.
Velhas histórias

Na década de 1930, Alemanha e Itália fizeram campanha de boicote aos judeus na Europa (que depois virou massacre). Cientistas como Enrico Fermi, Albert Einstein, Leo Szilard, Hans Bethe, Edward Teller migraram para os Estados Unidos. E foram parte essencial do Projeto Manhattan, que construiu as primeiras bombas atômicas. Os artistas perseguidos na Europa ajudaram a transformar Hollywood na capital mundial do cinema.

ASSIM É DIFÍCIL

A crise é brava, o desemprego é alto, e é hora de pensar, como Juscelino Kubitschek pensou, em pacificar o país. Haddad se veste bem, mas não teve gentileza suficiente para reconhecer a derrota e desejar boa sorte ao vitorioso (só se manifestou no dia seguinte, e não de viva voz: só Twitter). O Movimento dos Sem-Teto já invadiu a casa onde morava o empresário Georges Gazale, em São Paulo. Guilherme Boulos, do MTST, promete resistir ?" e a resistência começa nesta semana, embora Bolsonaro só tome posse em janeiro. É uma política de confronto. A população fica no meio.
E uma deputada do PSL de Santa Catarina, Ana Caroline Campagnolo, sugere a universitários que espionem os professores, até gravando a aula, para denunciá-los. Mas desta o Ministério Público já está cuidando.

QUANTO PIOR, MELHOR

Depois de assistir à vitória de seu adversário Donald Trump, Obama foi enfático: "acima de tudo, estamos todos no mesmo time". No mesmo time, no mesmo avião. Se o país continuar indo mal, vamos todos ficar mal.

GUERRA À IMPRENSA

Bolsonaro acusa a Folha de S. Paulo de mentir e ameaça cortar as verbas públicas de publicidade para os veículos de comunicação que mentirem. E quem verifica a mentira? Dias antes de sua morte, ainda havia prognósticos favoráveis a respeito da saúde de Tancredo Neves, desmentindo as notícias dos jornais - e eram os jornais que estavam certos, falando a verdade.

É bobagem declarar guerra à imprensa: quem aniquila um veículo não é o Governo, são seus leitores, ouvintes, espectadores. Estar em guerra com ela não faz com que deixe de publicar as notícias que apurar. É importante lembrar que toda imprensa é de oposição. Se a imprensa só divulga notícias a favor do Governo, não se chama imprensa: seu nome é propaganda.

DEFINIÇÃO

Notícia é o que alguém não quer ver publicado. Imprensa é chata. Mas só é chata, e, portanto, útil, se for livre. Se não for livre, para que existe?

CORTANDO FUNDO

Este colunista, a propósito, é totalmente favorável ao corte de verbas oficiais para a imprensa. Atingir veículos que nossos aliados consideram mentirosos é para os fracos. O correto é suspender de vez a publicidade oficial, excetuando-se os anúncios legalmente obrigatórios, e as mensagens de utilidade pública - vacinações, interrupção de serviços essenciais, não mais do que isso. Cada publicação que viva de seus próprios recursos. Mas quem tem coragem de cortar essa verba tão parecida com gentileza oficial?

NOVO LÍDER

Preste atenção em Ciro Gomes, PDT. Perdeu as eleições, mas tanto ele quanto sua vice, Kátia Abreu, cresceram na campanha. Ciro está disposto a liderar a oposição a Bolsonaro, sem ligação com Lula.

Parece disposto a fazer oposição de verdade, não oposição para impedir o país de funcionar.
Herculano
31/10/2018 14:08
MUDOU O COMANDO, por Upiara Boschi, no jornal Diário Catarinense, da NSS Florianopolis

Eleição das surpresas deixou caciques, alianças e postulantes pelo caminho

Não são poucos os políticos que devem estar perdendo o sono para entender como se prepararam para uma eleição como todas as outras e acabaram soterrados pela vitória histórica de um outsider como o governador eleito Carlos Moisés (PSL). Segundo colocado em disputa que perdeu por impressionantes 71,09% a 28,91%, Gelson Merisio (PSD) é apenas o mais evidente nome desta longa fila de caciques e postulantes que ficaram pelo caminho.

O pessedista desenhou a eleição como quis e com seu próprio estilo. Construiu nos bastidores uma ampla aliança que isolava o MDB, escolhido como adversário, e outros pré-candidatos da centro-direita catarinense - Esperidião Amin (PP), Paulo Bauer (PSDB) e João Paulo Kleinübing (DEM), especialmente. Confrontou Raimundo Colombo (PSD), Júlio Garcia (PSD) e Jorge Bornhausen. Acabou derrotado pelo imponderável, mas terá todas essas faturas cobradas internamente. Ascendeu ao pequeno clube de catarinenses que já receberam mais de um milhão de votos em Santa Catarina e estadualizou o nome, mas vai enfrentar sem mandato a reação ao que poder que teve nos últimos anos. É injusto creditar ao pessedista maiores culpas. Em todos os Estados em que um político enfrentou a novidade no segundo turno, perdeu feio - Antonio Anastasia (PSDB) em Minas Gerais e Eduardo Paes (DEM) no Rio de Janeiro são eloquentes exemplos.

No MDB, Mauro Mariani ficou em terceiro lugar na disputa e isso tem sido creditado a erros da campanha e decisões pessoais do candidato - que parece ter gastado toda sua energia na disputa interna com o governador Eduardo Pinho Moreira e o prefeito joinvilense Udo Döhler para depois acreditar que a força do MDB o levaria inercialmente ao segundo turno. Pela forma como a eleição aconteceu, não dá para acreditar que outros emedebistas teriam desempenho melhor que Merisio contra Moisés. Talvez alguém com a chance de eleições majoritárias do senador Dário Berger (MDB) tivesse mais força para resistir à onda. Talvez.

Candidato a fato novo da disputa, o jovem ex-prefeito blumenauense Napoleão Bernardes foi escondido pelo PSDB na vaga de vice-governador na chapa de Mariani. A aliança MDB/PSDB foi comemorada como imbatível ao ser concretizada, mas mostrou-se analógica em tempos digitais. Napoleão e os tucanos devem olhar para o governador eleito Eduardo Leite (PSDB), quase um espelho do blumenauense, e lamentar o candidato derramado.

Há quem olhe esse cenário todo e tente pensar com cabeça de Luiz Henrique, acreditando que o erro dos políticos foi o de não repetir a consagrada fórmula do chapão com MDB, PSD e PSDB juntos, uma nova edição da bolorenta tríplice aliança ou com o PP no lugar dos emedebistas. Esses são os que menos entenderam o que aconteceu. Uma chapa com Bauer ao governo, Merisio de vice, Colombo e Amin ao Senado - aglomerando caciques, acumulando fundo eleitoral e alcançando uma obscena fatia de 80% dos programas eleitorais era um convite ao retumbante fracasso - como ensinou Geraldo Alckmin (PSDB) em nível nacional. O mundo mudou. Bem-vindo, novo mundo.
Herculano
31/10/2018 13:59
O RECOMEÇO DE NAPOLEÃO BERNARDES, O BOI DE PIRANHA DO MDB

Conteúdo e texto do Informe Blumenau.O ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes (PSDB), voltou nesta terça-feira para a sala de aula na FURB, onde é professor titular do curso de direito, onde leciona a disciplina de Direito Penal para duas turmas.

Terminou a licença eleitoral a que ele, como servidor concursado, tinha direito. É o retorno dele a atividade pública.

Disse que guardou silêncio neste período por conta do segundo turno das eleições.
Herculano
31/10/2018 06:51
GRANDES PODERES E BRIGAS DE GUEDES, por Vinicius Torres Freire

Superministro terá força e alcance inéditos no governo da economia do Brasil

Jair Bolsonaro concedeu a Paulo Guedes poderes que nenhum ministro da Economia teve, com a exceção talvez de Delfim Netto, na primeira metade dos anos 1970, auge econômico e político da ditadura militar.

Uma grande diferença é que Delfim muito contribuiu para criar estruturas e modos de governo da economia que duraram até os anos 1990, dos quais sobrevivem restos arqueológicos. Guedes, por sua vez, pretende abalar as estruturas e encolher o Estado de modo inédito no Brasil.

Já é chamado de "czar" da economia, assim como o foi Delfim. Com grandes responsabilidades, virão grandes conflitos com:

1) defensores da Previdência tal como a conhecemos; 2) a indústria (já em revolta com o czar) e empresas do comércio exterior; 3) políticas industriais e proteções em geral; 4) servidores; 5) estatais.

Guedes foi indicado para chefiar o superministério da Economia, que incluiria as atuais pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio Exterior. Os nomes burocráticos não impressionam?

Entre outras atribuições, a Fazenda define os gastos possíveis do Orçamento (diz se há dinheiro para liberar), administra os empréstimos do governo falido e a dívida pública, além da Receita Federal. Desde Michel Temer, ficou também com a Previdência.

O Planejamento elabora o Orçamento, é o RH do governo (trata de carreiras, salários etc.), controla estatais e os "bens do governo" (imóveis etc.). Tem sob seu guarda-chuva IBGE, BNDES e Ipea.

O Ministério da Indústria e Comércio Exterior (Mdic) é central para o interesse das empresas, muitas delas bem articuladas no Congresso.

Grosso modo, o Mdic decide quais empresas podem receber vários benefícios, além de dinheiro público, em programas com o objetivo de criar, desenvolver ou manter certos tipos de indústrias ou setores tecnológicos, de interesse em tese estratégico para o desenvolvimento do país. Empresas que, sem benefícios, em tese aqui não floresceriam, como as do setor automobilístico e de eletrônicos.

Além disso e muito mais, no Mdic se definem impostos de importação e exportação e seus regimes especiais, por meio da Camex, hoje controlada por oito ministérios (três agora sob Guedes. A Camex ficará intocada?).

Guedes não vai se tornar monarca absoluto de tais ministérios, claro, que têm políticas e tarefas institucionais definidas em lei. Mas o superministro ficou com o poder de formular planos e modificações em quase tudo de relevante na política econômica: Orçamento, gasto, dívida, impostos, poupança, comércio exterior e regimes especiais.

Como ficará o Conselho Monetário Nacional, ora composto por Fazenda, Planejamento e Banco Central, que decide normas que afetam juros, crédito e o sistema financeiro? Guedes será maioria, 2 a 1?

De crucial para política econômica, sobra apenas o BC, para o qual Guedes propõe autonomia ou independência legal, não se sabe bem.

Dado o ruído da conversa no governo de transição, é possível até especular que a política cambial, hoje nas mãos do Banco Central, também fique sob influência ou controle do superministro.

Note-se que Guedes tem tratado frequentemente do que fazer com os US$ 380 bilhões de reservas internacionais ou de como agir em crises cambiais (desvalorizações grandes do real, "alta forte do dólar").

Enfim, fica a dúvida: como um comando só vai ser capaz de dar conta de tantas políticas? Quem serão os duques desse império?
Herculano
31/10/2018 06:47
"PREFIRO DEFENDER O POLICIAL NO TRIBUNAL DO QUE IR AO FUNERAL DELE", do governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, PSC, ao defender o abate de bandidos portando fuzis, num cerco que questionamentos feitos ontem num programa vespertino da Globonews.

É, alguma coisa está mudando...
Herculano
31/10/2018 06:41
ZONZOS, PT E PSDB REPETEM VELHOS EQUÍVOCOS, por Josias de Souza

A cena mais constrangedora de uma peça de teatro é aquela que os atores deixam de executar antes de serem eliminados do espetáculo. Empurrados para fora do palco de 2018 por Jair Bolsonaro, PT e PSDB têm dificuldades para reencontrar o rumo. Os dois partidos tentam se levantar repetindo velhos erros. O tucanato briga consigo mesmo. E o petismo exercita sua lulodependência.

O habitat natural do PSDB, como se sabe, é o muro. Mas há agora um movimento de descida. Só que de lados diferentes. Um pedaço do ninho quer descer do lado em que se encontra Bolsonaro. O outro, do lado da oposição. Quanto ao PT, o destino da legenda será definido na cadeia de Curitiba.

No PSDB há uma briga entre criatura e criador. João Doria, vitorioso em São Paulo, empurra o partido para o colo de Bolsonaro. Alckmin, derrotado nacionalmente, tenta se segurar no comando da legenda e ensaia timbre de opositor. No PT, os poucos defensores de uma autocrítica descobrem que, como sucede desde a fundação do partido, Lula pensa primeiro nele. E depois, novamente nele. Tucanos e petistas estão zonzos. Bolsonaro agradece.
Herculano
31/10/2018 06:38
CIRO DIZ QUE "LULA SE CORROMPEU"

Conteúdo de O Antagonista.Ciro Gomes, em sua entrevista à Folha de S. Paulo, foi perguntado se votou em Fernando Haddad.

Ele respondeu:

"Vou continuar calado, mas você acha que votei em quem com a minha história? Eles podem inventar o que quiserem. Pega um bosta como esse Leonardo Boff [que criticou Ciro por não declarar voto a Haddad]. Estou com texto dele aqui. Aí porque não atendo o apelo dele, vai pelo lado inverso. Qual a opinião do Boff sobre o mensalão e petrolão? Ou ele achava que o Lula também não sabia da roubalheira da Petrobras? O Lula sabia porque eu disse a ele que, na Transpetro, Sérgio Machado estava roubando para Renan Calheiros. O Lula se corrompeu por isso, porque hoje está cercado de bajulador, com todo tipo de condescendências."

A Folha de S. Paulo perguntou quem são os bajuladores.

Ele respondeu:

"É tudo. Gleisi Hoffmann, Leonardo Boff, Frei Betto. Só a turma dele. Cadê os críticos? Quem disse a ele que não pode fazer o que ele fez? Que não pode fraudar a opinião pública do país, mentindo que era candidato?"
Herculano
31/10/2018 06:32
AUSÊNCIA DE UM DEBATE ECONôMICO SÉRIO FOI MAIS SENTIDA NESTA ELEIÇÃO, por Alexandre Schwartsman, economista e ex-diretor do Banco Central

Se propostas do PT foram levianas, as do campo vencedor foram extraordinariamente vagas

O debate econômico nas eleições passadas conseguiu ser ainda mais raso do que o observado em 2014, feito que muitos acreditavam impossível.

Se, por um lado, as propostas do PT foram de uma leviandade absoluta (congelar o preço do gás depois do desastre da administração Dilma?), por outro, as ideias do campo vencedor foram extraordinariamente vagas, ainda mais depois que o então candidato impôs silêncio obsequioso a seu futuro ministro da Fazenda.

Há, para começar, um enorme desequilíbrio fiscal. Estimo que o déficit recorrente do setor público, já deduzido o impacto da inflação, se encontre próximo a R$ 320 bilhões (4,7% do PIB) nos 12 meses até setembro. Desses, R$ 170 bilhões resultam do déficit primário recorrente, enquanto R$ 150 bilhões refletem o pagamento dos juros reais sobre a dívida pública, hoje na casa de R$ 5,2 trilhões (77% do PIB).

Mesmo levando em conta a melhora visível de desempenho fiscal de 2016 para cá, deve ficar claro que a situação exposta acima é insustentável, pois implica expansão persistente da dívida pública com relação ao PIB (e, portanto, à capacidade de pagamento).

É bem verdade que a dívida é, quase toda, denominada em moeda nacional, ao contrário dos exemplos grego e argentino, em que a incapacidade de pagamento levou ao calote explícito.

No caso brasileiro, uma "solução" possível para o problema seria a fixação de taxas de juros inferiores à inflação, provavelmente acompanhada de mecanismos de repressão financeira. A dívida cairia, mas à custa de aceleração forte da inflação, ou seja, da volta a velhos problemas, dos quais escapamos há menos de um quarto de século.

Se quisermos evitar esse cenário, não haverá alternativa à austeridade fiscal, o que foi explicitamente reconhecido pelo futuro ministro logo após a remoção do silêncio obsequioso. Bem menos claro, contudo, é como se pretende chegar lá.

Em que pesem juras de eliminação do déficit primário no ano que vem, é conhecimento comum que, sem reformas de grande porte, tais promessas são inexequíveis.

Como tenho notado há muito, o governo federal controla de fato menos de 10% do que gasta. Mesmo que conseguisse cortar toda essa despesa (sem, por milagre, paralisar a administração pública), não chegaria próximo de cumprir a promessa.

Para esse fim, é essencial reformar a Previdência, bem como repensar e reduzir o grau de vinculação das demais despesas do Orçamento.

Nada disso, porém, foi explicado ao distinto público, que possivelmente ainda crê na balela de que o combate à corrupção resolverá nossos desequilíbrios.

Não é por outro motivo que, apesar da renovação inesperada no Congresso, o apoio a causas como essa é bastante inferior ao requerido, ainda mais quando se explicitam os efeitos das mudanças requeridas sobre a população em geral.

Omitir os reais problemas do país do debate eleitoral pode ser uma medida acertada no sentido de chegar ao poder, mas certamente criará dificuldades apreciáveis para aprovar medidas que, a rigor, não chegaram a passar pelo crivo do voto popular.

Para quem se vangloria da sinceridade, a ausência de um debate econômico sério foi mais que sentida.
Herculano
31/10/2018 06:28
BOLSONARO DIZ EM CULTO NÃO SER O MAIS CAPACITADO: "MAS DEUS CAPACITA OS SEUS ESCOLHIDOS"

Conteúdo do portal G1. Texto de Filipe Matoso, de Brasília.

O presidente eleito Jair Bolsonaro participou de uma cerimônia religiosa no Rio

O presidente eleito Jair Bolsonaro participou de um culto no Rio de Janeiro na noite desta terça-feira (30) e afirmou não ser o mais capacitado. Em um breve discurso, acrescentou: "Mas Deus capacita os escolhidos".

No último domingo (28), Bolsonaro recebeu 57,7 milhões de votos (55,1%) e derrotou Fernando Haddad (PT) no segundo turno da eleição presidencial ?" Haddad recebeu 47 milhões de votos (44,8%).

O novo presidente passou esta terça no Rio e, mais cedo, recebeu aliados para discutir os nomes dos futuros ministros do governo.

"Primeiro, quero agradecer a Deus por estar vivo. Pelas mãos de profissionais da saúde, [...] Deus operou um milagre. Depois, quero agradecer também a Deus por esta missão, porque o Brasil está numa situação um tanto quanto complicada, com crise ética, moral e econômica. Tenho certeza que não sou o mais capacitado, mas Deus capacita os escolhidos", disse Bolsonaro, ao lado do pastor Silas Malafaia.

O presidente eleito se emocionou durante a fala, embargando a voz. A plateia, então, o aplaudiu.

Durante o culto, Bolsonaro pediu às pessoas que oraram pela vida dele que, agora, orem para ele conseguir montar uma boa equipe de governo, com boas ideias, além de "coragem" para tomar as melhores decisões para o país.

Ao repetir o slogan da campanha, "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", Bolsonaro disse ter compromisso com "os valores da família cristã".

"Quero agradecer a este povo de Deus pela confiança depositada em meu nome. E que os senhores e as senhoras podem esperar de mim uma pessoa comprometida com os valores da família cristã", disse.
Herculano
31/10/2018 06:21
ARRUME A QUITANDA, CAPITÃO, por Élio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

A vitória de Bolsonaro foi bem mais que um resultado eleitoral

Desde a hora em que a candidatura de Jair Bolsonaro encorpou, sua vitória era ao menos uma possibilidade. Abertas as urnas, ele levou a Presidência da República, elegeu três governadores e deu carona aos candidatos vitoriosos no Rio, São Paulo e Minas Gerais. Seu partido tinha oito deputados e ficou com 52. Vendaval semelhante, não acontecia desde 1974. Naquela eleição o eleitorado derrotou a ditadura. Nesta, derrubou peças de dominó. O voto anti-PT não foi tudo. Veio também um recado em relação ao costumes e outro, temível, associado à segurança pública. Talvez o ano de 1968 tenha terminado no Brasil durante seu cinquentenário. (A bandeira "Seja Marginal, Seja Herói", de Hélio Oiticica, é de 68.)

Quem achava que boi, Bíblia e bala eram coisas de outro Brasil, calado, acordou com o estrondo de um país onde o boi empurra a economia, metade da população é favorável à pena de morte e a Bíblia é o livro mais lido. Infelizmente as turmas da bala e o setor paleolítico da turma do boi têm uma relação violenta com o andar de baixo.

Os golpistas e os demófobos votaram em Bolsonaro e em seus candidatos, mas nem todos os seus eleitores podem ser considerados golpistas ou demófobos. A relevância de cada grupo será medida ao longo do mandato do capitão e caberá a ele administrar a quitanda defendendo a República de golpes, demofobias e, sobretudo, melhorando administração pública. Nos dias seguintes à vitória, tudo são planos, promessas e ambições, mas Bolsonaro foi eleito para fazer um serviço que durará quatro anos e pouco se sabe de seus projetos específicos.

Um rápido episódio ocorrido num hotel da Barra da Tijuca na segunda-feira mostra que o capitão precisa tomar conta da quitanda. O economista Paulo Guedes estava numa poltrona num saguão de hotel e começou uma entrevista. Irritou-se com uma pergunta sobre o Mercosul e deu uma resposta desconexa, pontilhada por uma impropriedade, pois na sua formação essa zona de comércio nada teve de ideológica. O Mercosul foi criado em 1991, durante o governo de Fernando Collor de Mello, e nele só estavam o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Até aí, tudo bem.

Depois de se irritar, Guedes reclamou da situação em que estava, espremido na poltrona, cercado de microfones diante de perguntadores desorganizados. Reclamou: "Eu não vou falar assim, não. Tem que ser organizado. Está muito desorganizado (...) São perguntas completamente desconexas. (...) Não é possível falar com 30 pessoas de uma vez só. Não dá, é simples como isso. Olha a posição em que eu estou."

Tinha toda razão, mas quem provocou a bagunça foi ele quando aceitou conversar com jornalistas naquela posição. O doutor pode consultar os arquivos em busca de uma cena semelhante com o ministro Pedro Malan, ministro da Fazenda de FHC. Ele nunca desqualificou perguntas nem elevou a voz. Ter jornalistas farfalhando por perto faz bem ao ego, mas exige bons modos.

Tomara que o doutor entenda de economia e aprenda a conversar com repórteres. Quitandas têm regras. A berinjelas devem ficar à vista do freguês e o caixa, atrás do balcão. Nada teria custado a Guedes dizer que não falaria num saguão, muito menos espremido numa poltrona. Uma palavrinha ao gerente do hotel seria suficiente para que desse uma entrevista confortável, calma e sobretudo informativa.

Jair Bolsonaro colecionou pérolas de impropriedades dando entrevistas em corredores e batendo boca com colegas na Câmara. Agora o jogo é outro. Ele não deve ser imitado, pois a quitanda precisa de arrumação.
Herculano
31/10/2018 06:18
BOLSONARO CRIA UM NOVO PROGRAMA, O BOLSA MÍDIA, por Josias de Souza

Jair Bolsonaro diz ser "totalmente favorável à liberdade de imprensa". Mas esclarece: "Temos a questão da propaganda oficial do governo, que é uma outra coisa." Informa que veículo de comunicação que se comportar de "maneira indigna", como a Folha, "não terá recurso do governo federal."

Faltou esclarecer: 1) Quanto em dinheiro do contribuinte o presidente eleito se dispõe a entregar aos jornais, revistas, portais ou emissoras de rádio e TV que falarem bem dele? 2) Quem não falar mal do capitão também fará jus a um naco do Bolsa Mídia?

Bolsonaro deveria incluir no seu programa de erradicação da imprensa que imprensa a recriação de um velho órgão do Estado Novo. Chamava-se DIP, Departamento de Imprensa e Propaganda. Chefiando-o, o jornalista Lourival Fontes (1899-1967), grande maquiador de imagens, criou para Getúlio Vargas o título de "pai dos pobres"

De resto, será preciso rasgar as normas que atrelam a contratação da publicidade governamental à audiência do contratado. O grosso da verba - coisa de mais de 60% - sai dos cofres de estatais que concorrem no mercado. Mas quem se importa?

O que interessa é que o "Brasil esteja acima de tudo, Deus acima de todos" e Bolsonaro acima de qualquer suspeita. No trecho predileto do capitão (João 8:32), a Bíblia Sagrada ensina: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Quando a verdade oficial for muito preciosa, você, caro contribuinte, decerto não se importará de pagar uma boa escolta de mentiras
Herculano
31/10/2018 06:12
ARGENTINA É MÁ PARCEIRA, DAÍ A OPÇÃO PELO CHILE, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Apesar do comércio significativo entre os dois países, a Argentina não tem sequer o direito de "estranhar" a estratégia do governo Jair Bolsonaro de priorizar as relações comerciais com o Chile, país de economia mais "arrumada" do continente. Má parceira, a Argentina raramente passa ano sem golpear o Brasil. Fecha a fronteira, como em 2006 e 2007, ou embarga produtos brasileiros, como em 2009. O casal Kirchner percebeu que golpear o Brasil não provocaria firme resposta dos governantes "amigos" Lula e Dilma. E se aproveitaram disso.

ACORDOS RASGADOS
Em 2011, calçados e têxteis do Brasil, entre outros, foram barrados na Argentina, apesar do Mercosul e dos acordos comerciais bilaterais.

CONDESCENDÊNCIA
Produtos brasileiros de "linha branca" (geladeiras etc) foram proibidos na Argentina em 2012, com a condescendência do governo Dilma.

PRIORIDADE É DO CHILE
Fiel ao próprio aviso de declarações sinceras, Paulo Guedes (Fazenda) confirmou que o Mercosul não será uma prioridade. O Chile, sim.

AMIGOS PARA SEMPRE
Em homenagem ao gesto do presidente Sebastián Piñera, o primeiro a saudar sua vitória, Bolsonaro escolheu o Chile para sua primeira visita.

GOVERNO DO DF ANTECIPA O FIM PARA DRIBLAR LRF
Encerra-se na prática nesta quarta (31) o governo Rodrigo Rollemberg (PSB) no DF. Seu decreto nº 34.900, no Diário Oficial, proíbe todos os pagamentos, salvo exceções, inclusive de obrigações assumidas em 2018. Especialistas explicam que é clara a tentativa de fugir aos rigores da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF): foi grande a gastança nos últimos meses. Pior é o risco de perda de orçamento em 2019.

VAI QUE É TUA!
Além de fechar o cofre, Rollemberg também adiou para o seu sucessor algumas despesas previstas para novembro e dezembro.

O PIOR PREJUÍZO
O corte de pagamentos será em obras e ações que começaram em 2018. Mas, sem execução, a verba não estará no Orçamento de 2019.

OBRA PERDE RITMO
Antes coalhada de trabalhadores, a mais importante obra do governo na ponte da Bragueto amanheceu esta terça (30) com poucas pessoas.

TORCIDA É GRANDE
Vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) daqui a dois anos tudo bem, é merecido, mas o Ministério da Justiça seria injusto para Sérgio Moro neste momento. Faria apenas a alegria dos corruptos da Lava Jato, tanto presos, como Lula, quanto para os que estão na fila.

A VIDA COMO ELA É
Governador eleito do Rio, Wilson Witzel deu choque de realidade em jornalistas que cobraram explicações para abater bandido armado até os dentes. "Ele usa o fuzil para acertar quem estiver à frente", lembrou.

MELHOR SEPARAR
Virtual ministro, o astronauta Marcos Pontes prefere limitar a futura pasta às áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação, sua denominação anterior. Ele acha que a área de Comunicações, acrescentada ao ministério no governo Temer, "ficaria melhor" na área de infraestrutura.

AMBIÇÃO PESSOAL
Eleito no DF, Ibaneis Rocha segredou a amigos o que leva alguém bem sucedido, como ele, meter-se em política e na difícil tarefa de governar o DF. Sua única ambição, contou, é que os filhos sintam orgulho dele.

TANCREDO PRECEDE A BOLSONARO
Eleito presidente em 1984, Tancredo doou sobras da campanha para o Hospital da Baleia, que trata de crianças de câncer em BH, e para uma instituição de caridade da cidade de Cláudio, onde tinha uma fazenda.

AULA PRÁTICA DE 'BURROCRACIA'
Assim que o presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou que vai doar as sobras de campanha para a Santa Casa de Juiz de Fora, especialistas avisaram que o dinheiro precisa ser devolvido, encaminhado ao partido e só depois o diretório nacional do PSL poderia dar entrada na doação.

PIMENTA EM OLHOS ALHEIOS
Há algo de muito estranho em universidades após a vitória de Jair Bolsonaro na disputa presidencial: é tolerada a intolerância de manifestantes à suposta intolerância de eleitores do futuro presidente.

SEQUESTRO DE WHATSAPP
O advogado Cassio Faeddo teve a conta do WhatsApp sequestrada por bandidos para aplicar golpes nos amigos. Foi resolvido após bloqueio junto ao WhatsApp e a operadora, que ressarcirá prejuízos.

PENSANDO BEM...
..o Dia é das Bruxas, mas pelo menos elas não andam soltas por aí.
Herculano
31/10/2018 06:05
BOLSONARO E A IMPRENSA, por Hélio Schwartsman, no jornal Folha de S. Paulo

Presidente eleito precisa resignar-se à ideia de que vivemos num Estado liberal

Jair Bolsonaro não gosta da Folha. É um direito dele. Mas, se o presidente eleito pretende cumprir sua promessa de obedecer à Constituição, precisa resignar-se à ideia de que vivemos num Estado liberal no qual vige a liberdade de imprensa.

Mais do que uma cereja decorativa no bolo da democracia, a liberdade de imprensa, ao lado das liberdades de expressão e de pensamento, são importantes porque ajudam a manter sob controle tanto o poder do Estado como o de maiorias circunstanciais.

O filósofo John Stuart Mill (1806-1873) já disse quase tudo o que é preciso dizer sobre o assunto. Não é só o soberano que pode cometer injustiças contra o indivíduo. As "opiniões e sentimentos prevalecentes", que Mill chama de "tirania da maioria", podem ser igualmente opressivas, se não mais.

Assegurar que ideias diferentes daquelas defendidas pelos poderosos e pelos numerosos possam circular é um passo necessário para que as teses oficiais e majoritárias sejam contestadas e, se estiverem erradas, como frequentemente estão, sejam abandonadas. Mill, como bom iluminista, aposta que, no longo prazo, as melhores ideias triunfam sobre as piores.

A liberdade de imprensa especificamente (separada da liberdade de expressão e de pensamento) adquire especial importância no atual momento, em que fake news ganham ampla circulação nas redes sociais. Não é que o jornalismo profissional vá resolver esse problema, mas a imprensa facilita um pouco a vida do cidadão ao oferecer-lhe uma primeira filtragem, levando-lhe notícias que passaram por um processo de verificação, ainda que imperfeito.

O jornalismo não tem respostas definitivas para os grandes problemas do país, mas pode dar sua contribuição para o debate público, quando amplia o leque das ideias em circulação, zela pelos fatos e, de vez em quando, consegue revelar aquilo que poderosos gostariam de manter escondido.
Herculano
31/10/2018 06:02
CIRO GOMES, PDT, NEGA-SE SER UM FANTOCHE DO PT. ENFIM A ESQUERDA DO ATRASO COMEÇA A SENTIR CHEIRO DE ISOLAMENTO

"Não quero participar dessa aglutinação de esquerda. Isso sempre foi sinônimo oportunista de hegemonia petista. Quero fundar um novo campo, onde para ser de esquerda não tem de tapar o nariz com ladroeira, corrupção, falta de escrúpulo, oportunismo. Isso não é esquerda".
Herculano
31/10/2018 05:55
da série: lá como aqui. Os políticos querem imprensa, ministério público, justiça e outras instituições de joelhos aos seus interesses e pensamentos totalitários que denominam como boas e justas causas.

ACOSTUME-SE, editorial do jornal Folha de S. Paulo

A imprensa não deixará de escrutinar o poder porque seus detentores adotam a tática da intimidação

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, parece obcecado com este jornal. No dia seguinte ao pleito, quando tradicionalmente candidatos vitoriosos desfilam com discursos magnânimos, ele se desviou do protocolo e voltou a ameaçar a Folha.

Ao Jornal Nacional, da TV Globo, reclamou de reportagem que em janeiro revelou o emprego indevido de uma servidora de seu gabinete da Câmara dos Deputados. Na época, afirmou, ela estava em férias e por isso foi localizada em Angra dos Reis (RJ), onde o deputado mantém uma casa de veraneio.

Bolsonaro deixou de dizer, no entanto, que exonerou a funcionária após nova visita de jornalistas da Folha ao balneário, em agosto, constatar que o desvio continuava. O Ministério Público abriu investigação para apurar se o deputado cometeu improbidade no caso.

Seria apenas mais um episódio desimportante de memória seletiva de um político se o presidente eleito não tivesse aventado se vingar da Folha quando assumir o Planalto, cortando-lhe verbas publicitárias federais. "Imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos", afirmou.

Pela primeira vez na história da Nova República, o eleito para servir à Constituição no cargo mais elevado sugere descumprir, uma vez empossado, o princípio constitucional da impessoalidade na administração. Está documentada a afronta, de resto reincidente.

Se mostra disposição para discriminar veículos da imprensa entre amigos e inimigos, que dirá quando os interesses em jogo tiverem mais vulto. Nessa toada logo surgirá a "bolsoburguesia", composta de empresários palacianos abençoados pelo acesso privilegiado a fundos e regramentos federais.

Não foi ameaça, mas apenas crítica à Folha, tratou de aduzir o advogado Gustavo Bebianno, assessor do capitão reformado, talvez sentindo cheiro de questionamentos formais à frente. A distribuição da verba publicitária, afirmou, obedecerá a critérios técnicos. Este jornal vigiará os próximos lances em situação confortável, pois não depende de propaganda federal.

Depende do público leitor, parte do qual de pronto reagiu à truculência verbal de Bolsonaro e lançou uma campanha espontânea por assinaturas. Depende de seus anunciantes privados, que continuam a confiar na sua marca.

Depende da reputação decantada ao longo de décadas de fidelidade ao cânone do jornalismo profissional -gentilmente reconhecida pelo editor-chefe do Jornal Nacional, William Bonner, diante da parvoíce pronunciada por Bolsonaro.

Veículos como a Folha não deixarão de escrutinar o exercício do poder porque seus detentores de turno resolveram adotar a tática da intimidação. Jair Messias Bolsonaro não precisa aprender a lição. Basta que se acostume com o fato.
Herculano
31/10/2018 05:46
AS URNAS ELEGERAM GILBERTO SCHMITT E DE LAVADA

Foi ontem. O proprietário, editor do portal e jornal Cruzeiro do Vale - ambos os mais antigos, mais lidos e acreditados de Gaspar e Ilhota -, é também um ex-seminarista e um católico fervoroso.

A Igreja (física) da comunidade da Santa Clara, no Poço Grande, onde está enraizada a tradicional família Schmitt, é um legado de Gilberto, que por anos coordenou à sua construção.

Pois ele resolveu ser candidato a presidente da comunidade. Dos 134 votantes, para ele foram contados 104 votos. Reconhecimento. A atual administração de Gaspar deveria ter umas aulas com o Gilberto... Vai precisar. Acorda, Gaspar!

Só para lembrar, a italiana Clara de Assis, companheira de ofício de São Francisco de Assis, falecida em 1.255, é tida como padroeira da televisão
Herculano
31/10/2018 05:34
Alexandre

Ela deve ter razão. A dialética dela é tão apurada nessa área da transparência e da comunicação - e que parece não ter ido à faculdade - quem quando contrariada sai do grupo de whatsapp do partido, derruba a página do partido que administra, inventa história para não cumprir acordos dos rodízios... faz outros à revelia do partido, somado tudo, qual é mesmo o resultado? Ela está fora da presidência da Câmara para qual se vestiu como uma adolescente política, exatamente por não fazer o elementar, o básico, o primário, ou seja, o de se comunicar com seus eleitores, seus apenas oito, repito, oito pares, o número de votos que precisava para ser eleita com a máquina da prefeitura trabalhando toda para ela e que foi lá assistir a sua derrota, anunciada aqui. E eu contei e reconto isso e parece que ela ainda não aprendeu. Continua adolescente, choramingando e arrumando culpados ao invés de virar a página, aprender
com as derrotas , olhar as lições das urnas e recomeçar uma outra história, a de vencedora, aglutinadora, a provocadora de resultados coletivos. Acorda, Gaspar!
Miguel José Teixeira
30/10/2018 23:07
Senhores,

Na mídia:

"Inocentada em relatório da PF, Ideli Salvatti critica delações premiadas"

Noooosssa! Se eu soubesse antes de votar, que ela era inocente, EU TAMBÉM NÃO TERIA VOTADO NELA!!!!
Alexandre Campos
30/10/2018 21:07
Sr. Herculano

Hoje fui no plenário da Câmara Municipal e lá o senhor foi citado pela Vereadora governista e jornalista sem trajetória.
Ao criticar o presidente eleito ao declarar que perseguir a "Folha", foi enfática contra a posição presidencial e acrescentou: "imagina eu perseguir o Herculano pelo que fala de mim? Que além de muitas nao ser verdade, não tem diploma é um colunista.
Ela demonstrou ser uma demagoga oportunista.
Miguel José Teixeira
30/10/2018 20:24
Senhores,

Na mídia:

", , ,Haddad terá "papel maior", diz Gleisi ..."

Papel maior significa papelão.

Se na quadrilha existe maior papelão do que ser fantoche do presidiário lula, haddad merece sim!

Seguramente. . .
Herculano
30/10/2018 18:56
PERGUNTAR NÃO OFENDE

Se o governo fosse do PT ou até mesmo do PDT, seria que seria esta a notícia de hoje no final do expediente bancário?

Banco inglês Barclays revisa sua estimativa para a cotação do dólar ante o real para o fim deste ano de R$ 4,25 para R$ 3,70.
Herculano
30/10/2018 18:08
da série: mas, quem vai ditar o timming no governo de Bolsonaro, o PT? E os tucanos não sabem a razão pela qual foram surrados nas urnas nesta eleição. Sempre em cima do muro e fazendo concessões ao PT e a esqueda do atraso, e o PT sempre os desmoralizando.

VIRGÍLIO CRITICA "PRESSA" DE BOLSONARO PARA EXTRADITAR BATTISTI

O tucano Arthur Virgílio Neto, atualmente prefeito de Manaus, criticou o fato de Jair Bolsonaro ter firmado o compromisso, logo após as eleições, de extraditar o terrorista Cesare Battisti.

Ele disse concordar com a extradição, mas discordar do timing.

"Não é assunto pra ser anunciado agora. Não sei em que essa pressa ajudaria. O assunto deve ser decidido pelo governo ao longo de suas reuniões e compromissos, não na transição."

Ele continuou:

"Não é conveniente a esta altura acender provocações com o PT, que está pintado para a guerra. A eleição acabou."
Herculano
30/10/2018 18:03
PENSANDO BEM...

Enquanto Bolsonaro doa as sobras de campanha para o Hospital filantrópico, tem gente que usa a doença, a dor, os doentes e o Hospital para tortura e negócios. Vá entender...
Herculano
30/10/2018 18:01
CUSTOU MENOS DO QUE UMA CAMPANHA PARA PREFEITO DE GASPAR, POR EXEMPLO

Do presidente eleito, Jair Messias Bolsonaro, PSl, no twitter

Nossa campanha custou cerca de R$ 1,5 milhão, menos que a metade do que foi arrecadado com doações individuais. Pretendo doar o restante para a Santa Casa de Juiz de Fora, onde nasci novamente. Acredito que aqueles que em mim confiaram estarão de acordo. Muito obrigado a todos!
Herculano
30/10/2018 17:56
SÉRGIO MORO NA PASTA DA JUSTIÇA SERIA UM ABSURDO, por
Josias de Souza

Um acerto dificilmente pode ser melhorado. Mas um erro sempre pode ser aperfeiçoado. Jair Bolsonaro namora a ideia de colocar Sergio Moro na função de ministro da Justiça. Seria um grande equívoco. O juiz da Lava Jato cogita aceitar o convite, informa um auxiliar do capitão. Seria um gigantesco absurdo.

Uma coisa é aceitar eventual indicação de Bolsonaro para ocupar poltrona de ministro no Supremo. Todo magistrado sonha em chegar ao topo do Judiciário. Outra coisa bem diferente é trocar a prerrogativa de mandar prender poderosos pelo risco de ser mandado embora por um deles.

A seis dias do primeiro turno, Moro levantou o sigilo de um trecho da delação companheira de Antonio Palocci. Incorporada a um dos processos abertos contra Lula, a delação estimulou a suspeita de que o juiz interferiu na eleição para prejudicar o petismo.

Sergio Moro anotou em seu despacho: "...A farsa da invocação de perseguição política não tem lugar perante este juízo." Concluído o segundo turno, se virar ministro de Bolsonaro, o juiz passará o resto da vida explicando por que ladrilhou com pedrinhas de brilhante a avenida que levou Bolsonaro ao Planalto. A Lava Jato jamais será a mesma.
Herculano
30/10/2018 17:53
AS FÁBRICAS ONDE SE CONSTRóI O FUTURO, por Cora Rónai, no jornal O Globo

'Há 65 anos, a Coreia do Sul teve a sorte de ter líderes que estabeleceram a educação como prioridade nacional. Hoje, mostra o caminho'

As viagens que os jornalistas de tecnologia costumam fazer têm objetivos bem definidos: o lançamento de um produto aqui, uma feira ali. Mais ou menos como jornalistas que cobrem cinema, que vão ao lançamento de um filme ou a um festival. Essas são viagens mais ou menos previsíveis, que se repetem ao longo do ano, em geral para os mesmos destinos. Às vezes, mas muito às vezes mesmo, uma viagem foge desse padrão: é quando temos a chance de visitar as empresas que fazem a tecnologia que usamos, e que alteram a paisagem cultural.

Nessas ocasiões, vemos laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e fábricas, conversamos com engenheiros e designers. São dias intensos em que mergulhamos nas origens dos aparelhos que temos em mãos, vemos os bastidores em que tomam forma e temos vislumbres do futuro.

São maravilhosas oportunidades de conhecimento mas, ao mesmo tempo, um pouco frustrantes, porque há limites para o que podemos ver, e mais limites ainda para o que podemos contar. Fotografia, nem pensar.

Voltei anteontem de uma viagem dessas. Fui para o outro lado do mundo para ver os estúdios de design da Samsung e a sua fábrica de semicondutores em Hwaseong, cidade que fica a pouco mais de uma hora de distância da capital Seul.

A Samsung é a maior fabricante mundial de chips de memória, e vem obtendo recordes de faturamento graças a uma demanda mundial sem precedentes de DRAM: só para dar uma ideia, quando se fala em "nuvem" é de servidores com este tipo de memória que se fala. No segundo trimestre deste ano, a empresa registrou um lucro de 14,87 trilhões de wons, ou R$ 50,1 bilhões ?" cinco vezes o lucro da Petrobras.

Não temos nada sequer remotamente parecido no Brasil.

A fábrica emprega cerca de 40 mil pessoas, mas nas suas monumentais salas limpas quase não se vê gente ?" o produto é feito, transportado e embalado por robôs, numa paisagem futurista de máquinas e trilhos aéreos por onde passam carrinhos em alta velocidade.

Nós só pudemos observar essa atividade através de janelões de vidro, como aquários. As salas limpas não se chamam assim porque são limpinhas, mas porque são rigorosamente livres de qualquer poeira ou resíduo. Chão e teto são feitos com grelhas, para circulação contínua de ar. Engenheiros e equipes de manutenção não podem sequer usar perfume, e passam por jatos de ar antes de vestir macacões e máscaras que praticamente só deixam os seus olhos de fora.

É fascinante: uma daquelas atividades que a gente pode acompanhar por horas, como o vaivém dos navios no canal do Panamá, admirando o engenho humano que lhes deu forma.

Para mim, a experiência teve um lado deprimente. Era impossível esquecer que, naquele momento, brasileiros se atacavam com ódio nas redes sociais discutindo as pautas jurássicas de uma eleição deplorável, sem perceber a distância cada vez maior que nos separa do mundo.

É preciso muita determinação, e uma educação de ponta, para chegar a um resultado desses: várias gerações de seriedade, competência e dedicação. Há 65 anos, a Coreia do Sul era um país devastado pela guerra. Teve a sorte de ter líderes que estabeleceram a educação como prioridade nacional. Hoje, mostra o caminho.
Herculano
30/10/2018 17:51
LORENZONI JÁ CHAMOU REFORMA DE "PORCARIA"; E O REPREENDI; BOLSONARISTA ME XINGARAM. AINDA ROUBO O LUGAR DELES NO CORAÇÃO DO CAPITÃO..., por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Onyx é um duro crítico da reforma e está entre aqueles que acreditam que, caso se retirem os gastos com seguridade da Previdência, o sistema não é deficitário como dizem. Há precisamente uma semana, escrevi neste blog o seguinte:

"Onyx Lorenzoni, futuro chefe da Casa Civil, definiu a reforma da Previdência como 'uma porcaria'. Não é. Bolsonaro terá de apresentar a sua e certamente é a principal pauta para os mercados e para o capital. O bom senso indicaria que seria preferível ao futuro presidente que fosse votada agora."

Os bolsonaristas, nas redes sociais, com a delicadeza habitual, indagaram se eu estava tentando ensinar o capitão a governar. Como se eu fosse maluco o bastante para tentar lhe ensinar alguma coisa. Função de jornalista não é essa. Estava apenas dizendo o óbvio. Eis o "Mito" concordando comigo outra vez! Cuidado, bolsonaristas! Ainda roubo o lugar de vocês no coração do capitão.

Quais são as chances de se conseguir aprovar alguma reforma agora, o que certamente seria muito bem-recebido pelos mercados? Eis aí uma incógnita. Mudanças na Previdência já foram tentadas no Congresso que aí está. Depois que o governo passou a sofrer o cerco do MPF, ficou claro que não passariam. Por que seria diferente desta feita? Quem conduziria a negociação com os partidos políticos, quando se está a três meses de uma brutal renovação no Congresso?

Desejável? Seria, sim! A reforma da Previdência é uma imposição dos números.

Há quem diga que, com a reforma da Previdência agora, Bolsonaro se descolaria de um tema impopular, que cairia no colo de Temer. Não mais. Se a pauta avançar, o que ainda acho difícil, a aprovação de mudanças se dará na gestão do atual presidente, mas já será o primeiro feito do presidente seguinte. Mas convenham: Bolsonaro não a defendeu em campanha, certo?

E, como diria o poeta, o mundo é mesmo um moinho. Bolsonaro nem terá tomado posse, e já estará dando um combustível às esquerdas, que o associaram, sem conseguir convencer milhões de pessoas, que ele queria mexer com as aposentadorias. Sim, eu defendo a reforma, insisto, e a considero necessária. Mas é preciso ver se alguns dos milhões de votos dados ao capitão pensam a mesma coisa. Acho que não. Política é coisa complicada.
Herculano
30/10/2018 17:43
OS TIROS DA COMEMORAÇÃO

Dois inquéritos foram instaurados pela Polícia Civil para apurar e responsabilizar os dois jovens eleitores que em Gaspar, no domingo a noite, resolveram comemorar a vitória de Jair Bolsonaro e Carlos Moisés da Silva, ambos do PSL, respectivamente presidente e governador de Santa Catarina eleitos.

Um fato aconteceu na Rua Coronel Aristiliano Ramos, Centro, numa área externa do Bar Te Contei. O disparo foi feito por Josias Moura, de 19 anos, que estava com sinais de embriaguêz, conforme relatam denunciante e testemunha no Boletim de Ocorrência.

Josias é filho de político no mandato na Câmara de Vereadores. Entretanto, esta ligação - como se faz nas redes sociais e aplicativos de mensagens - não pode ser imputada ao pai, nem mesmo a propalada religiosidade do mesmo. Com 19 anos, o filho é crescido demais para saber o que fez e como colocou em perigo a vida de outras pessoas e isso tudo, ao lado da namorada.

A mudança que se viu nas urnas não foi para esse tipo de comportamento. Bem ao contrário.

A mesma aconteceu com Thiago Beiler, cujo caso ocorreu no trevo da Parolli, na Francisco Mastella com a Frei Godofredo e cujo vídeo é amplamente divulgado nas redes sociais.

A primeira coisa que a polícia está apurando é a origem e propriedade das armas usadas pelos dois, segundo se eles tinham porte para estar (propriedade) e andar armados.

Só essas duas situações,se não resolvidas (propriedade e porte) são complicadores e pode dar até cadeia, isto sem falar na tipificação pela qual colocaram em perigo pessoas em ambientes públicos.

Jeito estranho de comemorar uma vitória que possui exatamente o significado de mudanças e uma delas é o amplo respeito à lei, como exemplifica o guru desse pessoal, o juiz Sérgio Moro. Mais estranho mesmo é tentar esconder os fatos, os nomes e tentar pela rede de amigos, ter benefícios para mitigar o incidente. Não era esses privilégios que se combatia nos discursos da campanha vencedora? Acorda, Gaspar!

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