Um governo que tenta se refundar com os mesmos vícios e erros que os levou à resultados pífios até aqui - Jornal Cruzeiro do Vale

Um governo que tenta se refundar com os mesmos vícios e erros que os levou à resultados pífios até aqui

15/11/2018

Refundar ou afundar I

A semana da Proclamação da República termina com duas lições ao governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, em Gaspar: a primeira de que a sua comunicação é amplamente defeituosa e vai continuar assim num ambiente onde cada vez mais ela é decisiva para a interação comunitária, bem como favorecer o reconhecimento público do administrador pelos eleitores; falta o mínimo nela e que os pagadores de pesados impostos cada vez exigem mais: a transparência. A segunda é de que à necessária refundação do governo que tanto escrevo aqui, é apenas uma intenção antes dela ser uma meta diante de tantos abalos e à falta de resultados na expectativa criada e que levou a coligação de Kleber à vitória nas urnas; a refundação ensaiada por amadores, contém os mesmos vícios, erros e personagens que levaram à exposição do governo e aos pífios resultados até aqui. O balanço disso tudo? Aprendizado, zero! Enquanto isso, o tempo se esvai e trabalha contra o atual governo.

Refundar ou afundar II

O gesto de Kleber ao ir à Câmara no dia seis, depois da semana dos Mortos, mostrou as duas faces de uma mesma moeda que o enfraquece: a grandeza dele e a fraqueza da equipe que constituiu e o mal protege; tudo feito para abrigar os amigos, os amigos dos amigos, os múltiplos interesses incluindo os conselheiros familiares, conspiradores de sempre e religiosos da nova ordem política, tanto que para afastar a zica, apareceram no gabinete dele dezenas de pastores das igrejas evangélicas pentecostais de Gaspar, e em oração, pediram proteção. Ajuda, mas não resolve. Até eles, já entenderam onde está metido o seu fiel e correram sob fé em socorro. A grandeza de Kleber foi subir à tribuna da Câmara, orientado, quando tudo poderia se complicar e lá reconhecer publicamente que errou e se excedeu no caso do tal Assédio Moral contra os comissionados, naquela gravação que percorreu os aplicativos de mensagens. A fraqueza, todavia, está em como se chegou àquele ponto de se fazer aquela mensagem daquele modo. Kleber desarmou a bomba fruto da má gestão da comunicação – que não a possui, de verdade -, da estratégia amadora, do assessoramento temerário, mas deixou outras armadas.

Refundar ou afundar III

Novembro vem se mostrando bem melhor do que aquele dezembro do ano passado. Lá, Kleber com sua mulher Leila, o vice, seus secretários e outros vestidos para festa e comemoração, assistiram do plenário da Câmara, sem muito entender, o que essa coluna tinha anunciado que aconteceria: a eleição de Silvio Cleffi, PSC, fiel, cria e aliado de Kleber, como presidente da Câmara, com os votos da oposição. Silvio trocou de lado, exatamente diante da arrogância, da comunicação falha e da falta de diálogo político do governo Kleber, incluindo o prefeito de fato, o advogado Carlos Roberto Pereira – que sem a Câmara saiu de fininho da supersecretaria da Fazenda e Gestão Administrativa criada para ele na desgastante Reforma Administrativa, e foi parar na Saúde, outro caos -  bem como o presidente do Samae, o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, que tentarm passar a perna pela omissão no acordo de poder no Legislativo, como se lá também mandassem.

Refundar ou afundar IV

Foi um ano penoso e de ré para Kleber. A propalada “eficiência” da propaganda oficial passou longe do seu governo. Entretanto, a desgastante votação do PLC 003/2018 que passa da prefeitura para o Samae a limpeza das valas da cidade com dinheiro das taxas de água e coleta de lixo - assunto que pode ainda parar na Justiça -, mostrou na terça-feira desta semana que Kleber está tentando retomar a maioria perdida na Câmara. Se isso acontecer e é provável, ao menos poderá governar com mais tranquilidade. E perguntar não ofende: e precisava perder um ano com a minoria da Câmara? Entretanto, se não mudar a forma, a linguagem e a estratégia da comunicação, pouco adiantará essa suposta conquista no âmbito da governabilidade mínima e sustentável diante de uma oposição insistente e eleitores empoderados nas redes sociais e aplicativos de mensagens. É só ver quando o governo posta alguma coisa como surgem imediatamente as cobranças por outras. A lista de erros, vícios e gente que traz a ineficiência à gestão de Kleber é longa. E tende a aumentar. Outubro de 2020 é logo ali e os que estão no poder parecem não perceber que o tempo voa, só o jeito de governar antigo do MDB e PP de Gaspar continua numa boa. O Banco origem dessa comparação afundou. Só a lembrança da propaganda de bons tempos e garantias que não vieram. Acorda, Gaspar!

Registro

O ex-prefeito de Gaspar (1966 a 1970 pela Arena, vindo da UDN e hoje no PP), Evaristo Francisco Spengler e sua Dica (Dilsa), uma ativista comunitária como poucas por aqui, no dia 14 de novembro 1953, quando muitos dos leitores e leitoras da coluna nem tinham nascidos, resolveram se casar. Estão comemorando as Bodas de Platina (65 anos) com filhos, netos e bisnetos.

 

 

 

 

 

TRAPICHE

Começaram as mudanças nos partidos políticos. Muita gente pedindo desfiliação. Alguns já têm destino certo, o PSL. Outros vão esperar os governos de Brasília e de Florianópolis se acomodarem.

Votaram contra o PLC 03/2018 que pega as sobras das taxas de água e lixo para abrir valas desentupidas em Gaspar: Silvio Cleffi, PSC; Cícero Giovani Amaro, PSD (funcionário do Samae); Mariluci Deschamps Rosa, Dionísio Luiz Bertoldi e Rui Carlos Deschamps (ex-funcionário e diretor do Samae), todos do PT.

Da dita posição votou com o governo Kleber neste assunto como previu antecipadamente a coluna, o vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, até então aliado do PT, bem como Wilson Luiz Lenfers, PSD. Da base do governo não estava presente Ciro André Quintino, MDB, que guardava luto devido ao falecimento da sua genitora Beatriz, aos 86 anos, na segunda-feira.

Perguntar não ofende. As festas de outubro pela região foram um sucesso. Gaspar tem como diretor de Turismo Norberto Mette, que como ex-secretário de Turismo de Blumenau, tocou algumas Oktoberfest. Quando Gaspar que possui uma cervejaria artesanal competitiva vai se inserir nesse contexto? Acorda, Gaspar!

O prefeito de Gaspar Kleber Edson Wan Dall, MDB, ensaia retomar a maioria na Câmara. Com a possível dança das cadeiras nos partidos e os desgastes dos tradicionais, teve gente que para ficar na base de Kleber, já botou preço. Ai, ai, ai

Comentários

Herculano
19/11/2018 06:41
HOJE É DIA DE COLUNA OLHANDO A MARÉ INÉDITA E EXCLUSIVA PARA OS LEITORES E LEITORAS DO PORTAL CRUZEIRO DO VALE, O MAIS ANTIGO, O MAIS ACESSADO, ATUALIZADO E DE CREDIBILIDADE DE GASPAR E ILHOTA
Herculano
18/11/2018 15:13
RELóGIO QUE VIROU VENTILADOR

Um cidadãob morreu e foi para o céu ...Enquanto estava em frente a São Pedro nos Portões Celestiais , viu uma enorme parede com relógios atrás dele.

Ele perguntou:
- O que são todos aqueles relógios?

São Pedro respondeu:
- São Relógios da Mentira. Todo mundo na Terra tem um Relógio da Mentira. Cada vez que você mente os ponteiros se movem mais rápido .

- Oh!! - exclamou o cidadão

- De quem é aquele relógio ali?

- É o de Madre Teresa. Os ponteiros nunca se moveram, indicando que ela nunca mentiu.

- E aquele, é de quem?

- É o de Abraham Lincoln. Os ponteiros só se moveram duas vezes, indicando que ele só mentiu duas vezes em toda a sua vida.

- E o Relógio do Lula, também está aqui?

- Ah! O do Lula está na minha sala.

- Ué - espantou-se o cidadão. Por quê?

E São Pedro,rindo,respondeu:
- Estou usando como ventilador.
Herculano
18/11/2018 15:07
PÉ FRIO

O Black Hawks, de Gaspar, perdeu de 7 a dois para Challangers, de Ribeirão Preto SP, hoje pela manhã no Carlos Barbosa Fontes. Era a partida da semi-final do campeonato brasileiro de Futebol Americano.

Quem foi assistir?

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e que na semana ganhou uma camisa personalizada do time com o número 15, que diz ser o seu de sorte. Hum!
Herculano
18/11/2018 11:47
BABAQUICE

Do filósofo Luiz Felipe Pondé, no twitter

Carregar uma babá de branco para um restaurante é sinal de que você tocou o fundo do poço da babaquice de rico.
Herculano
18/11/2018 09:44
A OPOSIÇÃO, por Alexandre Garcia

Engana-se quem pensa que a oposição será o PT. Talvez seja apenas a oposição mais evidente, mais barulhenta, mais exposta com suas ameaças. Nisso, o PT parece que vai estar acompanhado pela PSOL e seus coadjuvantes do MST e MTST, e só. Pelo que se tem visto, o PDT, o PSB, o PC do B, o PTB, querem ficar um pouco distantes, porque perceberam o quanto as urnas revelaram de antipetismo- e não querem também ser alvo dessa onda. Pois bem; o PT vai fazer oposição mas certamente não será essa a resistência que mais vai dar trabalho ao governo.

A mais forte oposição será silenciosa, sub-reptícia, forte, eficiente, de todos os que não querem perder privilégios, mamatas, garantias, direitos adquiridos mas não merecidos. É aquele pessoal convicto de que conquistou a boquinha e já tem estabilidade nela. Gente que está tanto dentro do estado como fora dele. São alguns poderosos, donos de parte do estado brasileiro; são partidos, que têm seus cartórios dentro de ministérios e estatais; são os milhares de comissionados que nunca prestaram concurso; são os que estão de olho em suas estabilidades, aposentadorias integrais, auxílios de todos os nomes. São os donos dos caminhos secretos do serviço público; são os cafetões e leões-de-chácara que vendem os prostituídos do estado brasileiro. Esses vão fingir que aplaudem o novo governo, pois é de sua essência aplaudir, mas o que querem é assegurar o botim.

Bolsonaro e seus auxiliares vão ter muito trabalho com essa oposição camuflada, blindada e bem armada. Paulo Guedes vai pegar uma pedreira com os subsídios, os favores fiscais, os protecionismos dos bem-aventurados protegidos do estado brasileiro. Sérgio Moro vai descobrir sujeitos do direito por toda a parte e poucos dispostos a cumprir antes seus deveres. Joaquim Levy vai ter que lidar com os apadrinhados do BNDES. Os líderes do governo na Câmara e no Senado vão penar com os aliados que apoiam o governo mas não apoiam as medidas necessárias que venham a ser propostas para que todos sejam iguais perante a lei, sem foros privilegiados e sem proteção para delinquir.

Quem vê o estado inchado, nos três poderes, voltado para si mesmo, no pedestal fora do alcance dos brasileiros comuns, com muita, muita gente, não tem como deixar de perguntar: produz o quê? Bons serviços públicos? Boas leis? Boa justiça? Ou tem por finalidade manter seus privilégios, servindo a si em lugar de servir ao povo brasileiro? Não estou inventando essas perguntas. Elas tem sido feitas nas redes sociais e nas ruas há cinco anos, e foram se tornando cada vez mais eloquentes, até que troaram nas urnas como um terremoto. Há pouco, quando o Senado, mostrando como funciona essa oposição, surpreendeu o país elevando o teto do Supremo e de todos no serviço público, os protestos voltaram à Avenida Paulista. Os 41 senadores que criaram o novo teto, não votaram contra Bolsonaro, que vai ter que pagar; votaram contra os brasileiros, que realmente pagarão. Esses é que são o alvo dessa oposição que quer manter o seu quinhão no Brasil que deveria ser de todos.
Herculano
18/11/2018 07:23
NÉVOA FORTE UM MÊS ANTES DA POSSE, por Vinicius Torres Freire

Economia pode emperrar com planos genéricos e ambiciosos demais de reformas

Faz três semanas, o país está entretido com a remontagem das peças do Lego Ministério do presidente eleito, Jair Bolsonaro. De seu plano de ação, sabe-se apenas de reformas ainda indistintas em uma névoa de ambições grandes. No entanto, afora a semana de festas, falta um mês para a posse.

Em parte, o jogo da transição interessa, pois se trata de definição de grupos de poder, de alianças sociais (ou da falta absoluta delas) ou de preliminares de reformas graves na administração e nas políticas públicas.

Em parte, se trata apenas de fetichismo, da tentativa de chegar ao corte prometido em campanha, a um número cabalístico e populista de ministérios, o que na imaginação popularesca passa como "corte na carne".

Pode bem ser que o governo tenha planos secretos. Mas a gravidade anormal da situação econômica requer urgência em certas decisões.

O governo de transição de Bolsonaro pretendeu por um momento votar a reforma da Previdência de Michel Temer, que pouco antes chamara de "porcaria". Dada a indiferença do Congresso, cogitou aprovar pedaços apenas do projeto temeriano lipoaspirado.

No caso de reforma alguma em 2018, diz que vai começar do zero, propor uma reforma dupla e gigante (a do sistema atual e a criação de um novo, de poupança individual), de elaboração complicada e aprovação mais ainda, que pode levar o 2019 inteiro no Congresso.

Esse prazo dilatado em si mesmo já seria um problema, mas o menor deles. Uma reforma mais ambiciosa, de caráter duplo, em um Congresso novo, com velhas lideranças dizimadas, conduzido por uma coordenação política inexperiente e ainda incompleta tende a gerar incerteza, que desidrata o crescimento econômico desde 2014, inclusive o de 2018.

Haverá mais poças visguentas de incerteza pelo caminho, a julgar pelas vastas ambições e pensamentos ainda imperfeitos do futuro überministro da Economia, Paulo Guedes.

Além de coordenar a organização de seu megaministério, Guedes diz que pretende implementar um plano amplo de mudança dos impostos federais.

Além disso e ao mesmo tempo, reduziria as proteções comerciais (impostos de importação e outras), que guarnecem empresas brasileiras.

Em si, assim genérica, a ideia é boa. Mas nada se sabe do ritmo de proposição e implementação dessa reforma comercial e tributária (dependente de leis novas). Mais sabido é o impacto que tal intenção de mudança pode ter sobre planos empresariais.

Impostos, proteções comerciais e de outra espécie definem parte da rentabilidade de um empreendimento. Quanto mais incertas e amplas as mudanças, mais empresas podem ficar com o investimento na retranca. Não é destino ou previsão de fracasso, de confusão inevitável. Mas confusão pode haver sem que se explicitem sequência, viabilidade e transparência dos custos e dos benefícios da mudança tributária.

Muito plano de pré-governo é mera ficção, que se desmancha em realidade assim que o ministro toma pé do que se passa em sua pasta ou conhece projetos de longo prazo propostos e tocados pelos técnicos estáveis. Outros projetos se desmancham no ar ou são revistos no confronto político com o Congresso ou com a sociedade. Mas certos planos fundamentais têm de ser claros e prioritários.

Ambição demasiada cria incerteza e amplia riscos, o que pode emperrar a economia, o que, por sua vez, azeda o ambiente para reformas: entra-se em um pântano, em um círculo vicioso.
Herculano
18/11/2018 07:20
PLANO TENTA TIRAR DE BOLSONARO O COMANDO DA CAIXA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Enquanto apela ao padrinho, senador Ciro Nogueira (PP-PI), para permanecer no cargo, o presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson de Souza, sonha com êxito de uma solução que pode garantir-lhe o posto, mesmo a contragosto do presidente Jair Bolsonaro. É que está em curso um plano para modificar o estatuto ainda este ano, retirando do futuro presidente da República a prerrogativa de escolher o presidente da Caixa, transferindo-a ao conselho de administração.

CEDEU DEMAIS
Em janeiro, após quatro dos 12 diretores se envolveram em corrupção, um enfraquecido Michel Temer autorizou a mudança estatuto da Caixa.

COMEÇOU ALI
A nova "assembleia geral" alterou o estatuto e deu ao conselho de administração o poder de mudar vice-presidentes e diretores da Caixa.

JOGADA ARMADA
A jogada, articulada ainda para 2018, é convocar nova assembleia para retirar do presidente da República também a nomeação do presidente.

ELA É QUEM MANDA
O presidente da Caixa, nesse período, tratou de aproximar-se de Ana Paula Vitali Janes Vescovi, que preside o conselho de administração.

PRESIDENTE TERÁ O DESAFIO DE TIRAR AS ESTATAIS DO PT
Lula cumpre pena por corrupção, sua sucessora sofreu impeachment, meio PT está preso ou a caminho da cadeia, mas o partido ainda manda, e muito, nas empresas estatais do governo federal, sobretudo em negócios de patrocínio e publicidade da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa e BNDES, que totalizam cerca de R$2 bilhões anuais. O desafio do governo Bolsonaro será acabar com o poder petista nas estatais.

'TRAMA' PREMIADA
Essas estatais fazem questão de garantir patrocínio de veículos que Temer afirma terem promovido uma "trama brutal" para derrubá-lo.

SIGA O DINHEIRO
Ministro próximo a Temer sugeriu "não esquecer o BNDES", ao ouvir da coluna exemplos de estatais que dão solene banana ao governo.

ABRIU MÃO DE PODER
Diretores dessas estatais lembram a Temer que foi dele a iniciativa da "Lei das Estatais", que proíbe "ingerências". Deu no que deu.

óTIMA SOLUÇÃO
É muito boa a ideia do ministro Gilberto Occhi (Saúde) de substituir os cubanos do "Mais Médicos" por brasileiros formados em medicina graças ao suporte do Fies, o programa de financiamento estudantil.

HORÁRIO DE VERÃO FAZ MAL
Deputado federal eleito e médico cardiologista, Luiz Ovando (PSL-MS) é ferrenho opositor do horário de verão, que, segundo ele, é prejudicial à saúde, comprovado cientificamente. É uma autoridade no assunto.

VIROU CASO DE PROCESSO
O corregedor nacional, ministro Humberto Martins, vai ouvir no dia 6 o que tem a dizer Rogério Favreto, desembargador do TRF-4, ligado ao PT, que tentou soltar Lula num plantão, contrariando o próprio TRF-4.

SUS NÃO É CUBANO
O PT mente, alegando que Bolsonaro deixa "60 milhões sem médicos". Menos, menos. O SUS atende a mais de 200 milhões de pessoas: só em 2015 foram 1,4 bilhão de consultas e 11,5 milhões de internações.

VELHO TRUQUE
Perguntaram a Bolsonaro como ele definirá seu chanceler. "Critérios técnicos", responde. "E se for gay?", insistem. Ele diz que não faz diferença. A notícia virou: "Bolsonaro admite nomear gay no Itamaraty".

RECESSO VEM AÍ
O Congresso vai parar para o último recesso parlamentar antes do fim. Entre 20 de dezembro e 1º de fevereiro o verbo "trabalhar" continuará deixando de ser conjugado na Câmara e no Senado.

ÚLTIMO RECURSO
Tentando cair nas graças do eleitorado conservador, o presidente da CCJ da Câmara, Daniel Vilela (MDB-GO), colocou na pauta desta semana projeto de 2011 que criminaliza a prostituição.

A CONTA É SEMPRE NOSSA
Ninguém percebeu, mas a Comissão Mista de Orçamento aprovou uma série de créditos especiais e suplementares ainda para este ano, na calada da terça (13). A conta, como sempre, é nossa: R$ 1,3 bilhão.

PENSANDO BEM...
...Bolsonaro poderia oferecer vagas no avião dos médicos para Cuba a políticos e artistas que prometeram deixar o País após sua vitória.
Herculano
18/11/2018 07:02
ACADÊMICOS DO ZAP-ZAP TENTAM EMBARALHAR A HISTóRIA E A CIÊNCIA, por Rainer Bragon, no jornal Folha de S. Paulo

No atual quiproquó, delírio é confundido com ponto de vista divergente

Na sessão da Câmara que tentou votar o Escola sem Partido, terça (13), defensores do projeto conversavam em voz alta no intervalo.

Um dos temas era a "falta que há neste país de jornalistas investigativos não ideologizados". O acidente aéreo que matou o presidenciável Eduardo Campos (PSB) em 2014, por exemplo. Por que os repórteres catequizados em Havana não iam atrás da suspeita de que a aeronave se chocou contra outra, poucos meses depois de o PT, curiosamente, ter comprado drones da Rússia?

Sim, para haver um pingo de sentido, seria preciso um senhor complô envolvendo um sem-fim de pessoas e instituições, incluindo Aeronáutica e Polícia Federal, todos devidamente mudos até hoje, e por aí afora - mas quem se interessa por essa abstração chamada lógica?

Teorias conspiratórias sempre existiram. O chato é que com a internet elas se reproduzem como coelhos. Aliado a isso, ocorrências históricas, como o Holocausto e a escravidão, e teorias lapidares, como a da evolução das espécies, sofrem questionamentos sem qualquer lastro.

Adeptos da falsa equivalência ainda as barbarizam sem dó ao equipará-las a trambolhos pseudocientíficos, batatadas olavo-de-carvalhianas ou teses à Ursal -tratando como ponto de vista divergente o que é só ponto de vista sem pé nem cabeça.

No decorrer dos séculos milhões de pessoas dedicaram a vida ao saber humano, à formação e compreensão da ciência e da história, em uma marcha metódica e criteriosa de pesquisas, estudos, teorias, observações, investigações, testes, tudo submetido ao contraditório e ao escrutínio da academia e do tempo.

Mas basta um tuíte da tia-avó para alguém sair cacarejando por aí que Hitler, na verdade, terminou a vida plantando bromélias na Patagônia.

O jornalismo e o ensino de qualidade têm a obrigação de expor, com equilíbrio, todos os lados de temas controversos. Só é preciso diferir, sem pudor, o que é de fato controverso daquilo que não passa de desvarios dos acadêmicos do zap-zap.
Herculano
18/11/2018 06:55
GOVERNO JÁ TEM UMA CARA, A OPOSIÇÃO AINDA NÃO, por Josias de Souza

Eleito pelo voto do contra, Jair Bolsonaro não adquiriu do dia para a noite o physique du rôle de um presidente da República. Mas o principal atributo que o capitão irradiou no imaginário do seu eleitorado - a sensação de que nada seria como antes - continua presente na montagem do ministério.

Do ponto de vista econômico, o dono da aura de Bolsonaro é o liberalismo radical de Paulo Guedes. E do ponto de vista político, seu governo algemou-se ao prestígio de Sergio Moro, numa manobra cujo êxito dependerá da liberdade que o ex-juiz tiver para infundir na máquina estatal o padrão Lava Jato.

Diante desse cenário pós-tsunami, a satanização de Bolsonaro perdeu relevância. Atônitos, os adversários do novo presidente demoram a perceber algo simples: ninguém se afoga por cair na água, mas por permanecer lá. Restaram à oposição duas alternativas.

Os antagonistas de Bolsonaro podem flutuar agarrados a um feixe de ideias ou ir ao fundo com o sentimento da raiva amarrado ao pescoço. Hoje, a oposição passa a impressão de que procura uma ideia desesperadamente. Mais ou menos como um cachorro que caiu do caminhão de mudança e esqueceu onde escondeu o osso.

Considerando-se que a presidência-tampão de Michel Temer é herança do petismo, a posse de Bolsonaro representará o fim de um ciclo de 16 anos. Temer foi levado ao trono graças à traição de legendas que sustentaram o PT. E manteve na Esplanada figurões que enfeitaram o primeiro escalão de Lula e da própria Dilma.

Mudança drástica e genuína ocorrerá em 1º de janeiro de 2019. Goste-se ou não, o capitão chegou ao Planalto pelo voto. O que torna despiciendo qualquer debate sobre a legitimidade do resultado. Depois da posse, o governo despejará sobre o Congresso suas propostas. E a oposição terá de informar o que quer da vida.

O economista Paulo Guedes colocará sobre a mesa, por exemplo, uma proposta de reforma da Previdência. O ex-juiz Sergio Moro desembrulhará o seu pacote anticorrupção e anticrime organizado. Como votar contra o equilíbrio fiscal e o combate à roubalheira? A qualidade da oposição depende dessa resposta.

Num instante em que o PT continua embrulhado na bandeira 'Lula Livre' e o PSDB está em chamas, abriu-se no Congresso uma avenida para o surgimento de uma nova oposição, menos venenosa e mais ativa. A maioria do petismo quer virar a mesa, não sentar em torno dela. O tucanato prefere ficar embaixo da mesa.

Terceiro colocado na disputa presidencial, Ciro Gomes já enxergou as oportunidades que a conjuntura oferece. Mas o esboço de entendimento que existe entre o seu PDT, o PSB, o PPS e a Rede está longe, muito longe de constituir uma frente sólida de oposição.

Por ora, há em Brasília apenas dois polos nítidos de oposição ao projeto de Bolsonaro: o próprio Bolsonaro e os auxiliares dele. O capitão não passa semana sem atirar contra os seus pés. O último disparo foi a indicação do trumpista Ernesto Araújo para o posto de chanceler. E alguns dos seus auxiliares dedicam-se a transformar a transição de governo numa canoa dividida - metade da tripulação olhando para um lado e metade remando para o outro.
Herculano
18/11/2018 06:48
A REUNIÃO DA IRRESPONSABILIDADE FISCAL, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Bolsonaro fala em 'regeneração moral' e governadores eleitos armam superpedalada

No mesmo dia em que anunciou um "momento de regeneração", Jair Bolsonaro foi a uma esquisita reunião de governadores eleitos copatrocinada pelo paulista João Doria. Nada havia sido combinado com sua equipe. O que muitos governadores querem é suspender as exigências e os efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal. Uma legítima superpedalada, capaz de superar os çábios da "contabilidade criativa" que custou a Presidência a Dilma Rousseff.

Como o presidente eleito ainda não desceu do palanque, fez brincadeira com a sua presença no conclave: "O que eles querem, eu também quero, dinheiro". Antes fosse, o que eles querem é atropelar a lei que obriga os estados a limitar em 60% o comprometimento das receitas com o pagamento de despesas de pessoal.

O Rio está com um comprometimento de 70%. Mato Grosso do Sul 76% e o Rio Grande do Sul, 69%. Isso para não falar no campeão Minas Gerais, com 79%. Ao todo, são 14 os estados que ofenderam a LRF, mas nove governos comportaram-se como deviam.

Os governadores querem mais dez anos de prazo para cumprir uma lei de 2000 e prometem um conjunto de medidas para buscar o equilíbrio financeiro. Velha conversa, como a do Supremo Tribunal Federal, que quer o aumento para já, prometendo o fim dos penduricalhos dos juízes para depois. Ademais, dentro de dez anos os governadores serão outros.

Bolsonaro deveria ter desarmado a cilada da reunião, expondo a irracionalidade do pleito. Doria, que governará o estado que exibe melhor desempenho (54% de comprometimento, graças a Geraldo Alckmin), poderia ter evitado a ribalta.

Para quem temia que depois da eleição viesse mais do mesmo, ressurge a maldição do príncipe de Salinas no romance "O Leopardo": "Depois será diferente, porém pior".

REGISTRO

Foram muitos os nomes que entraram na dança para a cadeira de ministro das Relações Exteriores, mas o nome do diplomata Ernesto Araújo foi o primeiro a surgir, logo depois do segundo turno.

CONTINUIDADE

Quando Lula era presidente, o chanceler Celso Amorim chamou-o de "nosso guia". Ernesto Araújo anuncia que assumirá o cargo certo de que "a mão firme e confiante de Bolsonaro nos guiará".

BILATERAL

As "caneladas" de campanha de Bolsonaro deram à sua política externa dois resultados:

1 - Submeteu o chanceler brasileiro a uma molecagem do governo egípcio porque prometeu levar a embaixada brasileira para Jerusalém. Fez que não notou.

2 - Demonizou a participação de cubanos no programa Mais Médicos e provocará a retirada de 8.000 profissionais. Segundo a Confederação Nacional de Municípios, 1.478 localidades ficarão sem médico.

Daqui até a posse ele perceberá que relação bilateral tem dois lados.

MÉDICOS

Com a partida dos médicos cubanos, os novos ministros da Saúde e da Educação poderiam examinar as exigências para que médicos brasileiros formados no exterior revalidem seus diplomas para trabalhar em Pindorama.

A lei exige que o médico esteja "em situação legal de residência no Brasil", mas o programa do governo não diz quanto tempo demorará o processo de revalidação.

Enquanto isso, o que faz o médico, que se formou nos Estados Unidos e trabalha num hospital de Boston, vende limão na praia?

Eremildo é um idiota e acha que os médicos têm direito a uma reserva de mercado. Mesmo assim, por cretino, acredita que o pedido de revalidação pode dar entrada na burocracia mesmo que o médico more num dos anéis de Saturno, desde que cumpra todas as exigências posteriores.

BANCO CENTRAL

Com tanta gente querendo ir para o governo, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, preferiu ir para casa.

Sentou na cadeira em 2016, com a economia em pandarecos, e presidiu o BC falando pouco e fazendo o certo, longe dos holofotes. Leva consigo o estilo de economistas como Pedro Malan e Otávio Gouveia de Bulhões.

PALPITE

Um veterano conhecedor do funcionamento do Palácio do Planalto acredita que Jair Bolsonaro restabelecerá a rotina da "Reunião das Nove" que vigorou nos anos dos generais.

Pelo desenho de hoje, nela sentariam o presidente, o general Augusto Heleno, o economista Paulo Guedes e o deputado Onyx Lorenzoni.

Trocando o Ministério da Defesa pelo Gabinete de Segurança, logo depois da escolha de Sergio Moro para a Justiça, o general tornou-se um ministro que tem sala no Planalto. Não é pouca coisa.

RENOVA

O movimento Renova, que elegeu 16 parlamentares em diversos partidos, pretende se organizar de forma inédita no Parlamento. Realizará reuniões periódicas e seminários para discutir projetos com empresários e organizações da sociedade civil.

SUPERPODERESs
O economista Paulo Guedes, futuro "Posto Ipiranga" da economia, coordena 20 grupos temáticos.

Tomara que dê certo. Em 2004 o comissário José Dirceu coordenava 37 grupos de trabalho na Casa Civil. Um cuidava do hip-hop.

DANÇA MINISTERIAL

Nos próximos dias Bolsonaro concluirá sua dança ministerial. Anunciou fusões, desistiu, juntou abacaxi com banana e terminará cumprindo a sua promessa de redução do número de pastas.

Feito o serviço do primeiro escalão, começará o remanejamento de setores administrativos. Nessa altura, vale a pena lembrar uma história ocorrida com um oficial do Exército.

Como capitão, ele serviu num quartel que tinha a forma de um quadrilátero. Voltou a ele como general e, surpreendido, comentou com um velho sargento:

- Fico feliz em ver que a barbearia continua no mesmo lugar.

O sargento esclareceu:

- General, a barbearia mudou tanto de lugar que deu a volta.

TUNGA NO LIVRO

As guildas dos livreiros e editores responderam ao que foi publicado aqui na semana passada contra a proposta que encaminharam a Michel Temer para tabelar a mercadoria que vendem, limitando os descontos a 10% no primeiro ano de circulação de um volume.

Deram seus argumentos, reforçando-os com uma particularidade: "Para utilizar um exemplo conhecido do autor, seu título 'A Ditadura Envergonhada', lançado em 2002, com preço sugerido de R$ 40, custa hoje quase 50% a menos do que seu valor nominal de 15 anos atrás -corrigido pelo IGP-M, seria R$ 115,80. No entanto, sua edição atual é vendida por R$ 59,90".

Não entenderam nada. O signatário alegra-se quando seus livros são vendidos mais barato. Se alguém quiser vendê-los por menos de R$ 59,90, ótimo.

Como ensinou o conde Francisco Matarazzo, "mercadoria não tem preço de mercado, terá preço se tiver quem a compre". Quando ele morreu, em 1937, era o homem mais rico do Brasil, com 20 bilhões de dólares em dinheiro de hoje.
Herculano
18/11/2018 06:36
AS REGRAS DO JOGO, por Carlos Brickmann

Em boa parte dos meios jurídicos, o depoimento de Lula à Justiça não foi bem visto. Com a oportunidade de ver sua defesa divulgada na íntegra para todo o país, teria tido atitude prepotente, ao tentar interrogar a juíza Gabriela Hardt - o que lhe valeu uma resposta dura - e ao pôr em dúvida o tema do julgamento, algo que seus defensores devem ter-lhe informado.

Pode ser - mas o que aconteceu em Curitiba é que Lula não estava nem um pouco interessado em melhorar sua posição como réu. Seu objetivo, e não é de hoje, é político, não jurídico: é reforçar sua imagem de Salvador da Pátria e Defensor Perpétuo dos Pobres, impedido pelos poderosos, que não gostam de misturar-se à plebe nos aeroportos, de voltar à Presidência da República. Para ele, toda a questão jurídica se resume nisso: a Justiça é o instrumento de seus adversários para evitar seu grande retorno, vitorioso no primeiro turno. Lula jamais ganhou eleição presidencial no primeiro turno. Mas, já que não disputou mesmo, que mal faz proclamar a vitória?

O problema é que essa tática beneficia apenas Lula e fere seu partido. Fingir que Lula seria candidato, sabendo que não seria, custou ao PT uma pesada derrota nacional. Se Lula tinha mesmo a força que acha que tem, não precisaria fingir: bastaria dizer que, como a Justiça o perseguia e o impedia de disputar, Haddad seria seu candidato. Mas não buscava a vitória do partido: buscava, e para ele isso era o importante, crescer como lenda.

REI MORTO, MAS VIVO

Nossa História está cheia de salvadores que só não nos levaram ao Paraíso porque algum inimigo do povo os bloqueou. Em Pernambuco, havia o "chá de Arraes": o cidadão pegava uma foto de Miguel Arraes, fervia e guardava a água. O chá era milagroso, curava qualquer doença. Getúlio Vargas, falecido há muitos anos, foi usado por grileiros que procuravam posseiros e lhes davam algum dinheiro, "por ordem do dr. Getúlio". O posseiro assinava o recibo com a impressão digital - e o recibo era o documento de compra e venda da terra.
Muito antes, houve Dom Sebastião, rei de Portugal: morto em batalha na África, criou-se a lenda de que um dia voltaria. Lula tem tudo, até a imagem de amigo dos pobres, para virar lenda. É nisso que aposta. E espera que o PT trabalhe para isso.

POR OUTRO LADO

O antigo presidente nacional do PSDB, Eduardo Azeredo, está preso por envolvimento no Mensalão tucano. Paulo Preto, engenheiro de destaque em governos tucanos, é investigado na Suíça. Surge agora outra investigação, na Suíça, de uma movimentação equivalente a R$ 43 milhões. O nome dos envolvidos não foi divulgado. A origem dos recursos, informam os suíços, é uma campanha presidencial tucana.

SE GRITAR...

Muda o partido, mudam as alianças, há gente que passa o tempo falando da corrupção (dos adversários), mas é impressionante: sai uma minhoca a cada enxadada. Como diria o sábio Sílvio Santos, quem procura acha.

NOME DE PESO

Foi um sucesso o nome do presidente do Banco Central escolhido pelo presidente Bolsonaro: Roberto Campos Neto, descendente de um dos criadores do Banco Central e ministro do Planejamento de Castello Branco, Roberto Campos. O ministro foi tão lembrado que, em algumas páginas de notícias, havia mais fotos dele do que do neto. Algumas lembranças foram equivocadas. Afinal, Campos deixou o Planejamento há 51 anos.

É MAS NÃO FOI

O primeiro engano é dizer que Campos foi um guru do liberalismo brasileiro. É verdade: perto do que havia na época, Campos era ultraliberal. Mas não é verdade: ele trabalhava com controle de preços. Lembram também de Campos como economista. Não: era diplomata e historiador.

Nada que tenha a menor importância. Campos entendia de economia e, homem culto, conhecedor de História, sabia qual o destino dos países cheios de controles. Tinha humor refinado. E como escrevia bem!

CASO MÉDICO

Com a saída dos médicos cubanos, haverá problemas de atendimento ou a substituição será simples? Os cubanos, como funcionários públicos, ganhavam aqui o mesmo salário dos que ficaram em Cuba, ou eram explorados, porque dos R$ 11 mil mensais pagos aqui só podiam ficar com R$ 3 mil? Este colunista já encontrou as duas versões. Uma reportagem do Huffington Post traz boas entrevistas com médicos cubanos.
Herculano
18/11/2018 06:25
BURACOS NOS ESTADOS, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Relatório mostra que finanças das unidades da Federação voltaram a se deteriorar

Não chegou a durar dois anos o efeito paliativo do último programa federal de cobertura de rombos nos caixas dos governos estaduais, tão precário quanto as operações tapa-buracos das também lastimáveis estradas brasileiras.

Em 2016, negociou-se mais prazo para o pagamento de dívidas das unidades da Federação com o Tesouro Nacional. No ano passado, a situação das contas regionais continuou a se deteriorar, como revela balanço recém-publicado pelo Ministério da Fazenda.

Não espanta, aliás, que no primeiro encontro dos futuros governadores com auxiliares do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), novo socorro tenha sido pleiteado.

De fato, existe o risco concreto de que as finanças de outros estados descambem para a agonia vivida por Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O colapso da prestação de serviços à população - educação, saúde e segurança pública, principalmente - elevará a pressão política sobre os cofres do governo federal.

Em 2017, mais uma vez o aumento de despesas superou o da arrecadação, na média estadual. Feitas todas as contas de receitas, de impostos ou financeiras, o resultado orçamentário voltou a um déficit explosivo, de R$ 20,3 bilhões.

Isso quer dizer, em termos simples, que as administrações não serão capazes de honrar seus compromissos - com servidores ou fornecedores?" no prazo. Trata-se de moratórias disfarçadas.

Cresceu novamente o gasto com pessoal, que chegou a exorbitantes 79% da receita líquida em Minas Gerais e a cerca de 70% no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul; 14 estados gastaram acima dos 60% estipulados como teto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Apenas 13 se encontravam em condições mínimas de solicitar aval da União para empréstimos, o que limita sua capacidade de ampliar obras em infraestrutura. É no mínimo improvável, acrescente-se, que o cenário geral tenha melhorado neste ano de eleições.

No entanto unidades da federação tão diversas como Espírito Santo, Ceará, Amazonas e São Paulo têm feito esforços mais sistemáticos de reorganização de contas e contenção de despesas. O ajuste não se mostra impossível.

Como ocorre na União, reformas dos sistemas previdenciários e, onde for o caso, privatizações devem merecer a atenção mais imediata dos futuros governadores. Continuar privilegiando interesses das corporações estatais será caminho rápido para o colapso.
Miguel José Teixeira
17/11/2018 22:25
Senhores,

Perfeito o comentário abaixo do Senhor Paulo Henrique Hostert.

Já está passando da hora de o Congresso Nacional, analisar as dezenas de propostas estagnadas, que visam justamente instituir o "Exercício Social da Profissão".

Não é possível que alguém gradue-se no Ensino Superior Gratuito e não dê a devida contrapartida.

Todos nós, "burros-de-cargas", arcamos com o ESG.

No entanto, apenas os que tem melhor formação no ensino médio conseguem alcançá-lo. Normalmente, são os chamados "filhinhos de papai", oriundos de excelentes escolas particulares. Ainda há outra corja, que, atrelados à partidecos de esquerda, ficam vários anos, além do tempo normal do curso, praticando "púlitica" ao invés de estudar.

Portanto, que venha logo o "Exercício Social da Profissão".
Herculano
17/11/2018 16:14
BOLSONARO TEM MARGEM DE MANOBRA NA ECONOMIA, SEGUNDO OPOSICIONISTAS, por Helena Chagas, em Os Divergentes

O governo Bolsonaro concluiu a montagem do núcleo da equipe econômica que será chefiada pelo economista Paulo Guedes e, diferentemente do que ocorre nas outras áreas, está recebendo crédito até mesmo de economistas de outras tendências. Ainda que não concordem com o que parece que será feito, dois importantes formuladores econômicos da oposição, gente com tinturas de centro-esquerda, acreditam que Jair Bolsonaro terá, sim, sua margem de manobra na economia nos primeiros meses de governo.

Um deles lembra que o novo presidente recebe o país com inflação controlada, a menor taxa de juros histórica e sem problemas de saldo comercial. É imenso o problema fiscal, mas a lua-de-mel do novo governo com a opinião pública, se bem aproveitada, poderá resultar na aprovação de ao menos uma parte da reforma da Previdência nos primeiros meses de governo. Isso garantiria sua sobrevida com sinais de recuperação econômica e algum crescimento, ainda que discreto.

Se bem aproveitada, frisam essas fontes, já que, em outras áreas, o governo de transição vem produzindo desencontros e até crises - como a retirada dos médicos cubanos que poderá deixar mais de 20 milhões de brasileiros sem assistência médica já nos primeiros dias do governo de Bolsonaro.

Normalmente, é a economia que costuma estragar tudo, com aumento de preços, desemprego, recessão. Desta vez, é possível que o novo governo viva uma situação diferente, e o ponto fraco passe a ser o despreparo na política e na gestão, marcada pela incontinência verbal e por escolhas polêmicas.
Herculano
17/11/2018 15:17
da série: os políticos descomprometidos e rasgando o nosso dinheiro que extorquem com os pesados impostos

"NÃO ADIANTA DAR DINHEIRO A ESTADOS SE APOSENTAM SERVIDOR AOS 53 ANOS"

Conteúdo de O Antagonista.O ministro da Fazenda Eduardo Guardia disse, em entrevista ao Estadão, que não adianta repassar mais dinheiro para os estados sem ter a contrapartida do ajuste fiscal.

"Não adianta jogar mais dinheiro lá para dar reajuste de salários e para continuar aposentando servidor público aos 53 anos."

Guardia lembrou ainda que, em 2016, a União foi obrigada pelo STF a renegociar a dívida dos estados.

"Demos suspensão do pagamento. E o que aconteceu? Aumentaram a despesa de pessoal."
Herculano
17/11/2018 11:58
PEGAR DESPREVENIDO. UMA ARMA DA GUERRILHA. CUBA NÃO CONTINUA NO MUNDO DA GUERRILHA

de Felipe Moura Brasil, no twitter:

Não foi Bolsonaro que abandonou o Mais Médicos. Foi Cuba, indisposta a (1) tratar seus profissionais como trabalhadores em vez de escravos a serviço da ditadura; e (2) a esperar que o novo governo se estabeleça para retirá-los. Cuba tenta pegar país desprevenido para gerar crise.
Paulo Henrique Hostert
17/11/2018 10:59
Ainda sobre o Mais Médicos já passou da hora de revermos alguns critérios e utilizarmos a mão de obra formada em nossas Universidades Federais, tanto médicos quanto outros profissionais formados com o dinheiro público precisam dar algum retorno a população que financiou, com seus presados impostos, sua graduação. Não vejo problema em um recém formado médico trabalhar durante um ano para o governo ganhando salário inicial de R$ 11.800,00 e conhecendo de perto a realidade do povo.
Paulo Henrique Hostert
17/11/2018 10:38
Sobre a saída dos *médiscravos* cubanos do Programa Mais Médicos, minha percepção, de quem não votou no Bolsonaro no primeiro turno e não teve opção no segundo, é simples...sua proposta de mudanças no programa está correta, não é admissível o governo ficar com 70% do seu salário, se você acha justo isso comece a deixar a sua parte ao governo, também em qualquer lugar do mundo um brasileiro tem que se sujeitar a exames de competência para atuar em várias profissões... O que já começou a ser posto em prática é a suja e irresponsável oposição da esquerda brasileira, principalmente do PT e aliados. Não é necessário pensar muito para saber que a saída dos médicos é *política*, pois para o governo de Cuba esse programa é a maior fonte de recursos externos aportados naquele País, mais de *R$ 7 bilhões* desde 2013. Se o problema fosse o Bolsonaro eles não sairiam já e sim após ele implementar suas propostas. Então meus caros é isso que nos aguarda nos próximos quatro anos, as caneladas do governo e a oposição criminosa da esquerda.
Herculano
17/11/2018 08:43
DO CASTRISMO AO CRIACIONISMO, por Demétrio Magnoli, geógrafo e sociólogo, no jornal Folha de S. Paulo

Escola sem Partido persistirá na sua cruzada enquanto existir uma chama de inteligência nas salas de aula

Qual é o comprimento do segmento de reta que liga o ponto CAS, de castrismo, ao CRI, de criacionismo? A escola descobrirá a resposta nos próximos anos, cortesia do Escola sem Partido.

A teoria da geração espontânea asseverava que a vida nasce da matéria não viva, como os sedimentos dos rios ou o lixo. O Escola sem Partido nasceu do lixo - no caso, a sujeira ideológica acumulada ao longo de duas décadas. Terceira lei de Newton: a escola que conviveu com a cartilha da esquerda de botequim encontra-se, agora, sitiada por uma horda de bárbaros da direita de shopping center.

A Guerra do Paraguai foi arquitetada pela Inglaterra para evitar o surgimento de uma potência sul-americana. Cuba simboliza a esperança de redenção da América Latina. A democracia não passa de um manto protetor da exploração capitalista. Os EUA planejam roubar o pré-sal, as águas superficiais da Amazônia e os recursos subterrâneos do aquífero Guarani.

Israel é um Estado racista que precisa ser abolido. O terror jihadista é uma contraofensiva de povos humilhados pelas potências ocidentais. Os direitos humanos são uma proclamação do Ocidente destinada a destruir as identidades culturais de asiáticos, muçulmanos, africanos e afrodescendentes. O caldo borbulhante de sandices fez seu caminho até os manuais escolares, os vestibulares, o Enem. No fim, originou uma reação destrutiva que pretende converter a escola em anexo do templo.

O Escola sem Partido não identifica o problema real para solucioná-lo, o que exigiria uma reflexão de fundo, especialmente nas universidades e no magistério. O movimento acende uma fogueira, seleciona as bruxas e emite veredictos implacáveis.

Sua verdadeira finalidade é aproveitar as vulnerabilidades para subordinar a escola a uma polícia ideológica e de costumes recrutada entre autoridades locais, políticos, promotores e pastores. Sob o álibi das "convicções da família", trata-se de submeter o ensino ao dogma, substituindo um discurso ideológico por outro.

Há boas chances de que produza estragos, pois opera como militância profissional organizada e conta com o respaldo do novo governo. Nesse sentido específico, assemelha-se ao movimento racialista, que conseguiu impor sua agenda minoritária de cotas raciais.

A escola ficará à mercê dos Novos Inquisidores se não fizer a lição de casa, traçando uma linha nítida entre o discurso pedagógico e o discurso doutrinário. Num tópico, o Escola sem Partido tem razão: professor e aluno mantêm relação desigual, pois o primeiro concentra tanto o poder intelectual quanto uma série de prerrogativas funcionais. Da desigualdade, resulta uma obrigação de contenção.

A missão dos mestres é ensinar os alunos a pensar, não explicar-lhes o que devem pensar. Na sala de aula não cabem o comício, a persuasão política, a narrativa partidária, que são expressões de autoritarismo disfarçadas sob o rótulo enganoso do "pensamento crítico".

A lição de casa precisa ser feita não para evitar o espantalho da "doutrinação dos jovens", algo totalmente ineficaz, nem para apaziguar o Escola sem Partido, que persistirá na sua cruzada enquanto existir uma chama de inteligência nas salas de aula. A escola deve fazê-la porque é a coisa certa a fazer - ou seja, por respeito a si mesma. Daí, ganhará autoridade moral para fechar as portas aos Novos Inquisidores.

Tempos estranhos - e um tanto ridículos. Enquanto nomeia um ministro de Relações Exteriores que anuncia a "confluência da história com o mito" propiciada pelo "Deus de Trump", o governo promete limpar a sala da aula do veneno da ideologia.

Na escola sob assédio, tudo está em jogo, desde a ciência da evolução biológica até a história do advento dos direitos humanos, passando pelo ensino de saúde e sexualidade. Hoje, para escapar ao ponto CRI, a escola deve apagar o ponto CAS.
Herculano
17/11/2018 08:29
DOMINGO É DIA DE DECISÃO NO ESTÁDIO CARLOS BARBOSA FONTES

O Estádio do Tupi, na Coloninha, que frequentava nas décadas de 1950 (como menino curioso visitante do bairro) e 1960 (como tímido - e tinha que ser tímido - torcedor do Olímpico), tempos do glorioso "Índio" que disputava o concorrido e nada amistoso campeonato da LBF (Olímpico, Palmeiras, Guarani, Amazonas, Vasto Verde, Floresta, União, XV de Novembro... de rivalidade não só entre cidades, mas entre bairros, famílias e extratos sociais em Blumenau), estádio que ainda ainda não tinha a ampliação do terreno proporcionado pela Ceval, retoma os dias de glória, mas com Black Hawks. O Índio é só uma escolinha e história que aos poucos a cidade esquece...

Ele é uma das estrelas brasileiras, repito, brasileiras do Futebol Americano. o Black Hawks vai enfrentar na semi-final o Challengers.

Para promover o embate decisivo, Diogo Mafra, do Black levou ao Gabinete do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, uma camisa personalizada com nome dele e o número da sorte que Kleber diz ser o da sorte: o 15.

E domingo, o time gasparense enfrenta o Challengers na semifinal da Liga Nacional de Futebol Americano.

Um leitor assíduo da coluna ao ver a foto da entrega da camisa, emendou: "realmente o Alcaide vai precisar de uma Armadura. Para enfrentar os 25 meses que faltam".

A armadura, numa alusão à proteção especial usada contra choques entre os jogadores do Futebol Americano, não veio, mas se o prefeito continuar a usar só a camisa - sem a proteção especial - no jogo bruto em que está metido na gestão municipal, correrá sérios riscos... E não é de nenhum dos adversários...Acorda, Gaspar!
Herculano
17/11/2018 08:04
A TURBA PROGRESSISTA, por Rodrigo Constantino, na revista IstoÉ

A política está muito polarizada e em clima de guerra tribal. Lemos isso o tempo todo. Mas de quem é a culpa? A julgar pela mídia, seria da direita preconceituosa e fascista. O máximo que os "isentões" aceitam é uma equivalência moral: tanto esquerda como direita precisam recuar no tom da retórica. Mas e se a esquerda se mostra cada vez mais radical e o outro lado apenas reage?

Um exemplo pode ilustrar melhor o ponto. O filósofo britânico Roger Scruton é um lorde em sua postura, um verdadeiro cavalheiro. Procura focar sempre nos argumentos e com muita educação, tentando enxergar no lado adversário boas intenções. Jamais alguém como ele poderia ser incluído na lista dos raivosos e intolerantes. Não obstante, até mesmo Scruton foi alvo da ira orquestrada dos esquerdistas.

Theresa May criou uma comissão para avaliar a beleza arquitetônica dos novos projetos de casas populares do governo. De beleza e de arquitetura Scruton entende bem, e escreveu um ótimo livro sobre isso. Minutos após seu nome ser indicado, porém, os ataques começaram. Em pouco tempo já havia uma espécie de linchamento público pedindo sua cabeça, e a pressão foi tanta que ele pode ser demitido.

A turba ensandecida encontrou pretextos em episódios isolados e retirados do contexto, para pintar Scruton como um "islamofóbico" e até como um antissemita, pelas críticas que fez na Hungria ao judeu socialista George Soros. O Partido Trabalhista jogou lenha na fogueira, ignorando seu líder de extrema-esquerda, Jeremy Corbyn, esse sim um antissemita escancarado.

E eis que na avançada Inglaterra um dos mais brilhantes intelectos da atualidade é massacrado pelo politicamente correto e tratado praticamente como um nazista. Se alguém como Scruton recebe tal tratamento, o que esperar dos que realmente flertam com a "supremacia branca" e o nacionalismo exacerbado?

A tática é velha, mas tem se intensificado. Não importa quem está à direita dos socialistas, sempre será tratado como um extremista de direita. Se foi Trump recentemente, antes o bastante moderado Mitt Romney ou o quase democrata John McCain foram alvos dos mesmos rótulos. Se Bolsonaro de fato é mais autoritário e de direita, mesmo os tucanos de esquerda foram acusados das mesmas coisas pelos petistas.
Herculano
17/11/2018 07:55
MALDIÇÃO DA CASA CIVIL ASSEDIA ONYX LORENZONI, por Josias de Souza

Deslocado por Jair Bolsonaro da periferia da Câmara para o epicentro do poder, Onyx Lorenzoni, o ministro extraordinário da transição de governo, experimenta a sensação de enfiar um dedo na fava de mel, lamber o dedo e vislumbrar as dádivas do mundo. Porém, Onyx talvez tenha de começar a fugir das abelhas antes mesmo de chegar ao Planalto. A maldição da Casa Civil chegou mais cedo para ele.

Mede-se o tamanho da encrenca pela quantidade de veneno estocado. A banda militar do futuro governo acha que Onyx puxa o tapete do general Oswaldo Ferreira, hoje um ex-quase-futuro-superministro da Infraestrutura. A ala política avalia que Onyx coloca azeitonas demais na empada do seu partido, o DEM. Escanteado, o PSL lança fachos de luz na direção dos pés de barro de Onyx.

Colecionador de desafetos, Onyx é assediado por uma síndrome que costuma perseguir os ocupantes do principal gabinete do quarto andar do Palácio do Planalto: a praga dos superpoderes. Para complicar, os superpoderes do futuro chefe da Casa Civil começam a esbarrar em superpoderes maiores do que os seus - como os do clã Bolsonaro e o de Paulo Guedes, o Posto Ipiranga.

Na era petista, a Casa Civil foi ocupada por seis personagens. Um está prestes a voltar para a cadeia (Dirceu), outro está atrás das grades (Palocci), uma terceira foi fisgada na Operação Zelotes (Erenice), dois encrencaram-se nas franjas da Lava Jato (Mercadante e Gleisi) e uma outra sofreu impeachment depois de ser vendida ao eleitorado como supergerente impecável (Dilma).

O que distingue Onyx de superministros que o antecederam é o fato de que, no seu caso, a urucubaca chegou antes da posse. Quando encostou seu mandato no projeto político de Bolsonaro, Onyx considerava-se capaz de fazer o bem para o capitão. Hoje, ele precisa verificar se consegue parar de fazer mal a si mesmo.
Herculano
17/11/2018 07:50
da série: os políticos e gestores públicos brasileiros se penduram nos improvisos que criam e esquecem de fazer a lição de casa para dar soluções ao que originou o problema e ai...

PORTA DE SAÍDA, por Julianna Sofia, secretária de redação da sucursal de Brasília do jornal Folha de São Paulo

País não se preparou para o fim da importação emergencial de médicos cubanos

Foi na fervura dos protestos de 2013 - início do processo de desestabilização que desembocou no impeachment da presidente Dilma Rousseff três anos mais tarde - que o então governo petista anunciou em julho um ambicioso pacote de medidas para socorrer a saúde.

O programa Mais Médicos aspirava rever de forma radical a formação de profissionais no país, com foco prioritário na atenção básica, reformulando currículo e propondo, entre outras iniciativas, uma espécie de serviço civil obrigatório: os alunos precisariam trabalhar dois anos no SUS para obtenção do registro. No pacote, também a ampliação de vagas nos cursos de medicina (principalmente no interior) e uma maior oferta de postos na residência médica. A meta era prover um adicional de 40 mil médicos até 2025.

Até lá, como medida emergencial, abria-se a contratação de intercambistas, com a destinação de profissionais nacionais e estrangeiros para áreas remotas ou de maior vulnerabilidade e pobreza. No anúncio, Dilma defendeu o que viria a ser uma das bandeiras de sua reeleição.

"Até que tudo isso aconteça, eu pergunto a vocês: quem vai atender aos brasileiros que não têm acesso médico até que todo esse processo amadureça e aconteça?"

Na primeira rodada do preenchimento de urgência, apenas 10,5% das vagas foram ocupadas, o que levou o governo a recorrer à importação de cubanos - a vinda dos profissionais da ilha castrista, já havia sido ensaiada antes do lançamento do Mais Médicos, mas fora congelada devido à repercussão negativa.

Com todos os senões técnicos e ideológicos, o programa de Dilma foi se desmilinguindo pelo caminho. Chegou a parar no Supremo Tribunal Federal - onde foi absolvido. A criação do serviço obrigatório teve morte instantânea enquanto outras medidas agonizam, como o aumento de vagas para residência e a interiorização da graduação.

Sem fazer a lição de casa, o Brasil mais vez usou a entrada de emergência, mas lacrou a porta de saída.
Herculano
17/11/2018 07:41
MÉDICOS SOLICITAM ASILO PARA NÃO VOLTAR A CUBA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

A decisão da ditadura cubana de retirar seus médicos do Brasil, até o fim do ano, provocou uma corrida de pedidos de asilo e recebimento integral dos R$11.540 pagos pelo governo brasileiro. A ditadura confisca mais de dois terços do valor, deixando aos médicos apenas com R$3 mil. E ainda os proibiu de trazerem suas famílias, mantidas em Cuba como reféns. O presidente eleito Jair Bolsonaro, por razões humanitárias, está disposto a acolher os cubanos que solicitarem asilo.

TODO CUIDADO É POUCO
O governo não divulga números da corrida por asilo político, a fim de evitar perseguição de espiões cubanos que os vigiam no Brasil.

DITADURA NUNCA MAIS
Os médicos em geral estão satisfeitos no Brasil e não querem retornar à vida de privações, sobretudo de liberdade, sob a ditadura.

AUMENTA A CADA DIA
Há um ano, quando não se falava em cancelar o acordo, 180 cubanos pediram asilo e salário integral. Em dezembro, passavam de 300.

Só EM DUAS SEMANAS
O governo confirma a "corrida" dos médicos cubanos, mas somente em duas semanas poderá consolidar os números enviados de todo o País.

MRE VETOU CONTATO DE DIPLOMATAS COM BOLSONARO
A escolha de Ernesto Araújo para as Relações Exteriores de Jair Bolsonaro deixou muitos diplomatas felizes, bem ao contrário do que se divulga. Eles também querem mudança e revelam que essa opção foi facilitada pelo secretário-geral do Itamaraty, Marcos Galvão: tentando "vender" o próprio nome para o cargo, não permitiu a aproximação de diplomatas com Bolsonaro, filhos e equipe de transição. Parecia aversão à sua vitória no Itamaraty, onde também ele foi o mais votado.

TIRO NO PRóPRIO PÉ
O distanciamento piorou a imagem do Itamaraty junto a Bolsonaro e seu staff, já impressionados com os artigos e ideias de Ernesto Araújo.

BATEU CONTINÊNCIA
O ambicioso secretário-geral, que já garantiu seu "exílio dourado" em Bruxelas, tentou se cacifar junto ao general Mourão, mas... #EleNão.

A TURMA DELE É OUTRA
Galvão não emplacaria até por suas ligações a críticos de Bolsonaro como Rubens Ricupero, Antonio Palocci, Guido Mantega e José Serra.

O QUE É ISSO, COMPANHEIRA?
O Tribunal Superior do Trabalho ainda está impactado com a ministra Delaíde Arantes, da "bancada de esquerda" do TST, que demonizava Bolsonaro, e de ligações ao PCdoB, fazendo esforço de tiete para obter selfie com o presidente eleito, durante sua visita ao tribunal, dia 13.

MEU CARGO, MINHA VIDA
Em campanha para ficar no cargo, o presidente da Caixa, Nelson de Souza, tenta impressionar Bolsonaro. Diz ter resolvido um "problema de capital" da Caixa, dispensando a "necessidade de aportes".

BYE, BYE PREJUÍZOS
Chegaram na quarta (14) ao Congresso as duas medidas provisórias (855 e 856) que viabilizam a privatização das distribuidoras de energia da Eletrobras: a Amazonas Energia e a Energética de Alagoas (Ceal).

TRABALHO RECONHECIDO
Um dos mais importantes (e desconhecidos) projetos para recuperação de dependentes químicos está em Campo Grande (MS) e foi criado por Lidio Nogueira Lopes, reeleito deputado estadual pela terceira vez.

CONCURSO PARA CôNJUGE
A farra de defensores públicos atuando 'à distância', no exterior, mas recebendo salários não é maior porque os outros servidores afastados são casados com empregados do setor privado e têm o salário cortado.

SALDÃO DA DERROTA
Encalhou na "lojinha oficial" do PT as camisetas com a logo camaleão de Haddad, em verde e amarelo, além de outras com a inscrição "ele, não". O preço caiu de R$35 para R$20 na promoção pós-derrota.

CÂMARA FORA DO AR
Sem ninguém para trabalhar na sexta (16) entre o feriado do dia 15 e o fim de semana, até o site da Câmara dos Deputados saiu do ar. A partir do meio da tarde nenhum conteúdo ficou acessível pelo cidadão.

PAÍS DO FUTEBOL
Ao cobrar pavimentação da rua em São Gonçalo, prometida há mais de quatro anos, os moradores fizeram um protesto com cartaz suplicando ao prefeito para não ficarem "igual ao Flamengo, só no cheirinho".

PENSANDO BEM...
...após escrever Brasil com Z e fazer tantos jogos por lá, até parece que a CBF quer mudar sua sede para a Inglaterra.
Herculano
17/11/2018 07:34
VAGA DE MORO NA LAVA JATO PODE SER DISPUTADA POR 232 JUÍZES

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Após a saída de Sérgio Moro da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba na próxima segunda-feira, 19, pelo menos 232 juízes federais titulares poderão se candidatar à cadeira deixada pelo magistrado e assumir o incrível acervo de processos da Lava Jato em primeira instância.

A lista inclui todos os juízes federais titulares que atuam no âmbito do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), que abrange os Estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ao todo, o tribunal conta com 233 juízes titulares, mas com a saída de Moro na próxima segunda-feira, 19, o número cairá para 232.

No topo da lista estão, pela ordem, os juízes federais Luiz Antônio Bonat (Curitiba), Taís Schilling Ferraz (Porto Alegre), Marcelo de Nardi (Porto Alegre), Alexandre Gonçalves Lippel (Porto Alegre), Hermes Siedler da Conceição Júnior (Porto Alegre), Eduardo Vandré Oliveira Lema Garcia (Santa Cruz do Sul), Altair Antônio Gregorio (Porto Alegre) e Loraci Flores de Lima (Santa Maria).

Todos esses oito juízes titulares ingressaram no TRF-4 no mesmo dia: 25 de maio de 1994, quatro anos depois de Moro, que ingressou como titular no tribunal em 24 de novembro de 1998.

O processo interno de seleção, denominado remoção, deverá durar um mês. Ainda não há previsão para a publicação de edital de remoção, mas uma vez divulgado, os juízes titulares deverão apresentar suas candidaturas nos dez dias seguintes. O critério de seleção será baseado na antiguidade, ou seja, no tempo de atuação do magistrado como juiz titular e, depois, como juiz substituto.

Em caso de empate, será utilizado o critério de colocação no concurso público. Neste critério de classificação, o juiz Luiz Antônio Bonat, da 21.ª Vara Federal de Curitiba, aparece na primeira colocação.

Se nenhum juiz titular apresentar candidatura, a vaga será aberta em um edital de promoção aos juízes federais substitutos, que poderão concorrer à cadeira pelos mesmos critérios de antiguidade e colocação no concurso público.

Até a escolha do substituto de Moro, os processos da Lava Jato continuarão sob a tutela da juíza substituta Gabriela Hardt, que na quarta-feira, 14, interrogou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação penal do sítio de Atibaia.
Herculano
17/11/2018 07:28
ELE MOSTRA QUE NÃO É IGUAL A MAIORIA

Quando o PT, a esquerda do atraso e parte da sociedade de operadores jurídicos, entre eles a que está acima de lei, pois não permite que se audite as suas contas, a OAB, indicavam erro ético ou de conduta nas férias que pegou até a nomeação como ministro da Justiça no ano que vem, o juiz Sérgio Moro desmonta tudo e todos, e pede a exoneração da Justiça Federal.

Fez o certo! Saiu da trincheira a que estava obrigado pela quarentena, digamos assim e foi à guerra aberta.

O PT, a esquerda do atraso, a OAB estão agora sem discurso o discurso técnico, ético e moral contra o ex-juiz.

Moro ganha automaticamente com isso, imunidade para discursar e apontar dúvidas e culpas antes de assumir a função de Ministro. Até nisso, o PT, a esquerda do atraso e a OAB são amadores. Wake up, Brazil!
Herculano
17/11/2018 07:20
Da série: o que está explícito e não é possível esconder mesmo dos analfabetos, ignorantes e desinformados, que ouvem a todo momento a oração dos fanáticos da seita que louva a inocência do malfeitor de todos

'LULA É O MENTOR DO ESQUEMA CRIMINOSO', por Josias de Souza

Acusado pela defesa de Lula e pelo Partido dos Trabalhadores de utilizar a Justiça para perseguir o ex-presidente petista, Sergio Moro elevou o tom de sua resposta: "As provas indicam que Lula é o mentor desse esquema criminoso que vitimou a Petrobras. E nós não tratamos apenas de um tríplex. Nós falamos de um rombo estimado de R$ 6 bilhões. O tríplex é a ponta do iceberg. A opção do Ministério Público foi apresentar a acusação com base nesse incremento patrimonial específico, que foi fruto da corrupção."

As novas declarações de Moro foram feitas em entrevista veiculada na edição mais recente da revista IstoÉ. Ele respondia a uma pergunta sobre o recurso ajuizado pela defesa de Lula no Supremo depois que trocou a Lava Jato pelo posto de ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro. Na peça, ao advogados pedem que Lula seja libertado e que os processos que correm contra ele em Curitiba sejam anulados.

Moro reiterou que a sentença que proferiu no caso do tríplex é de "meados de 2017." Declarou que "a decisão é extensamente fundamentada." Repetiu que sua deliberação "foi mantida pela Corte de apelação (o TRF-4, sediado em Porto Alegre). A partir do momento em que a Corte de apelação mantém a decisão, a decisão passa a ser dela. Não é mais nem minha."

O ex-juiz repetiu, de resto, que enxerga as críticas do petismo e da defesa como "um álibi de Lula, baseado numa fantasia de perseguição política." Enumerou outras condenações de sua lavra: "Vamos analisar a Operação Lava Jato. Nós temos agentes políticos que foram do Partido Progressista condenados, temos agentes do PMDB e de figuras poderosas da República, como foi o caso do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, considerado adversário figadal do PT. E, claro, condenamos também agentes do Partido dos Trabalhadores."

Moro acrescentou: "O esquema de corrupção na Petrobras envolvia a divisão de dinheiro entre executivos da estatal e agentes políticos que controlavam a empresa. É natural que o esquema criminoso dessa espécie, quando descoberto, com políticos envolvidos, impliquem majoritariamente aqueles partidos que estavam no poder e controlavam a empresa e não legendas que se encontravam na oposição."

Além do caso do tríplex, que rendeu a Lula 12 anos e um mês de cadeia, há na 13ª Vara Federal de Curitiba outros dois processos envolvendo o ex-presidente petista: o do sitio de Atibaia e o do terreno que a Odebrecht teria adquirido para o Instituto Lula. Instado a comentá-los, Moro preferiu se abster:

"Essa é uma questão da Justiça, a cargo da doutora Gabriela Hardt, que me substitui na 13ª Vara Federal e não seria apropriado comentar. Ela é uma magistrada muito séria e muito competente. No entanto, está em suas mãos diversos casos criminais em relação à Lava Jato, que demandam atenção dela. Então não sei se ela vai ter tempo hábil para julgar esse caso ainda este ano."

Nesta sexta-feira, Moro formalizou seu pedido de exoneração do cargo de juiz. Algo que pretendia fazer apenas no final do ano. Com essa decisão, deflagra-se o processo de substituição definitiva do magistrado na Vara da Lava Jato. Estão aptos a concorrer à vaga mais de 200 juízes.
Herculano
17/11/2018 06:51
O CUSTO BRASIL DA MACONHA, por Fernanda Mena, no jornal Folha de S. Paulo

País bota fogo no mesmo recurso que importa a peso de ouro para fins medicinais

O Brasil tem queimado dinheiro quando o assunto é maconha para fins medicinais.

Enquanto pacientes brasileiros desembolsam até R$ 7.000 ao mês na importação deste tipo de medicamento, em tratamentos que às vezes são bancados pelo Estado, as polícias incineraram ao menos 1,3 milhão de pés de maconha em 2018.

A estimativa é conservadora, baseada em registros da imprensa sobre operações policiais, que somam 240 mil plantas queimadas na Bahia. Em Pernambuco, estado do famigerado polígono da maconha, 946 mil. No Maranhão, 125 mil.

Deve haver alguma escolha mais racional para o Brasil do que botar fogo no mesmo recurso que importa a peso de ouro, seja como insumo para pesquisas seja como manufaturados de gigantes farmacêuticas dos EUA e Canadá.

Na melhor das hipóteses, é como se o país tivesse queimado R$ 270 milhões. Na pior, mais de R$ 20 bilhões.

Isso porque cada planta pode produzir de 50 a 1.000 gramas de cânabis - ou mais. Sua qualidade é que vai determinar se o custo por grama será de US$ 1 ou de US$ 4 - ou mais.

"A importação do insumo é o grande entrave para se desenvolver medicamentos nacionais. Nosso potencial agrícola pode nos tornar líderes globais na produção de cannabis", diz o advogado Caio Abreu, cuja empresa, em Valinhos (SP), já investiu US$ 5 milhões desde 2015 neste tipo de pesquisa.

Ele importa flores de cânabis de um produtor holandês a US$ 4 por grama.

O mercado de maconha medicinal tem crescido exponencialmente pelo mundo.

Nos últimos quatro anos, o número de brasileiros que obtiveram da Anvisa autorização para importar esse tipo de medicamento aumentou 27 vezes, de 168 para 4.617 brasileiros.

No total, foram importadas 78 mil unidades de remédios à base de CBD (canabidiol) ou THC (tetra-hidrocanabinol), dois dos principais princípios ativos da planta.

Nos EUA, 33 dos 50 estados do país já legalizaram este mercado. Projeções apontam que, em 2024, a maconha medicinal já deve movimentar por ali US$ 8 bilhões (cerca de R$ 30 bilhões). Isso sem falar no ainda mais lucrativo mercado de maconha para fins recreativos, já regulamentado no Uruguai, no Canadá e em dez estados norte-americanos.

Ex-banqueiro, o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, sabe que queimar dinheiro é mau negócio.

Ao integrar o governo Bolsonaro, notório pela agenda moralizante, Guedes pode se pegar traindo ideias liberais de um de seus mestres da Universidade de Chicago, o Nobel Milton Friedman, para quem "drogas não são um problema econômico, elas são um problema moral".
Miguel José Teixeira
16/11/2018 18:23
Senhores,

". . .Mal assessorado, mal-aconselhado e cercado de fanáticos, Lula não enxerga sua própria existência e as ruínas que vai deixando atrás de si. . ."

Ídolo de barro

Fonte: Correio Braziliense, hoje.
Coluna: Visto, Lido e Ouvido.

Desastre. Esta, talvez, seja a palavra que melhor defina e resuma o depoimento prestado pelo ex-presidente Lula à Justiça Federal, em Curitiba. Durante quase três horas, coube ao ex-presidente exercer sua defesa de forma autônoma, sob o olhar congelado de seu advogado, acuado com a tática imposta pelo seu cliente parlapatão. Aos limites intelectuais conhecidos, Lula, como sempre, buscou interpor sua retórica de palanque, na tentativa que enredar a jovem juíza no seu raciocínio circular. Não deu certo. Ao assumir a própria defesa, desde o primeiro depoimento, Lula imaginara, do alto de sua arrogância, que com sua diatribe poderia, facilmente, dar um nó no processo, inviabilizando o prosseguimento de toda a acusação contra ele, sob o argumento de perseguição política.

Ocorre que uma coisa é a narrativa criada para dar dinâmica à vida política. Outra é narrativa que se busca para contornar as penalidades da lei. Nas ruas, a narrativa é feita de imaginação. Nos tribunais, valem as provas e overedito do juiz. Os antigos diziam que não basta ter dignidade para viver. É preciso dignidade também para morrer. Quando, lá atrás, reconheceu que "quem conta uma mentira passa a vida inteira mentindo", Lula não sabia que essa seria exatamente sua sina, diante das muitas evidências reunidas pelas investigações do Ministério Público contra ele.

Com isso, o ex-presidente segue sua ladainha emendando narrativas por cima de narrativas e, pior, envolvendo um número sempre crescente de pessoas, esticando um roteiro que, a princípio, era só seu. Mal assessorado, mal-aconselhado e cercado de fanáticos, Lula não enxerga sua própria existência e as ruínas que vai deixando atrás de si.

Praticamente todos aqueles que cruzaram seu caminho foram arrastados para o labirinto. Como fauno ou minotauro, Lula tem aprisionado em seu mundo a família, os amigos, o partido, o país e a própria vida. Trata-se de um personagem complexo. Talvez o mais complexo a passar pela Presidência da República. De fato, Lula e seu governo simbolizam exatamente o oposto do que a população almeja.

Liberta do labirinto bolivariano, o que a sociedade busca agora é se distanciar do pesadelo mitológico. Após os episódios do mensalão, os deuses do Olimpo deram uma segunda oportunidade ao ex-presidente de renascer das cinzas. Recomposto, Lula, ascendeu ao ponto mais alto da fama e da glória. O mundo lhe rendeu homenagens. Os pés de barro do grande ídolo não resistiram ao peso das muitas culpas. Lula é hoje apenas uma sombra melancólica de si mesmo.


A frase que foi pronunciada

"O PT é como uma galinha que cacareja para a esquerda, mas põe os ovos para a direita." (Leonel Brizola)
Roberto Basei
16/11/2018 17:46
TENTATIVA E ERRO

Melhor definição que vi até agora.

Acerta quando recua e erra quando avança.

já tivemos de tudo, agora nosso presidente quando erra, acerta pois descobre como não é para fazer.

A continuidade temos um plano para ganhar, mas não temos um plano para governar.

FAREMOS TUDO POR TENTATIVA E ERRO.
Herculano
16/11/2018 15:41
A LUZ DO SOL

De Mário Sabino, ex-editor da veja e agora da revista eletrônica Cruzoé

Jornalistas estão muito espantados com o fato de a direita pensar como direita. Compreensível: havia só uma esquerda que fingia ser de direita. Nada como a luz do sol. Agora tudo está claro.
LUIZ
16/11/2018 12:25
Tem muita gente que, só porque tem um pouco mais do que os outros, se acham acima da Lei, se sentem donos da cidade e por isso podem tudo.
Para eles, todos os direitos, inclusive o de infringir Leis e regras e para os outros todos os deveres e seus os rigores.
Quando cobrados, ficam bravos, esperneiam, falam bobagens, como se fossem os donos da verdade.
Arrogância e prepotência não lhes faltam.
Humildade e respeito, o que é isso mesmo? Essa minoria não tem pois não sabem o que é.
Herculano
16/11/2018 06:40
PCC CONTRA MORO

Conteúdo de O Antagonista. A equipe de Jair Bolsonaro suspeita que o PT possa encomendar ao PCC uma série de rebeliões em presídios para minar Sergio Moro, diz a Veja.

A primeira missão do novo ministro será reprimir o crime organizado nas cadeias.
Herculano
16/11/2018 06:28
NACIONALISMO E PATRIOTISMO, por Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais, da FGV, e ex-diretora de educação do Banco Mundial, no jornal Folha de S. Paulo.

Fala de Macron mostra diferença entre os dois conceitos, tão em voga

No último domingo, líderes mundiais se reuniram em Paris para celebrar cem anos do final da Primeira Guerra Mundial. O armistício que consagrou a decisão de interromper essa que foi uma das maiores guerras da história foi seguido no ano seguinte pela Conferência de Versalhes que, entre outras consequências, resultou no redesenho do mapa europeu e de alguns impérios coloniais, assim como na criação de condições favoráveis para a Segunda Guerra Mundial.

Ao ouvir o discurso de Macron, anfitrião e mestre de cerimônias do evento, algumas lições deste período sombrio da história pareceram-me ecoar para o tempo presente. O nacionalismo, processo de construção identitária em que se edificam países em união beligerante contra inimigos comuns, geralmente outros povos, apareceu na fala do presidente da França como o oposto de patriotismo e uma traição aos ideais civilizatórios.

Nada mais correto e atual. Definir a identidade dos habitantes de um país como aqueles que não são o outro e que, portanto, não podem conviver ou receber em seu território os estrangeiros tem aparecido cada vez mais em agendas de líderes populistas europeus e no projeto russo de uma Eurásia, num claro desmonte dos princípios iluministas.

Na cola, surgem elementos contemporâneos, a serviço de ideias que já deveriam estar superadas. Guerras sempre foram acompanhadas de desinformação e doutrinação de estudantes para servirem à causa nacional, mas as redes sociais permitiram uma aceleração e escalonamento do processo, hoje apelidado de fake news.

Em nome do ódio travestido de nacionalismo, a verdade é a primeira derrotada. Para impedir que a Ucrânia entrasse na União Europeia, por exemplo, os russos se sentiram no direito de veicular mensagens nas mídias associando manifestações na Maidan (praça, em tradução livre), em 2014, contra a desintegração do país e pela adesão ao projeto europeu, a pressões de um pretenso lobby homossexual.

O alerta de Macron dirigiu-se também a Trump, em dois momentos: quando lembrou que, "ao dizer nossos interesses primeiro, os outros pouco importam" e quando se referiu à importância da união de todos para afastar as ameaças globais como "o espectro do aquecimento global". É bom lembrar que Trump se retirou do Acordo de Paris em 2017.

Uma relação pacífica entre países, mesmo que em condições não ideais, foi um constructo civilizatório. Abandonar esta empreitada para preservar interesses mesquinhos ou pretender reconstruir, mesmo que em novas bases, impérios perdidos e uma visão idealizada do passado será retroceder nos ainda limitados avanços que tivemos como seres humanos.
Herculano
16/11/2018 06:19
BRASIL SUSTENTA NO EXTERIOR SERVIDORES 'À DISTÂNCIA', por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta sexta-feira, de feriadão para alguns, principalmente no serviço público.

É coisa do passado, no País onde reina o oportunismo, a exigência legal e moral de licença sem vencimentos, pelo prazo máximo de dois anos, para qualquer servidor público que faça opção de residir no exterior. Hoje, somente na Defensoria Pública da União (DPU), servidores ganharam a loteria no Canadá, na Suíça e até no longínquo Timor-Leste de "trabalhar à distância", sem prejuízos dos vencimentos.

QUE BELEZA...
Com aval da chefia, o defensor público Felipe Dezorzi Borges vive em Otawa, Canadá, levando R$30 mil por mês para atuar "à distância".

O SOL POR TESTEMUNHA
Antes da temporada na capital canadense, o defensor público vivia no paraíso de Bridgetown, capital da ilha caribenha de Barbados.

MUITOS DIREITOS
A DPU diz que afastamentos são autorizados com base no direito de "acompanhar cônjuge removido no interesse da Administração".

EXISTEM LICENÇAS
O servidor das diversas esferas de governo pode tirar licenças médica, maternidade, paternidade e prêmio. Mas nada de morar no exterior.

GOVERNADOR DE MG E A MULHER TÊM 35 EMPREGADOS
O governador eleito de Minas, Romeu Zema (Novo), não se conforma com as mordomias do atual ocupante do cargo, Fernando Pimentel (PT). A residência do Palácio das Mangabeiras tem 35 empregados para atender a sua excelência o casal petista, sem contar um contingente mínimo de três dezenas de seguranças. "É um absurdo,", afirma Zema, indignado. É claro que ele vai acabar com tudo isso.

ATÉ 'FORÇA AÉREA'
Zema disse também que no Palácio das Mangabeiras há uma espécie de "força aérea", sempre a serviço do governador de Minas.

CORTE RADICAL
O futuro governador definiu que vai reduzir a frota de helicópteros a um ou nenhum. "Talvez seja melhor alugar em caso de necessidade".

FIM DE REGALIAS
Além de eliminar regalias e mordomias, Romeu Zema e secretários só terão salários com o fim do parcelamento imposto aos servidores.

ENORME DESAFIO
O futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, terá de mostrar sua habilidade ao pôr em prática suas ideias sem comprar brigas desnecessárias com parceiros importantes como a China. Terá de se cercar dos melhores que estiverem dispostos a ajudar.

JURISPRUDÊNCIA
Causou estranheza a aprovação do aumento de 16,3% dos salários dos ministros do STF de uma só vez, ao contrário do que ocorreu em 2012, quando o aumento foi de 15,8%, mas dividido em três anos.

QUASE O ROMBO FISCAL
Segundo o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), o projeto que autoriza a Petrobras a transferir até 70% dos direitos de exploração de petróleo do pré-sal na área da União a outras petroleiras, pode render "de R$120 a R$130 bilhões" aos cofres públicos.

TENTATIVA E ERRO
O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que "não é a primeira vez que tentam me envolver em episódios de corrupção", após ser novamente acusado de receber repasses da JBS, em 2012.

#VETATEMER
O abaixo-assinado do Novo contra o aumento de 16% de ministros do STF alcançou 2,7 milhões de nomes em cinco dias. O objetivo são 3 milhões de assinaturas, que serão enviadas a Michel Temer.

BANHO-MARIA
Segundo o presidente Michel Temer, sobre o aumento dos ministros do STF, ele está "examinando o assunto com muito cuidado" e só decidirá até o fim do mês. "Temos até dia 28 de novembro para a sanção", diz.

R$ 3,48 POR PESSOA, POR DIA
Segundo o Conselho Federal de Medicina, o Brasil gasta com a saúde R$ 3,48 por dia, por habitante. O cálculo leva em conta os governos federal, estadual e municipal. É o maior valor dos últimos 4 anos.

NOVO PRESIDENTE NO TCU
O ministro José Múcio Monteiro vai tomar posse como presidente do Tribunal de Contas da União (TCU) no próximo dia 11. Ana Lucia Arraes Alencar assume o cargo de vice-presidente da Corte de Contas.

PENSANDO BEM...
...a impressão é que, se fosse tratada por "minha querida", a juíza Gabriela Hardt tascava-lhe um merecido terço na pena.
Herculano
16/11/2018 06:11
da série: como uma casta no serviço público cria privilégios, toma dinheiro da sociedade e como parasita não é capaz de devolver isso em retorno na mesma proporção

PROBLEMA NÃO É O NÚMERO DE SERVIDORES, MAS SALÁRIOS ALTOS, DIZ TEMER A BOLSONARO

Equipe do governo recomenda a eleito igualar remuneração do funcionalismo à do setor privado

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Cátia Seabra e Flavia Lima

O governo Michel Temer alertou o governo de transição do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para o forte impacto de altos salários sobre a folha de pagamento do funcionalismo federal.

A atual equipe recomendou a adequação da remuneração do serviço público à praticada pelo setor privado, além de adiar, para 2020, os reajustes programados para 2019.

As medidas buscam conter o crescimento das remunerações dos servidores nos próximos anos. Nas contas do governo, o aumento dos salários do funcionalismo custará só no próximo ano R$ 4,7 bilhões aos cofres públicos.

O Ministério do Planejamento conduz atualmente um estudo com o objetivo de "alinhar as remunerações pagas pelo setor público aos salários pagos pelo setor privado".

Os dados e as propostas constam do documento "Transição de Governo 2018-2019 - Informações Estratégicas" e foram elaboradas pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.

No relatório encaminhado aos colaboradores de Bolsonaro, o governo Temer informou que "os altos níveis de gastos são impulsionados pelos altos salários", e não pelo número excessivo de servidores.

"Isso se verifica principalmente na esfera federal, na qual os salários são significativamente mais altos que aqueles pagos a servidores dos governos subnacionais, ou a trabalhadores em funções semelhantes no setor privado", afirma o texto.

Pelos números apresentados, o Poder Executivo federal dispunha, em julho de 2018, de 1.275.283 servidores, dos quais 634 mil ativos. No geral, os servidores representam 24% dos empregos formais no país.

O relatório destaca, porém, que as altas remunerações no serviço público preocupam muito mais do que o número de servidores.

O gasto com pessoal do Executivo, diz o texto, consumiu R$ 172 bilhões em 2017, sendo R$ 105,9 bilhões com servidores da ativa.

Na avaliação do governo Temer, "o quantitativo de servidores não se apresenta como ponto de alerta crítico, mas é real a necessidade de rever a atual configuração da administração pública federal".

Os números do governo também apontam que 80,3% dos servidores tiveram reajustes abaixo da inflação nos últimos dois anos.

Em compensação, o índice de aumento para algumas categorias, como policiais federais, foi o dobro do acumulado pela inflação, de 2016 para cá.

Hoje, no Executivo, a maior remuneração mensal é de R$ 29,6 mil, fora vantagens, pagas aos cargos de perito e delegado das carreiras da Polícia Federal e Polícia Civil dos ex-territórios.

A menor é de R$ 1.467,49, referentes ao cargo de auxiliar-executivo em metrologia e qualidade da carreira do Inmetro.

Ainda segundo os números de agosto deste ano, a média mensal de vencimentos é de R$ 11,2 mil, para ativos, e R$ 9.000 para inativos.

O documento aponta também que as carreiras, os cargos e as funções do serviço público estão estruturadas em um sistema oneroso e complexo, que dispõe de pouca mobilidade.

Para ilustrar a complexidade do atual sistema de carreiras, o estudo diz que as cerca de 80 carreiras no Poder Executivo existentes na década de 1990 se transformaram em mais de 300.

O texto propõe substituir o atual sistema de carreiras do serviço público por um modelo mais moderno e eficaz, com "metas e resultados, desenvolvimento, avaliação de desempenho, governança e liderança, processo seletivo e certificações".

O estudo alerta ainda para a piora da situação fiscal do país em razão dos salários acima do valor de mercado e de reajustes acima da inflação dos rendimentos do funcionalismo.

A atual equipe propõe, então, como medida de emergência o adiamento dos reajustes já previstos para 2019.

No acordo feito em 2015, no governo de Dilma Rousseff, e aprovado em 2016 pelo Senado, ficou acertado que os reajustes para recompor perdas da inflação (de 2013 a 2015) seriam de 4,5% ao ano, concedidos em 2017, 2018 e 2019.

A equipe de Temer alega que, quando o acordo foi feito por Dilma, a inflação estimada era acima de 5%, o que não refletiria a realidade atual.

Propondo uma economia bilionária, Temer recomenda que Bolsonaro busque, já em janeiro, manter o adiamento de reajuste definido pela medida provisória de 2018.

Como as MPs dependem de aprovação, o adiamento requer negociações com o Congresso Nacional.

Além disso, o documento ressalva ser "importante registrar o risco de judicialização do adiamento por parte das carreiras envolvidas".

No ano passado, o governo Temer fracassou ao tentar congelar os salários do servidores. Em outubro de 2017, foi publicada uma MP postergando para 2019 os reajustes previstos 2018.

A medida perdeu a eficácia por falta de tramitação no Congresso e foi derrubada no STF (Supremo Tribunal Federal).

PREVIDÊNCIA
Além dos salários altos e dos reajustes promovidos acima da inflação, o documento enfatiza a elevação dos riscos à Previdência da categoria nos próximos anos.

Segundo o texto, a elevada média de idade dos servidores em atividade, atualmente de 46 anos, traz alto risco de aumento na quantidade de pedidos de aposentadorias.

A consequência disso é o surgimento de uma demanda adicional para recomposição da força de trabalho para atender à demanda da sociedade.

Atualmente, 108 mil servidores (17% da força) já têm condições para aposentadoria e permanecem no serviço público atraídos por incentivos, como o abono de permanência. Dados de julho de 2018 apontam ainda que cerca de 39% dos servidores públicos têm mais de 50 anos.

Somente em 2017 foram concedidas 22.458 aposentadorias no serviço público - o maior número desde 1998. Foi uma alta de 42% em relação ao ano anterior.

Em 2016, tinham sido 15.769. De janeiro a julho de 2018, outros 12.360 servidores se aposentaram.
Nas Forças Armadas, são 366.989 militares na ativa e 303.264 servidores da reserva ou seus pensionistas.

No ano passado, os vencimentos do pessoal da ativa somaram R$ 23,3 bilhões. A fatia para reserva e pensões foi quase o dobro: R$ 41,5 bilhões.

Segundo o documento, a despesa média com cada militar da ativa é de R$ 4.770,92 em comparação a uma despesa média de R$ 10.539,22 de um militar da reserva.
Herculano
16/11/2018 06:03
CAMPOS NETO ASSUME BC QUE AVô AJUDOU A CRIAR, por Josias de Souza

Uma pessoa realizadora não prediz o futuro, ajuda a criá-lo. Mas o economista Roberto Campos (1917-2001) daria pulos de satisfação sob a lápide se pudesse ver o que foi feito do neto homônimo. Roberto Campos Neto, 49, presidirá o Banco Central, instituição que o avô ajudou a criar em 1964, quando era ministro do Planejamento do governo do marechal Castelo Branco.

Ex-embaixador, ex-ministro, ex-senador, ex-deputado e, sobretudo, patrono do pensamento econômico liberal, Roberto Campos não poderia supor que um neto que o rodeava de calças curtas presidiria sua criação meio século mais tarde. Tampouco lhe foi dado supor que a coincidência se materializaria num governo presidido por Jair Bolsonaro, um deputado obscuro com quem esbarrou no Congresso sem cogitar um estreitamento de relações.

Eleito em 1982 pelo Mato Grosso, seu Estado, Roberto Campos frequentou o Senado por oito anos. Em 1990, candidatou-se a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Elegeu-se no mesmo pleito em que o eleitorado fluminense concedeu ao paulista Bolsonaro seu primeiro mandato federal. Ironia suprema: Campos, o avô, estreou na Câmara junto com Bolsonaro, o insuspeitado futuro presidente da República que conduziria seu neto à chefia do Banco Central.

Intelectual refinado, Campos talvez mantivesse as restrições ao estilo rude do capitão. Ainda assim, aplaudiria a opção de Campos Neto. Menos por Bolsonaro do que por Paulo Guedes. Como ministro do Planejamento de Castelo Branco, ao lado do amigo Octávio Gouvêa de Bulhões, que comandava o Ministério da Fazenda, Campos colocou em pé uma agenda que orna com a filosofia do "Posto Ipiranga" de Bolsonaro.

Num país submetido a uma barafunda financeira, no alvorecer da ditadura militar, a dupla Campos-Bulhões priorizou a arrumação da casa. Junto com a implementação de uma reforma tributária e um controle draconiano das contas públicas, editou-se a lei 4.595, de dezembro de 1964, para estruturar o sistema financeiro nacional. Foi essa lei, subscrita por Campos, que deu à luz o Banco Central que Campos Neto comandará a partir de janeiro.

Sob Campos e Bulhões, a inflação despencou de 81% em 1963 e 91% em 1964 para 34% em 1965. Embora não comandasse a área econômica sozinho, Campos dispunha de superpoderes análogos aos que Bolsonaro ofereceu a Paulo Guedes. A despeito disso, não obteve tudo o que desejou. Não conseguiu fazer, por exemplo, o Banco Central Independente.

Campos idealizara um mandato de sete anos, fixado em lei, para o presidente do BC. Quando o mandato de Castello Branco se aproximava do final, a ditadura selecionou como sucessor Costa e Silva, sob cuja presidência o economista Delfim Netto passaria a dar as cartas.

Nessa época, sopraram-se nos ouvidos de Campos rumores segundo os quais Delfim discordava da ideia de um BC independente, que o impediria de acomodar um subordinado de sua confiança no comando da instituição. Campos contou em suas memórias o seguinte: sob orientação de Castelo Branco, foi à presença de Costa e Silva para vender o seu peixe.

"O Banco Central é o guardião da moeda", disse Roberto Campos. E Costa e Silva: "O gardião da moeda sou eu." Sob Bolsonaro, Paulo Guedes tem a pretensão de ressuscitar a tese do BC independente. A incerteza quanto à capacidade do governo de colocar a ideia em pé contribuiu para que Ilan Goldfajn recusasse o convite para permanecer no comando do BC.

Quer dizer: por um sortilégio do acaso, até o insucesso Bob Fields, como o avô foi apelidado, conspirou para que o neto fosse guindado ao comando da instituição que seu antepassado ajudou a criar. O barulhinho que se ouve ao fundo é o eco da euforia de Roberto Campos dentro do túmulo.
Herculano
16/11/2018 05:56
BOLSONARO ACERTA QUANDO RECUA E ERRA QUANDO AVANÇA, por Reinaldo Azevedo, no jornal Folha de S. Paulo

O problema não está em mudar de ideia. Preocupante é não ter ideia do que fazer

Sou fã dos recuos de Jair Bolsonaro. Até agora, eu os defendi a todos, sem exceção, antes mesmo que o presidente eleito voltasse atrás. Fusão da Agricultura com o Meio Ambiente? Bobagem. Insistir numa reforma da Previdência ainda neste ano? Bobagem. Extinguir o Ministério do Trabalho agora? Bobagem.

Transferir as universidades para o Ministério da Ciência e Tecnologia? Bobagem. O problema não está em mudar de ideia. Preocupante é não ter ideia do que fazer.

Os tais mercados, por enquanto, se divertem fazendo de conta que política não existe. E que as regras podem ser livremente governadas pela vontade. Em reunião do futuro presidente com governadores eleitos, anunciou-se a intenção de Paulo Guedes de dividir com os estados e municípios parte dos recursos do leilão do pré-sal, que poderia render de R$ 100 bilhões a R$ 130 bilhões.

É a velha engenhoca da "política de governadores", ineficaz com a Constituição que temos. Sem ajustes severos nos estados, a grana do petróleo pode fechar um rombo aqui, outro ali, e tudo seguirá na mesma. Vai ser preciso renegociar, de novo, as dívidas. No Congresso.

Junto com a crise nos estados, bate à porta a reforma da Previdência - esta, sim, considerada a mãe do sucesso ou insucesso, junto aos mercados, da gestão Bolsonaro. O problema, e o presidente eleito já o percebeu, é que o endosso dessa crítica especializada, sem efeito nas urnas, não coincide com apoio popular. E ainda está para ser inventada mudança nessa área que seja popular.

Uma pergunta: Bolsonaro correria o risco de ver esmorecer o entusiasmo com o "mito" para fazer a coisa certa? Há um "gap", ou "delay" de entendimento, entre as potenciais medidas liberalizantes de Guedes e seus efeitos positivos para a população.Esse descompasso costuma resultar em mau humor dos pobres e remediados.

Bolsonaro tem Donald Trump como seu mito privado, não Margaret Thatcher. Apontem aí que reforma drástica o presidente dos EUA teve de fazer. Exceção à do discurso, nenhuma! Deu-se até a licença para liberar as forças do ódio, que alguns celerados chamam de "defesa do Ocidente". Com um pouco menos de impostos. A economia que herdou lhe permitiu as momices do populismo de direita. Não é o caso de Bolsonaro, um populista de direita sem dinheiro.

Não existe economia virtuosa, por mais talentosa que seja a equipe que cuida do assunto, com uma administração que pode entrar em colapso. A ligeireza com que se trata a gestão também se verifica no discurso, com repercussões negativas, antes mesmo da posse, na China, no Mercosul e em países árabes, o que já alarmou o agronegócio e um pedaço considerável da indústria.

O mais recente efeito da falta de modos pode resultar numa debandada dos médicos cubanos. Nem eu nem Bolsonaro gostamos do castrismo. Mas é preciso pôr na conta nossos barrigudinhos. Os problemas do "Mais Médicos", e eles existem, não têm como ser corrigidos com menos médicos para os pobres. Entenderam o ponto? Por enquanto, o que se tem é uma loquacidade contraproducente.

Caso exemplar desses dias é a resposta que o presidente eleito deu ao que considera um Itamaraty ineficiente. Prometeu para a pasta um chanceler que daria prioridade aos negócios, não à ideologia. O escolhido é Ernesto Araújo.

O futuro ministro diz de si mesmo: "Quero ajudar o Brasil e o mundo (sic) a se libertarem da ideologia globalista (...). A globalização econômica passou a ser pilotada pelo marxismo cultural (...). A fé em cristo significa hoje lutar contra o globalismo".

No ensaio "Trump e o Ocidente", em que trata o presidente americano como salvador e a ONU como expressão de uma era que tem de chegar ao fim, Ernesto escreve: "O presidente Trump propõe uma visão do Ocidente não baseada no capitalismo e na democracia liberal, mas na recuperação do passado simbólico, da história e da cultura das nações ocidentais." Vamos vituperar contra o Unicef e celebrar a caça ao urso na Virgínia.

Um dos momentos marcantes desse resgate, segundo o futuro ministro, que acredita na existência de um "Deus de Trump", é um discurso que o presidente americano fez numa Polônia cujo establishment se identifica com a extrema direita nacionalista. Parece-me que o samba do Ernesto dá prioridade à ideologia, não aos negócios. Clóvis Rossi foi ao ponto: é o Cabo Daciolo com alguns livros a mais.

Se Bolsonaro mudar de ideia, aplaudo outra vez. Ele acerta quando recua e erra quando avança.
Miguel José Teixeira
15/11/2018 23:15
Senhores,

Na mídia:

"Com fim de parceria, médicos cubanos começam a deixar o Brasil no dia 25"

Uffa!!!

É bom que as Autoridades certifiquem-se que os espiões CUbanos infiltrados também estejam vazando.

Denúncias de doutrinação vermelha em bolsões de carentes são inúmeras.

Nas recentes eleições isto ficou muito claro.
Herculano
15/11/2018 20:34
PATIFE OU IDIOTA

De Felipe Mora Brasil no twitter:

"Se você diz defender democracia, mas defende que uma ditadura use familiares como reféns para impedir que profissionais atuantes no exterior fujam e deixem de financiá-la com a maior parte do salário pago por outro governo pelo trabalho deles, você é um patife ou tremendo idiota."
Herculano
15/11/2018 19:46
AFINAL, QUEM GOVERNARÁ (OU MANDARÁ) NO BRASIL NO ANO QUE VEM? DEEM AO MENOS A CHANCE DO ELEITO COM ESTA PROPOSTA CLARA DE ERRAR NAS SUAS ESCOLHAS

Sobre o desmonte dos cubanos no "Mais Médicos"

1: é uma perda e atingirá, num primeiro instante, os mais vulneráveis. Deveria ter sido gradual. Mas...

2:o governo de Cuba levou daqui mais de R$7 bilhões vendendo seus médicos;ficou com dois terços disso para sustentar a combalida economia comunista da ilha.

3: O governo da ditadura cubana foi estimulado pela esquerda do atraso do Brasil e da América Latina, a aplicar uma lição e um golpe antecipado ao presidente eleito Jair Bolsonaro, PSL,

4: tudo para causar repercussão, acuá-lo e desmoraliza-lo e até fazer voltar atrás pela comoção. E como a maior parte da imprensa brasileira é da esquerda do atraso...

5:Bolsonaro não é a encarnação das mudanças pregadas e prometidas? Então ele mudou!O PT quer continuar a dar as cartas no governo dos outros quando os petistas foram rejeitados nas urnas e cujo líder e ex-presidente amigo dos cubanos é presidiário e o pior exemplo para todos?

6:se no Brasil uma Organização Social - ou Cooperativa de profissionais especializados e muito comum para esses casos - cobrasse do governo mais de R$11 mil para o trabalho de cada profissional médico e só lhe destinasse menos de R$ 4 mil por mês, o que aconteceria se o caso chegasse à Justiça do Trabalho.

7: tenham piedade dos analfabetos, ingorantes e desinformados sempre completamente manipulados pelo PT e a esquerda do atraso. Wake up, Brazil!
Herculano
15/11/2018 19:22
NUNCA FOI TÃO FÁCIL...

De José Neumânne Pinto, no twitter:

Inédito.Lula falou a verdade: Véspera do 129.º aniversário da República foi também dia histórico, pois Lula disse à juíza Gabriela Hardt pela primeira vez em toda sua vida uma verdade: "Nunca foi tão fácil ser ladrão no Brasil"
Herculano
15/11/2018 19:20
DE MENTIRAS GLEISI E O SEU PT ENTENDEM E ENSINAM COMO RITUAL DE SOBREVIVÊNCIA

De Gleisi Hoffmann, senadora e presidente nacional do PT, no twitter:

Jair Bolsonaro tem de parar de mentir, a campanha acabou. O PT nunca ameaçou de deportar médicos cubanos. Quem faz ameaças é Bolsonaro. Cumprimos o acordado com a OPAS e com Cuba. Quando termina o tempo de contrato aqui o médico volta para o convívio de sua família em seu país
Herculano
15/11/2018 19:08
CRISE COM MAIS MÉDICOS É MAIS GRAVE ATÉ AGORA, por Helena Chagas, de Os Divergentes

Pelo jeito, será a duras penas que o presidente eleito Jair Bolsonaro aprenderá a diferença entre o discurso fácil de campanha e a responsabilidade pelos atos de governo. Depois da confusão sobre a transferência da embaixada brasileira em Israel, que colocou em risco nosso pujante comércio com os países árabes, e outros vaivéns, o episódio que levará à retirada de quase nove mil médicos cubanos do país é, sem dúvida, a mais grave consequência de sua incontinência verbal.

Grave porque, acima e além de qualquer ideologia ou troca de desaforos internacionais, está a retirada do atendimento médico a milhões de brasileiros que vivem nas periferias das grandes cidades e nos grotões do interior.

Os médicos cubanos não vieram parar aqui por acaso, nem por uma irresistível afinidade ideológica com o governo do PT. Aqui chegaram para preencher vagas nas unidades básicas de saúde que os médicos brasileiros não quiseram ocupar. É bom lembrar: o primeiro ato do programa Mais Médicos foi oferecer esses empregos a médicos brasileiros. Poucos se interessaram, e déficit na relação medico-pacientes no Brasil continuou enorme até a chegada dos cubanos. Ainda é grande, mas se você fizer uma pesquisa junto aos pacientes da periferia verá que eles preferem ter os médicos cubanos do que médico algum.

A decisão de Cuba, provocada pelas palavras do novo presidente brasileiro e pelas exigências anunciadas pelo novo governo, deve representar, de quebra, o fim do Mais Médicos. Os brasileiros não vão preencher essas vagas. Outros estrangeiros serão desencorajados pela necessidade de fazer o Revalida, principal obstáculo ao exercício da medicina aqui por médicos formados no exterior.

Só para lembrar: o STF julgou legal o programa Mais Médicos quando as corporações médicas brasileiras contra ele recorreram, autorizando a dispensa da validação do diploma no acordo fechado com Cuba em julgo de 2013, intermediado pela Opas.

Destruir é fácil. Faz-se num instante. Difícil será construir uma solução para milhões de pacientes. E não falamos sequer do problema diplomático que se avizinha, com o convite de Jair Bolsonaro aos médicos cubanos que não querem deixar o país. Poucas vezes viu-se oferecimento tão claro e desabrido de refúgio ou asilo internacional nesse tipo de circunstâncias.
Herculano
15/11/2018 19:04
REVOLUCIONÁRIOS PRUDENTEMENTE CALADOS

De Guilherme Fiuza, no twitter:

"Que horas os revolucionários de auditório vão repudiar, com toda sua indignação progressista, à afronta e à tentativa de intimidação por parte de um criminoso condenado contra uma mulher representante da lei?"
Herculano
15/11/2018 19:00
NOVA ABOLIÇÃO?

De J.R.Guzzo, da revista Veja, no twitter

"Bolsonaro quer acabar com a maior operação de trabalho escravo já montada no Brasil depois da Abolição: a exploração de médicos cubanos proibidos de trazer suas famílias para cá e cujos salários são pagos diretamente a Cuba. Está sendo acusado de "ameaçar" a saúde pública, claro".
Herculano
15/11/2018 18:58
ANTES DA ELEIÇÃO, BOLSONARO FALOU EM MANDAR CUBANOS EMBORA COM "CANETADA"

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Artur Rodrigues. O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) havia prometido em vídeos antes de ser eleito dar uma "canetada" e usar a revalidação de diploma de médicos para "mandar todos esses cubanos de volta para lá".

As afirmações se opõem ao discurso de Bolsonaro depois do fim da parceria anunciada pelo governo de Cuba.

O presidente eleito acusou na quarta-feira (14) a "ditadura cubana" de "grande irresponsabilidade" por desconsiderar impactos negativos na vida e saúde dos brasileiros.

Indicou que estaria disposto a manter a participação dos profissionais no Mais Médicos, mas que "infelizmente" Cuba não aceitou as condições impostas.

Bolsonaro disse que condicionou a permanência dos médicos à aplicação de teste de capacidade, à entrega de salário integral aos profissionais e à liberdade que eles deveriam ter para trazer suas famílias ao Brasil.

Em vídeo gravado antes de ser eleito, dirigido a estudantes de medicina, Bolsonaro já previa a saída dos médicos. "Ao pavilhão med PUC Camp, Jair Bolsonaro, tamo junto. Em 2019, ao lado de vocês, dar uma canetada mandando 14 mil médicos [faz sinal de aspas com os dedos] lá para Cuba. Quem sabe ocupando Guantanamo que está sendo desativada para atender os petistas que vão para lá, tá ok?".

A gravação foi publicada no dia 17 de outubro pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT).

Bolsonaro diz em vídeo para estudantes de Medicina da PUC-Campinas que vai dar uma "canetada" para enviar 14 mil médicos para Cuba. Ele pretende acabar com o Mais Médicos, que garantiu benefícios a 60 milhões de pessoas no Brasil que nunca ou quase nunca viram um médico na vida?

Os vídeos, feitos em diversas ocasiões ao longo dos últimos anos, são dirigidos aos médicos brasileiros. Em outro, ele afirma que usará a revalidação dos diplomas para mandar os médicos embora. "Podem ter certeza, a gente vai mandar todos esses cubanos de volta para lá. Sabe como? Revalida light", diz.

Num terceiro vídeo, ele afirma: "A classe médica será valorizada e os cubanos vocês sabem para onde irão, tá ok?".

No Twitter, após o anúncio cubano, Bolsonaro falou sobre o assunto: "Condicionamos a continuidade do programa Mais Médicos à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou".

"Além de explorar seus cidadãos ao não pagar integralmente os salários dos profissionais, a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na saúde dos brasileiros e na integridade dos cubanos", acrescentou, mais tarde.

Diferentemente do que acontece com os médicos brasileiros e de outras nacionalidades, os cubanos do Mais Médicos recebem apenas parte do valor da bolsa paga pelo governo do Brasil. Isso porque, no caso de Cuba, o acordo que permite a vinda dos profissionais é firmado com a Opas (Organização Panamericana de Saúde), e não individualmente com cada médico.

Pelo contrato, o governo brasileiro paga à Opas o valor integral do salário, que, por sua vez, repassa a quantia ao governo cubano. Havana paga uma parte aos médicos (cerca de um quarto), e retém o restante.


"Condicionamos à continuidade do programa Mais Médicos a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou".

"Além de explorar seus cidadãos ao não pagar integralmente os salários dos profissionais, a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na saúde dos brasileiros e na integridade dos cubanos".

Um dos programas mais conhecidos na saúde, o Mais Médicos foi criado em 2013, na gestão da então presidente Dilma Rousseff (PT), para ampliar o número desses profissionais no interior do país.

Ainda no lançamento, o programa gerou atrito com entidades médicas devido à dispensa de revalidação de diploma para médicos estrangeiros, contratados como "intercambistas".

No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que a ausência de revalidação de diploma era constitucional.

Atualmente, o programa soma 18.240 vagas, sendo que cerca de 2.000 estão abertas, sem médicos. Do total de vagas preenchidas, 8.332 são ocupadas por médicos cubanos, que vem ao Brasil por meio de uma cooperação com a Opas. Além destas, o país tinha 4.525 vagas ocupadas por brasileiros formados no Brasil, 2.824 brasileiros formados no exterior e 451 intercambistas (médicos de outras nacionalidades).

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