UM RETRATO DE GASPAR - Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

UM RETRATO DE GASPAR - Por Herculano Domício

07/02/2018

Só porque hoje é quarta-feira...Este vídeo circula nas redes sociais. Não sei dizer quem é o autor ao certo. Há controvérsias. O fato em si, com outro vídeo, foi até tema de “notícia hilária” na semana passada no Jornal do Almoço, da NSC de Blumenau. Jocoso? Que nada! Sério demais. Ele é o retrato da Gaspar – e o próprio autor, diz isso nele - que teima em ficar para trás, desinformada, alienada e no cabresto de gente esperta ou poderosa. O vídeo explica a razão pela qual, de alguma forma, Gaspar ainda dorme.

A ponte do Vale foi aberta há pouco mais de um ano para a festa do poder de plantão que se despedia (PT e Pedro Celso Zuchi). Foi logo em seguida fechada diante da omissão do poder que assumia e não queria se indispor com os outros poderosos (MDB e Kleber Edson Wan Dall). Esperou-se o Ministério Público fazer o serviço que era dos novos ocupantes da prefeitura faze-lo. É que na verdade, a ponte do Vale não estava pronta. Trazia insegurança aos passantes. Pronta só para a propaganda enganosa e o jornalismo manco, ideológico e preguiçoso.

A ponte do Vale ficaria fechada só um mês, no máximo garantiu o novo poder. Depois de muito bafafá e desgastes para os atuais mandatários, ela foi reaberta há pouco mais de seis meses, após os reparos complementares necessários. É hoje a principal ligação entre Gaspar e a BR 470. É movimentada. É perigosa por isso.

Quem apareceu ali no meio da ponte do Vale, tranquilo, como se o mundo por aqui estivesse parado, com seu carrinho de final de semana? Um tranquilo pescador de robalo num cenário bucólico.

Primeiro erro do nosso pescador: estacionou o carro na ponte, onde é proibido estacionar qualquer veículo. Segundo erro: como pescador, calculou mal o tamanho da linha para a altura da ponte até o Rio Itajaí Açú. Terceiro erro: não imaginou que neste mundo virtual, a sua ingênua peripécia tinha sido fotografada, filmada e que o velho telefone é hoje um smartphone, fez tudo simultânea e instantaneamente, inclusive a de avisar a Ditran, que apareceu por lá com seus agentes para registrar o fato, multar e terminar com a pescaria de robalos do nosso personagem.

Doeu no bolso e na pontuação da CNH. Pode recorrer. Precisará de alguma história de pescador, numa banca de pescadores.

Até o momento, não é proibido pescar a partir da ponte. Mas, estacionar nela um veículo, é. E isto é perceptível a qualquer motorista que tenha habilitação, conhecimento mínimo de sinalização ou provido de bom senso para o trânsito seguro. É risco para os demais. Tira a atenção. Atrapalha a via.

Este fato, até então inusitado ali, ao menos nos registros, mostra como as pessoas usam errado as vias urbanas e as estradas. Ainda mais aqui em Gaspar. O pescador não faria isso em qualquer outro lugar. Aqui todos são amigos, parentes de longe um dos outros, há sempre um figurão de plantão na política para salvar o erro alheio, e que não lhe parece uma infração.

Ter estacionado o carro ali no meio da ponte foi uma questão de comodidade. As pessoas tendem a ir de carro, se possível até dentro da loja, do local serviço, da casa visita... Foi assim quando se implantou por aqui a Zona Azul. Um drama. Voltando. Há espaços em ambas as cabeceiras da ponte do Vale para estacionar gratuitamente em lugar seguro; caminhar até o meio da ponte e ali instalar a sua linha para tentar fisgar o peixinho. Mas, não! Tinha que colocar o carro ali perto de si.

SINTOMÁTICO

Isto explica, como e porquê, as mudanças do trânsito de Gaspar, planejadas por um ano por um técnico experiente no assunto, com práticas de sucesso em Blumenau e Brusque, estão sendo desmoralizadas aqui. Eram para estar implantadas entre o Natal e o Ano Novo. Estamos no Carnaval, praticamente. E nada! Parece que está engavetado.

O secretário de Planejamento Territorial, engenheiro Alexandre Gevaerd, está refém das discussões paroquiais alimentadas pelo poder de plantão que não saber exatamente o que quer como governo.

Uns não querem o novo trânsito perto da sua casa ou comércio, outros não querem andar mais cem metros e fazer um outro percurso para sair ou chegar em casa ou no serviço. E assim vai. É a Gaspar do nosso pescador. A Gaspar do pontilhão onde se parava a carroça para pescar piava e traíras porque ali ninguém quase passava. E se passasse, entraria na pescaria para passar o tempo, jogar a conversa fora, contar causos e peixinhos pescados.

E para finalizar duas coisas: para quem já tornou uma rua essencial na cidade, burlando uma lei aprovada na Câmara em beco de condomínio privado de gente rica, e ficando por isso mesmo, essa pescaria é fichinha. O pequeno foi acertadamente multado (e espera-se que tenha aprendido e tenha dado lições aos outros. Os peixes grandões que fecharam a rua do bairro Sete de Setembro, continuam nadando num outro rio muito tranquilo. Não há linha que os fisgue. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

O deputado João Rodrigues, PSD, o então candidato do engenheiro político Júlio Garcia, ex deputado estadual e que deixou o cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas para “reestruturar” o partido, está mais próximo da cadeia do que ser candidato a governador em Santa Catarina. Não passou ontem no primeiro teste do Supremo Tribunal Federal.

Aliás, a cada dia é mais factível o governador Raimundo Colombo, PSD, ter graves impedimentos de ordem jurídica para ser candidato ao senado, se tiver votos para tal diante de tantas pedaladas e caos onde meteu o estado de Santa Catarina.

Só ontem foi a primeira sessão da Câmara de Vereadores de Gaspar deste ano. O ex-presidente Ciro André Quintino, MDB, não estava. Ele preferiu ir a Florianópolis e assistir a “posse” de Aldo Schneider, MDB, na presidência da Assembleia. Ciro é cabo eleitoral de Aldo.

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, não foi à abertura do novo período legislativo na Câmara, como era esperado. Mandou o seu vice, Luiz Carlos Spengler Filho, PP e lá estava também o chefe de gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP. Ao final da fala, Luiz Carlos – que já foi vereador por oito anos - pediu proteção a Deus para que tudo corra bem em favor do Executivo. Vai precisar!

Juízo. Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, apostaram na continuidade do vereador Francisco Hostins Júnior, MDB, para ser o líder de governo na Câmara. Não vai ser fácil. Mas, é o único com habilidade para tal nas atuais circunstâncias de suposta minoria, até porque Hostins possui trânsito na dita oposição (foi secretário de Saúde do PT, apesar de advogado), e que agora, é teoricamente, majoritária.

Um sinal de paz. A constituição das três comissões na Câmara foi por acordo prévio entre os vereadores e partidos. Ficou como era, praticamente. Estão na principal, a Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, estão os vereadores Franciele Daiane Back, PSDB, Francisco Hostins Júnior, MDB, Roberto Procópio de Souza, PDT, e Rui Carlos Deschamps, PT.

Na Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização estão Ciro André Quintino, MDB, Mariluci Deschamps Rosa, PT, José Ademir Moura, PSC, Wilson Luiz Lemfers, PSD. Na Comissão de Gestão Pública estão Cicero Giovane Amaro, PSD, Dionísio Luís Bertoldi, PT, Evandro Carlos Andrietti, MDB e Francisco Solano Anhaia, MDB, que entrou no lugar de Silvio Cleffi,PSC e que agora é presidente da casa.

Feridas ainda não curadas. O passado que deu a “surpreendente” vitória para a presidência da Câmara a Silvio Cleffi, PSC, está “aparentemente” sepultado. Sem ser, Roberto Procópio de Souza, PDT, de leve tocou no assunto, outros não. Até Francisco Solano Anhaia, ainda líder do MDB, o mais inconformado naquele processo, preferiu dar recados e por parábolas: o da lima e do limão que encontrou na internet. Hum!

Feridas ainda não curadas. No primeiro discurso feito na Câmara depois da derrota, Franciele Daiane Back, PSDB do MDB, assim começou: “boa tarde a todos da mesa diretora”. Evitou no cumprimento formal e de praxe, referir-se ao presidente Silvio Cleffi, PSC, para quem perdeu. Ao final, todavia, arrematou: “agradeço a concessão da palavra, senhor presidente”. Na volta como líder do partido, Franciele iniciou a fala: “bom, senhores vereadores...” E terminou: “obrigada e boa semana para nós”. A derrota ainda não a ensinou. Ou seja, não estava mesmo preparada para ser presidente da Câmara. Ela continua uma simples menina emburrada que não foi atendida no brinquedo que pediu e lhe prometeram, sem ter como fazer. Nem mais, nem menos.

Feridas ainda não curadas. O novo presidente da Câmara, Silvio Cleffi, PSC, pediu a palavra logo no início para dar o tom e evitar as flechadas. Ele tentou mostrar que está trabalhando intensamente na e pela Casa. Se está fazendo isso, está comprometendo outras atividades dele, inclusive no setor público, e que não são poucas. É isso que todos estão de olho. E ele faz que não entende. Ai, ai, ai.

Feridas ainda não curadas. Silvio, todavia, prometeu dar transparência ao Legislativo. Essa foi a melhor notícia dele. Se ele fizer isso, terá valido muito a sua eleição para a presidência. Também mostrou que está disposto a começar, pelo menos, a construção do prédio próprio da Câmara. Outro desafio difícil diante de todos os interesses que estão em jogo nos que são poder na cidade.

O então Bloco Democrático, feito pelo PSD e PDT, na Câmara de Gaspar, não existe mais. Mas, garantem que estão unidos, afinal, fazem teoricamente, a maioria na Câmara.

Ilhota em chamas I. “Como Nero, prefeito incendeia MDB e frita os seus”, estampei como manchete da coluna desta segunda-feira. Ela detalhou a lavação interna de roupa suja na administração do prefeito Érico de Oliveira e principalmente no MDB local.

Ilhota em chamas II. A coluna por conta disso, tornou-se líder de acessos em segundos, fato que perdurou até hoje neste assunto. O alto índice de acessos, por si só, mostra como a comunidade está atrás de informações com credibilidade, numa cidade que não estava acostumada ao jornalismo sobre o poder de plantão até a chegada do ex-prefeito Daniel Christian Bosi, PSD e desta coluna que lançou os olhos sobre seus atos, escondidos providencialmente por outros.

Ilhota em chamas III. O estrago provocado pelo prefeito Érico em férias com a sua família pelo Nordeste – sem as formalizar por aqui - no MDB, como relatei na coluna, foi imediato. E o erro foi unicamente dele – apesar dele e seus familiares nas redes sociais terceirizarem a outros como se isso fosse possível -, ao enviar uma mensagem orientando uma curiosa espionagem para detonar seus próprios auxiliates. Foi para o whatsapp errado, virou fogaréu e ganhou o mundo.

Ilhota em chamas IV. O fogo vindo desse erro e atitude caudilhesca, arde até hoje e não há bombeiros com capacidade de dominá-lo. O partido no âmbito estadual está preocupado, até porque o prefeito, não é exatamente um medebista de raiz: veio do PP, faz de tudo para destruir o atual MDB em Ilhota, dar voz ao MDB feito de amigos, que os importou de Luiz Alves e outros locais.

Ilhota em chamas V. Ontem, como mostra o documento abaixo (como dizem, mato a cobra e mostro o pau) e não como alguém escreveu por ai afirmando que foi no final desta semana, um outro desdobramento importante dessa triste história. O MDB de Ilhota vai se desmanchar na executiva para se reorganizar outra vez. E e aí vai se tornar, provavelmente, um adversário de Érico. Só ele, seus familiares e amigos novos, todos cegos, ainda não perceberam isso direito. A primeira sinalização é concreta foi o pedido renúncia do ex-prefeito Ademar Felisky, à função de delegado do partido nas decisões do Diretório Estadual.

Ilhota em chamas VI. Com a prometida saída do seu atual presidente, o médico Lucas Gonçalves, o que teve a mulher, a enfermeira Jocelene da Silveira, pivô no embate e defenestrada da secretaria da Saúde por Érico, fez ex-prefeito Ademar Felisky, padrinho de Lucas e do próprio Érico, dar o primeiro passo para essa “renovação”. Felisky, com todas as marcas que deixou nos oito da administração, acha que está apto a dar lições a quem pensa que criou asas política, usando a estrura do MDB de Ilhota.

Ilhota em chamas VII. O isolamento do prefeito Érico no atual e o “novo” MDB parece inevitável. E se isso acontecer, pode complicar muito a vida de Érico na Câmara, onde nadava de braçadas. Há problemas graves a vista, inclusive de improbidade administrativa. Elas são admitidas numa das gravações do próprio Érico ao seu grupo.

Ilhota em chamas VIII. Nunca a frase cunhada pelo ex-prefeito Ademar Felisky, “o nosso velho MDB de guerra” para designar a fortaleza do partido em Ilhota, esteve tão certa e equivocada ao mesmo tempo. O MDB de lá está velho, sem liderança, sem renovação e pior, infiltrado por gente sem identificação com a s história do partido na cidade, mas que agora está destruindo-o.

Ilhota em chamas IX. Todos estão em guerra não pelo partido, mas contra as pessoas do próprio partido. O MDB raiz de Ilhota está preocupado com os erros sucessivos, a forma arbitrária das decisões, bem como com os que auxiliam, envenenam e como os familiares defendem o prefeito Érico de Oliveira.

Ilhota em chamas X. O prefeito já está de volta do sol e férias do Nordeste. E já começou a prometida “revolução”. Ele ainda não percebeu que está havendo no seu próprio quintal partidário uma contra-revolução. Isso ainda vai longe.

 

Edição 1837 - Quarta-feira

Comentários

Herculano
08/02/2018 12:11
AS PONTES E VIADUTOS CAEM OU SÃO DERRUBADAS PELOS POLÍTICOS, GESTORES PÚBLICOS SOB A COMPLACÊNCIA DOS TÉCNICOS, óRGÃOS DE FISCALIZAÇÃO, A SOCIEDADE E A OMISSA IMPRENSA?

Caro Miguel.

Esta sua observação abaixo resume o nó da questão.

Mas, de que adianta uma obrigatoriedade na legislação se ela não se cumpre? Quando se leva ela à Justiça e na lentidão da decisão dela, a Justiça, no fundo, respalda pela morosidade, o crime praticado pelos agentes públicos contra o patrimônio público e a vida dos cidadãos pagadores de pesados impostos?

Político vive de votos e enganação. Os correligionários, os fanáticos, os analfabetos, os ignorantes e os desinformados fazem coro e aplaudem. Por burrice, segundas intenções e até canalhice.

Os políticos vivem com fotos de papelinhos na imprensa e nas redes sociais de algo futuro, que nunca se sabe quando será construído de verdade, funcionará de verdade e oferece segurança de verdade.

Vivem com fotos de inaugurações que não estão prontas, que estão mal feitas e que não foram fiscalizadas devidamente e que por isso, interditadas por arquitetos, engenheiros ou sua entidade técnica. Vergonhoso.

Depois de inaugurado o posto de saúde, a escola, a ponte, a rua, o viaduto, nada de manutenção. A manutenção custa. Ela tira dinheiro de outra farra. Se você compra um carro e não faz as devidas manutenções, o que acontece com ele? É um exemplo banal, mas compreensível. Ele envelhece, perde valor de mercado e até fica imprestável para o uso em pouco tempo.

Aqui em Gaspar o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, inaugurou uma ponte nova, a do Vale, sem ela estar pronta. Teve que ser fechada para proteger a segurança dos passantes.

Há inúmeras fotos de papelinhos assinados com agentes financeiros e órgãos públicos de futuras obras deste mesmo prefeito circulando por ai. Ele já saiu, faz um ano. E nada até agora. Mas os atos serviram para a esperança, a propaganda enganosa, para a cabala de votos...

Na semana passada, um pontilhão caiu numa estrada do Vale da Fumaça, no Distrito do Belchior aqui em Gaspar. Ela permite ligar empreendimentos turístico, naquela região e que Gaspar se orgulha, explora e ganha dinheiro com impostos.

E logo o prefeito Kleber Edson Wan Dall,MDB, que está por ai arrotando que economizou no primeiro ano de governo, R$23 milhões. Economizou? Como assim? E a manutenção das coisas essenciais como a ponte do Vale da Fumaça?

Faltava manutenção. Ou seja, estava se colocando em jogo ou risco a vida das pessoas, inclusive os visitando. Deixou-se isolado os empreendimentos que geram impostos para o gestor púbico. Mostrou-se que a propaganda para atrair visitantes era um ato irresponsável.

Agora, o Ministério Público pede à Justiça que Deinfra cumpra sentença e reforme pontes de Florianópolis. Veja, nem sentença judicial essa gente cumpre mais. Está-se esperando o que? As pontes caírem, a ilha ficar isolada (como já ficou num apagão)?

E a imprensa, a reboque. Retratando quando a miséria já se instalou e não é mais possível esconder o que se sabia e se escondia.

Este é o retrato dos políticos, dos gestores públicos e dos técnicos ai de Brasília que com todos os laudos, avisos e evidências permitiram que parte de um viaduto caísse. Tiveram sorte pois ninguém se machucou e morreu nessa e por muita sorte. E para completar a verdade que é piada, ainda sugeriram que por causa da queda do viaduto, se fizesse feriados para poupar o movimento de carros no Centro da Capital da bandalheira. Wake up, Brazil!
Miguel José Teixeira
08/02/2018 11:12
Senhores,

Muito comentou-se sobre os dois desabamentos ocorridos em Brasília.

Pouco, ou quase nenhum, comentário sobre o Projeto de Lei - PL 6014/2013, originário do PLS 0491/2011, que "Determina a realização periódica de inspeções em edificações e cria o Laudo de Inspeção Técnica de Edificação (Lite)."

Tal proposta dormita há vários anos na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados.

Falta vontade política.

Portanto em 2018, não perca a peleja.
Não reeleja!!!!
Ave do PMDB
08/02/2018 10:44
Na segunda feira andei posando por aqui, falei sobre três assuntos...Quero lembrar o porquê! Um deles é que o PMDB de Ilhota está um desastre natural, o de Gaspar tem salvação, só eles quererem... Estive acompanhando uma radio famosa na cidade por onde o chefe de gabite foi representar o governo, os entrevistadores faziam a pergunta e o camarada enrolava para explicar, até respondia, mas enrolando... Em alguns momentos da entrevista deu a entender que ali estava sem preparo e afundando o governo municipal. O governo tem salvação, é preciso trocar pessoas no governo para dar outra cara, ja que o que está hoje não foi mudado, então situação ruim permanecerá ruim.
Herculano
08/02/2018 10:27
DEVIA ESTAR EM BRASÍLIA "TRABALHANDO". COM O FIM DO RECESSO DO CONGRESSO, ELE ESTAVA AINDA DE FÉRIAS NOS ESTADOS UNIDOS COM SUA FAMÍLIA. NO RETORNO TENTOU ENGANAR A POLÍCIA E A JUSTIÇA BRASILEIRAS AO VOAR PARA O PARAGUAI E NÃO BRASIL. COMO NÃO DEU CERTO, AO CHEGAR AO PAÍS A PF PRENDEU O DEPUTADO CATARINENSE DO PSD, JOÃO RODRIGUES, APóS ORDEM DO SUPREMO

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Júlia Affonso. A Polícia Federal informou que prendeu na manhã desta quinta-feira, 8, em Guarulhos o deputado federal João Rodrigues (PSD-SC). A PF cumpriu o mandado de prisão expedido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) após a decisão majoritária do Colegiado na terça-feira, 6, na qual foi determinado o início do cumprimento da pena.

João Rodrigues foi condenado em segunda instância a cinco anos e três meses em regime semiaberto por dispensa irregular de licitação.

Em nota, a PF informou que levantamento com apoio das adidâncias nos EUA e Paraguai identificou que o deputado estava no exterior e havia modificado seu bilhete de passagem, alterando o destino final do Brasil para o Paraguai.

"Com receio de que ocorresse a prescrição da execução da pena, prevista para a próxima segunda-feira, 12 , a Polícia Federal comunicou o fato ao ministro Alexandre de Moraes, presidente da Primeira Turma do STF, que autorizou a inclusão em difusão vermelha no banco de dados da Interpol (Polícia Internacional)", diz a nota da PF.

João Rodrigues foi impedido de entrar no Paraguai. O deputado embarcou em voo rumo a Guarulhos/SP, onde foi preso.

Na terça-feira, a Primeira Turma da Corte rejeitou recurso protocolado pela defesa do deputado, que pedia revisão da condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4° Região (TRF-4), decretada em 2009, por fraude e dispensa de solicitação.

João Rodrigues é o terceiro deputado a cumprir pena. Paulo Maluf (PP-SP) e Celso Jacob (PMDB-RJ) estão presos.
Herculano
08/02/2018 10:16
EM LUGAR DE TEMER, NÃO RETIRARIA EMENDA DA PREVIDÊNCIA NEM COM 513 A 0; DERROTA NÃO SERÁ SUA! QUE SAIBAMOS QUEM QUER O QUÊ!, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV.02

Chegou a hora de o presidente Michel Temer qualificar os vários tipos de trigo e de joio. A reforma da Previdência lhe dá essa oportunidade. Sim, direi aqui o que eu faria, o que deve explicar, em parte, por que não sou político, jamais seria e jamais serei. Não tenho estômago de avestruz. Não engulo pedra. Meu pavio é curtíssimo para a covardia e a deslealdade, falhas insanáveis de caráter. O que Temer tem de fazer, pois? Pôr para votar a reforma da Previdência, ainda que o texto possa ser rejeitado na Câmara por 513 a zero. Chega do véu diáfano da fantasia (Eça!) sobre a nudez crua da verdade. Quem é quem nesse debate? Quem quer o quê? Quem está de que lado? Antes que avance, algumas considerações.

O governo negocia mudanças no texto da reforma. Servidores ainda podem ter algumas reivindicações contempladas. Também as viúvas de policiais, os trabalhadores rurais etc. Não deixa de ser peculiar o que fomos fazendo com a nossa história e com as contas públicas, noto à margem. Querem ver? As mulheres só se aposentam mais cedo do que os homens, e assim será também com o novo texto, se aprovado, porque elas têm a chamada "dupla jornada". Isso quer dizer que o macho "analfa" não ajuda em casa, entendem? É machista e folgazão ?" geralmente com o apoio de sua (dele) mãe ?" e machismo de mãe é bem mais difícil de ser enfrentado. Como sabem, sem mãe, não tem Freud.

E a Previdência paga o pato. Como é que o Brasil combate a distribuição desigual de trabalho doméstico entre os gêneros? Ora, assaltando os cofres públicos! A Amélia, mulher de verdade, não tem a menor vaidade, mas custa caro. Da mesma sorte, resolvemos outras disfunções apelando ao caixa ?" sem fundo e sem fundos. Assim, o folgado que acha que lavar um prato desabona seus países baixos não será jamais um problema doméstico, cultural, antropológico ou psicanalítico. O macho "analfa" vira uma questão previdenciária.

Não conheço outro político, ou me sugiram um nome no campo da especulação teórica ao menos, com capacidade de sobreviver às tormentas enfrentadas por Temer. A lista de feitos em menos de dois anos de governo impressiona quando se considera o buraco em que estávamos e o lugar em que estamos. Reconhecê-lo, desde que se dominem as ferramentas de análise, deixou de ser matéria de opinião. Trata-se apenas de questão de fato. Havendo um esquerdista intelectualmente honesto, ele terá de reconhecer que, "no gênero" ?" vale dizer: para um governo que não é de esquerda ?", os feitos são notáveis.

A reforma da Previdência é a peça que falta para que a menos se atravesse o umbral que nos leva ao futuro. Não há mal que a corrupção e a roubalheira possam fazer ?" e têm de ser combatidas sem trégua ?" que o rombo nas contas públicas não multiplique, sei lá, dezenas de vezes.

Saiba o senhor presidente que, em qualquer caso, as manchetes estão feitas. Ou será (com variações de estilo) "Temer é derrotado e retira reforma da Previdência" ou "Câmara derrota Temer e rejeita reforma da Previdência". Em qualquer caso, o dólar vai subir, as bolsas vão cair, uma onda pessimista varrerá o noticiário e o país, mas nada, acho eu, que vá abalar o crescimento deste ano, que deve ficar em torno de 3,5%. Como afirmei aqui há meses, para o governo Temer, a reforma é irrelevante. Ela conta uma história do futuro, não do presente ou do passado.

Sim, se me der na telha, dou dicas ao Vaticano?" já corrigi, e com acerto, uma tradução troncha da Santa Sé do latim para o português, o que foi reconhecido depois. Assim, por que não dizer a Temer o que eu faria? Digo. Levaria o texto à votação, convocaria Rede Nacional de Rádio e Televisão antes e depois do resultado (qualquer que seja), deixaria claro o que está em jogo, a quem cabe a decisão e quem arcará com o ônus e o bônus da aprovação e da recusa.

E que se revelem os corajosos e os covardes, os leais e os desleais, os omissos e os comprometidos com a causa e com as contas. Não se trata de uma questão pessoal. Aprovada a reforma, Temer e o Congresso deixam um legado e tanto ao próximo presidente. Se for recusada, que se evidencie que não faltou empenho do Planalto. "Pra que isso, Reinaldo?" Ora, por apreço à precisão. Que os irresponsáveis e os omissos, incluindo os pré-candidatos que andam por aí, ou mudos ou a falar bobagem, respondam por seus atos
Herculano
08/02/2018 10:14
OS CEGOS NÃO VIRAM O BRASIL SER SAQUEADO, por Ascânio Seleme, no jornal O Globo

Claro que Cabral e Geddel não declararam o fruto das suas roubalheiras no Imposto de Renda. Mas vai você deixar de declarar algum ganho para ver o que acontece

Onde estavam o Conselho de Controle de Operações Financeiras (Coaf) e a Receita Federal nestes últimos anos? Como foi que ninguém viu as movimentações bancárias milionárias feitas por parlamentares, ministros, governadores, líderes partidários, executivos de governos, e ex-diretores da Petrobras e de outras empresas públicas? Centenas de pessoas enriqueceram enorme e ilicitamente nas suas barbas, e ninguém notou.

O Coaf foi criado em 1998, no pacote das reformas econômicas do governo FH, para monitorar movimentações financeiras de maneira a impedir lavagem de dinheiro. E, claro, comunicar autoridades competentes sobre suas apurações. Nenhuma denúncia foi feita, nada se apurou contra Sérgio Cabral nos seus oito anos de mandato. Tampouco nada se observou de estranho na vida financeira do ex-ministro Geddel Viera Lima. E nem na de tantos outros, só expostos pela Lava-Jato.

A Receita tem um dos corpos técnicos mais bem preparados e bem pagos do serviço público federal. São 9.542 auditores e 6.758 analistas, que não deixam uma agulha passar na sua prestação de contas, leitor, se ela não estiver devidamente declarada. Claro que Cabral e Geddel não declararam o fruto das suas roubalheiras no Imposto de Renda. Mas vai você deixar de declarar algum ganho para ver o que acontece.

Sérgio Cabral está preso, condenado a 87 anos de cadeia, e ainda responde a mais 14 processos por desvios de algumas centenas de milhões de reais dos cofres estaduais. Seus sinais externos de riqueza são escandalosos. Como o Coaf e a Receita não viram nada disso com todo o poder que detêm, inclusive de fuçar as contas das pessoas? Como a Receita, que fareja altos padrões de consumo e conduta até em colunas sociais de jornais, pode ter deixado passar despercebida tamanha extravagância?

Geddel transferiu R$ 53 milhões em dinheiro vivo para um apartamento em Salvador. Este dinheiro não foi fabricado no Pelourinho, ele saiu de um cofre de banco. Pela lei, movimentações superiores a R$ 10 mil devem ser comunicadas pelos bancos ao Coaf. Para passar por baixo deste radar, a grana do Geddel teria de ser sacada em 5.300 operações distintas. Se ele, ou quem tirou este dinheiro para ele, fizesse uma operação desta por dia, levaria 14 anos e meio fazendo saques. Francamente.

Está certo, a Justiça só conseguiu colocar atrás das grades esta enxurrada de corruptos nos últimos anos porque houve delações premiadas. Mas, no caso de gastos fora dos padrões, transferências acima da média ou movimentações em espécie que só carros-fortes podem fazer, Coaf e Receita deveriam ter visto. Só há três explicações para esta cegueira: Coaf e Receita estão deliberadamente fechando os olhos; os dois órgãos trabalham mal; ou os bancos não estão informando como manda a lei.

Difícil acreditar na primeira hipótese, haveria muita gente envolvida, em diversas instâncias das duas instituições, para que um roubo de R$ 53 milhões fosse descoberto e em seguida acobertado outra vez para proteger Geddel. O que parece ser possível, e isto também é muito grave, é que os dois órgãos são ineficientes por razões que precisam ser rapidamente identificadas e resolvidas.

E a terceira hipótese, que também é bastante razoável, deveria merecer uma auditoria especial do Banco Central no setor financeiro. O argumento de sempre, de que o país é muito grande e o corpo técnico é muito pequeno, não é aceitável e não pode ser admitido. Por que não recorrer a tecnologias que permitam multiplicar eletronicamente a fiscalização, resolvendo este e outros problemas de um Estado moderno?

É mais fácil atribuir a crise de cegueira à burocracia preguiçosa. Os dados estão lá, mas são tantos que só de pensar em mergulhar naquele mundo de números já dá sono. O Brasil, a União, deveria se envergonhar dessa constatação ridícula. Tem uma das legislações mais modernas do mundo, mas não sabe fazer bom uso dela. E nós, contribuintes, temos a obrigação de cobrar explicações.

Podem acusar a imprensa de também ter sido cega. Como ninguém conseguiu perceber, por exemplo, a volúpia de Sérgio Cabral ao longo de dois mandatos? Veículos e jornalistas não têm poder de investigação como Coaf, Receita ou Polícia Federal, mas também investigam. Verdade, mas não podem quebrar sigilos bancários, checar movimentações financeiras, abrir sindicâncias ou convocar suspeitos para depor
Herculano
08/02/2018 10:12
FOLHA DE SÃO PAULO DEIXA DE PUBLICAR CONTEÚDO NO FACEBOOK

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Jornal decide parar de atualizar sua conta após diminuição da visibilidade do jornalismo profissional pela rede social

A Folha deixa de publicar seu conteúdo no Facebook nesta quinta (8). O jornal manterá sua página na rede social, mas não mais a atualizará com novas publicações.

A decisão é reflexo de discussões internas sobre os melhores caminhos para fazer com que o conteúdo do jornal chegue aos seus leitores, preocupação que consta do novo Projeto Editorial da Folha, divulgado no ano passado.

As desvantagens em utilizar o Facebook como um caminho para essa distribuição ficaram mais evidentes após a decisão da rede social de diminuir a visibilidade do jornalismo profissional nas páginas de seus usuários.

O algoritmo da rede passou a privilegiar conteúdos de interação pessoal, em detrimento dos distribuídos por empresas, como as que produzem jornalismo profissional.

Isso reforça a tendência do usuário a consumir cada vez mais conteúdo com o qual tem afinidade, favorecendo a criação de bolhas de opiniões e convicções, e a propagação das "fake news".

Além disso, não há garantia de que o leitor que recebe o link com determinada acusação ou ponto de vista terá acesso também a uma posição contraditória a essa.

Esses problemas foram agravados nos últimos anos pela distribuição em massa de conteúdo deliberadamente mentiroso, as chamadas "fake news", como aconteceu na eleição presidencial dos EUA em 2016.

Sem conseguir resolver satisfatoriamente o problema de identificar o que é conteúdo relativo a jornalismo profissional e o que não é, a rede anunciou no mês passado que reduziria o alcance das páginas de veículos de comunicação, entre outros.

Em lugar desse tipo de link, passou a priorizar o conteúdo feito por amigos e familiares.

No caso da Folha, a importância do Facebook como canal de distribuição já vinha diminuindo significativamente antes mesmo da mudança do mês passado, tendência observada também em outros veículos.

Em janeiro, o volume total de interações (compartilhamentos, comentários e curtidas) obtido pelas 10 maiores páginas de jornais brasileiros no Facebook caiu 32% na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo dados compilados pela Folha.

Com a queda do alcance das páginas, o Facebook perde espaço como fonte de acessos a sites de jornalismo. De acordo com a Parse.ly, empresa de pesquisa e análise de audiência digital, a participação da rede social nos acessos externos caiu de 39% em janeiro do ano passado para 24% em dezembro.

O espaço vem sendo ocupado principalmente pelos mecanismos de busca, como o Google, que no mesmo período avançou de 34% para 45%.

A Folha tem atualmente 5,95 milhões de seguidores no Facebook. É o maior jornal brasileiro na rede social. As páginas das editorias somam outras 2,2 milhões de curtidas.

O jornal também tem perfis atualizados diariamente no Twitter (6,2 milhões de seguidores), Instagram (727 mil) e LinkedIn (726 mil).

Os leitores poderão continuar compartilhando conteúdo da Folha em suas páginas pessoais do Facebook.

HIST?"RICO

Anteriormente, o Facebook tentou cooptar as empresas de mídia para seu projeto Instant Articles. Nele, os veículos transferem gratuitamente seu conteúdo para a rede social, sem direito a cobrar pelo acesso a ele, em troca de acelerar o carregamento das páginas. A única remuneração oferecida pelo Facebook diz respeito à venda de anúncios dentro de sua plataforma. A Folha jamais aceitou as condições e nunca integrou o Instant Articles.

Em seu Projeto Editorial, em que periodicamente reafirma suas diretrizes jornalísticas, a Folha já falava dos aspectos mais problemáticos das redes sociais. "As redes sociais, que poderiam ser um ambiente sobretudo de convívio e intercâmbio, são programadas de tal modo que estimulam a reiteração estéril de hábitos e opiniões preexistentes", diz o texto.

"Em contraste com esse condomínio fechado das convicções autorreferentes, caberá ao conjunto dos veículos semelhantes à Folha enfatizar sua condição de praça pública, em que se contrapõem os pontos de vista mais variados e onde o diálogo em torno das diferenças é permanente."
Herculano
08/02/2018 10:09
EMBRAER/BOING, COMÉRCIO E GEOPOLÍTICA, por Raul Jungmann, ministro da Defesa, no jornal O Estado de S. Paulo

Sejamos pragmáticos, nenhum país vende uma empresa estratégica e líder em tecnologia

Durante anos o Brasil discutiu e utilizou instrumentos para desenvolver a sua indústria. Questões como tarifas, subsídios, cotas, margens de preferências e outros tantos mecanismos de proteção foram utilizados e debatidos.

No entanto, não nos demos conta de que um decisivo instrumento de política industrial que temos está ancorado na parceria estratégica entre a Força Aérea Brasileira e a Embraer. Foi por meio dos sucessivos projetos militares de desenvolvimento de novas aeronaves que a Embraer conseguiu dar saltos de produtividade e de tecnologia, gerando importantes dividendos para a economia brasileira.

Com o desenvolvimento do Bandeirantes e do Xavante a empresa aprendeu a estruturar a produção industrial seriada de aeronaves. Com o Xingu veio a tecnologia que permitiu o desenvolvimento dos sucessos comerciais Brasília e EMB-145.

Posteriormente o programa AMX com a Itália levou ao desenvolvimento dos sistemas fly-by-wire (comandos elétricos), e com a fabricação do Super-Tucano, juntamente com a modernização dos caças F-5, possibilitou o domínio da integração de softwares e o desenvolvimento de sistemas integrados de missão. A partir daí a Embraer deu novo salto e lançou toda a linha E-jet 170/190, cujo êxito comercial consolidou a nossa aviação regional.

A Embraer é, portanto, mais que uma empresa aeronáutica: é líder de uma importante cadeia global de valor, responsável pelo desenvolvimento e pela integração de importantes e complexos sistemas. É desenvolvedora do software de gerenciamento do espaço aéreo brasileiro, responsável pelo sistema de propulsão nuclear no submarino brasileiro, está no Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (Sisfron), no projeto do primeiro satélite geoestacionário nacional e é desenvolvedora de radares.

Largamente utilizado pelos países desenvolvidos, particularmente pelos Estados Unidos, o investimento em programas militares permite que as empresas desenvolvam tecnologias que não estariam disponíveis apenas com o esforço empreendedor do setor privado. Por meio dos projetos militares, as empresas contratam engenheiros, cientistas e inúmeros outros técnicos para o desenvolvimento de novas tecnologias e de novas capacidades. Com esse instrumento, o risco do empreendimento fica com o Estado, mas o benefício se espalha por toda a sociedade, que passa a contar com novos empregos, novos produtos e serviços, novas soluções e novos métodos produtivos, tornando o processo de inovação resultado de uma efetiva estratégia de desenvolvimento.

Esse mecanismo faz com que o principal instrumento de política industrial desses países seja o contrato militar de desenvolvimento, imune a contenciosos no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Por isso o dispêndio em defesa é mais do que simplesmente a aquisição de produtos militares. É um poderoso instrumento que pode impulsionar cadeias produtivas e fomentar a inovação em setores estratégicos.

Além disso, em geral produtos e serviços estão disponíveis para venda nos mercados, mas não as tecnologias, que são fortemente controladas pelos Estados soberanos, tendo como expoente as legislações de controle de exportações (Aitar) e de produtos e tecnologia de defesa dos Estados Unidos.

Analisando sob a óptica comercial, uma possível parceria entre a Boeing e a Embraer traria inúmeros benefícios. As empresas contariam com uma forte ampliação do portfólio de produtos, seria possível verticalizar partes importantes da produção, haveria ganhos de escala e as aeronaves brasileiras contariam com a força e o poder logístico e de comercialização da maior fabricante de aeronaves do planeta. A Boeing, por sua vez, passaria a contar com uma engenharia de excelência que surpreendeu o mercado aeronáutico ao produzir, em curto espaço de tempo e com mínimos problemas, duas novas aeronaves, a saber, o cargueiro tático KC-390 e a nova família de jatos comerciais E-2.

Com o mercado dobrando de valor a cada década e meia, nos próximos 20 anos algo entre 35 mil e 40 mil novas aeronaves serão entregues aos operadores comerciais ?" um mercado entre 5,5 e 6 trilhões de dólares. Do total, 70% das entregas serão em aeronaves de um único corredor e 40% terão como destino o eixo Ásia-Pacífico, ficando a América Latina com 8% das entregas. Com esses números, verifica-se que o mercado está em forte expansão. E com a concentração global no setor, não apenas na fabricação de aeronaves, mas também na cadeia de suprimentos, algumas barreiras à concorrência ficarão mais nítidas e sólidas.

Em perspectiva, a recente aquisição do projeto C-Series da Bombardier pela Airbus colocou ainda mais pressão no mercado. Com esse movimento a empresa americana viu a sua maior rival não apenas ampliar a sua linha de produtos para a categoria de 100 e 140 lugares, mas também inseriu sua operação dentro do mercado americano por intermédio da fábrica da Bombardier no Alabama.

Com efeito, o que tem dificultado o desejável jogo ganha-ganha entre Brasil e Estados Unidos são as questões de propriedade intelectual, de transferência de tecnologia e controle regulatório e legal por parte do Congresso americano. Isso porque, num modelo de subordinação de governança corporativa o desenvolvimento de novas capacidades militares e tecnológicas ficaria sujeito à legislação estadunidense. O que poderia implicar a perda de desenvolvimento de tecnologia e de conhecimento no Brasil, porque as relações que imperam nessa área não são regidas pelas leis de mercado, mas por estratégias geopolíticas e de defesa nacional.

Por isso precisamos ser pragmáticos. É importante que as partes compreendam os limites impostos e busquem formas construtivas de estruturar relações benéficas, de longo prazo, para todos os envolvidos.

Daí que nenhum país no mundo vende uma empresa estratégica e líder em tecnologia como a Embraer.
Herculano
08/02/2018 10:07
LULA: GOLPE DE MESTRE? por Eliane Cantanhede, no jornal O Estado de S. Paulo

A inclusão de Pertence na defesa de Lula tem poder simbólico e risco aritmético

O ex-presidente Lula deu um golpe de mestre para tentar escapar da prisão depois de o TRF-4, de Porto Alegre, julgar os embargos de declaração contra sua condenação a 12 anos e 1 mês: a contratação do advogado José Paulo Sepúlveda Pertence, ex-presidente do Supremo.

Pertence é grande amigo de Lula e um dos ícones do Supremo, sempre citado e reverenciado nos votos de ministros dos mais diferentes estilos e correntes. Seu reforço na defesa de Lula não tem apenas esse significado, ou esse peso simbólico, mas pode ter resultados práticos.

Analistas da cena jurídica e política veem na inclusão de Pertence na defesa de Lula (pro bono ou não) uma possibilidade também de um novo equilíbrio de votos no STF quanto à questão mais sensível: a prisão já após segunda instância, ou seja, sem o processo passar pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), chegar ao Supremo e ser considerado "transitado em julgado".

O que chamou a atenção é que houve dois movimentos simultâneos: enquanto a defesa anunciava o reforço de Pertence, as redes sociais espalhavam que ele é primo da presidente do Supremo, Cármen Lúcia, mineira como ele. Isso foi encarado como uma tentativa de acuar a ministra, que votou sempre a favor do cumprimento da pena após a segunda instância e poderia se considerar impedida para julgar um caso do "primo" Pertence.

A isso se soma uma outra questão: a chefe de gabinete do ministro Luiz Fux é casada com um filho de Pertence, o que poderia gerar o mesmo efeito: o de levar o ministro a se considerar impedido para julgar a questão. Como Cármen Lúcia, Fux também votou a favor da prisão após a segunda instância.

Pertence foi o patrono da indicação de Cármen Lúcia para o Supremo no governo do amigo Lula, cheio de elogios para aquela procuradora de Minas, que tinha sido boa aluna de Direito e cultivava a fama de ser dura e "de esquerda". Um é de Sabará, a outra é de Espinosa, na região de Montes Claros, e um parente distante da ministra tinha o sobrenome Pertence. Por isso os dois se cumprimentavam como "primos" no Supremo, mas eles não são primos nem têm parentesco direto.

Aliás, já há um precedente para manter Cármen Lúcia no julgamento de questões que tenham Pertence na bancada de defesa. Ela julgou normalmente um processo contra o banqueiro André Esteves, que era defendido pelo ex-ministro, sem nenhum motivo para se declarar impedida.

A questão tem um aspecto praticamente aritmético. Como, em 2016, o plenário do Supremo aprovou, por seis a cinco, a prisão após condenação em segunda instância, qualquer mexida pode inverter o placar e impedir a prisão. Seria o caso, por exemplo, do impedimento de Cármen Lúcia e de Fux, dois dos votos vitoriosos.

Uma das dúvidas que havia foi respondida nesta semana, quando o ministro Alexandre de Moraes, que assumiu na vaga de Teori Zavascki, morto em acidente aéreo, votou pela primeira vez sobre a questão e se manifestou a favor da prisão após a segunda instância num outro processo, o do deputado João Rodrigues (PSD-SC), condenado pelo mesmo tribunal de Lula, o TRF-4.

Isso tudo significa que os dois personagens-chave no destino de Lula no STF passam a ser Sepúlveda Pertence, que pode levar ao impedimento de Fux, e, ora, ora, o ministro Gilmar Mendes, que votou a favor da execução da pena em segunda instância, mas admitiu mais de um vez rever sua posição. Logo, eis mais um dilema típico da confusão que o Brasil vive: Lula está nas mãos de um grande amigo, Pertence, e de um adversário público, Gilmar Mendes.
Herculano
08/02/2018 10:05
A CORTE INFORMA: VAI CUMPRIR A LEI!, por Carlos Alberto Sardenberg, no jornal o Globo

Há tolerância com a roubalheira e com os governantes que convivem com essas ilegalidades e deixam passar

Algo vai mal quando a presidente da Suprema Corte, em tom solene, declara que a lei vale para todos e assim será aplicada. E ainda colhe aplausos de muita gente. Firme pronunciamento, foi um comentário comum.

Mas isso, que lei vale, não deveria ser um fato dado? É assim que funciona numa democracia. E se fosse isso mesmo, a fala da ministra Cármen Lúcia teria sido uma formalidade inútil. Claro que a Corte está lá para cumprir a lei.

Mas o discurso e o fato de ter sido reconhecido como importante dizem muita coisa sobre a realidade brasileira hoje.

Na última pesquisa Datafolha, por exemplo, nada menos que 80% dos entrevistados disseram acreditar que Lula sabia da corrupção praticada durante seu governo e o de Dilma. Mas apenas 54% acham que o ex-presidente permitiu que a roubalheira ocorresse. Logo, há uma parcela nada desprezível para a qual Lula sabia da corrupção, uma óbvia ilegalidade, não consentia com essa prática, mas também não a impediu. Ou seja, para essas pessoas, a roubalheira era inevitável, algo normal.

Ou ainda, a lei não se aplica neste caso, e os tribunais deixam passar.

Forçando a barra?

Então, tomemos outro dado. Se 80% acham que Lula sabia da corrupção, apenas 50% dos entrevistados consideraram justa a sua condenação. E ainda: 56% acham que ele não será preso. Essa parcela já foi maior (66% na pesquisa anterior), mas a conclusão permanece: ampla maioria acha que o ex-presidente tinha conhecimento da corrupção, apenas metade dos entrevistados considerou justa a condenação, e mesmo assim outra maioria de 56% acha que ele não será preso por isso.

Ficando apenas no universo dos que declaram voto em Lula, 68% disseram acreditar que, sim, ele sabia da corrupção durante seu mandato. E como continuam votando nele? Bom, para 50% dos seus eleitores, o ex-presidente não poderia fazer nada para evitá-la. Logo, para os restantes 28% ele sabia e deixou rolar. E continua merecendo o voto.

Tudo considerado, pode-se ver aí uma variedade de atitudes de tolerância com a roubalheira e com os governantes que convivem com essas ilegalidades e simplesmente deixam passar.

Portanto, faz sentido o tom solene de Cármen Lúcia para anunciar que esta Suprema Corte está disposta a ser rigorosa no cumprimento da lei. Do mesmo modo, faz sentido o novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luiz Fux, declarar em voz ainda mais alta que a Justiça será "irredutível" no cumprimento da Lei da Ficha Limpa.

Uma digressão: sabem os leitores que nós, jornalistas, estamos sempre procurando saber quais as notícias importantes e interessantes. Há vários critérios sugeridos para essa escolha, um deles bem curioso. Diz assim: inverta a notícia; se ficar melhor, mais forte que a original, então esta não presta.

No caso, seria um espanto, uma manchete, pois, se o presidente da Justiça Eleitoral dissesse que a Lei da Ficha Limpa não será aplicada nestas eleições e que essa é uma posição irredutível da Corte. Por essa lógica, desenvolvida por colegas americanos, Fux dizer que vai aplicar a lei com rigor seria uma formalidade tão inútil quanto a de Cármen Lúcia. E, entretanto, ambos ganharam manchetes.

Aplicar a lei virou mérito, firme declaração de propósitos. E isso só acontece quando a lei não se aplica e/ou quando boa parte do público acha que não será seguida.

Já tratamos aqui dos que estão acima da lei ?" autoridades, líderes políticos e governantes para os quais uma das prerrogativas de seus cargos e funções é justamente a de não seguir a lei.

Pode-se demonstrar isso com facilidade. Mas há o reverso da história ?" dos que estão abaixo da lei e não são protegidos por ela.

Um exemplo simples: a lei maior, a Constituição, diz que a saúde é direito do cidadão e dever do Estado. Logo, todo brasileiro tem o direito de ser atendido nos melhores hospitais, com os melhores tratamentos, tudo isso de graça.

Certo? Errado. Há uma enorme diferença entre estar na fila do SUS e ser atendido no melhor hospital privado do país por conta do governo.

Nos dois casos, a lei é ignorada, num caso retirando direito; no outro, concedendo privilégios.

Cármen Lúcia e Fux têm razão.
Herculano
08/02/2018 07:57
HORIZONTE ESTREITO, editorial de O Estado de S. Paulo

O impasse em torno da reforma da Previdência evidencia a incapacidade do Brasil de superar os interesses das corporações e dos políticos, que somam esforços para garantir privilégios e votos

O impasse em torno da reforma da Previdência evidencia a incapacidade do Brasil de superar o horizonte imediato dos interesses das corporações e dos políticos, que somam esforços para garantir seus privilégios e votos. É essa limitação que torna o País permanentemente vulnerável a choques externos, como este que parece se avizinhar.

Como sublinhamos no editorial Um susto e um alerta, publicado ontem, os parlamentares deveriam ser, por princípio, capazes de entender que uma mudança no cenário internacional, com um possível aperto monetário nos Estados Unidos e na Europa, pode ter efeitos graves sobre o Brasil, pois limitaria os investimentos externos em países emergentes. A eclosão de uma nova crise sem que as contas nacionais estejam ajustadas ?" isto é, sem que a reforma da Previdência e outras medidas de austeridade tenham sido aprovadas ?" teria como principais prejudicados os brasileiros mais pobres, justamente aqueles que os parlamentares contrários à reforma dizem defender.

A julgar pelo nível dos debates e das reivindicações da base governista para aprovar a reforma, contudo, os congressistas estão longe de compreender a extensão dos problemas derivados do desarranjo das contas. Não parece haver, em nenhum momento, uma preocupação estratégica com o futuro do País, pois as discussões limitam-se à barganha de votos por garantias de que este ou aquele privilégio será mantido. Na vanguarda desse atraso estão os parlamentares que representam os interesses dos servidores públicos e aqueles que aproveitam o destaque proporcionado pelo tema para fazer demagogia com vistas à eleição de outubro.

Infelizmente, não surpreende que assim seja. O Congresso Nacional tem se notabilizado há muitos anos por ignorar a necessidade de construir e manter as bases de um crescimento sustentável, única forma de acabar com a pobreza crônica. Contam-se nos dedos as medidas de rigor fiscal que foram aprovadas pelos parlamentares ?" a Lei de Responsabilidade Fiscal, de 2000, e o teto dos gastos públicos, de 2016, estão entre os raros exemplos de conciliação dos deputados com a realidade do País.

No mais das vezes, contudo, prevalece a fantasia segundo a qual o dinheiro público é infinito. O maior exemplo dessa mentalidade é a própria Constituição, cujos múltiplos direitos e benefícios ali previstos excedem em muito a capacidade do Estado de atendê-los ?" e as grandes vítimas dessa distorção são os cidadãos que dependem de um serviço público cada vez mais precário, por falta de recursos. E sempre que se fala em reformar a Constituição, para adequá-la ao mundo dos fatos concretos, erguem-se desde logo barricadas para assegurar prebendas e sinecuras como se fossem cláusulas pétreas.

Além disso, a própria recuperação econômica do País, a despeito de ainda ser incipiente e claudicante, já começa a dar azo à presunção, por parte dos oportunistas, de que não há mais necessidade de reformas. Tal irresponsabilidade parece ter se tornado um padrão entre as lideranças políticas do País, com raras exceções: não há crise grave o bastante que os convença da necessidade de prevenir a próxima.

O Brasil, assim, brinca com a sorte, mais uma vez. Ao longo da história, o País sofreu duros choques decorrentes de turbulências externas em razão de proverbial imprevidência. Quase sempre que se viram diante da necessidade de escolher entre a prevenção de uma nova crise e a manutenção de privilégios os mais variados, os políticos escolheram o lado dos privilegiados e dos irresponsáveis. Uma crise como a produzida no governo de Dilma Rousseff, por exemplo, não surge da noite para o dia; é resultado de uma tremenda vocação para o desperdício de recursos em nome de ilusões populistas.

Como se vê, a dificuldade de realizar reformas para o saneamento das contas públicas vai muito além da necessidade de superar uma oposição ocasional. Trata-se de desafiar uma sólida cultura perdulária, que convida à busca incessante de vantagens pessoais e corporativas em detrimento da capacidade do Estado e do próprio futuro do País.
Herculano
08/02/2018 07:56
FOLHA DÁ QUASE UMA PÁGINA A BOULOS; ELE A USA PARA DIVIDIR O PAÍS ENTRE ESQUERDISTAS E GOLPISTA E DENUNCIAR "PROFUNDA RECESSÃO", por Reinaldo Azevedo

Não se reclame que a imprensa, esta que os idiotas chamam "tradicional", não dá espaço para as esquerdas. A Folha de ontem, usando a medida da versão impressa, publica uma entrevista de quase uma página com Guilherme Boulos, o chefão do MTST. E ela está disponível, claro!, na versão online. Pode chegar a milhões.

O espaço foi ocupado não apenas pelo líder de uma causa, mas por um potencial candidato à Presidência da República. Eis a chance de fazer com que suas ideias vão além do nicho militante e das palavras de ordem do chamado "calor da luta". Mas quê?

Não vou escrever que Boulos é o Jair Bolsonaro "do outro lado" porque seria injusto com os dois. O líder do MTST precisa ter uma coragem física - sim, aquela tal, em sentido tradicional - que o pré-candidato da extrema-direita nunca precisou demonstrar ou exercitar.

Quando no Exército, o maior inimigo que teve de enfrentar, tudo indica, foram as aulas de história; como candidato, o funcionamento da economia. De bate-pronto, ele ainda não decorou o que é tripé macroeconômico. Para assuntos dessa complexidade, o negócio é falar com Paulo Guedes. A tarefa do "Mito" é propor questões de alta complexidade moral, a saber: "Quero ver se você é contra porte de armas se alguém ameaça a sua mãe?" Ora, nós sabemos que todos os absolutos são relativos quando se põe a mãe no meio, não é mesmo?

Por outro lado, a candidatura de Bolsonaro efetivamente existe; a de Boulos não. Aquele que já disse, com incrível pertinência, que o estupro é um merecimento a que só as bonitas estão sujeitas (embora ele próprio não seja um estuprador ?" que bom!) terá mesmo alguns milhões de votos, e seus admiradores nem querem saber quem é aquele tal Guedes. Que ele seja o mordomo invisível a administrar a casa, ora essa! Gostam de Bolsonaro como autor de ditirambos exaltando a própria valentia - a sua valentia contra os perigosos monstros do comunismo que se escondem debaixo de sua cama, leitor amigo, embora você deles não se dê conta.

Cuidado ao levantar à noite para fazer xixi? Você pode atravessar o portal e entrar no mundo das "stranger things". O líder torna simples o mundo complexo. Pensem bem: sem essa conversa de "direitos humanos pra bandido", o país seria ou não melhor? Sigamos.

Volto ao outro B, o Boulos. Quase uma página para o rapaz dizer o que pensa sobre o Brasil, a vida, a política? A melhor resposta, a mais encantadora, a mais espetacular, é esta, quando ele tenta explicar quais são as diferenças com o PT. Prestem atenção:
"Se foi possível ter no passado um 'ganha-ganha', ganhavam o andar de cima e o andar de baixo, hoje não é mais. A economia está numa recessão profunda, e a sociedade está polarizada. A única forma de assegurar direitos sociais e ter um projeto popular é enfrentar privilégios. Há uma encruzilhada no Brasil. Não é mais possível reeditar acordos nem composições sociais do passado".

Admitamos. Parte considerável do eleitorado de direita foi sequestrada pela mixuruquice ágrafa do bolsonarismo. Mas vejam acima o que é o pensamento de esquerda. Bem, então Boulos, o esquerdista radical, acredita que, em algum momento do passado ao menos, foi possível ?" vou usar as categorias com as quais, em tese, ele opera ?" conciliar os interesses de classes opostas, traduzidos na infeliz metáfora "andar de cima/andar de baixo". Nota: toda metáfora tem de carregar, com significado novo, o sentido denotativo, original, das palavras. Desde quando, nos prédios, o morador do andar de cima tem mais privilégios do que o de baixo? No meu bairro, por exemplo, por razões que não vêm ao caso agora, os andares mais baixos são os mais procuradores - e, pois, os mais valorizados? Mas sigamos.

Se a conciliação foi possível antes, segundo o próprio Boulos, por que não seria agora? Ele aponta a causa: "A economia está numa recessão profunda". Como? O país deve crescer neste ano 3,5% pelo menos. Recessão profunda eram aqueles 3,6% de encolhimento produzidos por Dilma, que se seguia a outro encolhimento, de 3,8%, que vinha à esteira de expansão praticamente zero no ano anterior. E o desastre não decorreu da aplicação das "políticas de direita" ou dirigidas ao "andar de cima" (sempre empregando a linguagem de Boulos), mas justamente das escolhas petistas que supostamente beneficiavam o "andar de baixo".

Aqui e ali, "intelectuais" de esquerda já tentaram fazer de Boulos um novo Lula. Procurem outro. Este é ruim demais. Mais adiante, na entrevista, ao admitir que sua candidatura teria dificuldades de emplacar, ele faz o seguinte diagnóstico do campo adversário:
"Que nome eles têm? É o Bolsonaro? Não dura duas semanas. É o Geraldo Alckmin, que empurra, empurram, e não decola? É o Luciano Huck, o candidato da Globo, de programa de auditório, para governar o Brasil? Essa eleição não será fácil nem para um projeto de esquerda nem para os que deram o golpe".

Quase uma página para Boulos expor seu pensamento, e ele divide o país entre um "projeto de esquerda" e os golpistas. Logo, quem não votar no tal projeto é defensor do golpe ?" vale dizer: a maioria do povo brasileiro. Temos, ora vejam!, um povo golpista!

Observem que um mesmo "eles" estaria por trás de nomes como Bolsonaro, Alckmin e Huck. Todos esses a serviço da mesma causa e dos mesmos agentes malignos e? golpistas!

Uma nota: a palavra "projeto" associada à "esquerda" tem uma impagável graça involuntária. Alguém aí poderia citar um "projeto de esquerda" que, tendo se tornado realidade, deu certo e garantiu a felicidade dos indivíduos? Mas a palavra "projeto" é um fetiche da turma. Sabem por que a empregam? Porque a promessa esquerdista nunca será cumprida, será sempre um devir. O "projeto de esquerda" da União Soviética, por exemplo, durou 74 anos. Estima-se em 35 milhões o número de assassinatos na tentativa de implementá-lo. Bem, não deu certo. Já o "projeto de esquerda" chinês matou o dobro: 70 milhões. A China "deu certo". É uma ditadura feroz, mas não é mais "projeto de esquerda". Trata-se de realidade capitalista ?" capitalismo de Estado.

Do ponto de vista ideológico, Boulos, coitado!, é um desorientado. Não será um novo Lula no campo da esquerda nem depois de dez reencarnações. Pode-se amar ou odiar o que diz o chefão petista, mas pensamento lógico, convenham, ele sempre teve. Boulos sabe organizar um movimento, é inequívoco, que assume, frequentemente, características de milícia. E só. É incapaz de ter uma visão de conjunto do país, pouco importa se certa ou errada ?" o que Lula tem desde quando sindicalista. Errada. Mas tem.

Nesta medida, na absoluta falta do que dizer, não há dúvida de que Boulos e Bolsonaro se igualam
Herculano
08/02/2018 07:49
da série: o inocente de tudo e o mais honesto de todos, não defende mais a sua inocência que sabe não tê-la a não ser nos discursos criminosos para analfabetos, ignorantes, desinformados e à gangue de fanáticos, muito menos a honestidade acima de qualquer suspeita, por que o que abunda são suspeitas e fatos contra ela.

O ESCAMBO LULISTA

Conteúdo de O Antagonista. O escambo está sendo negociado por Sepúlveda Pertence: Lula renuncia à sua candidatura - que é uma bugiganga desprovida de valor - e o STF entrega-lhe um habeas corpus.

O Brasil sempre será a terra dos tupinambás
Herculano
08/02/2018 07:41
UNIÃO GASTOU R$ 481,2 mi COM HONORÁRIOS PAGOS A ADVOGADOS PÚBLICOS. GASTO TEM SIDO AO AUXÍLIO MORADIA, por Mônica Bérgamo, no jornal Folha de S. Paulo

A União gastou R$ 481,2 milhões entre fevereiro e novembro de 2017 com honorários pagos a advogados públicos e procuradores que defendem órgãos vinculados ao governo.

DEFESA 2
O ganho extra dos advogados públicos, que recebem um salário de pelo menos R$ 20 mil, tem sido comparado ao auxílio-moradia: seria uma forma de os servidores ganharem acima do teto salarial já que os honorários não são alcançados por ele.

ATAQUE
O juiz Marcelo Bretas, por exemplo, protestou no Twitter: "Vamos discutir o auxílio-moradia de todos ou apenas os dos juízes federais? Alguma discussão sobre os vários auxílios (...) ou mesmo os vultosos honorários pagos aos advogados públicos?"

CANETA
Até julho de 2016, quando a União saía vencedora de causas judiciais os recursos pagos pela parte contrária ficavam nos cofres federais. Mas uma lei sancionada pelo presidente Michel Temer (MDB) determinou que os valores passassem a ser depositados em um fundo que é repartido entre os servidores.

COTA
Segundo o Conselho Curador dos Honorários Advocatícios (CCHA), 12.555 servidores, entre ativos e aposentados, têm direito ao reparte. O maior valor individual pago em um mês foi de R$ 6.119,19.

OUTRO LADO
O CCHA alega que os valores não são um gasto, já que são pagos por perdedores de processos contra a União. Afirma ainda que o recebimento dos honorários "atende aos básicos princípios da meritocracia na medida em que premia aqueles que efetivamente trazem benefício econômico ao Estado".
Herculano
08/02/2018 07:36
ESTADO DE VIOLÊNCIA, por Marco Aurélio Canônico, no jornal Folha de S. Paulo

Uma das grandes frustrações de acompanhar profissionalmente os episódios de violência no Rio é perceber o quanto eles são previsíveis, repetitivos e, ainda assim, aparentemente insolúveis. O noticiário desta semana ?"tiroteios entre polícia e bandidos, inocentes mortos, vias fechadas?", repetiu o da passada e o de tantas outras antes.

As causas do problema já estão há tempos bem diagnosticadas pelos responsáveis pela segurança pública, como ficou novamente evidente em palestra do ministro da Defesa, Raul Jungmann, em um evento da PM carioca na semana passada.

Ele lembrou que a crise atual resulta da falência do sistema desenhado pela Constituição de 1988, no qual as responsabilidades com segurança pública passaram aos Estados. Acontece que as maiores facções se nacionalizaram ?"mais do que isso, como disse o ministro, se "transnacionalizaram".

"Os grandes grupos criminosos já têm o controle da distribuição de drogas no Brasil e agora estão buscando o controle da produção, para ampliar seus lucros. O que pode fazer o governador do Rio se vier um 'salve' do PCC de São Paulo para que [os criminosos] vão às ruas, façam isso e aquilo? Nada."

Jungmann também citou o fracasso do superlotado sistema penitenciário nacional, controlado pelo crime a tal ponto que, de cada dois presos, um está armado.

"Ninguém sabe qual é a população carcerária no Brasil hoje. Foi nesse espaço que surgiram os grandes grupos criminosos do país, e de lá controlam o sistema penitenciário e o crime. O Nem foi preso no Rio, está a 5.000 km, em Rondônia, e declara uma guerra na Rocinha."

A fala de Jungmann lembra outra frustração de quem acompanha o noticiário: todos já sabem quais são os problemas. Mas ninguém consegue executar uma solução.
Herculano
08/02/2018 07:32
SARNEY, SEPÚLVEDA E SIGMARINGA SÃO A TRICA DE AZES DO JOGO PARA SALVAR LULA, por Andrei Meireles, em Os Divergentes

Mesmo com seus 87 anos, José Sarney continua o mais ligeiro dos que seguem, passo a passo, o ritual dos juízes. Como de hábito, na posse de Luiz Fux na presidência do Tribunal Superior Eleitoral, ele puxou a fila dos cumprimentos.

Não por acaso. Sarney é singular. Incorporou em sua rotina no poder os mais variados rituais ?" velórios, enterros, batizados, casamentos, audiências, posses, solenidades, cerimônias ?

É assim que surfa há décadas, de JK a Michel Temer.

Agregou a esse cabedal político o talento de se exibir como uma espécie de xamã, capaz de antecipar para aonde os ventos sopram nas instâncias superiores da Justiça. Virou oráculo.

Para seus colegas, caciques políticos, a serventia de Sarney é ainda maior.

Seus sussurros influenciam ações e omissões em todos os poderes da República. Até com seu silêncio, Sarney às vezes causa turbulências.


Ex presidentes Lula e Sarney
Ele jura, por exemplo, que não saiu de sua boca o veto à nomeação do desafeto Pedro Fernandes para o Ministério do Trabalho ?" pontapé inicial dessa chanchada estrelada por Cristiane Brasil.

Ao mesmo tempo em que se queimava nessa pelada provinciana, Sarney se apresentava como o principal fiador, nas hostes do MDB e adjacências, da aposta de que a candidatura Lula não seria barrada pela Justiça

Os votos e a sentença unânime dos três desembargadores do TRF-4, que condenaram Lula por corrupção e lavagem de dinheiro, abalaram a confiança na garantia dada por Sarney.

Nem tanto pelo que ocorreu em Porto Alegre.

Mas, pelo impacto nos tribunais superiores, onde Sarney costuma nadar de braçada. Não são apenas viadutos e garagens que despencam em Brasília.

A impressão generalizada, inclusive entre petistas, é de que Lula não escapa da Lei da Ficha Limpa. Por mais que tente manter a pose, a prioridade mudou nos arraiais petistas. O esforço agora é para arranjar uma saída que livre Lula da cadeia.

Daí a mudança na estratégia de defesa.

Nos jogos decisivos em Brasília, sai o time do estridente Cristiano Zanim, um desgastado animador de torcida, que fracassou na ingrata tarefa de defender Lula e o seu sogro Roberto Teixeira.


Sepúlveda Pertence
Entra em campo Sepúlveda Pertence, perfil conciliador, deve apostar no sucesso de uma equipe mais discreta. Além de suas credenciais de advogado, procurador e ministro do STF, Pertence tem bom diálogo com ministros de todos os tribunais superiores.

Não por acaso, logo atrás de Sarney, que o nomeou ministro do STF, Pertence foi o segundo na fila do beija-mão na posse de Luiz Fux no comando da Justiça Eleitoral.

A escolha de Sepúlveda Pertence teve também o dedo do advogado Sigmaringa Seixas ?" amigo comum e conselheiro de Lula, com igual bom trânsito na cúpula do Judiciário.


Sigmaringa Seixas
Sarney, Sepúlveda e Sigmaringa têm dois grandes desafios pela frente.

Um deles é driblar a Lei da Ficha Limpa, e pôr Lula no páreo eleitoral, objetivo considerado improvável até por petistas.

O outro é livrar Lula da cadeia. O caminho seria um arranjo no STF para revisar a própria jurisprudência de que a pena possa ser cumprida a partir da condenação em segunda instância.

A conferir.
Herculano
08/02/2018 07:29
DPVAT: DESAFIO É ACABAR MONOPóLIO DE SEGURADORA, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Sob investigação da Polícia Federal, do Ministério Publico e do Tribunal de Contas da União (TCU), o esquema do seguro obrigatório DPVAT é pago obrigatoriamente a uma "Seguradora Líder", que se encarrega de dividir com 86 empresas os mais de R$ 9 bilhões que deve arrecadar, por exemplo, em 2018. Além de apurar eventuais crimes, esses órgãos federais têm o desafio de acabar de vez com o monopólio da "Líder".

POR QUE CAIU?
Após investigações da PF e do Ministério Público Federal, o DPVAT caiu de preço: de R$105 desde 2015 foi caindo até os R$48 em 2018.

COBRANÇA ABUSIVA
A redução do DPVAT apenas chamou atenção para a cobrança abusiva das seguradoras até 2015, quando começou a ser reduzido.

NÃO VÃO DEVOLVER?
Desde que foi criado em 1974 por empresários espertos do ramo de seguros, o DPVAT faturou mais de R$220 bilhões (não atualizados).

DENÚNCIA OFICIAL
O deputado Vitor Valim (MDB-CE) foi o primeiro apontar irregularidades na Seguradora Líder, a "dona" do DPVAT, ao Tribunal de Contas.

REFORMA: ALCKMIN DESCE DO MURO E FECHA QUESTÃO
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, abandonou a posição medrosa em relação à reforma da Previdência, apesar de defendida no programa do partido que preside, e desceu do muro para se engajar na sua aprovação. Reuniu a executiva do PSDB e arrancou a decisão de fechar questão em torno do tema. Nesta terça (6), esta coluna revelou que o Planalto andava inconformado com a omissão de Alckmin.

ABANDONANDO O MURO
Com a adesão de Alckmin à reforma, o governo já conta com 35 a 38 votos, "talvez mais", dos 45 votos do PSDB na Câmara dos Deputados.

ESTRANHA OMISSÃO
O Planalto não entendia o desleixo de Alckmin: ele domina o assunto e sabe, como governador, que é urgente a reforma da Previdência.

MEDO DE ASSOMBRAÇÃO
Alckmin só havia se manifestado sobre o tema há dois meses, quando o presidente Michel Temer ameaçou excluir os Estados da reforma.

PÁTRIA AFANADA
O flagrante em um posto Petrobras vendendo gasolina brasileira no Paraguai a R$2,45 (aditivada, R$2,62) indignou o brasileiro que gravou o vídeo, durante viagem de compras: "É roubo!". Está coberto de razão.

GOVERNO CONTA VOTOS
Para o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), o governo ainda não tem os 314 votos que o ministro Carlos Marun (Secretaria de Governo) disse ter, na Câmara. "Mas temos perspectiva de conquistá-los", disse.

TOMA LÁ, DÁ CÁ
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) sugere uma troca justa: quem defende a ditadura de Nicolás Maduro se mudaria para a Venezuela e, "em troca, receberíamos aqui as vítimas daquela ditadura".

MANDOU BEM
Fez bem o governador Rodrigo Rollemberg demitindo o diretor do DER-DF, Henrique Ludovice, por não cuidar da manutenção do viaduto da Galeria dos Estados. Deveria tê-lo demitido terça, no local do acidente.

CARRAPATO NO FIM
Surge outro candidato ao lugar Antônio Oliveira Santos, presidente há 35 anos da Confederação Nacional do Comércio: José Roberto Tadros, do Amazonas, jura que já tem apoio de 18 de 27 federações estaduais.

POR NOSSA CONTA, NÃO MAIS
Decreto proibiu os servidores federais comprar passagens na 1ª classe e na classe executiva em viagens a serviço, no exterior ou no Brasil. O conforto estava garantido a ministros e a membros do MPF.

PREFEITO NOTA 100
O secretário de Infraestrutura Cultura do Ministério da Cultura, Alfredo Bertini, ficou impressionado com a popularidade de ACM Neto (DEM), prefeito de Salvador, durante a inauguração da Casa do Carnaval.

NÃO HÁ QUEM AGUENTE
A CNI divulgou estudo, em parceria com a Ernest Young, sobre o peso dos impostos para empresas: a média mundial é 22,9% contra 34% no Brasil. Apenas trinta países têm carga tributária superior a 30%.

PENSANDO BEM...
...com os juros em 6,75%, Temer já pode usar o bordão "nunca antes na história deste País".
Herculano
08/02/2018 07:24
NA PINDAÍBA, COM JUROS BAIXOS, por Vinicius Torres Freira, no jornal Folha de S. Paulo

CASO NÃO apareça ninguém com um bom argumento para o Banco Central baixar a taxa de juros para, digamos, 5%, a discussão de cortes adicionais é bizantina. Nesta quarta-feira (7), o BC reduziu a Selic para 6,75%, baixa histórica.

A taxa de juro real no mercado, no atacadão de dinheiro, no entanto, anda em torno de 2,9% ao ano desde novembro do ano passado (taxa "ex ante", DI para um ano, descontada a inflação esperada para 12 meses). O Banco Central calibrou um fim suave para o desaperto monetário.

Em caso de surpresa positiva na inflação, o BC pode até cortar mais 0,25 ponto percentual, como afirmou na nota em que divulgou a decisão sobre a Selic. Não deve fazer grande diferença, se alguma, se parar por aí.


A taxa real deve ficar em torno de 2,8% por boa parte do resto do ano. Logo, é preciso mudar a conversa sobre política econômica, se por mais não fosse.

Como nota histórica, observe-se que a última vez em que a taxa real de juros básica beirou os 2,8% foi em maio de 2013, quando o Fed, o banco central americano, indicava que dará fim à política de relaxamento monetário, o que causou algum tumulto financeiro naquele ano. O Junho de 2013 faria algum estrago adicional.

Entre abril de 2012 e maio de 2013, o juro real básico ficou abaixo de 2,8%, raspando 1,3% no início de 2013, o ano em tudo terminou e ainda não acabou, ao menos no que diz respeito à política. A fim de bater o recorde de juro real baixo de Dilma Rousseff, então um sucesso pela culatra, seria preciso baixar a Selic a uns 5,5%. Alguém se habilita a defender a tese?

Nem é preciso lembrar que, ao contrário de agora, o juro real baixou sob Dilma 1 quando havia pressão inflacionária, tabelamentos de preços e desleixo crescente com as contas públicas. Não iria prestar, como estava claro, e não prestou. Deu em besteira grossa.

De mais novo no comunicado do Banco Central lê-se agora que a recuperação econômica é "consistente". Esse uso equivocado da palavra "consistente" é decerto um clichê, cada vez mais desgastado e vazio, mas contrasta com o palavreado dos comunicados anteriores, que qualificavam a recuperação de "gradual". O BC está mais animado, pois. Também não deu muita trela para o paniquito corrente nos mercados financeiros mundiais.

Mais importante que um corte de um quarto de porcentagem será o destino do crédito e das taxas de juros bancárias. Parece que o degelo enfim começou, no trimestre final do ano passado, mas o desentupimento do canal de crédito ainda está entre o parcial e o incerto.

Do lado dos gastos do governo, parece que vai haver uma descompressão Mandrake, um gasto maior do que o previsível, dadas as projeções de receita e a meta de deficit, grosso modo dinheiro de "sobras" do ano passado. Pelo bem ou pelo mal, é algum impulso adicional.

Resumo da ópera, podemos ter um ano de bom alívio, se não houver tumulto financeiro maior lá fora ou a eleição de boçais extremos em outubro. Foi adiado para 2019 o encontro com os nossos problemas teratológicos: governo quebrado, incapaz de manter infraestrutura e gasto social básico, com dívida crescente
Herculano
08/02/2018 07:20
HUCK DISCUTE COM FHC RETOMADA DE CANDIDATURA, por Josias de Souza

Movimentando-se na direção da retomada de uma candidatura presidencial que dizia ter abandonado, Luciano Huck deve se encontrar com o presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso. Informado de que a conversa poderia ocorrer já nesta quinta-feira, em São Paulo, um correligionário do presidenciável tucano Geraldo Alckmin reagiu com um palavrão. Classificou de "sabotagem" o estímulo de FHC às pretensões políticas do apresentador da TV Globo.

Há dois dias, em entrevista à Joven Pan, FHC soou explícito: "É bom ter gente como Luciano, porque precisa arejar, botar em perigo a política tradicional, mesmo que seja do meu partido. É preciso que ela seja desafiada por pessoas portadoras de ideias e processos políticos novos para que o próprio partido possa avançar. Está havendo sinal nessa direção."

O grão-mestre do tucanato como que antecipou a pauta da reunião: "Eu gosto do Huck. Sou amigo dele e da família. Acho que para o Brasil seria bom. Seria bom ter mais opções. Não quer dizer que esteja apoiando. Mas as pessoas que não têm partido para governar têm muita dificuldade. Ele tem boas intenções. Não sei por qual partido viria. Falam que pelo PPS. Mas o PPS não tem estrutura."

Conforme já noticiado aqui, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire, de fato se mantém em contato com Huck. E ainda cultiva a expectativa de abrigar seu projeto presidencial no partido.

Não é difícil entender as razões da irritação de Alckmin e seus correligionários com a movimentação de FHC. Disseminava-se no ninho a suspeita de que o líder número um dos tucanos guardasse a candidatura de Huck sob a manga como uma alternativa de centro. Aos poucos, a suspeita vai se convertendo em certeza. Daí a irritação.

Empacado nas pesquisas, Alckmin tornou-se motivo de preocupação para os empresários e líderes partidários que enxergavam nele uma opção conservadora para a sucessão de Michel Temer. E a aproximação de FHC com Huck potencializa as dúvidas quanto à capacidade de Alckmin de chegar ao segundo turno da eleição.

Geraldo Alckmin e seus apologistas tucanos afirmam, em privado, que FHC precisa decidir se é aliado ou um mero estorvo para atrapalhar a vida do candidato do seu partido ao Planalto. Os operadores políticos de Alckmin recordam que foi FHC quem estimulou o governador de São Paulo a assumir a presidência do PSDB, para cuidar de sua candidatura ao Planalto. E não se conformam com o seu aparente encantamento com Huck.
Herculano
08/02/2018 07:18
CARNAVAL DE RUA MUDA PARA CRESCER, MAS NÃO SUPERA NOSSA SELVAGERIA, por Roberto Dias, secretário de Redação da Área de Produção do jornal Folha de S.Paulo

Batuque se profissionalizou, porém falta ao poder público cumprir a sua parte

Ficará a cargo dos historiadores explicar a impressionante inflexão do Carnaval brasileiro nos últimos anos. Por ora, é possível dizer que a festa de rua sobreviveu ao seu primeiro teste de estresse.

Consolidada nos anos 90 com palcos fixos no Rio e em São Paulo, a fase de sambódromos empacotava dinheiro público, contravenção, cervejaria e nudez num produto desenhado para a televisão e para os turistas.

Quem mergulha no arquivo da Folha tem dificuldade de achar registro de festa de rua nas duas cidades até a década passada. A partir daí, o universo dos blocos vai numa crescente até a situação atual, em que é o aspecto dominante da data.

Como se sabe, essa explosão veio acompanhada de reclamações dos moradores que não gostam da folia. No ano passado, os novos prefeitos do Rio e de São Paulo sinalizaram impor limites à festa.

As ruas carnavalescas reagiram, cederam aqui e marcaram posição ali. O batuque se profissionalizou e cavou dinheiro na iniciativa privada ?"alguns convites de trios já parecem macacões de piloto da F-1 de antigamente. Os blocos de bairro pipocaram entre os paulistanos.

Os grupos de rua saíram fortalecidos e mais cheios, enquanto as escolas de samba, antigo motor da folia, penam com a seca do dinheiro público. É nítida a mudança de tom das prefeituras em relação ao Carnaval. Em São Paulo, João Doria soma tudo e mais um pouco para enfatizar o gigantismo da coisa. No Rio, Marcelo Crivella promete até que vai aparecer na festa desta vez.

Para variar, porém, falta ao poder público cumprir a sua parte. É inaceitável que quem esteja na calçada acabe eletrocutado ou baleado, como ocorreu nos últimos finais de semana nas duas cidades - e é particularmente inacreditável o jogo de empurra em relação ao poste eletrificado de São Paulo. Não dá para esperar que o Carnaval de rua supere também nossa selvageria.
Mirabel Pereira
07/02/2018 23:15
Sr. Herculano

Por favor dá uma olhada no face da senhora Marcia Ramos, de Gaspar colocou vídeo mostrando o despreparo da equipe médica de Gaspar e de Kleber.
Uma vergonha, um descaso, já tem mais de mil compartilhamentos.
A imprensa esconde, mas sei que vai mostrar aos demais leitores seus.
Roberto Basei
07/02/2018 21:13
Feridas ainda não curadas. No primeiro discurso feito na Câmara depois da derrota, Franciele Daiane Back, PSDB do MDB, assim começou: "boa tarde a todos da mesa diretora". Evitou no cumprimento formal e de praxe, referir-se ao presidente Silvio Cleffi, PSC, para quem perdeu. Ao final, todavia, arrematou: "agradeço a concessão da palavra, senhor presidente". Na volta como líder do partido, Franciele iniciou a fala: "bom, senhores vereadores..." E terminou: "obrigada e boa semana para nós". A derrota ainda não a ensinou. Ou seja, não estava mesmo preparada para ser presidente da Câmara. Ela continua uma simples menina emburrada que não foi atendida no brinquedo que pediu e lhe prometeram, sem ter como fazer. Nem mais, nem menos.

O urso e o coelho(moral da história)

O coelhinho felpudo estava fazendo suas necessidades matinais e, quando olha
para o lado, vê um enorme urso fazendo o mesmo. O urso se vira para ele e diz:
-Ei, coelhinho, você não se incomoda de ficar com seus pêlos sujos de
cocô?
O coelhinho respondeu:
- Não, isso é normal.
Então o urso pegou o coelhinho e se limpou com ele.
MORAL DA EST?"RIA:
"Cuidado com as respostas precipitadas... Pense bem antes de responder"
No outro dia, o leão, ao passar pelo urso diz:
-Aí seu urso! Com toda essa pinta de bravo e forte, te vi ..... .... pro
coelhinho ontem!
MORAL DA EST?"RIA:
" Independente da resposta, pense bem antes de tomar uma atitude."
Sidnei Luis Reinert
07/02/2018 12:23
Pedalada Chinesa comunista ao ritmo Dilmanta...

Nos últimos cinco anos, o crescimento chinês tem girado em torno de 4% ao ano e não de 6 a 7% como os comunistas anunciaram ao mundo.

https://www.bloomberg.com/news/articles/2018-02-01/china-s-2015-gdp-puffed-up-by-fake-economic-data-analysis-shows?cmpid=BBD020118_MKT&utm_medium=email&utm_source=newsletter&utm_term=180201&utm_campaign=markets
Herculano
07/02/2018 11:17
AO AVALIZAR CRISTIANE BRASIL, PTB REBAIXA TEMER, por Josias de Souza

A bancada do PTB, que ameaçava puxar o tapete da deputada Cristiane Brasil, terminou fazendo o oposto. Por unanimidade, os deputados presididos por Roberto Jefferson renovaram o aval à indicação da filha dele para o cargo de ministra do Trabalho. "Não abandonamos companheiros feridos numa batalha", disse o líder da bancada, Javair Arantes.

A solidariedade do PTB a Cristiane Brasil deixou Temer numa posição muito parecida com a da protagonista de uma história do escritor José Guimarães ?"uma mulher que diminuía diariamente de tamanho.

Ao criar desculpas para encobrir o processo de desmoralização do presidente da República, os auxiliares de Temer imitam, por assim dizer, o comportamento dos personagens da trama literária. Para que a mulher da ficção não notasse o próprio encolhimento, seus familiares reduziam as dimensões dos móveis. Serravam os pés da cama, das mesas, das cadeiras?

Nomeada por Temer em 4 de janeiro, a filha do ex-presidiário do mensalão está pendurada nas manchetes como uma quase-ministra há um mês e três dias. Impedida pela Justiça de tomar posse do ministério, Cristiane Brasil tornou-se um outro nome para encrenca.

Pelo menos um dos operadores políticos de Temer reza para que a ministra Cármen Lúcia, do STF, desautorize em definitivo a posse da deputada tóxica. Do contrário, a primeira-dama Marcela Temer terá que colocar o marido para dormir numa caixa de fósforos.

A essa altura, Temer já deve ter notado que sofre de uma doença cuja principal consequência é a transformação dos deputados do PTB em gigantes. Se a presidente do Supremo suspender a liminar que impede Temer de dar posse à filha de Jefferson, a autoridade do inquilino do Planalto ficará menor do que a cabeça de um alfinete. E Cristiane Brasil frequentará a Esplanada como um escândalo novo esperando para acontecer a cada dia.
Herculano
07/02/2018 11:16
MERCADOS MUNDIAIS ALERTAM CONGRESSO BRASILEIRO, editorial do jornal O Globo

A volatividade desses dias é um recado aos políticos que tratarão da reforma da Previdência, pois países com déficits como o Brasil estão expostos a choques externos

Abrusca oscilação dos mercados, de segunda para ontem, fez o tempo voltar, nas aparências, ao final de 2008, quando estourou a bolha imobiliária, cujo epicentro foi Wall Street. São, porém, situações muito diferentes. Naquele momento, ocorreu mesmo uma séria crise de liquidez iniciada no mercado de hipotecas americano, agravada pela quebra do Lehman Brothers. Ondas de choque se propagaram pelo planeta.

Viveu-se um risco real de outra Grande Depressão, como em 1929/30. Mas houve "apenas" a Grande Recessão, devido à rapidez com que o Banco Central dos Estados Unidos, o Fed, sob a presidência de Ben Bernanke, agiu, jogando os juros no chão e inundando o mundo de dólares. O oposto do que ocorrera no final da década de 20. Bernanke era um estudioso do desastre de 29/30.

Já o que acontece agora, também a partir de Wall Street, parece um caso clássico de correção por expectativa. A economia americana está muito bem (desemprego de 4,1%, crescimento acima de 2%). E ainda receberá mais estímulos com o pacote tributário de Donald Trump. Mas esta fornalha é aquecida por juros muitos baixos (entre 1,25% e 1,50%). A divulgação, sexta, de que o desemprego continuava praticamente em 4%, serviu para consolidar a expectativa de que o Fed deve puxar as taxas de forma um pouco mais forte, a fim de evitar a inflação.

Para alimentar as incertezas, Janet Yellen acaba de ser substituída na presidência do Fed por Jerome Powell, também do conselho do BC americano. Não se sabe ao certo como reagirá. Yellen elevava taxas devagar. Powell é considerado seguidor da mesma estratégia de política monetária. Porém, na dúvida, buscam-se investimentos mais seguros que ações, mesmo porque elas subiram muito ?" do que se vangloriou Trump no seu discurso do estado da Nação. Por ironia, quando o movimento de vendas começou a ficar perceptível.

Wall Street caiu 4,6%, e o rombo se refletiu na Europa e na Ásia. Subiu ontem, mas esta é uma característica destes momentos. Trata-se de um movimento do mercado mundial que afetará países na proporção direta de sua vulnerabilidade a choques externos, devido a dificuldades estruturais, aos fundamentos frágeis. É o caso do Brasil, diante de um déficit crescente, causado pela despesa previdenciária descontrolada.

O abalo sísmico externo vem em momento adequado, para alertar os deputados, que na segunda 19 devem começar a tratar da minirreforma da Previdência. Se nada for feito, candidatos a presidente e a população em geral devem se preparar para tempos incertos.

Quem acompanhou crises externas desde a década de 70, passando pela mexicana, asiática, russa, argentina e brasileira, sabe que os US$ 380 bilhões de reservas do Brasil são insuficientes para conter um ataque especulativo forte contra o real ?" deflagrado pelo conhecimento mundial do desequilíbrio fiscal grave do país. É um aviso.

A única forma de se precaver contra os tempos de volatilidade em que o mundo parece entrar, embora cresça de forma sincronizada, é o Congresso sinalizar, com a reforma previdenciária, que entende ser necessário um ajuste. Isso não parece difícil de entender.
Herculano
07/02/2018 11:13
TODO SÃO IGUAIS PERANTE A LEI OU NÃO? por José Nêumanne, no jornal O Estado de S. Paulo

Não está em jogo a coerência de Lula, mas a existência de exceções ao direito à igualdade

No Brasil, discute-se hoje a validade da cláusula mais pétrea da ordem constitucional de um Estado de Direito que se preze, a de que todos são iguais perante a lei. Como se fosse algo banal, que possa ser abandonado sempre que algum potentado se sentir prejudicado por ela. O princípio, que já não é respeitado a rigor agora, pode ser definitivamente jogado no lixo caso Lula não possa ser preso após a condenação em segunda instância e seja autorizado a disputar a Presidência da República, como se fosse inocente e elegível. Não pode!

É público e notório que o petista foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo juiz Sergio Moro, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a nove anos e seis meses de cadeia. Até aí, morreu o Neves, pois as ruas brasileiras estão cheias de condenados desfilando impunes para que se atenda a outro preceito sagrado, do Direito Penal: a presunção de inocência.

Só que o panorama visto da ponte mudou desde o dia 24 de janeiro, quando o acusado de ter trocado um apartamento triplex na Praia das Astúrias, no Guarujá, por favores prestados com dinheiro público à empreiteira OAS, acusada de pagar propinas a figurões da política e da máquina pública, teve essa condenação confirmada. A confirmação foi por decisão unânime (3 a 0) da 8.ª turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), em Porto Alegre. Os desembargadores acharam por bem aumentar sua pena para 12 anos e um mês e com isso o ex-presidente se tornou inelegível por dispositivo da Lei da Ficha Limpa, norma eleitoral de iniciativa popular, aprovada no Congresso e sancionada pelo próprio condenado, em 2010.

Não se cobra coerência do signatário, nem ao populismo que ele professa, ou do Partido dos Trabalhadores (PT), que esperneia pelo fato de Dilma Rousseff ter sido deposta da Presidência por decisão do Congresso, confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro do STF Gilmar Mendes diz que a inelegibilidade de Lula é "matemática".

Matemática também é a decisão do TRF-4 ao negar presunção de inocência ao condenado. Qualquer calouro de Direito sabe que a decisão ?" em especial quando unânime, como é o caso ?" em segunda instância interrompe a discussão sobre a materialidade (o fato) do crime. As fartas provas contra Lula, aceitas pela unanimidade dos julgadores, encerram a discussão do ponto de vista factual. Só por isso, é possível definir neste texto impresso, com responsabilidade legal, que Lula é criminoso por corrupção e lavagem de dinheiro. Ponto final. Ficam em aberto discussões de natureza apenas de Direito, que podem ser levadas ao próprio TRF-4, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, em último caso, ao STF.

Com o açodamento de rotina, a politicamente histérica e juridicamente ineficaz defesa do criminoso lança mão de recursos possíveis e chicanas suspeitas para empurrar a discussão da inelegibilidade, tornar sua candidatura à Presidência possível e evitar sua prisão, ou seja, a execução da pena. Não se persegue a perfeição, da qual, como se sabe, a pressa é inimiga figadal, mas se investe no reino da fantasia e, sobretudo, da confusão retórica para ganhar tempo e resgatar o que reste de salvados do incêndio.

Entre mortos e feridos, o PT quer dar fôlego à legenda e evitar que se fine. Para tanto conta com a ferocidade de seus dirigentes e militantes e a passividade, mais do que compreensiva, cúmplice dos bandos de suspeitos que contam com a prerrogativa de função, mais do que com a presunção de inocência, para evitar condenação similar à de Lula. Por isso, até agora é de duvidar que a cúpula do Judiciário confirme que há magistrados independentes em Brasília, repetindo o moleiro prussiano que contava com juízes em Berlim para impedir o arbítrio de seu soberano ao tentar desapropriar o moinho dele e atender a interesses exclusivos de sua majestade. Haverá juízes na capital? A ver...

Logo após a confirmação da condenação de Lula, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e o líder da bancada petista no Senado, Lindbergh Farias (RJ), misturaram o lema pacifista de Gandhi (resistência passiva) com as palavras de ordem nazi-fascistas de "rebelião cidadã" e da "luta nas ruas" para ameaçar não as autoridades, mas o Estado de Direito. Gleisi, cuja batata está assando no Judiciário, disse que "mexeram num vespeiro", sem que haja evidência de picadas de vespas pelo País afora. Escudados no foro privilegiado, eles têm podido blefar à vontade, sem que os responsáveis pela manutenção da lei e pela higidez da democracia reajam à altura. Lula, que acusou a Suprema Corte de "acovardada", agora promete combater as instâncias inferiores, sem fazer mossa nos ministros do STF e do STJ. O que dirá a presidente do STF, Cármen Lúcia, tão ciosa da defesa corporativa da magistratura?

É que Lula e o PT não estão isolados nessa luta. Torquato Jardim, ministro da Justiça do governo do "não investigável" Temer, já fez suas contas e pontificou que relativa é a verdade aritmética inamovível de que os seis votos que derrotaram cinco no STF representam maioria a ser respeitada na decisão sobre prisão após segunda instância. Não é que ele despreze a tabuada, mas entrou na fila de quem tenta garantir privilégio e imunidade (com pê no meio) com a aplicação da regra do "quem pode mais chora menos" em terra de Cabral e Cunha. Repete a lição que o próprio Lula lhe deu quando tentou retirar o ex-inimigo e agora aliadíssimo Sarney da vala dos cidadãos ordinários sem mandatos nem cargos comissionados. Valha-nos Deus!

Não se engane com lorotas de cúmplices e falsos oponentes. O pretexto mais fascistoide desta pátria de desigualdades, "eleição sem Lula é fraude", que pelo menos é sincero e apaixonado, é irmão siamês dessa canalhice do "prefiro derrotar Lula nas urnas". Está aí o lema que melhor define e mais confirma que, na verdade, está é a República dos canalhas.
Herculano
07/02/2018 11:12
da série: essa tal liberdade de imprensa é aplaudida enquanto serve aos interesses de alguém, corporações, determinados pensamentos, mas odiada, quando se expressa com liberdade e tenta se neutra, ou abordar o outro lado dos aplausos. Sempre será assim.

QUEM TEM MEDO DO LOBO MAU? MULHER DE MORO DEIXA INSTAGRAM DEPOIS DE EXPRESSAR INCONFORMISMO COM A LIBERDADE DE IMPRENSA, Por: Reinaldo Azevedo

A mulher de Sérgio Moro, a advogada Rosangela Wolff Moro, é tão, vamos dizer assim, buliçosa como o marido, cujo espaço de atuação é o tribunal, mais especificamente a 13ª Vara Federal de Curitiba, um verdadeiro palco de seus heterodoxias jurídicas - e da Lava Jato - se o vivente decide levar em conta irrelevâncias como a Constituição, o Código Penal e o Código de Processo Penal, esses diplomas legais que, a levar a sério os zurros da direita xucra, existem apenas para atrapalhar a verdadeira Justiça. O PT também já chegou a achar isso quando vivia seus dias de glória. Fascistas de esquerda e de direita só divergem quanto aos fins, mas jamais quanto aos meios. Se o marido é um astro na 13ª Vara, Rosangela Wolff é uma "causona", como diz a molecada, nas redes sociais.

Ela tinha uma página no Facebook de apoio ao marido, onde emitia algumas opiniões políticas, especialmente retransmitindo mensagens de terceiros que endeusavam o "esposo" e sentavam a pua na política e nos políticos.

Decidiu fechá-la em novembro. Chamava-se: "Eu MORO com ele". O "moro" era escrito todo em maiúsculas para chamar a nossa atenção para o duplo sentido. Ao extingui-la, temos um trocadilho a menos no mundo, o que faz bem à sanidade intelectual. Gosto, em particular, do "ele" para se referir ao marido porque é como Deus é chamado na linguagem bíblica: "Ele". Afinal, dar um nome a Deus é reduzir o seu poder. Daí que seja o Altíssimo, por perífrase, "Aquele que não tem nome". Como esquecer as camisetas "IN MORO WE TRUST"? Em suma, Deus! E, ora vejam, Deus chegou até a gravar alguns vídeos para a página de sua senhora.

A opiniática Rosangela Wolff Moro tinha ainda um perfil no Instagram. Nesta terça, decidiu fechá-lo também, depois de ter feito uma malcriação com a imprensa.

Who's afraid of wolf?

Wh'os afraid of Rosangela Wolff?

Na peça de Edward Albee, sobrava um "o": "Who's afraid of Virginia Woolf?"

Nem todo trocadilho lustra a infâmia, rsss.

Doutora Rosangela sempre deu ampla divulgação nas redes sociais às mesuras que a imprensa costuma dispensar ao marido. Afinal, como sabemos, os jornalistas "trust in Moro" , siga ele a lei ou não. "Trust in Moro", condene ele com provas ou sem provas. "Trust in moro", mas nem tanto na Constituição, no Código Penal e no Código de Processo Penal. Quando o juiz, então, trata advogados de defesa aos tapas e pontapés, a crença atinge aquele ar de devoção de Santa Teresa de Ávila diante do Cristo. Já li textos em que os colunistas consideram insultuoso que o defensor de um réu conteste o juiz.

Pois bem! Rosangela Wolff estava acostumada com a imprensa como um verdadeiro cordeiro do seu Deus. Bastou que esta noticiasse que seu marido recebe auxílio-moradia, embora more com ela num confortabilíssimo apartamento próprio, e a senhora Wolff passou a ver os jornalistas como um bando de lobos. Em sua conta no Instagram, publicou a imagem de um jornal amassado embrulhando um cacho de bananas. Desfocado, vê-se o logotipo de Folha de S. Paulo, veículo que primeiro publicou a informação.

E dona Wolff não perdoou os cordeiros da véspera - refiro-me à imprensa com um todo - e mandou bala:
"Imprensa... Para o bem e para o mal. Separam o joio do trigo e publicam o joio".

Entendi. A imprensa é para o bem quando acredita no seu marido, quando o endeusa, quando o vê como o Galaaz do Santo Graal, quando dá de ombros para suas arbitrariedades. Ao contrário: até as elogia. E é para o mal quando revela que o juiz participa de uma mamata - ainda que permitida pela lei vigente, essencialmente imoral - que custa aos cofres públicos R$ 1.6 bilhão por ano. Considerando o tempo de vigência do auxílio-moradia para todos os juízes e membros do Ministério Público, não há corrupção, contra a qual Santo Sérgio Morus luta tão bravamente, que ao menos se aproxime da conta multibilionária.

Parece essa uma questão menor, em meio a tantas coisas relevantes? Parece, sim! Mas não é! Seja pelo valor, seja por aquilo que simboliza. Temos hoje um Poder da República que, por intermédio de suas associações de classe e de alguns de seus astros - e juiz não deveria ser popular nem no prédio em que mora -, deixa claro que não aceita ser submetido aos mesmos controles e ao mesmo escrutínio democráticos a que estão sujeitos o Legislativo e o Executivo.

Quando o marido daquela que mora com Deus divulgou, ao arrepio da lei, conversa da então presidente da República, a imprensa emprestou-lhe o megafone. Dona Wolff certamente considerou que aquilo era o mais puro trigo. Moro levou um pito de Teori Zavascki por causa da ilegalidade. Mas o episódio voltou a incendiar as ruas, que andavam de mornas para frias. E isso é apenas um fato. E eu não tenho problema nenhum com os fatos. Como é fato que Dilma cometeu crime de responsabilidade. Como é fato que ela não caiu só por isso. Como é fato que não teria sido impichada se tivesse conseguido manter ao menos um terço de apoio na Câmara ou no Senado. Fatos, fatos, fatos. Quem tem medo do lobo ou dos fatos?

Eu não tenho.

Associações de juízes e togados ilustres, como Manoel de Queiroz Pereira Calças, novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, veem nas notícias sobre auxílio-moradia uma espécie de conspiração contra o Judiciário. Ou, como diria Dona Wolff, "a imprensa para o mal".

As reações à postagem da doutora não foram nada lisonjeiras, e ela resolveu pôr fim também à sua conta no Instagram. Fez bem!

A cobertura sobre o auxílio-moradia dos nababos revelou lobos insuspeitados e ajudou a expor a nudez de certas moralidades.
Herculano
07/02/2018 11:03
EUA VÃO ESPALHAR BRASA NO BRASIL? Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Paniquito no mercado deve passar, mas é lembrete de que dinheiro barato acabará

ESSE REMELEXO no mercado americano vai espalhar brasa sobre o Brasil? Quem soubesse com certeza tal coisa não contaria a ninguém ficaria rico.

Desde maio de 2013 espera-se que poderia haver algum problema quando o banco central dos EUA (Fed) decidisse elevar a taxa básica de juros para valer, quando a inflação voltasse, com o crescimento maior de economia e salários. Apesar de alarmes anuais, nada acontecera. Mas a era de dinheiro barato no mundo rico vai acabar, seja com um murmúrio ou com uma explosão.

Juros em alta costumam derrubar Bolsas, para começar. Aqui, elevariam juros e dólar, prejudicando nosso minicrescimento. Além do mais, em viradas econômicas ou financeiras, não raro descobre-se que o mercado estava fazendo apostas malucas, o que pode causar desastres históricos, como em 2007-08. Nesse caso, estaríamos estrepados, ainda mais agora, que temos água pelo nariz. Marola nos afoga.

Desde 2013, o Fed eleva os juros devagarinho. Muita gente graúda e entendida diz que o crescimento do mundo rico será baixo por muito tempo, que não haverá inflação relevante e, assim, não haveria alta rápida de juros. Os EUA vão completar uma década com taxa de juros de curto prazo em torno de zero.

Há quem diga, porém, que o país estaria, enfim, crescendo além da conta, com desemprego baixo demais, salários em alta e, de resto, sem a muleta da desinflação mundial propiciada até faz pouco pela China, que despejava produtos cada vez mais baratos no resto do planeta.

O que o Brasil pode fazer? No essencial, o que precisa fazer, com ou sem crise lá fora: conter o endividamento do governo. Com dívida alta e esse crescimento raquítico, uma alta de juros vai nos levar à breca.

A bagunça destes dias piorou porque a variação do preço das ações provocou perdas pesadas em um desses cantos esquisitos do mercado, até sexta-feira (2) muito rentável. Dinheiro posto em exchange traded notes (ETNs) evaporou. Houve turumbamba também em exchange traded funds (ETFs, aplicações que pretendem replicar a variação de preços de um ou mais ativos, como um índice de Bolsa, mas baseadas na posse de parte desses ativos).

As ETNs são títulos de dívida emitidos por bancos, um contrato em que um banco promete pagar a rentabilidade de um índice financeiro qualquer (como a variação de um índice de ações, para dar um exemplo de jardim da infância) e, talvez, também rendimentos atrelados de modo criativo a outro ativo.

No negócio que deu mais prejuízo, o contrato vendido por bancos era atrelado a um índice de volatilidade (variação) do mercado de ações, o VIX, por sua vez baseado na variação do preço das opções de negócios com as ações do índice S&P 500.

Em suma, ganhou-se dinheiro apostando na variação anormalmente baixa do preço das ações. O remelexo desde sexta-feira bastou para levar o VIX ao nível mais alto desde 2015.

Houve perdas totais em vários ETNs. Tentativas de evitar mais danos e riscos e de cobrir buracos levam a compras e vendas desesperadas, com efeitos em cadeia, para resumir história muito enrolada. Mais uma vez, o rabo abanou o cachorro: um canto do mercado balançou o coreto inteiro. Mas esse foi apenas sintoma de mudança maior.
Herculano
07/02/2018 11:01
GASOLINA MAIS BARATA NO PARAGUAI REVOLTA BRASILEIROS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, manteve silêncio, porque não tem o que dizer, mas sua assessoria criou uma explicação bizarra para o fato de a gasolina brasileira custar R$2,45 (aditivada, R$2,62) em postos da BR no Paraguai, e até R$5,11 no Brasil. O flagrante viralizou na internet, provocando revolta. Para explicar a exploração no Brasil, a estatal diz praticar "preços internacionais", mas curiosamente recorre a fatores internos para justificar os baixos preços lá fora.

CULPA SEMPRE DOS OUTROS
A Petrobras acha que a gasolina é mais cara no Brasil por culpa dos impostos, da adição de etanol e dos lucros das distribuidoras e postos.

BRASILEIRO NÃO AGUENTA
A Petrobras aumentou a gasolina por 13 semanas consecutivas, e seu presidente se especializa em desculpas bizarras para explicar isso.

ANP NÃO ESTÁ NEM AÍ
A inútil Agência Nacional do Petróleo (ANP), claro, lava as mãos: limita-se a informar que no Brasil há "liberdade de preços".

SITUAÇÃO ESDRÚXULA
Autossuficiente, o Brasil cobra dos brasileiros por sua gasolina o dobro dos preços no Paraguai, que não produz uma gota de petróleo.

CÂMARA GASTOU MEIO BILHÃO SEM LICITAÇÃO EM 2017
A Câmara dos Deputados gastou R$ 559 milhões sem licitação no ano passado. O jeitinho é enquadrar contratos de valor milionário em casos de dispensa ou inexigibilidade de licitação. Como no caso da contratação anual, pelo valor de R$ 2,5 milhões, do hospital Sírio-Libanês, aquele das estrelas, para atender suas excelências, familiares e bem relacionados servidores. Tudo por conta do contribuinte.

E O CORPO TÉCNICO?
Apesar do seu caríssimo corpo técnico, a Câmara pagou R$2,4 milhões à Fundação Getúlio Vargas por estudos sobre "políticas públicas".

CÂMARA SEGUROS
Um convênio com a Caixa Econômica Federal, também com "inexigibilidade de licitação", custa à Câmara R$445,2 milhões.

ARMADOS PARA GUERRA
Entre as compras sem licitação na Câmara estão gás lacrimogêneo, spray de pimenta, balas de borracha e material de controle de multidão.

CONTADOR DE LOROTAS
Lula continua repetindo, para ver se cola e vira "verdade", que nada foi provado contra ele. O ex-presidente mente. As provas no primeiro caso são sólidas, e a pena de 12 anos e 1 mês é só o começo da rebordosa.

LULA EM NÚMEROS
Nas cinco ações e duas denúncias a que responde, Lula é acusado 246 vezes de lavagem de dinheiro, 21 de corrupção passiva, 3 de formação de quadrilha, 4 de tráfico de influência e 2 de obstrução.

TAPA NA CARA
A Latam já aumentou as tarifas: mala de até 23 kg, na emissão do bilhete, subiu 33%, passando de R$30 para R$40. A inflação desde o início da cobrança (junho de 2017) até dezembro foi de 1,5%.

CHEGOU CHEGANDO
O desembargador Manoel Calças já estreou na presidência do Tribunal de Justiça de SP culpando a imprensa, cancelando entrevistas. Tudo em razão das próprias declarações, espantosas, orgulhando-se de receber auxílio-moradia apesar de ser dono do imóvel onde reside.

PREGUIÇA PRÉ-CARNAVALESCA
A Câmara voltou ao trabalho, só que não: estava prevista uma mísera reunião de comissão, mas foi cancelada. É que somente a deputada Rosângela Gomes (PRB-RJ) apareceu para trabalhar.

QUEDA NA SELIC
A Associação das Entidades dos Mercados Financeiros divulgou nova previsão para taxa de juros para 2018: 6,75%. A aposta é numa queda de 0,25 percentual na Selic, na reunião do Copom desta quarta-feira.

FALTA POUCO
A partir desta quarta (7), faltarão menos de oito meses para o primeiro turno da eleição que vai definir o próximo presidente e vice, além de governadores, senadores e deputados federais e estaduais.

CONTINUA ESTRANHO
Até o sábado (10), a Mega-Sena realiza três sorteios de Carnaval. A Caixa espera distribuir mais de R$56 milhões. Até agora só um sorteio teve vencedor em 2018. Ninguém sabe a identidade dos vencedores.

PENSANDO BEM...
...as críticas à regalia dos auxílios-moradia não são "ataque à Lava Jato", como fazem parecer os beneficiados, mas ao escárnio mesmo.
Herculano
07/02/2018 10:58
CRU É CRU, NÃO É BOBO, por Rosângela Bittar, no jornal Valor Econômico

Fernando Henrique Cardoso considerou-o ainda muito cru embora, fiel ao estilo, tenha providenciado a seguir um passo atrás e dois para o lado. Ele próprio, o candidato, se declarou despreparado para a envergadura da tarefa ao pedir a ajuda de conselheiros, dois deles ouvidos aqui neste cenário que retrata idas e vindas dos últimos dois meses. A quantidade de vezes que o apresentador Luciano Huck anunciou sua não candidatura à Presidência da República só é proporcional, porém, àquelas em que a reiterou e confirmou aos mais próximos. Tanto pelo brilho do olhar, quanto pelas consultas, pelos encontros, estudos e orientação que demandou aos sábios com quem divide angústias e planos.

Não há como dizer, hoje, que a candidatura de Luciano Huck ou sua negação estão definidas. Na torcida pró-Huck há dois times: os que acreditam que ele deixou passar muito tempo para lançar-se, e o cavalo não passa encilhado duas vezes... etc; e os que acham mais do que adequada a definição em março ou abril, junto com a filiação a algum partido político, quando as pesquisas já estiverem mostrando seu potencial, que se espera significativo. Esses parecem menos equivocados, pois só agora, com a saída de Luiz Inácio Lula da Silva da disputa, as chances dos demais candidatos irão se clarificando.

Muitos esperam que ele se defina ao voltar das férias, outros que só dentro de dois meses. Já pensam e preparam, contudo, um andamento mais acelerado para a campanha do apresentador. É fato que terá pouco tempo para começar uma articulação que o leve ao centro da atenção política.

Quando viajou, antes da condenação de Lula, seus interlocutores na política acreditavam que só em caso de um acidente que provocasse um buraco profundo no quadro político Huck se candidataria. Esse abismo está aberto e as pesquisas mostram que nenhum candidato potencial despertou ainda a paixão do eleitorado.

Huck poderá herdar muitos colégios eleitorais do lulismo (não do petismo), boa parte do eleitorado do tucanato que, mesmo mantendo a candidatura Geraldo Alckmin, teria uma aliança forte para o segundo turno com qualquer um dos dois que passar pelo crivo da primeira rodada.

Se há algo sobre o quê não se tem dúvidas é que Huck é uma candidatura do PSDB, filie-se a que partido for. Foi entre tucanos que militaram seus pais e padrasto, além dele próprio. Ainda tem mais essa: se desistir definitivamente, é claro que enfraquecerá o candidato do PSDB, pois deixará de fortalecê-lo e a ele somar forças.

As questões que levanta em conversas com seus conselheiros são relevantes e representam dúvidas de quem está em processo de construção de uma candidatura. Ele quer saber o que fazer com o desemprego, como levar o país ao crescimento, o problema grave e profundo da Previdência Social, as soluções para a Saúde e a Segurança e a questão educacional, uma espécie de assunto do coração do apresentador. Isso é possível? É demorado? Qual o caminho? São suas perguntas mais frequentes. Não dá tons ideológicos aos questionamentos, mas procura sempre a rota do que é necessário ao pais.

Por que acha que não está preparado? Porque não tem partido, não tem grupo político, não sabe ainda como levar adiante uma candidatura sem isso, seu pensamento não é conhecido e terá que fazer o enfrentamento de muitos interesses de grupos com ele supostamente afinados, para, por exemplo, quebrar a matriz que não deu certo.

Muitos de seus eleitores potenciais ainda acham que Huck vai ficar distribuindo geladeira na Presidência, mas é politicamente mais sofisticado do que se mostra.

O que Luciano Huck sabe que tem e seus conselheiros percebem é muito forte também: um carisma avassalador, que deixa os políticos boquiabertos, uma capacidade extraordinária de conquistar admiradores e, portanto, votos, e uma disposição infinita para enfrentar desafios. Ele é um dínamo.

Na geleia geral, Huck ainda é o melhor novo nome da atual corrida e tem condições de fazer uma campanha não populista, com uma agenda real sem promessas vãs nem dribles em assuntos com os quais não quer se comprometer para ficar livre e fazer o contrário quando no governo.

Sua decisão final, pela maturidade e autoconhecimento que vem demonstrando, dependerá da resposta interior à questão sobre se está pronto, do ponto de vista político, para fazer valer a pena a empreitada, não só para ganhar, como para governar. Uma vez decidido, é fechar o programa de TV e expor-se às feras.

O mordomo

Rodrigo Maia está há muito tempo tentando fazer um seguro de garantia que liberte a Câmara Federal de culpa pela não aprovação da reforma da Previdência, como se isso fosse possível. Fica irritado quando inquirido sobre o assunto, toma a iniciativa de livrar a cara de deputados no caso de a Previdência Social quebrar se não sofrer mudanças radicais. Seria esclarecedor se complementasse seu raciocínio com explicações sobre de quem acha que é a culpa pela derrota da reforma cuja aprovação, no momento, é atribuição dos deputados federais.

O substituto

O PT de bom senso começa a considerar um terceiro nome para substituir Lula na disputa presidencial de outubro próximo: Patrus Ananias. Jaques Wagner e Fernando Haddad estiveram em cargos e atuaram muito próximos ao esquema de financiamento de campanha coordenado pelo partido e agora sub judice.

Patrus, não, foi tocado de raspão apenas numa delação da Odebrecht, e nada mais. É leve, nos governos petistas trabalhou com assistencialismo, é conhecido do público do Bolsa Família, o eleitorado cativo de Lula que não é necessariamente o do PT. Tem fama de santo, e parece. Não tem perfil para vencer, mas seria nome ideal para fazer bancada ampla, puxando a votação.

Ele toparia, imagina-se. Não está também envolvido com o governo petista de Minas, processado judicialmente. Com ele, é possível o PT dizer ao eleitorado de Lula: não tem o que você quer, mas este é quem melhor o substitui para atender suas necessidades.
Herculano
07/02/2018 10:56
MUNDO, MUNDO, ESTRANHO MUNDO, por Carlos Brickmann

- Anúncio de página inteira da Odebrecht nos jornais deste domingo:

"9 das 110 maiores empresas do Brasil tiraram a nota máxima na transparência de Programa Anticorrupção. A Odebrecht é uma delas."

Caro leitor, imagine as empresas que não estão nem entre elas.

- O novo presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador Manoel Pereira Calças, disse em seu discurso de posse que devemos cuidar da ética na sociedade. "A ética a ser observada nas três esferas de Poder passa a constituir a pedra angular e perene, precisa ser impressa na mente de nossa juventude". Fora do discurso, em entrevista, Calças defendeu o auxílio-moradia para juízes que já têm onde morar, inclusive ele mesmo - que, segundo disse, possui mais de um imóvel - e acha que é pequeno.

- Depois de 45 dias de férias (calma, caro leitor: não imagine que Nossas Excelências vão morrer de tanto trabalhar. Em julho há folga de mais 30 dias, e depois disso vêm as férias informais, o "recesso branco", para que possam se dedicar à campanha eleitoral), o Congresso retomou as atividades. Mas sem exageros: dos 513 deputados, compareceram 65. O trabalho normal só recomeça depois do Carnaval, no dia 20, ou talvez 21.

- A bancada de apoio a Temer, aquela que ganhou cargos e ministérios, tem 346 deputados. A reforma da Previdência precisa de 308, mas ninguém tem certeza da aprovação. Talvez haja quem queira algo mais para votar.

A CONTAGEM

Os comandantes da luta pela reforma calculam ter entre 250 e 270 votos. Esperam conseguir os restantes com apoio de governadores aliados, hoje alheios ao problema, mas que talvez se mexam em troca de bons acordos.

LULA LÁ

Encerrados, em mais um ou dois meses, os recursos possíveis no TRF-4, que condenou Lula em segunda instância, o ex-presidente poderá ser preso?
No Brasil é difícil prever até o passado, quanto mais o futuro. Mas o Supremo determinou ontem a prisão imediata do deputado federal João Rodrigues (PSD-Santa Catarina), condenado em segunda instância. É caso igual ao de Lula, condenado em primeira instância, e que teve a sentença confirmada, com pena maior, em segunda instância, também no TRF-4.

COMO ERA, COMO É

Até 2017, um condenado só podia ser preso depois de derrotado em todos os recursos. Em outubro, o Supremo decidiu que condenados em segunda instância poderiam ser presos, mesmo podendo ainda apelar. A decisão foi tomada por pequena maioria, 6? - 5; e havia a possibilidade de que essa maioria fosse revertida. O caso de João Rodrigues mostra que essa maioria manteve o entendimento. E isso pode atingir o ex-presidente Lula.

NORMAL E ANORMAL

Este colunista jamais trabalhou para governos; o sistema de reembolsos a que está acostumado é o de empresas privadas. Quando um repórter viaja a serviço, é reembolsado por diárias (seu limite de gastos: se gastar menos guarda o excedente, se gastar mais fica com o prejuízo) ou na prestação de contas, de acordo com as notas fiscais e relatórios de despesas. Caso seja transferido de cidade, o habitual é que se combine um prazo para que ele se estabeleça. Nesse prazo recebe hospedagem (ou aluguel), e refeições. Pagar moradia a quem já tem onde morar é coisa típica da burocracia estatal.

INTERMINÁAAVEL

A discussão sobre auxílio-moradia já devia ter acabado faz tempo, desde o primeiro governo de Lula. Em 2005, Lula enviou ao Congresso o plano de reestruturação de carreira dos magistrados. Acabava com a gambiarra do auxílio-moradia (na época, R$ 12 mil), a não ser em caso de transferência para lugares distantes. Em troca, havia um belo aumento de salários, mais a reestruturação da carreira.

A ótima jornalista Helena Chagas acompanhou o processo e lembra que a questão só ressurgiu em 2014, quando o ministro Luiz Fux estendeu o auxílio a todos os magistrados, dele precisassem ou não. A despesa do Tesouro com esse item é de R$ 9 bilhões por ano.

COISA DE BÁRBAROS

A Justiça Federal autorizou a exportação de animais vivos para abate no Exterior. É a lei; mas é uma barbaridade, em termos humanitários, e uma besteira, em termos econômicos. A Minerva Foods está exportando 25 mil bois vivos para abate na Turquia. Não há como transportar tantos bois em boas condições. E, em termos econômicos, o correto seria abatê-los no Brasil, agregando valor à carne e economizando no transporte. Por que exportar matéria-prima e não produtos processados?

O argumento de que a islâmica Turquia quer abatê-los de acordo com o ritual religioso não se sustenta: o Brasil pode efetuar o correto abate hallal, fiscalizado por clérigos muçulmanos. Durante anos o Brasil exportou frangos abatidos de acordo com o ritual para a rigorosíssima Arábia Saudita. Terá esquecido?
Herculano
07/02/2018 10:49
UM SUSTO E UM ALERTA, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Pode ter sido só um susto, por enquanto, mas quem tem juízo, especialmente se for brasileiro, deve ter levado a sério a turbulência nos mercados nos últimos dias

Pode ter sido só um susto, por enquanto, mas quem tem juízo, especialmente se for brasileiro, deve ter levado a sério a turbulência nos mercados nos últimos dias. No mínimo, o tombo de várias bolsas e o sobe e desce de ontem valem como mais um aviso, desta vez muito mais difícil de ignorar. O quadro internacional, até agora luminoso e favorável às economias emergentes e em desenvolvimento, pode mudar em breve e converter-se num cenário de tormenta. Quando isso ocorrer, tanto pior para quem estiver despreparado, com as finanças públicas em desordem e os fundamentos econômicos vulneráveis a choques. Este é o caso do Brasil. O País escapou da recessão e voltou ao caminho do crescimento, mas com reformas apenas iniciadas e o ajuste das contas de governo ainda bem longe da conclusão. O impasse a respeito da Previdência é o mais forte sinal da vulnerabilidade brasileira.

Se as condições internacionais mudarem, o acesso ao financiamento ficará mais difícil, os fluxos de capital mudarão, o comércio global será prejudicado e as cotações dos produtos primários, muito importantes na pauta brasileira de exportações, serão quase certamente derrubadas.

Vários perigos foram invocados pelos especialistas para explicar a onda de preocupação nos mercados. Em vez de ser um fator de tranquilidade, a prosperidade americana, com vigoroso crescimento econômico e rápido aumento de empregos, foi incluída na conta dos sinais assustadores. Uma economia muito aquecida ?" é o argumento ?" será motivo para um aperto monetário mais forte. Os aumentos de juros pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, poderão ser quatro, neste ano, em vez dos três inicialmente previstos, segundo as especulações.

Segundo alguns analistas, a queda de cotações americanas na segunda-feira pode ter sido apenas o início de uma normalização dos mercados, depois de uma longa fase de valorização das ações. Isso pode ser verdade, mas o impulso de normalização pode perfeitamente combinar-se com os temores de uma reversão mais veloz da política monetária muito branda e expansionista.

O aquecimento da economia, no entanto, ocorre muito além das fronteiras americanas. O crescimento econômico na zona do euro tem sido maior que o previsto, disse na segunda-feira o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi. A declaração foi feita em discurso no Parlamento Europeu. O pronunciamento foi positivo e otimista quanto às perspectivas de expansão dos negócios e de estabilidade financeira. Mas o sucesso da política monetária do BCE pode traduzir-se numa inflação mais próxima de 2% e, em seguida, no abandono gradual da estratégia expansionista. Se isso se combinar com um aperto mais acentuado nos Estados Unidos, a fase eufórica dos mercados deverá acabar. Um dos desdobramentos poderá ser um forte ajuste nos preços de alguns ativos, supervalorizados durante anos de dinheiro fácil. Empresas muito endividadas também poderão encontrar dificuldades.

Algumas dessas advertências têm sido repetidas há uns dois anos, ou pouco mais, por economistas de instituições multilaterais. Numa linguagem mais branda, dirigentes do Banco Central do Brasil vêm alertando para o risco de mudança de um cenário externo até agora descrito, várias vezes, como benigno.

O Brasil estará entre os países mais afetados por uma reversão do quadro internacional, se o aperto for razoavelmente forte. A segurança proporcionada por cerca de US$ 380 bilhões de reservas poderá ser muito limitada, a depender de quanto piore o humor de investidores e financiadores. Não há como duvidar da urgência de ajustes mais amplos. A reforma da Previdência deve ser a primeira medida. A chamada base governista será mais que suficiente para garantir essa reforma, se os seus parlamentares se dispuserem a cumprir as obrigações de legisladores. Os efeitos de uma nova crise serão muito duros, especialmente para os mais pobres e mais desprotegidos. Um parlamentar deve ser capaz de entender esse dado evidente
Herculano
07/02/2018 10:48
SE QUISER, LULA JÁ PODE FUGIR, por Ricardo Noblat, na revista Veja

Sucessivas condenações desmancharão o discurso de vítima de um golpe

A Polícia Federal devolveu o passaporte de Lula que havia sido confiscado pela Justiça. E excluiu o nome dele do sistema de procurados e impedidos. Se quiser, pois, Lula está liberado para viajar o exterior e por lá permanecer até que sua sorte por aqui fique clara. Ou em definitivo caso não goste da sorte que venha a ter.

Em entrevista, ontem, a uma emissora de rádio do Recife, Lula desmentiu que pretenda fugir do país. E repetiu que será candidato à sucessão do presidente Michel Temer a não ser que acabe barrado injustamente. Disse não acreditar que será preso e nem temer a prisão. Quando nada porque foi preso na época da ditadura militar.

Há aí uma diferença que Lula jamais admitirá. Ele pode se vangloriar de ter sido preso político quando em 1980 ficou retido por 30 dias em uma cela da Delegacia de Ordem Política e Social, em São Paulo. Foi bem tratado por seu carcereiro, o delegado Romeu Tuma, depois senador e seu aliado político. E até driblou uma greve de fome chupando balinhas.

Uma vez que seja preso agora, ele ostentará a condição de político preso, acusado de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro no processo do tríplex do Guarujá. Nada haverá de glamoroso nisso, pelo contrário. Terá sido apenas mais um, embora o mais ilustre, dos políticos e empresários condenados e presos pela Lava Jato.

Poderá encontrar abrigo no estrangeiro ?" na Bolívia, Venezuela ou Cuba com toda certeza, escapando assim de cumprir pena em Curitiba ou em São Paulo. Mas seu discurso de que foi vítima de perseguição no Brasil e de um golpe que começou com a derrubada da ex-presidente Dilma Rousseff, será corroído por futuras e prováveis novas condenações.

Sim, mesmo no exílio, Lula continuará sendo processado aqui. E os que lá fora o recepcionarão com entusiasmo e pena, por fim o abandonarão ao se convencer que se trata de um preso comum, condenado por crimes comuns como ocultação de patrimônio, enriquecimento ilícito e coisas assim. Um bandido comum como tantos outros.

O que leva as pessoas a se tornarem criminosas, salvo em casos passionais, é a certeza que têm de que escaparão impunes. O que a Lava Jato, pelo menos em Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro está mostrando, é que ricos e poderosos perderam o privilégio da impunidade. Claro, eles ainda poderão ser salvos pelo Supremo Tribunal Federal. A ver.
Herculano
07/02/2018 10:46
TIC, TAC - JURO SUBIRÁ LÁ FORA, E POLÍTICOS NÃO SABE O TAMANHO DA ENCRENCA.por Alexandre Schwartsman, economista, ex-diretor do Banco Central, no jornal Folha de S. Paulo

Se caminhamos para taxas maiores nos países ricos, reformas ficam mais urgentes

Tivemos na semana passada a última reunião do Federal Reserve sob o comando de Janet Yellen, quando se decidiu pela manutenção dos juros básicos americanos entre 1,25% e 1,50% anual, sinalizando, porém, que a taxa subirá durante o ano, ainda que deva se manter abaixo do nível que, espera-se, prevalecerá no longo prazo.

Apesar da mensagem tranquilizadora, o mercado de títulos começa a mostrar preocupação: a taxa de juros para dez anos, talvez a mais importante do sistema solar, subiu de algo como 2,5% ao ano para pouco mais de 2,8% anuais do começo de janeiro para cá, o nível mais elevado desde o observado no fim de 2014.

Não se trata, à primeira vista, de um grande movimento e, para falar a verdade, é ainda um nível historicamente baixo (para os mais curiosos, a série desde 1953 pode ser vista aqui, mas já foi suficiente para afetar não só o dólar no Brasil mas as Bolsas em todo o mundo, que sofreram forte queda.

O fato é que os dados mostram a economia americana crescendo na casa de 2% a 2,5% ao ano desde 2010, suficiente para reduzir de modo persistente a taxa de desemprego, que caiu de 10% ao final de 2009 para 4,1% nos últimos quatro meses, nível que parece representar o pleno emprego naquele país.

Apesar de outras medidas (mais amplas) de desemprego sugerirem a possibilidade de alguma folga escondida no mercado de trabalho americano, tal folga, se existir, também não é das maiores. Não por acaso, o salário médio por hora subiu quase 3% em janeiro deste ano, o ritmo mais forte desde junho de 2009. De forma consistente, as projeções no mercado de títulos para a inflação subiram para pouco mais de 2% ao ano no horizonte de dez anos.

É bom deixar claro que não estamos falando de gigantesca aceleração inflacionária; no entanto, na comparação com os últimos anos, período em que salários não pressionaram a inflação, trata-se de uma dinâmica visivelmente distinta.

O receio, portanto, do mercado de renda fixa, que se exprime na forma de juros mais elevados, parece refletir a percepção de que a reação da política monetária terá que ser um tanto mais rápida, e mais vigorosa, do que as três elevações de 0,25% que se imaginavam como o cenário mais provável para 2018.

Esse risco se agrava na presença do estímulo proveniente do corte de impostos aprovado no fim do ano passado, que deve elevar a demanda no curto prazo ainda mais rapidamente.

Até agora vivemos um momento muito particular da economia global: conjugamos crescimento forte e disseminado com liquidez abundante, que estimula a busca por taxas de retorno (e risco) mais elevadas.

O primeiro ajuda o desempenho das nossas exportações, portanto nosso equilíbrio externo; já a segunda tem anestesiado investidores no que se relaciona à paralisia reformista mesmo em face de um sério desequilíbrio fiscal no país.

É bom ter em mente que essa janela não permanecerá aberta indefinidamente. Se, de fato, estamos observando os primeiros movimentos da transição para um mundo mais normal, com taxas de juros mais elevadas nos países ricos, reformas se tornam ainda mais urgentes.

Pelo andar da carruagem, contudo, o mundo político ainda não se deu conta do tamanho da encrenca. Quando perceber, poderá ser tarde demais.
Anônimo disse:
07/02/2018 10:14
Herculano, "ontem foi a primeira sessão da Câmara de Vereadores de Gaspar deste ano. O ex-presidente Ciro André Quintino, MDB, não estava. Ele preferiu ir a Florianópolis e assistir a 'posse' de Aldo Schneider, MDB, na presidência da Assembleia."
Só isso já é um forte motivo para não votar em Aldo Schneider.

E sobre o comentário de Roberto Sombrio, também soube da Febre Amarela em Barracão por Valdecir Lucchini (Dite).
Esta pessoa me falou que o Irineu estava tão amarelo que nos olhos era difícil distinguir a íris. Soube também que obteve alta (está em casa) mas continua mal de saúde.

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