Vingança pode ter sido o motivo para Gaspar romper unilateralmente o contrato com uma empresa idônea e com 51 anos no mercado de obras públicas - Jornal Cruzeiro do Vale

Vingança pode ter sido o motivo para Gaspar romper unilateralmente o contrato com uma empresa idônea e com 51 anos no mercado de obras públicas

04/05/2020

Outra vez a engenharia fiscal da prefeitura para o contrato da pavimentação da rua Frei Solano não foi depor na CPI. O que o governo Kleber insiste em esconder da comunidade?

Já está melado o relatório oficial da CPI. Os membros do governo (que são maioria na comissão) já pediram data para o relatório paralelo que eles próprios vão aprovar para enterrar o inquérito


Engenheiro da Engeplan foi depor na CPI das dúvidas nas obras de drenagem e pavimentação da Rua Frei Solano. Levou mais dúvidas sobre o procedimento da prefeitura na gestão das obras

Um Boletim de Ocorrência lavrado pelo encarregado e o fiscal de obras da empreiteira dando conta que um comissionado bem relacionado da prefeitura de Gaspar foi lá na Rua Frei Solano e levou embora dez carradas de saibro, sem pedir, sem negociar e pertencentes a Engeplan, pode ser o estopim do azedamento da relação dos políticos no poder de plantão com a empreiteira.

Foi isso, que se revelou entre outras, na reunião da CPI que colheu o depoimento do engenheiro Arnaldo Assunção, da Engeplan, à Comissão na Câmara de Gaspar. A CPI apura às supostas irregularidades na demorada obra de drenagem e pavimentação da Rua Frei Solano.

Apesar da insistência do vereador Cícero Giovane Amaro, PL, o engenheiro Arnaldo e o advogado que o acompanhava, afirmaram desconhecer o assunto e se surpreenderam com ele. Limitaram-se, entretanto, a reconhecer o BO e identificar como sendo da empresa e autores os trabalhadores das obras, seus empregados.

O depoimento do engenheiro foi um dos mais longos e reveladores.

Ele desnudou que a Engeplan foi emboscada numa armadilha ao ganhar na concorrência a obra em Gaspar. Sem ser informada e penalizada formalmente antes, teve o contrato rompido unilateralmente e dentro do cronograma físico-financeiro estabelecido pelo contrato, e nos realinhamentos que fez e documentou com a própria secretaria de Planejamento Territorial de Gaspar para acabar a obra.

Ou seja, a prefeitura fez um monte de provas contra ela própria.

Na Câmara, quando este assunto foi cobrado pelos vereadores da oposição e discutido nas sessões ordinárias, a Engeplan foi taxada pelo líder do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, o vereador Francisco Solano Anhaia, MDB, como uma empresa canalha, vagabunda, trapaceira, irresponsável e com um monte de processos entre outros adjetivos e acusações desqualificadoras, como justificativas para tirá-la de lá e livrar a cara da atual gestão.

“É duro ouvir isso”, retrucou Arnaldo ao ser apresentado às acusações em vídeo montado e mostrado pela CPI. É que as sessões da Câmara de Gaspar são gravadas.

“Nós temos 51 anos, nunca mudamos de CNPJ, e desde 1999 quando entrei na empresa, nunca ouvi falar que alguém tivesse rompido unilateralmente um contrato conosco por causa de problemas ou capacidade técnica. Conhecemos muito bem àquilo que fazemos”.

Pois é, a atual gestão foi capaz, mais uma vez, de desmoralizar e constranger quem possui currículo limpo para esconder sua incapacidade de realização. O poder de plantão é uma máquina de triturar a realidade em busca de votos. Eu por exemplo, já estou acostumado a isso.

Volto. Devido a imprudência do pessoal liderado pelo prefeito Kleber, este assunto foi parar no âmbito administrativo e da Justiça. E lá vai render. E quem vai pagar mais por esta pesada conta serão os escassos impostos dos gasparenses. Eles estão faltando para obras, saúde, educação, transporte coletivo...

A prefeitura que tinha tanta pressa em terminar as obras não, estranhamente, pelo depoimento do engenheiro Arnaldo, não deu condição para isso. Agora, ela própria está executando, e a passo de tartaruga, numa contradição ao próprio motivo que alegou para romper e tirar a Engeplan de lá.

UMA EMPRESA QUE FEZ O PROLONGAMENTO DA HUMBERTO DE CAMPOS, EM BLUMENAU, E O NOVO ACESSO DO AEROPORTO DE FLORIANÓPOLIS, NÃO TERIA CONDIÇÕES DE PAVIMENTAR A FREI SOLANO EM GASPAR?

Foi a Engeplan, por exemplo, para ficar em dois exemplos recentes, que refez a Rua Humberto de Campos na parte que já existia, em meio a uma Oktoberfest, e a abriu até a Velha em Blumenau, superando as adversidades bem conhecidas de lá, incluindo um período muito chuvoso.

Igualmente, foi a Engeplan que fez o novo acesso do aeroporto de Florianópolis, em meio a dificuldades de desapropriações e falta de recursos liberados. E as entregou no prazo. Em Blumenau, afirmou o engenheiro Arnaldo, até entregou antes do prazo contratado.

Então por que ela não daria conta do recado em Gaspar, em algo muito simples e que estava dentro do cronograma?

Primeiro, a Engeplan alega que recebeu a obra em desacordo com o projeto. Isso já foi amplamente debatido aqui e é de conhecimento de toda a cidade. Aliás, isso é um dos principais motivos da CPI.

Por isso, a Engeplan teve que esperar o alteamento das caixas de inspeções feitas pela prefeitura e por outra empreiteira (CR Artefatos de Cimentos). Teve que esperar as mudanças de bueiros que estava fora do projeto que ela deveria executar na pavimentação.

Impressionante. Instalada no canteiro de obras, a Engeplan descobriu que as jazidas de materiais para aterros indicadas pela prefeitura no próprio projeto e contrato se negaram a fornecer o material, mesmo oferecendo pagamento por eles.

E se isso não fosse suficiente, os bota-foras também indicados pelo projeto e contrato não existiam para tal. E para complicar, a Engeplan pediu ajuda da Ditran para coordenar o fechamento de parte da rua visando a execução do serviço e do ofício que enviou, ela nunca recebeu uma resposta sequer.

Esta sequência, por si só, mostra como a prefeitura trabalhou contra a empreiteira, de forma proposital. E isso, é muito grave.

“Seguimos o que a engenheira fiscal da prefeitura nos pediu, inclusive nas interrupções para a correção dos serviços feitos pelas empresas que nos antecederam”, disse Arnaldo se referindo a Mariana Andreazza Bernardi Diehl. “Cumprimos tudo o que foi acertado nas reuniões com a secretaria, referindo-se a de Planejamento Territorial e a de Obras e Serviços Urbanos. Estranhos a decisão da prefeitura”.

“Setembro, outubro e novembro foram meses de muita chuva, sem contar que ficamos parados um mês por conta dos ajustes físicos em função dos erros dos outros. Só ai entramos na obras.

Contratualmente tínhamos oito meses (a partir de 25 de julho 2019) para a execução e mesmo com todas dificuldades, estávamos com 49% da obra executada e 35% do financeiro em dia quando fomos tirados de lá (novembro de 2019)”, retratou sinteticamente o engenheiro durante o depoimento dele a CPI para mostrar o tamanho da suposta injustiça e dúvidas que ficaram sobre esse rompimento unilateral da prefeitura com a Engeplan.

Foi um dos depoimentos mais reveladores na CPI. Não pelas dúvidas de execução, mas pelo procedimento. O depoimento, mostrou, claramente, como funciona a máquina do governo Kleber de desqualificar gente qualificada, mas que não está babando o ovo no grupo seleto do governo de plantão.

A ESPERA DE MARIANA E DO RELATÓRIO PARALELO

A engenheira fiscal da prefeitura, Mariana, faltou pela segunda vez e desta vez nem justificou. Da primeira, alegou estar grávida, a pandemia e o risco que isso poderia causar a sua Saúde. A comissão vai tentar ouví-la na reunião extra desta quarta-feira, nem que seja por vídeo conferência. E se ainda houver dificuldades, fará as questões por escrito.

Mas, nesta altura do campeonato, o depoimento dela pouco é relevante diante de tudo que já se levantou, descobriu e como Kleber – como se tivesse muito a esconder - manobra para enterrar a CPI.

Até hoje, os membros do governo na CPI, Francisco Hostins Júnior, MDB, e Roberto Procópio de Souza, PDT, impediram o depoimento do engenheiro autor do projeto, e agora trabalham para que as inspeções “in loco” para se comprovar o que foi projetado, licitado, contratado, fiscalizado e pago, foi realmente executado. Estão divulgando de forma errada que se vai quebrar toda a obra e que este serviço vai custar milhões.

O líder de Kleber na Câmara, o mesmo que desqualificou pejorativamente a Engeplan, o vereador Anhaia, já avisou que tal inspeção vai ser cara, vai destruir a rua e pior, atrasar o que já está muito atrasado mesmo que seja para esclarecer o que ele tenta esconder no inquérito. Nega-se a necropsia do morto para diminuir as dúvidas.

E para completar, os que são leitores e leitoras desta coluna já estavam informados, há meses do possível desfecho desta CPI: um relatório paralelo onde nada vai se esclarecer.

Pedida pelo vereador Dionísio Luiz Bertoldi, PT, morador do Gasparinho e onde está a Frei Solano, ele foi surpreendido pela manobra dos que cercam Kleber para blindar o prefeito nesta questão.

Criaram o blocão (MDB, PSDB, PDT e PP) onde sacaram o suplente José Ademir de Moura do PSC para inscrevê-lo do PP e com essa manobra, indicaram dois dos quatro membros da CPI. Dionísio, por ser mais velho, devido ao empate, teve que obrigatoriamente assumir a presidência e a oposição ficou com apenas um voto, o do relator Cícero.

O relatório de Cícero, a não ser que ele vire a casaca, será rejeitado pelos vereadores de Kleber na CPI, mesmo diante de tantas evidências. É o jogo jogado e que adiantei aqui. Tanto que na quinta-feira passada, Hostins insistiu com Dionísio numa data para a apresentação de um relatório paralelo. Ou seja, o relatório d Cícero nem está no radar do governo Kleber.

Com o relatório paralelo, a CPI será enterrada no seu nascedouro, como anunciei. Nem irá a plenário, onde o governo possui novamente a maioria.

Dia 25 deste maio será o prazo fatal para tudo isso. E depois sou eu quem exagero. O meu exagero tem outro significado: esclarecimento dos meus leitores e leitoras. E esse é o temor dessa gente no poder de plantão para quem falta desconfiômetro, coerência e transparência.

E o que restará ao Cícero e ao Dionísio? Juntar a documentação, as gravações, os pareceres técnicos, o relatório do relator oficial e oferece-los ao Ministério Público, Gaeco e Tribunal de Contas.

E como o poder de plantão em Gaspar diz ter o corpo fechado, vai trabalhar que nada do que foi apurado e denunciado, tenha andamento nessas instituições. Nem mais, nem menos. E aqui, ao mesmo tempo, durante a campanha eleitoral, terão que lidar com os fantasmas levantados pela CPI das dúvidas das obras da Rua Frei Solano na boca da oposição. Acorda, Gaspar!

Hospital de Gaspar já possui UTI. E em tempo recorde. Essa não era a prioridade de Kleber para o seu governo. Era a bandeira da sua cria política, o vereador e médico Silvio Cleff (PP).

Ele virou adversário ao ser presidente da Câmara em 2018. Confrontou o grupo político no poder de plantão. Agora, Kleber assumiu a paternidade e está em campanha


Foto da montagem da UTI da primeira UTI do Hospital de Gaspar

O destino, se é que ele existe, é traiçoeiro com os políticos e seus discursos.

A UTI do Hospital de Gaspar – um hospital que ninguém sabe de quem é, um sugadouro de dinheiro público bom, endividado, sem prestação de contas à sociedade, que está sob a intervenção municipal desde a gestão de Pedro Celso Zuchi, PT, que no atual governo já teve quatro administrações diferentes e metido num ambiente de má imagem técnica - entrou há muito no radar dos gasparenses como bandeira política e profissional do médico cardiologista e vereador Silvio Cleffi, então no PSC; hoje está no PP.

A UTI foi “entregue” ontem, quando virou romaria para fotos de políticos, comissionados com o prefeito e um vídeo de propaganda do prefeito. Hoje, ele está apta para atender pacientes. A UTI foi projetada para dez – e não cinco leitos como queriam os “çabios do poder de plantão. Dez é um número para torná-la minimamente sustentável diante da equipe clínica e de suporte que ela precisa ter, para facilitar o reconhecimento governamental na compra de leitos. Ela entra na regulação estadual. O que quer dizer isso? Que vai atender os doentes da região, não só os de Gaspar.

Agora, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, e seu entorno estão comemorando este feito. Tudo errado. Virão discursos, viraram “pais” da criança. Farão lives, estão dando entrevistas sem perguntas, bem como vídeos para a propaganda eleitoral nas redes sociais e aplicativos de mensagens. Ainda, bem que neste estado de emergência não houve inauguração formal (aquelas com fitas e discursos). Ontem os políticos estiveram na UTI para fotos, entrevistas, vídeos...

Foi o destino, se é que ele existe. A Covid-19, é, verdadeiramente, que obrigou os políticos a repensarem suas atitudes em Gaspar a respeito da UTI para o Hospital. Simples assim e estão desafiados a me desmentirem.

Por que Kleber e o prefeito de fato - secretário da poderosa da secretaria de Fazenda e Gestão Administrativa, advogado Carlos Roberto Pereira, presidente do MDB, ex-coodenador de campanha de Kleber, que se exilou como titular da secretaria da Saúde quando Silvio se tornou presidente da Câmara e deu maioria à oposição e hoje interinamente na Saúde - eram contra essa ideia da UTI no Hospital?

UMA UTI QUE NASCEU DA EMERGÊNCIA DA REALIDADE E NÃO DO PLANEJAMENTO DE GOVERNO

Entre outras, a da mesquinhez. É que esta era bandeira de realização profissional e política do cardiologista do Silvio, uma cria política de Kleber e que no entender do poder de plantão, virou traidor. Nem mais, nem menos.

De verdade? Quase ninguém no governo Kleber estava olhando à real necessidade da comunidade, do Hospital, da Saúde Pública e dos mais vulneráveis do município. A desculpa oficial, todavia, se disfarçava ao público.

Argumentava-se que antes da UTI, era preciso melhorar e equipar o Pronto Atendimento, onde as pessoas ainda agonizam em muitos casos e alguns deles relatados no portal Cruzeiro do Vale por longo tempo.

Enquanto isso, o trator do poder plantão liderado pelo MDB, PP, PSDB e PDT não perdoava Silvio e o encurralava para sair da oposição, voltar para o seu ninho e lá ficar sob as rédeas curtas, como está agora.

Querem mais uma do jogo político, onde a Saúde pública é parte desse jogo? Recentemente, Silvio propôs que o desconto do IPTU de Gaspar para os que pagam à vista, fosse revertido para um fundo municipal. Era para se montar uma UTI no Hospital. Os dois projetos se enrolaram na Câmara, onde a oposição e apoio a Silvio não era mais a maioria.

Depois de cozinhar o assunto e quando ele começava a ganhar conotações contra o governo, esses projetos foram aprovados pela unanimidade dos vereadores. Entretanto, com a ressalva de que os recursos obtidos para esse “fundo”, antes deveriam ir para o Pronto Atendimento.

Quando veio o IPTU deste ano, a prefeitura de Gaspar “esqueceu” que essa possibilidade de doação dos gasparenses para o seu Hospital era possível. Não fez nenhuma campanha num governo movido pelo marketing e a propaganda política; não fez nenhum esclarecimento; não estimulou e não fez nenhuma facilitação à doação. Mais do que isso: até hoje não se sabe quanto se arrecadou e quanto está nesse fundo. Vergonha!

E por que disso? Porque o sucesso da arrecadação não seria da cidade, de Kleber para usar em vídeos e na campanha eleitoral, mas de Silvio. Simples assim! E por que? Porque o governo Kleber é uma cara máquina eleitoral de reeleição.

Agora UTI – um patinho feito do governo Kleber - nasceu do dia para a noite.

E a desculpa é a Covid-19. Kleber mudou de ideia? Mudou! E por que? Porque a UTI terá outra paternidade (a Covid e não a ideia de Sílvio que até ajudou na montagem e está escondido); porque se o governo de Gaspar não corresse atrás desse assunto, perderia à janela de oportunidade permitido pela calamidade; pior, na campanha eleitoral, no discurso oposicionista, Kleber poderia sobrar, mais uma vez, como inepto e insensível, como se indica o que se ouve pela cidade.

Antes de prosseguir, uma pergunta que não quer calar: se o Pronto Atendimento do Hospital era o foco de problemas e exigia soluções antes da UTI, por que agora, isso deixou de ser prioridade no discurso, na desculpa e na ação?

É que no ambiente político também houve mudanças. Silvio não resistiu na sua aventura oposicionista e foi enquadrado pelo poder de plantão.

Concluindo: o político Silvio Cleffi está de volta ao ninho que o embalou na política. Mais do que isso: está contido, cumprindo a quarentena do castigo. Resignado, o evangélico de mesmo templo de Kleber e entendeu melhor o que é ser filho pródigo.

Silvio se desfiliou do nanico PSC e foi parar no PP do vice-prefeito e do mais longevo dos vereadores José Hilário Melato, que na coligação – permitida, então - só se elegeu graças aos votos de Silvio. Sílvio se diz decepcionado com a política, mas é um servo. Como cardiologista deu pitacos na montagem da UTI e vai trabalhar nela. Como político, está de novo nas mãos de Kleber, de Carlos Roberto Pereira, de Melato...

E se não fizer o que eles quiserem, vai perder as oportunidades políticas e profissionais como já aconteceu anteriormente. Acorda, Gaspar!

LIVE DO BEM EM ALGUMAS NOTAS

1. A “Live do Bem” realizada no dia Primeiro de Maio para o Hospital de Gaspar arrecadou em torno de R$530 mil. Um sucesso para algo desacreditado, sem transparência e em ambiente em crise econômica. É para comemorar. E muito.

2. Mais uma vez, a metade desse total, veio da Bunge e do ex-prefeito e empresário Osvaldo Schneider (que doou um terreno) arrematado por Carlos Schmitt (Ceramifix). E olhando a lista de doadores, parece que eles são os mesmos ontem e hoje. Quando faltarem, será temerária promoções idênticas.

3. Arrecadou-se mais cinco barris de chope, comes e local para os organizadores comemorarem. Como estamos em Covid-19, por que não converter isso em doação para o próprio Hospital? Esta é a causa.

4. O sucesso de verdade dessa promoção não é apenas a divulgação do resultado do que foi arrecadado, um ato elogiável de transparência, mas como foi de fato será aplicado cada centavo doado. Isso não é transparência, mas respeito à comunidade. É o gesto da credibilidade para outras promoções desse tipo.

5. O arrecadado foi para uma conta da Acig. Estranho? É que se fosse para a conta do Hospital, tudo iria direto para os credores e gente que processa o Hospital– e que não são poucos cobrando tudo na Justiça. Só este fato, por si só, mostra à fragilidade do Hospital e a má gestão que o compromete. Que fase!

6. E o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, apareceu nas redes sociais como repórter de si mesmo agradecendo aos doadores, dando a entender que teve alguma coisa a ver com esta boa iniciativa e que agora tem muitos pais, engravatados. Meu Deus!

7. O que Kleber não fez? Foi o de anunciar quanto os gasparenses que pagaram IPTU a vista, ao invés de ficarem com o desconto, doaram para o Hospital. Esta informação ele e sua equipe na secretaria da Fazenda, cujo titular é interino da Saúde, Carlos Roberto Pereira, escondem da cidade há quase dois meses. Então... Acorda, Gaspar!

Os vereadores resistem a diminuírem os seus salários por dois meses para simbolicamente contribuírem com a crise de arrecadação oriunda da pandemia. Proposta neste sentido ganhou parecer de inconstitucionalidade e ares de confusão.

Será mais fácil aumentar os salários deles para a partir do ano que vem


O autor da ideia e presidente da Comissão de Legislação, Roberto Procópio de Souza, PDT (a esquerda) estão em conflito diante da constitucionalidade da proposta. O Relator Geral Dionísio Luiz Bertoldi, PT (ao centro) já deu parecer favorável e provocou saia justa. O presidente da casa, Ciro André Quintino, MDB, (a direita) assiste o debate.

Eu já tinha antecipado na coluna de segunda-feira passada a estrovenga e o desconforto dos políticos o que se escondia nos bastidores no artigo sob o título: “para aumentar os seus ganhos, vereadores são rápidos. Já para diminuí-los e contribuir simbolicamente para atenuar a crise...”

O vereador Roberto Procópio de Souza, PDT, colocou na Câmara dois Projetos de Resolução: um para diminuir apenas 20%, por apenas dois meses os salários dos vereadores de Gaspar como parte do sacrifício para a crise econômica provocada pelo novo coronavírus. Outro impede o pagamento de diárias para servidores e vereadores até 31 de dezembro.

Para reajustar os mesmos salários, a matéria foi aceita, tramitou e foi aprovada em seis dias nas comissões e plenário na última sessão antes da Covid-19.

Para diminuir, mesmo que temporariamente, as propostas estão se enrolando há quase um mês, e só agora foi parar na Comissão de Constituição e Justiça, porque em um deles, que possui o vereador, Dionísio Luiz Bertoldi, PT, como relator geral, deu parecer favorável e botou lenha nessa fogueira do faz de conta entre os vereadores.

E por que? No artigo da semana passada, contei-lhes que os demais vereadores da base governamental estavam enciumados com a atitude isolada de Roberto.

Neste eu lhes relato que é muito mais do que isso, além do que a base – onde está atualmente o próprio Roberto - pensa que nesta história quem está exposto é o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB. Ele, está sendo aconselhado por seus “çabios” a relutar em baixar simbolicamente o seu salário de R$27.356,69 – um dos mais altos de Santa Catarina. E se os vereadores baixarem, Kleber estaria exposto.

DOIS PROJETOS SÃO INCONSTITUCIONAIS E COM VÍCIOS DE ORIGEM?

É que um parecer da assessoria jurídica da Câmara diz que ambos os projetos são inconstitucionais. Primeiro, quem deveria propor era a mesa da Câmara. Ou seja, se a mesa da Câmara quisesse realmente corrigir este erro de procedimento, já teria feito. O presidente Ciro André Quintino, MDB, e os demais membros estão assistindo. Esperam uma acomodação e que esta coluna se canse dele.

E depois o parecer diz que é inconstitucional. Mais uma vez, o gesto unânime dos vereadores venceria esta barreira formal. Se ela persiste, é porque tem vereador que não quer diminuir o seu salário, ou quer usar as verbas de diárias, principalmente quem vai todas as semanas a Florianópolis. Quer se escudar na lei para não avançar no gesto do sacrifício.

Depois da coluna de segunda-feira, forçadamente, o assunto foi parar na Comissão de Legislação, Justiça, Cidadania e Redação e que é presidida nada mais, nada menos do que o autor das propostas, o vereador Roberto.

Ele é advogado, teria feito algo sem olhar adequadamente à constitucionalidade da proposta e só para aparecer, como acusam parte do governo Kleber e alguns de seus colegas na Câmara? Pelo sim, pelo não, Roberto levou serviço para casa neste final de semana, depois do parecer favorável provocativo de Dionísio e que fez o assunto andar no Legislativo.

Estão na comissão de Legislação, além de Roberto e Dionísio, Rui Carlos Deschamps, PT, Franciele Daine Back, PSDB e Francisco Hostins Júnior, MDB. O que se reluta não é bem pela inconstitucionalidade do projeto, que a unanimidade da iniciativa referendaria tal iniciativa, mas um jogo político para blindar o prefeito a não diminuir temporariamente o salário dele e dos vereadores da base de Kleber.

E para encerrar. É inconstitucional para a Câmara de Gaspar? Em outros municípios, poucos é verdade, porque os políticos lutam contra, não. Mas, em São Paulo, a Assembleia Legislativa, avançou muito mais do que a simples redução de salários e restrições temporárias para diária

Segundo texto do jornal Folha de S. Paulo.

1. A Assembleia também doará ao Poder Executivo 80% do seu fundo de despesa, cerca de R$ 55 milhões, e revisará seus contratos e outras despesas administrativas em até 40%. Além disso, a Casa já havia devolvido ao governo João Doria (PSDB) 7% do seu Orçamento de 2020, o que equivale a R$ 89 milhões.

2. Em relação aos funcionários da Casa, fica suspenso o pagamento da licença prêmio em dinheiro e há redução de salário para parte dos comissionados (que são 2.561 no total). O sindicato dos servidores da Assembleia (Sindalesp) já indicou que vai à Justiça contra esse corte no salário.

3. A versão do projeto aprovada nesta quinta não prevê cortes para quem recebe abaixo do teto do INSS (R$ 6,1 mil). Aqueles que recebem mais do que isso e até 10 salários mínimos (R$ 10,5 mil) terão corte de 10%. Os que ganham ainda acima disso, de 20%.

4. O texto aprovado, determina que o salário dos deputados, de cerca de R$ 25 mil, seja reduzido em 30%. Também corta a verba de gabinete dos parlamentares (de R$ 34,5 mil, usada para passagens, hospedagem, gráficas, aluguel de imóveis e de veículos, consultorias) em 40%.
Ou seja, a suposta inconstitucionalidade de lá foi superada em nome de uma nova situação econômica crítica que é sustentada pelos pagadores de pesados impostos que estão perdendo empregos, falindo e até não tendo como ganhar qualquer tipo de provendo na informalidade.

É de se lembrar que neste ano, os vereadores podem propor aumento dos salários na Câmara para a próxima legislatura. No momento é um assunto proibido, mas que circula.

Ninguém quer se rotular. Depois das eleições, com tudo resolvido, e conhecido os resultados das urnas de outubro, ele será posto e todos enfrentarão à indignação popular. Também simples, assim. Acorda, Gaspar!

Não tem jeito.

A rua Vidal Flávio Dias, no Belchior Baixo, em Gaspar, está sem carro pipa há 15 dias.

Virá só perto das eleições


A Vidal Flávio Dias é usada não só pelos moradores e empresas da região, mas para desvio da BR-470 quando ela está interditada

"Estamos rezando para chover", diz uma mensagem no aplicativo de mensagens acompanhada de filmes e fotos desoladores que dizem mais do que os relatos. A mensagem indignada e desesperada é de um morador da Rua Vidal Flávio Dias, no Belchior Baixo, em Gaspar. Talvez São Pedro atenda a partir de hoje, se a previsão meteorológica estiver certa.

É que há 15 dias, o carro-pipa que deveria passar por lá, no mínimo duas vezes por dia, não faz mais esse itinerário. E a poeira come solta. E não é pouca.

Depois de falarem por dias com a Superintendência do Distrito do Belchior, governada pelo PSDB com Anderson Reinert, os moradores de lá descobriram que o contrato que a prefeitura mantinha com um terceiro para se fazer este serviço, foi encerrado. Agora, depois de pressão, só na terça-feira, depois da chuva é que, possivelmente, a prefeitura e a superintendência vão montar uma nova solução provisória.

Ela, de verdade, só virá às vésperas da eleição. É sempre assim. A Vidal Flávio Dias já deveria estar asfaltada, e com a ajuda dos empresários que transformaram a região num distrito logístico em função dessa promessa.

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, depois de prometê-la, esperou os empresários investirem lá e mudou a prioridade. E por vingança as atitudes dos vereadores da oposição, como revelou em discursos na Câmara, o próprio líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB. Nem mais, nem menos. Acorda, Gaspar!

TRAPICHE

Se a Câmara Federal aprovar hoje, ou amanhã, e se o Brasil não pegar fogo antes, o que o Senado decidiu no sábado à noite, Gaspar vai ter em seu caixa mais R$9.470.773,87 e Ilhota R$1.928.997,50 como compensação pela perda de arrecadação e para investir no combate a Covid-19. Ulalá.

O empresário Osnildo Moreira, está colocando o dedo na ferida com seus micro-vídeos de dúvidas daquilo que se faz em Gaspar. Eles valem e são muito mais eficazes do que os meus longos textões explicativos desta coluna.

Quando as coisas pegam, não há marqueteiro que dê conta, nem mesmo esses tabuladores de pesquisas que inventam remédios contra a Covid-19 para político aplicar em analfabetos, ignorantes e desinformados.

Os bolsonaristas de Gaspar e Ilhota estão apreensivos. Mandetta era um fanfarrão e as mortes pela Covid-19 aumentaram depois dele; Moro é um traidor, só porque não quer ser chamado de mentiroso e ficar calado com a acusação infantil; e para completar, o Centrão o que mais roubou com o PT será o suporte do presidente.

Uma verdade inconveniente e que mostra a necessidade de se fiscalizar e denunciar: circula um meme nas redes sociais e aplicativos de mensagens com a seguinte reflexão: “o pico da corrupção será entre os dias 10 de abril e 31 de maio, compras sem licitações e farra dos preços abusivos. Depois a curva se achata e volta a corrupção normal”

Depois das obras, a corrupção que mais some com os pesados impostos dos brasileiros é na área de saúde. Ela usa a emergência e a especificidade de remédios, procedimentos e materiais para camuflar o roubo. Isso quando diz ter uma qualidade e vem outra bem aquém. E não é de hoje.

Coisa triste. O ex-secretário de Assistência Social de Gaspar, Santiago Martin Navia – do MDB ele saiu – acaba de dizer que o gasparense está sem transporte coletivo porque o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, estendeu o decreto que proíbe a circulação de ônibus.

Navia, que fez uma administração política e desastrada na sua secretaria, trata todos os gasparenses como tolos. Tudo para defender o seu chefe Kleber Edson Wan Dall, MDB.

Ambos deveriam agradecer ao governador pela ampliação do decreto. É que se hoje o decreto perdesse a validade, os trabalhadores, desempregados e estudantes gasparenses não teriam transporte coletivo.

A empresa que fazia isso precariamente por aqui, a Caturani, desempregou todo mundo e foi embora. E na licitação do ano passado, cheia de exigências malucas como revelei aqui – o único -, ninguém apareceu. Era uma licitação do século 20, em pleno 21. Esclarecido? A prefeitura queria um monte de dinheiro para ela. Agora, vai ter que meter a mão no bolso para fazer o serviço.

Navia deveria ir ao apartamento de Marlei Correia de Lima, envolvida em problemas sociais, saúde e de vulnerabilidade graves de toda a ordem. É só olhar nas suas fichas na secretaria. Ela mora no residencial Milano. O caso Marlei é resultado do trabalho de Navia na secretaria. Ele a esquece porque ela não serve para ser cabo eleitoral.

No dia dois de maio do ano passado, repito, ano passado, Marlei procurou a Assistência Social. No dia sete foi beneficiada – porque supostamente teria direito e depois de análise criteriosa para esses casos - com o cartão R$150,00. Relatou que estava sem comida, sem remédios obrigatórios que usa, com luz e água cortados. Em 15 de agosto, os problemas eram os mesmos. Foi se virando, por esmola e pidedade, nos problemas e na sobrevivência.

No dia 18 de fevereiro deste ano, Marlei pediu o “auxilio cidadão”. É informada que ele já tinha acabado. Em 26 de março, ela pediu e recebeu R$90,00. Foi para a comida, remédios, luz, água... segundo ela. Esses R$90 são para 30 dias. E a visita agendada no passado pela Assistência Social para o CRAS ir à casa de Marlei e diagnosticá-la, tecnicamente? Até hoje não aconteceu.

Marlei é o retrato daquilo que Navia chama de ponto fora da curva da sua a administração exemplar na secretaria de Assistência Social e que pensa em transformar em votos. Talvez, agora, diante de dilemas, ele possa resolver o que não fez quando titular da secretaria. Meu Deus!

A deputada Federal Carmem Zanotto, do Cidadania, foi convidada pelo governador Carlos Moisés da Silva, PSL, para assumir à titularidade da secretaria de Saúde. Interessante. Carmem Zanotto é cria do ajuste de proteção do ex-governador Luiz Henrique da Silveira, MDB. Uma pergunta que não quer calar: Moisés não foi eleito, para mudar tudo isso?

E tem mais. Ser policial não é um atestado de idoneidade. Ser militar não é certeza de incorruptível. Ser bombeiro não significa ser um gestor público, apesar de entender e ser treinado para a gestão de situações emergenciais, crises e calamidade.

Mas, ser médico, pode sinalizar entender minimante do assunto no ambiente de secretaria estadual de Saúde para não ser enganado. Então...E ainda mais quando se diz entender administrativamente desse riscado. Agora policial, militar e bombeiro em política e poder corre alto risco de manchar a instituição. É histórico. E não é de hoje. Homens erram e contrariam regras institucionais. Simples assim!

Em Santa Catarina, o oficialato dos Bombeiros Militares saiu em socorro da imagem não da corporação a que deveria estar protegida por seus membros ativos e da reserva, mas de um coronel da reserva, o governador Carlos Moisés da Silvas, PSL, e do seu ex-secretário da Saúde, o coronel da ativa e médico, Helton de Souza Zeferino.

Eles estão super-enrolados e devendo explicações aos catarinenses. E não é de hoje. Que fase!

Vamos combinar. O Jornal Nacional e outros mancheteiam que o Brasil possui mais mortos que a China e o Irã. Isso é um desrespeito não aos telespectadores, mas ao jornalismo. A China e Irã são autoritários e controlam as informações, estatísticas e impedem as checagens. Então não servem para comparação a ninguém.

Um hospital público não é um local de lucro, mas também não é um local de desperdício, má gestão, falta de transparência e palanque político. É um local para dar vida aos que estão fragilizados. Acorda, Gaspar!

 

Comentários

José Antônio
07/05/2020 19:11
Agora vai?????

Saiu: Sergio Moro (P.Guedes será o próximo) Entraram: Roberto Jefferson, Artur Lira, Maia, Alcolumbre, Ciro Nogueira, etc - só gente preocupada com o Brasil.

O sonho acabou!
Miguel José Teixeira
07/05/2020 18:53
Senhores,

A patética caminhada do "capita et caterva" ao STF remete-nos:

1) àquela anedota sobre os 2 portugueses que foram jogar tênis. Voltaram descalços. . .ou

2) foram buscar lã e voltaram tosqueados.

A sorte deles é que no percurso, não esbarraram com aquela lambisgóia enrolada na Bandeira Nacional!

Senão. . .
Herculano
07/05/2020 16:05
da série: o governo tinha uma tartaruga, agora terá uma lesma estatal falida para ajudar a tartaruga

Manchete do dia e do escárnio: Governo vai usar Correios para acelerar cadastramento no programa de auxílio emergencial

Beneficiários vêm enfrentando longas fila de espera nas agências da Caixa
Herculano
07/05/2020 16:03
da série: os poderosos e os governos de plantão detestam meios de comunicação de credibilidade. Isto é em Brasília, Florianópolis, Gaspar e Ilhota... Por isso, estimulam as redes sociais e aplicativos de mensagens infestados de fake news ao gosto do cliente.

FOLHA TEM RECORDE DE AUDIÊNCIA PELO SEGUNDO MÊS CONSECUTIVO COM CRISE POLÍTICA E CORONAVÍRUS

Em abril, foram 74 milhões de usuários e 177 milhões de visitas
Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. A Folha atingiu novos recordes de audiência em abril com a cobertura da pandemia de coronavírus e da crise política no governo Jair Bolsonaro.

No mês passado, 73,8 milhões de usuários únicos acessaram o site do jornal, acima do pico anterior de 69,8 milhões, obtido em março.

Outro recorde refere-se ao número de visitas, que chegou a 176,9 milhões, superando o registrado em outubro de 2018, mês das últimas eleições (164,8 milhões).

Os dados da Folha são registrados pela ferramenta Google Analytcs 360.

Já o número de visualizações de páginas, que indica quanto foi consumido pelos visitantes, chegou a 428,4 milhões nas plataformas digitais - o recorde, também de outubro de 2018, é de 471 milhões de acessos.

"O interesse pela informação confiável tem sido visto não apenas na audiência, seguidamente alta nas métricas diárias, mas no interesse em apoiar e assinar o jornalismo profissional", diz Sérgio Dávila, diretor de Redação do jornal.

Diferentemente de março, quando as notícias da Covid-19 dominaram a atenção dos leitores, em abril o noticiário deu espaço para mais uma crise política no governo.

A Folha foi o primeiro veículo a publicar, no dia 23, o pedido de demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça, fato confirmado no dia seguinte.

Na ocasião, políticos, blogueiros e militantes bolsonaristas acusaram o jornal de fake news nas redes sociais. Foram todos respondidos - o post inicial da thread "Não era fake news, era jornalismo" tornou-se o mais retuitado da história da Folha no Twitter.

O furo de reportagem, assinado pelo diretor da Sucursal de Brasília, Leandro Colon, resultou na notícia mais lida do mês. No topo do ranking, ela dividiu espaço com outras narrativas acerca do presidente.

E em meio ao aumento do número de mortos pelo coronavírus no Brasil, a Redação, que tem trabalhado de casa na quarentena, manteve a cobertura da pandemia com análises e dados exclusivos.

Reportagem do DeltaFolha, por exemplo, mostrou que com a aceleração dos casos de Covid-19, o Brasil tem tendência pior que Itália, Espanha e EUA.

Para contar aos leitores o que acontece dentro dos hospitais, os repórteres Patrícia Campos Mello e Eduardo Anizelli passaram três dias na unidade de terapia intensiva do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo. Centro de referência no tratamento de doenças infecciosas, o instituto está na linha de frente do combate ao novo coronavírus.

Em outra série especial, com capítulos novos a cada semana, Dhiego Maia e Karime Xavier mostram o trabalho de garis, motoristas, zeladores e entregadores, entre outros, os chamados Essenciais, profissionais que continuam nas ruas para que o paulistano possa estar em casa.

Nesse grupo estão médicos e profissionais da saúde, que motivaram em abril a criação da Folhamed, plano de assinatura com seis meses gratuitos de acesso à versão digital da Folha.

Todo o conteúdo de utilidade pública produzido, que ajuda o dia a dia dos brasileiros, com serviços sobre o auxílio emergencial, dúvidas práticas de saúde, desmentidos de fake news, continua disponibilizado gratuitamente, fora do paywall (sistema que restringe a leitura de usuários não-assinantes). Na lista já estão quase 200 textos.
Herculano
07/05/2020 15:36
O CONTRANGIMENTO, por Diogo Mainardi, de O Antagonista.

Um ministro do STF disse para O Globo que Jair Bolsonaro "tentou constranger o tribunal ao atravessar a Praça dos Três Poderes".

Segundo ele, "o ato foi uma tentativa de Bolsonaro de dividir com o Judiciário a responsabilidade por uma eventual recessão com o fechamento do comércio nas cidades. Esse ministro alertou que o Supremo não é um órgão de consulta prévia para validar ato do presidente, mas sim a instância que julga posteriormente a legalidade da medida, se for acionado para isso".
Herculano
07/05/2020 08:47
da série: um governo que vive da esperteza, mentira e bravatas, achando que todos são tolos ou gado

"AS GRAVAÇõES SÃO PONTUAIS E CURTAS"

Conteúdo de O Antagonista. O Palácio do Planalto deve dizer a Celso de Mello que não tem a íntegra do vídeo da reunião ministerial em que Jair Bolsonaro pressionou Sergio Moro.

Segundo o Estadão, o governo vai alegar que "as gravações são pontuais e curtas (...). Além da suposta pressão que o presidente Jair Bolsonaro teria feito sobre Moro para trocar o comando da PF, o vídeo também conteria o registro de um desentendimento entre os ministros da Economia, Paulo Guedes, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho."

A reportagem continua:

"A gravação está atualmente sob responsabilidade do secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten. Citado pelo site O Antagonista como o responsável por ter formatado o cartão de memória da reunião do dia 22, o chefe da assessoria especial da Presidência, Célio Faria Júnior, negou que tenha ficado com a gravação."

É bom avisar que Celso de Mello não vai comprar essa história.
Herculano
07/05/2020 08:42
da série: experiente em ouvir bandidos, dissimulados e forjadores de provas, o depoimento do ex-juiz e ministro da Justiça Sérgio Moro, comemorado como fraco pelos bolsonaristas fanáticos, incluindo os filhos doidos, está cozinhando o galo em fogo brando e que o governo já percebeu que pode virar um cozido de primeira

"O ôNUS DA PROVA ESTÁ COM BOLSONARO"

Conteúdo de O Antagonista. "Para assessores palacianos e para os militantes bolsonaristas, o depoimento de Sergio Moro nada provou contra o presidente", diz o Estadão, em editorial.

"No afã de defender o indefensável - a tentativa de ingerência na Polícia Federal, o que é inadmissível numa República -, os aduladores não percebem que o ônus da prova está com Bolsonaro, ou seja, é o presidente quem deve explicações consistentes, melhores do que as que tem regurgitado em suas irascíveis declarações, para ter causado tamanho tumulto em seu governo e no País, em meio a uma pandemia mortal, apenas para trocar um superintendente da Polícia Federal."
Herculano
07/05/2020 07:52
da série: ah se alguns municípios tivessem um vice assim

VICE-GOVERNADORA, SEM PARTIDO - ERA DO PSL E ESTÁ FORMANDO O ALIANÇA PELO BRASIL - O CALO DO GOVERNADOR CARLOS MOISÉS DA SILVA, PSL, ESTÁ PEDINDO A CABEÇA DO CHEFE DE GABINETE. AGORA É FÁCIL. TODOS SABIAM QUEM ELE ERA ANTES DE SER NOMEADO

Conteúdo do Facebook, da vice-governadora de Santa Catarina Daniela Cristina Reinehr

Em virtude dos recentes acontecimentos que culminaram com a renu?ncia do Secreta?rio de Estado da Sau?de, Helton Zeferino, originados na aquisic?a?o de 2 00 respiradores pulmonares junto a? empresa VEIGAMED, ao custo de R$ 33 milho?es, sem licitac?a?o e mediante pagamento antecipado, cuja entrega ate? o momento na?o se concretizou, venho a pu?blico, por esta Nota, declarar minha perplexidade.

Desde que me manifestei publicamente contra a contratação do hospital de campanha em Itajaí, diversos fatos vieram a? tona por meio da imprensa, com indicativos desfavoráveis ao Governo de Santa Catarina, o que emerge como natural a suspeição e a insegurança jurídica em todos os processos que visam à aquisição de material essencial, com ou sem licitação, no combate ao novo Coronavírus, pois a celeridade na?o pode ser responsável pela inobservância das normas vigentes.

Informo que manifestei minha indignação e oficiei, pela responsabilidade do cargo eletivo, ao Legislativo, ao Judiciário e demais órgãos de controle, clamando investigação acurada e, se for o caso, a punição dos responsáveis, em respeito aos princípios que regem a administração pública, zelando pelo controle de futuros processos, a fim de que os recursos públicos sejam aplicados com transparência e lisura, como determina a lei.

Por fim, solicitei ao Governador do Estado de Santa Catarina, que se digne a afastar do cargo de Chefe da Casa Civil, o Sr. Douglas Borba, citado até o momento como envolvido pela aquisição dos respiradores por servidora exonerada e pelo ex-Secretário de Saúde, para que as investigações sejam conduzidas com a imparcialidade que o fato exige.
Herculano
07/05/2020 07:43
JURO REAL DEVE IR A ZERO ATÉ JUNHO, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

Dúvida é saber se BC vai tomar alguma atitude com as taxas mais longas

O Banco Central disse na prática que a taxa real de juros básica vai a zero até junho, mês da próxima decisão sobre a Selic, afora a hipótese de novos choques dentro deste choque terrível da pandemia.

No atacadão do mercado de dinheiro, já está em 0,3% ao ano (taxa para negócios de um ano, descontada a inflação esperada nos próximos 12 meses). Ainda é muito.

Nesta quarta-feira (6), o BC reduziu a Selic de 3,75% para 3% ao ano. Afirmou em comunicado que, em junho, pode reduzi-la em outro tanto, no máximo, para até 2,25%, parando por aí, excetuada a hipótese de novos desastres.

E daí?

Nada disso vai mudar de modo notável a taxa de juros nos bancos. Não é disso que se trata, obviamente. A dúvida é saber se o BC vai enveredar pela grande novidade, no caso brasileiro, de comprar títulos do Tesouro a fim de achatar as taxas de juros de prazo mais longo, o que estará autorizado a fazer em breve, pelo Congresso.

Na teoria mais ou menos padrão, o BC poderia fazê-lo caso a Selic fosse a zero (em termos nominais, não a taxa real). Por ora, como visto, parece que não vai a zero. As taxas ditas longas, no entanto, deram um salto desde meados de março, com o pânico pandêmico.

Essas taxas balizam o custo de o governo financiar seus déficits e dívida. Definem também o piso do custo do dinheiro para negócios de prazo mais longo, o financiamento do investimento privado, por ainda vários meses um assunto congelado. Em suma, a dúvida é saber se o BC quis esses novos poderes apenas para ter uma arma na prateleira, em caso de ruína extra, ou se pretende tomar alguma atitude antes disso.

No mais, no curto prazo, a decisão do BC desta quarta-feira não era surpresa, ao menos para negociantes de dinheiro, embora seus colegas analistas ainda sugerissem queda de 0,5 ponto percentual, na maioria, em vez do 0,75. Francamente, é como discutir, dentro de um incêndio, se o fogo já torrou a carne ou se chegou no osso.

Muito analista argumentava que a redução adicional da diferença de juros entre o Brasil e os EUA provocaria ainda maior desvalorização do dólar. Mas a redução dessa diferença é quase nula. O dinheiro vai embora por puro medo, fuga de risco.

Essa discussão de décimos parece influenciada pelo fato de que a média dos ditos analistas parece otimista com a volta do crescimento em 2021 (e também da inflação).

Na mediana, esperam queda do PIB de 3,8% neste ano e alta de 3,2% em 2021 ?"tomara que estejam certos. Esperam inflação em 3,3% em 2021. Refizeram mesmo as contas ou simplesmente acreditam em IPCA perto da meta por inércia?

Economistas de bancões brasileiros acreditam que a taxa real de juros fica negativa até o fim de 2021, ao contrário da mediana dos seus colegas do mercado.

O comunicado do BC afirma também, como de costume, que a Selic baixa depende de reformas e de contenção da dívida pública: "A trajetória fiscal ao longo do próximo ano" e "a percepção sobre sua sustentabilidade", "serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo".

Hum. Não vamos saber quase nada das contas públicas antes do final do ano, excetuadas maluquices. Mal vamos saber do tamanho da recessão deste 2020 antes da primavera, sendo otimista de modo solar. Não temos ainda nem a menor ideia a respeito do controle do ritmo da epidemia.

O risco de esperar para ver, de modo convencional, é que a ação pode vir tarde demais. Não é o caso de agir à louca e às cegas, mas é preciso inventar maneiras novas para medir este desastre e seus efeitos.
Herculano
07/05/2020 07:40
da série:se a moda pega... e há dois pesos e duas medidas. Como o assunto ganhou publicidade se foi atrás de ações preventivas, mas há muita coisa solta, principalmente nos municípios, onde o Ministério Público está tonto, ou omisso.

JUSTIÇA DETERMINA BLOQUEIO DE ATÉ R$ 32,5 MILHõES EM BENS DO EX-SECRETÁRIO DE SAÚDE HELTON ZEFERINO, por Dagmara Spautz, de Balneário Camboriu, no NSC Total, Florianópolis SC

A juíza Ana Luisa Schmidt Ramos, da 1ª Vara da Fazenda Pública da Capital, determinou nesta quarta-feira (6) à noite a indisponibilidade de bens do ex-secretário de Estado da Saúde, Helton Zeferino, até o limite de R$ 32,5 milhões. A decisão foi tomada e resposta a uma ação movida pelo deputado estadual Bruno Souza, e também prevê o sequestro de imóveis e veículos que estiverem em nome da Veigamed, empresa que vendeu - e ainda não entregou ?" 200 respiradores para o Estado.
Na decisão, a juíza considera que já havia determinado o bloqueio de R$ 33 milhões (valor que corresponde à compra dos respiradores) das contas da Veigamed. No entanto, só estavam disponíveis R$ 483 mil. Diante disso, ela atende parte dos pedidos feitos nação.
Veja o que diz a decisão:

"Quando decretei a indisponibilidade dos valores - e agora a estendi aos bens - da Veigamed, visava garantir o ressarcimento ao erário fundada na premissa de que a empresa seria beneficiária do ato administrativo dito ilegal e recebeu, dos cofres públicos, R$ 33 milhões. Nada mais lógico que iniciar a busca pelos recursos públicos por aquele que, indiscutivelmente, os recebeu. Só que a medida se afigurou insuficiente, tendo sido bloqueada em suas contas apenas ínfima parcela daquilo que lhe foi pago - R$ 483.219,34. Necessário, então, ampliar a garantia, estendendo-a aos bens da pessoa apontada como responsável pela prática do ato lesivo. É aí que se chega ao réu Helton de Souza Zeferino, então Secretário de Estado da Saúde, agente público que assinou a Dispensa de Licitação".

A magistrada afirma que já se pode falar em "sumiço" de R$ 33 milhões no Estado, e relaciona uma série de suposta irregularidades que permearam a contratação da empresa. Entre elas, o pagamento antecipado sem garantias, e a escolha de uma microempresa, que não tem capital condizente com a venda que fez a Santa Catarina.

"Não sabemos como foi dada - e se foi dada - publicidade ao certame. Não temos notícias de como a Veigamed e suas questionáveis concorrentes (de idênticos endereços) acorreram à SES. Não há qualquer documento convocatório juntado aos autos para que pudéssemos averiguar se o pagamento antecipado já estaria previsto e avisado aos interessados em contratar com o Poder Público. Então não se pode dizer que a promessa de pagamento antecipado serviria a ampliar o universo de licitantes.E não há garantia. Não estou falando de garantias efetivas e idôneas à execução do contrato como invoca a doutrina. Não é disso que se trata. Não há, no caso dos autos, garantia at all".

Por fim, a magistrada ressalta que não há elementos que apontem no recebimento de alguma vantagem por parte de Helton de Souza Zeferino. "O que se sabe até o momento é que, a despeito da ilegalidade no procedimento licitatório, ele, na condição de Secretário de Estado da Saúde, assinou a Dispensa de Licitação n. 754/2020, permitindo com isso que se contratasse a empresa Veigamed". Em depoimento ao Gaeco, Helton Zeferino afirmou que o secretário de Estado da Casa Civil, Douglas Borba, teria indicado a Veigamed e pressionado por contrato. Douglas nega qualquer interferência no processo de aquisição dos equipamentos.
Herculano
07/05/2020 07:33
ARRANJO POLÍTICO QUE PERMITIU O CICLO DE REFORMAS SE PERDEU E PRECISA SE REPACTUADO, POR Fernando Schüler
Professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento. Foi diretor da Fundação Iberê Camargo, no jornal Folha de S. Paulo

Acerto ruiu pelas indefinições do governo e pelo crescimento da pauta corporativista no Congresso

O governo Bolsonaro anda de lado. Os sinais são óbvios. Perdeu seu ministro mais popular, reagiu mal à crise e as pesquisas não andam lhe favorecendo. Há um conjunto de investigações delicadas em curso e o último levantamento do Datafolha diz que 45% dos eleitores apoiam seu impedimento.

Tudo isso pode ser apenas conjuntural e a crise se dissolver, quando a pandemia passar, mas intuo que há algo mais estrutural nesse processo.

O governo Bolsonaro é fruto de um arranjo instável entre três movimentos difusos na sociedade brasileira: o conservadorismo cultural, os movimentos contra a corrupção (o lavajatismo) e a agenda liberalizante, apoiada pelo mercado.

A agenda conservadora nunca andou. Ninguém se lembra mais de temas como Escola sem Partido ou a redução da maioridade penal. Coisas como o excludente de ilicitude e a nova regulamentação do porte de armas rodaram no Congresso.

A agenda em torno de Sergio Moro igualmente andou muito pouco. Temas caros ao ex-ministro, como a introdução do "plea bargain" e a prisão em segunda instância foram derrotadas ou simplesmente não andaram, no Congresso, e de quebra ele teve de assistir à instituição do juiz das garantias, depois suspensa pelo STF.

O que andou, até o final do ano passado, em ritmo lento, foi a pauta econômica. Temas como a reforma da Previdência e a Lei da Liberdade Econômica foram seus carros-chefes. O boletim Focus de dezembro previa 2,3% de crescimento para 2020, com inflação e juros nas taxas que sabemos.

As coisas andaram, no primeiro ano, à base de um arranjo de autonomia do Legislativo, dada a recusa do presidente em formar a coalizão majoritária. Disse que, em que pese minoritário, o governo conduzia uma agenda econômica majoritária no Congresso.

Estudo do Observatório do Legislativo Brasileiro demonstrou que 74,4% dos deputados apresentaram notas acima de 7, em uma escala de 0 a 10 de fidelidade ao governo. No Senado as coisas foram melhores.

O arranjo desmoronou a partir da virada do ano. Em boa medida, ruiu pelas indefinições do próprio governo, que nunca apresentou sua visão sobre a reforma tributária e sequer enviou a reforma administrativa.

Ruiu também pelo crescimento da pauta corporativa do Congresso, expressa no Orçamento impositivo, pelas dificuldades políticas do presidente, pela perspectiva do embate eleitoral e pelo consenso cada vez menor diante de reformas difíceis.

A pandemia explodiu de vez a agenda econômica, o feijão da feijoada deste governo. Feijoada de caldo ralo, diga-se, em um governo que nunca foi de fato liberal (a política de educação é mostra disso), mas que envolvia iniciativas de reforma fiscal e do gasto público nas três PECs do programa Mais Brasil.


Tudo agora pertence ao passado. O país termina os dias contando seus mortos, filas imensas de brasileiros sem máscara se formam nas agências da Caixa, pelo auxílio de R$ 600, e tudo indica que vamos terminar o ano com queda superior a 5% do PIB e déficit superior a R$ 600 bilhões, com o qual vamos conviver durante anos.

Em meio à turbulência, o governo ensaia adesão tardia ao modelo de coalizão, com cooptação do centrão. Previsível: o arranjo anterior, que chamei de modelo de corresponsabilidade, só funcionava sob a batuta das reformas estruturais que (por um bom tempo) perderam seu momento político.

Trata-se de um modelo de sobrevivência política. Pode servir para o governo se proteger, na hipótese de votação de um processo contra o presidente, mas não irá muito mais longe.

O que o país precisa é de repactuação. Algum sentido de estabilidade institucional. Da liderança política como um todo, a começar pelo presidente da República, que faria melhor saindo da cerca, no entorno do palácio, e trocando a lógica do entretenimento político pelas questões de Estado.
Herculano
07/05/2020 07:29
VERDE-OLIVA É A NOVA COR DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, por Cláudio Humberto na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Se o ministro Nelson Teich fez uma "limpa", o general Eduardo Pazuello, secretário-executivo, promoveu a "tomada" do Ministério da Saúde por militares. Foram entregues a coronéis cargos como a assessoria parlamentar e a subsecretaria de Assuntos Administrativos, e a um tenente coronel a complicada Diretoria de Logística da Saúde (DLOG), responsável por todas as compras, entregue pelo ex-ministro Mandetta a um indicado do deputado Pedro Lupion (PR), do DEM, seu partido.

OS 12 DA SAÚDE

Aos menos 12 militares do Exército ocupam postos-chave do Ministério da Saúde. Todos se destacaram nos respectivos cursos de qualificação.

ORDEM UNIDA

Caso da médica Laura Tiriba Appi, assessora de Pazuello, que atuava na Escola de Saúde do Exército.

NEM VEM QUE NÃO TEM

O tenente coronel Stefano Silvestro foi designado diretor executivo de uma área ambicionada por lobistas: o Fundo Nacional de Saúde.

TUDO SOB CONTROLE

Pessoa da confiança de Bolsonaro, o tenente coronel Reginaldo Ramos Machado assumiu a Gestão Interfederativa e Participativa do ministério.

LULA DEVE ASSISTIR A CAMPANHA DE 2022 NA CADEIA

Duas vezes condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Lula tem futuro sombrio: os recursos vão demorar, mas advogados experientes acham que até meados 2020 ele estará atrás das grades, acompanhando a campanha eleitoral à distância. Ele deixou de ser réu primário, agora terá de somar as suas penas e dividir por seis, para ter progressão de regime: terá de cumprir, no mínimo, 3 anos e 11 meses em regime fechado.

UM SEXTO DA SOBRA

São 8 anos e 11 meses do primeiro caso mais 17 anos e um mês no segundo, menos os 580 dias já cumpridos: sobram 23 anos e meio.

OLHA A CHICANA

Lula queria adiar o julgamento do recurso alegando depoimento pífio de Sergio Moro. No besteirol protelatório, vale até falar mal da mãe.

RIGOR À VISTA

Recursos de Lula serão recebidos pelo rigoroso Felix Fischer, ministro relator prevento, que já analisa outros casos da Lava Jato no STJ.

MAIS RESPEITO, SENHORES

Ex-diretor-geral da Polícia Federal na era FHC, Vicente Chelotti protestou em rara entrevista (à Rádio Bandeirantes) contra a polêmica sobre a PF. Segundo Chelotti, isso ofende uma instituição de profissionais de caráter, íntegros, que jamais se sujeitariam a interferências e manipulações.

TESTAGEM EM MASSA

Em 14 dias, o governo do Distrito Federal multiplicou por cinco o número de testados na população. Na noite desta quarta-feira (6), o balanço totalizava 56.826 testados, dos quais apenas 3,6% foram positivos.

PROTAGONISMO

O STF decidiu que governadores e prefeitos definem ações de controle da pandemia, mas procuradores e juízes de primeira instância não aguentaram ficar de fora do alcance dos holofotes. Em vários estados, resolveram tutelar governantes e desautorizar médicos e técnicos.

MORDOMIA COM PURURUCA

Mesmo em pandemia, o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) promove convescotes no restaurante do plenário da Câmara. Entre os que desfrutam do leitão a pururuca está o próprio Rodrigo Maia.

FAÇA O QUE DIGO

Escalado pelo Jornal Nacional para criticar insultos contra a imprensa, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) é o personagem central de vídeo, em Sergipe, onde aparece descontrolado destratando até mesmo aliados.

PATRIOTADA NO COVID-19

A crise do coronavírus é também oportunidade de fazer média. O deputado Hiran Gonçalves (PP) apareceu na Câmara desértica usando máscara com a estampa da bandeira de Roraima, o seu estado.

VÍRUS RACISTA

ONG deve desconfiar que o vírus é racista: pediu ?" e pior: a Justiça concedeu ?" que na divulgação dos casos de Covid-19, o Ministério da Saúde "informações sobre a etnorraça dos infectados". Idiotas.

UM ÍNDICE POSITIVO

A primeira prévia do Índice de Atividade Econômica da FGV mostra que mesmo com a crise do coronavírus, a atividade dos três primeiros meses de 2020 cresceu 0,1% em relação ao 1º trimestre de 2019.

PENSANDO BEM...

...nem capitalista, nem socialista: foi o vírus que derrubou os juros para o menor patamar da História.
Herculano
07/05/2020 07:22
da série: o Brasil na mão de um sem noção

BOLSONARO SABOTA PAULO GUEDES MAIS UMA VEZ E SE ALINHA AO CENTRÃO, por Bruno Boghossian, no jornal Folha d S.Paulo

Presidente autoriza mudança em projeto de servidores e prova que não fala a língua do ministro

Na semana passada, Jair Bolsonaro foi até a portaria do Palácio da Alvorada para desfazer a impressão de que Paulo Guedes era alvo de sabotagem no governo. O presidente disse que seu auxiliar, que posava satisfeito a seu lado, era "o homem que decide economia no Brasil". Dias depois, o próprio chefe ajudou a sabotar os planos do ministro.

Bolsonaro deu sinal verde para desidratar uma das bandeiras de Guedes no pacote econômico do coronavírus. Foi o presidente quem autorizou a retirada de todos os policiais da proposta que congelava salários de servidores para compensar as despesas com a pandemia.

A equipe econômica se queixou dos parlamentares que votaram a favor da blindagem de diversas carreiras do funcionalismo e apontou o dedo para o líder do governo na Câmara, que negociou as mudanças no projeto. Numa espécie de delação, o deputado Vitor Hugo (PSL) entregou o presidente e disse que partiu dele o aval para a traição a Guedes.

A disposição de Bolsonaro para proteger o funcionalismo não é novidade. O presidente fez carreira como representante sindical de militares e, no poder, continuou trabalhando a favor de algumas categorias.

Quando Guedes defendeu publicamente o congelamento de salários dos servidores, no início da última semana, Bolsonaro cutucou o ministro três vezes. O presidente se irritou ao ouvir que os funcionários não poderiam ficar em casa "com geladeira cheia" enquanto milhões de brasileiros perdem o emprego.

O líder do governo foi ao plenário para deixar as digitais de Bolsonaro na votação. Vitor Hugo contou que, em dois telefonemas, o presidente aprovou as alterações na proposta. No fim, deu a dimensão do apreço de seu chefe pela equipe econômica: "Eu sou líder do governo e não líder de qualquer ministério".

O episódio prova que Bolsonaro e Guedes jamais falarão a mesma língua. Como se vê, o presidente está mais próximo de seus novos aliados do centrão, que costuraram os benefícios para os servidores.
Herculano
06/05/2020 14:29
MOISÉS ESTÁ ENTRE PROVAS E VERSõES, por Roberto Azevedo, no Makingof

O que faz com que as bombásticas revelações da servidora de carreira Márcia Regina Geremias Pauli de que o ex-secretário Helton Zeferino (Saúde) não disse a verdade ou que o secretário Douglas Borba (Casa Civil) trouxe a empresa Veigamed para dentro da dispensa de licitações e as reiteradas negativas de ambos tenham um vínculo: todas precisam provar suas versões.

Márcia Regina defende os seis 30 anos de serviço público e não quer entrar para a história como a improvável única ordenadora de uma operação de R$ 33 milhões, pagos antecipadamente, para adquirir 200 respiradores (ventiladores mecânicos) para UTIs e, neste momento, Borba que luta por sua credibilidade, já bastante abalada depois da revelação de que amigos eram os procuradores do Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi, vencedor da impugnada dispensa de licitação do hospital de campanha de Itajaí.

Dentro do mesmo governo de Carlos Moisés da Silva, que diz ter afastado a servidora Márcia do cargo gratificado de superintendente de Gestão Administrativa da Secretaria da Saúde para preservá-la (leia mais em https://bit.ly/2YIonbt), deveria se pensar seriamente em destino semelhante a Douglas, mas aí para se preservar, em meio aos arranhões sofridos pelo articulador político desgastado na interlocução com a Assembleia.

MÁXIMA

Princípio consagrado no direito não deve ser abandonado nesta pluralidade de investigações: o ônus da prova cabe a quem denúncia, a quem acusa.

Porém, sem fazer campanha contrária, o desgaste e reações internas levam a crer que, há muito, passou o tempo em que Moisés deveria rever a posição de Borba, que nega veementemente (leia mais em https://bit.ly/2zcYbeo), como já o fez Zeferino, a participação no episódio Veigamed.

ELA ALERTOU!

Márcia Regina garante, na entrevista concedida à NDTV, que alertou sobre os problemas no processo de compra e foi ignorada.

Há um personagem, citado por ela, que falava em nome de Borba, circulava com desenvoltura pelo governo e sequer é servidor, um ótimo petisco para as dezenas de investigadores, da Polícia Civil, Ministério Público, Ministério Público de Contas, TCE, Judiciário e Assembleia.

APOIO

Há um grupo de secretários e assessores de alto escalão de Moisés que admite nos corredores e gabinetes que cansou das interferências de Douglas Borba, uma verdadeira insurreição, que vai longe e bate na porta do gabinete da líder do governo na Assembleia, deputada Paulinha da Silva (PDT), igualmente irritada com a situação.

Na visão deles, Borba tomou conta do governo, age como para raio e impede o acesso direto ao governador, além de pressioná-los com o uso do nome do chefe do Executivo.

EPÍLOGO

Nas últimas horas cresceu a versão, mais uma entre tantas, de que Douglas Borba foi decisivo para o não da deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania) para assumir a pasta da Saúde, depois de desabalada carreira desde a Capital Federal até a Capital de Santa Catarina.

Na conversa definitiva, já de posse de todos os documentos e, asseguram, com a licença do cargo encaminhada na Câmara, Carmen ouviu Moisés por cerca de cinco minutos, Borba por 45 minutos, o que fez a parlamentar recuar de qualquer possibilidade diante do que ouviu.

Só ADVERSÁRIOS

A composição da CPI dos Respiradores é uma lista de nove críticos ao governador Carlos Moisés da Silva e será uma surpresa digna de um milagre se deste grupo sair algo palatável para a administração estadual. Do presidente Sargento Lima (PSL) ao relator Ivan Naatz (PL), que propôs a investigação, não resta a menor dúvida do desconforto para o governador. Valdir Cobalchini (MDB), digamos entre os moderados, abriu mão para Lima ser o comandante da banda, o restante é só pauleira, como certa flexibilidade por parte de Moacir Sopelsa (MDB), que já reclamou muito das questões ligadas ao agronegócio. Felipe Estevão (PSL), Fabiano da Luz (PT), João Amin (PP), Milton Hobus (PSD) e Marcos Vieira não dão trégua, o que se antevê é uma carnificina política em ano eleitoral ou em nome da defesa do bolsonarismo raiz. Na foto, os quatro parlamentares significam um verdadeiro campo minado para Moisés. Paz neste grupo, só na cor branca da máscara.

MATURIDADEe

Na reunião da Comissão de Constituição e Justiça desta terça (5), o deputado João Amin (PP) fez um reconhecimento inimaginável há alguns anos.

Elogiou publicamente a atitude do ex-governador Eduardo Pinho Moreira (MDB) por ter proposto uma ação para impedir a execução das debêntures da Invesc, uma operação de R$ 7 bilhões que quebraria o Estado de Santa Catarina.
Herculano
06/05/2020 14:23
CONVERSA COM JAIR BOLSONARO, por Orlando Brito, em Os Divergentes.

Eu saía do Palácio do Planalto nessa terça-feira (5/05) por volta do meio dia quando vi três soldados da Guarda presidencial subindo a rampa usando máscaras. Em plena crise da pandemia do novo Coronavírus, essa cena diferente me chamou a atenção: Dragões da Independência com o rosto semi-coberto. De repente, ouço um chamado: "Brito, quero falar com você". Era o presidente Jair Bolsonaro, que estava no topo da rampa.

Ao ouvir a um segundo chamado, retornei ao interior do Planalto e tomei o elevador para o segundo andar. Ao lado de 10 ou 12 pessoas que o acompanhavam, Bolsonaro veio falar comigo e perguntou-me se eu havia mesmo sofrido agressão na manifestação de domingo. Eu disse que sim. Narrei o que acontecera. Contei do safanão que levei, que fui chamado de "mídia lixo" e que queriam quebrar minhas câmeras.

Ele não se desculpou. Mas disse ser "impossível controlar a ação das pessoas em uma multidão". E que não entendia como alguém podia atribuir a ele, Bolsonaro, a autorização para agressões contra quem quer que fosse.

Subimos a rampa interna do Palácio a caminho de seu gabinete. Indagou pelo meu colega também repórter-fotográfico Dida Sampaio, do Estadão. Ao chegarmos ao terceiro andar, outras pessoas falaram com ele, antes de mim. Pediu que eu esperasse.

Em seguida, me chamou para que, junto com as outras pessoas, fôssemos para uma sala contígua ao seu gabinete. Havia lá uma mesa com 12 ou 14 cadeiras e um bufê. Disse-me que comêssemos alguma coisa enquanto conversássemos. Eu falei que tinha outro compromisso e que não queria atrapalhar sua agenda. Pediu que eu continuasse. Serviu-se de pouca comida.

Disse muitos impropérios contra os jornais Folha de São Paulo e Estadão e e a TV Globo. Expressões fortes. "Querem me sacanear o tempo todo... deturpam o que digo... mídia lixo, lixo... canalhas..." Quando nos sentamos, eu afirmei que ele tinha uma relação desagradável conosco da imprensa. Mais uma vez, o presidente disse palavras pesadas contra a mídia. Quando percebiam que Bolsonaro estava se exaltando, o deputado Fábio Farias e o presidente da Embratur Gilson Machado, também presentes, puxavam outros assuntos para amenizar o clima.

Isso durou não mais que vinte minutos. Pouco antes antes de sair dessa sala, eu opinei que ele deveria - ao invés das entrevistas tumultuadas sob a mangueira do Palácio Alvorada - ir ao Comitê de Imprensa para falar com os jornalistas credenciados pelos jornais, profissionais qualificados para uma cobertura da envergadura da Presidência. Acrescentei que sempre éramos admoestados e ofendidos. Que ficamos confinados em um cercadinho desconfortável. Bolsonaro disse que ia rever sua presença naquelas entrevistas. E novamente palavras pesadas sobre a mídia. Ele retornou ao gabinete principal. Fiz uma foto para meu futuro livro. Agradeci e fui embora.

Desci para o térreo, onde fica o Comitê de Imprensa. Narrei fielmente o que aconteceu aos colegas jornalistas da cobertura diária da Presidência da República. Vi que sua promessa de rever o formato de entrevista na porta do Alvorada não se cumpriu porque à noite ele falava de lá sobre o depoimento de Sérgio Moro em Curitiba. Mas reparei que pediu desculpas pelo que havia dito pela manhã, quando mandou colegas jornalistas calarem a boca.

Alguns não interpretaram corretamente o chamado para uma conversa sobre o desagradável episódio da agressão no domingo e interpretaram como um almoço de caráter social e colaborativo.

Não creio que um jornalista que, como eu, cobre a Presidência possa recusar um convite de um presidente, seja ele qual for, quando chamado para uma conversa. Seria a negação da própria profissão.
Herculano
06/05/2020 14:13
da série: em permanente conflito

REGINA DUARTE RECEBE ULTIMATO DE BOLSONARO

Conteúdo de O Antagonista.Na Crusoé, Igor Gadelha noticia que Jair Bolsonaro deu um ultimato hoje a Regina Duarte: ou ela concorda em cumprir uma agenda conservadora na Secretaria Especial da Cultura, ou pode ir embora.

Bolsonaro disse a aliados que perdeu a paciência com Regina.
Miguel José Teixeira
06/05/2020 13:09
Senhores,

Em "O Globo"

"Por que Secretaria a Especial da Cultura tem sido o papel mais difícil de Regina Duarte"

Mineirinho. rápido no gatilho, dá uma tragada em seu palheiro, expele a fumaça tragada, dá uma cuspidela e dispara: uai, sô! Não tem scriPT. . .
Herculano
06/05/2020 12:41
JOGO DE ASSOMBRAÇõES, por Rosângela Bittar, no jornal O Estado de S. Paulo

Provocar a cizânia na tropa é o pior dos ataques a um comando militar

Sabe-se, com certeza, apenas que golpe não é. Mas não se conhece o significado real da invocação do presidente Jair Bolsonaro às Forças Armadas, cujo apoio ele alardeia para ameaçar, exatamente, com o golpe.

Os comandos militares não atendem ao convite à intervenção consentida. Este é o modelo reclamado nos domingueiros e violentos piqueniques golpistas da Praça dos Três Poderes. As manifestações, animadas pelo presidente, sua família e amigos, descomprometidos com a civilidade, alimentam falsa tensão política.

Desviam, com crueldade, o foco da dura e letal realidade da pandemia que mata brasileiros e brasileiras. Até que ponto não passa de blefe o compromisso incondicional da força militar que o presidente propaga?

Os escalões profissionais das Forças pretendem manter-se no papel constitucional que cumprem, à risca, há décadas. Para o que pretende Bolsonaro, aí está o problema.

Por enquanto, ainda não se cansaram de redigir notas reafirmando a observância rigorosa das atribuições constitucionais. É um texto esperado, que surge sempre em seguida às manifestações de que participa o presidente, à frente de um grupo de fanáticos. Assim, de ameaça em ameaça, e explicação em explicação, o suspense é mantido. Por mais que se reúnam com Bolsonaro nas vésperas dos atos extremistas, permitindo-lhe mostrar força, os militares não parecem dispostos ao papel de algozes da democracia.

Reforça o enredo do terror o fato de terem quadros e indicações para todas as funções. Hamilton Mourão, Braga Neto e Fernando Azevedo constituem praticamente uma "junta" natural. Luiz Eduardo Ramos, da ativa, é regra três para assumir o comando da tropa, em substituição a Edson Leal Pujol. Apesar do seu veemente desmentido, a notícia de que daria a rasteira já havia cumprido seu objetivo de confundir. Em evidente relevância aos temores lançados nos comícios em que paira a ameaça de intervenção militar. Tudo se encaixa, nada é por acaso. Se a interpretação é exagerada, o que significam as insinuações de Bolsonaro de que dispõe dos militares para o que der e vier?

Selecionemos duas hipóteses de explicação adequadas à conduta do presidente. Numa, é possível concluir que os militares são vítimas e estão sendo provocados para aceitarem se engajar nas esquisitices do governo. Embora não estejam dispostos a tudo, não têm meios para reagir às pressões públicas de Bolsonaro.

Como resistem, ficam na mira. De quem? Do Gabinete do ?"dio, o operador oficial, de dentro do Palácio, desse tipo de enredo. Atua sempre sob o comando do filho vereador e do professor virtual que, de Richmond, tutela o governo, em Brasília.

Bem-sucedido, o grupo já conseguiu, para ficar apenas no tema em questão, demitir Santos Cruz, abalar Hamilton Mourão, denegrir Rocha Paiva (melancia), irritar Villas Boas, e iniciar, agora, uma guerra contra Pujol. Acham que ele não atua politicamente e não coloca sua tropa a serviço do interesse do governo. Confiam que, se não conseguirem arrastar o comandante para o embate político, pelo menos promovem a divisão, pois consideram os escalões intermediários já engajados na dialética presidencial. Provocar a cizânia na tropa é o pior dos ataques a um comando militar.

Uma segunda hipótese, de significado também realista, mostra o presidente atormentado por inquéritos que o colocam, bem como a sua família, no alvo da incursão em crime. Ameaçado, ele ameaça.

E o que acossa Bolsonaro são, sobretudo, as investigações em três frentes: as das fake news, cujo aprofundamento pode retroagir a sua eleição; a dos gabinetes parlamentares controlados pela família e suas conexões, no Rio; e a das denúncias do ex-ministro Sérgio Moro.

De assombrado, Bolsonaro partiu para cima e virou assombração.
Herculano
06/05/2020 12:35
QUE FASE

Uma vulnerável, inclusive emocionalmente, que não consegue acessar seus direitos na secretaria de Assistência Social de Gaspar, apesar da via crucis que promove, ameaça se suicidar.
Herculano
06/05/2020 12:33
QUE FASE II

A NSC, no Jornal do Almoço, desta quarta-feira, mencionou a denúncia de uma servidora estadual feita contra a compra supostamente irregular dos milionários respiradores, já pagos, e até gora não recebidos.

O apresentador afirmou que a denúncia foi feita na outra emissora. Faltou dizer quem é esta emissora. Ética.

Que a denunciante não quis repetir a denúncia na NSC.

Ora, denúncia se faz uma vez, escolhe-se o veículo, principalmente que tenha credibilidade ou que não tenha atrelamento com o denunciado. Simples assim.

A NSC sucessora da RBS SC está carimbada como chapa branca do governo e inconfiável. Simples assim, também. Ela precisa trabalhar muito para mudar essa percepção - mesmo que errada, se for o caso - e legado deixados pela RBS.

E para isso, deve começar por seus jornalistas acostumados ou ainda sob o modo antigo de agir.

E para piorar, a entrevista que se fez esta tarde com o chefe da Casa Civil, Douglas Borba, além de entediante, e contra o próprio chefe da Casa Civil. Só se viu o jornalismo levantar a bola para ele se defender das dúvidas.

Então... A NSC assinou em baixo que pouca coisa mudou e Borba, foi mal orientado. Perdeu uma oportunidade de ouro para esclarecer os catarinenses. Simples assim, outra vez!
Miguel José Teixeira
06/05/2020 09:29
Senhores,

No UOL:

"Lula diz que Teich parece nunca ter entrado em uma UBS"

O ministro responde: "Iniciei minha carreira há 39 anos no SUS..."

Atentem:

O SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, que determina que é dever do Estado garantir saúde a toda a população brasileira e está regulado pela Lei 8.080/1990.

Portanto, há 39 anos, o SUS não existia!

Tão pouco tempo integrando o "pentiunvirato bolsonaro" e já aprendeu a mentir!
Miguel José Teixeira
06/05/2020 09:05
Senhores,

1) Bolsominion, coxinha ou mortadela?

Será que aquela lambisgóia que enrolou-se na Bandeira Nacional para agredir os profissionais de Enfermagem (em legítima manifestação) e que depois foi ao "cercadinho" do Bolsonaro beijar-lhe sua mão, também é uma infiltrada?

É impressionante o que tem de "infiltrados" no "pentiunvirato bolsonaro".

2) CALA A BOCA e cala a boca!

Sabem qual a diferença entre o "cala a boca!" das antigas e o atual?

Nas antigas, o "CALA A BOCA" foi bradado por um general do Exército.

O atual "cala a boca", foi latido por um ex integrante do Exército.
Herculano
06/05/2020 08:28
A MÁSCARA CAI

A UTI DE GASPAR É PROVISóRIA. É APENAS PARA A PANDEMIA E PARA A CAMPANHA ELEITORAL ENGANOSA DO PODER PARA PERMANECER NO PLANTÃO. ELA SERVIU DE PANO DE FUNDO PARA FOTOS DE POLÍTICOS COM O PREFEITO KLEBER EDSON WAN DALL, MDB, QUE PASSARAM POR LÁ EM ROMARIA NO FINAL DE SEMANA.

EM SEIS MESES, "CASUALMENTE", LOGO APóS AS ELEIÇõES, TUDO SE DESMONTA, SE NADA FOR FEITO PARA QUE ELA SE TORNE PERMANENTE PARA OS GASPARENSES DOENTES, POBRES E VULNERÁVEIS. ACORDA, GASPAR!
Herculano
06/05/2020 08:24
da série: o governador Carlos Moisés da Silva está muito, mas muito mal tecnicamente assessorado. Fica exposto em erros primários

NOME INDICADO POR MOISÉS PARA AGÊNCIA REGULADORA É REJEITADO NA ALESC

Conteúdo do ND Mais. O governo de Carlos Moisés da Silva sofreu nesta terça-feira (5) mais uma derrota na Assembleia Legislativa. Marcos de Souza Sabino, indicado para presidir a presidência da Aresc (Agência Reguladora de Serviços Públicos de Santa Catarina) pelo Executivo, teve seu nome rejeitado por cinco votos a zero na Comissão Especial da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) encarregada de ratificar a nomeação.?

A rejeição ocorreu porque Sabino foi nomeado em 23 de abril deste ano para o cargo de assessor executivo de assuntos institucionais da SC Par. Dessa forma, a lei estadual de 2015 impede que integrantes da diretoria da Aresc ocupem simultaneamente cargo, emprego ou função em entidade sujeita à regulação e à fiscalização da agência reguladora.

Além da questão jurídica acatada pelos deputados do colegiado, a derrota mostra que Moisés está desprestigiado no Legislativo estadual. A indicação de Sabino partiu do secretário da Casa Civil, Douglas Borba, ao presidente da Alesc em 20 de setembro do ano passado.

Conheça Sabino

O engenheiro Sabino foi nomeado em setembro de 2019 para presidir o Sapiens Parque e acumulava essa mesma função de secretário da holding da SC Par desde o começo da gestão do presidente Gustavo Salvador Pereira.?

O candidato foi exonerado em ato publicado no diário oficial no dia 9 de março, mas voltou para a mesma função no mês seguinte. Os dois atos podem mostrar uma tentativa de fazer com que Sabino fosse aceito pelas regras da Aresc, mas não funcionou.

No currículo de Sabino consta que trabalhou para Novare Empreendimentos Imobiliários, empresa da família do secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Esmeraldino.

Sabino informa ter trabalhado na construtora nos cargos de "comprador" entre junho de 2013 a setembro de 2014. E como engenheiro entre setembro de 2014 a dezembro de 2018.

No entanto, como relevou o nd+ em julho deste ano, a Novare funciona no mesmo endereço da Orban Construtora Ltda.- EPP, outra empresa da família Esmeraldino.

A Orban, segundo o MPSC, é investigada pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina) desde que o Conselho Municipal do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) apontou indícios de inidoneidade no processo licitatório e no contrato administrativo. Segundo os conselheiros municipais, o contrato teria sofrido aditivos e a obra não teria sido concluída depois de ser contratada pela prefeitura de Tubarão
Herculano
06/05/2020 08:16
UM MAU MILITAR, editorial O Estado de S. Paulo

Jair Bolsonaro nada aprendeu nas aulas sobre respeito e civilidade ministradas nas escolas militares. No modelo do general Ernesto Geisel, ele é "um mau militar", que deixou pela porta dos fundos esta honrada profissão

As Forças Armadas desfrutam do merecido apreço da maioria dos brasileiros, como há tempos atestam pesquisas de opinião. Merecido porque, desde a redemocratização do Brasil, souberam manter-se à margem do desgastante processo político, limitando-se às suas elevadas funções constitucionais. "Se a política entra pela porta da frente de um quartel, a disciplina e a hierarquia saem pela porta dos fundos", disse, com razão, o vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva, ao comentar o movimento grevista da Polícia Militar do Ceará, em março passado.

O comportamento do presidente Jair Bolsonaro, contudo, vem impondo um complexo desafio para as Forças Armadas. O presidente Bolsonaro, ele mesmo um oriundo dos quadros do Exército, cercou-se de militares em seu gabinete, alguns inclusive na ativa - como o ministro da Secretaria-Geral de Governo, general Luiz Eduardo Ramos.

Tornou-se inevitável, assim, uma associação entre a imagem das Forças Armadas e a do governo, mesmo que a maioria dos militares que hoje servem ao presidente seja da reserva e mesmo que a cúpula das Forças reafirme constantemente seu distanciamento da cozinha política do Palácio do Planalto. Mais do que isso: em muitos momentos, Bolsonaro se refere às Forças Armadas como "as nossas Forças", modo nada sutil de indicar uma unidade de pensamento e ação entre ele e os quartéis.

No domingo passado, em mais um de seus comícios de caráter golpista, o presidente foi ainda mais longe e, depois de dizer que "acabou a paciência" em relação àqueles que, seguindo a Constituição, impõem limites a seu poder, declarou que "as Forças Armadas estão do nosso lado".

Com isso, o presidente Bolsonaro explicitamente tenta vincular seu governo às Forças Armadas e, pior, em oposição ao Judiciário e ao Congresso - cujo fechamento a militância bolsonarista defende dia e noite, estimulada pela retórica agressiva de seu líder. Ante o mal-estar causado pelas declarações autoritárias de Bolsonaro, o Ministério da Defesa teve de emitir uma nota em que afirma que "Marinha, Exército e Força Aérea são organismos de Estado" - o que seria uma platitude se o presidente não fosse Jair Bolsonaro, que confunde o Estado com o quintal de sua casa.

Bolsonaro cercou-se de militares na presunção de que estes lhe dedicariam absoluta lealdade, à moda dos quartéis. Essa exigência ficou clara com a demissão, em junho do ano passado, do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, então ministro da Secretaria-Geral de Governo, depois que este ousou atravessar o caminho do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente e eminência parda do regime. O episódio serviu para mostrar aos demais ministros, inclusive os militares, que ninguém no governo pode colocar os interesses de Estado acima dos interesses do clã Bolsonaro.

Assim, os militares que aceitaram cargos no governo, tidos como os "adultos na sala", isto é, aqueles que temperariam o comportamento explosivo e errático do presidente, tornaram-se instrumentos de Bolsonaro em seu projeto autoritário de poder. O passo seguinte, no roteiro bolsonarista, é enredar as Forças Armadas.

Certamente é do mais absoluto interesse dos comandantes militares do País preservar a imagem de respeito e dedicação à Constituição, sem falar nos princípios civilizatórios. Se assim é, urge deixar claro que um presidente que ataca a imprensa diariamente - e manda jornalistas calarem a boca, como fez ontem com duas repórteres que insistiram, ora vejam, em lhe fazer perguntas ?" não representa os valores dos quartéis; urge deixar claro que Bolsonaro, ao desdenhar seguidamente dos mortos na pandemia de covid-19, agride princípios humanitários compartilhados pelos militares; urge deixar claro que tratar os Poderes Judiciário e Legislativo como inimigos e estimular manifestações golpistas, como fazem Bolsonaro e os bolsonaristas a todo momento, ofende a ordem democrática que os militares juraram respeitar; urge, por fim, deixar claro que as grosserias de Bolsonaro demonstram que ele nada aprendeu nas aulas sobre respeito e civilidade ministradas nas escolas militares. É, no modelo do general Ernesto Geisel, "um mau militar", que, é bom não esquecer, deixou pela porta dos fundos esta honrada profissão.
Herculano
06/05/2020 08:14
da série: a China sai na frente na emissão, controle e circulação da moeda virtual oficial - não confundir com moeda digital. Tem gente com medo...

A MOEDA DO GRANDE CAMARADA, por Helio Beltrão, engenheiro com especialização em finanças e MBA na universidade Columbia, é presidente do instituto Mises Brasil, no jornal Folha de S. Paulo.

Dinheiro digital chinês é intrusão bárbara na privacidade

Em quatro cidades chinesas está em andamento um programa-piloto do governo para implementação de um dinheiro digital estatal, com status de aceitação legal similar ao da moeda nacional.

Embora os chineses sejam pioneiros, 40% dos bancos centrais do mundo têm projetos avançados de dinheiro digital, e 10% declararam que devem lançá-lo nos próximos três anos, segundo o BIS (Bank for International Settlements).

Desde a década de 1970, o dinheiro do mundo não é mais predominantemente físico, mas compreende dígitos eletrônicos nas telas de computador e caixas eletrônicos que representam os saldos em conta-corrente.

Há séculos, a natureza do dinheiro tem migrado de materialidade física para maior abstração conceitual. O dinheiro digital é apenas um passo adicional nessa migração inevitável.

Cerca de 600 milhões de chineses regularmente usam seus celulares para efetuar pagamentos digitais descomplicados por meio das plataformas WeChat (equivalente ao WhatsApp) e Alipay (do Alibaba, varejista digital). No entanto, a introdução do renminbi (ou yuan) digital é um bicho bem diferente.

Pagamentos por WeChat e Alipay são mais eficientes do que transferências bancárias, mas requerem vinculação a uma conta bancária ou cartão de crédito.

Não obstante a ampla aceitação, sempre haverá lojistas ou indivíduos que recusarão pagamento via WeChat/Alipay por considerá-lo inferior a dinheiro vivo, cartão de crédito ou débito. Por outro lado, o dinheiro digital estatal terá aceitação obrigatória por lei.

Ademais, WeChat e Alipay são dependentes da conexão por internet: sem sinal, não há compra e venda. No caso do dinheiro digital, bastará um toque físico entre os celulares para efetuar a transação offline. O pré-requisito é possuir o aplicativo da carteira digital do banco central chinês, que, por sua vez, dispensará vinculação obrigatória a um banco ou cartão de crédito.

O dinheiro digital chinês será originado da mesma forma que o atual papel-moeda. O banco central fornecerá o dinheiro digital aos bancos, e os clientes o sacarão de sua conta-corrente, caso desejarem.

Dessa forma, o correntista trocará seu saldo em conta-corrente por dinheiro digital e vice-versa, sem alteração na base monetária (reservas bancárias são a contrapartida do dinheiro digital).

Em suma, em termos legais e de ordem prática, o dinheiro digital será quase indistinguível do papel-moeda, com algumas diferenças.

O Partido Comunista chinês poderá acompanhar em tempo real o volume e a características das transações e ao menos em tese terá a prerrogativa de rastrear todas as contrapartes de transações, bem como seus hábitos de consumo. Essa parece ser a motivação principal do PCC, já que o papel-moeda ainda representa 15% do total de dinheiro.

No Ocidente, dificilmente se adotará solução tecnológica que permita essa intrusão bárbara na privacidade. A ideia chinesa se assemelha à proposta da deputada de esquerda Tabata Amaral, que propõe o controle estatal em conversas privadas de WhatsApp.

Alguns imaginaram que o dinheiro digital chinês pode ameaçar a hegemonia do dólar. Bobagem. Os comunistas são obcecados por controle e não permitem que o yuan seja uma moeda de livre convertibilidade. Consequentemente, está presente em apenas 4% das transações de moeda no mundo, 2% das reservas internacionais e 2% dos pagamentos globais, ante 88%, 62% e 40% do dólar, respectivamente.

O dólar continuará a liderar nas próximas décadas. Há mais chance de que uma criptomoeda como o bitcoin ou a Libra, do Facebook, ameace sua hegemonia no futuro do que uma moeda gerida pelo Partido Comunista chinês.?
Herculano
06/05/2020 08:01
XADREZ COM UM POMBO, por Vera Magalhães, no jornal O Estado de S. Paulo

Moro dá depoimento cirúrgico e calculado, enquanto Bolsonaro vocifera contra si

A internet, com todas as suas contribuições às ciências humanas, também produziu, vejam só, uma teoria "psicológica". Trata-se do complexo do pombo enxadrista, um fenômeno que tem tudo a ver com o espírito do tempo bolsonarista.

Diz esse conceito, comumente empregado para descrever a inutilidade do debate científico com os negacionismos de todas as espécies, que argumentar com certas pessoas é o mesmo que jogar xadrez com um pombo: ele vai defecar no tabuleiro, sair voando e derrubando todas as peças e ainda alardear que venceu a partida.

A dinâmica entre Sérgio Moro e Jair Bolsonaro desde o pedido de demissão do ex-ministro até o ato da última terça-feira, 5, com a divulgação da íntegra do depoimento de Moro à Polícia Federal, é em tudo idêntica a uma partida de xadrez entre um humano e um pombo.

De forma sucinta e extremamente calculada, Moro tratou de: 1) entregar provas, evidências, testemunhas e caminhos de investigação para todas as suas declarações do dia 24 de abril e 2) evitar dizer que Bolsonaro cometeu algum crime.

Essas duas primeiras estratégias visam evitar que o ex-juiz e ex-ministro: 1) seja acusado de ter praticado denunciação caluniosa e 2) seja acusado de ter prevaricado diante do que sabia ser pedidos ilícitos do então chefe.

Tomado esse cuidado, Moro passou a executar seu outro grande objetivo com o depoimento: enredar o presidente e desenhar para a PF e o Ministério Público Federal o caminho das pedras e do xeque-mate no pombo.

Frisou, inclusive numerando (talvez tenha grifado com caneta marca-texto ao final e marcado com post-its, daí a demora do depoimento de oito horas), os elementos de prova e o caminho par buscar novas: 1) o próprio depoimento; 2) mensagem de WhatsApp de Bolsonaro a ele em 23 de abril dizendo que o inquérito do STF sobre fake news era um motivo para trocar o diretor-geral da Polícia Federal; 3) o histórico de pressões passadas e recentes para a troca de Maurício Valeixo e o superintendente da PF no Rio, inclusive dizendo que Bolsonaro mentiu publicamente sobre as razões para a troca no Rio (e apontando dados públicos que desmentem o presidente); 4) declarações de Bolsonaro se autoincriminando em pronunciamento após sua demissão; 5) a reunião de ministros gravada em que Bolsonaro fez pressão pública pela troca na PF; 6) relatórios da Abin mostrando que já havia relatórios de inteligência da PF para a Presidência e que, portanto, a justificativa de Bolsonaro não para em pé; 7) que os relatórios podem ser pedidos à PF se a Abin não fornecer; 8) mais mensagens de WhatsApp de seu celular.

Mais: Moro evoca o testemunho de vários ministros, com destaque proposital aos militares. Mexe com o senso de disciplina e senso de dever das Forças Armadas e aposta que os generais não vão mentir para proteger o presidente.

O golpe fatal: Moro deixa claro que a verdadeira preocupação de Bolsonaro era com o inquérito do STF, tanto que dá a cereja do bolo do depoimento, quando diz que tem outra mensagem do presidente para si sobre esse assunto (ainda inédita).

Na sua vez de mover as peças, o que fez Bolsonaro? Como um pombo, estufou o peito, abriu as asas e desandou a falar no cercadinho em frente do Alvorada. "Produziu mais elementos para se autoincriminar", comentou um frio observador da partida.

Além de ter um pombo como adversário, Moro tem outro trunfo: à frente do inquérito está Celso de Mello, que decidiu que a partida será transmitida ao vivo, sem cortes nem jogadas sigilosas. Isso inclui depoimentos dos senhores generais e o aguardado áudio da reunião ministerial ?" que, aliás, o presidente tinha ameaçado divulgar, antes de ser dissuadido pelos pacientes pajens de farda.
Herculano
06/05/2020 07:59
ACREDITE SE PUDER, por Carlos Brickmann

A possibilidade de impeachment preocupa Bolsonaro - tanto que negocia o apoio do Centrão (que ele chamava de "velha política", lembra?), o que inclui Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto, ambos já condenados por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, ambos já tendo cumprido pena de prisão. Bolsonaro não precisaria se preocupar: o caro leitor pode acreditar que Lula também participa de sua sustentação política. Já se disse contra o impeachment. Grandes advogados que sempre estiveram ao lado de Lula (Celso Antônio Bandeira de Mello, Marco Aurélio Carvalho, Lenio Streck) pedem ao Supremo que processe Sérgio Moro por prevaricação, pois deveria ter denunciado o presidente quando achou que tentava manobras ilegais. Não, não pediram que Bolsonaro seja processado por ter tentado manobras ilegais, das quais o acusou Moro só agora. Rui Falcão, ex-presidente nacional do PT, pediu ao Supremo que ordene à Procuradoria Geral que investigue se Moro cometeu outros crimes. A propósito, há fotos de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, exultando ao saber que os petistas denunciaram Moro.

Parece estranho, mas se explica: 1) Bolsonaro quer o voto religioso, e o pessoal do Centrão é terrivelmente religioso, sempre em busca de um terço; 2) aqui é Brasil, e Brasil acima de tudo. A aliança entre Bolsonaro & Filhos, Lula, Centrão lembra a Oração de São Francisco, que louva a paz entre os inimigos: "É dando que se recebe. É perdoando que se é perdoado".

BLOWING IN THE WIND

Sergio Moro conseguiu uma façanha notável em seu depoimento de oito horas à Justiça: conseguiu repetir, sem um só acréscimo, aquilo que estava na sua carta de demissão, bem mais curta. Não há nada de novo, apenas mais do mesmo. Alguém esperava uma bomba? Há pouco menos de três mil anos, o poeta romano Horácio criou uma frase que, traduzida, é "a montanha pariu um rato". Este colunista é do Interior e lá usamos uma frase mais simples: "muito vento, pouca chuva".

Na verdade, a frase não é bem essa: o vento é vento, embora malcheiroso; e a chuva é de algo que não fica bem escrever.

SANGUE LATINO

Horácio é hoje pouco conhecido no Brasil, já que até as aulas de latim não mais existem. Mas boa parte de nossos líderes segue até hoje suas lições:

"Ganha dinheiro honestamente, se puderes. Se não, como puderes".

"Vaiam-me na rua, mas em casa me aplaudo ao contemplar com afeto o meu dinheiro".

MEDINDO AS PERDAS 1

A demissão de Sergio Moro custou sete pontos percentuais ao Governo Federal. A pesquisa é da XP, e seu objetivo é dar a operadores da empresa e a seus clientes uma avaliação do clima político que ajude a orientar seus investimentos. Ou seja, há dinheiro em jogo na precisão dos números. Após a demissão de Moro, a avaliação negativa do Governo Bolsonaro subiu de 42 para 49% ?" a maior até hoje. A avaliação positiva caiu de 31 para 27%, a menor até hoje. A margem de erro é de 3,2%.

MEDINDO AS PERDAS 2

Em abril, o Brasil perdeu pouco mais de R$ 5 bilhões do dinheiro de investidores estrangeiros: trouxeram R$ 260 bilhões e retiraram R$ 265 bilhões da Bolsa. Coronavírus? Em parte, sim. Mas, de janeiro para cá, antes da pandemia, o balanço já era negativo. No total, saíram quase R$ 70 bilhões estrangeiros do mercado brasileiro de ações.

HIPóTESE

Todas essas crises repercutem na Bolsa. O cai-não-cai de Mandetta, a saída de Moro, as manifestações em que há pedidos de fechamento do Congresso e do Supremo, os pedidos de intervenção militar... não estaria na hora de autoridades competentes analisarem se não há gente saindo da Bolsa em determinados momentos, logo antes de crises causadas por problemas bobos, e entrando de novo quando as ações caem?

ENTREVISTA SEM PERGUNTAS

Novidade brasileira: o presidente Bolsonaro disse que não responderia a perguntas numa entrevista e só falaria sobre "esta patifaria da Folha de S.Paulo". A "patifaria" era a manchete, Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro - no caso, ter afastado o superintendente do Rio.

Uma repórter perguntou-lhe se ele havia pedido o afastamento. Aí vem a novidade: "Cala a boca! Eu não te perguntei nada!" Até a véspera quem perguntava era o repórter. Mas Bolsonaro estava irritado. Talvez porque as Forças Armadas tenham deixado claro, publicamente, que rejeitavam qualquer golpe - portanto, a história de que estavam a seu lado só vale enquanto não tentar ultrapassar esse limite.

FELIZ, POR QUE NÃO?

Bolsonaro deveria estar feliz: tem a seu lado os bolsonaristas, o Centrão, Lula, todos contra Moro e o impeachment. É o triunfo da Nova Política.
Herculano
06/05/2020 07:51
BOLSONARO SEMEIA A ANARQUIA MILITAR, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Para quem vive uma pandemia e uma recessão, essa encrenca não era necessária

Quando Jair Bolsonaro falou que "o povo está conosco. As Forças Armadas, ao lado da lei, da ordem, da democracia, da liberdade e da verdade, também estão ao nosso lado", não disse coisa nenhuma.

Foi apenas uma construção astuciosa, mas, como o capitão não consegue parar, acrescentou: "Não tem mais conversa. Daqui para frente, não só exigiremos. Faremos cumprir a Constituição. Será cumprida a qualquer preço". Logo ele, que se julga "realmente, a Constituição" e se referiu às "minhas Forças Armadas". Ganha um resfriadinho em Caracas quem não conseguir juntar lé com cré.

Para quem vive uma pandemia com a marca dos 10 mil mortos batendo à porta e uma inédita recessão já instalada na economia, esse tipo de encrenca não era necessária.

O capitão passou mais tempo no baixo clero da Câmara do que no Exército, onde conheceu melhor as sendas da indisciplina do que as normas da corporação. Nelas, também não se enquadrava, por exemplo, o major e ex-deputado Curió do Araguaia. Levado ao Planalto por um sentimento antipetista, Bolsonaro flerta com a anarquia militar.

Essa anarquia, resultante de divisões dentro das Forças Armadas, se fez sentir na política brasileira do século passado, até que perdeu ímpeto em 1977 e desapareceu com a redemocratização.

Na crise que Bolsonaro incentiva, misturam-se ingredientes tóxicos. O primeiro deles é a influência de sua família no governo.

O que restava do prestígio militar do marechal Henrique Lott, poderoso ministro da Guerra de 1954 a 1959, esvaiu-se em 1962, quando sua filha Edna elegeu-se deputada estadual. Com 3 dos 5 presidentes-generais (Castello Branco, Emílio Médici e Ernesto Geisel), a história foi outra, e seus familiares não se metiam no governo. Castello demitiu um irmão porque aceitou um presente e não moveu um dedo quando a Marinha negou ao seu filho a promoção a almirante.

O segundo ingrediente tóxico vem a ser o "núcleo militar" formado no Planalto. É composto por militares da reserva e por um general da ativa agregado. Governos que não tiveram essa bizarrice funcionaram: José Sarney, Fernando Henrique Cardoso e Lula. Os que a tiveram: Costa e Silva e, de certa forma, Figueiredo, deram-se mal. Fora da linha de comando, só há a bagunça.

O terceiro ingrediente é a simpatia de Bolsonaro pela opinião de sargentos e suboficiais, somada ao expresso apoio dado a policiais militares amotinados. A ele se junta uma militância parruda e agressiva.

Nos últimos 50 anos, o Brasil teve dois tipos de chefes militares no Exército: aqueles de quem se sabia o nome e aqueles de quem não se sabia. Orlando Geisel e Leônidas Pires Gonçalves estiveram no primeiro grupo. Um enquadrou os generais depois da anarquia de 1969, na crise da doença de Costa e Silva. O outro, comandou-os no governo Sarney, quando baixou o chanfalho no capitão Bolsonaro.

Depois, no segundo grupo, vieram dois chefes que comandaram a força por 13 anos. Deles não se fala e eles também não falam. Quem cruzar com os generais Gleuber Vieira e Enzo Peri na rua, não saberá quem são.

A ambos aplica-se a lição que Ernesto Geisel deu a um paisano que lhe perguntou quem era um general que ele promoveu à quarta estrela. "Um grande oficial, e a prova disso é que você não sabe quem é." Chamava-se Jorge de Sá Pinho.
Herculano
06/05/2020 07:44
da série: o efeito RBS na decadência do jornalismo catarinense.

Pela segunda vez em uma semana, a ND, da família Petrelli, coloca no bolso a NSC Total, a sucessora da ex-RBS. A gaúcha RBS veio para Santa Catarina e acabou com o jornalismo investigativo e a concorrência entre os veículos que foi comprando um a um. Fez do jornalismo um negócio rentável na relação com os governos, sugou e foi embora. Os sucessores, ficaram com gente desacostumada a notícia e a dar furos.

Na semana passada a ND ouviu um empresário de Joinville afirmar que membros do governo de Carlos Moisés da Silva, PSL, pediram propina de R$3 milhões para fazer negócios com ele na compra de respiradores. Não satisfeitos com a negativa, foram adiante usando dados do empresário.

O que aconteceu ontem? A ND colocou mais uma vez a poderosa NSC no bolso e fez a seguinte manchete: Funcionária demitida da Saúde denuncia dois secretários. E colocou o governo de Moisés de joelhos e na defensiva, mais uma vez, afinal ele foi eleito para limpar os erros e ser um novo modo de gerenciar o governo do estado. Como se vê, nesse e outros episódios, ou nada mudou, ou está refém dos velhos modos de gestão que prometeu varrer de lá.

O que disse a reportagem da TV da ND (Record), além de chamar de mentirosos membros do governo que manipulam desculpas para se livrarem das culpas que lhes cabem, ou seja, reiteradas práticas de políticos e gestores públicos, não só no governo do estado??

Marcia Geremias Pauli, responsável, segundo o governo catarinense, pela compra dos 200 respiradores da China por 33 milhões de reais adiantados, deu entrevista exclusiva hoje, 5, ao Balanço Geral, da ND TV.

Ela se defendeu da informação dada até agora sobre a responsabilidade da compra e disse que o ex-secretário da Saúde Helton Zeferino negociou valores e que o nome da empesa importadora, Veigamed, foi passada à Saúde pelo secretário da Casa civil, Douglas Borba.
?
A entrevista de Márcia, dada na redação da ND, ao vivo, ao repórter Eduardo Cristofoli, é fundamental para o processo de esclarecimento dos fatos e tão importante quanto a reportagem original do site The Intercept Brasil, que divulgou primeiramente os problemas na compra.

Alguns trechos da entrevista de Márcia, que é economista e trabalhava há 14 anos na Secretaria da Saúde, estão a seguir.

A primeira pergunta foi se ela tinha poder de autorizar a compra de 33 milhões de reais.

- Não, absolutamente.

Pergunta: quem escolheu a empresa?

- A empresa foi apresentada ao SGA, para mim, no dia 22 de março, e quem definiu a compra foi o secretário de estado da Saúde, Helton Zeferino. Essa proposta era superior, era de 169 mil reais a peça, ele chegou a 165 mil e fechou a proposta.

Pergunta: Houve então determinação de cima para baixo?

- Ela foi apresentada anteriormente à Saúde pela Secretaria da Casa Civil.

Pergunta: então não envolve apenas a Saúde, envolve todo o governo?

- Sim, a Secretaria da Casa Civil é muito próxima ao gabinete do governador.

- Este processo não durou apenas 5h como foi dito. Ele começou em 22 de março, com a apresentação da proposta, e o pagamento se deu em 2 de abril. Então o tempo foi muito grande.

Pergunta: então fica claro na sua pauta que o secretário (da Saúde) mentiu quando disse que não tinha envolvimento?  

- Não falou a verdade.

A entrevista de Márcia durou 22 minutos. Ela deu várias outras informações, entre elas, que um total de 16 pessoas do governo tomaram conhecimento prévio do negócio com a Veigamed.
Herculano
06/05/2020 07:16
DEPOIMENTO FRÁGIL DE MORO EVIDENCIA FIXAÇÃO DE BOLSONARO COM A PF DO RIO

Presidente se recusa a explicar as 4 tentativas de trocar chefe do órgão em seu estado

Jair Bolsonaro saiu descontrolado do Palácio da Alvorada. Esbravejou contra a imprensa e disse que não interferia na Polícia Federal. "Não tenho nada contra o superintendente do Rio", afirmou.

O presidente só não explicou por que, então, tentou forçar a substituição do chefe do órgão no estado quatro vezes em menos de um ano e meio. Segundo o ex-juiz Sergio Moro, o presidente fez pressões pela mudança em agosto de 2019 e em janeiro, março e abril deste ano.

Na quinta tentativa, seus desejos foram atendidos. Ele precisou atropelar o Ministro da Justiça e demitir o diretor-geral da Polícia Federal, mas finalmente conseguiu mexer no órgão em sua base política. A recusa do presidente em explicar os motivos desse lance é reveladora.

O depoimento de Moro sobre a intervenção de Bolsonaro na PF, tornado público nesta terça (5), foi considerado "fraquíssimo" por quem acompanha o inquérito. O ex-juiz se negou a imputar crimes ao presidente e apresentou poucas provas da intromissão do antigo chefe.

As oito horas de declarações do ex-ministro evidenciaram apenas a fixação de Bolsonaro com um único posto. Embora a PF tenha 27 superintendências regionais, Moro afirmou que o presidente dizia querer "apenas uma, a do Rio de Janeiro".

Em agosto, Bolsonaro disse que a justificativa era a baixa produtividade do órgão. Moro disse que aquele era um "motivo inverídico". Depois, o presidente citou como causas investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco que só ocorreram meses depois de suas primeiras investidas pela troca.

Quando a mudança se concretizou, Bolsonaro se enfureceu com jornalistas que perguntavam sobre a interferência. Pela manhã, mandou os repórteres calarem a boca. No fim da tarde, deu uma resposta pela metade: "O Rio é o meu estado".

Moro disse dez vezes à PF que os motivos da pressão de Bolsonaro "devem ser indagados ao presidente". Dessa vez, ele não poderá mandar os investigadores se calarem.
Herculano
05/05/2020 13:05
da série: um governo em perigoso êxtase, com seguidores descontrolados e uma imprensa em permanente provocação para testar os limites de todos, ter manchetes

BOLSONARO MANDA REPóRTERES CALAREM A BOCA, ATACA A FOLHA E NEGA INTERFERÊNCIA NA PF

Presidente se recusou a responder perguntas da imprensa sobre troca de comando na Polícia Federal

Conteúdo de O Antagonista. Texto de Ricardo Della Coletta, da sucursal de Brasília. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandou repórteres calarem a boca na manhã deste terça-feira (5) quando foi questionado sobre as recentes mudanças na Polícia Federal. Bolsonaro ainda atacou a Folha, chamando o jornal de "canalha", "patife" e "mentiroso".

Em declaração pela manhã em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro mostrou uma imagem que reproduzia a manchete da edição impressa da Folha desta terça-feira e, referindo-se à manchete "Novo diretor da PF assume e acata pedido de Bolsonaro", disse que não interferiu na corporação.

"Que imprensa canalha a Folha de S.Paulo. Canalha é elogio para a Folha de S.Paulo. O atual superintendente do Rio de Janeiro, que o [ex-ministro Sergio] Moro disse que eu quero trocar por questões familiares."

"Não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal, nem eu nem meus filhos, zero. Uma mentira que a imprensa replica o tempo todo, dizer que meus filhos querem trocar o superintendente [da PF no Rio]", completou o presidente.

Nomeado um dia antes, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Souza, decidiu trocar a chefia da Superintendência da PF no Rio de Janeiro, foco de interesse da família de Jair Bolsonaro. Carlos Henrique Oliveira, atual chefe da PF no estado, foi convidado para ser o diretor-executivo, número dois na hierarquia do órgão.

Durante sua fala, Bolsonaro foi questionado por jornalistas se havia pedido a mudança na superintendência da PF no Rio. Foi aí que ele disse para os profissionais calarem a boca.

"Cala a boca, não perguntei nada", respondeu a um primeiro questionamento, feito por uma repórter de O Estado de S. Paulo. "Folha de S.Paulo, um jornal patife e mentiroso". Questionado em seguida pela Folha, o presidente gritou novamente: "cala a boca, cala a boca".

Moro disse em sua despedida que Bolsonaro queria trocar o diretor-geral para interferir politicamente na polícia. O ex-ministro afirmou também que o presidente queria mudanças no Rio e em Pernambuco. Como mostrou o Painel, Alexandre Ramagem, que teve a nomeação suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), também já tinha decidido trocar o comando da PF no Rio.

Neste terça-feira, para rechaçar que teria promovido ingerência na PF, Bolsonaro disse que Carlos Henrique Oliveira será diretor-executivo da corporação, o "zero dois" da estrutura da polícia.

"Para onde ele [Oliveira] está indo? Para ser diretor-executivo da Polícia Federal. Ele vai sair da superintendência - são 27 superintendências - para ser diretor-executivo. Eu tô trocando ele? Eu tô tendo influencia sobre a Polícia Federal? Isso é uma patifaria", afirmou.

"[Ele] está saindo de lá [RJ] para ser diretor-executivo a convite do atual diretor-geral. Não interferi nada. Se ele fosse desafeto meu e, se eu tivesse influência na Polícia Federal, ele não iria para lá. Não tenho nada contra o superintendente do Rio de Janeiro e não interfiro na PF."

POSSE DE ROLANDO

O termo de posse de Rolando no comando PF foi assinado em uma cerimônia reservada no gabinete do presidente, cerca de dez minutos após a publicação. Auxiliares de Bolsonaro disseram que a posse-relâmpago foi para agilizar o processo e não deixar a PF sem comando por mais tempo.

Na semana passada, Alexandre Ramagem, amigo da família do presidente, teve a nomeação suspensa por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Bolsonaro chegou a dizer que iria recorrer, mas não apresentou nenhum ato jurídico formal sobre o assunto até o momento.

Foi Ramagem o responsável pela indicação de Rolando. Eles trabalharam juntos nos últimos meses na Abin. De acordo com auxiliares do presidente ouvidos pela Folha, Bolsonaro foi aconselhado a ter pressa para escolher um novo nome para o órgão após a decisão de Moraes.

Na avaliação de ministros do Supremo, a presença do presidente no ato antidemocrático do domingo (3) foi um aceno para seguidores. A leitura é a de que foi uma tentativa de passar a mensagem de que é ele quem manda e que não admitiria uma segunda anulação de sua nomeação.

No entanto, dentro da corte, a opinião majoritária é de que não haveria nenhuma possibilidade de suspender a escolha de Rolando, que é diferente da primeira.

Moraes se baseou especificamente no fato de uma investigação ter sido aberta para apurar as acusações feitas por Moro e que envolviam Ramagem, como o escolhido por Bolsonaro para ter mais controle na PF.

A PGR (Procuradoria-Geral da República) solicitou nesta segunda (4) diligências no inquérito conduzido por Celso de Mello. Entre as medidas, Augusto Aras pede depoimentos de cinco delegados, entre eles Carlos Henrique Oliveira, Ramagem e Maurício Valeixo, ex-diretor-geral.

De novo centro das atenções, o Rio foi pivô da primeira crise envolvendo a PF e Bolsonaro.

Em agosto do ano passado, o presidente atropelou a cúpula e anunciou a troca do chefe do Rio, que era Ricardo Saadi. Depois, Bolsonaro chegou a dizer que Alexandre Saraiva, superintendente do Amazonas, assumiria o comando no local.

Em dezembro, enfim, com a situação aparentemente mais tranquila, Carlos Henrique, que era o nome defendido pela direção da PF na época, assumiu o Rio. Nem seis meses depois, no entanto, deve se mudar novamente, se aceitar o convite de Rolando.

A preocupação com investigações sobre sua família, desconhecimento sobre processos, síndrome de perseguição, inimigos políticos e fake news são alguns dos pontos elencados por pessoas ouvidas pela Folha para tentar explicar a obsessão do presidente com o Rio.

Sua candidatura em 2018 o colocou como muito próximo dos bastidores da PF, por ter sua segurança feita pelo órgão - Ramagem chegou a coordenar uma das equipes, após a eleição, a partir do fim de outubro daquele ano.

Segundo relatos, bastidores da Superintendência da PF no Rio, intrigas entre grupos e outras ocorrências passaram a chegar rapidamente a Bolsonaro desde a campanha.

Depois, as relações foram mantidas, e os assuntos viraram mais importantes, principalmente após vir à tona a investigação de seu filho Flávio e também pelo fato de seu mandato ter começado.

A presença ou ausência do chefe da PF no edifício do órgão era motivo de perguntas por parte do presidente, por exemplo. Funções de delegados específicos também viravam alvo de reclamações de Bolsonaro.

Mais recentemente, no episódio envolvendo o porteiro, o presidente chegou a insinuar que o ocorrido era parte de um plano do governador Wilson Witzel (PSC-RJ). Antes aliados, os dois viraram inimigos políticos desde o final do ano passado.

A partir disso, nos bastidores, Bolsonaro reclamava de que o adversário não virava alvo de investigações.

Seus contatos na PF também inflamavam a irritação, dizendo que tipo de apuração poderia vir a ser feita para atender os anseios do presidente e espalhavam que os trabalhos não andavam como deveriam.

Até um despacho de um delegado em um caso que envolvia supostamente um aliado de Bolsonaro, o deputado federal Hélio Negão (PSL-RJ), virou um dos ingredientes da crise.

O documento recuperava casos de anos anteriores para levantar a possibilidade de um homem citado no inquérito ser, na verdade, o parlamentar. Em seguida, no entanto, dizia que não era, mas mandara o caso para os órgãos de inteligência e também decretara sigilo ?"dois procedimentos considerados fora do padrão para o tipo de investigação.

A desconfiança da cúpula da polícia era que se tratava de uma fraude, com o objetivo de gerar desconfiança na PF do Rio. Como mostrou o Painel, Alexandre Ramagem, que teve a nomeação suspensa pelo STF (Supremo Tribunal Federal), também tinha decidido trocar o Rio.

INVESTIGAÇÕES QUE ENVOLVEM ENTORNO DE BOLSONARO

Em março de 2019, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, anunciou a abertura de um inquérito para investigar a existência de fake news que atingem membros da corte.

Paralelamente, em setembro do mesmo ano, a CPMI das Fake News foi instaurada no Congresso.

Desde então, a família Bolsonaro tem se colocado contrária ao funcionamento da comissão, que investiga perfis que fazem parte do arco de apoio do presidente da República.

No final de abril, a Folha revelou que a PF identificou o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news.

Dentro da Polícia Federal, não há dúvidas de que Bolsonaro quis exonerar o ex-diretor da PF Maurício Valeixo, homem de confiança de Sergio Moro, porque tinha ciência de que a corporação havia chegado ao seu filho.

Atos pró-golpe

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou a abertura de inquérito para investigar os atos do dia 19 de março.

O pedido foi feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. O objetivo é apurar possível violação da Lei de Segurança Nacional por "atos contra o regime da democracia brasileira".

A investigação mira empresários e ao menos dois deputados federais bolsonaristas, Daniel da Silveira (PSL-RJ) e Cabo Junio Amaral (PSL-MG), por, possivelmente, terem organizado e financiado os eventos.

Na mira da PF também estão youtubers bolsonaristas que chamaram público para os atos. Bolsonaro, que participou dos protestos em Brasília, não será investigado, segundo interlocutores do procurador-geral.

Eles alertam, porém, que, caso sejam encontrados indícios de que o chefe do Executivo ajudou a organizá-los, ele pode vir a ser alvo.
Caso Queiroz

Em agosto de 2019, Bolsonaro anunciou que trocaria o então superintendente da PF no Rio, Ricardo Saadi, por questões de gestão e produtividade.

A corporação passava por momento delicado, após vir à tona o caso Fabrício Queiroz, policial aposentado e ex-assessor do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) na Assembleia do Rio.

Ele é o pivô da investigação do Ministério Público que atingiu o primogênito do presidente. Relatório federal apontou a movimentação de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.

A suspeita é de que o dinheiro seja de um esquema de "rachadinha" - quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários aos deputados.

Nomeado nesta segunda-feira (4) pelo presidente Bolsonaro, o novo diretor-geral da PF, Rolando Alexandre de Souza, decidiu trocar a chefia da corporação no Rio
Herculano
05/05/2020 12:48
da série: o louco

regina duarte, sobre bolsonaro: "ACHO QUE ELE ESTÁ ME DISPENSANDO"

Conteúdo de O Antagonista. Em conversa com uma assessora, Regina Duarte disse hoje que acredita estar sendo dispensada por Jair Bolsonaro - após a recondução do olavista Dante Mantovani, demitido por ela, à presidência da Funarte -, informa Igor Gadelha na Crusoé.

"Que loucura isso, que loucura. Eu acho que ele [Bolsonaro] está me dispensando", afirmou a secretária especial da Cultura, em conversa ouvida pela reportagem com uma assessora.

A certa altura, Regina diz: "Eu passei a noite? Acordava de uma em uma hora e falava assim: 'Está esquisito, está muito esquisito'".
Herculano
05/05/2020 10:07
COINCIDÊNCIAS. "QUEM MANDA AQUI SOU EU". E ISSO É DEMOCRACIA, RESPEITO AS INSTITUIÇÕES, AS LEIS. É O COMEÇO DA PERSEGUIÇÃO AOS CIDADãOS E A LIBERDADE DA PLURALIDADE

Do deputado Kin Kataguiri, DEM, e do MBL, na CNN,

Primeiro ato do novo Diretor-Geral da PF é mudar o superintendente do RJ, onde ocorrem as investigações contra Flavio Bolsonaro. Isso não é coincidência, só não vê quem não quer.
Herculano
05/05/2020 10:03
da série: para os aprendizes de gestores públicos lerem. O melhor marketing dele foi tirar o estado do Espírito Santo do buraco, lutar ao mesmo tempo contra o câncer, ter uma popularidade alta com a austeridade e se recusar a concorrer a reeleição.

Os governantes hoje, não conseguem mais ler três linhas e fazem discursos como se tivessem lido dezenas vezes a bíblia..., mas citando versículos populares

NA TRAVESSIA DA PANDEMINA, O PRESENTE E O FUTURO, por Paulo Hartung, economista, presidenre executivo da Indústria Brasileira de Árvores, membro do Conselho Todos pela Educação, ex-governador do estado do Espírito Santo (2003-2010 e 2015-2018), no jornal O Estado de S. Paulo.

É impositivo reformar o Estado, em todos os níveis, tornando-o contemporâneo

Nesta dura travessia, para além da angústia das incertezas e do sofrimento dilacerante das perdas, há que exercitar a altivez do espírito e a grandeza da razão. Isso porque, se não há - e não há - sentido algum intrínseco a esta tragédia, que produzamos um sentido a partir do seu enfrentamento. Só esse duro desafio nos tornará aptos a concluir essa caminhada em pé, e não de joelhos, capacitados para a reconstrução e também para a prevenção de situações como a que nos abate.

Esse é um caminho possível, porque toda crise tem três forças: aprendizados, oportunidades e finitude. Além disso, as mais bem-sucedidas travessias de tempos trágicos, ou seja, as que implicaram menos perdas e possibilitaram uma reabilitação mais rápida e com uma sociedade mais preparada, tiveram o dom de dar prioridade às demandas do momento e ao olhar no pós-crise ?" mais que o olhar, o agir em prol do futuro.

Nesse sentido, sempre no espectro dos valores democrático-republicanos e humanísticos, o atual enfrentamento consolida certezas como a prioridade absoluta de salvar vidas, cuidar dos vulneráveis, preservar empregos, empresas e atividades econômicas. Há também a consciência de que devemos ter humildade diante deste obscuro mal, investindo nas melhores ferramentas da ciência e nas virtudes da prudência, da generosidade e da justiça.

No campo dos aprendizados e das oportunidades que a crise enseja, há pontos importantes. A pandemia escancarou a infâmia da desigualdade social no Brasil. Num país que ainda debate sobre a necessidade ou não de quarentena, há mais de 30 milhões de irmãos nossos sem acesso regular a água tratada. Não se trata de discutir distanciamento social, mas de não ter água dentro de casa para lavar as mãos. Mais: 100 milhões não estão conectados aos sistemas de coleta e de tratamento de esgoto. Assim, além do aspecto humanitário e sanitário, os investimentos em saneamento são uma oportunidade, seja para gerar ocupação e renda, seja para enfrentar um dos maiores desafios de nossa secular desigualdade socioeconômica.

A superação dessa desigualdade tem no investimento em educação básica o seu mais potente recurso. Uma educação qualificada promove a autonomia cidadã, é agente de prosperidade compartilhada. E nem é preciso reinventar a roda. Há experiências bem-sucedidas, como as de Ceará, Pernambuco e Espírito Santo, entre outras, assim como há exemplares movimentos da sociedade, como o Todos Pela Educação e os Institutos Unibanco, Ayrton Senna, Natura, ICE e Sonho Grande.

No enfrentamento emergencial da desigualdade, tão manifestamente exposta pela crise da covid-19 e sua gigantesca demanda por suporte e amparo aos mais carentes, resta evidente que é preciso unificar os programas sociais do País e criar um bem estruturado programa nacional de renda mínima, dando prioridade ao socorro aos mais empobrecidos.

A tragédia do saneamento insere-se na grave desorganização da infraestrutura no País, incluindo rodovias, ferrovias, aeroportos, energia, transmissão de dados e portos. Esse setor tem uma demanda urgente de atualização de marcos regulatórios, conferindo-lhe diretrizes modernas, segurança jurídica e atratividade para os investidores nacionais e estrangeiros. Aqui, além de incrementar as bases da produtividade e da competitividade, dinamizando a produção de riquezas, vale notar também a oportunidade de geração de emprego.

O coronavírus tem mostrado também o atoleiro analógico em que está imerso o Estado brasileiro. Revelando mais uma faceta de uma estrutura governativa cara e ineficiente, na hora de se conectar com os milhões de trabalhadores informais para a ajuda emergencial o governo simplesmente não tinha redes nem bancos de dados desse contingente que, apesar de pagar tributos, é desconhecido por esse implacável cobrador de impostos. Ou seja, é impositivo reformar o Estado, em todos os níveis, tornando-o contemporâneo do nosso tempo, incrementando sua interface com a digitalidade, libertando-o do cativeiro imposto por corporações e grupos de interesse, enfim, conferindo-lhe agilidade e eficácia.

Esta travessia, além de destruir riquezas, evidencia algumas tendências para o pós-crise, entre elas, o fortalecimento da ciência, o valor da cultura, o enfraquecimento do populismo autoritário e o incremento inédito da digitalidade em campos como trabalho, consumo, educação e medicina, entre outros. Esperamos que as questões climáticas também entrem de vez na pauta de todo o planeta.

Em meio a tanta dor e desolação, que, paralelamente à luta sem trégua, sejamos capazes de aprender e, assim, possamos sustentar nossa caminhada com o saber e a sabedoria das superações, as de hoje e as do ontem. Esse é o caminho para que possamos resistir com o menor sofrimento possível e para concluir essa travessia tormentosa com rumo, bússola, mapa e energia para investir cada vez mais na dignidade humana e no bem-estar coletivo, de modo socialmente inclusivo, economicamente sustentável e politicamente democrático.
Miguel José Teixeira
05/05/2020 10:03
Senhores,

Segundo o Lauro Jardim, em "O Globo":

"O novo chefe da PF começa a fazer as mudanças encomendadas a ele"

Em tempos do coronavírus, a Nação Brasileira, sobrevivendo em modo "pentiunvirato bolsonaro", é surpreendida com o novo significado de PF: Puxadinho Familiar. . .

Bom. . .isso não é uma gripezinha, mas também passará. . .
Herculano
05/05/2020 09:54
CENTRÃO É VIRTUOSO E MORO É PETISTA, por Helio Schwartzman, no jornal Folha de S. Paulo

O centrão, vale lembrar, é sinônimo da "velha política"

Eu tento ser uma pessoa boa, mas nem sempre consigo. Confesso que experimento um certo prazer - uma "Schadenfreude", diriam os sempre precisos alemães- ao ver bolsonaristas contorcendo seus neurônios para processar a nova aliança do mito com o centrão ou ao se verem obrigados a reclassificar o ex-herói Sergio Moro como um traidor.

O centrão, vale lembrar, é sinônimo da "velha política", que Bolsonaro jurou que não teria vez em sua administração. Circula na internet um vídeo impagável em que o general Heleno, o fiador verde-oliva do governo, arrisca acordes em que sugere que todos os parlamentares do centrão são ladrões. Agora, Bolsonaro ameaça demitir os ministros que resistirem em ceder cargos para esses políticos.

Já Moro, que até alguns dias atrás emprestava à administração sua imagem de campeão da luta contra a corrupção, deixou o governo acusando Bolsonaro de crimes graves. É Moro que mudou ou Bolsonaro que mentiu?

O meu prazer é, de um ponto de vista cristão ou kantiano, condenável, porque se baseia no sofrimento mental por que essas pessoas passam ao lidar com contradições óbvias demais para serem ignoradas -dissonâncias cognitivas no vocabulário da psicologia. E cristãos e kantianos não deveriam extrair prazer da dor alheia. Mas não sou tão kantiano assim e nada cristão. Já que os eleitores de Bolsonaro nos impingiram esse estrupício, é justo que sofram pelo menos um pouquinho também.

Nossa janela para regozijo, porém, é curta. Uma série de trabalhos inaugurados por Leon Festinger nos anos 50 mostra que, quando confrontados com dissonâncias cognitivas, nossos cérebros fazem de tudo para dissolver as contradições e eliminar o sofrimen
Herculano
05/05/2020 09:49
MOROA: "SERÁ QUE ABANDONAMOS TODA E QUALQUER DIGNIDADE?"


Conteúdo de O Antagonista. Os bolsonaristas continuam a espalhar mentiras sobre Sergio Moro.

Hoje, no Twitter, ele denunciou mais uma:

"Continuam as fake news contra mim, abaixo uma feita utilizando falsamente o nome do Ministro Ayres Britto para veicular louvores ao Presidente da República e críticas a mim. Será que abandonamos toda e qualquer dignidade?"
Herculano
05/05/2020 09:43
UMA VERDADE INCONVENIENTE

"Enquanto houver dinheiro público sem licitação, o pico da pandemia será adiado para o mês seguinte"
Herculano
05/05/2020 09:41
FUNCIONÁRIO DA JUSTIÇA ELEITORAL OU FALTA DE ASSUNTO DO GOVERNO PARA ANUNCIAR

O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, orientado por seus "çabios", foi ontem à rede social e nele postou um vídeo mostrando que está se esgotando o prazo para a regularização do título eleitoral.

É ou não uma máquina de votos desperdiçando tempo de governo de de transparência dos dados da gestão? Acorda, Gaspar!
Herculano
05/05/2020 09:37
Só O PREFEITO ELEITO KLEBER, O PREFEITO DE FATO CARLOS ROBERTO PEREIRA, O ADVOGADO INTERINO DA SAÚDE E OS VEREADORES QUE RODEIAM O GOVERNO DE GASPAR NÃO PERCEBEM O QUE SE PUBLICA POR AI NAS REDES SOCIAIS, SEM CONTROLE, É UMA VOZ MUITO PODEROSA QUE AMEAÇA ESSA GENTE NAS URNAS. É A REALIDADE

Olha só o que li, em uma delas.

A ala da UTI de Gaspar adquirida pela Gestão de KLeber Wandall veio na hora certa.
É para uso da Saúde.
Os vereadores estão fazendo fila pensado que é Studio de fotografias
O que tinha que ser falado sobre a aquisição sr. prefeito já postou.
Ficou bem esclarecido.
Os srs vereadores não precisam ficar repetindo só para marcar presença e tirar selfies
Tem outros lugares carentes do município precisando da visitinha de vcs.
Os postinhos de saúde por exemplo.
Vão dar uma fiscalizar para ver como está, se tudo certinho
Herculano
05/05/2020 09:27
SOLUÇÃO CASEIRA PARA A SAÚDE CONTAMINADA DE SANTA CATARINA

Ao final, o coronel bombeiro militar da reserva, o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, que teve que aceitar condoído o pedido de demissão do coronel bombeiro militar médico, secretário da Saúde Helton de Souza Zeferino, metido em sérias dúvidas, optou por uma solução caseira dentro da secretaria de Saúde. Promoveu a titular da pasta o número dois, o médico André Motta.

Resumindo: tudo fica como está e com altos riscos que piorar e de se esconder todas as dúvidas levantadas até aqui. E logo Carlos Moisés eleito para mudar tudo o que se escondia, o que se fazia de forma torta e dar transparência ao governo.

Moisés até tentou tirar uma pomba da cartola, a ex-secretária de Saúde dos tempos do ex-governador Luiz Henrique da Silveira, MDB, a enfermeira, a hoje deputada Federal pelo Cidadania, a que substituiu ao deputado estadual Eduardo (Dado) Schrem, na secretaria, a serrana Carmem Zanotto.

Ela recusou. Afinal ela conhece bem o terreno onde pisaria e mais do que isso, sabe que não teria um décimo da proteção política que teve para exercer o cargo com LHS. Seria triturada no ambiente corporativo e político.

Por isso, elegantemente, foi lá no palácio e depois escreveu isso.

Estive reunida com o governador Carlos Moisés da Silva, agradeci o convite e disse que estou disposta a continuar trabalhando pela saúde e no combate a Covid-19 em nosso Estado. Com minha experiência de enfermeira, gestora, e parlamentar, atuando junto ao governo de Santa Catarina, somando esforços com as demais instituições na busca incessante de soluções e recursos, para que juntos possamos enfrentar essa guerra com o menor número possível de mortes.
Posso conciliar minhas atividades como relatora da Comissão Externa de Combate ao Coronavírus, onde estamos atuando desde fevereiro e ajudando de forma incansável o nosso Estado.

Tenho convicção que somente com unidade, solidariedade, desprendimento e muito trabalho, juntos iremos vencer esse inimigo invisível.

Reitero que estarei sempre à disposição para trabalhar pela Saúde do meu estado, independentemente de assumir a pasta da Secretaria da Saúde.

Para encerrar: Carlos Moisés que prometeu acabar com as dúvidas e construir um novo modelo de gestão, ao convidar Carmem, voltou dez anos na história de Santa Catarina e nem pode garantir o mínimo para essa volta.

Resumindo: o futuro só nos discursos que lhe deram 70% dos votos dos catarinenses. O comandante está perdendo o comando e a tropa está apenas perfilada, mas sem concentração para a missão emergencial.
Herculano
05/05/2020 09:15
da série: PL lidera a troca a troca.

PARTIDOS ATRAEM 41 MIL PESSOAS NO ÚLTIMO MÊS DE FILIAÇÕES PARA CONCORRER ÀS ELEIÇõES DE 2020, por Upiara Boschi, no NSC Total, Florianópolis SC

Mesmo atingindo em cheio pelas rígidas restrições iniciais impostas pelo governo estadual como resposta à crise do coronavírus, o último mês de filiações partidárias para os interessados em participar das eleições deste ano movimentou cerca de 41 mil pessoas em Santa Catarina. Os números mostram avanço de legendas ligadas ao bolsonarismo e renovação política à direita, mas também a força das siglas mais tradicionais.

Os dados se referem às filiações realizadas entre 4 de março e 4 de abril deste ano - último mês para filiações e também período da janela que permitia a mudança de legenda para vereadores sem risco de perda de mandato por infidelidade partidária. Um termômetro importante sobre a atração de lideranças para a disputa eleitoral marcada - até agora - para outubro.

O partido que liderou as filiações foi o PL do senador Jorginho Mello. Foram 5.317 no período da janela - em boa parte impulsionadas pelo abrigo de possíveis candidatos que optaram pela legenda porque o Aliança pelo Brasil, partido idealizado pelo presidente Jair Bolsonaro, não ficaria pronto a tempo de disputar as eleições deste ano. Foi o caso, por exemplo, de Criciúma, onde a advogada Júlia Zanatta aderiu ao PL na condição de pré-candidata a prefeita - nessa onda, o partido filiou outras 51 pessoas.

Mas nem só de bolsonaristas vive o partido de Jorginho Mello. Em Florianópolis, a adesão do vereador Pedrão Silvestre (ex-PP), pré-candidato a prefeito, motivou outras 41 filiações - incluindo o também vereador Maikon Costa. Em Blumenau, a reestruturação do partido em torno do deputado estadual Ivan Naatz resultou em 46 filiações, incluindo o empresário Ericson Luef (ex-MDB). Em São José foram 112 adesões, entre eles o vereador Clonny Capistrano (ex-MDB).

O segundo lugar na conquista de lideranças na janela coube ao Podemos, que vai disputar sua segunda eleição em Santa Catarina com essa denominação e é liderado no Estado pelo ex-deputado federal Paulo Bornhausen. Pesaram as filiações dos prefeitos de Balneário Camboriú, Fabrício Oliveira, e de Blumenau, Mario Hildebrant - ambos ex-PSB. Com Fabricio, 116 pessoas aderiram ao partido, enquanto Mario carregou 52 militantes. Em Florianópolis foram 43 filiações, incluindo os vereadores Gabrielzinho, Fabrício Correa (ambos ex-PSB) e Erádio Gonçalves (ex-PL).

O terceiro posto nessa curiosa disputa mostra que os partidos tradicionais ainda têm fôlego: o PP do senador Esperidião Amin filiou 4.072 pessoas, a maior parte em pequenas e médias cidades. Logo em seguida, com 3.864 filiados, surge o PSL do governador Carlos Moisés, com muita força no Sul do Estado - foram 378 adesões apenas em Balneário Arroio do Silva. Também pesou a conquista do prefeito Luciano Buligon, de Chapecó, que trouxe outras 145 pessoas para o partido. Em Lages, a adesão do vereador e pré-candidato a prefeito Lucas Neves (ex-PP) também garantiu 74 filiações, incluindo o também vereador Luiz Marin.

O ranking segue com partidos tradicionais - PSD (3.650), MDB (3.277) e PSDB (2.717). Também abrigando bolsonaristas, Republicanos (1.535) e Patriota (1.489) ocupam a oitava e a nona posição, com o DEM (1.485) fechando a lista dos 10 mais. Nos partidos de esquerda ou centro-esquerda, o PDT se destacou com 1.420 filiações, seguido pelo PT, que recebeu 1.213 adesões.
Herculano
05/05/2020 09:08
GASOLINA A R$2,999

O Demétrius Wolff estava na estrada e ontem a noite, na sua rede social distribuiu a foto de uma placa de um posto de combustíveis em Santo Amaro da Imperatriz, na Grande Florianópolis.

Nela, a gasolina era anunciada a R$2,999 o litro e o álcool a R$2,899. Já em Gaspar e Ilhota...
Herculano
05/05/2020 09:01
da série: o perfeito retrato de um governo de doidos ou de anarquistas. E não pode se dizer que isso não tenha dedo do presidente (ou filhos, ou gente fanática e religiosa) para desmoralizar publicamente seus subordinados

GOVERNO ATROPELA REGINA DUARTE, E MAESTRO QUE ASSOCIOU O ROCK AO SATANISMO VOLTA À FUNARTE, por Edson Sardinha, do Congresso em Foco, Brasília DF

O maestro Dante Mantovani, que havia sido demitido em março pela secretária nacional de Cultura, Regina Duarte, está de volta à presidência da Fundação Nacional de Artes (Funarte). O retorno dele foi confirmado na edição desta terça-feira (5) do Diário Oficial da União. O ato é assinado pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto.

Ligado ao escritor Olavo de Carvalho, Mantovani foi demitido por Regina no mesmo dia em que a atriz assumiu a secretaria. O maestro despertou atenção pelas publicações que compartilhava nas redes sociais. Em um vídeo no Youtube, ele associou o rock ao satanismo e ao aborto.

"O rock ativa a droga, que ativa o sexo, que ativa a indústria do aborto. A indústria do aborto por sua vez alimenta uma coisa muito mais pesada que é o satanismo. O próprio John Lennon disse que fez um pacto com o diabo", disse Mantovani.

Em outros vídeos, o maestro reproduziu a versão de que comunistas infiltrados na CIA foram responsáveis por distribuir LSD para jovens em Woodstock com o objetivo de destruir a família, apontada como "base" do capitalismo.

Para o presidente da Funarte, o rock foi uma estratégia criada pelo marxismo para destruir a moral, base da sociedade burguesa americana, ao atingir a juventude e por sua vez "desestabilizar" as bases da sociedade capitalista.

A volta dele ao cargo é mais um sinal de "fritura" de Regina Duarte à frente da Secretaria Nacional de Cultura. Ela tem sido atacada por aliados do presidente Jair Bolsonaro e por seguidores de Olavo de Carvalho.

"Infelizmente a Regina está trabalhando pela internet ali e eu quero que ela esteja mais próxima. Uma excelente pessoa, um bom quadro, é também uma secretaria que era ministério, muita gente de esquerda, pregando ideologia de gênero, essas coisas todas que a sociedade, a massa da população não admite e ela tem dificuldade nesse sentido", disse Bolsonaro no dia 28 de abril.

Mantovani chegou ao comando da Funarte pelas mãos do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim, antecessor de Regina. Alvim foi demitido depois de anunciar o lançamento de um prêmio cultural com um discurso semelhante ao feito por Joseph Goebbels, ministro de Propaganda da Alemanha nazista.
Herculano
05/05/2020 08:53
GOVERNO DAS DERROTAS? por Matheus Miranda, é articulista e presidente do Instituto Libercracia, publicado no Instituto Liberal.

Na última semana, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu o decreto que nomeava o novo Diretor-Geral da Polícia Federal, Alexandre Ramagem, acatando uma ação de Mandado de Segurança pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), tendo visto indícios de desvio de finalidade na indicação.

Num país em que há histórico de o presidente indicar pessoas próximas para altos cargos da República, a indicação passaria batido. O ex-presidente Fernando Collor indicou para a Suprema Corte brasileira seu primo, Marco Aurélio de Mello; FHC indicou seu ministro da Advocacia-Geral da União, Gilmar Mendes; já Luis Inácio Lula da Silva colocou o advogado do PT, José Dias Toffoli.

Nada mais justo que Jair Messias Bolsonaro nomear um amigo de seus filhos para chefiar a Polícia Federal. Se outros podiam, por que ele também não pode?

O diabo mora nos detalhes! O governo Bolsonaro tem uma peculiaridade que o diferencia dos últimos que se sentaram na cadeira do Palácio do Planalto. O presidente é um inexperiente na política, apesar de ter passado 26 anos como deputado federal na Câmara dos Deputados. Ele era do baixo clero e nunca participou de articulações com outros parlamentares. Entretanto, isso não é a raiz do problema; Jânio Quadros e Collor quando foram eleitos para presidente já haviam chefiado governos estaduais ?" o primeiro tinha sido governador de São Paulo e o segundo de Alagoas; mesmo assim, foram fracos e acabaram caindo.

Não quero aqui discutir o futuro do governo Bolsonaro, se vai perdurar até o fim do mandato ou naufragará antes disso. Como dizia o político mineiro, Magalhães Pinto, o cenário político muda que nem as nuvens.

O ponto central da discussão que busco trazer são as derrotas que o governo Bolsonaro sofre desde o início, seja por derrubada de vetos, MP's caducadas ou decisões judiciais impedindo ou suspendendo medidas. Para se ter uma ideia, o Congresso Nacional derrubou 30 % dos vetos em seu primeiro ano de mandado presidencial, recorde histórico comparado com os demais governos. No governo FHC, foram 1,6 % e Temer bem mais alto, com 6,5. Quanto aos governos petistas, Lula teve apenas duas vezes derrubados seus vetos e Dilma teve sete vezes.

No ano de 2019, o presidente da República publicou 48 medidas provisórias com temáticas desde a organização dos Ministérios até MP da Liberdade Econômica e fim da obrigatoriedade da Carteirinha de Estudante monopolizada pela UNE. Em uma rápida pesquisa que realizei das MPs editadas no ano passado, 17 foram aprovadas totalmente ou parcialmente, 18 ficaram sem eficácia por não ter conseguido chegar ao Plenário, uma foi rejeitada e o restante ainda está sendo discutido em comissões.

Ao todo o governo em 17 meses de mandato já publicou 112 MPs, recorde histórico comparado com os antecessores: José Sarney com 24 meses foram 125; Collor governou 31 meses e foram 89; Itamar Franco, 27 meses e 142; Michel Temer em 18 meses editou 83 MPs. Dessa forma, proporcionalmente este é o governo que mais publicou Medidas Provisórias.

Dito isso, são muitas as causas que atrapalham o bom funcionamento do governo; porém, destaco aqui aquela que pode ser a origem de todo esse completo caos em que o atual governo mergulhou o Brasil: falta de articulação política.

Desde a redemocratização, todos os governos eleitos diretamente nas eleições legislativas ganharam uma certa sustentação mínima para uma governabilidade. Na campanha, o então candidato acaba alavancando certas candidaturas, principalmente se ele estiver pontuando bem nas pesquisas, o que faz com que o governo consiga ter influência na eleição da mesa da Casa Legislativa, Câmara e Senado.

Funciona assim: o partido do presidente eleito forma um bloco governista e convida outros partidos para votar favoravelmente a projetos de interesse do governo. Chamamos isso de "base aliada".  A construção dessa bancada é composta por apoiadores do presidentes, base "orgânica", aqueles que votam por afinidade no que for proposto, mas também há partidos que dão apoio em troca de acesso ao governo ou cargos.

Não importa se o governo seja de direita ou esquerda, o modelo escolhido na Assembleia Constituinte de 1988 para  a criação de partidos obriga a que haja pluralismo de partidos. Nenhum partido consegue sozinho ter hegemonia no Congresso Nacional. Por isso, os governos que deram certo e obtiveram governabilidade tiveram antes mesmo da eleição que adquirir gordura entre os parlamentares para facilitar a tramitação.

O governo de Bolsonaro, quando se iniciou, tinha a segunda maior bancada entre os partidos com assento na Câmara dos Deputados ?" o Partido Social Liberal elegeu 52 deputados. Diferentemente do passado, a Câmara dos Deputados hoje é bastante fragmentada. Há 30 partidos com cadeira e partidos mais fisiológicos ficaram menores. Com certa facilidade e agilidade, o PSL teria como indicar um presidente da Câmara da base e conseguir muito apoio dentro das comissões. No Senado Federal, a base de Bolsonaro tinha muitos apoiadores e muitos foram eleitos com pautas muito próximas ao que foi defendido durante a campanha.

Como a história já foi escrita, neste momento queria refrescar a memória do leitor: o PSL apoiou a reeleição de Rodrigo Maia, do Democratas, e este último partido ficou com três ministérios da Esplanada ?" Onyx Lorenzoni na Casa Civil, Tereza Cristina na Agricultura e Luiz Henrique Mandetta na Saúde. Em troca, o partido do governo conseguiria emplacar o comando na Comissão de Cidadania e Justiça e de Finanças, principais comissões da Câmara dos Deputados. No Senado, graças à articulação do ministro da Casa Civil e do filho e senador Flavio Bolsonaro, foi eleito o desconhecido Davi Alcolumbre.

Entretanto, o que se viu foi tudo ao contrário. Com indecisões e falta de articulação política da bancada governista, as propostas do governo foram aprovadas com dificuldade. A Reforma da Previdência, considerada pelo poderoso ministro da Economia Paulo Guedes como a mais importante, foi sabotada pelo próprio presidente e desidratada por pressão de grupos corporativistas. Se a previsão inicial era de R$ 1,2 trilhão, terminou com pouco mais de R$ 800 bilhões, abaixo do que era esperado. Na outra ponta, o Pacote Anticrime, proposto pelo então ministro da Justiça Sérgio Moro, não foi defendido como deveria, perdeu muitos pontos importantes e terminou com uma grande jabuticaba, o chamado Juiz das Garantias.

A base aliada de Jair Messias Bolsonaro se transformou em um grande episódio daquele programa do SBT, "Casos de Família". Tornou-se comum haver "barracos" entre deputados do próprio partido. No segundo semestre do ano passado, Bolsonaro resolveu implodir o próprio PSL desde a briga entre o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, e os deputados delegado Valdir e Joice Hasselmann pela liderança do partido na Câmara, mas também pela confusão com o presidente do PSL, Luciano Bivar, pelo farto dinheiro do fundo partidário de R$ 238 milhões.

Resultado: o presidente da República ficou sem partido e com cerca de 30 deputados do PSL; o restante abandonou o governo. O partido que seria criado pelo grupo de Bolsonaro, a Aliança pelo Brasil, não conseguiu obter registro no TSE para disputar as eleições municipais.

Dessa forma, as derrotas que o governo sofre dentro do Congresso Nacional são resultado da ingerência do presidente Jair Bolsonaro, seja por não dar prioridade necessária para aprovações de suas propostas, seja por viver em eterno conflito com todos. Fora isso, as chamadas derrubadas de vetos no Congresso talvez sejam altas porque o presidente as quer enfrentar, mesmo ciente de que suas decisões serão revertidas.
Miguel José Teixeira
05/05/2020 08:51
Senhores,

"Promessa é dívida

(Coluna do Cláudio Humberto, no Diário do Poder, hoje)

O relator da PEC do "orçamento de guerra", deputado Pedro Paulo (MDB-RJ), prometeu que após a pandemia vai integrar iniciativas com o objetivo de reduzir o tamanho do Estado e as regalias do setor público."

Portanto, vamos ficar atento à promessa do parlamentar carioca, que é Economista.

Conheça-o, manifeste-se ou cale-se para sempre:

1) https://www.camara.leg.br/deputados/122158/biografia

2) dep.pedropaulo@camara.leg.br
Herculano
05/05/2020 08:48
"NÃO RESTA OUTRO CAMINHO"

Conteúdo do O Antagonista. "Não resta outro caminho que não exigir o impeachment de Bolsonaro", diz Carlos Fernando dos Santos Lima.

"Em um momento de grave crise de saúde pública e de enorme risco de depressão econômica, acrescentar a isso um procedimento politicamente doloroso como o de impedimento de um presidente pode parecer errado.

Mas manter Bolsonaro é permitir que morram milhares de brasileiros que poderiam ser salvos. Manter Bolsonaro é estender a pandemia sem controle, o que aprofundará ainda mais a recessão econômica. Bolsonaro comete crime de responsabilidade quando para ele tanto faz quantos brasileiros morram, desde que seu poder seja salvo".
Herculano
05/05/2020 08:39
STJ NÃO VÊ CRISE COM DECISõES JUDICIAIS CUMPRIDAS

O ministro João Otávio de Noronha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não vê "crise institucional", tampouco "desafio à Justiça", nos desabafos do presidente Jair Bolsonaro contra decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), em especial no veto à sua primeira escolha para dirigir a Polícia Federal. Para ele, tudo deve ficar limitado aos desabafos: "O importante", disse, "é que as decisões judiciais têm sido cumpridas".

NÃO HÁ IMPASSE

O presidente do STJ disse que haveria impasse institucional se as decisões da Justiça não fossem cumpridas. "Mas não é o caso", disse.

DECISõES EXTREMAS

À Rádio Bandeirantes, Noronha advertiu que a desobediência a decisões da Justiça seria grave e levaria o Congresso a tomar decisões extremas.

QUESTÃO DE HÁBITO

Noronha considera que muito desse barulho é de gente pouco habituada à democracia, mas isso, necessariamente, não a coloca em risco.

ESPLENDOR DEMOCRÁTICO

Para o ministro, "o Brasil vive no esplendor democrático" e as manifestações são livres, exceto quando atentam contra as instituições.

DF FAZ DESINFECÇÃO E TESTAGEM EM MASSA NA PAPUDA

A expansão do Covid-19 no Distrito Federal parece sob controle, mas a situação da população carcerária é a que mais preocupa o governador Ibaneis Rocha. Ele determinou já para esta terça-feira (5) uma operação para desinfetar os presídios do Complexo Penitenciário da Papuda, realizar testagem em massa e distribuir máscaras de proteção. O governador também mandou transferir os presos para um prédio novo.

SINAL DE ALERTA

O sinal de alerta foi ligado no governo do DF quando se verificou o contágio de 250 pessoas no complexo prisional.

HOSPITAL DE CAMPANHA

Há duas semanas, Ibaneis determinou providências da Secretaria de Saúde para construir hospital de campanha no âmbito da Papuda.

PEGANDO TODO MUNDO

Além da população carcerária, também funcionários do sistema, principalmente agentes carcerários, acabaram contaminados.

PROMESSA É DÍVIDA

O relator da PEC do "orçamento de guerra", deputado Pedro Paulo (MDB-RJ), prometeu que após a pandemia vai integrar iniciativas com o objetivo de reduzir o tamanho do Estado e as regalias do setor público.

LANTERNA DISPUTADA

Levantamento do instituto Paraná Pesquisa sobre a eleição presidencial mostrou que o governador paulista João Doria (PSDB), parece haver "queimado" a largada: afora os lanterninhas Guilherme Boulos e Wilson Witzel, o tucano é apenas o terceiro "de baixo para cima", com 3,8%.

FôLEGO NA CHEGADA

Apesar do seu desempenho pífio nas primeiras pesquisas, não se deve subestimar João Doria: na sua primeira eleição, para prefeito de São Paulo, largou com 2% das intenções de voto. E venceu no primeiro turno.

O PAI DA MATÉRIA
05/05/2020
A nomeação do novo diretor-geral da Polícia Federal é o triunfo da sensatez. Até Alexandre Ramagem, vítima do STF, aconselhou o presidente a partir para outro. E sugeriu Rolando Alexandre de Souza.

FALTA COERÊNCIA

Projeto de deputado do PDT pune com rigor maior quem fraudar o programa de auxílio emergencial. Há seis meses, quando Bolsonaro propôs algo assim contra fraudadores do Bolsa Família, virou "malvado".

MEMóRIA DE PEIXE

O general Braga Netto agradeceu à mineradora Vale pelas doações de material de proteção, como máscaras e testes rápidos. A empresa vem fazendo "bondades" para se limpar da lama de Mariana e Brumadinho.

NÃO DECOLOU

Segundo o Google Trends, ferramenta que mede a "temperatura" de buscas na internet, o termo "impeachment" chegou ao maior nível dos últimos 12 meses, semana passada: 100. Em relação ao impeachment de Dilma, o maior nível da série histórica, o resultado é de apenas 4.

UMA COISA É UMA COISA

A posse do premiê inglês é casual, sem pompa, nem circunstância. No Brasil, posse-rápida sem grande cerimônia e desperdício de dinheiro público, parece só poder acontecer por motivações obscuras.

PENSANDO BEM...

...fazia tempo que nomeação, desnomeação e renomeação chamavam mais atenção que o vírus.
Herculano
05/05/2020 08:29
Para algumas corporações, cortar os privilégios, altos salários e penduricalhos é algo abstrato ou para os outros, principalmente os mais fracos e pobres. Em Gaspar, por exemplo, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, um dos mais altos salários, resiste a esta ideia e diz que isso é coisa de gente que lhe persegue. Os vereadores daqui estão indo pelo mesmo caminho. Estão arrumando interpretações na Constituição, a mesma que permite desempregar os trabalhadores de carteira assinada em tempo de crise, mas não políticos, comissionados e funcionalismo


CORTAR NO JUDICIÁRIO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

TJs evitam redução de benefícios para magistrados, imperativa na calamidade

Para Jair Bolsonaro, austeridade consiste em desligar o aquecimento da piscina do Alvorada. Alguns dos Tribunais de Justiça do país têm interpretação semelhante do que seja fazer economia em tempos de emergência sanitária.

Reportagem publicada pela Folha mostra que, ao adotar medidas de contenção de despesas, parte dos TJs optou por medidas tópicas, deixando de fora dos cortes os benefícios que turbinam os vencimentos de magistrados.

É o caso das cortes de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, as três maiores do país, que preservaram todos os abonos e auxílios e o pagamento de retroativos.

A opção foi por cortes em despesas com passagens aéreas e diárias, já irrelevantes por causa das medidas de distanciamento social que colocaram a maior parte dos magistrados e servidores em regime de trabalho remoto.

Minas e Rio ?"não por acaso dois dos estados em pior situação orçamentária do país- ficaram ainda bem aquém de São Paulo.

O TJ paulista ao menos apresentou um plano formal de contingenciamento, que chega até os gabinetes dos juízes, com cortes em gastos com combustível, viagens em carros oficiais e material de escritório, além da revisão de contratos e da suspensão de concursos.

Um pouco melhor se saíram tribunais de estados como Paraná, Santa Catarina, Bahia, Sergipe e Roraima. Ali, com variações, as medidas atingiram alguns dos muitos auxílios recebidos por magistrados e servidores e suspenderam momentaneamente o pagamento de indenizações e retroativos.

Não se consegue ainda precisar a gravidade da recessão que a pandemia de Covid-19 vai provocar no país, mas é certo que ela será dramática. Todos os órgãos públicos têm o dever de reduzir despesas para que mais recursos possam ser destinados aos serviços de saúde e ao apoio a trabalhadores e empresas que se viram, do dia para a noite, sem rendimentos e receitas.

Se esse imperativo vale para todas as repartições, aplica-se com especial vigor ao Judiciário, de longe o Poder mais perdulário do país ?"e um dos mais caros do mundo. O Brasil gasta com Justiça, Ministério Público e defensorias 1,8% do Produto Interno Bruto, proporção muito superior à verificada nas nações mais importantes.

Em São Paulo, a Assembleia Legislativa cortou o salário de deputados e servidores. Trata-se de um começo e um exemplo a ser seguido.
Samae Afundado
05/05/2020 07:57
Herculano,
No Samae tudo continua igual, troca-se a mosca mas a merda continua a mesma.
O RH continua um caos depois que a diretora saiu de licença maternidade. Primeiro o Prefeito mandou nomear para diretoria de compras do samae( mas trabalha no RH) a filha do Fiscal de Obras como um favor para ele fechar os olhos para os "esquemas" dos amigos do prefeito. Depois mandou nomear uma engenheira civil que que era estagiaria no planejamento como Diretora de RH no samae, ou seja, agora no samae tem duas diretoras trabalhando no RH e não dão conta de fazer o serviço que o estagiário faz sozinho.
O novo diretor também esta fechando os olhos para as coisas errada. Prefere deixar os caminhões do Samae parados no pátio e pagar aluguel para os amigos empreiteiros. Isso que é visão de economia.
Tem encanador que fica o dia todo na recepção usando a internet pra ficar falando mal do samae no facebook e os chefes não são capaz de colocar o mesmo pra trabalhar.
A secretaria particular do antigo presidente que tem cargo de diretora está em casa numa boa e diz que faz home work, mas ela já não fazia nada presencialmente, imagina remotamente.
E assim segue a vida, uns mamando e outros trabalhando.
Raymagem Vadeixo
04/05/2020 21:01
Sr. Herculano

O prefeitim de Gaspar e sua turma, dizem por aí que conseguiram uma UTI com 10 leitos para o Hospital que pede Socorro.
Esqueceram de dizer, que a tal UTI é provisória e para apenas 6 meses, ou seja depois das eleições, não tem mais UTI no hospital Socorro.
Mas dividendos politicos, mesmo que mentirosos, serão colhidos.
Eleitor gasparense, abra os olhos.
Miguel José Teixeira
04/05/2020 19:31
Senhores,

Coxinhas, mortadelas & bolsominions atentem para o Hino da Bandeira:

"Salve, lindo pendão da esperança!
Salve, símbolo augusto da paz!"
. . .

Mais deprimente do que ver abestados enrolados na Bandeira Nacional, na Praça dos 3 Poderes, agredindo os valorosos profissionais da Enfermagem é ver o Servidor Público número 1, apoiar trogloditas em manifestações anti-democráticas!

. . .

"Paira sempre sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!"

Amém!
Miguel José Teixeira
04/05/2020 19:19
Senhores,

Será que, o "pentiunvirato bolsonaro" não conseguindo emplacar o seu capacho na gloriosa Polícia Federal, transformou-a apenas num "puxadinho" da ABIN onde reina ramagem do clã?
Herculano
04/05/2020 12:41
MORO SOB, BOLSONARO DESCE

Conteúdo de O Antagonista. As calúnias dos bolsonaristas contra Sergio Moro deram chabu, segundo a pesquisa da XP.

Assim como na semana passada, 67% dos entrevistados responderam que seu afastamento terá um impacto negativo no governo, e só 10% disseram que o impacto será positivo.

A nota que Sergio Moro recebeu dos eleitores subiu de 6,2 para 6,5, a de Jair Bolsonaro caiu de 5,1 para 4,7.
Herculano
04/05/2020 12:37
O STF NÃO GOVERNA, MAS PODE IMPEDIR O DESGOVERNO

Conteúdo de O Antagonista. Carlos Ayres Britto reagiu à escalada golpista de Jair Bolsonaro.

Ele disse para o Estadão:

"Por que o Tribunal tem o nome de Supremo? Porque está acima de tudo, acima de todos. Por ser o mais alto e extremo guardião da Constituição. O STF não governa, é certo, porém tem a competência de impedir o desgoverno."

"Acima de tudo, acima de todos"?
Herculano
04/05/2020 12:30
DIAS TRISTES

Hoje se foram Aldir Blanc e Flávio Migliacio....
Herculano
04/05/2020 12:26
da série: uma voz discordante e quebra a reclusão prometida.

BENTO XVI DIZ QUE CASAMENTO DE PESSOAS DO MESMO SEXO É OBRA DO ANTICRISTO

Em obra publicada na Alemanha, o papa emérito de 93 anos alega ser vítima de uma "distorção maligna da realidade"

Conteúdo da Agência AFP. Texto da revista Veja. O papa emérito Bento XVI, conhecido por suas posições tradicionalistas, afirma que seus opositores desejam calar sua voz e compara o casamento entre pessoas do mesmo sexo ao "anticristo", em uma biografia autorizada publicada nesta segunda-feira, 4, na Alemanha.

Joseph Ratzinger, 93 anos, alega ser vítima de uma "distorção maligna da realidade" no livro que recebeu o título Bento XVI - Uma Vida e que inclui várias entrevistas, de acordo com os trechos publicados pela imprensa alemã.

Na obra, Bento afirma que "há um século seria considerado absurdo falar sobre casamento homossexual. Hoje, quem se opõe a ele é excomungado da sociedade (...) Acontece a mesma coisa com o aborto e a criação de vida humana em laboratório".

Ainda no livro, o papa emérito alega que "a verdadeira ameaça para a Igreja é a ditadura mundial de ideologias que se pretendem humanistas".

Na Alemanha, onde a Igreja Católica é comandada por clérigos considerados reformistas, Bento é criticado com frequência por suas opiniões sobre o Islã ou questões sociais. "O espetáculo de reações vindas da teologia alemã é tão equivocado e mal-intencionado que eu prefiro não falar sobre isto", afirmou no livro.

Bento XVI, que foi papa entre 2005 e 2013, é acusado de tentar sabotar os esforços de modernização da Igreja de seu sucessor, o papa Francisco, apesar de afirmar no livro que possuí boas relações com o atual pontífice.

Em fevereiro, Bento XVI se viu envolvido em uma polêmica no Vaticano quando seu secretário particular foi afastado do entorno do papa Francisco.

A decisão foi tomada após a publicação de um livro assinado pelo papa emérito e o cardeal guineano ultraconservador Robert Sarah, no qual defendiam o celibato dos padres, um tema muito polêmico na Igreja.

Alguns consideraram o livro uma tentativa de interferência no pontificado do papa Francisco e, inclusive, um manifesto da ala tradicionalista da Igreja. Após 48 horas de polêmica, Bento XVI pediu a retirada de seu nome da capa do livro, da introdução e das conclusões.
Herculano
04/05/2020 12:19
INTIMIDAÇÃO?

O ex-secretário de Saúde de Santa Catarina, Helton de Souza Zeferino, na entrevista a NSC, disse que quem anunciou ter recebido pedido de propina dos compradores dos respiradores, vai ter que provar.

Alguém acha, que um empresário sério, vai fazer uma denúncia pública para aparecer e se incomodar? ai, ai, ai.
Herculano
04/05/2020 11:59
DESACOSTUMADA E FACILITADORA

A gaúcha RBS quando esteve em Santa Catarina acabou com o jornalismo investigativo e a competição entre os veículos. Tempos bons. Ela fez do jornalismo a razão de seus negócios. Os seus remanescentes odeiam esta observação real.

A NSC sucessora da RBS, até tentou mudar e se impor, mas perdeu a embocadura. Faltava-lhe traquejo e principalmente gente capaz na inchada estrurutura para voltar às origens do jornalismo de resultados para a sociedade.

Já citei inúmeros casos onde tudo se sabe em Florianópolis e nos ambientes frequentados pelos próprios jornalistas. Mas, das redações para os clientes, razão das redações, nada sai.

Neste penúltimo escândalo produzido pelo governo, porque virão outros, tão claro, como água cristalina, foi o Intercept, de fora de Santa Catarina que colocou a imprensa daqui de joelhos.

E foi a ND Notícias, que colocou a líder e que se diz ainda poderosa NSC no saco. Foi para a ND, que um empresário de Joinville revelou que, intermediários do governo do governo de Santa Catarina, na maior cara dura, pediam propina de R$3 milhões para comprar os respiradouro de R$33 milhões.

Os políticos ladrões e a quadrilha que assalta os cofres públicos são se sentem à vontade quando a imprensa é fraca, medrosa ou incapaz.

Essa fraqueza facilita à preguiça das instituições de fiscalização e os políticos se acham no corpo fechado perante todos, inclusive na Justiça que manobram com relacionamentos e os advogados caros e influentes.
Herculano
04/05/2020 11:48
CEGO, SURDO MAS COLOCANDO A CULPA NOS OUTROS DAQUILO QUE É RESPONSÁVEL.

Do deputado Ivan Naatz, PL, um dos principais fiscais das cagadas no mal uso do dinheiro público escasso, mas livre para o uso na emergência pelo governo do estado sobre a compra dos milionários respiradores, com pagamento antecipado pelo governo de Santa Catarina. Já tinha o caso do Hospital de campanha de Itajaí onde o dinheiro estava indo pelo ralo.

"O jovem ex-secretário da Saúde Coronel PM/Reserva Helton Zeferino, disse hoje em entrevista a NSC que a culpa (se houve) na compra de respiradores foi do "mordomo". Ele não viu nada, não soube de nada, não foi com ele, não é com ele. Deve ter se contaminado com o @viruslula que ataca a memória".
Herculano
04/05/2020 11:39
da série: espelho, espelho meu, a polícia federal é minha, dos meus amigos e filhos ou da sociedade. Nomeia um testa de ferro para outro titular em cerimônia para poucos.

BOLSONARO NOMEIA PARA A PF INDICADO DE RAMAGEM, BARRADO PELO SUPREMO

Presidente nomeou Rolando Alexandre de Souza para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto de Daniel Carvalho e Talita Fernandes, da sucursal de Brasília. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nomeou Rolando Alexandre de Souza para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal. A escolha foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União desta segunda-feira (4).

O termo de posse foi assinado em uma cerimônia reservada no gabinete de Bolsonaro, cerca de 20 minutos após a publicação.

Neste domingo (3), nos protestos contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso, Bolsonaro avisou que nomearia o novo diretor.

A escolha de Rolando ocorre após o ministro Alexandre de Moraes (STF) ter barrado o nome de Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro, para o comando da PF.

O novo diretor-geral do órgão foi indicado a Bolsonaro pelo próprio Ramagem. Rolando é atualmente secretário de Planejamento da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), comandada por Ramagem.

A escolha é vista internamente como uma medida temporária. O presidente ainda tem esperança de encontrar uma saída para nomear o amigo de sua família para o cargo máximo da PF.

De acordo com auxiliares do presidente ouvidos pela Folha, Bolsonaro foi aconselhado a ter pressa para escolher um novo nome para o órgão após a decisão de Moraes.

A liminar do ministro do STF contra Ramagem se baseou, principalmente, nas afirmações de Bolsonaro de que pretendia usar a PF, um órgão de investigação, como produtor de informações para suas tomadas de decisão.

?O comando da PF foi o estopim para a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça. Bolsonaro demitiu Maurício Valeixo, escolhido por Moro, da diretoria-geral da PF. Moro deixou o cargo acusando Bolsonaro de querer interferir na atuação da polícia.

O ministro do STF concedeu liminar (decisão provisória) a uma ação protocolada pelo oposicionista PDT, que alegou "abuso de poder por desvio de finalidade" com a nomeação do delegado para a PF.

Moraes destacou que sua decisão era cabível pois a PF não é um "órgão de inteligência da Presidência da República", mas sim "polícia judiciária da União, inclusive em diversas investigações sigilosas".

Bolsonaro reagiu e chamou de "política" e de "canetada" a decisão do ministro. "Eu respeito a Constituição e tudo tem um limite." "Se [Ramagem] não pode estar na Polícia Federal, não pode estar na Abin [Agência Brasileira de Inteligência]. No meu entender, uma decisão política", declarou.

No domingo, presidente mandou um recado ao STF: "Peço a Deus que não tenhamos problemas essa semana,. Chegamos no limite, não tem mais conversa, daqui pra frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição, ela será cumprida a qualquer preço, e ela tem dupla mão".

Para a maioria dos especialistas ouvidos pela Folha, foi correta a decisão de Moraes pela suspensão do ato. De acordo com eles, o poder de nomeação do presidente não é absoluto e deve respeitar as regras previstas pela Constituição, como impessoalidade, moralidade e legalidade.

Não é a primeira vez que o Judiciário suspende nomeação discricionária da Presidência da República. Isso já ocorreu na ocasião da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ministro da Casa Civil pela então presidente Dilma Rousseff (PT) e também de Cristiane Brasil (PTB) como ministra do Trabalho durante a gestão de Michel Temer (MDB).

"O que o Supremo faz não é governar em lugar do presidente, é evitar o desgoverno. O Supremo está estreitando o leque de escolhas do presidente, não eliminando", afirmou Gustavo Binenbojm, professor de direito administrativo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Binenbojm afirma que "existe uma tendência mundial de estreitamento do mérito administrativo e restrição aos poderes presidenciais e das autoridades públicas quando ultrapassam as regras constitucionais".

Na decisão, Moraes argumenta que houve abuso de poder na nomeação de Ramagem, visto que a lei prevê que são nulos os atos praticados por agentes públicos com finalidade diferente do que a prevista em lei.

Para o professor de direito público da FGV Carlos Ari Sundfeld, "a decisão é técnica, dificilmente poderia contar com indícios tão fortes como a confissão do presidente, isso fez o STF decidir corretamente por suspender a nomeação".

Segundo Sundfeld, o desvio de finalidade estaria em "não colocar alguém para cumprir as normas, mas alguém para ajudar o presidente a fazer interferências que a lei veda".

Há quem afirme, no entanto, que seria preciso haver provas mais contundentes para que a nomeação fosse anulada neste momento.

O professor de direito constitucional da USP Elival da Silva Ramos vê ativismo judicial na decisão e afirma que ela cria um precedente ruim.

Para ele ainda não há provas suficientes de que a nomeação de Ramagem seria abuso de poder, mas apenas indícios. Segundo ele, apesar de a liminar (decisão provisória) poder ser concedida sem provas cabais, Ramos defende que, por se tratar da suspensão de um ato discricionário, seria preciso haver provas mais maduras.

"Vamos supor que ele troque toda uma equipe, aí sim, seria algo escandaloso, mas no momento ele trocou o chefe. O quadro atual não comportava uma liminar."

LEIS QUE EMBASARAM A SUSPENSÃO DA NOMEAÇÃO
Lei sobre Ação Popular (lei 4.717/1965)

Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União (...)

Artigo 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de (...) desvio de finalidade. "O desvio de finalidade se verifica quando o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência"

Constituição Federal

Artigo 37 "A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência"
Herculano
04/05/2020 11:38
BOLSONARO PROPAGA VÍRUS DA ANARQUIA INSTITUCIONAL, por Josias de Souza, no UOL

Não é verdade que Jair Bolsonaro sofra de insanidade. Ele usufrui dela com extraordinário prazer. O problema não está no gozo que a falta de senso proporciona ao personagem. O insuportável é que, sendo o insano momentaneamente presidente, ele queira impor ao Brasil a sua loucura.

O país foi convertido em zona de guerra. Os brasileiros são torpedeados em duas frentes. Numa, o coronavírus mata em escala pandêmica. Noutra, o Brasil sofre ataques do seu próprio presidente. Bolsonaro diz "e daí?" para os milhares de mortos e propaga o vírus da anarquia institucional.

No exercício cotidiano do seu descaso sanitário, Bolsonaro tomou gosto pelas aglomerações, especialmente as de conteúdo golpista. É como se o presidente de 57,7 milhões de votos sonhasse com uma democracia sem Legislativo e sem Judiciário, na qual ele comandaria o governo civil mais militar que o país já conheceu.

Por sorte, Bolsonaro ainda não realizou o seu sonho. Ao contrário, conspira a favor da realização dos seus piores pesadelos. Há duas semanas, discursando para um ajuntamento de golpistas na frente do QG do Exército, Bolsonaro proclamou: "Não queremos negociar nada."

Neste domingo, Bolsonaro ornamentou outro ato antidemocrático. A pauta da manifestação sofreu dois acréscimos. Além das pauladas retóricas no Congresso e no Supremo, houve pancadaria contra jornalista e xingamento a Sergio Moro, o mais novo "comunista" dos devaneios bolsonaristas.

Dessa vez, Bolsonaro afirmou que não vai mais "admitir interferências" no seu governo. "Chegamos no limite", disse. "Acabou a paciência." Ele espera não ter problemas durante a semana. Do contrário, "não tem mais conversa". A Constituição "será cumprida a qualquer preço."

Bolsonaro esclareceu que não está só. Enxerga do seu lado "o povo", "as Forças Armadas" e "Deus". Quer dizer: a era bolsonarista transcorre em dois mundos: o de Bolsonaro e o real.

No mundo de Bolsonaro, uma aglomeração de adoradores se confunde com "o povo". Generais que fracassam na tentativa de presidir o presidente simbolizam o "apoio" dos quarteis. E o populismo místico do presidente estimula nas almas mais ingênuas a crença em uma aliança do governo com o plano celestial.

No mundo real, ouve-se nas janelas e nas varandas o som das panelas. Escuta-se ao fundo o silêncio constrangido dos comandantes militares. De resto, a conversão de personagens como Roberto Jefferson e Valdemar Costa Neto em heróis da resistência revela que Deus está acima de todos mas terceirizou ao Tinhoso as negociações com o centrão.

No mundo de Bolsonaro, o presidente "chegou no limite". No mundo real, Bolsonaro ultrapassou todos os limites. Contra o coronavírus não há outro remédio que não seja o isolamento social que Bolsonaro desrespeita. Por sorte, contra o vírus da anarquia institucional há vacina disponível. Chama-se Constituição.

Bolsonaro ainda não notou, mas o país vem se imunizando contra o vírus presidencial. A despeito dos seus arroubos, o presidente manda cada vez menos. Suas decisões são refeitas e desfeitas ora no Congresso, ora no Supremo. Cresce nos poderes vizinhos a impressão de que talvez seja necessário aumentar a dose da vacina.
Herculano
04/05/2020 11:37
DEPUTADOS COPIAM RELATóRIOS PARA JUSTIFICAR GASTOS

Os deputados federais fazem viagens frequentes para o exterior sob a alegação de melhorar o desempenho do Legislativo sob a alcunha de "missões oficiais". E fazem o diabo para justificar gastos que lhes garantam ressarcimentos. Os parlamentares devem fazer relatórios da viagem, mas os documentos são motivo de deboche entre servidores pelo "copia-e-cola". Expedito Netto (PSD-RO) e Ricardo Izar (PP-SP), foram por nossa conta a Las Vegas, nos Estados Unidos, capital mundial da jogatina, e entregaram relatórios com parágrafos inteiros idênticos.

ENCHERAM LINGUIÇA

O relato da participação no congresso de moedas digitais e blockchain tem detalhes de almoços e show, mas nada do assunto da viagem.

DINHEIRO "JOGADO" FORA

O passeio dos parlamentares à cidade da jogatina e da esbórnia custou R$ 31 mil entre passagens e diárias, em dólar, ao contribuinte.

EM ISOLAMENTO

Procurados para explicar por que os relatórios são cópias idênticas, os parlamentares não deram retorno até o fechamento da reportagem.

PASSAPORTE CARIMBADO

Expedito Netto fez outra viagem, para a Nova Zelândia, sob justificativa de ampliar o conhecimento das políticas indígenas. Custo: R$ 18,2 mil.

CORTE DE COMISSIONADOS POUPARIA R$3,5 BILHõES/MÊS

O pacote de ajuda aos estados representará gastos de R$130 bilhões ao governo federal e, como sempre, vai sobrar para quem paga impostos. "Gordura" é o que não falta nos Três Poderes: relatório do Tribunal de Contas da União sobre comissionados no serviço público federal mostra que essa despesa representa um terço do total da folha de pessoal de funcionários ativos: R$3,5 bilhões de quase R$10 bilhões totais.

TRÊS PODERES INCHADOS

Dos 1,1 milhão de empregados do Executivo, Legislativo e Judiciário federais, cerca de 350 mil ocupam algum tipo de cargo de confiança.

NA NOSSA CONTA

Segundo dados do Ministério do Planejamento, a folha de pagamento do governo federal custa-nos em 2020 cerca de R$ 26,3 bilhões por mês.

FUNÇÃO ALÉM DO SALÁRIO

As 57.302 funções/gratificações reservadas a servidores concursados são pagas além dos largos salários reajustados anualmente.

INVESTIMENTO PESADO

O Orçamento total para o setor público para 2020 é de R$ 3,72 trilhões. Até agora já foram pagos mais de R$ 1 trilhão e, segundo o ministro Paulo Guedes (Economia), serão investidos R$ 500 bilhões nos próximos três meses para ajudar no combate ao novo coronavírus.

OUTRA VÍTIMA

Segundo a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), a queda na capacidade do transporte aéreo de carga caiu quase 38% na América Latina apenas no mês de março, em relação a 2019.

NA NOSSA CONTA

Segundo o Painel Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento, a folha de pagamento do governo federal em 2020, até agora, é de R$ 26,3 bilhões por mês, em média, mas chega a R$ 40 bilhões por mês.

EFEITOS PERMANECEM

A Caixa garantiu 30 milhões de clientes devido ao "auxílio emergencial", mas ideia de jerico de Dilma e Mantega de cortar rendimento da poupança garantiu que o pobre continua pobre: não deve passar de 1,85% no ano.

FAZ QUE NÃO VÊ

Petição no site Change.org pede redução do salário dos parlamentares e passa de 14 mil apoiadores, mas Maia e o pupilo Alcolumbre se fingem de mortos. Acham que só o setor privado deve se sacrificar na crise.

THATCHER

Em 4 de maio de 1979, a inglesa Margaret Thatcher foi a primeira mulher eleita como chefe do governo britânico, após a vitória eleitoral dos conservadores nas eleições. Ficou no cargo por 11 anos.

ESTÁ PREVISTO EM LEI

Até a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), de 2018, permite em seu artigo 11º o compartilhamento de dados pessoais de saúde, em casos emergenciais, sem o consentimento dos titulares.

OS MAIS AFETADOS

Coordenadora dos Médicos Sem Fronteiras, Ximena Di Lollo afirma que os idosos têm sido negligenciados pelo mundo na pandemia. Ela alerta que muitos morrem "sozinhos, assustados e em péssimo estado".

PENSANDO BEM...

...impeachment é a palavra do momento... há 5 anos.
Herculano
04/05/2020 11:37
COTOVELO CIVILIZADOR DE PUJOL E RISCO DE UM GOLPE SEM GOLPE. CUIDADO, STF!, por Reinaldo Azevedo, no UOL

O presidente Jair Bolsonaro sempre teve uma alma golpista. Desde quando estava no Exército, de onde foi chutado. Especulou explodir algumas bombas em quarteis e mandar para os ares o sistema de abastecimento de água do Rio para protestar contra baixos salários. É o que se chamava à época e se chama ainda hoje "subversão". Foi ser político. Nessa condição, foi um incansável pregador da... subversão da ordem.

Não é diferente como presidente. Consta que estaria descontente com o general Edson Leal Pujol, comandante do Exército. Até agora, este não emitiu sinas de dar bola para conversa mole do golpismo. As Forças Armadas, diga-se, também o Exército, sempre que isto não afetou seu serviço essencial, adeririam às medidas de distanciamento social.

Parece que Bolsonaro gostaria de substituir Pujol - é o velho gosto de mandar, a vã cobiça. Não buliria com Ilques Barbosa Junior, Comandante da Marinha, e Antônio Bermudez, Comandante da Aeronáutica. Se o fizer, ou conta com o apoio de Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa, ou, então, decide humilhá-lo. É verdade que o governo virou uma cornucópia, uma fonte de renda extra, para fardados da reserva. Pergunto: forças regulares do Estado brasileiro merecem esse tratamento?

Sim, senhores! Bolsonaro tem alma disruptiva. Ele quer o confronto. E, se vocês perguntarem por quê, não encontrarão a resposta. É mentira que o Congresso não o deixe governar. O Parlamento lhe deu o que nenhum antecessor teve: a reforma da Previdência. Vai lhe dar uma PEC do Orçamento de Guerra que lhe confere plenos e totais poderes para enfrentar a crise. O governo quer asfixiar os Estados por intermédio da reposição - menor do que deveria ser - do ICMS. Até isso deve conseguir com a ajuda de Davi Alcolumbre.

A dita sequência de derrotas sofridas no Supremo só aconteceu porque este é um governo que flerta com o absurdo, assim como seus aliados próximos. Lembro.

- Queria determinar por decreto a abertura da economia nos Estados. Pode? Não.

- Queria usar a crise para estuprar a lei de acesso à informação. Pode? Não.

- Queria dar um truque para prorrogar vigência de Medidas Provisórias. Pode? Não.

- Queria fazer uma campanha em favor da volta ao trabalho, contra política adotada pelo próprio Ministério da Saúde. Pode? Não.

- Queria suspender a CPI das Fake News. Pode? Não.

- Queria expulsão sumária de diplomatas venezuelanos. Pode? Não.

- Queria nomear um diretor-geral da PF depois de evidenciar que este tinha como tarefa atender a interesses não republicados. Pode? Não.

Como? O STF não deixa Bolsonaro governar, ou é Bolsonaro que pretende governar como se não houvesse leis?

De modo reiterado, como vemos, chama para o centro do debate as Forças Armadas e tenta fazer delas suas aliadas no esforço de emparedar os outros dois Poderes - como se, de fato, estes buscassem asfixiá-lo. Dá-se precisamente o contrário.

O problema de Bolsonaro é que ele trata as instituições, e isso inclui as Forças Armadas, como se fosse o fundo do seu quintal, a sua área de despejo.

COTOVELO

Na quinta-feira passada, assistimos a um lance meio patético, constrangedor. O presidente foi a Porto Alegre para participar da posse do novo general do Comando Militar do Sul. E, todo alegre, tentou dar a mão aos militares, como não se deve fazer. Pujol foi o primeiro a lhe oferecer o cotovelo, sendo seguido depois pelo general Geraldo Antônio Miotto.

A rigor, convenham, é questionável se a solenidade deveria ter acontecido nestes dias. Acontecendo, que se tomem os cuidados mínimos, segundo recomendação da ciência. Não com o presidente da República. Pujol teve de lembrar àquele que a Constituição define como chefe supremo das Forças Armadas qual é a regra do jogo.

Será que o presidente vai mesmo querer promover trocas no comando das Forças Armadas para que estas sejam mais leais à sua deslealdade à Constituição e às regras do jogo? É o que vamos ver.

CRISE INSTITUCIONAL

Depois que liminar do ministro Alexandre de Moraes impediu a posse de Alexandre Ramagem no comando da Polícia Federal, Bolsonaro chegou a dizer na sexta que "quase houve uma crise institucional". Ninguém entendeu o que quis dizer. Sim, acreditem: ele cogitou a possibilidade de não atender a uma determinação do Supremo. Afinal, como disse, "quem manda sou eu".

Seus incendiários recomendam que ele insista no nome do delegado. Em sua fala deste domingo, há uma clara ameaça ao Supremo. Destaque-se este trecho da fala:
"As Forças Armadas estão ao lado da lei e da ordem, da democracia e da liberdade, também estão do nosso lado. E Deu acima de tudo. Vamos tocar o barco. Peço a Deus que não temos (sic) problema nesta semana porque chegamos no limite. Não tem mais conversa. Daqui para a frente, não só exigiremos: faremos cumprir a Constituição".

Dito de outro modo: "Se eu for contrariado de novo, vou fazer cumprir a Constituição porque estou com as Forças Armadas". No caso, entenda-se por "cumprir a Constituição" exercitar o "quem manda sou eu". É mesmo? Será que vai dar um golpe? Fechar o Supremo? Cercar o Congresso? Censurar a imprensa?

Prestem atenção a uma coisa importante. Não creio que haja insensatez o suficiente entre os militares da ativa para apoiar um autogolpe. Penso que os militares do Alto Comando sabem o que isso significaria para um país cuja reputação, mundo afora, já não merece nem mais a lata do lixo.

Mas também não podemos viver com Poderes intimidados, acovardados, como se o golpe, na prática, tivesse sido dado. Por isso, sempre que o senhor Jair Bolsonaro resolver afrontar a Constituição, é preciso que seja tolhido e mantido nos limites da Carta.

A única crise séria em que o Judiciário pode meter o Brasil é não cumprir a lei.

Quanto aos militares, dizer o quê? Alguém como Bolsonaro só prospera em meio a divisões, conflitos e rasteiras. Gostamos de pensar que as Forças Armadas não cairão nessa armadilha. Ocorre que estamos experimentando o incômodo de vê-las crescentemente comprometidas com um governo que não tem apreço nenhum pela institucionalidade, pela ordem, pela regra do jogo. Ou os militares que convivem com ele e que o conhecem o têm como exemplo de disciplina?

No ato deste domingo, o presidente deu a senha: está à procura de um novo confronto com o Supremo. O primeiro magistrado que piscar na aplicação do marco constitucional estará dando a sua contribuição ao golpe sem golpe, a uma espécie de golpe branco.

E isso não pode acontecer.
Herculano
04/05/2020 11:36
da série: poucos estão dando atenção. Leia e releia, atentamente este artigo simples de entender. Crises, são feitas para mudanças e se experimentar oportunidades. E não é coisas da China. É do mundo em mutação. Leia este artigo com cuidado. As novidades de hoje são como relâmpagos, elas chegam sem avisar e pegam só os sem pára-raios, os expostos, indicações e informações de mudanças, há em abundâncias.

SURGE UMA CRIPTOMOEDA GOVERNAMENTAL, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, no jornal Folha de S. Paulo.

e-RMB é vinculada à moeda chinesa e operada pelo banco central do país

No meio da crise da Covid-19 surge a primeira criptomoeda governamental, o e-renminbi (e-RMB). Havia muito tempo já se especulava se as moedas virtuais não seriam mais cedo ou mais tarde adotadas por Estados nacionais.

Esse momento chegou. A China lançou na semana passada e está expandindo testes com esse ativo virtual, vinculado à moeda chinesa e operado pelo banco central do país.

Cidades como Pequim, Chengdu e Shenzhen são algumas das primeiras a atuar no projeto. Por exemplo, funcionários públicos dessas cidades vão começar a receber salários na nova moeda virtual a partir de maio. Um aplicativo específico de carteira virtual é utilizado para fazer transações.

No entanto, a facilidade de uso é total. Isso ocorre porque na China a maioria dos pagamentos já é hoje digital. Tudo se paga pelo celular.

Moradores de rua, por exemplo, carregam placas com seu código QR, porque sabem que o celular é a única forma de receberem um auxílio (quase ninguém carrega dinheiro em papel). Só que esses pagamentos digitais ainda eram atrelados ao dinheiro convencional. A ideia é que agora possam funcionar também com base na nova moeda virtual.

Tudo isso contrasta fortemente com a situação do Brasil, país em que 1 de cada 3 adultos não tem sequer conta bancárias. As imagens de pessoas dormindo nas ruas em longas filas na porta de agências da Caixa para tentar receber o auxílio emergencial dão conta do tamanho da calamidade que a exclusão financeira provoca.

Países como a Índia e a China promoveram, nos últimos dez anos, um processo de bancarização gigantesco. O Brasil ignorou essa questão e agora paga um preço enorme por isso, cobrado em vidas.

Com a nova moeda virtual, a China aprofunda a digitalização da sua economia, com possíveis repercussões globais.

É curioso notar que o que acelerou a moeda virtual do país foi justamente a publicação pelo Facebook do seu projeto chamado Libra. No projeto, a empresa propunha criar uma moeda virtual global, que poderia servir de alternativa monetária ao dólar.

Lançado com grandes expectativas, o projeto do Facebook acabou paralisado. Produz agora um efeito concreto, de ter impulsionado a China a correr e tomar uma iniciativa similar, não em nome de uma empresa, mas sim de um país.

A medida é também um movimento preventivo contra a crescente politização do dólar. A moeda americana vem sendo progressivamente utilizada como instrumento de política externa. Em 2019, empresas europeias foram ameaçadas de exclusão do sistema de compensação internacional do dólar pela rede Swift por estarem vendendo para o Irã.

Para se precaver desse movimento, a expectativa é que o e-RMB seja um passo na criação de outro sistema de transações monetárias internacionais que não precise da rede Swift (criada em 1973) para serem completadas. Em vez dessa rede, adota-se estrutura baseada em blockchain, de aplicação global. Só que, em vez de atrelar-se à imprevisibilidade de várias criptomoedas, vincula-se a uma moeda fiduciária emitida por um Estado nacional.

Esse pequeno passo pode ser o bater de asas da borboleta capaz de influenciar o curso natural das coisas e provocar um furacão do outro lado do mundo.

READER
Já era
Achar que criptomoeda é coisa de maluco

Já é
Explosão de criptomoedas autônomas, como bitcoin, ether e lumen

Já vem
A corrida das criptomoedas estatais, em que o vencedor leva tudo
Herculano
04/05/2020 11:35
UM MUNDO SEM BAR, por Gilberto Amendola, no jornal O Estado de S. Paulo

Não tem nada a ver com porres, ressacas ou qualquer comportamento autodestrutivo; bar é a celebração da vida, do amor, da inteligência e do companheirismo

Eu não quero viver em um mundo sem bar. Não sei qual vai ser o novo normal depois do fim da quarentena, mas, definitivamente, não quero viver em um mundo sem bar.

Não é pelo álcool, acreditem. Se fosse só por beber, ficaria em casa com meu estoque de garrafinhas. Não tem nada a ver com porres, ressacas ou qualquer comportamento autodestrutivo.

Ao contrário, amigos. Bar é a celebração da vida, do amor, da inteligência e do companheirismo. No final da linha evolutiva traçada por Darwin, podem apostar, o que se vê é um homem sentado no balcão de um bar, tomando sua cervejinha em paz.

Sem bar, o que nos resta é o meteoro (ou a pandemia).

Bar é igreja, startup, salão de beleza, consultório psiquiátrico, UTI, SUS, ONU, OMS... Bar é meio ambiente, Ministério da Cultura, Economia, Educação, Justiça e Direitos Humanos.

O bar é a arena das nossas maiores emoções. Bar é o consolo de quem perdeu. O pódio dos campeões. E o olimpo de quem não quer competir.

Sou um sujeito adaptável. Posso viver sem muitas coisas. Abro mão de quase tudo que possa resultar na aglomeração de seres humanos e, consequentemente, facilitar a disseminação da nojenta da covid-19. Ou seja, estádios de futebol, festivais de música e clubes de swing não mais contarão com a minha presença pelo tempo determinado pelas autoridades.

Mas um mundo sem bar é um mundo pior.

É um mundo sem happy hour, sem aquela olhadinha para o relógio perto do fim do expediente, sem a gravata frouxa e torta no pescoço, sem aquele suspiro de alívio ao se aboletar em um banco e encostar os cotovelos no balcão.

Um mundo sem balcão de bar é um mundo muito pior. É um mundo sem a nossa tábua de salvação, sem a lousa em que rabiscamos projetos, fugas e desastrados sonetos de (des)amor.

Eu não quero viver em um mundo sem bolovo, shot de Cynar, caipirinha, dry martini ou negroni. Não quero viver em um mundo sem amendoim, porção de azeitona ou pururuca. Eu não quero viver em um mundo sem saideira. Eu não quero viver em um mundo em que eu não possa desenhar no ar aquele gesto universal que, em qualquer idioma, significa "fecha a conta, por favor".

Um mundo sem bar é um mundo sem as melhores pessoas. Como deve ser ruim um mundo em que nenhum garçom nos chame pelo nome, em que nenhum bartender saiba qual o nosso coquetel preferido, em que nenhuma musa nos lance um olhar de desprezo ao deixar o recinto com o cara errado.

Um mundo sem bar é um mundo sem empatia. É um mundo sem amor ao próximo. É um mundo de indiferença. Um mundo cheio de "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?".

Vai por mim! Mesmo que esse próximo esteja na mesa ao lado falando bobagens, contando mentiras ou piadas ruins, ele também será digno desse sublime amor de bar. Mesmo que seja um mala, um inconveniente, alguém exaustivamente alegre ou infeliz como um cactos, ele sempre será digno do infinito amor de bar.

No bar, todo desconhecido ganha um voto de confiança imediato. Todo estranho confirma Rousseau ?" e é bom por natureza.

O bar é a nossa maior invenção. É a nossa alma coletiva. Nosso colo de mãe. Bares funcionam como postos de abastecimento da humanidade.

- Enche aí meu coração com sua melhor gasolina aditivada de alma.

Um brinde, saúde!

Eu não quero viver em um mundo sem bar.

Quando tudo isso passar, vou sair de casa e ir direto para um balcão. Quem puder que me siga.
Herculano
04/05/2020 11:34
O MERCADO DA PANDEMIA E O NIILISMO, por Luiz Felipe Pondé, no jornal Folha de S. Paulo

A gourmetização da exploração será oferecida como nova tendência de negócios

Os últimos séculos nos legaram um hábito de controle: computadores, celulares, longevidade, vacinas, anticoncepcional. A contingência parecia acuada no seu canto como algo cafona.

Eis que ela volta à cena, na forma descrita pela literatura trágica: cruel, randômica e carregando no seu coração a cegueira não humana dos elementos indiferentes do universo. O vírus é niilista na sua estrutura cosmológica.

A fúria motivacional se constituiu, nos últimos anos, em paradigma do mundo corporativo, da educação e, logo, da filosofia e da teologia. O paradigma do coaching se fez cosmologia. E, com o mercado da pandemia, esse processo só se radicalizará porque as pessoas estão em pânico. Sob pânico, a exploração cresce exponencialmente.

O mercado da pandemia faria Adam Smith (1723-1790) se perguntar de forma mais radical ainda quais seriam os danos causados pelo enriquecimento das nações aos sentimentos morais. Adam Smith era um filósofo da moral, como, aliás, a maioria dos iluministas britânicos dos séculos 18 e 19. O mercado da pandemia faria nosso filósofo enrubescer de vergonha.

Se a ganância, o egoísmo e o oportunismo sempre foram "paixões negativas" que produzem riqueza, fato não ignorado por Adam Smith, o mercado da pandemia comprovará seu temor original de forma mais radical.

O pânico das pessoas diante da visita cataclísmica da contingência, pondo em dúvida nossos avanços na vida social, econômica, política e global, já dá indícios de que o mundo pós-pandemia será mais hostil, controlador e explorador do que foi até aqui.

Purpurina e "gourmetização" da exploração serão oferecidos como novas tendências de negócios em todos os níveis. Aliás, a comparação feita pela primeira ministra alemã Angela Merkel entre o que vivemos e a Segunda Guerra Mundial se revela cada vez mais evidente.

Nas guerras, as virtudes se tornam raras, e não o contrário. Como já descrevera o grande Tolstói (1828 1910) no seu "Guerra e Paz", romance que se passa nas guerras napoleônicas, as guerras e as batalhas são eventos em que imperam a covardia, a sorte e o azar como senhores do mundo.

Sua conhecida concepção de história, discutida a fundo pelo filósofo Isaiah Berlin (1909-1997) em seu livro "Pensadores Russos", revela um Tolstói descrente em qualquer sentido histórico maior, uma espécie de anti-Hegel convicto.

Reduzidos ao medo e à precariedade moral, econômica e política, homens e mulheres perdem certas virtudes sociais construtivas e se lançam, como podem, à acomodação e à miséria ética. Foi essa a grande causa do colaboracionismo em escala monumental durante a ocupação nazista nos países da Europa.

Políticos, empresários, artistas, intelectuais, pais e mães de família, em grande maioria, em silêncio, atravessaram a ocupação nazista fazendo qualquer negócio em nome de refeições mínimas no seu dia a dia.

Já vemos os sinais: busca de fama às custas do medo das pessoas diante da pandemia, aumento do nível da exploração do trabalho em nome do marketing, redução de grande parte da população às esmolas dos Estados, defesa de "passaportes de imunidade" para as pessoas trabalharem e, no Brasil, irresponsabilidade na gestão política.

Se alguns acham que a ciência sairá fortalecida moralmente com a pandemia, suspeito que esse juízo não seja tão óbvio. À primeira vista, a espera desesperada pela vacina e por medicamentos nos faz crer nesse fortalecimento da visão social da ciência.

Todavia, ao olhar um pouco mais atento, a ciência tem demonstrado sua multiplicidade contraditória de comportamentos, que vão desde as virtudes de pesquisa que animam muitos dos melhores cientistas e instituições até a busca vaidosa pelas luzes da fama, além de sua vocação totalitária quando erguida ao pedestal da política.

Enfim, o vínculo entre o novo mercado da pandemia e o niilismo já se faz sentir aos olhos de quem sempre soube que esta profunda descrença no mundo nos espreita pela fresta da porta. Arriscaria dizer que um grande desafio espiritual pós-pandemia será não sucumbir ao niilismo mais uma vez.

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