A vida realmente é feita de surpresas. Quem acredita em Deus também crê que não existem fatalidades, destino, casuísmos. Tudo está devidamente traçado no plano Dele, nas Suas intenções que são inquestionáveis. E quem não acredita no poder do Criador tem a clara idéia de que algumas ocorrências acontecem para que outras melhores possam acontecer, naturalmente.
Difícil é acreditar que tanta destruição possa trazer, também, um lado positivo. Além da solidariedade que nos une neste momento, situações extremas como esta que estamos vivendo são muitas vezes atenuadas, diminuidas com algumas ações que se revelam mágicas.
Depois da doação que continha a quantia de R$ 20 mil em dinheiro e que foi devolvida por quem a recebeu a quem era de direito, encontramos na mesma família um verdadeiro caso digno de consideração.
No meio de tanta destruição, literalmente, um repórter encontrou esperança materializada em um book fotográfico. A modelo Isabel Cristina da Silva, moradora do Alto Baú, no início de uma tímida carreira, teve um salto depois que foi convidada a participar de diversos programas de entrevistas e entretenimento. Já fez alguns trabalhos, ganhou um novo book de uma famosa agência de modelos de São Paulo e, na medida do possível, segue sua carreira para esquecer as dificuldades. Não quer mais lembrar dos instantes de pânico que os familiares viveram naquele 23 de novembro em que cinco pessoas da mesma famílias foram soterradas por uma avalanche de barro, pedras e árvores.
Isabel quer recomeçar a vida em outro lugar, longe das lembranças que jamais serão esquecidas. Mas o momento mágico da oportunidade, esse ela quer guardar para sempre. Talvez resida aí o grande mistério da natureza: como o homem e o meio ambiente conseguem se adaptar superar constantemente diante de tantas adversidades. Ou como aproveitamos as oportunidades que nos são dadas, mesmo em momentos difíceis.
Ou, talvez, ocorrências como estas sirvam para que façamos hoje tudo que temos condições de realizar de bom para nosso semelhante. Um abraço dado, uma palavra de consolo, uma oportunidade de emprego, um pedido de desculpas. Sem querer ser fatalista, a tragédia nos ensina muitas lições, mas não nos ensina como devemos reagir diante de situações de perda e dor extrema.
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