O registro de três casos de violência contra a mulher num único fim de semana em Gaspar põe em discussão a eficácia da Lei Maria da Penha, criada para coibir esse tipo de atitude covarde. Não dá para explicar racionalmente o motivo que leva um cidadão a esfaquear sua companheira, ou mesmo agredi-la com as próprias mãos, ou ainda coagi-la sob ameaças em qualquer circunstância.
Cabe à autoridade policial agir com o rigor que essa matéria merece, sob pena de fragilizar e banalizar uma Lei criada para dar voz a milhares de mulheres sufocadas pela angústia de um sofrimento silencioso, na maior parte das vezes dentro de sua própria casa, sob o mesmo teto de seus agressores.
Somente o rigor da Lei pode dar efeito ao que a legislação prevê, ainda que pagar fiança e ganhar o direito de responder o processo em liberdade seja uma afronta a quem foi covardemente agredida. Não são raros os casos em que, depois de livrar-se da prisão em flagrante, mesmo com a proibição de se aproximar da ex-companheira, o agressor volta à ação de maneira fatal, descarregando sua ira com uma arma em punho, não se preocupando com as consequências de seu ato.
Por isso, a exemplaridade da punição só pode ser obtida a partir de um sistema judiciário mais ágil, combinado com a ação mais eficaz da polícia, um sonho num país em que os entraves burocráticos e a influência econômica ainda ditam boa parte das regras deste submundo.
Edição 1361
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