Deslizamento de terra provocado pelas chuvas ameaça moradores - Jornal Cruzeiro do Vale

Deslizamento de terra provocado pelas chuvas ameaça moradores

14/11/2008

Por Eduardo Pereira

36PQ.jpgO barulho do barro descendo a encosta do Rio Itajaí-Açu assustou a moradora Darci de Freitas na manhã da última quarta-feira, 12. Parte do terreno localizado atrás da casa de Darci cedeu devido às fortes chuvas que caíram no decorrer da semana, colocando em risco a estrutura de sua casa e de outras duas residências próximas ao local.
A casa da moradora está situada na rua Pedro Simon, no bairro Margem Esquerda, e conforme Darci, esta foi a primeira vez que mostrou risco real de desabamento. "Se continuar chovendo assim não sei até quando a terra vai agüentar. O terreno está cedendo e logo os deslizamentos podem chegar até a minha casa", desabafa.
A filha de Darci, Daiana de Freitas, reside em Blumenau e conta que veio até Gaspar para ajudar seus pais a lidarem com a situação. "Quando cheguei aqui e vi do que se tratava quase não acreditei", conta. Segundo ela, além do mau tempo, problemas com uma tubulação instalada pela Prefeitura há cerca de cinco anos atrás podem ter sido os principais fatores que resultaram no desmoronamento.
Daiana revela que funcionários da Prefeitura estiveram no local ainda pela manhã de quarta-feira, mas avisaram que só poderão intervir na situação quando o tempo melhorar. "Fui ver a previsão do tempo e o sol só deve aparecer sábado. Como eles não trabalham final de semana, só devem passar aqui semana que vem. E até lá vamos ter que correr riscos?", questiona.
No total, cerca de nove pessoas moram nas três residências que se encontram na área de risco, incluindo a irmã de Darci, Lídia Lice Threiss. Sua residência está mais próxima do Rio Itajaí-Açu e, por isso, é a que corre maiores riscos de ser afetada pelo desmoronamento.
A terceira casa é do morador Márcio Tamanini, que reside no local há cerca de 4 anos. Ele destaca que as caixas que ligam a tubulação, que passa por debaixo das residências, estão prestes a cair no rio. "Tinham muitas árvores aqui também, tudo vai desbarrancar se ninguém fizer nada", lamenta.
Os moradores contam que a Defesa Civil foi alertada sobre a situação, porém, devido ao grande número de ocorrências registradas durante o dia, não pôde ir até o local.

Apreensão também na escola Angélica Costa
35PQ.jpgTrês salas de aula da EEB Angélica Costa, no Sertão Verde, ficaram completamente destruídas após um deslizamento de terra provocado pelas fortes chuvas que caem sobre a região desde o início da semana. As aulas estavam suspensas no educandário desde a última quarta-feira, 13, e ninguém ficou ferido.
Funcionários da escola estiveram no local e lamentaram a ocorrência, mas comemoraram a suspensão das aulas, fato que impediu a presença de crianças e funcionários no local. Os pais e responsáveis pelos alunos ainda estão sendo avisados sobre as condições da escola e até a tarde de ontem, quinta-feira, todo o material e mobiliário do educandário ainda estava sendo retirado do prédio e transferido a residências da comunidade.
A Secretaria de Transportes e Obras também esteve no local para tomar as providências necessárias, mas o trabalho de retirada do barro só poderá ser feito quando o tempo se estabilizar.
A secretária de Educação, Lúcia Helena Teixeira de Melo, revela que a situação está sendo monitorada. "Estamos de olho, gerenciando todo o caso de perto. Temos a certeza da necessidade de retirar a escola do local, mas a nossa maior preocupação é em relação às aulas que precisam continuar", afirma a secretária.
O local foi isolado pela Defesa Civil, que irá solicitar à Prefeitura uma análise técnica por parte de um engenheiro civil e um geólogo. "Só saberemos como proceder após termos uma opinião profissional sobre as condições do prédio", destaca Luiz.
As aulas na EEB Angélica Costa estão suspensas por tempo indeterminado. A Secretaria de Educação transferiu temporariamente as atividades do educandário para o Salão Comunitário.

Estragos
Além do bairro Sertão Verde, estragos causados pelas chuvas e pela falta de manutenção em algumas estradas também foram registrados em diferentes bairros como Gasparinho, Bela Vista e Coloninha. Márcia Maria Roden, moradora da rua Francisco Wesling, no Coloninha, conta que foi surpreendida na manhã de quarta-feira com a água dentro de sua casa.
Segundo ela, quando há períodos de muita chuva, os moradores sofrem com as cheias. "Já falei com o pessoal da Prefeitura e eles disseram que iriam colocar uma tubulação aqui para resolver nossos problemas, mas até agora nada", destaca.

Defesa Civil diz que obras só serão iniciadas depois que o tempo melhorar
O grande número de ocorrências registradas nos últimos dias em Gaspar colocou a Defesa Civil do município em alerta. Apenas entre quarta e quinta-feira, mais de oito registros foram feitos em diferentes pontos da cidade.
O diretor da Defesa Civil, Luiz Mário da Silva, explica que o órgão está ciente das reclamações, mas que será necessário aguardar até que o tempo melhore para que alguma medida seja tomada. "Se as máquinas mexerem em alguma coisa os problemas só serão agravados. Precisamos esperar que as chuvas parem de cair para podermos tomar alguma atitude", destaca.
Atualmente a Defesa Civil de Gaspar conta com a colaboração de apenas dois funcionários. Cada vez que alguém da comunidade solicita o auxílio do departamento, Luiz vai até o local e faz uma breve análise da situação, encaminhando o caso para a Secretária de Obras, responsável pela manutenção.
Assim como na EEB Angélica Costa, outros pontos do município também se encontram em situação de risco e, de acordo com Luiz, análises técnicas de engenheiros civis e geólogos deverão ser solicitadas para que sejam encontradas soluções para os problemas. "Em locais como o bairro São Pedro, por exemplo, já pedimos uma análise técnica e provavelmente teremos de desocupar a área", acrescenta o diretor.

Principais ocorrências registradas entre quarta e quinta-feira

* Deslizamento de terra na Escola Angélica Costa.
Endereço: Br 470, Km 39, Sertão Verde, Margem Esquerda.
As aulas foram suspensas e tem 03 salas de aulas interditadas até nova avaliação.

* Deslizamento de encosta, atingindo parte da residência, com danos materiais.
Endereço: Rua Niterói, nº. 243, Margem Esquerda.

* Deslizamento de terra, atingindo a residência, sem danos materiais.
Endereço: Rua Primavera, nº. 38, Sertão Verde, Margem Esquerda.

* Deslizamento de encosta, sem danos materiais.
Endereço: Rua Primavera, nº. 36, Sertão Verde, Margem Esquerda.

* Queda de muro com deslizamento de terra, atingindo parte da residência.
Endereço: Rua Francisco Laguna, nº. 72, São Pedro.

* Deslizamento de encosta colocando em risco a residência.
Endereço: Rua Fernando Krauss, nº. 178, Gasparinho.

* Deslizamento de encosta atingindo residência, com danos materiais.
Endereço: Fernando Krauss, nº. 220, Gasparinho.

* Deslizamento na rua Pedro Simon, nas margens do Rio Itajaí Açu, colocando em risco algumas residências.

40PQ.jpgNa avenida das Comunidades, Centro, os deslizamentos de terra provocados pela chuva em diferentes pontos da via invadiram parcialmente as calçadas, obstruindo a passagem de pedestres e ciclistas e complicando o tráfego dos gasparenses.

 

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