Família denuncia demora em transferência de paciente internada no hospital de Gaspar - Jornal Cruzeiro do Vale

Família denuncia demora em transferência de paciente internada no hospital de Gaspar

16/05/2019

Desleixo, indiferença, abandono. Esses são alguns dos sinônimos atribuídos ao termo ‘negligência’, bastante utilizado para se referir aos serviços prestados pelo Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, localizado em Gaspar. O Jornal Cruzeiro do Vale, que noticiou duas denúncias na semana passada, novamente foi procurado para registrar o desespero de uma família em situação semelhante. Parentes temem que Márcia Marta Hang, de 57 anos, internada há 15 dias, tenha o mesmo fim que Marcos Antônio da Silva e Ângela Maria Tanholi Schramm, falecidos sem a tão esperada transferência médica.

Sem forças, enfrentando a sensação de impotência e o medo de perder, para sempre, alguém tão especial. É assim que Davi Moreira Serano, genro de Márcia, descreve o que passa no coração de sua família. “Ela deu entrada com suspeita de pneumonia. Deram um remédio para tratar e mandaram embora. No dia seguinte, tivemos que correr com ela de volta. Então, os médicos diagnosticaram arritmia cardíaca também”, relembra o rapaz. Nos primeiros dias, a mulher ainda andava e até chegou a apresentar uma pequena melhora. Porém, com o tempo, tudo mudou.

Márcia passou mal na quarta-feira, 15 de maio. “Eu descia com a minha sogra todos os dias para fazermos raio-x. Até que ela começou a vomitar e passar muito mal. Mediram a pressão e estava muito baixa. Em resumo, agora está toda entubada, com infecção generalizada”, descreve Davi. Ele reitera que acompanha de perto o processo de transferência da enferma para outro hospital. “Não há um lugar se quer no estado que dê para levar ela?”, questiona.

Indignado, o homem chegou a perder a paciência. “Um dia, cheguei no quarto e tinha uma outra paciente ao lado com o soro que era da minha sogra na veia. Imagina se fosse um remédio forte. Acho que a enfermeira se enganou... Eu acabei gritando. Isso é muito grave”, diz Davi.

Até às 14 horas de quinta-feira, dia 16 de maio, o problema do coração de Márcia estava estabilizado, segundo o genro. “A gente nem sabe mais. Cada dia, falam uma coisa diferente. Parece que todo paciente que entra não sai”, conclui, com lágrimas nos olhos.

Márcia, mãe de três mulheres e um homem, é casada com Solano José Hang. O casal mora no bairro Belchior Baixo.

“Um dia, cheguei no quarto e tinha uma outra paciente ao lado com o soro que era da minha sogra na veia. Imagina se fosse um remédio forte"Davi Moreira Serano, genro da paciente 

Justificativa

A família de Márcia Marta Hang foi informada da abertura de uma vaga no hospital da cidade de Videira, mas a transferência não foi feita. A reportagem do Cruzeiro do Vale entrevistou Elson Marson Junior, diretor administrativo do Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, para questioná-lo a respeito. “Aquela vaga foi ocupada por uma emergência da região. Mas continuamos procurando UTI para ela em todo estado. A cada uma hora ligamos para a Central de Leitos de Santa Catarina.

Para registrar qualquer dado que complemente a reportagem, nossa equipe conversou com o secretário de Saúde, Carlos Roberto Pereira. Ele diz que, em sua posição, não é possível acompanhar todas as pessoas internadas. Quanto a não transferência, enfatiza: “É uma regulamentação estadual. A gente não pode interferir. O hospital de Gaspar põe no sistema, diz o problema de saúde dela e pede a vaga”.

Outros casos

Marcos Antônio da Silva faleceu na manhã de 7 de maio, prestes a completar 52 anos. Ele foi internado no Hospital de Gaspar no dia 27 de abril com suspeita de úlcera, teve problemas sérios e não conseguiu transferência para outro hospital. O mesmo aconteceu com Ângela Maria Tanholi Schramm, que deu entrada na unidade em 28 de abril e faleceu em 5 de maio. As famílias apontam negligência médica no final trágico dos pacientes.

Campanha

Com o objetivo de pedir mais atenção ao hospital de Gaspar, o Cruzeiro do Vale deu início à uma campanha na semana passada. Publicada nas nossas redes sociais, gerou inúmeras interações. Entre centenas de comentários, os negativos, infelizmente, se sobressaíram.

 

Edição: 1901 / Foto: Cruzeiro do Vale 
 

Comentários

Alex
18/05/2019 10:37
Como um Hospital quer ser um hospital se não é capaz de fazer um diagnóstico correto quando a pessoa chega ao seu pronto socorro com apenas uma dorzinha?

Quando essa gente chega, não precisa de UTI. A UTI é para casos graves. E quem deixou isso evoluir para coisas graves e que precisam de UTI, ou que UTI não adianta mais, é o corpo clínico. Quem é o responsável por isso? Começa pelo prefeito que é o interventor do Hospital, passa pelo secretário da Saúde que é um político, o gestor do Hospital - que é experimentado na área e pelos médicos que deviam saber o que estavam fazendo, mas quem morre são os doentes que chegam com uma dorzinha - como tratam e se relatam nas reportagens - lá e vira uma doença mortal

Sinistro tudo isso. Parabéns jornal Cruzeiro pela coragem de mostrar tudo isso e tentar salvar vidas. Os políticos estão putos, mas sem razão. Estão matando os eleitores deles próprios...é preciso mudar e chamar à responsabilidade que está zombando da comunidade e ainda quer punir quem divulga os casos reais.

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