Quando a emoção não cabe mais dentro do peito, ela transborda pelos olhos. Em poucos minutos de conversa com Pedro Carlos Schmitt, ou simplesmente Pedro Macuco, é possível perceber que o amor pelo diaconato é um sentimento que vem do coração. Ao completar 50 anos de uma escolha honrosa, seu Pedro relembra com carinho toda essa trajetória de muita fé e dedicação.
A história de Pedro Macuco com o diaconato começou em 1968, quando ele tinha 30 anos. Jovem, casado e com quatro filhos pequenos, morava ao lado da Capela Santo Agostinho, no bairro Macuco, em Gaspar, e era o responsável por abrir as portas da igreja nos dias de celebração. Foi em um desses momentos que surgiu o convite que mudou o rumo da sua história. “Frei Ciríaco Tokarski me chamou para conversar e falou sobre o curso que iniciaria em breve. Ele disse que gostaria que eu ou o José Schramm participássemos. Na hora, eu sabia que queria aceitar. Torci para ele recusar. E deu certo”.
Apesar do convite ter surgido naquele dia, o desejo de fazer algo a mais sempre esteve presente em seus pensamentos. “Sempre quis casar, ter filhos e formar a minha família. Mas algo a mais mexia no meu coração. As ordenações sacerdotais sempre me chamaram a atenção e me deixavam emocionado. Eu gostava muito de participar”, lembra, entre lágrimas.
Graças ao apoio da família, foram três anos de cursos e muita dedicação até que em 26 de setembro de 1971 aconteceu a esperada ordenação. Dom Gregório Warmeling, ex-bispo de Joinville, foi o responsável pela ordenação que aconteceu na capela do bairro Macuco, que era em madeira na época. Seu Pedro foi o primeiro diácono de Gaspar a ser ordenado e está na lista dos primeiros de Santa Catarina.
Nestes cinquenta anos de diaconato, seu Pedro já realizou centenas de casamentos e quase dois mil batizados. Entre os momentos mais marcantes estão aqueles que envolvem sua família. “Batizei minha filha mais nova e todos os meus netos. Também fiz o casamento de todos os filhos, inclusive de dois que casaram no mesmo dia. O diaconato me proporciona momentos inesquecíveis e de muita emoção”.
Ele também lembra com carinho que a primeira pessoa que batizou foi Adriana Zancanela, em dezembro de 1971, no bairro Macuco; e seu primeiro casamento foi a união de João Gabriel e Izadir Bendini.
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A principal função de um diácono é ser um servidor da igreja. Ele pode realizar batizados, casamentos, sepultamentos e celebrações da palavra. Porém, não pode consagrar a hóstia e nem atender confissões.
- Diácono permanente: é o caso de seu Pedro, que tem família.
- Diácono transitório: é uma etapa pela qual passa o seminarista que está estudando para ser padre.
Por 35 anos, Pedro Macuco pertenceu à Paróquia São Pedro Apóstolo. Há 15 anos, porém, ele se dedica a Paróquia Nossa Senhora do Rosário, localizada no bairro Barracão, que atende, entre outras comunidades, a capela do bairro Macuco. Hoje, seu Pedro diminuiu o ritmo de atuação como diácono. Porém, não abre mão de celebrar a palavra sempre que surge uma oportunidade.
A pandemia de coronavírus ainda impede que uma grande e merecida comemoração seja realizada. Porém, os 50 anos de diaconato não podem passar em branco. Para marcar a data, uma celebração com o bispo diocesano de Blumenau, Dom Rafael Biernaski, diáconos, freis e padres está marcada para domingo, às 9h30, na capela Santo Agostinho.
Pedro Carlos Schmitt, o Pedro Macuco, tem 83 anos e é filho de Augusto Schmitt e Maria Klock. É casado há 59 anos com Suely Terezinha Bendini Schmitt, hoje com 79 anos. Desta união, vieram seis filhos: Antônio Carlos, Mário José, Rosane Maria, Rosângela, Sandra e Ivone (já falecida). A família é completa com a chegada dos 10 netos e dos três bisnetos, que são seu xodó.
Seu Pedro estudou até o quarto ano e desde cedo ajudou os pais na lavoura. Aos 18 anos, serviu no 23º Batalhão de Infantaria de Blumenau. Antes de terminar o período, porém, recebeu a baixa para poder voltar a trabalhar com os pais na plantação de arroz.
Algum tempo depois, comprou um caminhão e começou a fazer fretes. Ele levava os moradores do Macuco para as missas na Igreja Matriz, no Centro, e também usava o caminhão para buscar a parteira Maria Hendricks para realizar os partos na localidade.
Após o casamento com dona Suely e com a melhora na renda familiar, abriu uma venda para comercializar produtos para os moradores. O casal criou os filhos e morou durante anos no bairro Macuco. Há alguns anos, mudaram para uma casa no Centro de Gaspar e recentemente para um prédio no bairro Sete de Setembro, onde adequam a rotina do dia a dia e curtem ao máximo a família.
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