Poucas atividades podem consumir tanto tempo quanto navegar na internet. Mais do que um foco de entretenimento, socialização e informação, a rede mundial está cada vez mais presente no dia a dia da sociedade e hoje pode-se encontrar praticamente tudo na internet, até modelos de Projeto de Lei para vereadores.
A notícia chamou a atenção dos leitores de um jornal de grande circulação no Rio Grande do Sul que, na semana passada, divulgou a oferta de Projetos de Lei que podem ser adquiridos pelos vereadores ao valor de R$19,90. O site que comercializa os projetos é de Minas Gerais, foi criado em 2001 e oferece projetos sobre variados temas que, se adquiridos pelos vereadores, podem ser apresentados como de autoria do próprio legislador. O prazo de entrega é de até 15 dias.
A invenção tornaria prático o trabalho de muitos vereadores, porém para os legisladores de Gaspar a ideia não é bem aceita. O presidente da Câmara, Antônio Carlos Dalsochio, não aprova a ideia. Para ele, comprar um projeto de lei já pronto acaba distanciando o vereador do seu dever de ouvir a comunidade. ?Os vereadores têm que ter iniciativa, ver aquilo que a população realmente precisa e atendê-la. Pode até ser legal, mas não é moral?, lembra o presidente.
Para alguns vereadores de Gaspar, a invenção é anti-ética e até mesmo lamentável. Kléber Wan-Dall e Luis Carlos Spengler Filho dizem que não tinham conhecimento do assunto até a equipe do Cruzeiro do Vale entrar em contato com eles. Após tomar conhecimento, Luis Carlos Spengler Filho afirma que a criação de um site como este é dispensável.
?Os projetos de lei de um município devem se adequar a ele, portanto quem os cria deve estar por dentro de todas as necessidades pelas quais a cidade está passando. Nós analisamos outros projetos para termos uma base, porém copiar ou pedir para que alguém faça é completamente anti-ético. Projetos de lei não se vendem, se criam?, destaca o progressista.
Para o vereador Kléber Wan-Dall, cada cidade tem uma peculiaridade e elas devem ser discutidas e analisadas por quem as conhece. ?É aceitável e natural que haja uma assessoria para auxiliar na criação desses projetos, como nós temos, mas vender esse tipo de idéia é lamentável, e ainda mais lamentável é aceitar?, opina Kléber.
Comunidade
Criar opções que auxiliem no desenvolvimento das cidades pode ser oportuno, mas quando estas opções querem apenas facilitar um trabalho que não é nada simples a ideia torna-se pouco receptiva.
A comunidade, que é quem realmente tem que lidar com esses projetos quando tornam-se leis, também se manifestou sobre o assunto. Para Fábio Rogério Ribeiro, o site é anti-ético e imoral. ?Se os vereadores começassem a utilizá-lo não haveria mais desenvolvimento e todas as cidades fariam a mesma coisa. Não leva o município para frente?, registra. Lindomar Nascimento também concorda com essa ideia, e diz ainda que o dinheiro a ser utilizado no pagamento desses projetos de lei sairiam do bolso dos gasparenses.
Edição 1365
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