Voluntários dão esperança a quem perdeu tudo e precisa recomeçar - Jornal Cruzeiro do Vale

Voluntários dão esperança a quem perdeu tudo e precisa recomeçar

02/12/2008

28MD.jpgDeixar sua casa logo cedo pela manhã para trabalhar na separação de roupas, alimentos e outros mantimentos não é tarefa fácil, mas é graças aos voluntários que executam esse tipo de serviço que as doações provenientes de diferentes locais do país chegam até às pessoas necessitadas. Apenas no Ginásio João dos Santos, onde funciona o principal centro de recebimento e distribuição de mantimentos, cerca de 70 voluntários se revezam nas atividades de seleção e empacotamento de materiais. O principal apelo dos voluntários é para que a comunidade se engaje nas atividades e ajude a servir a população. Conforme eles mesmos contam, trabalho não falta e todo auxílio será bem vindo.

 

11MD.jpgRomildo Pereira Marafon - "Para nós, voluntários, tem bastante serviço. Na minha casa a água subiu aproximadamente um metro e meio por causa da enchente. Eu moro no segundo andar da casa e além de salvar minhas coisas também acolhi algumas pessoas que estavam precisando. Na verdade, eu não perdi nada e estou aqui para ajudar aqueles que tiveram prejuízos com essas tragédias. O tempo todo novas doações chegam e precisa de muita gente aqui pra ajudar a organizar tudo isso, a colocar a água em um lugar e o mantimento em outro, e preparar o material para ser levado para a comunidade. Ontem, por volta das dez horas da noite, chegaram duas carretas que estavam tão carregadas a ponto de cair alguns mantimentos quando abrimos a porta do veículo. Aí a gente estava com um número reduzido de voluntários, em mais ou menos umas 20 pessoas. Então ligamos para a rádio para que anunciassem a necessidade de mais ajuda e umas 150 pessoas aparecerem aqui. Foi muito boa a ajuda que o pessoal deu. Não tem do que reclamar. Acredito que o mais importante é que as pessoas venham ajudar porque aqui tem bastante serviço e alguém tem que fazer. Mas todos estão colaborando, não temos do que se queixar".

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Maria Tereza Papp - "Sou uma gaúcha e moro aqui em Santa Catarina há 18 anos. Eu não sou aqui da região e nunca tinha passado por uma situação dessas, mas como voluntária do Lions sempre gostei de me envolver. A gente ouviu na rádio sobre os trabalhos e foi até o Cristo Rei. Na hora que começaram alguns problemas comecei a ver as roupas e já me meti a organizar as coisas. Então me falaram que o Ginásio João dos Santos seria o Centro de Distribuição e que precisavam de pessoas para trabalhar, então viemos para cá. Aí como já havia muitas pessoas trabalhando no Cristo Rei vim pra cá e estou aqui desde quinta-feira, meio dia, direto. Acho que isso aqui é muito gratificante. O pessoal deveria estar aqui. Fico sentida porque conheço bastante gente que diz que não pode vir porque tem que arrumar sua casa. Acho que você sempre pode fazer um serviço pela comunidade. Temos que pensar naquelas pessoas que não tem como se reerguer depois dessa situação. Minha intenção é ajudar. Se eu pudesse pegava tudo isso aqui e levava de casa em casa. Acho que todos que pudessem vir até aqui e observar isso que estamos fazendo sairiam com outro ânimo. Tem gente que está aí com depressão e eu digo: vem trabalhar um pouco aqui e ajudar os outros que a depressão vai embora, pode ter certeza".

29MD.jpg Eliete Schmitt - Sou voluntária porque sou kardecista, então já faço trabalho voluntário há 25 anos com as famílias carentes, doando cestas básicas, em Blumenau, onde precisa de voluntariado eu estou. Esses dias precisavam de pessoas em Itajaí e eu fui pra lá. Na últimas terça e quarta. Depois voltei pra casa e soube dos trabalhos em Gaspar, comecei aqui no Ginásio na quinta. O que me leva a ser voluntária é poder ajudar o meu irmão como a mim mesmo. Na minha casa não foi água e na minha família ninguém perdeu nada, mas acho que as pessoas precisam se sensibilizar para com aqueles que perderam tudo. Todos têm tempo para ficar na frente na televisão vendo novelas e outros programas, então vamos doar esse tempo, porque doação não é só doação material, dar uma cesta básica todo dia. É você se doar, isso é o mais importante. Nem que seja só duas horas por dia. Se você trabalha até às 18h, fique aqui até às 20h com a gente porque serviço não vai faltar, tem bastante. A luta é grande. E para aqueles que perderam tudo, desejo esperança. O povo brasileiro está ajudando bastante e os catarinenses são muito unidos. É um povo sofrido, mas damos as mãos e um ajuda o outro, levantamos tudo de volta. As vidas não recuperamos, mas o resto a gente dá um jeito".

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