Na África do Sul, 94 pessoas com doença mental morrem após cortes de gastos do governo - Jornal Cruzeiro do Vale

Na África do Sul, 94 pessoas com doença mental morrem após cortes de gastos do governo

02/02/2017

Ao menos 94 pessoas com doenças mentais morreram na África do Sul depois que foram transferidas por autoridades sanitárias, no ano passado, para centros de saúde sem licença, em uma tentativa de reduzir gastos, revelou nesta quarta-feira (1) uma pesquisa do governo.

Muitas das vítimas, segundo o relatório, morreram por desidratação e diarreia, após serem trasladadas para 27 centros "pouco preparados" que foram comparados com "campos de concentração" por testemunhas.

A pesquisa do defensor da Saúde detalha como alguns pacientes foram levados do hospital Life Esidimeni, na província de Gauteng, em caminhonetes.

Os pacientes eram escolhidos em processos parecidos a "leilões de animais", antes de ser transportados às novas instalações, muitas vezes sendo levados de um centro a outro, afirma o documento.

Os familiares dos pacientes não sabiam onde eles estavam, nem se tinham morrido nestas instalações, sem calefação, que algumas testemunhas qualificaram de "campos de concentração".

Os centros também não forneciam comida e água suficientes aos pacientes mais doentes, provocando desnutrição e desidratação.

O departamento de Saúde provincial de Gauteng decidiu finalizar seu contrato com o hospital Life Esdidimeni e trasladou mais de 1.300 pacientes para uma série de centros sanitários "de baixa qualidade, imprevisíveis e desestruturados".

"Uma pessoa morreu por doença relacionada com a saúde mental. Nenhum dos outros 93 morreram de doenças mentais", disse o defensor da Saúde, Malegapuru Makgoba, em seu relatório.

Makgoba explicou que o balanço final de vítimas pode aumentar.

O relatório critica que os 27 centros sanitários "foram escolhidos misteriosamente, sem critério" e que seus dirigentes "eram incapazes de distinguir as necessidades de cuidado profissional altamente especializado dos doentes de uma oportunidade de negócio".

O primeiro-ministro de Gauteng, David Makhura, prometeu que os responsáveis pelo escândalo prestarão contas.

 

Fonte G1

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