A tragédia de Brumadinho/MG deixou diversos mortos e foi a oportunidade de pessoas má intencionadas colocarem seus nomes na lista de desaparecidos para usufruir de benefícios. Desde o dia 25 de janeiro, quando a barragem da Vale se rompeu, a Polícia Civil pediu a retirada de 17 nomes da lista de desaparecidos. Três deles foram retirados na sexta-feira, dia 5 de abril.
Segundo a polícia, 11 nomes foram retirados por erros de grafia, duplicação ou por serem de pessoas que sobreviveram à tragédia; e seis por estelionato. Um foragido da Justiça de Santa Catarina está entre os golpistas que tentaram se aproveitar da situação.
Um homem de São Paulo alegou ter perdido o irmão na tragédia. Ele chegou a ter o DNA coletado para ajudar na identificação do corpo. O homem ganhou passagem, hospedagem e alimentação custeados pela Vale e estava prestes a encaminhar um requerimento de pedido de indenização no valor de R$100 mil quando o irmão foi localizado trabalhando como vendedor ambulante em uma praia no litoral paulista.
Além de não estar entre as vítimas da tragédia, a polícia descobriu ainda que o falso desaparecido era foragido da Justiça de Santa Catarina, onde tinha mandado de prisão aberto por homicídio. Os dois irmãos foram presos
Em outro caso, uma mulher registrou o irmão morto desde 2010 como uma das vítimas. A polícia abriu inquérito por tentativa de estelionato. “As pessoas que foram presas em flagrante nessas tentativas de fraude são pessoas de outros estados. Pessoas que tiveram passagens aéreas, hospedagem, alimentação, tudo financiado pela Vale. Vieram de longe para cometer a fraude”, afirma a delegada Ana Paula Gontigo, titular em Brumadinho e que investiga os nomes nas listas de desaparecidos.
De acordo com a delegada, o fato de o Brasil não ter experiência para lidar com grandes tragédias pode ter facilitado a ação dos golpistas. Como ninguém sabia quantas pessoas poderiam ter sido mortas ou atingidas pela lama após o rompimento, isso abriu oportunidade para que inserissem os nomes falsos.
Quase 70 dias depois do desastre, com a lista diminuindo, a polícia pretende investir mais no trabalho de investigação sobre cada um dos desaparecidos. Entre os 69 nomes, há 18 pessoas cujos familiares ainda não compareceram ao Instituto Médico Legal (IML), em Belo Horizonte, para fazer a coleta de DNA para a identificação das vítimas. “O trabalho da Polícia Civil ajuda com o trabalho dos Bombeiros, porque esse número de pessoas que ainda faltam ser encontradas influencia diretamente na logística e no planejamento da execução de atividades deles nas buscas”, diz a delegada.
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