A mudança necessária - Jornal Cruzeiro do Vale

A despeito dos avanços que a humanidade conquistou até aqui, não se pode deixar de reconhecer que o cenário mundial ainda é precário. As desigualdades se aprofundam e ferem por demais a essência de uma realidade mundial pacífica, justa e sustentável. Daí entendermos que é hora de reagirmos contra o egocentrismo, o consumo inconsciente e o desrespeito a vida e ao meio ambiente.

Essa transformação só acontecerá, quando homens e mulheres, conscientemente, se comprometerem de corpo, mente e alma com as mudanças necessárias que o mundo exige. É necessário um grande contingente de pessoas capazes de alertar o mundo num propósito conjunto, sob os mais diversos pontos de vista.

O líder indiano Mahatma Gandhi expressou essa visão sabiamente: ?Não há caminho para a paz. A paz é o caminho?. E ainda: ?Você mesmo deve ser a mudança que quer ver no mundo?. Este homem foi um ícone de humanidade, pregando a paz através de duas armas, a não-violência e a veracidade. Para Gandhi, existiam dois tipos de violência: a ativa e a passiva. A última, que se traduz pela inércia e o conformismo, é a mais destrutiva, caracterizada pela adaptação a um sistema desequilibrado, que se reconhece pelo nada fazer diante dos descaminhos da humanidade.

Portanto, este é o momento de rever e dar novos significados ao processo de convivência na aldeia global em que habitamos. Inclusão, dignidade, solidariedade e pacificação são mais do que palavras, são signos de uma nova atitude, definindo a trajetória para a construção de uma sociedade em que possamos viver e prosperar em comunhão.

Aqui não estamos pensando em salvar os ?mais necessitados?, mas em perceber quais são nossas dificuldades e limites que criam esta realidade de exclusão e desigualdade. É preciso olhar o outro pelo seu potencial. Não é um processo de salvação, é a consciência de que dignidade é inata, e que respeito é a forma pela qual os seres humanos íntegros convivem. Para mudar o mundo, falta apenas fazer a escolha de transformar a nós mesmos.

Cíntia Lopes | 
Palestrante e Escriora

Edição 1354