Por Marco Antônio Marques Félix, médico geriatra
A quantidade de infartos que atingem os brasileiros deixa bem claro que existe um medo escancarado do problema. Há aquele sentimento geral de que uma hora “a vítima pode ser eu”. Mesmo assim, são poucas as pessoas que se dispõem a se prevenir e se preparar para agir nessas situações. A imensa maioria da população ainda adota um comportamento passivo, como se aceitasse lançar-se à própria sorte se um dia acontecer. Essa situação pode e precisa mudar.
Mas, como sabemos, a prevenção ainda é o melhor remédio. E ele começa pelo conhecimento. Hoje é fundamental compreender o que é o infarto, entender seus efeitos, conhecer os sintomas e, sobretudo, como reagir rapidamente: são ações que representam um caminho fundamental para salvar uma vida.
O infarto não escolhe cor, orientação sexual e, mais recentemente, também não tem escolhido sequer idade. O número de pessoas abaixo dos 40 anos vítimas de infarto cresce continuamente. A doença consiste na morte de parte do músculo cardíaco devido à falta de irrigação de sangue. Esse problema ocorre por diferentes fatores, como o excesso de gordura na parede das artérias, que leva à sua obstrução parcial ou até mesmo total.
Quando ocorre o infarto, a sensação imediata é dor intensa no peito, que dura por aproximadamente 30 minutos. Essa dor pode ser inclusive em forma de ardência, com possibilidade de irradiar para os membros superiores e até mesmo para a região da mandíbula. Como o sangue é responsável por carregar o oxigênio até os pulmões, a interrupção de sua circulação também provoca falta de ar, e pode se manifestar em sintomas como suor, tontura, náuseas, vômitos e até desmaio.
É importante destacar que o paciente precisa ser socorrido o mais rápido possível para aumentar suas chances de sobrevivência. Portanto, o ideal é que haja o maior número possível de indivíduos em comunidade capazes de identificar e saber como agir nesses casos. Há casos em que as manifestações iniciais do infarto podem ser mais silenciosas, o que aumenta o alerta sobre os sinais mais sutis, como cansaço excessivo, sensação de falta de ar e de alteração brusca dos batimentos cardíacos.
O procedimento mais imediato ao se deparar com um infarto é chamar o Samu. Na sequência, identifique o estado da vítima. Caso esteja sem respirar, sem batimentos cardíacos ou sem responder aos seus estímulos, o procedimento que deve ser iniciado o mais rápido possível são as compressões torácicas, também chamadas de massagem cardíaca, e a utilização de um desfibrilador externo automático (DEA). Esse aparelho é habilitado para realizar o diagnóstico do ritmo cardíaco e emitir, caso ele identifique que seja necessário, uma descarga elétrica (a desfibrilação) capaz de restabelecer os batimentos do coração. O DEA pode ser manuseado por qualquer pessoa e foi projetado justamente para esse atendimento antes da chegada dos profissionais especializados.
Caso o paciente ainda não tenha perdido os sentidos, deve se evitar ao máximo caminhar ou carregar qualquer tipo de peso, ainda que garanta ter condições para isso. Mantenha-o sentado de forma confortável e com o mínimo de pessoas ao redor para não abafá-lo. Deixe suas roupas mais afrouxadas e siga as orientações que o atendente do Samu transmitir.
Ainda é importante lembrar que o infarto, muitas vezes, acontece como consequência de alguns hábitos não saudáveis de alimentação e de uma vida sedentária. Portanto, a melhor forma de evitar o problema é estabelecendo uma rotina mais saudável. Além disso, é importante visitar o médico regularmente e fazer exames de rotina. Quanto antes você iniciar a adoção de hábitos mais saudáveis, melhor para a sua saúde e menores as chances de sofrer um infarto ao longo da vida.
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