Marcas da violência - Jornal Cruzeiro do Vale

Marcas da violência

12/04/2011 09:03

Mais uma lamentável tragédia sacode o Brasil. Dessa vez, um crime inusitado, pelo menos pra nós aqui das terras tupiniquins.

O massacre ocorrido na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, Zona Oeste do Rio, no dia 7 de abril, parece mais uma adesão da moda dos massacres escolares; uma estúpida importação trágica de costumes dos paises de ?primeiro mundo?... (?)

Wellington Menezes de Oliveira protagonizou a cena de terror ocorrida na escola de Realengo.

Muitas perguntas e poucas respostas conseguem explicar o que leva um jovem, aparentemente inofensivo, a praticar uma barbárie dessas.
O que assusta é saber que Wellington possuía porte legal de arma, frequentava um clube de tiro, não possuía precedentes policiais e não aparentava ser violento; comportamento típico dos psicopatas. O problema é saber que existem muitos psicopatas soltos por aí, prontos para armar um bang-bang pós-moderno.

Cabe refletir que os inocentes, as vitimas dessa tragédia são frutos de uma sociedade alimentada por uma cultura excludente e narcisista.
Algumas informações dão conta de que Wellington foi vítima de bulliyng na escola; talvez, venha daí a escolha pelo local onde ele decidiu ?extravasar? seus demônios.

Essa uma questão complexa e merece ser estudada com respeito, mas o fato é que outros exemplos de jovens que cometeram atentados semelhantes, tinham, na grande maioria, sido vítimas de  bulliyng na escola; esse trauma associado a características psicopatas resultam numa combinação perigosa.
Após a tragédia de realengo, muitas pessoas começaram a se desfazer das armas que tinham em casa.

Isso nos faz recordar do plebiscito do desarmamento ocorrido em 2005, onde centenas de pessoas, de leste a oeste, de norte a sul do país, em absolutamente todos os estados brasileiros, sem uma única exceção: 63,9% (mais de 59 milhões de votos), contra ínfimos 36,1% (menos de 34 milhões) optaram pelo NÃO ao desarmamento.

Essas mesmas pessoas, agora batem no peito, e de forma ?ingênua? culpam ?exclusivamente? o governo, aproveitando a tragédia para vomitarem seu desgosto partidário.

É obvio que muita coisa precisa ser melhorada no país, mas a violência sempre esteve presente na sociedade.

O Brasil é um país de dimensões continentais, e será impossível, para qualquer governo, prever quando um desgraçado psicopata, estiver apto a sair de casa para cometer um crime!

E o que falar dos paises de ?primeiro mundo? onde esse crime já ocorreu tantas vezes?

O problema está arraigado em nossa cultura, vou mais além, a violência é uma condição humana; o homem é o animal mais violento sobre a terra. A história mostra que o processo civilizatório, que parece não ter chegado ao fim, foi manchado por sangue, muito sangue, consultem os livros de história!


E, cá entre nós, civilidade é uma palavra que parece não definir a convivência humana. Somos atrasados, vivemos abrasados pelas chamas do individualismo doentio duma sociedade prostrada aos pés do capitalismo, uma cultura do ?salve-se quem puder?.

Resta o desejo profundo de que as inocentes crianças de Realengo estejam em paz no céu dos inocentes!


(Cassiane Schmidt)

 

EDIÇÃO 1282

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