Quatro Elementos
Olho para o céu, preocupado.
Vejo a fumaça, algo está errado.
O homem já foi avisado,
Que a vida e a morte
Caminham lado a lado.
Terra e Fogo.
Ar e Água...
O Fogo que arde nunca se apaga.
Mas água que nasce um dia se acaba.
Sem o ar, não somos nada.
Destrua o equilíbrio,
E a terra é condenada
Terra e Fogo.
Ar e Água...
A terra é a matéria, o alimento,
A água, a vida, o rio e o mar
O ar, o céu, o firmamento
O fogo, a força para energizar.
São esses os quatro elementos,
A razão para tudo acontecer.
O sol, a chuva e o vento
Faz do solo a vida florescer
Terra e Fogo.
Ar e Água...
Somos como um vírus nesse organismo perfeito.
O planeta todo pulsa
Na batida do nosso peito.
Mineral, Animal e vegetal, Ecossistema em harmonia.
Foi assim desde o princípio,
Acredite não é utopia.
Ganhamos tudo de presente
E não damos o real valor
Nenhum pagamento exigido,
A não ser tratar com muito amor
Esse é o legado que você quer deixar?
Para os seus filhos,
Para as próximas gerações?
O fim do Aquecimento Global,
Só depende das nossas ações
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A NÉVOA QUE ENCOBRE OS OLHOS
Tem mais ou menos uns quatro anos quando escrevi este poema, que acabou virando uma canção. Lembro que após ver o documentário ?Uma verdade inconveniente?, produzido e apresentado pelo ex-vice-presidente estadunidense, Al Gore, fiquei muito impressionado com o filme e logo peguei uma caneta e rabisquei isso.
Quatro anos e parece que foi ontem. O documentário alertava para as questões climáticas e mostrava o impacto produzido pelo homem durante anos no meio ambiente. A intenção era fazer refletir sobre o problema e como parte dele poderia ser evitado, se aplicássemos uma série de mudanças em nossos hábitos diários. Uma pena que praticamente não surtiu efeito, pois a situação só piorou desde então.
Na última semana, testemunhamos mais um dos vários fenômenos climáticos inusitados que temos visto ultimamente.
No fim de semana retrasado já achara estranho, mas na segunda-feira, às seis horas, lembro de acordar e abrir janela do quarto e uma névoa encobria o céu, não permitindo que eu enxergasse os montes verdes que circundam Blumenau em dias claros. Parecia tudo embaçado - o céu, talvez meus olhos pensei. A princípio achei que era uma névoa normal, tão comum nos vales, devido à condensação provocada pelo choque das temperaturas e alta umidade do ar.
Normalmente aquela neblina dissiparia até uma 10 horas, mas não dissipou. Permaneceu durante o dia todo e assim foi durante quase todo o resto da semana. As explicações vieram nos noticiários. Falavam das queimadas no Centro-Oeste. Não acreditei nem entendi direito.
Encontrei um amigo o biólogo e professor Fábio Presa, que inclusive tem um papel atuante junto à comunidade com um projeto ecológico aqui na cidade de Gaspar ? o Projeto Surucuá ? que me explicou com mais detalhes o que estava acontecendo.
Ele me disse que as queimadas, motivadas pelos agronegócios, naturalmente geram um calor excessivo que provoca uma pressão a qual impede a chegada das frentes frias que viriam do sul e trariam o frio e a umidade necessária para fazer chover, não só aqui, como na região sudeste. Consequentemente com essa intervenção humana, sofremos com um calor fora de época, a falta de chuva, a umidade do ar abaixo dos índices normais e essa fumaça constante presente no ar.
Prática imbecil frisa o professor, já que, além da emissão do CO2 na atmosfera, que contribui para o aumento dos efeitos do aquecimento global, ainda diminui a vida útil do solo em longo prazo. Por que então eles fazem isso? Perguntei a ele. Categórico ele me diz que é por preguiça, comodidade e uma cultura burra perpetuada por anos de ignorância. Ainda ressalta que aqui na cidade, muitos produtores adotam a mesma prática.
Conclui-se que mais uma vez o ser humano é o vilão e a vítima dele próprio. Mas não se enganem, pois a natureza é implacável. Ela pode não saber se defender, mas sabe se vingar como ninguém. Chegará o dia, e ao que parece está bem próximo, que o planeta irá sacudir como um cachorro para tirar as pulgas que o incomodam.
Não podemos prever quando essa fumaça vai sumir e o céu voltará a ficar claro como antes, mas névoa que encobre nossos olhos precisa dissipar logo.
Michel Jaques - michel.jaques@yahoo.com.br
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