Querido Povo de Deus, - Jornal Cruzeiro do Vale

Querido Povo de Deus,

02/05/2017 09:21
Por Dom Evaristo Pascoal Spengler, Bispo da Prelazia do Marajó

Deus disse: “Eu vi, eu vi a aflição de meu povo e ouvi os seus clamores por causa de seus opressores” (Êxodo 3,7).
Estou hoje aos pés de N. Sra. Aparecida, nesse momento de grande apreensão e medo, especialmente para os mais pobres do nosso povo. Os poderosos deste mundo tomaram o poder e governam em favor da ganância e do acúmulo de riquezas para si e para os seus. Os pobres não têm vez. Como Lázaros (cf. Lc 16,19-31) estão ameaçados de serem expulsos da mesa da vida, sem direitos e sem reconhecimento de dignidade.

O papa Francisco, há poucos dias se manifestou dizendo que não se pode “confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado”. Nesse mesmo caminho, a CNBB publicou recentemente uma nota alertando o país sobre os perigos embutidos nas Reformas, principalmente a Trabalhista e da Previdência, apresentadas pelo governo e, no momento, discutidas pela Câmara dos Deputados de maneira apressada, confiando que o povo não reaja. Essas reformas penalizam os pobres, tirando-lhes direitos constitucionais conquistados a suor e sangue. A reforma da previdência é perversa, injusta e imoral porque não garantirá nem o salário mínimo aos aposentados pobres, enquanto perpetuará salários de 25, 30 mil ou mais a deputados, senadores, juízes e ministério público, entre outros, fato que atualiza a reprimenda bíblica de Natã ao rico que rouba a única ovelhinha do pobre (2 Sm 12,1-15).

Fico angustiado com esse modelo político-econômico que tira perspectivas dos nossos jovens ribeirinhos da região amazônica, dos trabalhadores rurais, dos indígenas, do povo que vive na periferia das grandes cidades. A eles fecham-se as portas para o estudo, trabalho, segurança, lazer, enfim fecham-se perspectivas de futuro. Abrem-se para eles as portas do abandono, das drogas, da violência e da sepultura precoce.

Nos últimos dias muitos bispos se pronunciaram convocando o povo a se manifestar no dia 28 de abril.
Neste momento quero me somar a esses corajosos bispos, que vendo as suas ovelhas em perigo não fugiram nem se esconderam, mas vieram a público externar sua indignação.

Povo do Marajó e de todo o país, o que está para acontece tem a marca da Morte. Não haverá o fim da corrupção se o povo não exercer o seu direito de controle social da gestão pública. Nem haverá Reformas que respeitem o “pão nosso de cada dia”, os direitos e a dignidade dos trabalhadores se o povo não ocupar as ruas.

Por isso, no próximo dia 28 de abril faça-se presente, como cidadão e cristão, sejam aderindo à greve, ou comparecendo aos atos públicos organizados pela sociedadcivil organizada.

Deus Pai de misericórdia, por intercessão de N. Sra. Aparecida vos dê a sua paz e vos abençoe.

 

Edição 1798

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