O segundo volume do livro escrito por Bento XVI Jesus de Nazaré ? que conta a vida de Cristo desde sua entrada em Jerusalém até a ressurreição ? foi lançado nesta quinta-feira (10), com tiragem de 1,2 milhão de exemplares, em sete idiomas, entre eles português. Na obra, o papa afirma que a ressurreição de Cristo é historicamente crível, que os judeus não foram os culpados por sua condenação à morte e que Jesus separou definitivamente a religião da política.
Em 396 páginas, Joseph Ratzinger destaca que Jesus ressuscitado não é alguém que tenha retornado à vida biológica normal e que depois, segundo as leis da biologia, deveria morrer novamente. Segundo o papa, se a ressurreição não tivesse sido mais "que o milagre de um morto ressuscitado, em última instância, não teria interesse algum para nós, não teria mais importância que a reanimação pela perícia dos médicos de alguém clinicamente morto". "A ressurreição de Cristo é um acontecimento universal, crível", diz o pontífice, para quem Jesus não é "um fantasma, um espírito, já que não vem do mundo dos mortos, mas do da vida".
Segundo Bento XVI, a ressurreição de Jesus não significa que ele se dirigisse a um lugar distante do cosmos, e que, quando se descreve no Novo Testamento que está em uma "nuvem", a referência não é ao espaço que se conhece. "Deus não está em um espaço junto a outros espaços. Deus é Deus", diz o pontífice, para quem a presença do Senhor não é espacial, mas divina, e que Jesus, ao estar junto do Pai, "está sempre junto a nós e, por isso, temos certeza de que sempre nos vê e nos ouve".
O papa manifesta que não quis escrever uma vida de Jesus, "mas encontrar o real Jesus, o dos evangelhos" e diz que, com seu anúncio do Reino de Deus, "criou uma separação definitiva entre a dimensão religiosa e a política, uma separação que mudou o mundo". O pontífice diz que, até então, essas duas dimensões eram inseparáveis e que, na condenação de Jesus, foi levada em conta não só a preocupação política, mas "o desmedido afã egoísta de poder do grupo dominante".
Bento XVI isenta os judeus de culpa pela condenação de Jesus à morte e afirma que, quando no Evangelho de Mateus se fala que "todo o povo" pediu a crucificação de Cristo, "não se expressa um fato histórico". Segundo o papa, a "realidade" aparece mais correta no evangelho de João, que fala simplesmente sobre "a aristocracia do templo".
O Concílio Vaticano II (1962-65) promulgou a declaração "Nostra Aetate", com a qual se retirou as acusações de deicídio contra os judeus.
O papa afirma ainda que Jesus não foi um "revolucionário político", que a Última Ceia não foi um jantar pascal, segundo o ritual judeu, e que Cristo foi crucificado não no dia da festa judaica, mas durante a vigília.
fonte: Época
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