Brasil: jovens, negras e casadas são principais vítimas de violência no meio rural - Jornal Cruzeiro do Vale

Brasil: jovens, negras e casadas são principais vítimas de violência no meio rural

17/12/2024

Entre 2011 e 2020, mulheres jovens, negras, casadas e com baixa escolaridade foram as principais vítimas de violência no meio rural no Brasil. De acordo com uma análise realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), as agressões mais comuns foram físicas, representando 77,6% dos casos, seguidas por violência psicológica (36,5%) e sexual (6,2%). A maioria dos agressores são companheiros do sexo masculino, e os ataques ocorrem predominantemente nas residências das vítimas.

O estudo analisou 79.229 notificações de violência contra mulheres de 18 a 59 anos registradas entre 2011 e 2020 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As mulheres negras e pardas representaram 52,5% das vítimas de violência física, enquanto as mulheres brancas corresponderam a 33%. As mulheres casadas foram mais afetadas por violência física e psicológica, enquanto as solteiras foram as principais vítimas de violência sexual.

Os dados também revelam um aumento no número de notificações ao longo dos anos, especialmente após 2011, quando foi estabelecida a universalização da comunicação de violência no atendimento à vítima. No entanto, o estudo alerta para a subnotificação de casos, especialmente de violência psicológica e sexual, devido à dificuldade de reconhecimento e ao estigma que envolve as vítimas, o que dificulta o registro completo das agressões.

A pesquisa destaca a importância de se considerar as especificidades do meio rural, como o isolamento geográfico, a falta de transporte público e a distância das zonas urbanas, que dificultam o acesso das vítimas a serviços de apoio. Essas características tornam o enfrentamento da violência mais complexo, já que, muitas vezes, as vítimas não têm a quem pedir ajuda, e as campanhas de socorro nem sempre são eficazes nesse contexto.

As pesquisadoras Luciane Stochero e Liana Wernersbach Pinto ressaltam a necessidade de mais estudos focados nas particularidades do meio rural brasileiro. Elas defendem a criação de pesquisas que contemplem a diversidade das áreas rurais do país, como os sertões, as regiões fluviais da Amazônia e as vastas distâncias do Centro-Oeste, com o objetivo de direcionar políticas públicas adequadas para o combate à violência no campo.

 

Com informações da Revista Galileu


 

Edição 2184

 

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