Educando em tempos difíceis - Jornal Cruzeiro do Vale

Educando em tempos difíceis

Por Pedro Paulo de Oliveira Abreu

Cara família, esperamos encontrá-la bem em tempos difíceis que vivemos. Em primeiro lugar, gostaríamos de nos apresentar: somos os professores esforçados de todo o Brasil. Trabalhamos há muitos anos, tanto na rede pública como no particular de ensino, somos gestores de escola, orientadores e hoje também atuamos como digital influencer.

Este período exigiu de todos um processo revolucionário no modo como trabalhamos, nos comunicamos e nos relacionamos, atingindo em cheio o modo de se fazer educação no mundo. Como sabemos, essas mudanças não estão sendo fáceis, pois aquilo que já estava “pronto” do dia para a noite desapareceu, mesmo assim, nós como equipe da Escola do Sonho, não deixamos de cumprir nosso papel social, que é levar o conhecimento aos alunos e dar-lhes a oportunidade de não perder nada daquilo que estaria sendo ensinado em sala de aula.

Como diz o professor Ms. João Luiz Beauclair, em seu artigo Educando em Tempos Difíceis. “Educar em tempos difíceis requer militância, engajamento, amorosidade. Pressupõe manter viva a chama da utopia, necessária para a construção de um outro mundo possível. Exige formação permanente, respeito às diferenças, coragem para enfrentar a banalização e naturalização da violência e da guerra”.

Essas dificuldades nos deram animo para continuar e mudar radicalmente nossos hábitos, assim como os hábitos, dos alunos e de vocês pais. Sabemos que não é fácil, mas é necessário. Como toda mudança, os novos hábitos exigem novas habilidades que não estamos acostumados no nosso dia-a-dia, e no caso específico, as ferramentas disponibilizadas pelas instituições não eram de uso contínuo por nossa parte antes do isolamento social. Mas, nem por isso, deixamos de ter treinamentos logo nos dias seguintes aos decretos dos Governadores.

Nossas reuniões trataram num primeiro momento sobre os rumos que a escola tomaria e o uso de plataformas digitais que a partir daquele momento seriam a nossa fortificada sala de aula. Nos dias seguintes nós professores estávamos dando nossa primeira aula com as novas ferramentas, (apanhando um pouco é verdade), mas, levando aquilo que acreditamos ser maior do que uma simples nota aritmética aos alunos. Durante horas interagimos com todos os alunos de todas as turmas que trabalhamos e demos aula sobre aquilo que já estávamos aprendendo em sala e acalentando os corações preocupados dos alunos com as notas e com o futuro, sempre procurando preparar uma aula ainda mais rica e libertadora.

Os dias foram passando e os decretos foram sendo prorrogados, então os gestores e os coordenadores entenderam que seriam necessárias novas mudanças que englobasse todo o sistema de ensino num só lugar, atendendo o máximo de alunos com a mesma qualidade, por isso, uma nova adaptação aconteceria. Dias depois do primeiro decreto, novas reuniões com os professores aconteceram e discutimos quais seriam os melhores meios para atingirmos os nossos objetivos.

A Escola do Sonho acreditava que estava mais uma vez preparada para continuar contribuindo com a edificação do conhecimento do nosso bem maior. Infelizmente, como todo o novato em alguma nova habilidade, ainda estamos passiveis ao erro, e alguns problemas começaram a surgir. Ouvimos pacientemente todos os pais que também estão preocupados com tudo que está acontecendo, os desabafos calorosos sobre forma que nós professores estávamos conduzindo o processo, “tudo parecia rápido demais”.

E de repente, aos poucos, depois de desabafarem, o tom começou a baixar, percebemos que existia algo muito maior dentro dos corações de vocês, parecia que a família carregava um fardo, que não estavam dando conta da nova rotina, que estavam desesperados e que em algum momento poderiam descontar toda essa carga emocional naqueles que estavam ali, auxiliando, trabalhando e não deixando o sonho do conhecimento morrer.

Depois do desabafo, entendemos que o processo de mudança também não foi fácil para vocês, os medos que vocês sentem, nós também sentimos, porém não nos deixamos abater e sucesso dependerá da nossa união. Tenhamos fé e paciência, educar em tempos difíceis, requer militância, engajamento, amorosidade de todos os lados. Lembre-se, somos responsáveis por eles, seus filhos, nossos alunos, o bem MAIOR.

A pandemia irá passar,e nossas relações irão se fortificar. Atenciosamente: professores do Brasil.

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