21/06/2011
ILHOTA
Excepcionalmente cedo o espaço da coluna Chumbo para um leitor do Jornal Cruzeiro do Vale. Polêmico e de olhos sempre abertos para os problemas de Ilhota, Rudinei Cavalheiro, que já trabalhou por muitos anos na imprensa falada, faz relatos e denúncias cabeludas sobre o município de Ilhota.
Veja o teor da carta publicada ao lado.
"Ilhota, capital catarinense da moda íntima e praia, completa 53 anos nesta terça-feira, 21. E para comemorar com os moradores a prefeitura cortará um bolo com cerca de mil fatias.
Caros amigos moradores como eu desta cidade chamada Ilhota: estou escrevendo estas linhas para dizer que, em minha opinião, quem está comemorando e festejando os 53 anos do município é a administração pública e seus poucos amigos. Ou por que não dizer os ?amigos do Rei?? Em Ilhota, as ruas que são calçadas estão que é só buraco. Basta passar pela frente da prefeitura, o calçamento foi retirado há mais de dois meses. O centro da cidade, por onde o senhor prefeito passa todo dia, está uma vergonha. O pior é o calçamento da Rua João Domingos Pereira, que dá acesso ao bairro Missões: mais de R$ 200.000,00 para uns poucos metros de calçamento. Passar por esta rua calçada é muito complicado, pois você tem que tomar muito cuidado com as crateras que estão por todo lado, que já foram remendadas por várias vezes, e fica cada vez pior.
Está lá prá quem quiser ver. A poeria é uma coisa normal. Caminhão pipa até tem, mas passa só em frente à casa dos amigos. De vez em quando passam na nossa rua, uma vez por mês. As ruas do interior estão péssimas, no posto de saúde nunca tem médico e o atendimento é péssimo.
Aos nobres vereadores de Ilhota, recomendo que andem um pouco mais pelo município antes das eleições. Não adianta nada os discursos acalorados na tribuna da Câmara. Denunciar ao Ministério Público ainda é uma boa opção e uma CPI para apurar irregularidades na distribuição daquelas madeiras que vieram para o município, pois quem realmente precisou não ganhou nada, apenas os amigos do diretor da Defesa Civil, pessoas que não precisavam. A água da enxurrada passou a quilômetros de suas casas, mas estes ganharam maquinário, barro para aterro e caminhões. Sim, caminhões de madeira de lei.
E as ditas casas que estão construídas, qual foi o critério usado para distribuição? Estão todas prontas e apenas algumas pessoas estão morando. Realmente são pessoas que foram atingidas pela enxurrada de 2008? Eu sei que não, mas não sou vereador para defender o povo que realmente precisa. Os vereadores sabem, mas não fazem nada, por quê? Eles que respondam.
A única emissora de rádio do município, que por força de lei é comunitária e deveria dar atenção aos anseios e reclamações da população, não abre os microfones. Quer saber, eu te digo: membros da diretoria ou trabalham na prefeitura ou prestam serviço a ela. A rádio só fala o que é bom para a administração pública. Construções na beira do rio não estão proibidas por lei? Em Ilhota se você é amigo do rei a fiscalização passa bem longe, pode construir a vontade.
Penso que a educação é à base de tudo, mas em Ilhota não é assim. Nas escolas, tem estudantes sem formação superior ensinando o que não sabem aos alunos. Como o salário é o menor do Estado, os professores com toda a razão não vem dar aulas em Ilhota, o rodízio de professores é muito grande, os poucos que por amor à profissão se dispõe a ganhar metade do que ganhariam não ficam, pois até xerox para trabalho em sala de aula pagar do próprio bolso. Seria cômico se não fosse trágico. Aos pais de alunos de Ilhota: seria muito bom ir até a escola de seu filho para saber quem está dando aula ao seu filho. É professor formado ou apenas mais um estagiário ganhando bolsa pra dar aula do que não sabe?
Tem muito mais coisas a serem ditas, mas por enquanto paro por aqui, e pergunto: será que a população realmente tem motivo para comemorar?
Eu não tenho, e olha que quando estava fazendo o meu programa de Rádio fui um dos que mais defendeu esta administração. Como eu estava errado. Mas errar também é humano."
Rudinei Cavalheiro | Ilhota
edição 1302
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