17/08/2010
Constrangedor
Viver sem um teto para abrigar a própria família deve ser constrangedor. Nesta situação estão centenas e centenas de famílias em nosso município. Alguns nasceram por aqui, outros vieram em busca de dias melhores em nossa cidade.
Pobreza
Aos poucos bolsões de pobreza começam a crescer em Gaspar. Já são vários focos em diversos bairros da nossa cidade. E que crescem a cada dia que passa. No bairro Bela Vista, na Marinha, está um dos maiores aglomerados. Lá vivem mais de mil famílias. E muitas outras áreas estão na mesma situação.
Mais uma invasão
O problema social é grande e cresce a passos galopantes. Ninguém sabe direito que rumo está tomando e as proporções que alcançará em um futuro próximo. O fim de semana foi de mais uma área invadida, desta vez no bairro Santa Terezinha. Um terreno pequeno pertencente à Prefeitura de Gaspar. Neste terreno era para ser feita uma horta comunitária e que nunca saiu do papel.
Lixo
O terreno invadido era um depósito de lixo, mato e tralhas. Os invasores limparam, dividiram em oito lotes pequenos, cercaram em partes iguais e construíram seus barracos, com pedaços de madeira e lona preta. Para lá levaram alguns pertences e suas famílias.
Sem infraestrutura
De sexta a noite até segunda à tarde moraram sem energia, sem água potável e sem banheiro. Havia 21 crianças e mais um tanto desses de adultos. As condições de moradia eram a mais paupérrima possível.
Matéria
Segunda-feira de manhã recebemos a notícia, através de um telefonema, sobre a área invadida. À tarde, por volta das 14 horas, eu e a jornalista Fernanda Pereira fomos fazer a matéria. Chegamos lá e começamos a conversar com os moradores que haviam invadido o local. Eles nos atenderam muito bem e a criançada corria e brincava de um lado para outro.
No chão
Minutos depois chegou a turma da prefeitura, com máquinas, caminhões e dezenas de policiais para derrubar os barracos e expulsar os invasores. Conversa pra lá, conversa pra cá e tudo no chão. As oito famílias ficaram sem o precário teto. Quem está certo e quem está errado? Não vou entrar no mérito. Sou a favor da lei e das coisas certas. E ponto final.
Indignado
Mas o que me deixou indignado foi a atitude do procurador do município, Mário Mesquita, todo engravatado e engomado, querendo insinuar numa entrevista para uma rádio local que eu estava reunido com os invasores antes da chegada deles, dando a impressão que estava apoiando a invasão. Deu um bate boca daqueles com o engravatado que ganha mais de R$ 7 mil por mês na prefeitura.
Onde a notícia está
Eu e a jornalista Fernanda Pereira estávamos lá apenas para fazer a matéria, ouvir as famílias e levar o que estava acontecendo para a comunidade de Gaspar. Nossa missão é estar onde a notícia está acontecendo, e não ficar acobertando os fatos e escondendo notícias. Ou então publicando o que a Prefeitura quer. O Cruzeiro do Vale é do povo e é o povo que faz desse jornal o seu porta voz.
Nós fazemos
E para resumir, enquanto a prefeitura só faz promessas, projetos e propagandas enganosas, o Cruzeiro do Vale já coordenou junto com a comunidade de Gaspar a construção de quatro casas para famílias carentes do município. Quem sabe quatro famílias a menos para invadir um terreno.
SILÊNCIO
Enquanto a fera está dormindo, os problemas de Gaspar crescem a passos galopantes. Está na hora de agir e não ficar insinuando e arrumando culpados pela sua ineficiência. Está mais do que na hora de acordar a fera adormecida.
edição 1221
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