Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Herculano Domício

30/05/2008

Buracos I

Desculpe-me, leitores. O assunto era outro e mais curto. Mas existe um grande buraco em Gaspar. Muito maior do que aquele aberto na Estrada Geral Arraial há mais de uma semana para impedir uma festa clandestina: a falta de vergonha na cara de alguns agentes públicos, eleitos, ou pagos por nós, exatamente para nos representar, orientar, dar soluções e tapar os buracos, inclusive os gerados pela própria incompetência ou da vingança rasteira. Este assunto devia ser tratado nas páginas policiais, na delegacia de polícia, na promotoria pública. É lixo de quem perpetrou esta agressão e de quem se posou de vítima desobedecendo e provocando a burocracia específica e estabelecida.

Buracos II

Este buraco da vergonha (na Alemanha tinha um muro da vergonha que separou uma nação; entre judeus e palestinos há outro que separa origens e ódio), da mentira, da pequenez e feito por politiqueiros de última categoria, surgiu exatamente para sermos atirados nele, como se fossemos mais uma Isabella (tema do meu último comentário e que me rendeu 19 e.mails elogiosos). Estão retirando a possibilidade de ser feliz das pessoas e da cidade. A cidade está subjugada a donos, rancorosos, dissimulados e trogloditas. Incrível! Acorda e reaja Gaspar.

Buracos III

Uma cidade, cujos líderes não conseguem construir soluções para os problemas e pontes sobre as divergências naturais e necessárias, só pode festejar a abertura de buracos para impedir a liberdade e a alegria dos seus cidadãos, principalmente dos jovens. Jovens que esse pior exemplo, criam-se e se educam no ranço, na pequenez, negando-se à dialética do possível. Pior, ainda tem gente com coragem de se justificar e comemorar este enredo sombrio,torto e doentio. Uma encenação que superaria, em muito na imaginação, qualquer personagem de Dias Gomes na sua espantosa, absurda e folclórica Sucupira.

Buracos IV

A Câmara de Vereadores ávida por CPIs que não darão em nada - a não ser lingüiça para os noticiários - tem um prato cheio para marcar um gol: fazer o responsável desta brincadeira de mau gosto reembolsar o erário público e ser punido administrativamente com a perda do cargo pelo ato e por aquilo que foi gasto. Como um presidente de uma autarquia, o tal Samusa, pode mandar ou autorizar alguém a fazer um buraco onde não passa água encanada ou esgoto e que nem tratado é por aqui? Ou ele não conhece a autarquia que preside e por isso deveria ser apeado de lá antes que faça outra besteira maior no prejuízo e no ridículo para a cidade. Ou esse presidente não manda nada, é um boneco, um pau mandado, está lá apenas para receber o polpudo salário de todos nós? Ou o Samusa é a casa da mãe Joana? Por tudo isso, o presidente do Samusa deveria se sentir envergonhado, sair e ir para casa.

Buracos V

Afinal quanto do dinheiro dos gasparenses foi posto fora para fazer aquela pirraça demente? Quem vai devolver para o povo esse dinheiro? Polícia, vereadores decididos e a promotoria resolveriam isso com alguma facilidade num ambiente sério, creio. Em tempo: o Samusa é atualmente presidido por Andreone Cordeiro, ex-vice do falecido Bernardo Leonardo Spengler, o Nadinho, PMDB. Andreone virou prefeito tampão com o impedimento de Nadinho. Então, Andreone conhece bem a cidade e o que deveria fazer, orientar ou autorizar. Melhor, é advogado. Consegue ter discernimento mínimo, presume-se entre o certo e o errado. Se não tinha conhecimento do fato, alguém assumiu a sua autoridade, ou seja, Andreone foi desautorizado, desmoralizado e avacalhado. Se ficou quieto é porque se presta a este papel. Acorda Gaspar.

Buracos VI

No outro lado da estória estão os empresários de uma lounge que acabaram com o episódio ganhando uma divulgação gratuita, impar e desproporcional. Também com marqueteiros e comunicadores tão hábeis na prefeitura de Gaspar, freqüentemente eles conseguem façanha de promover os outros e incrivelmente, por em enrascadas eles próprios. Agora, esses empresários se posam de vítimas. E são. Mas, jogam o mesmo jogo da prefeitura e se merecem. Primeiro, se havia um lacre - mesmo que fosse de duvidosa origem como alegam -, qual a razão para violá-lo? Ou seja, provocaram na pirraça desrespeitando uma decisão administrativa com força de polícia. Pior mesmo é usar o fato para o jogo político partidário. Como lhes disse: este é um buraco para o lixo de uma Sucupira sem graça. Acorda Gaspar.

Buracos VII

Gaspar é carente de ambientes para jovens. Quando alguém se mete a quebrar essa mesmice e corajosamente investe e aposta no sucesso, o que recebe de ajuda, orientação e incentivo da secretaria de Indústria, Comércio e Turismo? Um lacre! Pior, essa secretaria é liderada (ops?) por um jovem Andrione Marquetti e que nos últimos tempos o que mais fez foi negar alvarás. Dessa vez a dupla Andreone e Andrione se superaram: estão cavando buracos em nome do desenvolvimento, da justiça, da tristeza e das boas idéias dos outros. Acordem Andre(i)ones.

Buracos VIII

E para completar, o Procurador do município insinuou para a imprensa que o buraco do Arraial impedindo o acesso à dita lounge se justificava pelo possível descumprimento de um ato administrativo e a falta de polícia para fazê-lo cumprir. É difícil acreditar neste posicionamento por quem deveria conhecer e pedir a aplicação da lei em defesa do município e dos cidadãos sob a tutela do ente jurídico município de Gaspar. Primeiro é presunção a violação. Segundo cabem sérias medidas punitivas para quem descumprir o ato emanado de um poder. Ou o procurador não acredita nos meios e nestas punições, na Lei e na Justiça? Ou está criando as próprias punições, leis, meios e Justiça? Como eu lhes disse é um caso de polícia. Para os jovens, este é o pior exemplo: o da força, o da destruição, o da humilhação ou seja, o de um buraco . Acorda Gaspar.

Quietinho

O candidato do PT a prefeito de Gaspar, Celso Zucchi, finalmente deu uma entrevista dizendo o que vai fazer pelo município se eleito. Uma leitura atenta dela mostra que não fará quase nada. Delegou para "comissões" verificar o que deve ser feito, como se ao gasparense de média compreensão não se soubesse as prioridades do caos em que estamos metidos. Reuniu apenas palavras na entrevista. Pelo o andar da carruagem, Zucchi pensa que não terá "adversários". Assim, os votos vão ser lhe dados sem qualquer esforço nas próximas eleições pelos eleitores gasparenses. É uma pena.

Isabelas I

Esta e a administração municipal passada resistem e resistiram na aplicação políticas e recursos nos programas de assistência inclusão social de menores. É pouco o investimento, se comparado com o custo de um preso adulto: R$1.800,00 por dia no Brasil. Faça a conta. Existem hoje 423 mil presos. Duzentos novos são encarcerados por dia e o sistema carcerário deveria abrigar pelo menos outros 500 mil segundo os levantamentos do Ministério da Justiça.

Isabellas II

Leio no "Le Monde", na edição deste dia 15 de maio, a indignação do jornal francês com o pai e a madrasta de Isabella Nardoni. Ele não entende como podem mentir tanto e a lei brasileira permitir brechas para que isso passe impune. Outro tópico foi à atração que o ato virou para a imprensa brasileira tema do meu último comentário no dia 13 de maio. Segundo o jornal, só a Globo destacou 15 equipes para a cobertura do fato. A mesma reportagem do "Le Monde" diz que no Brasil são cometidos 50 mil homicídios contra crianças menores de 14 anos - um a cada dez horas -, a maioria no contexto familiar. E que apenas 10 por cento das agressões contra crianças no Brasil são denunciadas. É assim que tratamos o nosso futuro: cavando buracos e enterrando-as.

Nanicos

Partidos nanicos não se emendam. São nanicos até nos argumentos quando querem aparecer ou se defenderem. Servem apenas de suporte ao falso status dos seus donos que se intitulam de dirigentes de algo inexistente. Acorda Gaspar.

Comentários

Deixe seu comentário


Seu e-mail não será divulgado.

Seu telefone não será divulgado.