30/10/2020
Antes de começar, quatro esclarecimentos: 1. Hoje eu não vou escrever sobre a tradicional pesquisa de intenções de votos do Cruzeiro do Vale; não quero competir no assunto; a estrela dele nesta edição é a tradição do jornal. 2. Depois eu não tive nada com a estratégia, o planejamento editorial e à contratação da pesquisa, ou obtive privilégios de ter os dados antes; segunda-feira, no Portal do Cruzeiro, comento aquilo que é público da pesquisa para todos. 3. A coluna deste sábado, feita para sexta-feira, já estava pronta; só mudei a abertura dela à transparência para os meus fiéis leitores e leitoras. 4. Para mim, esta eleição está encaixada naquilo que eu defino como “tempos estranhos”.
Os “çabios” da campanha à reeleição do prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, estão super incomodados. Maquinam como calar redes sociais, aplicativos de mensagens e até a imprensa, principalmente, esta coluna - um calo de todos os poderosos de plantão há 16 anos. E qual a razão? Acham que o candidato Kleber devia estar imune às observações e críticas como prefeito, investido que está no cargo; ele pretende ficar por mais quatro anos com os votos da maioria dos gasparenses. Ora, se essa premissa – a de estar imune às críticas como prefeito - fosse verdadeira, a primeira coisa que Kleber deveria ter feito é a de te se licenciado e rejeitados os seus R$27.356,69, um dos mais altos salários de prefeito de Santa Catarina. Simples assim! Se ficou no cargo, é porque se arriscou. Vai colher as benesses dele para o bem, mas também para o mal – até mesmo naquilo que pode ser injusto e que atinge o candidato. Outra vez, simples, assim!
Um prefeito no fundo, é um síndico da cidade e como tal, não pode agradar a todos; por isso faz escolhas; estabelece prioridades. E por elas é bem ou mal avaliado. Um síndico de prédio não vive fazendo obras nele o tempo todo. Antes foca na harmonia mínima e no bem-estar das pessoas que moram e trabalham nele. As obras feitas no condomínio são para dar maior conforto, mais atualização tecnológica, mais segurança e consequentemente, valorização patrimonial. É assim também numa cidade. A prioridade não pode ser apenas obras físicas. Elas só são feitas em razão da necessidade das pessoas que devem estar em primeiro lugar. E a mobilidade, é uma delas. Um síndico capacitado não deveria emprestar o seu nome a outro que não possui votos na Assembleia, e deixa-lo atuar deliberadamente como se síndico fosse. Por que? Na hora da cobrança, é o síndico eleito é que leva a culpa dos erros feitos por quem o usa. Simples assim!
Entre tantos exemplos em Gaspar que envolvem as pessoas, catei dois; só desta semana. O primeiro deles surgiu na segunda-feira. Ele se consumou no dia seguinte quando foi revogado um decreto. Ele anulou o ponto facultativo do Dia dos Servidores previsto para quarta-feira. Antes um parêntesis. Kleber quando assumiu em janeiro de 2017, eliminou os pontos facultativos. Eu aplaudi. Eu sou a favor de eliminá-los. Kleber, entretanto, manteve o dia 28 de outubro, o Dia dos Servidores; justo. Mas, retomando, pois não é esse o ponto fora da curva. Por causa desse calendário público conhecido desde o início deste 2020, os servidores de Gaspar fizeram as suas programações pessoais no dia de folga. E a quem os servidores estão, em tese, subordinados? À poderosa secretaria Fazenda e Gestão Administrativa tocada pelo prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira. Ele é presidente do MDB e foi o coordenador da campanha vencedora de Kleber em 2016. E quando se estabeleceu o escárnio? Quando a prefeitura – o prefeito não pode porque a lei não permite - e o secretário mandaram mensagens enaltecendo o Dia do Servidor. Uma convulsão entre os efetivos. Na quarta à tarde, ciente do estrago, o secretário fez uma “reunião virtual” para se explicar e tirar a responsabilidade do prefeito e dele, ou seja, do candidato, dos políticos. Perguntar não ofende: quem mesmo acredita? Mais duas: o prefeito na rede privada exaltou os servidores: silêncio sepulcral como resposta. O Sindicato da categoria veio a público confessar que nada sabia; Meu Deus!
O outro episódio retrata o desapego do síndico. Depois de Kleber – como prefeito - receber no seu gabinete um fazedor de embaixadinhas e torná-lo importante – como se coisa mais séria não tivesse para fazer -, a Ditran – aquela que não possui agentes para facilitar o trânsito caótico do Centro – resolveu piorá-lo ainda mais, naquilo já estava caótico. Início da tarde de terça-feira, sol a pino, beirando aos 35 graus, trânsito complicado, a Ditran interditou a ponte Hercílio Deecke – que liga a Margem Esquerda ao Centro – para o senhor das embaixadinhas fazer o seu ofício, e ser filmado na proeza com a nossa Igreja de São Pedro Apóstolo ao fundo. Senhor, tende piedade de nós! Ou seja, atendeu-se um e estranho em detrimento da comunidade. E a quem a Ditran está subordinada? Ao prefeito de fato, o homem forte do MDB, o secretário Carlos Roberto Pereira. A lista dos quatro anos é longa... E depois acusam esta coluna de perseguição. O que ela não é cega, medrosa e tola; só isso. Acorda, Gaspar!
O bicho está pegando. A Covid-19 está voltando. Basta dar um rolê pelo centro das cidades de Gaspar e Ilhota que o andar de máscaras faciais virou artigo de luxo. Até nas repartições públicas e interior de lojas, nada é observado e exigido. Depois vão reclamar do isolamento social, da UTI lotada, da falta de cloroquina, da sorte... e da morte.
Sempre escrevi que a vice-governadora, Daniela Cristina Reinehr, sem partido, eleita pelo PSL, está marcada para “morrer” pelos políticos das oligarquias que perderam o governo do estado. Eles não a querem nem de santa. Preferem a volta de Carlos Moisés da Silva, PSL que querem impichar na marra. Manchetes nacionais já ligam Daniela ao nazismo e à negação do holocausto. Os tempos de tortura e explicações continuarão.
Uma enquete armada na internet para votar em candidatos a prefeito e vereadores de Gaspar foi tirada do ar. Ufa! Era crime. Podia se votar até do exterior não tendo nada a ver com a cidade, os votantes estimulados pelas redes de contados dos candidatos. As enquetes estão proibidas e são consideradas propaganda de manipulação.
Sintomas colaterais. Gente desacostumada a sair motorizada pela cidade no horário comercial e agora obrigada a fazer isso porque emprestou os espaços dos vidros dos seus carros para os políticos colarem propaganda, não passou nas blitzes da PM. Parte dos carros foi apreendida por falta ou documentação irregular. Um auê danado.
Transparência zero I. Vergonha. Segundo o Ministério Público de Contas em Santa Catarina e da Controladoria Geral da União em Santa Catarina, 101 servidores municipais de Gaspar e que podem estar lotados na prefeitura (incluindo a FMEL e Samae) e na Câmara, receberam indevidamente, em algum momento, o auxílio emergencial do Bolsonaro.
Transparência zero II. Os nomes até agora ninguém sabe. Vergonha. Os gestores públicos não conseguem separar o joio do trigo em favor da cidade. A prefeitura e a Câmara não negaram e também não disseram até agora aos cidadãos e cidadãs pagadores de pesados impostos o que está fazendo para punir quem agiu dessa forma escrota.
Transparência zero III. Ora, se um servidor faz isso tendo emprego pleno, recebendo em dia, burlando às regras claras para acesso ao auxílio emergencial, feito exatamente para quem perdeu sustento e emprego, o que ele está fazendo com o dinheiro do povo?
Transparência zero IV. Até mulher de gente graúda na prefeitura de Gaspar – e que não está nesta lista dos 101 – sabe-se que mentiu para pegar indevidamente a merreca de R$600,00. E todos estão pedindo votos como se santos fossem. Acorda, Gaspar!
Contagem regressiva. Faltam exatamente 16 dias para as eleições e 21 para as minhas férias.
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