08/02/2018
O INCHAÇO DA CÂMARA DE GASPAR I
O novo presidente da Câmara de Gaspar, Silvio Cleffi, PSC, bateu o martelo no primeiro discurso do ano: vai dar transparência ao Legislativo. Uau! Ponto para ele. Se conseguir, vai se diferenciar dos demais presidentes (e políticos). Eles aqui em Gaspar nos últimos anos conseguiram multiplicar “melhorias” e “investimentos” num prédio que é não é deles; aumentar os gastos para eles próprios, bem como criarem assustadoramente “assessorias” para eles representarem “melhor” povo. Hum! E ainda na prestação de final de ano ao “povo”, cada presidente da Câmara tem a cara de pau de dizer que economizou e “devolveu” dinheiro aos cofres da prefeitura. Devolveu, sim; mas pouco. Fazem estardalhaço e a imprensa que não pergunta nada, propaga sem comparar e qualificar esses gastos e “sobras”. Poderia ser devolvido muito mais se houvesse uma gestão eficaz. O dinheiro da Câmara é carimbado, apartado e chamado de duodécimo. Ele é uma parte do orçamento municipal.
O INCHAÇO DA CÂMARA DE GASPAR II
A transparência mostrada até agora foi na facilitação de se acessar no site da Câmara, no que toca à legislação em trâmite. Uma da obviedade. Além disso, é uma antiga obrigação judicial que se não se cumpria afrontado a Justiça! Na sessão desta semana, descobriu-se, por exemplo, a razão para a qual foram comprados os caríssimos lap-tops aos vereadores: para eles não lerem mais no papel e acompanharem a pauta pelo vídeo do computador. Hum! Alguns dos vereadores, nem sabem ligar direito a “máquina do diabo”, quando menos, manuseá-las. A outra função é a de votar num “painel eletrônico” que chamam de difital. Ele nem validade ainda tem. É preciso antes mudar o Regimento Interno da Casa e assim aceitar esse tipo de votação. E assim vão os gastos: telefones celulares de última geração para cada vereador, linhas caras, cercadinho de vidro aqui, móveis novos ali, cadeiras novas acolá, acessibilidade que deveria ser obrigação do senhorio do prédio, frigobares para dar água gelada aos eleitores, além de assessores a dar com o pau. Mas, transparência nas contas e gastos de cada vereador e da Câmara? Tente fazer isso no site! Um drama. Só com ajuda de um detective especialista em área digital.
O INCHAÇO DA CÂMARA DE GASPAR III
Esta foto, feita num “retiro” para “reciclar” a equipe e “integrá-la”, retrata a Câmara de Gaspar está inchada. O quanto ela é cara, e como isso entrou num descontrole sem tamanho. Para tudo há justificativa, inclusive, aquela de que o Orçamento aguenta, o povo pode pagar enquanto espera nas filas das creches, dos postinhos, das pontes sem manutenção que caem... O aumento do número de dez para 13 de vereadores (permitido na lei, mas não obrigatório e antes já se teve 11 e até 13 vereadores) e a criação das vagas de assessores parlamentares, que nada mais são cabos eleitorais dos próprios vereadores, foram obras de José Hilário Melato, PP, o mais longevo dos vereadores, e hoje, na presidência do Samae. Aumentou-se o número de assessores, de vereadores e diminuiu o número de sessões: de duas para uma. Fazia-se a noite para o povo. Hoje é à tarde. Abriu-se a porteira. Intencionalmente. Melato e os seus sabiam o que estavam fazendo. Tanto que um dia ele cobrou do então vereador Marcelo de Souza Brick, numa reunião da mesa diretora: “você foi eleito presidente dos vereadores e não do povo”.
O INCHAÇO DA CÂMARA DE GASPAR IV
O quadro não deixa dúvidas. Os números dele desmontam argumentos, justificativas, discursos e as tentativas de desqualificar a coluna. Em fevereiro de 1989, por exemplo, a Câmara tinha 11 vereadores, duas sessões semanais e apenas dois funcionários efetivos para o suporte técnico deles; nenhum comissionado. Já tivemos 13 vereadores e cinco funcionários, incluindo o motorista e tudo funcionava. Hoje para 13 vereadores, dispõem-se de 13 funcionários efetivos e 15 comissionados (28 no total) para apenas uma sessão por semana? Ai, ai, ai. É mais funcionários, luz, equipamentos, móveis, celular, computador, telefone, linha, manutenção, ar condicionado, diárias, tecnologia, terceiros para assessoramento... Surpreso? Os que estão lá, dizem que estão “sobrecarregados”. E vem mais então. E o dinheiro que falta no atendimento ao cidadão, serve para o empreguismo, para o ralo partidário e político no poder público. Acorda, Gaspar!
Data referência |
Nº de vereadores |
Nº de Efetivos |
Nº de Comissionados |
01.02.1989 |
11 |
2 |
0 |
01.02.1996 |
13 |
5 (c/motorista) |
0 |
01.02.2001 |
13 |
4 (c/motorista) |
1 |
01.02.2005 |
11 |
7 |
2 |
01.02.2009 |
10 |
9 |
2 |
01.02.2013 |
13 |
9 |
12 |
01.02.2017 |
13 |
11 |
15 |
01.02.2018 |
13 |
13 |
15 |
Falta ao político, verdadeiramente, noção do que diz, ou falta um assessor evitar determinadas armadilhas. Ou ambos, deliberadamente, tratam os seus eleitores como asnos. Veja esta.
O deputado Aldo Schneider, MDB, segundo o press release dele ao assumir a presidência da Alesc, Aldo “reforçou seu compromisso com a eficiência e a economia de recursos públicos na gestão da Assembleia”. Nem deveria reforçar. Deveria praticar. Deveria prestar contas disso.
Primeiro: não é exatamente este o exemplo que a Alesc tem dado ao longo dos anos; segundo: não é isso que os deputados fazem de verdade; terceiro: como se pode falar em economia depois da Alesc comprar um prédio para si no valor de R$83 milhões sem licitação?
Quarto: como o novo presidente da Assembleia pode falar em “compromisso com a eficiência e economia de recursos públicos”, se mesmo não participando da negociação por estar gravemente enfermo no Sírio Libanes, em São Paulo, é contra rever os procedimentos de tais atos do antecessor, Silvio Devereck, PP?
Quem faltou a primeira sessão da Câmara de Gaspar neste ano foi o ex-presidente, Ciro André Quintino, MDB. Ele foi “assistir”, em Florianópolis, a posse de Aldo Schneider. Ciro é cabo eleitoral de Aldo. No ano passado, preferiu ir a Brasília “pedir” verbas. Agora, vai pedir votos.
Enquanto isso, Mariluci Deschmps Rosa, PT, ex-vice-prefeita, foi à sessão da Câmara trabalhar. Era uma homenagem ao seu pai, Huberto, o seo Betinho, falecido no domingo. Segundo ela, era um incentivador dela na política. “Se ele pudesse me pedir uma coisa, era isso que ele pediria”.
O deputado Federal João Rodrigues, PSD, ex-prefeito de Pinhalzinho e Chapecó, queria ser candidato a governador. Como não se cuidou, está puxando uma cana.
Concluem-se: ficam advertidos os prefeitos nas suas peripécias de que tudo podem, auxiliados por puxa-sacos. Outra: o deputado não deveria estar em Brasília trabalhando pelos catarinenses desde segunda-feira?
Estava em Orlando, nos Estados Unidos de férias. Na volta tardia na quarta-feira, ainda tentou enganar a Polícia Federal se desviando para o Paraguai. Vergonha.
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