Olhando a Maré - Jornal Cruzeiro do Vale

Olhando a Maré

17/06/2008

Futuro I
Terminado o prazo de desincompatibilização dos agentes públicos determinado pela Lei, sabe-se hoje quem está apto para se lançar aos votos da próxima eleição municipal. Não vou lhes falar de nomes, de partidos, de alianças. Seria repetitivo. Vou lhes falar de conteúdo, idéias e futuro. Quais os grupos apartidários - apartidário mesmo! -, partido político ou candidato estão preocupados com Gaspar e sua gente? Este questionamento cada vez que é feito, torna-se mais inquietante. Onde estão os nossos jovens ou as novas lideranças nesse processo? Acorda Gaspar.

Futuro II
Um dos locais embrionários de mudanças em uma comunidade deveria ser as Associações de Moradores ou de Bairros. Infelizmente, cada vez mais elas têm sido locais de aparelhamento partidários, disputas pessoais ou de grupos, da ação entre amigos ou então, um local para alguém aparecer e "vender" a sua liderança à algum partido ou ao prefeito de plantão para ser candidato a alguma coisa ou obter benefícios e que nem sempre têm efeitos coletivos. Perde com isso o bairro a legitimidade na representatividade neutra e forte perante os poderes e os políticos eleitos. Perde a oportunidade autônoma de defender idéias, qualidade e resultados para a sua rua e seu bairro. Estabelece-se a fraqueza. Ai, então, perdemos todos nós. Acorda Gaspar.

Futuro III
Por questão moral e principalmente ética, um presidente ou líder de uma comunidade não deveria estar filiado a nenhum partido. É o que eu penso. Este, aliás, deveria ser o princípio a ser exigido dos moradores da rua ou do bairro, para quem se apresentasse como candidatato a presidente da Associação. Dessa forma, estariam fortalecidas as comunidades e a fundamental neutralidade para a melhor representatividade dessas associações. Mais, essas associações deveriam ser os caminhos naturais para o surgimento e fortalecimento de novas e lideranças jovens, com novas idéias e interessadas num futuro melhor para elas e todos nós. Acorda Gaspar

Lixo I
"Multa por falhas nas varrições de ruas quintuplica". Ficaram assustados? Esta foi uma das manchetes de capa do jornal Folha de S.Paulo no dia 28 de maio e se referia a cidade de São Paulo. Lá a prefeitura está atenta e não dá mole. No ano de 2007 foram aplicadas mais de quatro mil multas as empresas que fazem varrição, exatamente por não varrerem o que dizem terem varrido ou então, por varrerem mal. No ano de 2006, para comparar, antes dos atuais contratos vigorarem, foram aplicadas algo em torno de 800 multas apenas.

Lixo II
Lixo, em algumas cidades brasileiras tem sido motivo de dúvidas. Ele é fonte de sobrevivência não apenas para as empresas especializadas em varrições, limpeza pública ou recolhimento de lixo, mas para agentes públicos. É algo podre, fede e contamina. E tem gente que gosta. Uma vergonha.

Especulação
Você sabe como funciona a especulação e a alta dos alimentos? Confira uma das possibilidades. Em 2007, o mercado futuro agrícola da Bolsa de Chicago negociou 7,3 bilhões de toneladas de milho, 4,3 bilhões de soja e 2,7 bilhões de trigo. Tudo papel. Agora confira a realidade. A produção física desses produtos, em 2007, foi de 780 milhões, 220 milhões e 606 milhões de toneladas, respectivamente. Volumes maiores de negociações esquentaram os preços, que passaram a ter variações bruscas, chamadas pelo mercado de "volatilidade". Essas oscilações, coincidentemente seguem as entradas e saídas dos fundos e trazem riscos. A rigor, são riscos não diferentes, na essência, dos que causaram a crise das hipotecas imobiliárias e chamadas de "sub prime". Falta regulação do Estado. Sobra poder aos mercados. Pagam por isso, pelo menos 1 bilhão de pessoas, as mais pobres, que já comiam pouco e vão comer menos.

E.mail I
Rememorando. Do meu baú de correspondências. Dois e.mails que recebi, há muito tempo, elogiaram o artigo que escrevi sobre o candidato Barack Hussein Obama Júnior na coluna de 18 de janeiro sob os títulos "Sinais I a IX". Por conta daquele artigo, os leitores desta coluna avançaram em algumas conclusões. Espanta-me a afirmação desses leitores que eventualmente eleito, Obama seria melhor para o Brasil. Lamento ter que pedir calma a estes digamos, analistas políticos internacionais. Obama pode ser melhor para os Estados Unidos, pois se eleito, ele vai governar para os interesses deles, unicamente. Contudo, concordo, não deixaria de ser uma mudança e tanto naquele país pela origem e juventude de Obama - como comentei naquele artigo.

E.mail II
Entretanto, não há nenhuma indicação de que Obama poderá ser melhor para o Brasil se ele conseguir a presidência do atual enfraquecido Estados Unidos. Tradicionalmente, o Partido Democrata americano, ligado aos sindicatos de trabalhadores, é mais protecionista nas relações comerciais internacionais. E nós somos exportadores. E lá, hoje há uma ameaça de recessão. Vai daí que... O melhor para o Brasil, certamente somos só nós que podemos escolher para nós mesmos. Aqui temos eleições e por isso deveríamos nos interessar mais pelos planos e conteúdos dos possíveis candidatos da nossa cidade, do que pelos conchavos e aparências ou por uma eleição que acontecerá longe daqui. Acorda Gaspar.

E.mail III
A propósito deste assunto, destaco. Víctor Bulmer-Thomas, professor emérito de economia da Universidade de Londres, disse recentemente que na campanha eleitoral dos EUA e nos debates políticos, o entusiasmo para as negociações de acordos de livre-comércio está diminuindo. "No campo da política externa me parece que a América Latina não tem ainda um papel dentro da discussão nacional dos EUA, o que se reflete em seus pré-candidatos presidenciais", especificou. E esses acordos de livre comércio, é o que mais freqüenta a nossa pauta de relacionamento internacional. E os avanços têm sido quase nulos com os Estados Unidos e a Comunidade Européia.

E.mail IV
E para reflexão, veja isto. "Depois de décadas pressionando por reformas de cima para baixo, precisamos de uma agenda para avançar a democracia, segurança e oportunidade de baixo para cima. Assim, minha política será guiada pelo simples princípio de que o que é bom para o povo das Américas é bom para os Estados Unidos. Isso significa medir o sucesso não apenas através de acordos entre governos, mas também através da esperança da criança nas favelas do Rio; da segurança do policial na Cidade do México; e da diminuição da distância entre Miami e Havana", declarou em discurso o próprio Obama em 23.05.08, em Miami, pressionado para obter os votos dos latinos e confiança da comunidade cubana local.

E.mail V
Não se iludam. Na área de relacionamento e aproximação estratégica, os presidentes Democratas dos Estados Unidos foram mais condescendentes que os Republicanos. Pelo menos os Democratas conversaram mais . Os Republicanos invadem. Contudo, no mesmo discurso do dia 23 de maio, Obama foi enfático sobre como ele pensa da Amazônia. Para ele, ela é um patrimônio internacional e como tal deveria ser tratada. Ou seja, a Amazônia não é brasileira,casaulmente parte dela está no Brasil. Outra: bio-combustíveis podem não estar nas graças de um possível governo de Obama, principalmente o brasileiro.

Férias
Saio de férias. Volto em 15 dias neste mesmo espaço.

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